Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em A Teoria dos Sentimentos Morais, Smith procura identificar critérios de julgamento moral que tornam
possível a vida em sociedade:
➤ Os seres humanos são movidos por múltiplas motivações: apesar da força do interesse próprio, os
seres humanos são também dotados de sentimentos morais, como o desejo de aprovação social, a
benemerência e o sentido da justiça (em oposição à natureza humana egoísta de Machiavelli,
Mandeville, e Hobbes).
➤ A sociedade pode existir sem beneficência/benemerência (como uma sociedade de mercadores) mas
não sem justiça. A beneficência não pode, nem deve, ser imposta, mas a justiça tem precedência
sobre o interesse próprio.
➤ A justiça é imposta aos indivíduos pela consciência e pela lei.
ADAM SMITH (1723-1790)
Em A Riqueza das Nações, Smith procura demonstrar como a sociedade comercial consegue
prosperar tendo em conta que o comportamento dos seres humanos é guiado pelo
interesse próprio, argumento central na defesa de um ‘sistema de liberdade natural’.
➤ A perspetiva de Smith em A Riqueza das Nações situa-se entre uma:
Abordagem macro dinâmica sobre o crescimento económico e o desenvolvimento e
micro dinâmica referente aos mercados.
Abordagem centrada na consideração da natureza humana e das suas propensões e nas
estruturas sociais, relações de poder e classes sociais.
Abordagem dedutiva e indutiva.
ADAM SMITH E A RIQUEZA DAS NAÇÕES
“At it is the power of exchanging that gives occasion to the division of labour, so the
extent of this division must always be limited by the extent of that power, or, in
other words, by the extent of the market.”
-Adam Smith (Livro I, Capítulo II, pp. 22; Livro I, Capítulo III, pp. 25)
ADAM SMITH E A RIQUEZA DAS NAÇÕES
➤ Divisão do trabalho: divisão técnica e divisão social.
A divisão do trabalho e o aumento da capacidade produtiva do trabalho.
➤ O processo de acumulação de capital (instrumentos de trabalho, matérias-primas e
provisões para os trabalhadores) é prévio à divisão do trabalho:
Os recursos aplicados produtivamente, como o capital (os que mobilizam trabalho
produtivo), acrescentam valor e criam riqueza.
Os recursos aplicados improdutivamente (que mobilizam trabalho improdutivo –
trabalhadores domésticos, soldados, servidores do Estado) não criam valor e esbanjam a
riqueza.
➤ A riqueza da nação depende da proporção dos trabalhadores empregados
produtivamente.
ADAM SMITH E A RIQUEZA DAS NAÇÕES
O trabalho é uma mercadoria como outra qualquer: preço natural e preço de mercado.
➤ Sobre os Lucros …
O lucro é um resíduo.
Tendência para a queda da taxa de lucro (como resultado da acumulação de capital e do
crescimento demográfico).
O progresso técnico poderia contrariar a tendência para a queda dos lucros, mas não a pode
eliminar. A sociedade capitalista tende para a estagnação.
➤ Teoria das vantagens relativas (ou comparativas): Um país pode ter interesse em importar
artigos que poderia produzir ele próprio em condições mais favoráveis do que um parceiro
comercial, desde que exporte para esse parceiro internacional outros artigos em que
relativamente tenha ainda mais vantagem.
JOHN STUART MILL (1806-1873)
The Principles of Political Economy: with some of their applications to social philosophy (1848)
On Liberty (1859)
Utilitarianism (1863)
The Subjection of Women (1869)
A discussão sobre a distribuição da riqueza e a propriedade é central na obra de J. S. Mill:
"The distribution of wealth depends on the laws and customs of society” (Principles of Political Economy, 1868,
pp. 182)
➤ Ao contrário das leis da produção, que são baseadas no mundo físico e na natureza humana, as leis da
distribuição da riqueza dependem das leis e costumes da sociedade.
➤ Estes costumes e leis variam em diferentes épocas e países e podem ser diferentes se a humanidade assim o
decidir.
➤ A propriedade privada é a instituição fundamental que condiciona a distribuição de riqueza e não é
inquestionável.
JOHN STUART MILL: DISTRIBUIÇÃO E PROPRIEDADE
➤ Várias são as objeções que têm sido levantadas em relação ao Comunismo … No
entanto:
“If, therefore, the choice were to be made between Communism with all its chances
and the present state of society with all its sufferings and injustices, all the
difficulties, great or small, of Communism, would be but as dust in the balance”.
(Principles of Political Economy, 1868, pp. 186)
JOHN STUART MILL: DISTRIBUIÇÃO E PROPRIEDADE
Porém ...
➤ A comparação deveria ser feita entre o Comunismo, na sua melhor formulação, e o regime de
propriedade privada, não como está instituído, mas como deveria estar.
➤ O verdadeiro princípio da propriedade privada nunca foi sujeito a teste em nenhum país:
➤ A propriedade privada só é desejável enquanto garantia individual dos frutos do trabalho e da
abstinência
➤ A distribuição da propriedade não é o resultado de uma partição justa mas antes da conquista e da
violência:
“The guarantee to them of the fruits of the labor and abstinence of others, transmitted to them
without any merit or exertion of their own, is not of the essence of the institution, but a mere
incidental consequence, which, when it reaches a certain height, does not promote, but conflicts with
the ends which render private property legitimate.” (Principles of Political Economy, 1868, pp. 187)
JOHN STUART MILL: DISTRIBUIÇÃO E PROPRIEDADE
➤ A instituição da propriedade reconhece o direito de propriedade sobre coisas que não
foram produzidas pelos próprios (pelo seu trabalho) nem resultam da sua
abstinência (herança, terra).
➤ O restabelecimento do verdadeiro princípio da propriedade privada exige uma
reforma do direito sucessório e da propriedade fundiária.
➤ A propriedade privada de pequenos agricultores, cooperativas de produtores e as
associações industriais, na medida em que permitem o usufruto dos resultados do
trabalho fornece os incentivos adequados que responsabilizam os trabalhadores pela
boa condução dos negócios.
JOHN STUART MILL: SOBRE O GOVERNO
➤ Dir-se-á que o Estado se deveria limitar à protecção dos indivíduos contra a força
e a fraude, mas isto é vago como critério:
Quais os critérios de propriedade? (A definição dos direitos de propriedade requer
especificação)
Que contratos devem ser garantidos? Todos? Ou só os legítimos? Como se
determina a legitimidade de um contrato?
Devem ser garantidos alguns serviços públicos, mas quais?
➤ Não existe uma regra a priori para delimitar a acção do Estado a não ser a da
conveniência geral.
JOHN STUART MILL: OS FUNDAMENTOS E OS LIMITES DO ‘LAISSEZ-FAIRE’
Objeções à interferência do Governo:
➤ A intervenção do Estado exige meios pecuniários e esses meios resultam
sempre de impostos compulsivamente determinados.
➤ Qualquer aumento das funções do Estado significa um aumento do seu poder;
este poder pode traduzir-se numa opressão das minorias pela maioria (e a
liberdade das minorias deve ser respeitada).
➤ Qualquer função adicional do Estado recai sobre um corpo já sobrecarregado (e
existe um problema de incentivos - as pessoas compreendem os seus negócios
melhor que os funcionários e cuidam melhor deles).
➤ Um povo que adquire o hábito de esperar vozes de comando do Estado
desenvolve só metade das suas faculdades.
JOHN STUART MILL: OS FUNDAMENTOS E OS LIMITES DO ‘LAISSEZ-FAIRE’
Circunstâncias em que o princípio de laissez-faire deve ser contrariado:
➤ Quando os indivíduos não são capazes de avaliar os seus melhores interesses (educação,
cultura).
➤ Quando a iniciativa privada só é possível por associação (a iniciativa deve ser mantida nas
mãos privadas mas controlada pelo Estado).
➤ Situações em que a interferência da lei e da regulação se justifica não para se substituir ao
julgamento individual, mas para o tornar possível.
➤ Proteção das pessoas vulneráveis.
➤ Proteção da sociedade de actos praticados pelos indivíduos com consequências negativas
para outros, a nação, ou gerações futuras.
➤ Provisão de serviços públicos que nenhum privado está em condições de prestar, ou
estando, ninguém o faz
Retornar à questão de partida: Qual o contributo do liberalismo clássico e da economia
política clássica para a construção de uma interpretação sobre o capitalismo, a sua
dinâmica de transformação e os processos subjacentes?