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Especialistas dizem que reconhecimento apenas por

foto é ilegal
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24 de novembro de 2021

Especialistas dizem que reconhecimento apenas por foto é ilegal

A Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) começou a julgar nesta terça-feira
(23) se anula a condenação por roubo de um réu acusado e reconhecido pelas vítimas com
base apenas em uma foto compartilhada por aplicativo de mensagens.

O julgamento foi interrompido por pedido de vista (mais tempo para analisar o caso) do
ministro Ricardo Lewandowski e não tem data para ser retomado.

Especialistas ouvidos por O Antagonista afirmam que é ilegal o reconhecimento


fotográfico ou presencial feito pela vítima e que a imagem não pode servir como prova
única da autoria do crime.

O criminalista Rodrigo Barbosa explica que o Código de Processo Penal estabelece o


procedimento para reconhecimento e que não existe reconhecimento por foto, muito
menos foto em WhatsApp.

“Isso vale no máximo como um indício, para permitir a investigação, porém é mais do
que prova ilícita, é uma não-prova. Algo que não existe. Portanto, uma condenação
baseada nisso é absolutamente ilegal, por ausência de provas. Sendo ilegal, o STF deve
de imediato soltar a pessoa, se estiver presa, pois a prisão é ilegal, e reformar a decisão
condenatória, declarando a pessoa inocente por ausência de provas”, diz.

Segundo Barbosa, se existirem outras provas que sejam absolutamente independentes, a


condenação pode prevalecer, mas precisam ser absolutamente independentes.

O também criminalista David Metzker diz que o CPP estabelece como deve ser feito o
reconhecimento pessoal, aplicando ao reconhecimento por foto as mesmas regras.

“Não seguir essas regras, estaremos diante de uma violação grave de uma garantia
constitucional, podendo induzir a vítima reconhecer alguém que não cometeu o delito.
No está inaugurando esse tema, que já foi debatido de forma exaustiva no STJ”, afirma.

Para o especialista em Direito Criminal Rafael Soares, esse julgamento segue uma
tendência que começou no STJ, ou seja, do aprimoramento dos casos.

“O STJ tem se debruçado nesse assunto, e isso gerou discussões, além de propostas de
modificações legislativas. A maioria dos erros judiciais acontece por conta do não
respeito a legislação sobre reconhecimento das pessoas. Há uma tendência de evoluir e
haverá maior rigor quando a policia mostrar uma foto. tem que respeitar outras
orientações pra criar um protocolo e evitar erros judiciais”, diz.

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