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CACIMBA DE MÁGOA - FALAMANSA & GABRIEL O PENSADOR

https://www.youtube.com/watch?v=zX11uEaCZlY&feature=youtu.be
Regulação jurídica do uso de agrotóxicos
Mineração
Prof. Dr. Rafael Tocantins Maltez

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RECURSOS MINERAIS

Jazida: toda massa individualizada de substância mineral


ou fóssil, aflorando à superfície ou existente no interior da
terra, e que tenha valor econômico.
Mina: a jazida em lavra, ainda que suspensa.
Lavra: o conjunto de operações coordenadas objetivando o
aproveitamento industrial da jazida, desde a extração das
substâncias minerais úteis que contiver, até o
beneficiamento das mesmas.
Lavra ambiciosa: a lavra conduzida sem observância do
plano preestabelecido, ou efetuada de modo a
impossibilitar o ulterior aproveitamento econômico da
jazida.
CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Competência
É competência privativa da União legislar sobre jazidas,
minas e outros recursos minerais e metalurgia (art. 22,
XII).
No que concerne à competência material (registrar,
acompanhar e fiscalizar as concessões de direito de
pesquisa e exploração mineral), é comum entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
(art. 23, XI).
Os recursos minerais, inclusive os do subsolo, são bens da União
(art. 20, IX, da CF).
A titularidade da União não significa monopólio da União na exploração
dos recursos minerais. Estes também podem ser explorados por
concessionários do direito de lavra, que terão a propriedade do
produto da lavra (art. 176).
Art. 176 § 1º da CF A pesquisa e a lavra de recursos minerais e o
aproveitamento dos potenciais somente poderão ser efetuados
mediante autorização ou concessão da União, no interesse nacional,
por brasileiros ou empresa constituída sob as leis brasileiras e que
tenha sua sede e administração no País, na forma da lei, que
estabelecerá as condições específicas quando essas atividades se
desenvolverem em faixa de fronteira ou terras indígenas.
É de competência exclusiva do Congresso Nacional autorizar, em
terras indígenas, a pesquisa e lavra de minérios, assegurando-se aos
índios a participação no resultado da lavra (arts. 49, XVI, e 231, §3º,
da CF), mediante decreto-legislativo, o qual não pode ser substituído
por medida provisória.

Os recursos minerais não integram o patrimônio do particular


superficiário (art. 172, §2º, da CF; art. 1.230 do CC; art. 11, ‘b’, do
Regimes de Aproveitamento Minerário
A Agência Nacional de Mineração (ANM)

A ANM integrante da Administração Pública federal


indireta, submetida ao regime autárquico especial e
vinculada ao Ministério de Minas e Energia, tem como
finalidade promover a gestão dos recursos minerais da
União, bem como a regulação e a fiscalização das
atividades para o aproveitamento dos recursos minerais
no País (arts. 1º e 2º da Lei n. 13.575/2017). Assumiu as
funções do extinto DNPM (Departamento Nacional de
Produção Mineral).
Os recursos minerais poderão ser aproveitados mediante
autorização de pesquisa, concessão de lavra,
permissão de lavra garimpeira, licenciamento e regime
de monopolização (art. 2º do CM).

Ficam sujeitas a servidões de solo e subsolo, para os fins


de pesquisa ou lavra, não só a propriedade onde se
localiza a jazida, como as limítrofes (art. 49 do CM).
Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais
(CFEM)

Previsão constitucional: art. 20, §1º.

Regulamentação: Lei n. 7.990/1989.


Considerando que as jazidas estão localizadas em solo dos
estados-federados e dos municípios, mesmo que consideradas de
domínio da União (art. 20, IX, da CF), a Constituição Federal prevê a
participação no resultado da exploração ou a compensação financeira
devida aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios e aos órgãos
da administração direta da União, como contraprestação pela
utilização econômica dos recursos minerais em seus respectivos
territórios.
O aproveitamento de recursos hídricos, para fins de geração de
energia elétrica e dos recursos minerais, por quaisquer dos regimes
previstos em lei, ensejará compensação financeira aos Estados,
Distrito Federal e Municípios (art. 1º da Lei n. 7.990/1989).
Natureza jurídica

É controvertida: tributária, receita originária (ou patrimonial)


do ente arrecadador (preço público), indenizatória.

O STF entende que a CFEM tem natureza jurídica


indenizatória (RE 228.800, rel. Min. Sepúlveda Pertence, j.
25.09.01, DJ 16.11.01).
Atividade garimpeira
A atividade garimpeira é permitida, desde que atendias as
exigências legais.

Garimpeiro é toda pessoa física de nacionalidade brasileira


que, individualmente ou em forma associativa, atue
diretamente no processo da extração de substâncias minerais
garimpáveis (art. 2º, I, da Lei n. 11.685/2008 ).

Qualquer pessoa física brasileira ou cooperativa de


garimpeiros pode exercer a garimpagem.
A criação de áreas de garimpagem fica condicionada à
prévia licença do órgão ambiental competente (art. 13 da
Lei n. 7.805/1989).

O Estado favorecerá a organização da atividade garimpeira


em cooperativas, levando em conta a proteção do meio
ambiente e a promoção econômico-social dos garimpeiros
(art. 174, § 3º, da CF).

As cooperativas que desenvolvem atividade garimpeira


terão prioridade na autorização ou concessão para
pesquisa e lavra dos recursos e jazidas de minerais
garimpáveis, nas áreas onde estejam atuando, e naquelas
fixadas de acordo com o art. 21, XXV (art. 174, §4º, da
CF).
Recuperação da Área Degrada
Aquele que explorar recursos minerais fica obrigado a
recuperar o meio ambiente degradado, de acordo com
solução técnica exigida pelo órgão público competente,
na forma da lei (art. 225, § 2º, da CF).

O PRAD (plano de recuperação de área degradada)


deve ser apresentado antes do início das atividades, de
forma a garantir um adequado fechamento da mina, a
correta desativação das barragens, a reabilitação das
áreas mineradas e degradadas e a implantação de um
plano de recuperação da área.
Deve existir o Plano de Fechamento de Mina, o qual visa
ao futuro uso da área e a reinserção econômico-social do
município e sua população. A descontinuação da mina
deve compreender os trabalhos de desativação da
infraestrutura e dos serviços relacionados à produção e
desmobilização da mão de obra do empreendimento
minerário.

Cabe a recuperação dos danos ambientais causados pela


atividade minerária, obrigação imposta ao titular de
autorização de pesquisa, de permissão de lavra
garimpeira, de concessão de lavra, de licenciamento ou de
manifesto de mina (art. 19 da Lei n. 7.805/1989).

Mesmo que o interessado tenha a respectiva licença


ambiental, deve responder pelos danos ambientais da
atividade minerária.
Mineração em Área de Preservação Permanente

A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em


Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas
hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de
baixo impacto ambiental (art. 8º da Lei n. 12.651/2012).
Mineração em área de Reserva Legal

A atividade minerária acarreta impactos ambientais


incompatíveis com o propósito da Reserva Legal, tornando
impossível o manejo florestal sustentável cumulado com a
extração minerária, inviabilizando a atividade nessas
áreas.

Mineração em Unidade de Conservação

O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é


preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto
dos seus recursos naturais (art. 7º, 1º, da Lei n.
9.985/2000).
Dessa forma, é não é possível mineração em Unidade de
Proteção Integral.
Não há proibição expressa de atividade minerária nas
Unidades de Uso Sustentável, com exceção da Reserva
Extrativista (art. 18, §6º, Lei n. 9.985/2000).

Alguns autores entendem que a atividade minerária estaria


na definição legal de “uso sustentável dos recursos
naturais”, podendo ser autorizada nessa categoria de UC.
Contudo, por falta de autorização expressa, não existe
consenso quanto à possibilidade de mineração em
Unidade de Uso Sustentável.

Autores que admitem: Paulo de Bessa Antunes, Romeu


Thomé.
Autores que não admitem: Patryck de Araújo Ayala, Rafael
Tocantins Maltez.
Mineração em terra indígenas
A pesquisa e a lavra das riquezas minerais em terras
indígenas só podem ser efetivadas com autorização do
Congresso Nacional, ouvidas as comunidades
afetadas, ficando-lhes assegurada participação nos
resultados da lavra, na forma da lei (art. 231, § 3º, da
CF).
É da competência exclusiva do Congresso Nacional
autorizar, em terras indígenas a pesquisa e lavra de
riquezas minerais (art. 49, XVI, da CF), mediante decreto
legislativo, não podendo ser substituída por medida
provisória.
Não se aplica às terras indígenas o disposto no art. 174, §
3º e § 4º, ou seja, não é permitida a atividade garimpeira
em terras indígenas (art. 231, §7º, da CF).
A permissão de lavra garimpeira não se aplica a terras
indígenas (art. 23, ‘a’, da Lei n. 7.805/1989).
AGROTÓXICOS

É competência material comum de todos os entes da


federação controlar a produção, a comercialização e o
emprego de técnicas, métodos e substâncias que
comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio
ambiente (arts. 7º, XII, 8º, XII, e 9, XII, da Lei
Complementar n. 140/2011).
A Lei n. 7.802/1989 dispõe sobre a pesquisa, a
experimentação, a produção, a embalagem e rotulagem, o
transporte, o armazenamento, a comercialização, a
propaganda comercial, a utilização, a importação, a
exportação, o destino final dos resíduos e embalagens, o
registro, a classificação, o controle, a inspeção e a
fiscalização de agrotóxicos, seus componentes e afins. O
Decreto n. 4.074/2002 regulamenta a Lei n. 7.802/1989. A
Resolução Conama n. 465/2014 dispõe sobre os requisitos
e critérios técnicos mínimos necessários para o
licenciamento ambiental de estabelecimentos destinados
ao recebimento de embalagens de agrotóxicos e afins,
vazias ou contendo resíduos.
REGISTRO

Os agrotóxicos, seus componentes e afins, só poderão ser


produzidos, exportados, importados, comercializados e
utilizados, se previamente registrados em órgão federal,
de acordo com as diretrizes e exigências dos órgãos
federais responsáveis pelos setores da saúde, do meio
ambiente e da agricultura (art. 3º da Lei n. 7.802/1989).
É proibido o registro de agrotóxicos, seus componentes e
afins (art. 3º, §6º, da Lei n. 7.802/1989):
a) para os quais o Brasil não disponha de métodos para
desativação de seus componentes, de modo a impedir que
os seus resíduos remanescentes provoquem riscos ao
meio ambiente e à saúde pública;
b) para os quais não haja antídoto ou tratamento eficaz no
Brasil;
c) Que revelem características teratogênicas,
carcinogênicas ou mutagênicas, de acordo com os
resultados atualizados de experiências da comunidade
científica;
d) que provoquem distúrbios hormonais, danos ao aparelho
reprodutor, de acordo com procedimentos e experiências
atualizadas na comunidade científica;
e) que se revelem mais perigosos para o homem do que os
testes de laboratório, com animais, tenham podido
demonstrar, segundo critérios técnicos e científicos
atualizados;
f) cujas características causem danos ao meio ambiente.
A Lei n. 11.936/2009 proíbe a fabricação, a importação, a
exportação, a manutenção em estoque, a comercialização
e o uso de diclorodifeniltricloretano (DDT).
EMBALAGENS
As embalagens dos agrotóxicos e afins deverão atender, entre outros,
aos seguintes requisitos:
I - devem ser projetadas e fabricadas de forma a impedir qualquer
vazamento, evaporação, perda ou alteração de seu conteúdo e de
modo a facilitar as operações de lavagem, classificação, reutilização e
reciclagem;
II - os materiais de que forem feitas devem ser insuscetíveis de ser
atacados pelo conteúdo ou de formar com ele combinações nocivas ou
perigosas;
III - devem ser suficientemente resistentes em todas as suas partes, de
forma a não sofrer enfraquecimento e a responder adequadamente às
exigências de sua normal conservação;
IV - devem ser providas de um lacre que seja irremediavelmente
destruído ao ser aberto pela primeira vez.
Deveres dos usuários, fabricantes e importadores

Os usuários de agrotóxicos, seus componentes e afins


deverão efetuar a devolução das embalagens vazias dos
produtos aos estabelecimentos comerciais em que foram
adquiridos, de acordo com as instruções previstas nas
respectivas bulas, no prazo de até um ano, contado da
data de compra, ou prazo superior, se autorizado pelo
órgão registrante, podendo a devolução ser intermediada
por postos ou centros de recolhimento, desde que
autorizados e fiscalizados pelo órgão competente.
VENDA

Como regra geral, a venda de agrotóxicos e afins aos


usuários será feita por meio de receituário próprio,
prescrito por profissionais legalmente habilitados.

A exceção é a possiblidade de dispensa do receituário


somente para agrotóxicos de baixa periculosidade,
devendo constar no rótulo ou bula do produto (art. 67. do
Decreto n. 4.074/2002).
LEI Nº 11.326, DE 24 DE JULHO DE 2006.
Estabelece as diretrizes para a formulação da Política
Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos
Familiares Rurais.
Art. 4º A Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos
Familiares Rurais observará, dentre outros, os seguintes princípios:
I - descentralização;
II - sustentabilidade ambiental, social e econômica;
III - eqüidade na aplicação das políticas, respeitando os aspectos de
gênero, geração e etnia;
IV - participação dos agricultores familiares na formulação e
implementação da política nacional da agricultura familiar e
empreendimentos familiares rurais.
Política Nacional de Segurança
de Barragens
A Lei n. 12.334/2010 estabelece a
Política Nacional de Segurança de
Barragens destinadas à acumulação de
água para quaisquer usos, à disposição
final ou temporária de rejeitos e à
acumulação de resíduos industriais, bem
como criou o Sistema Nacional de
Informações sobre Segurança de
Barragens.
A lei conceito barragem com “qualquer
estrutura em um curso permanente ou
temporário de água para fins de
contenção ou acumulação de
substâncias líquidas ou de misturas de
líquidos e sólidos, compreendendo o
barramento e as estruturas associadas”
(art. 2º, I).
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Objetivos

Art. 3o São objetivos da Política Nacional de Segurança de Barragens


(PNSB):

I - garantir a observância de padrões de segurança de barragens de maneira a


reduzir a possibilidade de acidente e suas consequências;

II - regulamentar as ações de segurança a serem adotadas nas fases de


planejamento, projeto, construção, primeiro enchimento e primeiro vertimento,
operação, desativação e de usos futuros de barragens em todo o território
nacional;

III - promover o monitoramento e o acompanhamento das ações de segurança


empregadas pelos responsáveis por barragens;
IV - criar condições para que se amplie o universo de controle de
barragens pelo poder público, com base na fiscalização,
orientação e correção das ações de segurança;

V - coligir informações que subsidiem o gerenciamento da


segurança de barragens pelos governos;

VI - estabelecer conformidades de natureza técnica que permitam


a avaliação da adequação aos parâmetros estabelecidos pelo
poder público;

VII - fomentar a cultura de segurança de barragens e gestão de


riscos.
São fundamentos da Política Nacional
de Segurança de Barragens (PNSB)
I - a segurança da barragem, consideradas as fases de planejamento, projeto, construção,
primeiro enchimento e primeiro vertimento, operação, desativação, descaracterização e usos
futuros; (Redação dada pela Lei nº 14.066, de 2020)
II - a informação e o estímulo à participação direta ou indireta da população nas ações
preventivas e emergenciais, incluídos a elaboração e a implantação do Plano de Ação de
Emergência (PAE) e o acesso ao seu conteúdo, ressalvadas as informações de caráter pessoal;
(Redação dada pela Lei nº 14.066, de 2020)
III - a responsabilidade legal do empreendedor pela segurança da barragem, pelos danos
decorrentes de seu rompimento, vazamento ou mau funcionamento e,
independentemente da existência de culpa, pela reparação desses danos; (Redação dada
pela Lei nº 14.066, de 2020)
IV - a transparência de informações, a participação e o controle social; (Redação dada pela
Lei nº 14.066, de 2020)
V - a segurança da barragem como instrumento de alcance da sustentabilidade
socioambiental. (Redação dada pela Lei nº 14.066, de 2020)
RESOLUÇÃO Nº 4, DE 15 DE
FEVEREIRO DE 2019
• Estabelece medidas regulatórias cautelares objetivando assegurar
a estabilidade de barragens de mineração, notadamente aquelas
construídas ou alteadas pelo método denominado "a montante“
• Art. 1º Esta Resolução estabelece medidas regulatórias cautelares
objetivando assegurar a estabilidade de barragens de mineração,
notadamente aquelas construídas ou alteadas pelo método
denominado "a montante" ou por método declarado como
desconhecido. ou por método desconhecido.
• Art. 2º Fica proibida a utilização do método de construção ou
alteamento de barragens de mineração denominado "a montante"
em todo o território nacional.

• Parágrafo único. Para fins desta Resolução, entende-se por:

• I - método "a montante": a metodologia construtiva de barragens


onde os diques de contenção se apoiam sobre o próprio rejeito ou
sedimento previamente lançado e depositado;
• II - método "a jusante": consiste no alteamento para jusante a partir
do dique inicial, onde os diques são construídos com material de
empréstimo ou com o próprio rejeito;
• III - método "linha de centro": método variante do método à
jusante, em que os alteamentos sucessivos se dão de tal forma
que o eixo da barragem se mantém na posição inicial, ou seja,
coincidente com o eixo do dique de partida;
• Art. 3º Ficam os empreendedores responsáveis por barragens
de mineração inseridas na PNSB, independentemente do
método construtivo adotado, proibidos de manter ou
construir, na Zona de Autossalvamento - ZAS:
• I - qualquer instalação, obra ou serviço, permanente ou
temporário, que inclua presença humana, tais como aqueles
destinados a finalidades de vivência, de alimentação, de saúde
ou de recreação; e
• II - barramento para armazenamento de efluente líquido
imediatamente a jusante de barragem de mineração, onde
aquele tenha potencial de interferir na segurança da barragem
ou possa submergir os drenos de fundo ou outro sistema de
extravasão ou de segurança da barragem de mineração à
montante desta.
• Art. 4º As instalações, obras, serviços e barragens a que se referem o art.
3º desta Resolução deverão ser definitivamente desativados e
descomissionados ou descaracterizados, conforme o seguinte
cronograma:

• I - até 15 de agosto de 2019, para as instalações, obras e serviços; e

• II - até 15 de agosto de 2020, para os barramentos.

• Art. 5º A ANM considerará em suas análises e decisões relativas a


construção e ampliação de barragens de mineração, tais como
aprovação de planos de aproveitamento econômico e emissão de
declarações de utilidade pública para fins de desapropriação ou servidão
minerária, alternativas locacionais que diminuam ou eliminem o risco de
rompimento e o dano potencial associado da barragem.

• Parágrafo único. A ANM exigirá do empreendedor a utilização de método


alternativo de disposição de rejeito, caso a construção ou ampliação da
barragem se mostre inadequada, mesmo após consideradas as
alternativas locacionais.
• Art. 6º Cabe ao projetista, profissional legalmente habilitado pelo
sistema CONFEA/CREA e com experiência comprovada, estabelecer
os fatores de segurança mínimos para as barragens de mineração
inseridas na PNSB, independentemente do método construtivo
adotado, com base na ABNT NBR 13.028/2017, nas normas
internacionais e nas boas práticas de engenharia, sendo vedada a
fixação em valor inferior a 1,3 para as análises de estabilidade e
estudos de susceptibilidade à liquefação, considerando parâmetros de
resistência não drenada.

• Art. 7º As barragens de mineração inseridas na PNSB devem contar


com sistemas automatizados de acionamento de sirenes na ZAS, em
local seguro e dotado de modo contra falhas em caso de rompimento
da estrutura.
• Parágrafo único. Os sistemas automatizados a que se refere o caput
deverão ser projetados e implementados conforme definido na
Portaria DNPM nº 70.389, de 17 de maior de 2017, em consonância
com as características da barragem e com os critérios de acionamento
ligados a deformação e deslocamentos, cujos limites deverão ser
definidos pelo projetista da barragem.
• Art. 8º Com vistas a reduzir ou eliminar o risco de rompimento, em especial por liquefação, das
barragens construídas ou alteadas pelo método a montante ou por método declarado como
desconhecido, o empreendedor deverá, nos prazos fixados abaixo:

• I - até 15 de agosto de 2019, concluir a elaboração de projeto técnico de descomissionamento


ou descaracterização da estrutura, que deverá contemplar, no mínimo, obras de reforço da
barragem à jusante ou a construção de nova estrutura de contenção à jusante, com vistas a
reduzir ou eliminar o risco de liquefação e o dano potencial associado, obedecendo a todos os
critérios de segurança;
• II - até 15 de fevereiro de 2020, concluir as obras de reforço da barragem à jusante ou a
construção de nova estrutura de contenção à jusante, conforme estiver previsto no projeto
técnico; e
• III - até 15 de agosto de 2021, concluir o descomissionamento ou a descaracterização da
barragem.

• §1º O projeto técnico referido no inciso I do caput deverá ser elaborado por equipe externa e
independente, legalmente habilitada e com experiência comprovada, bem como auditado por
outra equipe técnica que atenda às essas mesmas condições.
• §2º O disposto neste artigo não se aplica à barragem de mineração construída ou alteada pelos
métodos "a jusante" ou "etapa única" ou "linha de centro" e que tenha sido alteada a montante
em até, no máximo, 5 (cinco) metros exclusivamente na sua última etapa de alteamento.
• §3º É vedada a realização de novos alteamentos, exceto se assim exigido no projeto técnico
referido no inciso I do caput para fins de descomissionamento ou descaracterização, não sendo
admitido o uso do método a montante e devendo a obra ser executada sob supervisão de
profissional legalmente habilitado e com experiência comprovada.
• Art. 9º As barragens de mineração construídas ou alteadas pelo
método a montante ou por método declarado como desconhecido que
estejam em operação na data de entrada em vigor desta Resolução
poderão permanecer ativas até 15 de agosto de 2021, desde que
observadas as seguintes condições:

• I - O projeto técnico referido no inciso I do caput do art. 7º garanta


expressamente a segurança das operações e a estabilidade da
estrutura, inclusive enquanto as obras e ações nele previstas são
executadas;
• II - sejam concluídas, no prazo fixado, as providências descritas nos
incisos I e II do caput do art. 7º;
• §1º Na hipótese prevista no caput, a conclusão do
descomissionamento ou da descaracterização da barragem deverá
ocorrer até 15 de agosto de 2023.
• §2º Este artigo não se aplica às barragens de mineração em situação
operacional inativa na data de entrada em vigor desta Resolução, as
quais deverão ser obrigatoriamente descomissionadas ou
descaracterizadas nos termos do art. 7º.
• Art. 10. O empreendedor deverá submeter à ANM, até 15 de agosto
de 2019, novo plano de aproveitamento econômico para o
empreendimento considerando os estudos e projetos técnicos, bem
como as providências referidas nos arts. 7º, 8º e 9º.
• Art. 11. O descomissionamento da barragem ou a sua adequação
para o método de construção e alteamento "a jusante" ou "linha de
centro" não dispensa o empreendedor de manter a estrutura no
Cadastro Nacional de Barragens de Mineração e a observar os
dispositivos legais e normativos aplicáveis, notadamente a Portaria
DNPM nº 70.389, de 17 de maio de 2017.
• Art. 12. Os empreendedores com barragens de mineração para
disposição de rejeitos, em operação, independentemente do método
construtivo, deverão, até 15 de agosto de 2019, concluir estudos
voltados à identificação e implementação de soluções voltados à
redução do aporte de água nas barragens.
• Parágrafo único. As soluções identificadas pelo empreendedor
deverão ser executadas imediatamente após 15 de agosto de 2019.
• Art. 13. As barragens de mineração construídas ou alteadas pelo método a
montante, em operação ou inativas, deverão ser, até 15 de agosto de 2019,
adequadas de forma a evitar o aporte de água da bacia de contribuição,
devendo para tal instalar canais laterais ou outra solução técnica adequada
que minimize a descarga de água de outra origem no reservatório.
• Art. 14. O empreendedor responsável por barragem de mineração inserida no
PNSB com Dano Potencial Associado (DPA) alto, mas não enquadrada no §2º
do art. 7º da Portaria DNPM nº 70.389, de 17 de maio de 2017, deverá
implementar, até 15 de fevereiro de 2020, sistema de monitoramento com
acompanhamento em tempo integral.
• Parágrafo único. É de responsabilidade do empreendedor a definição da
tecnologia, dos instrumentos e dos processos de monitoramento visando sua
interligação com o Sistema Integrado de Gestão de Segurança de Barragens de
Mineração - SIGBM da ANM.
• Art. 15. No caso de não atendimento, no prazo fixado, das determinações
estabelecidas nesta Resolução, a ANM poderá adotar outras medidas
acautelatórias, tais como interdição imediata de parte ou da integralidade das
operações, sem prejuízo da imposição das sanções administrativas cabíveis.
Material complementar
• MALTEZ, Rafael Tocantins. Direito ambiental e segurança alimentar: a questão jurídica dos insumos químicos e
da agricultura orgânica. In PERES, Tatiana BONATTI/FAVACHO, Frederico (organizadores). Novos temas do direito
do agronegócio. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2018.
• MALTEZ, Rafael Tocantins/ASSUMPÇÃO, Letícia Alves. LISBOA, Roberto Senise. Os descaminhos e retrocessos da
legislação brasileira e as respectivas implicações no contexto da justiça socioambiental. In O Direito na
Sociedade da Informação V Movimentos Sociais, Tecnologia e a Proteção das Pessoas. São Paulo: Almedina,
2020.
• BECK, Ulrich. Sociedade de risco: rumo a uma outra modernidade. Tradução: Sebastião Nascimento. São Paulo:
Editora 34, 2010.
• O Veneno Está na Mesa: https://www.youtube.com/watch?v=8RVAgD44AGg
• Bayer perde recurso na Califórnia em caso de câncer por herbicida
(https://www.istoedinheiro.com.br/bayer-perde-recurso-na-california-em-caso-de-cancer-por-herbicida/).
• https://brasil.elpais.com/opiniao/2020-02-18/isencao-fiscal-para-agrotoxico-e-inconstitucional-e-nefasta.html.
• CICLOVIVO. Meio Ambiente. ONU denuncia “mito” de que pesticidas são necessários para alimentar o mundo.
15 mar. 2017. Disponível em:
<http://ciclovivo.com.br/noticia/onu-denuncia-mito-de-que-pesticidas-sao-necessarios-para-alimentar-o-mund
o/>.
• CICLOVIVO. Meio Ambiente. Estudo mostra que agricultura orgânica pode alimentar o mundo inteiro. 3 jan.
2017. Disponível em:
<http://ciclovivo.com.br/noticia/estudo-mostra-que-agricultura-organica-pode-alimentar-o-mundo-inteiro/>.
• Amazônia 4.0: The reset begins. https://www.youtube.com/watch?v=8clJoIisNC4

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