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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIII


DIVERSIDADE LINGUÍSTICA
DOCENTE: LUZINEIDE VIEIRA
DISCENTE: GILVANY SOUZA SANTOS

LOBO, Tânia. Rosa Virgínia Mattos e Silva e a história social linguística do Brasil. Estudos
de Linguística Galega, Universidade de Santiago, n .7, p. 69-82, 2015. Disponível em:
https://revistas.usc.gal/index.php/elg/article/view/2314. Acesso em: 26 Ago. 2021.

SÍNTESE CRITICA
O artigo intitulado Rosa Virgínia Mattos e Silva e a história social linguística do Brasil
(2015), escrito por Tânia Lobo, tem como objetivo apresentar a partir de cinco proposições
extraídas dos textos da autora Rosa Virgínia, uma discussão sobre a história social linguística
no Brasil diante da pluralidade e da diversidade que emergem a constituição histórica do
português brasileiro enquanto língua nacional.
Conforme a primeira proposição, a história da língua portuguesa no Brasil promoveu
uma tentativa de exclusão da diversidade linguística desde o processo de sua colonização,
marcado pelo glotocídio de milhares de línguas autóctones e afrodescendentes. Políticas
linguísticas como o Diretório do Marques Pombal, se esforçaram para extinguir qualquer
língua indígena, sobretudo a geral. Mais tarde, embora não explícita na lei, mas ocorrida na
prática, outra política de extinção atingiu os dialetos de base africanas e de seus descendentes.
As chamadas línguas de imigração, também foram atingidas pela política de nacionalização
implantada no Brasil durante o Estado novo.
 É somente na constituição de 1888, que segundo a autora, poderá se falar de um
reposicionamento do Estado brasileiro diante da diversidade linguística, embora haja um
silêncio no censo de 2010, quanto às 30 línguas de imigração faladas hoje no país.
Considerando assim, que o português brasileiro imerge em contexto multilíngue desde os
primórdios de sua colonização até a atualidade, a segunda proposição aparece na necessidade
em admitir que a história da língua passa pela história demográfica dos seus falantes. Assim
sendo, a influência do contato da língua do português europeu com línguas indígenas e
africanizadas corroboram como fonte indispensável para a compreensão dos traços
característicos do português brasileiro.
¹Discente do III semestre do Curso de Letras. Universidade do Estado da Bahia, Campus XIII.
Itaberaba, 2021.
Ainda de acordo com essa premissa, a discussão proposta na terceira proposição
afirma que o processo de formação histórica do que hoje chamamos de língua nacional,
ocorreu devido à atuação de três atores principais — o português do europeu, às línguas gerais
indígenas e o português popular brasileiro. Segundo Lobo, quando os portugueses chegaram
ao Brasil, falava-se aqui centenas de línguas dos vários troncos indígenas, o que abriu
margens para as chamadas línguas gerais, com exceção da costa brasileira que não detinha
população suficiente. Com base em Ayron Rodrigues que houve duas línguas gerais
antecedentes do português geral brasileiro, tais quais: Á língua geral paulista e a geral
amazônica.
Á quarta proposição aponta ter sido os africanos e seus descendentes, os principais
difusores e formatadores da língua portuguesa no Brasil. Segundo os dados apontados pela
autora com base em Mussa, no século XVII, a presença de africanos e afrodescendentes
teriam ocupado uma parcela significativa no território brasileiro, estes estiveram presente nas
grandes frentes de exploração mercantil e trabalhos domésticos, mas, foi diante da
impossibilidade da sua língua de origem se estabelecer no Brasil que adotaram o dialeto do
colonizador como segunda língua. De acordo com Rosa Virgínia, como está língua foi
aprendida na vida adulta e em situações de oralidade, os africanos formaram e repassaram a
variante majoritária do português — o português popular brasileiro.
Considerando que este português imerge na riqueza da sua diversidade, a última
proposição aborda com mais clareza, os caminhos que fizeram nossa língua ser como ela é —
rica diversa e heterogênea e variável. Segundo a autora, o português europeu, referido com
um dos três autores na cena linguística do Brasil, é o antecedente histórico da nossa norma
culta, o português culto, pautado na gramática e empregado especialmente na escrita.
Entretanto, falamos outro português que se constituiu como sucessor do português geral, e
disseminou na oralidade — o português popular.
Diante da riqueza dos comentários abordados pela autora, fica evidente que o
português não é apenas um, mas um conjunto de variedades que se legitima na sua totalidade
para compor o processo de comunicação. Um mapeamento da história social da linguística no
Brasil, como sugere a autora, nos mostrará muitas faces, desafios e incontáveis modificações
durante o processo histórico de sua formação.

¹Discente do III semestre do Curso de Letras. Universidade do Estado da Bahia, Campus XIII.
Itaberaba, 2021.

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