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Laboratório de Engenharia Química II

1. INTRODUÇÃO

A fluidização é a melhor e mais moderna técnica à disposição do engenheiro


químico para efetuar o contato eficiente entre sólidos e fluidos. Para ser considerado
fluidização o escoamento deve ser ascendente, estado deve ser homogêneo e deve
conter partículas soltas.

A fluidização ocorre quando um fluxo de fluido (gás ou líquido) ascendente


através de um leito de partículas adquire velocidade suficiente para suportar as
partículas, porém sem arrastá-las junto com o fluido.

À velocidade muito baixa fluido percorre pequenos e tortuosos canais, perdendo


energia e pressão, com o aumento da velocidade atinge um valor que a ação dinâmica
do fluido permite reordenação das partículas, de modo a oferecer menor resistência à
passagem e com maiores velocidades as partículas deixam de estar em contato e
parecem como líquido em ebulição.
Atualmente nas indústrias os processos de fluidização são aplicados
principalmente a processos físicos, tais como secagem, mistura, revestimento de
partículas, aglomeração de pós, aquecimento e resfriamento de sólidos, congelamento,
etc.

O material fluidizado é quase sempre um sólido e o meio fluidizante é um


líquido ou um gás. As características e comportamento de um leito é seguramente
dependente das propriedades da fase sólida e da fase líquida ou do gás.

A eficiência na utilização de um leito fluidizado depende em primeiro lugar do


conhecimento da velocidade mínima de fluidização. Abaixo desta velocidade o leito não
fluidiza; e muito acima dela, os sólidos são carregados para fora do leito.

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2. OBJETIVO

O objetivo deste experimento é analisar o funcionamento de um leito fluidizado,


comparar valores obtidos experimentalmente através de forma gráfica com equações
estudadas em Operações Unitárias IV e determinar o tipo de fluidização (agregativa ou
particulada).

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3. MATERIAL E MÉTODO

3.1 Material e reagente


 Fita métrica;
 Paquímetro;
 Termômetro;
 Esferas de vidro;
 Bomba centrifuga;
 Água

3.2 Métodos
 Verificou-se a voltagem da bomba e ligou-se;
 Com o auxilio de uma fita métrica, mediu-se o diâmetro interno do leito (DL);
 Abriu-se a válvula para encher o leito de partículas com água, em seguida a
válvula foi fechada, repetiu-se este procedimento até que o leito estivesse isento
de bolhas;
 Foram pegas dez partículas do leito e com o auxilio de um paquímetro, foi
medido os diâmetros, duas vezes de cada, para obter um valor médio (Dp);
 Verificou-se o nivelamento do manômetro de água;
 Mediu-se a altura do leito fixo (Lo);
 Foi iniciado a fluidização, coletando dados de perda de carga (∆P) e altura do
leito (L) para determinadas vazões (escala de 40 l/h), iniciando na vazão de 200
l/h;
 Foram coletados dez pontos na ida e dez pontos na volta;
 Foram feitas três medições de temperatura da água, sendo uma no início, uma no
meio e uma no final do experimento, para o cálculo da viscosidade e densidade
da água;
 Ao final do experimento, desligou-se a bomba.

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4. MEMORIAL DE CÁLCULO

 Correções para a densidade e viscosidade da água

Em muitas operações envolvendo fluidização de sólidos, a temperatura de


operação nao é a ambiente. Deste modo, precisamos corrigir a densidade (Eq. 2) e a
viscosidade (Eq. 1) do fluido utilizado.

0,1
μf = (1)
2
2,1482 [ (T −8,435 )+ √ 8078,4+ ( T −8,435 ) ] −120

ρ f =1,4887 x 10−5 T 3−5,7544 x 10−3 T 2 +1,0541 x 10−2 T +1000,1 (2)

 Esfericidade da partícula

A esfericidade da partícula é uma fator de forma definido como a razão entre a


área superficial da esfera de mesmo volume da partícula e a área superficial da
partícula.

Uma vez que a esfera é um sólido de menor área superficial, conclui-se que 0
≤ ϕ ≤1 e que ϕ=1 apenas quando a partícula é esférica. (McCabe & Smith, 6th ed, p.
945; Perry`s Handbook 6th ed, p. 5-54).

 Porosidade do leito
A Equação 3 é útil para estimar a porosidade do leito a partir da massa do sólido
(ms), densidade das partículas ( ρ p ), do diâmetro do leito (DL) e da altura do leito fixo
(Lo).
4−ms
ε 0=1− (3)
π ρ p D L2 L0

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Uma vez que o diâmetro do leito e densidade das partículas são constantes
durante a operação, então a simplificação da Equação 3 chega-se a Equação 4, que
estabelece que toda variação de porosidade no leito resulta em variação na sua altura.

Lo 1−Emf
=
Lmf 1−Eo
(4)

 Diâmetro médio das partículas

O diâmetro médio das partículas é calculado utilizando a Equação 5, a partir da


somatória das medições das dez partículas.

∑ dp
d p médio = (5)
10

 Velocidade de mínima de fluidização

O ponto de mínima fluidização é alcançado quando a forca de arraste exercida


pelo fluido nas partículas é igual ao peso aparente de partículas no leito, que pode ser
calculado pela equação de Ergun (Eq. 6).

150 μ(1−ε mf ) 1,75 ρf


( ρ p −ρf ) g= 2 2 3
U mf + 3
U mf 2 (6)
∅ p d p ε mf ∅ p d p ε mf

O ponto mínimo de fluidização também pode ser calculado em termos de


número de Archimedes (Eq. 7) e do número de Reynolds (Eq. 8) da partícula na mínima
fluidização.

ρf ( ρ p −ρf ) g d p3
Ar =
μf 2
(7)

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150 ( 1−ε mf ) 1,75 2


Ar = 3
ℜp + ℜp (8)
ε mf mf
ε mf 3 mf

ℜp =¿)
mf
(9)

 Queda de pressão na mínima fluidização

A equação de Ergun também pode ser utilizada na condição de mínima


fluidização, como mostra a Equação 10.

∆ Pmf 150 μ (1−ε mf )2 1,75 ρ f (1−ε mf ) 2


= 2 2 3
U mf + 3
U mf
Lmf ∅ p d p ε mf ∅ p d p ε mf
(10)

 Número de Froide

O número de Froide foi calculado no ponto de maior vazão (Eq. 11). Sendo
fluidização agregativa Fr ˃ 1 e fluidização particulada Fr ˂ 1.

Uf 2
Fr= (11)
dp . g

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados abaixo foram fornecidos e/ou obtidos no experimento:

 Densidade das partículas do leito, ρp = 2650 kg/m³;


 Massa das partículas, mp = 0,8592 kg;
 Altura inicial do leito, Lo = 0,265 m;
 Diâmetro do leito, DL = 0,060 m;

Tabela 1. Temperaturas obtidas experimentalmente.

Início 23,0 °C
Meio 26,0 °C 26,0 ºC
Final 29,0 °C

A partir das Equações 1 e 2 foi possível obter os valores da viscosidade e


densidade respectivamente, sendo:

μ f = 8,74x10-4 kg/m.s ρ f = 996,75 kg/m3

Tabela 2. Diâmetros das partículas obtidos experimentalmente.

Esfera Diâmetro 1 (mm) Diâmetro 2 (mm) Média (mm) Média (m)


1 4,0 4,0 4,0
2 3,0 3,0 3,0
3 3,0 3,0 3,0
4 3,5 3,5 3,5

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5 3,0 3,0 3,0 0,0032


6 3,5 3,5 3,5
7 2,5 2,5 2,5
8 3,0 3,0 3,0
9 3,5 3,0 3,25
10 3,0 3,0 3,0

Tabela 3. Dados obtidos durante a fluidização.

Vazão ∆P L Vazão ∆P L Uf Log Log


Pontos
(l/h) (mmH2O) (cm) (m³/s) (Pa) (m) (m/s) (Uf) ∆P
1 (ida) 0 0 20,0 0 0 0,200 0 0 0
2 200 13,5 20,5 5,56E-05 132,39 0,205 0,019 -1,72 2,12
3 240 17,7 21,0 6,67E-05 173,57 0,210 0,024 -1,62 2,24
4 280 17,6 22,0 7,78E-05 172,59 0,220 0,027 -1,57 2,24
5 320 17,6 23,0 8,89E-05 172,59 0,230 0,031 -1,51 2,24
6 360 17,5 24,0 1,00E-04 171,61 0,240 0,035 -1,46 2,23
7 400 17,5 25,0 1,11E-04 171,61 0,250 0,039 -1,41 2,23
8 440 17,4 26,0 1,22E-04 170,63 0,260 0,043 -1,37 2,23
9 480 17,4 26,5 1,33E-04 170,63 0,265 0,047 -1,33 2,23
10 520 17,4 27,5 1,44E-04 170,63 0,275 0,051 -1,29 2,23
11 560 17,4 28,5 1,56E-04 173,63 0,285 0,055 -1,26 2,23
12 (volta) 520 17,5 27,5 1,44E-04 171,61 0,275 0,051 -1,29 2,23
13 480 17,6 26,0 1,33E-04 172,59 0,260 0,047 -1,33 2,24
14 440 17,7 25,0 1,22E-04 173,57 0,250 0,043 -1,37 2,24
15 400 17,7 24,0 1,11E-04 173,57 0,240 0,039 -1,41 2,24
16 360 17,8 23,0 1,00E-04 174,55 0,230 0,035 -1,46 2,24
17 320 17,8 21,5 8,89E-05 174,55 0,215 0,031 -1,51 2,24
18 280 18,8 20,5 7,78E-05 184,36 0,205 0,027 -1,57 2,27
19 240 18,3 20,5 6,67E-05 179,46 0,205 0,024 -1,62 2,25
20 200 13,5 20,5 5,56E-05 132,39 0,205 0,019 -1,72 2,12
21 0 0 20,5 0 0 0,205 0 0 0

Para determinarmos o ponto de mínima fluidização foram utilizados os dados da


Tabela 3, log Uf X log ∆P.

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2.26
2.24
2.22
2.2
2.18
Log ΔP

2.16
2.14
2.12
2.1
2.08
2.06
-1.8 -1.7 -1.6 -1.5 -1.4 -1.3 -1.2
Log Uf

Figura 1. Queda de pressão no leito em função da velocidade do fluido em escala


logarítmica.

Fazendo a interpolação linear e a operação inversa de log, foi possível obter os


valores de velocidade e perda de carga na mínima fluidização:

Ufmf = 2,24x10-2 m/s; ∆Pmf = 2041,20 Pa.

Obteve-se o valor da altura do leito na mínima fluidização plotando o gráfico de


Uf x L na volta.

0.3

0.25 f(x) = 1.64 x + 0.19


R² = 0.94
0.2
L (m)

0.15

0.1

0.05

0
0 0.01 0.02 0.03 0.04 0.05 0.06
Uf (m/s)

Figura 2. Perfil da altura do leito em função da velocidade do fluido.

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Com o valor de Ufmf na equação do perfil do gráfico acima, obteve-se a altura


mínima de fluidização:

Lmf = 0,224 m

Tabela 4. Resultados encontrados a partir das equações do memorial d cálculo.

Resultado Equação
ε0 0,6045 3
ε mf 0,5321 4
Ar 6,93x105 7
ℜp mf 225,021 8
Umf 0,0617 m/s 9
Umf - Ergun 0,0616 m/s 10
∆Pmf 1695,71 Pa 11
Fr 0,0965 12

6. CONCLUSÃO

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Ao compararmos os valores de velocidade mínima de fluidização,


experimentalmente e com o calculado, pode-se observar uma grande diferença entre
os mesmos, certamente ocorrido por erros experimentais.

Na queda de pressão também ouve uma diferença, que pode ter sido ocorrido no
momento de fazer a leitura de diferença de nível no manômetro de água.

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7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

http://www.eq.ufrj.br/docentes/ninoska/docs_PDF/Fluidizacao_09.pdf acesso
em 13 de setembro de 2015.

INNOCENTINI, M. D. M. Apostila de Operações Unitárias 4 – UNAERP –


Universidade de Ribeirão Preto, Ribeirão Preto - SP, 2011.

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