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O Sal da Terra-BETO GUEDES

https://www.youtube.com/watch?v=Kiok0T2WHf
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Patrimônio Genético,
Biotecnologia, Biossegurança

Prof. Dr. Rafael Tocantins Maltez


BIODIVERSIDADE

“‘Diversidade biológica’ significa a variabilidade de organismos


vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os
ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas
aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte;
compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre
espécies e de ecossistemas” (art. 2º da Convenção sobre
Diversidade Biológica).
PATRIMÔNIO GENÉTICO, CONHECIMENTO
TRADICIONAL ASSOCIADO E REPARTIÇÃO DE
BENEFÍCIOS
A Lei n. 13.123/2015 dispõe sobre o acesso ao patrimônio
genético, sobre a proteção e o acesso ao conhecimento
tradicional associado e sobre a repartição de benefícios para
conservação e uso sustentável da biodiversidade, mas não se
aplica ao patrimônio genético humano (art. 4º), assunto
regulamentado pela Lei n. 11.105/2005 a qual estabelece normas de
segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que
envolvam organismos geneticamente modificados – OGM e seus
derivados, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS,
reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança –
CTNBio e dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB.
Competências e atribuições institucionais

Compete à União gerir o patrimônio genético e o


acesso ao conhecimento tradicional associado,
respeitadas as atribuições setoriais (art. 7º, XXIIII,
da Lei Complementar n. 140/2011).
Conhecimento tradicional
associado
A Lei n. 13.123/2015 tutela o
conhecimento tradicional associado ao
patrimônio genético de populações
indígenas, de comunidade tradicional ou
de agricultor tradicional contra a
utilização e exploração ilícita (art. 8º),
reconhecendo o Estado o direito de
participar da tomada de decisões, no
âmbito nacional, sobre assuntos
relacionados à conservação e ao uso
sustentável de seus conhecimentos
tradicionais associados ao patrimônio
genético do País (art. 8º, §1º).

O conhecimento tradicional associado ao


patrimônio genético integra o patrimônio
cultural brasileiro e poderá ser
depositado em banco de dados (art. 8º,
§2º). Esta Foto de Autor Desconhecido está licenciado em CC BY-SA
O acesso ao conhecimento tradicional associado de origem
identificável está condicionado à obtenção do
consentimento prévio informado (art. 9º). Consentimento
prévio informado é consentimento formal, previamente
concedido por população indígena ou comunidade
tradicional segundo os seus usos, costumes e tradições ou
protocolos comunitários. O acesso a conhecimento
tradicional associado de origem não identificável
independe de consentimento prévio informado.
Direitos das populações indígenas, das comunidades tradicionais e
dos agricultores tradicionais que criam, desenvolvem, detêm ou
conservam conhecimento tradicional associado:

I - ter reconhecida sua contribuição para o desenvolvimento


e conservação de patrimônio genético, em qualquer forma
de publicação, utilização, exploração e divulgação;

II - ter indicada a origem do acesso ao conhecimento


tradicional associado em todas as publicações, utilizações,
explorações e divulgações;

III - perceber benefícios pela exploração econômica por


terceiros, direta ou indiretamente, de conhecimento
tradicional associado;
IV - participar do processo de tomada de decisão sobre
assuntos relacionados ao acesso a conhecimento tradicional
associado e à repartição de benefícios decorrente desse acesso,
na forma do regulamento;

V - usar ou vender livremente produtos que contenham


patrimônio genético ou conhecimento tradicional associado; e

VI - conservar, manejar, guardar, produzir, trocar, desenvolver,


melhorar material reprodutivo que contenha patrimônio
genético ou conhecimento tradicional associado.
Acesso, da remessa e da exploração econômica

É vedado o acesso ao patrimônio genético ou ao conhecimento


tradicional associado por pessoa natural estrangeira, sendo que a
remessa para o exterior de amostra de patrimônio genético
depende de assinatura do termo de transferência de material, na
forma prevista pelo Conselho de Gestão do Patrimônio Genético (art.
11, §§, 1º e 2º).
Repartição de benefícios

Os benefícios resultantes da exploração econômica de produto


acabado ou de material reprodutivo oriundo de acesso ao
patrimônio genético de espécies encontradas em condições in
situ ou ao conhecimento tradicional associado, ainda que
produzido fora do País, serão repartidos, de forma justa e
equitativa, sendo que no caso do produto acabado o
componente do patrimônio genético ou do conhecimento
tradicional associado deve ser um dos elementos principais de
agregação de valor (art. 17 da Lei n. 13.123/2015).
Biossegurança

O Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança da Convenção sobre


Diversidade Biológica (2000) dispõe sobre a regulação das trocas
internacionais de organismos geneticamente modificados com capacidade
reprodutiva.

A Lei n. 11.105/2005 estabelece normas de segurança e mecanismos de


fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente
modificados – OGM e seus derivados, cria o Conselho Nacional de
Biossegurança – CNBS, reestrutura a Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio e dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança
– PNB.
Lei de Biossegurança
A Lei de Biossegurança (Lei n. 11.105/2005) consagra o Princípio da
Precaução, nos termos de seu art. 1º:

“Esta Lei estabelece normas de segurança e mecanismos de fiscalização


sobre a construção, o cultivo, a produção, a manipulação, o transporte, a
transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a
comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de
organismos geneticamente modificados – OGM e seus derivados, tendo
como diretrizes o estímulo ao avanço científico na área de biossegurança e
biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a
observância do princípio da precaução para a proteção do meio
ambiente”.
Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança - CTNBio
A CTNBio, integrante do Ministério da Ciência e Tecnologia, é instância colegiada
multidisciplinar de caráter consultivo e deliberativo, para prestar apoio técnico e
de assessoramento ao Governo Federal na formulação, atualização e
implementação da PNB de OGM e seus derivados, bem como no estabelecimento
de normas técnicas de segurança e de pareceres técnicos referentes à
autorização para atividades que envolvam pesquisa e uso comercial de OGM e seus
derivados, com base na avaliação de seu risco zoofitossanitário, à saúde humana e
ao meio ambiente. Além disso, a CTNBio deverá acompanhar o desenvolvimento e o
progresso técnico e científico nas áreas de biossegurança, biotecnologia, bioética e
afins, com o objetivo de aumentar sua capacitação para a proteção da saúde
humana, dos animais e das plantas e do meio ambiente (art. 10 da Lei n.
11.105/2005).
Pesquisa com células-tronco
embrionárias
Para fins de pesquisa e terapia, nos termos do art. 5º da Lei n.
11.105/2005, é permitida a utilização de células-tronco embrionárias
obtidas de embriões humanos produzidos por fertilização in vitro e não
utilizados no respectivo procedimento, atendidas as seguintes condições:
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou mais, na data da
publicação da Lei n. 11.105/2005, ou que, já congelados na data da
publicação, depois de completarem 3 (três) anos, contados a partir da
data de congelamento.

Em qualquer caso, é necessário o consentimento dos genitores (art. 5º,


§1º).

É vedada a comercialização do material biológico e sua prática


implica o crime tipificado no art. 15 da Lei n. 9.434/1997 (art. 5º, §3º,
da Lei n. 11.105/1005).
Principais proibições:
I – implementação de projeto relativo a OGM sem a manutenção de registro de seu
acompanhamento individual;

II – clonagem humana;

III – destruição ou descarte no meio ambiente de OGM e seus derivados em


desacordo com as normas estabelecidas pela CTNBio, pelos órgãos e entidades de
registro e fiscalização;

IV – liberação no meio ambiente de OGM ou seus derivados, no âmbito de atividades de pesquisa, sem a
decisão técnica favorável da CTNBio e, nos casos de liberação comercial, sem o parecer técnico favorável da
CTNBio, ou sem o licenciamento do órgão ou entidade ambiental responsável, quando a CTNBio considerar a
atividade como potencialmente causadora de degradação ambiental, ou sem a aprovação do Conselho
Nacional de Biossegurança – CNBS, quando o processo tenha sido por ele avocado;

V – a utilização, a comercialização, o registro, o patenteamento e o licenciamento de


tecnologias genéticas de restrição do uso .
COMISSÃO INTERNA DE BIOSSEGURANÇA TODA INSTITUIÇÃO QUE UTILIZAR TÉCNICAS E MÉTODOS DE
(CIBIO)
ENGENHARIA GENÉTICA OU REALIZAR PESQUISAS COM OGM E
SEUS DERIVADOS DEVERÁ CRIAR UMA COMISSÃO INTERNA DE
BIOSSEGURANÇA - CIBIO, ALÉM DE INDICAR UM TÉCNICO
PRINCIPAL RESPONSÁVEL PARA CADA PROJETO ESPECÍFICO (ART.
17 DA LEI N. 11.105/2005).
OS RESPONSÁVEIS PELOS DANOS AO MEIO AMBIENTE E A
TERCEIROS RESPONDERÃO, SOLIDARIAMENTE, POR SUA
INDENIZAÇÃO OU REPARAÇÃO INTEGRAL,
RESPONSABILIDADE CIVIL
INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA (ART.
20, DA LEI N. 11.105/2005).
PLANTIO DE ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM)

Em regra, não é possível a pesquisa, o plantio e o cultivo de organismos


geneticamente modificados (OGM) em unidades de conservação (art. 1º da
Lei n. 11.460/2007). A exceção está no art. 27, §4º, da Lei n. 9.985/2000 e
no art. 1º da Lei n. 11.460/2007: Áreas de Proteção Ambiental (APA).

A vedação inclui as zonas de amortecimento das demais categorias de


unidade de conservação, a não ser que os Planos de Manejo disponham
expressamente sobre as atividades de liberação planejada e cultivo nessas
áreas.

Além de disposição expressa no Plano de Manejo, as atividades de liberação


planejada e cultivo de OGM em APA e em ZA devem observar as
informações contidas na decisão técnica da Comissão Técnica Nacional de
Biossegurança – CTNBio.
Organismos geneticamente modificados e terras
indígenas

Ficam vedados a pesquisa e o cultivo de organismos


geneticamente modificados nas terras indígenas (art. 1º da
Lei n. 11.460/2007).

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