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A SIMBOLOGIA DA MÃE NEGRA NO BRASIL

Sara Brandão do Amaral (8101B, 30)

Quando falamos da mãe negra no contexto brasileiro, precisamos


resgatar alguns conceitos que foram cruciais para sua definição nos dias
atuais, além de traçar quais espaços a mesma ocupa na sociedade. Ao
buscar trazer essas reflexões, é necessário fazermos a conexão com seu
passado e as construções sociais ao longo dos séculos, além de traçar os
simbolismos acerca de seu papel no plano social e sua forma de ocupação.

Uma vez definidos os estereótipos em torno da mulher mãe negra,


entenderemos, por meio da análise histórica, como eles se mantiveram,
ocupando novos espaços e ganhando novas definições. Os objetivos
traçados nesse artigo são trazer as definições dos estereótipos envolvendo
as mulheres negras até chegarmos nas mães, expondo suas lutas, seu
passado e buscando ressaltar os lugares ocupados pelas mesmas na
sociedade atual brasileira.

Trazendo como base os estudos de Lélia Gonzalez, a qual foi intelectual,


autora, política, professora, filósofa e antropóloga brasileira, será exposto o
perfil de uma mulher em torno de uma sociedade racista, patriarcal e
capitalista. Além disso, com base nos conteúdos passados em aula,
definiremos como a “Mater Dolorosa” do século XIX, descrita no poema de
Castro Alves (1883), pode ser encontrada na nossa atualidade.

Lélia, em seu artigo intitulado “Racismo e sexismo na cultura brasileira”,


traz a reflexão de que o lugar que a mulher negra é colocada na sociedade
brasileira é determinado fundamentalmente pela interpretação da nossa
dupla opressão: de gênero e racial, ao mesmo tempo. Esses lugares se
mostram nos três estereótipos que ela trabalha ao longo do texto: a mulher
mulata, doméstica e a mãe preta.
Ao longo da construção cultural brasileira, a mulher negra é geralmente
vista como sendo domesticada, o que acaba colocando-a nesses distintos
lugares de integração e rejeição. Lélia começa falando do estereótipo da
mulata, que se idealiza fundamentalmente no carnaval brasileiro, colocando
o corpo da mulher de forma estereotipada. A “Deusa do Samba”, a mulher
desejada e admirada.

A figura da doméstica é traçada pelo mesmo sujeito ao definir a mulata.


Ao voltarmos ao nosso passado colonial brasileiro, vemos que anterior à
definição de “doméstica”, veio a mucama. Mucamas eram as mulheres
negras escravizadas escolhidas para trabalhar dentro das casas grandes.
Elas não só cuidavam da prole dos senhores de engenho, como também
executavam trabalhos domésticos e sexuais forçados.

Nesse contexto, vemos a criação de um caráter de servidão posta em


duplo caráter: braçal e sexual. Há a naturalização da concubinagem: ato
sexual com alguém que não se casa, entre mulheres negras e os senhores
brancos. Levando em conta que as mulheres eram tratadas como objetos
desses senhores, elas muitas vezes não tinham escolha e sofriam de abuso
sexual.

Faz-se necessário entendermos que o passado colonial é presente e


atuante. A ideia de que mulheres negras são ligadas à servidão, seja no
trabalho ou sexualmente é basicamente a reprodução das violências sofridas
pelas mucamas.

Lélia enfatiza como a figura da mucama se transformou na figura da mãe


preta, que cuida de todos, serve a todos e que vive única e exclusivamente
pra servir seus filhos e marido. No brasil colonial, ela foi responsável por
cuidar, amamentar e educar não só da prole branca, mas também de seus
filhos.

No poema “Mater Dolorosa” (1883), de Castro Alves, é traçado um perfil


de uma mãe que vive a angústia de sua condição e que, segundo Julia Maria
Fernanda Machado Fernandes, em seu artigo “As representações da escrava
nos poemas de Castro Alves no livro ‘Os Escravos’ durante a segunda
metade do século XIX”, pertencente a um segmento oprimido e submetido aos
interesses comerciais, familiares e sexuais de seus proprietários.

Essas mulheres, para além de serem destituídas de sua humanidade,


eram alocadas em um espaço inteiramente servil. Ou seja, a sua existência
tinha como propósito nutrir, educar e cuidar de crianças brancas. Infelizmente,
na atualidade ainda há diversos resquícios desta prática, sendo as mulheres
pretas e mestiças as maiores responsáveis por serviços de limpeza, cuidados
infantis mal remunerados e empregos subalternos.

DISPOSIÇÕES FINAIS

O presente artigo será publicado no jornal da turma 8101B, do Colégio


Técnico Industrial “Prof Isacc Portal Roldan” – CTI.

A autora é estudante do segundo ano do ensino médio do Colégio


Técnico Industrial “Prof Isacc Portal Roldan” – CTI e atua no curso de
informática.

REFERÊNCIAS:

GONZALES, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências


Sociais Hoje. Anpocs. p.233-244.1984.

M. Fernandes, Julia Maria Fernanda. As representações da escrava nos


poemas de Castro Alves no livro ‘Os Escravos’ durante a segunda metade do
século XIX. p. 18. 2012.

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