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Texto de apoio do módulo de IPEO, IGET – 2021

Texto

Conversas

E se vos fosse oferecida a possibilidade de porem os políticos todos na rua, de mandarem os


políticos todos para a escola brincar, e ficarem vocês a governar o país.

Ricardo – Eu não aceitava; era muito cargo.

Pedro – Eu não aceitava.

Ricardo – Ainda por cima na situação em que o país está… Se o país estivesse rico, eu não me
importava. Mas pobre, para estar com coisas, depois agora tens que fazer isto, depois tens que
fazer aquilo.

Pedro – Só aceitava era o cargo de Ministro de Educação.

João Sousa Monteiro – Ah sim? E o que é que fazias?

Pedro – Renovava as escolas que estão a cair e mobilava as sem mobília. E depois mandava
meter guardas em todas as escolas, dez guardas por cada escola.

J.S.M. – Para quê?

Pedro – Para proteger os alunos.

J.S.M. – Mas para proteger de quê?

Pedro – De assaltos que acontecem muito.

Paulo – E de acidentes também.

J.R.L. – E o que é que você fazia aos professores?

Ricardo – A alguns dava-lhes a reforma!

Pedro – Eu acho que dava oportunidade a novos professores.

Ricardo – E davas reforma aos outros.

J.R.L. – Acham que estes que têm agora não sabem brincar?

Paulo – Eles brincam connosco. Não tenho mesmo assim razão de queixas dos meus
professores.

Pedro – Eu por acaso também não.

Paulo – Todos eles gostam de brincar.

J.S.M. – Mas então não percebo! Afinal já ninguém tem razão de queixa dos professores, nem
da escola?!

Pedro – Eu tenho algumas razões de queixa da escola.

J.S.M. – Mas se fosses Ministro de Educação o que é que fazias?

Pedro – Na escola onde eu ando agora?


J.S.M. – Não, nas escolas em geral?

Pedro – Nas que estão a cair de velhas, restaurava-as, ou mandava-as abaixo e construía
novas.

J.S.M. – Achas que vale a pena continuar a haver escolas?

Pedro – Eu acho que sim.

Ricardo – E eu baixava o preço pelo menos das matriculas, ou mesmo retirava.

J.S.M. – Mas achas que vale a pena haver escolas?

Pedro – Eu acho que sim…

J.S.M. – E tu também?

Ricardo – Porque uma pessoa vai aprender, vai criar algo, que é para depois, quando for maior
trabalhar.

Paulo – E ensinar os filhos também.

Ricardo – Isto é uma passagem de um lado para o outro: um aprende e ensina ao outro, o
outro aprende e ensina a outro…

J.S.M. – Está bem, mas isso é conversa dos adultos, isso é o que eles vos dizem a vocês acerca
da escola. E vocês o que é que pensam da escola? Gostam da escola ou não gostam da escola?
Se agora fechasse a escola durante um ano?

Ricardo – Ficava chateado. Eu, nos primeiros dois meses, ficava todo contente porque tinha
muitas férias, mas acho que depois começava a ver que eram férias a mais, que estava
separado dos meus colegas que viviam longe.

J.R.L. – Qual é o momento da escola, desde que entram até que saem, de que vocês gostam
mais?

Paulo – A hora que não há aulas.

Pedro – Os intervalos.

J.S.M. – Quando eu disse fechar a escola, queria dizer as aulas, só acabar com as aulas.

Podiam continuar a encontrarem-se com os vossos amigos e a fazerem o que fazem


normalmente na escola, mas sem aulas. Os professores não entravam mais na escola. Ou
então, se entravam os porreiros.

Ricardo – Era capaz de saturar. Saturava de brincadeira. Eu estou de férias, vou para a praia,
brinco, jogo à bola, não sei que mais, mas quando chego ao último mês, começo a ficar
saturado de não fazer nada.

Pedro – E depois acho que o que ia acontecer era nós, por exemplo, quando íamos para casa,
víamos os nossos colegas, os nossos vizinhos, e isso tudo, começava tudo a conversar sobre as
aulas, e nós estávamos atrasados, não percebíamos nada. Eu acho que também começávamos
a sentir que nos faltavam as aulas.

Ricardo – Faltava-nos algo.


J.R.L. – O que vos faltava se calhar era aprender coisas novas. E acham que se aprende coisas
novas na escola, ou que é melhor maneira de aprender coisas novas?

In “Se não sabe Porque É Que Pergunta?”

Compreensão e interpretação do texto

Leitura orientada

1. O texto que acaba de ler é uma entrevista?

1.1. Identifique o assunto global da entrevista.

1.2. Quem são os seus intervenientes?

1.2. Seleccione uma, e apenas uma, das opiniões emitidas pelos entrevistados e comente-a, ou
seja, dê a tua opinião sobre ela, justificando a sua posição.

1. Entrevista
Uma entrevista é um diálogo entre um jornalista (aquele que faz as perguntas) e o
Entrevistado, ou seja alguém que tenha conhecimentos sobre determinado assunto.
As entrevistas podem aparecer nos jornais, nas revistas, na rádio ou na televisão.
Quando se Trata de uma entrevista escrita, surge a descrição da personagem, do
ambiente em que se desenrola a entrevista e a indicação dos gestos, bem como das
suas reacções.
1. Características da entrevista
Duas características são indispensáveis a entrevista: informar e caracterizar alguém.
 Reproduz em directo as falas dos diferentes interlocutores;
 Destaca quem fala com quem;
 Destacam-se na entrevista os traços linguísticos (referentes a redundâncias,
repetições,Hesitações, discurso directo).
 Apresenta actos de fala (argumentativo, persuasivo, justificativo,…);
 Tem o carácter dialogal e a sua estrutura em trocas regulares: pergunta do
entrevistador (jornalista), resposta do entrevistado.
 Apresenta as funções da linguagem com as marcas da oralidade.
2. Tipos  de entrevista
Há diferentes tipos de entrevista, a saber:
a.  informativa – centra-se exclusivamente na opinião do entrevistado. O
Entrevistador limita-se a fazer perguntas já previamente preparadas ou
pensadas. As respostas São gravadas e reproduzidas textualmente.
b. Entrevista criativa – é mais livre e requer mais habilidade por parte de quem a
efetua. O Questionário não é fixo, não é rígido e varia mesmo conforme as
respostas dos entrevistados. O entrevistador como que dialoga com este,
descreve-o e recolhe as suas opiniões.
Assim a entrevista pode ter objectivos variados:
- Entrevista noticiosa – recolhe factos que se transformam em notícias.
Entrevista de opinião – recolhe-se o ponto de vista do entrevistado sobre
determinado assunto;
- Entrevista de personalidade recolhem-se factos biográficos e pessoais do
entrevistado;
- Entrevista de grupo – recolhe-se opiniões de um certo número de pessoas sobre
certo assunto;
- Entrevista colectiva – quando um grupo de entrevistadores recolhe opiniões junto de
uma pessoa.

3. Estrutura da entrevista
O texto da entrevista apresenta três partes principais:
a. Cabeçaolho: contém uma introdução que fornece informações sobre o assunto
a tratar e o entrevistado. Apresenta também o objectivo da entrevista,
descrição do ambiente em que decorre a entrevista.
b. Corpo do texto: é composto basicamente por perguntas e respostas.
c. Conclusão: apresenta as considerações e opinião do entrevistador e os
respectivos agradecimentos.

4.  Tipo de linguagem
Na entrevista usa-se uma linguagem clara (compreensível a todos), objectiva e directa
(predominância do discurso directo).
5.  Como fazer uma entrevista
Para fazer uma entrevista é necessário:
1º Informar-se sobre a vida e actividade profissional do entrevistado;
2º Elaborar um guião com as perguntas que se desejam fazer;
3º , através de um pequeno texto introdutório, destacar o entrevistado;
4º  perguntas de modo natural;
5º No final, transcrever a entrevista: primeiro, a introdução de apresentação do
entrevistado e depois as perguntas e as respostas, ou seja, o corpo da entrevista;
6º Mostrar, sempre que possível, a entrevista transcrita ao entrevistado para evitar
erros de interpretação.
Teste
6. Elabore uma entrevista com o seguinte tema: “Benefícios do aleitamento
materno”.

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