Nas montanhas rochosas do Nordeste do Brasil, morava Hélio, um escorpião amarelo
do ego mais inflado e baladeiro da região. Certo dia, Hélio decide dar uma festa e convida toda a espécie dos aracnídeos, menos Dona Viúva Negra, uma viúva muito sombria daquelas que não leva desaforo para casa. Chega o grande dia e todos se direcionam para a festa. Dona Viúva, nada satisfeita, põe seu vestidinho justo, de cor preta e leves tons avermelhado, e sai em direção à bailada da vez. Todos ficam de bocas abertas ao verem Dona Viúva entrar, é certamente a desaforada mais sedutora de toda a festa, piscar os olhos seria perder um segundo daquela bela presença. Hélio nada satisfeito vai até a dona viúva e indaga: - Como ousas estás na festa do rei, este mesmo que lhe fala o cara mais bonito e letal desse nordeste inteirinho? Dona Viúva responde-o as gargalhadas: - Hahahaha! Você? Jamais será páreo a mim, tu não conheces o que é veneno. Não me convidou porque o meu poder já é consagrado. Hélio jamais aceitaria que alguém pudesse ser mais poderoso que ele e logo chama a bela para um duelo, e ela que divide o mesmo pensamento, não cogita se quer por um segundo recusar. Soa o combo no reino animal, e a batalha se inicia. Dona Viúva, logo mostra para o que veio. Por um descuido, a Viúva se aproxima demais de Hélio, que lhe ferroa. Aproveitando seus últimos minutos de vida, a aranha injeta seu veneno em Hélio e morre, mas a sua toxina injetada instante antes, acaba matando em seguida, o escorpião que seria o vencedor do duelo. MORAL: A verdade não pode ser uma vitória, quando essa abstrata vitória significa derrotar alguém. A verdade traz humildade, modéstia. Não uma viagem em prol da vaidade, do orgulho, do ego, como o é todas as brigas. A briga nunca conduz ao real; sempre caminha para o ilusório, para o não verdadeiro, porque a própria sensação de vitória é estúpida. (Moral inspirada no Zen Budismo)
Gilvany Souza Santos. Discente do I semestre do curso de Letras Vernáculas da Universidade do Estado da Bahia.