Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PR
UNIVERS IDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
Campus Londrina
Coordenação de Engenharia Ambiental
I. Introdução:
1
- Em caso de derramamento de líquidos inflamáveis, produtos tóxicos ou corrosivos, tome as seguintes
providências:
- Interrompa o trabalho;
- Advirta as pessoas próximas sobre o ocorrido;
- Solicite ou efetue a limpeza imediata;
- Alerte o professor ou responsável pelo laboratório;
- Verifique e corrija a causa do problema.
I.1.e Vidrarias
- Não utilize material de vidro quando trincado;
- Coloque todo o material de vidro inservível no local identificado para este fim;
- Não deposite cacos de vidro em recipiente de lixo;
- Proteja as mãos (com luvas de amianto, preferivelmente) quando for necessário manipular peças de
vidro que estejam quentes;
- Use luvas grossas (de raspa de couro) e óculos de proteção sempre que:
- Atravessar ou remover tubos de vidro ou termômetros em rolhas de borracha ou
cortiça;
- Remover tampas de vidro emperradas;
- remover cacos de vidro de superfícies;
- Não deixe frascos quentes sem proteção sobre as bancadas do laboratório, coloque-os sobre placas
de amianto.
- Tome cuidado ao aquecer recipiente de vidro com chama direta. Use, sempre que possível uma tela
para dispersão de calor sobre a chama.
- Não pressurize recipientes de vidro sem conhecer a resistência dos mesmos.
Equipamentos elétricos
- Só opere o equipamento quando os fios, tomadas e plugs estiverem em perfeitas condições; o fio
terra estiver ligado; tiver certeza da voltagem correta entre equipamento e circuitos.
- Não instale nem opere equipamentos elétricos sobre superfícies úmidas.
- Remova frascos inflamáveis das proximidades do local onde será utilizado equipamento elétrico.
- Enxugue qualquer líquido derramado no chão antes de operar o equipamento.
Muflas
- Não deixe mufla em operação sem o aviso “Ligada”.
- Não abra bruscamente a porta da mufla quando estiver aquecida.
- Não tente remover ou introduzir material na mufla sem utilizar pinças adequadas, protetor facial e
luvas de amianto.
- Não evapore líquidos na mufla.
2
O uso de sistemas a vácuo
- Somente opere sistemas de vácuo usando uma proteção frontal no rosto.
- Não faça vácuo rapidamente em equipamentos de vidro.
- Recubra com fita de amianto qualquer equipamento de vidro sobre o qual haja dúvida quanto à
resistência ao vácuo operacional.
- Use frascos de segurança em sistemas a vácuo e verifique-os periodicamente.
O uso de capelas
- Nunca inicie um trabalho sem verificar se:
- O sistema de exaustão está funcionando;
- O piso e a janela da capela estejam limpos;
- As janelas da capela estejam funcionando perfeitamente.
- Nunca inicie um trabalho que exige aquecimento sem antes remover os produtos inflamáveis da
capela.
- Deixe na capela apenas o material (equipamentos e reagentes) que serão efetivamente utilizados,
remova todo e qualquer material desnecessário, principalmente produtos químicos.
- Mantenha as janelas das capelas com o mínimo possível de abertura.
- Nunca coloque o rosto dentro da capela.
- Instale equipamentos ou frascos de reagentes a pelo menos 20 cm da janela da capela.
- Em caso de paralisação do exaustor, tome as seguintes providências:
- Interrompa o trabalho imediatamente;
- Feche ao máximo a janela da capela;
- Avise ao pessoal do laboratório o que ocorreu;
- Somente reinicie o trabalho no mínimo 5 minutos depois da normalização do
sistema de exaustão;
Líquidos inflamáveis
- Não manipule líquidos inflamáveis sem se certificar da inexistência de fontes de ignição nas
proximidades: aparelhos que geram calor, tomadas, interruptores, lâmpadas, etc.
- Use a capela para trabalho com líquidos inflamáveis que exijam aquecimento.
- Use protetor facial e luvas de couro quando for necessária a agitação de frascos fechados contendo
líquidos inflamáveis e/ou extremamente voláteis.
- Nunca jogue líquidos inflamáveis na pia. Guarde-os em recipiente próprios para resíduos de
inflamáveis.
Produtos tóxicos
- Antes de iniciar qualquer tipo de operação, procure informações toxicológicas (toxidez e via de
ingresso no organismo) sobre todos os produtos que serão utilizados e/ou formados no trabalho a
ser executado.
- FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE TOXICIDADE: Rótulo do produto, The Merck Index, MSDS (Material
Safety Data Sheets)
- Trabalhe somente na capela. Não descarte na pia os resíduos de produtos tóxicos.
Não descarte no lixo material contaminado com produtos tóxicos (papel de filtro, papel toalha, etc.).
- Interrompa o trabalho imediatamente, caso sinta algum sintoma, como dor de cabeça, náuseas, etc.
Produtos corrosivos
- Nunca descarte diretamente na pia. Os resíduos devem ser neutralizados, diluídos e descartados na
pia, desde que não tenham propriedades tóxicas importantes.
- A diluição de soluções concentradas de produtos corrosivos deve ser feita sempre acrescentando o
produto concentrado sobre o diluente. Por exemplo: ácido sulfúrico sobre a água.
Produtos Incompativeis
- Antes de misturar substâncias verifique sua compatibilidade:
3
Algumas Substâncias Incompatíveis 2.
SUBSTÂNCIAS INCOMPATÍVEL COM
Acetona Ácido sulfúrico concentrado e misturas de ácido nitrico
Ácido Acético Óxido de cromo IV, ácido nítrico, ácido perclórico, peróxidos,
permanganato, anilina, líquidos e gases combustíveis.
Ácido Nítrico Ácido acético, anilina, líquido e gases combustíveis.
Ácido Oxálico Prata, sais de mercúrio.
Ácido sulfúrico (H2 SO4) Clorato de potássio, perclorato de potássio, permanganato de
potássio (e compostos similares de metais leves, como sódio e
lítio)
Água cloreto de etila, metais alcalinos e alcalino terrosos, seus
hidretos e óxidos, peróxido de bário, carbetos, ácido crômico,
oxicloreto de fósforo, pentacloreto de fósforo, pentóxido de
fósforo, ácido sulfúrico, tetróxido de enxofre.
Amônia (anidra) Mercúrio, cloreto, hipoclorito de cálcio, iodeto, brometo e ácido
fluorídrico.
Amônio Nitrato Ácidos, metais em pó, substâncias orgânicas ou combustíveis
finamente divididos
Anilina Ácido nítrico, peróxido de hidrogênio
Brometo Amônia, acetileno, butadieno, hidrocarbonos, hidrogênio, sódio,
metais finamente divididos, terebintina e outros
hidrocarbonetos.
Carvão Ativo Hipoclorito de cálcio, oxidantes
Cobre Acetileno, peróxido de hidrogênio
Hidrocarbonetos (ex. metano, Flúor, cloro, bromo, ácido crômico, peróxido de sódio
propano, butano, benzeno, tolueno
etc)
Hipocloritos ácidos, carvão ativado
Iodo acetileno, amônia (aquosa ou anidra), hidrogênio
Líquidos inflamáveis Nitrato de amônio, peróxido de hidrogênio, ácido nítrico,
peróxido de sódio, halogênios
Nitratos ácido sulfúrico
Nitrato de amônio ácidos, metais finamente divididos, líquidos inflamáveis,
cloratos, nitratos, enxofre, materiais orgânicos ou combustíveis
finamente divididos.
Oxigênio óleos, graxas, hidrogênio, gases, sólidos ou líquidos inflamáveis
Permanganato de Potássio Glicerina, etilenoglicol, ácido sulfúrico
Peróxido de Hidrogênio Cobre, cromo, ferro, álcoois, acetonas, substâncias
combustíveis.
Cilindros de Gás
- Evitar instalar cilindros de gases comprimidos no interior dos laboratórios.
- Manter os cilindros sempre presos com correntes e ao abrigo de calor.
- Jamais retirar o protetor da válvula do cilindro.
- Utilizar carrinhos apropriados para o transporte de cilindros.
- Quando fora de uso, conservar os cilindros com o capacete de proteção.
- Não abra a válvula principal sem antes ter certeza de que a válvula redutora está fechada.
- Abra aos poucos e nunca totalmente a válvula principal do cilindro.
4
I.2 Aparelhagem e Vidraria Básicas
I.2.a Vidrarias
As vidrarias encontradas em laboratório são desenhadas de acordo com sua finalidade
específica. Algumas são destinadas especificamente para preparo e estoque de soluções, ao passo
que outras são desenhadas para operações de transferência de líquidos e soluções. A seguir são
descritas as características e finalidades de algumas das vidrarias mais comuns utilizadas em um
laboratório de química.
líbrio térmico com o ambiente e só então complete o volume até a marca, adicionando o solvente gota
a gota.
Preenchimento correto de recipientes volumétricos: o volume
indicado no rótulo do recipiente é atingido precisamente quando o
menisco (ponto mínimo da depressão da superfície do líquido)
formado no gargalo do frasco atinge a marca do frasco. É
importante, neste processo de nivelamento, manter a marca do
frasco no mesmo plano horizontal dos olhos para
evitar efeitos de paralaxe. Obs: Para soluções opacas, nas quais não é possível visualizar o menisco,
por convenção, nivela-se a parte superior do menisco.
- Pipeta Volumétrica: vidraria de precisão para transferência de volumes
fixos de líquidos e soluções. Possuem uma marca que indicam um
volume fixo com precisão, calibrados em temperatura específica
(indicada na pipeta).
- Pipeta graduada: vidraria para transferência de pequenos volumes
variáveis, e possui uma escala impressa indicando o
volume dispensado (o topo marca o zero). A leitura da escala deve ser feita através do menisco como
descrito acima.
Utilização correta de pipetas: o preenchimento da pipeta
por sucção do líquido deve ser feito utilizando-se um
pipetador (pêra). Em hipótese nenhuma deve a sucção do
liquido ser feita com a boca.
5
- Béquer: vidraria de utilização geral como dissolução de sólidos,
transferência de soluções, aquecimento de líquidos, etc. Possui
graduação indicando volumes aproximados apenas como
estimativa grosseira: esta escala de volume não é precisa.
6
- Funil: usado para - Bastão de Vidro: Usado na
transferências de agitação e transferência de
líquidos e para líquidos.
filtrações. O funil com
colo longo e estrias é
chamado de funil
analítico
I.2.b Acessórios
Além de vidrarias, alguns assessórios são muito comuns em laboratórios. Estes acessórios
são descritos e ilustrados abaixo:
- Utensílios de Porcelana:
1. Cadinho: usado em calcinações de substâncias.
2. Triângulo de Porcelana: usado para sustentar cadinhos de
porcelana em aquecimentos diretos no bico de Bunsen.
3. Almofariz e Pistilo: usados para triturar e pulverizar
substâncias sólidas.
4. Cápsula: usada na evaporação de líquidos.
5. Funil de Büchner: usado em conjunto com um kitassato para
filtrações a vácuo.
6. Espátula: usada para a transferência de sólidos.
- Utensílios Metálicos:
1. Suporte Universal, Mufa e Garra: usados na sustentação de
peças para as mais diferentes finalidades, por exemplo, garra
para buretas (garra dupla), garra para destiladores (formato
arredondado), anel para funil, etc.
2. Pinça Metálica: usada para segurar objetos aquecidos.
3. Tripé: usado como suporte de telas de amianto e de
triângulos para aquecimento com bico de Bunsen.
4. Espátula: similar a de porcelana, contudo tem limitações
quanto ao ataque por substâncias corrosivas.
- Demais Utensílios
1. Tela de Amianto: usada para produzir uma
distribuição uniforme de calor durante o
aquecimento com um bico de gás.
2. Pinça de Madeira: usada para segurar tubos
de ensaio;
3. Pisseta: usualmente feita de plástico, pode
conter água destilada.
4 Bico de Bunsen: Utilizado para o aquecimento
por chama.
7
Características e manuseio do bico de Bunsen:
O gás entra no queimador pela sua base e seu fluxo é regulado por uma torneira externa na
parte inferior (ou lateral) do bico. À medida que o gás sobe pelo tubo do queimador, o ar é injetado
através de orifícios situados um pouco acima da base. A quantidade de ar pode ser controlada
girando-se o anel que fica sobre os orifícios.
A etapa inicial para se acender um bico de gás é fechar a entrada de ar e posicionar o
queimador longe de objetos inflamáveis. A seguir, deve-se abrir o gás e acender o queimador. A chama
obtida apresenta uma cor amarela brilhante e é bastante grande. Esta chama é "fria" e inadequada ao
uso porque a mistura é pouco oxidante. Para que uma chama mais quente seja obtida, deve-se deixar
o ar entrar gradualmente no sistema, até que sua coloração se torne azulada. Nota-se então, duas
regiões cônicas distintas, como mostradas na figura acima a interna, mais fria, chamada de zona
redutora, e a externa, quase invisível, chamada de zona oxidante. A região mais quente, com
temperatura em torno de 1560 °C, está situada logo acima do cone interno.
8
I.3 Dados experimentais
indica a precisão com que se determina o valor medido. Por exemplo, o número 2 pode ser
determinado nos seguintes intervalos:
9
significado. Isto especifica o número de algarismos significativos em um dado experimental. O número
de algarismos significativos é igual à quantidade de algarismos do número, sem contar os zeros à
esquerda do primeiro algarismo diferente de zero, e contando os demais zeros que aparecerem.
Efetua-se esta contagem desde o início até o algarismo que carrega a incerteza, incluindo este último.
Ex: 0,0103 3 algarismos significativos;
0,1000 4 algarismos significativos;
0,10 2 algarismos significativos;
Observe que na expressão de dados experimentais, o valor 0,1000 é diferente de 0,10 quanto à
precisão. Quando um dado experimental é apresentado sem o erro indicado explicitamente, assume-
se que a incerteza está no último número: 0,1000 = 0,1000 0,0001 e 0,10 = 0,10 0,01.
Nem todas as propriedades podem ser medidas diretamente. Por exemplo, se não se dispõe
de um velocímetro, pode-se determinar a velocidade indiretamente pela determinação da distância
percorrida e do tempo gasto para percorrê-la, e efetuar a divisão destas medidas. Estas medidas
possuem as limitações descritas anteriormente quanto à precisão, e vão propagar suas incertezas
para o valor calculado de velocidade. Pode-se demonstrar as seguintes regras de operações com
valores especificados por um intervalo (valores com erros):
A) Adição e subtração: o erro absoluto no resultado é igual à soma dos erros absolutos dos
valores individuais somados ou subtraídos.
Ex. (0.5 0.2) + (0.2 0.1) = (0.7 0.3); (0.5 0.2) – (0.2 0.1) = (0.3 0.3)
B) Multiplicação e divisão por um número exato (sem incerteza): o erro absoluto no resultado é
igual ao erro absoluto multiplicado ou dividido pelo número exato. Isto significa que o erro relativo
não sofre alteração.
Ex. (0.5 0.1) ÷ 2 = (0.25 0.05); (0.5 0.1) x 2 = (1.0 0.2);
C) Multiplicação e divisão: o erro relativo no resultado é igual à soma dos erros relativos dos
valores multiplicados ou divididos.
Ex. (0.5 0.1) ÷ (0.5 0.1) = (0.5 20%) ÷ (0.5 20%) = (1.0 40%) = (1.0 0.4)
(0.5 0.1) x (2.0 0.2) = (0.5 20%) x (2.0 10%) = (1.0 30%) = (1.0 0.3)
D) Potenciação e Radiciação ( x x ) : o erro relativo no resultado é igual à ao erro
relativo do valor multiplicado pelo expoente (). Como alfa pode ser qualquer valor real, incluindo os
fracionários, a regra vale também para radiciação.
Ex. (2.0 0.2)2 = (2.0 10%)2 =(4.0 20%) = (4.0 0.8)
(4.0 0.4) = (4.0 10%)½ = (2.0 5%) = (2.0 0,1)
Normalmente, após operações sucessivas entre dados experimentais com incertezas
associadas, o resultado final apresenta uma incerteza maior do que aquelas dos dados originais.
Dessa forma, ambos resultado e incerteza não se encontram na forma apropriada de representação
(na maioria das vezes, estão com excessivos algarismos). A primeira atitude a se tomar é o cálculo do
erro absoluto e então, o arredondamento deste para apenas um algarismo significativo. Sabendo-se o
valor do erro absoluto, arredonda-se o valor do resultado para o número apropriado de algarismos
significativos, de forma que a incerteza esteja no último algarismo significativo do valor do resultado. A
regra de arredondamento difere nos dois casos. No arredondamento do erro absoluto, aumenta-se
em uma unidade o seu primeiro algarismo diferente de zero, i. e., arredonda-se ‘para cima’. No
10
arredondamento do resultado, procede-se de maneira normal, i. e., se o algarismo posterior ao último
algarismo significativo for maior ou igual a 5, aumenta-se o ultimo algarismo significativo de uma
unidade; se o algarismo posterior ao último algarismo significativo for menor ou igual a 4, o último
algarismo significativo não se altera. Ex. (0.5 0.2) ÷ 2 = (0.25 0.1) (0.3 0.2);
(0.5 0.2) x (2,10 0.04) = (0.5 40%) x (2,1 2%) = (1.05 42%) = (1.05 0.44) (1.1 0.5)
Como o erro sempre aumenta a cada processo de arredondamento, só se procede ao
arredondamento (tanto no valor quanto na incerteza) no resultado final, e nunca em cada etapa do
cálculo. Durante o cálculo, trabalha-se com quantas casas decimais e algarismos significativos a
máquina suportar. Com isso, evita-se que no final o erro esteja superestimado devido a
arredondamentos sucessivos.
11
O erro aleatório pode ser tratado pela estatística. A primeira atitude frente uma população de dados
experimentais, é a determinação do valor médio desta população, ou seja, pela identificação da
tendência central dos dados experimentais. A média ( x ), para uma população de dados (x1, x2, x3, ...xn )
é definida como:
1 n
x xi
n i 1
A média, por si só, revela muito pouco a respeito da distribuição de uma população de dados.
2
Uma segunda característica da seqüência de dados é a variância ( ), que mede a tendência destes
dados de se localizarem densamente em torno da média ou não:
1 n
2 x i x 2
n 1 i 1
A raiz quadrada da variância é denominada de desvio padrão ( ) :
n
x i x 2
i 1
n 1
O desvio padrão é uma forma de se avaliar a média dos desvios em torno do valor médio.
Outra característica da distribuição é o denominado desvio médio (D):
1 n
D xi x
n i 1
O desvio médio e o desvio padrão são geralmente da mesma ordem de magnitude e possuem
a mesma interpretação (dispersão em torno da média). A utilização do desvio padrão, entretanto, é
mais comum pelo fato de ser mais difícil tratar matematicamente a função módulo que aparece na
definição do desvio médio.
Os resultados experimentais contendo erro aleatório são tratados estatisticamente como
uma distribuição. Se as fontes de erro aleatório forem puramente probabilísticas (ou estocásticas)
pode-se mostrar que a distribuição de valores em torno da média ocorre segundo uma curva
gaussiana (devido a C. F. Gauss) (chamada também de distribuição normal), dada pela equação:
x x 2
1 2
p( x ) e
p(x)
2
12
probabilidade de se obter um dado valor dentro de um intervalo x1 < x < x2 é dada pela área sob a curva
neste intervalo, como mostra a figura abaixo:
1 x2 x x x
erf erf 1
2 2 2
A função erro (erf(x)) é uma função que não pode ser representada por uma combinação
finita de funções elementares. Se sua calculadora não possui a função erro predefinida, o cálculo pode
ser feito de maneira simples por expansão em série de potências (séries de Taylor), da seguinte
forma:
A função erro é definida por:
x
2 2
erf x e d
0
a função exponencial possui a seguinte expansão em série de Taylor:
2 3 4 n
e 1 ... ...
1! 2! 3! 4! n!
e a série representa a função de modo exato para n muito grande (no limite n ). Assim:
x x
2 2 4 6 8 2 n
e d 1 ... 1n ...d
1! 2! 3! 4! n!
0 0
x
2 x3 x5 x7 x9 x ( 2 n 1)
e d x ... 1n ...
1!.3 2!.5 3!.7 4!.9 n!(2n 1)
0
e a função erro é dada por:
2 x3 x5 x7 x9 x (2 n 1)
erf x x ... 1n ...
1!.3 2!.5 3!.7 4!.9 n!(2n 1)
13
A convergência desta série é rápida para valores pequenos de x, porém mais lenta para
valores grandes. Isto significa que a série acima resulta em boas aproximações para o valor da função
erro de x, mesmo utilizando poucos termos da série, quando x é pequeno:
2 x3 x5 x 7
erf x x
1!.3 2!.5 3!.7
Obs: “x pequeno” é um termo subjetivo. Para confirmar a aproximação, utilize a série até o termo n
= 4 e veja que a diferença é pequena. Caso a aproximação não seja satisfatória para seus padrões, vá
aumentando o número de termos até que a diferença entre o n-ésimo e (n-1)-ésimo termo seja
desprezível.
A maioria das pessoas reconhece, intuitivamente, o significado da média ( x ) de um conjunto
de dados. Da discussão acima, pode-se determinar o significado do desvio padrão (): Num conjunto
de dados experimentais sujeitos a erros aleatórios, 68 % dos dados vão cair na faixa de x , 95 %
dos dados vão cair entre x 2 e 99,7 % (!) dos dados estarão entre x 3.
Como comentário final, convém mencionar que a distribuição gaussiana (e assim o significado
de desvio padrão) é válida para erros provenientes de fontes puramente estocásticas. Na vida real, os
erros aleatórios podem não ser puramente estocásticos, mas podem apresentar uma componente
determinística. Isto resulta numa tendência em desviar os valores medidos para uma direção
preferencial (ou para valores acima ou abaixo ) em relação à média, como também em outras formas
de distorções da curva normal. Nestes casos, a expectativa de valores num intervalo não pode ser
calculada como apresentada acima. Se há uma forte suspeita de que os dados experimentais se
distribuem de forma diferente da distribuição normal, existem tratamentos estatísticos mais
profundos para representar corretamente os dados experimentais, bem como outras funções de
distribuição possíveis. Mesmo assim, a distribuição gaussiana é sempre admitida a priori como uma
boa aproximação do comportamento das populações de dados experimentais.
I.3.c Exercícios:
1) Determine o número de algarismos significativos dos números abaixo:
a) 0,00256 b) 1,00256 c) 75.010,00 d) 350 e) 35 x 101 f) 3,50 x 102
2) Arredonde os valores dados abaixo para o número de algarismos significativos indicado entre
parênteses.
a) 0,756 (2) b) 101,050 (4) c) 1,498 (1) d) 103,46 (3) e) 904,999 (5) f) 0,0015 (1)
14
5) Um guarda rodoviário observou que um carro percorreu duas marcas de referência
distantes 100 m em 4,4 s. As marcas de referência são duas faixas pintadas no asfalto com
espessura de 20 cm e o cronômetro do guarda possui precisão de décimo de segundo. Se o limite de
velocidade naquela rodovia é de 80 km/h, pode o guarda multar o motorista do carro seguramente?
15
divisão, as unidades são tratadas como se fossem números quaisquer, que podem ser cancelados,
elevados ao quadrado, remanejados, etc. Exemplificando, dentro deste contexto, pode-se afirmar que:
1 ft 30,48 cm 1
se 1 ft 30,48 cm 1, inversamen te 1
30,48 cm 1 ft 1
Como a multiplicação de um valor por 1 não altera este valor, pode-se fazer a conversão de, por
exemplo, 15 pés para centímetros, da seguinte forma:
30,48 cm
15,0 ft 15,0 ft x 1 15,0 ft x 457 cm
1 ft
e, a conversão de 50 centímetros para pés:
1 ft
50,0 cm 50,0 cm x 1 50,0 cm
x 1,64 ft
30,48 cm
A grande utilidade da análise dimensional é que esta pode ser utilizada em cadeia: suponha que se
deseja determinar o valor de 1,00 kg m/s2 em unidades de g cm/min2, então:
1000 g
1 kg 1000 g 1
1 kg
100 cm
1 m 100 cm 1
1m
2
60 s 60 s 2
1 min 60 s 1 1 1
1 min 1 min
e assim,
2
m m 1000 g 100 cm 60 s
1,00 kg 2 1,00 kg 2 x x x
s s 1 kg 1m 1 min
2
m m 1000 g 100 cm 3600 s
1,00 kg 2 1,00 kg 2 x x x
s s 1 kg 1m
1 min 2
m cm
1,00 kg 3,60x108 g
2
s min 2
Convém ressaltar um ponto a respeito da análise dimensional: Ela só pode ser usada na
conversão de unidades que se relacionam por um fator multiplicativo, ou seja, aquelas em que o valor
zero em uma unidade corresponde ao valor zero na outra unidade, e este é o único ponto que
apresenta valores iguais, quando expressos nas duas unidades distintas. A análise dimensional pode
ser utilizada nas conversões de unidades de massa porque o valor de massa zero, é zero, quer se use
o grama ou a onça como unidade. O mesmo não acontece com as conversões de unidades de
temperatura (Kelvin, graus Celsius e graus Fahrenheit), pois o zero de uma escala não coincide com o
zero em outra. Assim, a conversão de unidades de temperatura deve ser feita estritamente pelas
fórmulas de conversão, e não por análise dimensional. Pelo mesmo motivo não se pode utilizar a
popular “regra de três” para conversões de temperatura.
16
I.4 Elaboração de Relatórios
Os relatórios devem conter todos os dados pertinentes ao experimento, bem como toda
informação necessária para que a prática seja refeita. É um roteiro da prática com os dados obtidos,
normalmente na forma de uma tabela para fácil compreensão, além de conter todos os comentários
e observações dos fatos relevantes ocorridos durante o experimento. Um esquema da organização do
relatório é dado a seguir:
Obs: Os tópicos acima devem ter sido estudados antes da realização da prática. Os alunos serão
inquiridos durante as práticas para testar o preparo do grupo para a realização das práticas. Se o
grupo não mostrar preparo, serão descontados 3,00 pontos da nota atribuída ao grupo na
prática.
- Discussão: discuta se o resultado obtido está ou não em acordo com o esperado e quais as
implicações do resultado obtido. Se possível, compare com resultados obtidos de outras fontes (cite-
as nas referencias bibiliográficas) e sugira causas prováveis para explicar discrepâncias entre os seus
resultados e aqueles da literatura. (1 ou 2 parágrafos apenas)
- Conclusão: relate as principais conclusões, de modo sucinto, que puderam ser obtidas da realização
do experimento: mencione se o objetivo proposto foi alcançado pelo método proposto (se não foi,
indique a causa), indique o resultado obtido e suas implicações (1 parágrafo).
17
II. Práticas
II1.a Objetivos
II.1.b Introdução
II.1.c Cuidados
O uso das várias balanças disponíveis será explicado pelo professor no início da aula;
A balança é um instrumento de precisão, DEVENDO SER MANTIDA LIMPA! Utilizar um pincel
para remover partículas sólidas que porventura venham a cair na câmara de pesagem ou sobre o(s)
prato(s); materiais líquidos derramados devem ser removidos utilizando um papel absorvente;
Nunca pesar diretamente sobre o prato. Utilizar um béquer ou um pedaço de papel para
depositar o material a ser pesado, lembrando de calibrar a balança (tara);
18
II.1.d Parte Experimental
Material Necessário
-Suporte universal com Garra para bureta; -Proveta de 25 mL;
-Bureta de 50 mL; -2 Béqueres de 50 mL e 1 de 250 mL;
-Pipeta volumétrica de 25 mL e pipetador; -3 Erlenmeyers de 50 mL com rolha;
-Pipeta graduada de 10 mL; -1 Termômetro e 1 erlenmeyer de 250 ml
- Procedimento:
A) Verificação da Exatidão de Vidrarias e Calibração da Pipeta Volumétrica:
1. Verificar se os erlenmeyers e as rolhas que foram fornecidos estão devidamente limpos e secos.
Em seguida, usar etiquetas para marcá-los como 1, 2 e 3. IMPORTANTE: NÃO TROCAR AS ROLHAS
QUANDO PESAR;
2. Pesar estes frascos, COM AS ROLHAS CORRESPONDENTES, em uma balança analítica e anotar as
medidas no caderno de laboratório. Utilizar um papel para segurar o material de vidro a fim de evitar
alterações de peso devido à gordura das mãos;
3. Utilizando o suporte universal e a garra apropriada, montar a bureta.
4. Encher a bureta com água destilada, observando para que não haja bolhas de ar retidas na região
próxima à torneira. Se forem observadas bolhas de ar, abrir a torneira, deixando o fluxo de água
arrastá-las. Terminar de completar o volume da bureta, até a marca de zero, anotando em seguida a
leitura do volume inicial com o devido erro (a partir da escala);
5. Transferir aproximadamente 25 mL da água contida na bureta ao frasco 1, fechar o frasco COM A
ROLHA CORRESPONDENTE, esperar cerca de 30 segundos para que a água escorra pelas paredes
da bureta e então ler o volume final, anotando-o devidamente;
6. Utilizando a pipeta volumétrica de 25 mL transferir, com o auxílio de um pipetador, 25 mL de água
destilada ao frasco 2, tampando-o em seguida COM A ROLHA CORRESPONDENTE;
7. Repetir o procedimento anterior utilizando a pipeta graduada de 10 mL, transferindo 25 mL de
água para o frasco 3. OBSERVAR QUE COM A PIPETA GRADUADA A TRANSFERÊNCIA É REALIZADA
EM TRÊS ETAPAS;
8. Anotar a temperatura ambiente;
9. Pesar os frascos COM AS ROLHAS CORRESPONDENTES, com a mesma balança utilizada
anteriormente, anotando os novos valores no caderno de laboratório e a temperatura ambiente;
10. Repetir este procedimento por mais duas vezes para a pipeta volumétrica, utilizando os frascos 1
e 3, que devem ter sido esvaziados, secos e pesados novamente;
10. A seguir, encher a proveta e o béquer até a marca de 25 mL com água destilada. Transferir cada
um desses 25 mL aos frascos 1 e 3 (vazios, secos e pesados), respectivamente;
11. Voltar a fechá-los COM AS ROLHAS CORRESPONDENTES e pesá-los em seguida. Não esquecer de
anotar o resultado das pesagens, bem como a temperatura ambiente.
1. Descartar a água contida no cilindro graduado (proveta), deixando-o escorrer por cerca de 10
segundos;
2. Em seguida, completar o volume da bureta com água e anotar o volume marcado;
19
3. Colocar a proveta sob a bureta e preenchê-la até a marca de 25 mL, tão exatamente quanto
possível;
4. Em seguida, ler o volume marcado na bureta, esvaziar a proveta e repetir o procedimento por mais
duas vezes;
5. Repetir o mesmo procedimento dos parágrafos anteriores por três vezes, utilizando o béquer no
lugar da proveta;
6. Anotar os volumes iniciais e finais da bureta no caderno de laboratório.
II.1.e Tratamento dos Dados Experimentais
A) Primeira Parte:
Calcule os valores de massa dos volumes de água destilada indicados pelas vidrarias
utilizadas com os valores das massas de (água + frasco) e do frasco seco. Utilize tabela ao final para
converter os valores de massa em volume de água. Faça seus cálculos sempre indicando os erros de
medida e o erro no resultado final. No final discuta seu resultado indicando se o volume real obtido
estava contido no intervalo de incerteza declarada pelo fabricante (no caso da pipeta volumétrica) ou
obtida pelo valor da escala (bureta e pipeta graduada). Indique possíveis fontes do erro sistemático
observado.
Fonte: The Perry’s Chemical Engineers’ Handbook, 7th Ed. New York: McGraw-Hill, 1997.
B) Segunda parte:
Discuta a exatidão do béquer e da proveta em comparação à bureta e a exatidão desta em relação à
pipeta volumétrica e graduada (com os dados da parte A).
20
II.2 Prática 02: Determinação da Constante do Gases
II2.a Objetivos
II.2.b Introdução
II.2.c Cuidados
O uso das várias balanças disponíveis será explicado pelo professor no início da aula;
A balança é um instrumento de precisão, DEVENDO SER MANTIDA LIMPA! Utilizar um pincel
para remover partículas sólidas que porventura venham a cair na câmara de pesagem ou sobre o(s)
prato(s); materiais líquidos derramados devem ser removidos utilizando um papel absorvente;
Nunca pesar diretamente sobre o prato. Utilizar um béquer ou um pedaço de papel para
depositar o material a ser pesado, lembrando de calibrar a balança (tara);
Ácido clorídrico : corrosivo e deve ser manuseado com luvas;
II.2.d Parte Experimental
Material Necessário
- Suporte universal, garra e anel; - 2 Mangueiras de silicone;
- Pipeta graduada de 25 ml; - Linha e fita adesiva;
- Funil; - Fita de magnésio;
- Erlenmeyer de 125 ml com rolha furada; - Solução 6 M de HCl;
- Tubo de vidro - Solução 0,1 M de CuSO4;
- Proveta de 10 ml; - Solução de corante
- 2 Béqueres de 50 ml;
21
- Procedimento:
Nesta prática, o hidrogênio desprendido na reação acima será recolhido num aparato
experimental como mostrado na figura abaixo:
1- Conecte 2 pedaços de mangueira de silicone nas duas
extremidades de uma pipeta de 25 ml e prenda-a a um
suporte universal com uma garra;
2- Conecte a mangueira da extremidade inferior à haste do
funil, mantendo-o sobre o anel preso ao suporte;
3- Conecte a mangueira da extremidade superior ao tubo
de vidro da rolha do erlenmeyer;
4- Eleve o anel de sustentação do funil até que sua metade
fique na mesma altura que o zero da escala da pipeta.
Com um béquer, adicione água colorida pelo funil até que
haja o nivelamento da água do funil com o zero da pipeta;
5- Pese, em uma balança de precisão, uma apara de fita
de magnésio previamente lixada para remoção de óxidos.
Anote a massa, que deve estar entre 0,015 a 0,02 g (não
exceda este máximo).
6- Amarre a apara de magnésio com uma linha e prenda a outra extremidade da linha ao tudo de
vidro da rolha com uma fita adesiva. Regule a altura da linha de forma que a apara de magnésio fique
acima da marca de 100 ml do erlenmeyer.
7- Adicione 75 ml de água e tampe o erlenmeyer para verificar se a apara de magnésio permanece
acima da água. Com uma proveta, adicione 5 ml de solução 6 M de HCl ao erlenmeyer e uma gota de
solução de sulfato de cobre como catalisador. Tampe novamente o erlenmeyer. Se a rolha não tiver
bem presa, passe fita de Teflon para deixar o sistema hermético. Tome cuidado para que o magnésio
não entre em contato com o ácido neste procedimento;
8- No processo anterior, o nível de água na pipeta pode ter saído do zero.
Nivele o funil com a nova posição da leitura da pipeta (para garantir
igualdade das pressões interna e externa da pipeta) e anote a leitura
inicial.
9- Incline o erlenmeyer para que a apara de magnésio entre em contato
com a solução. A medida que o hidrogênio se desprende, o nível da pipeta
vai abaixando. Mantenha a leitura da pipeta nivelada com o nível externo
movendo o funil durante o processo.
10- Ao final da reação, certifique-se de que os níveis internos e externos
da água estão nivelados e faça a leitura do volume e anote.
11- Se houver tempo, repita o experimento;
-Discuta o aparato experimental utilizado com relação à relação entre as pressões externa e
interna, bem como o efeito da pressão de vapor de água (o conceito de pressão de vapor pode ser
encontrado nas referências bibliográficas da disciplina).
22
Calcule a pressão de hidrogênio desprendido com auxílio da tabela abaixo:
Fonte: Perry’s Chemical Engineer’s Handbook, 7th Ed. Macgraw-Hill: New York, 1997.
- Qual o trabalho (em Joules) realizado pelo sistema (reação química) durante o processo de
desprendimento de hidrogênio?
- Sugira um mecanismo pelo qual a presença de íons Cu(II) catalisa esta reação química. (Observe os
potenciais de redução do cobre e do magnésio).
23
24