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ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
Batatais
Claretiano
2016
© Ação Educacional Claretiana, 2015 – Batatais (SP)
Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução, a transmissão total ou parcial por qualquer forma
e/ou qualquer meio (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação e distribuição na web), ou o
arquivamento em qualquer sistema de banco de dados sem a permissão por escrito do autor e da Ação
Educacional Claretiana.
658.54 Z31o
ISBN: 978-85-8377-462-4
CDD 658.54
INFORMAÇÕES GERAIS
Cursos: Graduação
Título: Organização do Trabalho
Versão: ago./2016
Formato: 15x21 cm
Páginas: 125 páginas
CDD 658.151
SUMÁRIO
Conteúdo Introdutório
1. Introdução.................................................................................................... 9
2. Glossário de Conceitos............................................................................. 12
3. Esquema dos Conceitos-chave................................................................ 18
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................... 18
5. e-referências................................................................................................. 19
Conteúdo
A questão da organização do trabalho. As necessidades das empresas modernas:
organização, produtividade, qualidade, flexibilidade e competitividade. Critérios
de projeto organizacional. Os novos modelos de produção: a “revolução”
contemporânea nas fábricas. Princípios sócio-técnicos de planejamento do
trabalho: metodologia sócio-técnica original e moderna de projeto organizacional
(Tavistock). Estruturas orientadas a redes. Arranjos Produtivos Locais (APLs).
Trabalho em grupo: tipos, casos. Grupos abertos e grupos fechados. Relações de
fronteira (produção-manutenção, qualidade, planejamento etc.). Organização
por processos. Implantação de mudanças organizacionais. Do arranjo funcional à
manufatura celular e FMS. Trabalho flexível.
Bibliografia Básica
CRUZ, T. Sistemas, métodos & processos: administrando organizações por meio de
processos de negócios. São Paulo: Atlas, 2009.
CURY, A. Organização e métodos: uma visão holística. São Paulo: Atlas, 2015.
SALERNO, M. Projeto de organizações integradas e flexíveis. São Paulo: Atlas, 1999.
Bibliografia Complementar
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M.; STALLIVIERI, F. Arranjos Produtivos Locais: uma
alternativa para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. v. 2.
DAVENPORT, T. H.; PRUSAK, L. Conhecimento empresarial: como as organizações
gerenciam o seu capital intelectual. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
MINTZBERG, H. Criando organizações eficazes: estruturas em cinco configurações. São
Paulo: Atlas, 1995.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
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FLEURY, A. C. C.; VARGAS, M. (Eds.). Organização do trabalho. São Paulo: Atlas, 1983.
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CONTEÚDO INTRODUTÓRIO
1. Introdução
Olá!
Seja bem-vindo ao estudo de Organização do Trabalho!
Espero que nossa jornada seja prazerosa e que, ao final, você
tenha adquirido conhecimentos sólidos para embasar melhor
sua atuação profissional.
O objetivo do estudo é discutir as inter-relações entre
homem, máquinas e produtos, tendo como fio condutor a análise
dos sistemas de produção predominantes desde o advento do
capitalismo. Mais do que encontrar respostas, esperamos muni-
lo de ferramentas analíticas que subsidiem seu entendimento
das situações de trabalho, considerando a relação dialética que
se constrói entre os sistemas produtivos, o homem, a sociedade
e o desempenho das operações. Nossa proposta envolve
oferecer elementos para uma compreensão profunda dos
desdobramentos de escolhas referentes a métodos de trabalho,
ritmo de produção, uso de tecnologia, formas de gestão, enfim,
de tudo aquilo que, direta ou indiretamente, afeta o processo de
trabalho.
Logo no início dos nossos estudos, vamos fazer um
rápido retorno ao passado, retomando os primórdios da lógica
socioeconômica que rege nosso tempo. Você vai estabelecer um
diálogo com a teoria crítica de Marx, um dos mais conhecidos
autores, que tece uma reflexão sobre o trabalho no modo de
produção capitalista. Vamos entender por que a divisão do
trabalho ganhou força e se tornou a primeira forma de organizar
a produção e a mão de obra. Você já parou para pensar por que
o trabalho de um operário é segmentado em tarefas e, com
frequência, seu tempo de operação é monitorado? Por que,
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2. Glossário de Conceitos
O Glossário de Conceitos permite uma consulta rápida
e precisa das definições conceituais, possibilitando um bom
domínio dos termos técnico-científicos utilizados na área de
conhecimento dos temas tratados:
1) 5S: método de qualidade de origem japonesa, visa
promover um melhor ambiente de trabalho. Sua sigla
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4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BIAZZI JR., F. O trabalho e as organizações na perspectiva sócio-técnica. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 30-37, fev. 1994.
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5. e-referências
CASTRO, L. H. Arranjo produtivo local. Brasília: SEBRAE, 2009. (Série Empreendimentos
Coletivos). Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/
Arranjo-produtivo-local-%E2%80%93-S%C3%A9rie-Empreendimentos-Coletivos>.
Acesso em: 8 dez. 2015.
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UNIDADE 1
A Questão do Trabalho e Escolas de
Organização do Trabalho
Objetivos
• Definir o campo de investigação da Organização do Trabalho, identificando
seus objetos de estudo centrais.
• Discutir a importância, para a atuação do engenheiro de produção, de pensar
criticamente o trabalho, considerando seu emaranhamento sócio-histórico.
• Apontar, em linhas gerais, o cenário socioeconômico que se desdobrou na
hegemonia do modo de produção capitalista.
• Indicar as principais críticas tecidas por Marx ao trabalho sob o modo
capitalista.
• Examinar a presença de elementos da organização científica do trabalho e
da linha de montagem fordista tradicional na organização contemporânea
do trabalho.
• Descrever experiências importantes para o mundo do trabalho, como os ex-
perimentos de Hawthorne e as propostas sociotécnicas na Volvo.
• Discutir como a proposta sueca da Sociotécnica contribuiu para pensar em
formas de trabalho que contrastassem com a organização científica.
Conteúdos
• A questão da organização do trabalho.
• Por que trabalho? Os significados e a centralidade do trabalho.
• Modelos clássicos: Taylor e Ford.
• Escola de Relações Humanas.
• Princípios sociotécnicos: metodologia sociotécnica original e moderna.
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1. INTRODUÇÃO
A Organização do Trabalho contempla uma compreensão
sobre a trajetória do processo de trabalho, subsidiando a
análise e a intervenção da interação existente entre o homem,
as tecnologias e a organização. Para entendermos os processos
produtivos e pensarmos sobre eles, a variável “comportamento
humano” deve ser levada em consideração em suas múltiplas
dimensões, inclusive a social. A relação entre o homem e seu
trabalho tem sido objeto de estudo de diferentes áreas do
saber, como Sociologia, História, Ciências Políticas, Psicologia
e, evidentemente, Engenharia. O engenheiro de produção deve
estar preparado para compreender os impactos das interações
homem-trabalho, inclusive sobre o desempenho organizacional.
Existe um olhar peculiar sobre essa inter-relação, porém, para
desenvolvê-lo, deve-se procurar dialogar com as áreas do saber
mencionadas, posicionando-se criticamente em relação a
diferentes abordagens sobre os processos de trabalho.
Para ampliarmos nossa visão em relação à organização do
trabalho, convidamos você a retornar rapidamente ao passado.
Vamos transitar pelas fábricas inglesas da época da Revolução
Industrial, visitar a produção de automóveis da Ford e da Volvo,
retomar experimentos com trabalhadores, pensar na Suécia das
décadas de 1970 e 1980. O que isso tem a ver com a sua atuação
como engenheiro de produção? Muito mais do que imagina! O
trabalho que realizamos em nosso dia a dia e aquele que você
irá realizar no futuro devem-se ao conjunto dessas experiências
no passado e a muitos anos de pesquisas. Após concluir o
estudo das unidades, você provavelmente terá desenvolvido um
outro olhar sobre as situações de trabalho e poderá analisar e
planejar processos produtivos que beneficiem organizações,
consumidores e trabalhadores. Vamos lá?
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4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Assinale a alternativa correta.
a) Trabalho e emprego são conceitos correlatos, pois em ambos deve
haver vínculos contratuais e recompensas salariais.
b) O homem contemporâneo dedica muitas horas diárias a suas atividades
profissionais, o que reforça o significado predominante do trabalho
associado a sofrimento, algo degradante.
c) O trabalho é uma atividade de transformação da natureza. Diferencia-
se da atividade animal por ter intermediação da cultura, ser precedido
por uma intenção e ser mediado pela comunicação.
d) Marx rechaçou o capitalismo, por isso sua obra foi descartada e teve
difusão restrita a países de economia socialista.
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b) Alienante.
c) Embrutecedor.
d) Monótono.
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Gabarito
Confira as respostas das questões autoavaliativas
propostas.
1) c.
“Trabalho” é um conceito mais abrangente que “emprego”. A atividade
de transformação da natureza realizada por comunidades indígenas, por
exemplo, é considerada trabalho, mesmo não havendo vínculos contratuais
ou remuneração. Atividades voluntárias, como cuidar de idosos abrigados,
também são consideradas trabalho.
O trabalho deixou de ser sinônimo de tortura. A consulta aos materiais
indicados no CDI pode expandir essa discussão.
A obra de Marx tem grande relevância no pensamento contemporâneo
ocidental, mesmo nos países de economia capitalista. Seu trabalho é
muito respeitado e teve ampla difusão em diversos círculos intelectuais
e políticos.
Invalidando todas as demais alternativas, chegamos à correta, a letra c.
2) a.
A teoria marxista aponta fragilidades do modo de produção capitalista. Para
o autor, o trabalho, nesse contexto, caracteriza-se como alienante (porque
o trabalhador perde a noção da totalidade do processo de transformação),
embrutecedor (dada a não necessidade de qualificação para exercê-lo) e
monótono (visto o caráter, em geral, repetitivo das operações realizadas).
A alternativa que não corresponde à sua perspectiva, portanto, é a letra a.
Não se espera interação social entre os trabalhadores operando nos moldes
clássicos da produção capitalista.
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3) b.
O modelo de Frederick Taylor parte da decomposição do trabalho em suas
tarefas componentes, de forma a se obter o melhor método de execução
de uma dada atividade.
Na fábrica tradicional de Ford, vimos que o operário trabalha fixo em sua
estação e está sujeito ao ritmo da esteira.
Elton Mayo e sua equipe realizaram pesquisas que enfatizaram a
importância de considerar questões psicológicas e de interação social ao
pensar o trabalho e os processos.
Karl Marx criticou o trabalho sob o modo de produção capitalista,
caracterizando como exploradora a relação que se estabelece entre o
detentor dos meios de produção, o capitalista, e o trabalhador assalariado,
que vende sua força de trabalho.
4) c.
O fracionamento, ou parcelização do trabalho, aproxima-se da proposta de
Taylor, e não da proposta da Escola Sociotécnica, na qual os trabalhadores
tinham maior ciclo de trabalho e se envolviam mais amplamente com o
processo produtivo.
5) d.
Segundo Biazzi Jr. (1994), o projeto de trabalho e sua implementação
cabem àqueles que realizarão as funções definidas – isto é, os próprios
trabalhadores.
Entre os condicionantes locais para a difusão da Sociotécnica na Suécia,
Ferreira et al. (1991) atribuem os baixos índices de desemprego e as altas
taxas de rotatividade voluntária, isto é, de pedidos de demissão por parte
dos funcionários.
Tais informações invalidam tanto a alternativa a quanto a b.
Quanto à inadequação da alternativa c, é importante que você entenda
que a Sociotécnica foi um passo importante na direção de modelos mais
autônomos de organização do trabalho, porém não extinguiu os princípios
clássicos, como sugere a alternativa.
A alternativa mais correta quanto aos legados da Sociotécnica, portanto,
é a letra d.
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UNIDADE 1 – A Questão do Trabalho e Escolas de Organização do Trabalho
5. considerações
Parabéns! Você já deu o primeiro e importante passo em
direção a uma melhor compreensão do mundo do trabalho.
Percorremos um caminho decisivo para entender como e
por que o trabalho hoje assume uma determinada forma e
composição. Pensar crítica e analiticamente o trabalho tornou-
se mais acessível com o estudo cuidadoso dos conteúdos aqui
expostos. Nossa jornada continua.
Não se esqueça de que a leitura e a visualização dos
conteúdos propostos no tópico Conteúdo Digital Integrador são
parte essencial do seu processo de aprendizado. Espero que seu
interesse pelo tema seja aguçado a partir das questões colocadas
ao longo da nossa discussão.
Em nossa próxima unidade, vamos examinar os
desdobramentos para o trabalho de um sistema de produção
muito difundido desde os anos 1990: a produção enxuta. Você
certamente já examinou o chamado "sistema lean" em outras
oportunidades, pensando em particularidades referentes ao
gerenciamento da qualidade ou à programação da produção sob
esse modelo. Convidamos você a pensar a produção enxuta com
um outro viés, agora voltado para as consequências relacionadas
à organização do trabalho. Bons estudos!
6. e-REFERÊNCIAS
Figura
Figura 2 Marx, um dos mais importantes pensadores críticos do modo de produção
capitalista. Disponível em: <https://songandsin.files.wordpress.com/2013/01/karl_
marx.jpg>. Acesso em: 16 nov. 2015.
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Sites pesquisado
BIAZZI JR., F. O trabalho e as organizações na perspectiva sócio-técnica. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v. 34, n. 1, p. 30-37, jan./fev. 1994. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75901994000100005&script=sci_
arttext>. Acesso em: 17 nov. 2015.
FERREIRA, C. G. et al. Alternativas sueca, italiana e japonesa ao paradigma
fordista: elementos para uma discussão sobre o caso brasileiro. Cadernos do Cesit,
Campinas n. 4, 1991. Disponível em: <http://www.cesit.net.br/cesit/images/
stories/04CadernosdoCESIT.pdf>. Acesso em: 18 nov. 2015.
FLEURY, A. C. C. Produtividade e organização do trabalho na indústria. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v. 20, n. 3, p. 19-28, jul./set. 1980. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75901980000300002&script=sci_
arttext>. Acesso em 16 nov. 2015.
MARX, R. Processo de trabalho e grupos semiautônomos: a evolução da experiência
sueca de Kalmar aos anos 90. Revista de Administração de Empresas, São Paulo, v. 32,
n. 2, p. 36-43, abr./jun. 1992. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rae/v32n2/
a05v32n2.pdf>. Acesso em: 17 nov. 2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAVERMAN, H. Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século
XX. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.
CHIAVENATO, I. Teoria das relações humanas. In: ______. Introdução à Teoria Geral da
Administração. São Paulo: McGrawHill, 1983.
DAVIS, L. E. The design of jobs. Industrial Relations, v. 6, n. 1, 1966.
MARX, K. O Capital: crítica da Economia Política. São Paulo: Abril Cultural, 1996.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSTON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.
SWOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. A máquina que mudou o mundo. 10. ed. Rio de
Janeiro: Campus, 2004.
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UNIDADE 2
Modelo Japonês e os Grupos
Objetivos
• Identificar os elementos da cultura, sociedade, economia e relações
industriais do Japão que contribuíram para a estrutura produtiva e a
organização do trabalho do modelo da Toyota.
• Explicar os diferenciais da organização do trabalho recomendada pela
produção enxuta em relação ao fordismo-taylorismo, atentando-se aos
pontos em comum entre as duas abordagens.
• Definir “trabalho em grupo” e mostrar as particularidades dos grupos
semiautônomos, de inspiração sueca, e dos chamados “grupos
enriquecidos”, de inspiração japonesa e difundidos no Ocidente.
• Apresentar as classificações para trabalho em grupo, explicando as
diferenças entre os tipos: autogeridos e supervisionados, on-line e off-line,
abertos e fechados.
• Discutir os ganhos obtidos com a introdução do conceito de grupos abertos.
• Demonstrar como a compreensão de relações de fronteira pode contribuir
para o melhor planejamento do trabalho em um sistema produtivo.
Conteúdos
• Os novos modelos de produção: o modelo japonês.
• A “revolução” contemporânea nas fábricas e a necessidade de organização,
produtividade, qualidade, flexibilidade e competitividade.
• Trabalho em grupo: tipos e casos.
• Grupos fechados e grupos abertos: repensando as relações de fronteira.
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UNIDADE 2 – Modelo Japonês e os Grupos
1. INTRODUÇÃO
Nesta unidade, vamos avançar mais um pouco na nossa
retomada histórica da organização do trabalho, até chegar
a um sistema que se tornou uma referência em produção e
competitividade: o modelo japonês (também chamado de
“produção enxuta”), em cuja adoção a Toyota foi pioneira.
Vamos entender o contexto socioeconômico que propiciou
o desenvolvimento desse sistema produtivo e os desdobramentos
para a organização do trabalho, pensando nos ganhos e perdas
para o envolvimento e a autonomia dos trabalhadores. Também
iremos explorar como esse modelo chegou ao Ocidente e
foi adaptado pelas empresas norte-americanas, procurando
atender a critérios de flexibilidade, organização, qualidade e
produtividade para se manterem competitivas. É importante
que tenhamos sempre em mente os pontos de ruptura e de
continuidade em relação aos princípios clássicos, atribuídos a
Taylor e Ford, estudados na Unidade 1.
Uma das modalidades de organização do trabalho difundidas
nessa “nova era” foi o trabalho em grupo. Provavelmente você já
ouviu falar sobre a “necessidade de trabalhar em equipe”, mas
não parou para pensar de onde surgiu essa suposta necessidade
e o que exatamente pode ser chamado de “grupo”. Vamos
estudar algumas classificações existentes sobre trabalho em
grupo, atentando para um tipo que segue algumas diretrizes
da escola denominada “Sociotécnica moderna” – os grupos
abertos, que promovem maior internalização de fronteiras,
melhorando a coordenação entre as etapas produtivas e as áreas
organizacionais.
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4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Das características elencadas a seguir, assinale aquela que, de acordo
com autores como Hirata e Zarifian (1991), foram fundamentais para o
desenvolvimento do sistema Toyota de produção:
a) O mercado consumidor de automóveis no Japão era menor que o dos
EUA, o que significava que um modelo de produção em massa, como
o praticado por lá, não seria viável, exigindo um sistema pautado em
outros objetivos de produção.
b) A eliminação de estoques tornava o sistema produtivo menos robusto,
o que significava que problemas de qualidade não seriam tolerados,
devendo ser demitido o operário responsável pelo problema.
c) A fabricação de pequenos lotes tornou-se possível graças a equipa-
mentos mais flexíveis e à jornada de trabalho reduzida do operariado
japonês.
d) Uma cultura marcada pelo coletivismo favoreceu a incorporação dos
CCQs no Brasil.
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UNIDADE 2 – Modelo Japonês e os Grupos
A. Supervisionado.
B. Off-line.
C. On-line.
a) I.B; II.A; III.C.
b) I.C; II.A; III.B.
c) I.B; II.C; III.A.
d) I.C; II.B; III.A.
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UNIDADE 2 – Modelo Japonês e os Grupos
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) a.
O mercado doméstico no Japão era muito diferente do norte-americano,
sendo necessária uma ampla variedade de veículos: carros de luxo,
caminhões grandes e pequenos, carros populares. A produção em massa,
como no modelo T da Ford, era inviável na realidade japonesa.
O poder de barganha dos sindicatos japoneses era muito grande. Com
leis trabalhistas claramente favoráveis ao operariado, a possibilidade de
demitir funcionários ficou muito restrita.
A facilitação do setup e a substituição do ferramentário dedicado
favoreceram a produção de lotes menores. Os trabalhadores japoneses
não aceitavam ser tratados como peças intercambiáveis como na fábrica
de inspiração fordista, porém sua jornada de trabalho sempre ocupou
grande parte do dia.
Os CCQs foram trazidos ao Brasil dentro do pacote de técnicas da
Qualidade Total, também recomendada pela produção enxuta, porém a
gestão centralizadora da maior parte das empresas impediu que fosse
incorporado como um mecanismo bottom-up de tomada de decisões
sobre qualidade.
2) c.
A flexibilidade embutida no modelo da produção enxuta somente se tornou
possível graças à polivalência dos trabalhadores, que poderiam ocupar
diferentes funções. Para tal polivalência se viabilizar, fazia-se necessária uma
mão de obra mais qualificada, que passou a receber treinamentos dentro
das fábricas. Para evitar defeitos e identificar problemas mais rapidamente,
uma postura mais preventiva em relação à qualidade é recomendada, com
iniciativas como o kaizen e os CCQs, para discutir melhorias. Em contraste
à produção em massa, a produção de lotes menores e a eliminação de
estoque entre as etapas produtivas tornaria possível que os problemas
na produção fossem mais facilmente detectáveis e que a produção fosse
“puxada”, conforme a necessidade do produto/insumo. Apesar de um maior
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UNIDADE 2 – Modelo Japonês e os Grupos
3) c.
Vamos analisar cada assertiva.
I - Está incorreta. O trabalho em grupo é uma alternativa de organização
do trabalho, podendo representar ganhos ou prejuízos para este,
dependendo da forma como é implementado. Diferentemente do
que se tem difundido, o grupo não necessariamente se reflete em
aumento de produtividade.
II - Retorne às críticas tecidas por Salerno (1999), mencionadas no Tópico
2. 3 desta unidade. Algumas empresas chamam de “grupo” uma linha
de produção em que o ajuste mútuo entre os operários facilita o
alcance das metas de um dado setor. Nesse caso, há intensificação do
trabalho e baixo grau de tomada de decisões. A assertiva está correta.
III - Para maior esclarecimento, consulte o trabalho de Moura et al.
(2008), indicado no Conteúdo Digital Integrador. Por influência de
gurus da gestão e da mídia de negócios, tem havido um boom na
implementação de trabalho em grupo; porém, as empresas não sabem
exatamente o que é um grupo e quais as vantagens e desvantagens
dessa organização do trabalho. Tem se observado uma adoção acrítica
de alguns modismos gerenciais, e o grupo está incluso nessas práticas.
A assertiva, portanto, está correta.
4) d.
I - Grupos semiautônomos reúnem-se no cotidiano da produção,
realizando em conjunto as atividades do dia a dia. Segundo a
classificação que estudamos, podem ser considerados grupos on-line.
II - Grupos de kaizen acontecem paralelamente à rotina da produção,
reunindo-se com certa frequência para discutir projetos de melhoria
contínua. São grupos off-line.
III - Quando se fala “equipe de pintura do Sr. João”, fica claro que o “Sr.
João” é o responsável por aquele grupo, que, portanto, tem caráter
supervisionado.
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UNIDADE 2 – Modelo Japonês e os Grupos
5. considerações
Finalizamos mais uma etapa em direção a uma maior
compreensão das relações entre homem, trabalho e tecnologia.
A produção enxuta pode ser apontada como o modelo mais
influente nas relações de trabalho e nos sistemas de produção
atuais. Os critérios de flexibilidade e excelência em qualidade
inaugurados pelo modelo japonês têm grande impacto no
pensamento organizacional contemporâneo.
A concepção de trabalho em grupo foi questionada em
termos de autonomia e ganhos reais para a produção. Estudamos
as tipologias de grupo e como essa modalidade tem sido
incorporada pelas empresas, com foco na realidade brasileira.
Discutimos como o repensar das fronteiras intraorganizacionais
pode incrementar a coordenação do trabalho, organizando
grupos e trabalhadores em torno de eventos potenciais.
Agora você tem mais elementos para enriquecer sua
leitura a respeito do mundo do trabalho contemporâneo. Com os
pressupostos aqui apresentados, você está mais preparado para
se envolver na nossa discussão da Unidade 3, que irá abordar
o projeto organizacional e suas diferentes abordagens. Vamos
fazer menção a muitos conceitos desta unidade e da anterior;
por isso, é importante que você se sinta seguro em relação ao seu
aprendizado até aqui. Sua dedicação certamente é um diferencial
nessa trajetória. Preparado para nossa nova empreitada?
6. e-REFERÊNCIAS
BIANCO, M. F.; SALERNO, M. S. Como o TQM opera e o que muda nas empresas? Um
estudo a partir de empresas líderes no Brasil. Gestão & Produção, São Carlos, v. 8, n.
1., p. 56-67, abr. 2001. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0104-530X2001000100005>. Acesso em 3 dez. 2015.
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UNIDADE 2 – Modelo Japonês e os Grupos
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MARX, R. Trabalho em grupos e autonomia como instrumentos da competição. São
Paulo: Atlas, 1997.
MORGAN, G. Imagens da organização. São Paulo: Atlas, 1996.
SALERNO, M. Projeto de organizações integradas e flexíveis. São Paulo: Atlas, 1999.
WOMACK, J. P.; JONES, D. T.; ROOS, D. A máquina que mudou o mundo. 10. ed. Rio de
Janeiro: Campus, 2004.
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UNIDADE 3
Noções de Projeto Organizacional
Objetivos
• Explicar o que é um projeto organizacional e as principais abordagens que
o norteiam.
• Definir o que é a organização estruturada por processos e discutir suas
vantagens em relação à organização tradicional (funcional).
• Apresentar quais concepções de organização e ambiente subsidiam a
organização em redes.
• Identificar de que se trata o arranjo produtivo local.
• Distinguir arranjos funcionais, celulares e o sistema flexível de manufatura,
enfatizando as particularidades do projeto organizacional subjacentes a
cada um desses modelos.
Conteúdos
• Projeto organizacional.
• Organização por processos.
• Organização de estrutura orientada a redes.
• Arranjos produtivos locais.
• Arranjo funcional, manufatura celular e FMS.
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UNIDADE 3 – Noções de Projeto Organizacional
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UNIDADE 3 –Noções de Projeto Organizacional
1. INTRODUÇÃO
Já tivemos a oportunidade de conhecer os principais
modelos de organização do trabalho e algumas de suas
tendências atuais. Antes de prosseguir para uma análise mais
criteriosa das formas de trabalho contemporâneas, vamos nos
voltar para elementos importantes do projeto organizacional.
O projeto organizacional planeja as estruturas, os processos,
os sistemas e as práticas que irão sustentar a organização no
rumo dos seus objetivos. Com o decorrer do tempo, assim
como aconteceu com a organização do trabalho, sucederam-se
diferentes propostas de projetos organizacionais e de estruturas.
Algumas delas foram viáveis e bem-sucedidas durante algum
tempo, sendo questionadas e, paulatinamente, substituídas
por outras. Para compreender essa trajetória, vamos analisar as
organizações de estrutura funcional, orientadas por processos e
em redes. Tendo em vista a pertinência desse último modelo,
convidamos você a um exame mais atento de um tipo de arranjo
inter-organizacional bastante debatido hoje em diferentes
espaços: os Arranjos Produtivos Locais (APLs).
Finalizada essa incursão pelas diferentes estruturas e
concepções organizacionais, vamos voltar nossa atenção para
o projeto das fábricas, com direcionamento especial para nosso
objeto de estudo – o trabalho. Serão abordados o arranjo
funcional ou por processos, a manufatura celular, muito utilizada
atualmente, e um tipo de sistema automatizado flexível, o FMS.
O conteúdo a ser estudado é extenso, mas temos certeza
de que você, com sua dedicação e foco, irá finalizar mais uma
unidade do nosso estudo com sucesso. Vamos lá?
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scielo.php?pid=S0104-530X1997000100004&script=sci_
arttext>. Acesso em: 4 dez. 2015.
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UNIDADE 3 – Noções de Projeto Organizacional
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) Sobre projeto organizacional, é correto afirmar que:
a) o sistema de apoio proposto no projeto organizacional visa dar
coerência à ação que a estrutura prevê. Esse conceito emerge na
abordagem clássica de projeto, de base cartesiana.
b) ter o conceito de evento como núcleo integrador das atividades no
projeto organizacional implica prescrição de tarefas.
c) um projeto organizacional bem-sucedido deve considerar aspectos
sociais do trabalho que será desenvolvido. Para isso, é fundamental
que a tomada de decisões seja centralizada.
d) o objetivo do projeto organizacional é elaborar uma infraestrutura
que dê coerência ao sistema organizacional, propondo suas partes
componentes, bem como as interfaces entre elas. O projeto
organizacional tem como fio condutor os objetivos estratégicos da
organização.
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UNIDADE 3 – Noções de Projeto Organizacional
Gabarito
Confira, a seguir, as respostas corretas para as questões
autoavaliativas propostas:
1) d.
A abordagem clássica de projeto dá maior ênfase à estrutura, o que invalida
a alternativa a. A ideia de evento vai contra a perspectiva de prescrição
de tarefas, porque parte do pressuposto de que os acontecimentos no
dia a dia do trabalho são imprevisíveis. A alternativa b está, portanto,
incorreta. Quanto à alternativa c, a primeira afirmativa está correta, de
acordo com o referencial da Sociotécnica moderna. A segunda afirmativa,
no entanto, está incorreta, porque a tomada de decisões deve estar
distribuída, abrangendo também os níveis operacionais. A alternativa
correta, portanto, é a d, que trata dos objetivos do projeto organizacional
e de seus norteadores.
2) d.
Todas as afirmativas estão corretas. Quanto à afirmativa I, uma das
vantagens da organização por processos é que a satisfação do cliente é mais
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UNIDADE 3 –Noções de Projeto Organizacional
3) b.
A alternativa b está incorreta porque a organização que está descrita
(calcada em procedimentos e padrões predefinidos) não se adapta
facilmente a ambiente instáveis, o que pode lhe proporcionar prejuízos
na adaptação.
4) d.
Com as transformações de natureza econômica, social e tecnológica, as
organizações de estrutura funcional passaram a ser concebidas como
menos adequadas a ambiente instáveis e turbulentos. Uma das fraquezas
principais desses modelos é o fato de se estruturarem em torno de
departamentos especializados, que com frequência perdem a visão do
todo e o foco no cliente. Embora as organizações em redes sejam apontadas
como uma tendência no pensamento organizacional contemporâneo,
é equivocado afirmar que as organizações funcionais são raras. Muitas
empresas ainda adotam esse tipo de estrutura na organização de suas
atividades e decisões.
5) c.
A alternativa a está incorreta porque, em geral, bibliotecas obedecem a
arranjos funcionais/por processo, visto que os livros estão organizados por
assunto, ou seja, de acordo com o “processo” necessário aos clientes. Nos
arranjos funcionais, em geral os operadores têm baixo nível de interação,
porque estão responsáveis por uma parte do processo produtivo, o que
torna a alternativa b incorreta. O FMS representa um avanço tecnológico
importante, porém o aumento de produtividade dependerá de outros
elementos, como a organização do trabalho vigente. A afirmativa d,
portanto, está incorreta. A alternativa correta nesta questão é a c, que
apresenta algumas das vantagens da manufatura celular.
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UNIDADE 3 – Noções de Projeto Organizacional
5. considerações
Chegamos ao fim de mais uma unidade!
Desta vez, nossos olhares voltaram-se para o formato e a
articulação interna e externa das organizações. Entendemos a que
se presta um projeto organizacional e os tipos mais difundidos
de concepções organizacionais – funcional, por processos e
o modelo em redes. Discutimos os ganhos com cada uma das
alternativas e também pensamos sobre os contrapontos para
cada contexto. Nosso desfecho ocorreu nas áreas produtivas,
em que refletimos sobre diferentes formatos de organização da
produção e algumas implicações para os trabalhadores dessas
operações.
Para solidificar seu conhecimento sobre os tópicos aqui
abordados, esperamos que você tenha se dedicado ao Conteúdo
Digital Integrador. Agora, com mais esse importante passo na
compreensão da organização do trabalho, vamos discutir dois
assuntos muito em voga no mundo do trabalho e corporativo:
a mudança organizacional e as novas formas de organização do
trabalho, com ênfase nas formas flexíveis.
Bons estudos!
6. E-REFERÊNCIAS
CASTRO, L. H. Arranjo produtivo local. Brasília: Sebrae, 2009. (Empreendimentos
Coletivos). Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/bis/
Arranjo-produtivo-local-%E2%80%93-S%C3%A9rie-Empreendimentos-Coletivos>.
Acesso em: 4 dez. 2015.
FLEURY, A. C. C. Produtividade e organização do trabalho na indústria. Revista de
Administração de Empresas, São Paulo, v. 20, n. 3, p. 19-28, jul./set. 1980. Disponível
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034-75901980000300002&script=sci_
arttext>. Acesso em: 4 dez. 2015.
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UNIDADE 3 –Noções de Projeto Organizacional
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CASSIOLATO, J. E.; LASTRES, H. M. M.; STALLIVIERI, F. Arranjos Produtivos Locais: uma
alternativa para o desenvolvimento. Rio de Janeiro: E-papers, 2008. v. 2.
CORTES, M. R. Teorias das organizações. Apostila do curso de especialização em
Gestão Organizacional e Recursos Humanos. São Carlos, 2011.
GROOVER, M. Automação industrial e sistemas de manufatura. 3. ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall, 2011.
HATCH, M. J. The environment of organization. In: ______. Organization Theory:
modern, symbolic, and postmodern perspectives. 2. ed. New York: Oxford University
Press, 1997, p. 63-100.
SALERNO, M. S. Projeto de organizações integradas e flexíveis. São Paulo: Atlas, 1999.
SILVA, R. O. Teorias da Administração. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2008.
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UNIDADE 3 – Noções de Projeto Organizacional
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSON, R. Administração da produção. São Paulo: Atlas,
2002.
TOLEDO, J. C. Noções gerais de qualidade e produtividade. Apostila do curso de
especialização em Gestão Organizacional e Recursos Humanos. São Carlos, 2012.
Objetivos
• Explicar as transformações que levaram à expansão da adoção de novas
formas de organização do trabalho, como o trabalho flexível.
• Apontar as diferentes modalidades de trabalho flexível.
• Relacionar as modalidades de trabalho flexível com seus desdobramentos
na esfera do trabalho.
• Caracterizar o conceito de mudança organizacional, esclarecendo por que
ela deve ser planejada e gerida.
• Descrever diretrizes importantes na implementação da mudança
organizacional.
Conteúdos
• Trabalho flexível.
• Flexibilidade funcional.
• Flexibilidade numérica e de local de trabalho.
• Mudanças organizacionais.
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UNIDADE 4 – Facetas da Flexibilidade e as Mudanças Organizacionais
1. INTRODUÇÃO
Ao longo de nosso trabalho, temos procurado adotar um
olhar longitudinal, que nos permita captar as mudanças que vêm
ocorrendo do passado até o momento em que vivemos. O mundo
do trabalho é mais bem compreendido tendo em vista o decorrer
das transformações no tecido social e nas dimensões políticas e
econômicas que o afetam. Nesta unidade, a partir do histórico
que traçamos, vamos pensar em formas contemporâneas de
organização do trabalho.
Você já percebeu que dominar um conjunto de
conhecimentos e habilidades é importante, porém não é
suficiente para garantir o sucesso no mercado de trabalho. Já
ouvimos falar sobre a necessidade de nos mantermos atualizados,
de exercitarmos nossa iniciativa, nossa capacidade de trabalhar
em equipe, de “pensar fora da caixa”, de apresentar soluções
inovadoras... Muitas exigências, não é?
Você também deve ter percebido que crescem os
diferentes tipos de contrato e relações de trabalho: trabalho em
tempo parcial, terceirização, contratos por tempo determinado,
trabalho em domicílio... Um traço comum entre esses quadros
que estamos descrevendo é a flexibilidade – tema desta quarta
e última unidade. Vamos entender os tipos de trabalho flexível,
por que têm sido adotados e quais as suas implicações para a
qualidade do trabalho.
Como temos tratado sobre mudança, vamos dedicar
um tópico especial para pensar no conceito de mudança
organizacional. Parece indiscutível o fato de que as organizações
precisam se adaptar às contingências mutantes do seu ambiente
para sobreviverem. Porém, essa mudança não deve ser
Flexibilidade numérica
A flexibilidade numérica permite às organizações maior
flexibilidade relativa ao contingente de trabalhadores operando.
Conforme sua demanda e/ou conveniência, a organização
aumenta ou diminui tanto a quantidade de trabalhadores quanto
o tempo trabalhado em suas operações. Essa flexibilidade pode
ocorrer por diferentes caminhos.
Um dos caminhos é a terceirização, assunto muito em
voga na imprensa e nas discussões político-acadêmicas. A
organização pode terceirizar partes inteiras da sua produção a
outras empresas, mantendo menos equipamentos, serviços,
materiais e trabalhadores diretos. Essa escolha implica ganhos e
perdas, devendo a organização decidir por “fazer ou comprar”,
tendo em vista critérios não relacionados somente a custos.
Além de terceirizar atividades produtivas, a organização pode
também terceirizar serviços não diretamente relacionados a suas
atividades principais, como limpeza, manutenção e segurança,
o que tem se tornado muito frequente no Brasil. Empresas
especializadas na prestação desse tipo de serviço são contratadas
pela empresa “principal” (ou empresa tomadora dos serviços, a
contratante) para lhes fornecer essas atividades.
A terceirização que nos interessa aqui, classificada no
escopo da flexibilidade numérica, é a referente à parte do
contingente de trabalhadores (ditos “indiretos”) que opera nas
atividades produtivas da empresa. Contratados por intermédio
de uma agência que fornece essa mão de obra às organizações,
4. QUESTÕES AUTOAVALIATIVAS
A autoavaliação pode ser uma ferramenta importante para
você testar o seu desempenho. Se encontrar dificuldades em
responder as questões a seguir, você deverá revisar os conteúdos
estudados para sanar as suas dúvidas.
1) A respeito de trabalho flexível, analise as assertivas a seguir e assinale a
alternativa que melhor reflete sua análise.
I - Para poder adaptar a produção a uma maior variedade de produtos
e serviços que atendam às necessidades dos consumidores, tem
sido incentivada a flexibilidade funcional do trabalho, com a qual
um mesmo funcionário é capaz de realizar diferentes operações, de
acordo com a necessidade.
II - O trabalhador multiqualificado é aquele que realiza tarefas distintas,
mas de mesma natureza e grau de complexidade.
III - O alargamento do trabalho implica incremento de responsabilidades,
permitindo maior envolvimento e maior poder de tomada de decisões
na produção.
a) Todas as assertivas estão corretas.
b) Todas as assertivas estão incorretas.
c) Somente as assertivas I e III estão corretas.
d) As assertivas II e III estão incorretas.
Gabarito
Confira as respostas das questões autoavaliativas
propostas.
1) d.
O trabalhador multiqualificado amplia seu leque de habilidades para
poder exercer atividades mais complexas e de maior responsabilidade. A
afirmativa II descreve o funcionário multifuncional, cujo trabalho apenas
é intensificado.
O movimento descrito na afirmativa III ocorre na direção vertical,
consistindo, portanto, no enriquecimento.
A flexibilidade funcional é uma alternativa para adaptar a produção aos
diferentes tipos de produtos e serviços oferecidos, dado que o trabalhador
é capaz de exercer uma variedade maior de atividades necessárias para
diferentes processos.
2) b.
A modalidade da terceirização tem sido difundida por favorecer o ajuste do
contingente de trabalhadores à carga de trabalho vigente. Essa alternativa
minimiza as despesas com folha de pagamento para o empregador.
Os contratos temporários afetam a renda e a segurança no emprego,
porque, concluído o prazo estabelecido, raramente o trabalhador é
contratado em regime indeterminado.
3) a.
A questão da terceirização envolve um conjunto de ambiguidades que
devem ser analisadas simultaneamente sob o prisma do crescimento da
produtividade e da garantia do pleno emprego.
Um dos condicionantes do crescimento da modalidade de trabalho a
distância é a procura por maior qualidade de vida, o que torna a alternativa
b incorreta.
A alternativa c não está correta porque a expansão da produção enxuta foi
um dos favorecedores da adoção de formas flexíveis de trabalho.
O trabalho parcial é adotado, em sua maioria, para mulheres, dada a crença
de que sua renda é complementar à do homem e de que é necessário
conciliar o trabalho com os cuidados domésticos e familiares.
4) b.
Todas as assertivas estão corretas.
5) c.
A flexibilidade numérica tem sido uma tendência forte na organização do
trabalho em decorrência das transformações vigentes. No entanto, não
é a toda mudança ambiental que a organização responderá promovendo
a flexibilidade da sua força de trabalho. É necessário entender qual
adaptação é exigida para a sobrevivência e ponderar os ganhos e perdas
embutidos na alternativa adotada no âmbito da organização do trabalho.
5. considerações
Discutidas as modalidades de trabalho flexível e a
implementação de mudanças organizacionais, encerramos
nossa última etapa do estudo da Organização do Trabalho.
Transitamos por diferentes ângulos, dialogando com diferentes
áreas do saber, procurando compreender as diferentes facetas
da interação do processo de trabalho com a tecnologia e as
transformações socioeconômicas. Alguns traços da organização
do trabalho do passado persistem até hoje, interagindo com a
realidade que vivenciamos.
Embora possamos não ter sido plenamente imparciais
na abordagem dos assuntos tratados, procuramos oferecer
múltiplas perspectivas de análise, para que você se posicione
considerando as forças e fraquezas de cada modelo e cada polo
das discussões colocadas. Seu envolvimento com os materiais
digitais aqui indicados foi fundamental para a consolidação
do seu pensamento sobre o trabalho. Dê continuidade a seus
estudos nessa área. A Organização do Trabalho é tema transversal
às várias disciplinas em Engenharia de Produção e certamente
enriquecerá sua prática, favorecendo uma atuação sólida.
Parabéns pelo seu empenho!
6. e-REFERÊNCIAS
HIRATA, H. Tendências recentes da precarização social e do trabalho: Brasil, França e
Japão. Caderno CRH, Salvador, v. 24, n. spe. 1, p. 15-22, 2011. Disponível em: <http://
www.scielo.br/pdf/ccrh/v24nspe1/a02v24nspe1.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2015.
LOPES, P. C. B.; STADLER, C. C.; KOVALESKI, J. L. Gestão da mudança organizacional.
Publicatio UEPG, Ponta Grossa, v. 11, n. 1, p. 51-57, jun. 2003. Disponível em: <http://
revistas2.uepg.br/ojs_new/index.php/humanas/article/view/491>. Acesso em: 7 dez.
2015.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ARAÚJO, A. M. C. et al. Globalização, estratégias gerenciais e respostas operárias: um
estudo comparativo da indústria de linha branca. Relatório final de projeto FAPESP,
2004.
BOLTANSKI, L.; CHIAPELLO, E. O novo espírito do capitalismo. São Paulo: WMF Martins
Fontes, 2009.
BRESSAN, C. L. Mudança organizacional: uma visão gerencial. In: SEMINÁRIO DE
GESTÃO DE NEGÓCIOS, 1., 2004, Curitiba. Anais... I Seminário de Gestão de Negócios
– FAE, Curitiba: FAE, 2004.
CERTO, S. C. Administração moderna. São Paulo: Prentice Hall, 2003.
SLACK, N.; CHAMBERS, S.; JOHNSON, R. Administração da produção. 2. ed. São Paulo:
Atlas, 2002.