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JOÃO PESSOA
2019
BRAZ ALÉCIO NETO
JOÃO PESSOA
2019
BRAZ ALÉCIO NETO
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Profº. Dr. André Luiz Queiroga Reis
Orientador – UNIPÊ
_____________________________________________________
Bel. Maria Clara Rodrigues de Lima – UNIPÊ
_____________________________________________________
Bel. Phamella Karoline de Mesquita Bonates – UNIPÊ
A366s Neto, Braz Alécio.
Sustentabilidade na Construção Civil /
Braz Alécio Neto. - João Pessoa, 2018.
70f.
Agradeço primeiramente a Deus Pai todo poderoso, Jesus seu filho, Nossa Senhora Aparecida
e aos anjos dos céus por toda a Compaixão, Amor, Sabedoria Força e Fé, sempre me
guardando e guiando pelos melhores caminhos nessa jornada, até conseguir chegar ao fim
deste curso.
Aos meus pais Adilson Alécio, Maria Celeste e meus avós por toda a educação e orações, por
fazerem parte incondicionalmente das minhas dificuldades e das minhas vitórias. Assim
também a todos familiares.
Pela minha filha que chegou para completar essa conquista, a minha companheira e a todos
meus amigos particulares e aos que dividiram comigo esses cinco anos do curso de
engenharia.
Agradeço também ao Estado e ao Governo pela oportunidade de cursar esta faculdade. Ao
meu orientador Prof. Dr. André Luiz Queiroga Reis, pela atenção e orientação e a todos os
professores que foram essenciais compartilhando seus conhecimentos.
RESUMO
1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil tem sido motivo de discussões quanto à necessidade de
se buscar o desenvolvimento sustentável por apresentar-se como grande consumidora de
recursos naturais e geradora de uma elevada quantidade de resíduos (Souza et al, 2004).
Segundo Barreto (2005), a construção civil é uma indústria que produz grandes
impactos ambientais, desde a extração das matérias-primas necessárias à produção de
materiais, passando pela execução dos serviços nos canteiros de obra até a destinação final
dada aos resíduos gerados, ocasionando grandes alterações na paisagem urbana,
acompanhadas de áreas degradadas.
O setor da construção tem importância significativa no desenvolvimento de nossa
sociedade, pois é responsável pela implantação de moradias para as diversas classes sociais,
edifícios públicos e privados, infraestrutura de base, saneamento básico, transporte e espaços
públicos, com o objetivo de prover moradia, educação, trabalho, saúde e lazer. A construção
civil emprega muito, movimenta grandes somas de dinheiro e recursos, causa grandes
impactos ao ambiente natural e urbano e seu produto final possui ciclo de vida
consideravelmente longo.
A demanda pelo ambiente construído vai exigir um acentuado crescimento do setor:
estima-se que a indústria de materiais para a construção civil cresça no mundo duas vezes e
meia entre 2010 e 2050, e a expectativa no Brasil é que o setor dobre de tamanho até 2022
(JOHN & AGOPYAN, 2011).
A indústria da construção civil possui uma parcela significativa na economia mundial
e brasileira, representando 6,2% do PIB do país, segundo dados do IBGE de 2014. Segundo
Brasileiro e Matos (2015), esta indústria é uma das que mais contribuem para o
desenvolvimento econômico e social, porém “a cadeia produtiva da construção civil consome
entre 20 e 50% dos recursos naturais de todo o planeta”. Devido a este número alto de
participação suas atividades e seus impactos são refletidos diretamente no meio ambiental e
social em que estão inseridas.
O setor da Construção Civil é formado por um conjunto de processos e atividades que
geram elevados índices de impacto ambiental, social e econômico no planeta, considerando o
meio ambiente como um local de obtenção de matéria-prima e destinação de resíduos.
Atualmente, a construção civil está entre as atividades humanas que mais causam impactos
ambientais.
19
2 OBJETIVOS
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
sustentável por volta do ano 2000. Em 1987, o WCED publica um relatório Our common
future (Nosso futuro comum) também conhecido como relatório Brundtland. O relatório
conclui que o uso excessivo dos recursos naturais é um processo que vai provocar o colapso
dos ecossistemas, e propõe que a busca de soluções seja tarefa comum a toda humanidade. A
comissão recomenda a convocação de uma conferência sobre esses temas.
Em 22 de dezembro de 1989, a ONU aprova em assembléia extraordinária, uma
conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento, dando início a Agenda 21.
Em 1992 é realizada a Cúpula da Terra, segunda conferência ambiental realizada pela
ONU, a United Nation Conference on Environment and Development – UNCED. Ela
acontece no Rio de Janeiro e fica conhecida como Eco’92 ou Rio’92, reunindo 108 chefes de
estados. Na conferência é colocado que “a humanidade se encontra em um momento de
definição histórica”. São discutidos planos de ações para preservar os recursos do planeta e
maneiras de eliminar o abismo entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. As
nações desenvolvidas defendiam o direito a um ambiente saudável, enquanto que as em
desenvolvimento destacavam a necessidade destas se desenvolverem. Como resultado da
WNCED, tem-se o documento da Agenda 21, com 2500 recomendações de estratégias de
conservação do planeta e metas de exploração sustentável dos recursos naturais que não
impeçam o desenvolvimento de nenhum país.
A Agenda 21 estabeleceu a importância de cada país se comprometer, global e
localmente, na reflexão sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não
governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para
um desenvolvimento sustentável. Cada país desenvolveu a sua Agenda 21, que é um plano de
ação para ser adotado por governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação
humana impacta o meio ambiente. No Brasil as discussões foram coordenadas pela Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável - CPDS.
Em 1997, diante da consciência do aumento do efeito estufa e do temor de sua
consequência, o aquecimento global, foi assinado o tratado ambiental mais ambicioso da
história, o Protocolo de Kyoto. O protocolo previa que os 35 países industrializados
signatários reduzissem em 5% suas emissões de gases em relação ao nível de 1990 no período
de 2008 a 2012.
Em 2007 o Painel de Mudanças Climáticas da ONU, IPCC, ganha o Nobel da Paz,
devido aos seus estudos que geraram conhecimento sobre o problema climático e indicaram as
bases das medidas necessárias para enfrentar a crise. O prêmio foi dividido com o Americano
23
com Al Gore, pelo seu papel na divulgação da ameaça causada pelo aquecimento global. A
partir deste momento, a sustentabilidade ganha nova dimensão de percepção e aceitação pela
sociedade.
O tema de sustentabilidade tem um peso cada vez mais crescente na construção civil,
uma vez que esta é um agente ativo na destruição dos recursos do nosso planeta. Inúmeras
pesquisas veem sendo feita para a descoberta de tecnologias mais viáveis, visando reduzir o
impacto ambiental causado. A definição de estratégias para minimização do uso de recursos
não renováveis, economia de energia e redução de resíduos de construção, em especial,
passou a ser amplamente estimulada pelos governos, instituições de pesquisa e pelo setor
privado de diversos países.
De acordo com Sousa (2015), a sustentabilidade pode ser definida através de atividades
e ações humanas que têm como objetivo sustentar os interesses humanos, porém sem colocar
em risco as gerações futuras. As práticas sustentáveis estão relacionadas com o
desenvolvimento econômico sem agressão ao meio ambiente, utilizando recursos naturais de
maneira perspicaz fazendo com que estes mesmos recursos se mantenham futuramente,
resultando em um desenvolvimento sustentável.
Yemal (2011) afirma que o pensamento sustentável é uma filosofia que faz com que as
pessoas procurem melhorias para o meio ambiente sem deixar de lado os benefícios
econômicos oriundos destas melhorias. Outro ponto de vista trazido pelo autor é no âmbito
empresarial, pois uma parcela crescente dos empresários está preocupando-se mais com este
assunto, pois surgem novas oportunidades de negócios e que podem resultar em lucratividade,
incentivando a inovação e, por consequência, a competitividade.
Para Techio (2016), a dificuldade de entender o conceito de sustentabilidade está ligada
diretamente com a distância das pessoas em relação a este assunto, estabelecendo uma
dificuldade para executar atividades sustentáveis. Esta dificuldade é resultado de uma
inexistência de acordo conceitual sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável entre
as diversas áreas, como: engenharia, economia, ciências sociais, etc. Desta maneira, é
necessário que este assunto seja tratado de forma ampla, de maneira que englobe as condições
humanas, a preservação dos recursos naturais e a eficiência econômica.
Por ser uma atividade fundamental, Sousa (2015) diz que a responsabilidade ambiental
deve começar desde ações menores e individuais, como coleta seletiva de lixo, economia de
água, uso de transporte coletivo, evitar sacolas plásticas, entre outras, até ações grandes e
empresariais evitando poluição de água, ar e solo, queimadas, desmatamento e geração de
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resíduos sólidos. Neste contexto, segundo o autor, a sustentabilidade se apoia em três bases:
ambiental, econômico e social, ou seja, todas as ações que envolvam a sustentabilidade devem
ter como objetivos principais a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, ser
economicamente possível e assegurar que esta ação atinja todos.
Junior (2013) afirma que melhorar a sustentabilidade dos processos em todos os setores
e processos produtivos é uma estratégia vital para conseguir manter os recursos naturais para
o futuro, baseando-se em utilizar energias renováveis, tecnologias limpas e, principalmente,
proteger o meio ambiente.
Do ponto de vista histórico, vários marcos científicos contribuíram para percepção da
insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento
Em 1990 foi lançado na Inglaterra o primeiro sistema de avaliação ambiental de
construções do mundo, o BREEAM (Building Research Establishment Environmental
Assessment Method, que sistema certifica a construção com um selo “verde”, Motta (2009).
Já em 1999, o USBCG (United States Green Building Council) cria o selo de
certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O programa traz
incentivos financeiros e econômicos para o mercado de construções verdes do EUA.
Em 2001 é finalizada uma obra de referência em construções sustentáveis, o BedZED
(Beddington Zero Energy Development), na Inglaterra. É um condomínio de 100 casas e
escritórios que consome 10% da energia de uma urbanização convencional.
Em 2002, a França lança seu programa de certificação de construções ambientais, o
HQE (Haute Qualité Environementale). O Japão também lança seu programa de certificação,
o CasBee (Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency).
Em 2006, o arquiteto Norman Foster projeta a Cidade Carbono Zero ou Masdar City. O
projeto é um complexo de edificações residenciais, comerciais, culturais e de serviço, em uma
área de seis milhões de metros quadrados, sendo construída em Abu Dhabi. Sua finalização
está prevista para 2009, e está sendo considerada a primeira cidade sustentável do mundo. A
Masdar City não vai ter carro, não vai utilizar energia proveniente do petróleo e vai
reaproveitar todos resíduos gerados na própria cidade.
Em 2007 é criado o Green Building Council Brasil (GBCBrasil), que tem como objetivo
ser referência na avaliação e certificação de construções sustentáveis no Brasil, através da
regionalização da ferramenta de avaliação LEED.
Conforme explica Motta (2009), ainda em 2007 é criado o Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCS), cujo objetivo é incentivar conceitos e práticas sustentáveis
25
na construção civil. O CBCS não pretende certificar edificações. Também em 2007 foi
lançado o selo Ecológico Falcão Bauer, para produtos e tecnologias sustentáveis.
Em 2008 é lançado o selo brasileiro de certificação ambiental AQUA (Alta Qualidade
Ambiental), baseado na certificação francesa HQE.
Segundo Dinamarco (2016), no ano de 2010 a Caixa Econômica Federal criou o Guia
de Sustentabilidade Ambiental do Selo Casa Azul. Este guia tem a finalidade de instruir
profissionais, estudantes e empresas voltadas para área de construção civil a desenvolver
projetos sustentáveis com o objetivo final de aquisição do Selo Casa Azul.
Dimensão Social
Na dimensão social se busca o “desenvolvimento de sociedades justas, que
proporcionem oportunidades de desenvolvimento humano e um nível aceitável de qualidade
de vida” (CIB et al., 2002).
Motta (2009) explica que o valor social da sustentabilidade deve ser mais importante em
países em desenvolvimento que buscam aumentar a qualidade de vida de sua população, do
que em países desenvolvidos, que já alcançaram o bem-estar social. Segundo Silva (2005
apud Motta, 2009), os indicadores do desempenho social devem retratar as consequências da
atividade econômica da empresa e, ou empreendimento. Este valor deve considerar o impacto
global sobre toda sociedade, incluindo os empregados, empreiteiros e subcontratados,
fornecedores, clientes e comunidade.
No entanto ainda não existe um conceito formal e único do valor social, comenta Araújo
(2006). Algumas propostas indicam o valor social de uma empresa ou empreendimento como
aqueles que através de programas consistentes, geram e disseminam conhecimento e
promovem o crescimento tanto da organização quanto de todos os públicos que exercem
influência ou são influenciados pela empresa (Bueno et al., 2002). Esses valores devem prever
práticas para atendimento da comunidade, incluindo e indo além dos obrigatórios por lei.
Deste modo é importante a incorporação em uma empresa e empreendimento de valores
sociais na missão, na cultura e na mentalidade dos dirigentes e colaboradores, visando o bem-
estar da população, pois o próprio sucesso desses depende da sociedade a qual pertencem
(Felix 2003).
Para dar um significado objetivo ao desempenho e valor social das empresas, algumas
entidades buscam indicadores específicos. No Brasil, podemos destacar o indicador de
Responsabilidade Social Empresarial do Instituto ETHOS. No entendimento do instituto, a
responsabilidade social é um valor que indica “o comprometimento permanente dos
empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento
econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas
famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo” (Custodio e Moya, 2007).
O índice ETHOS busca auxiliar as empresas no aprofundamento da responsabilidade
social e comprometimento com o desenvolvimento sustentável. Desenvolvido desde 1999,
existem ferramentas e índices específicos para vários setores da economia. O setor da
construção civil possui um índice ETHOS desde 2005 (Motta, 2009).
28
Dimensão Econômica
“Na dimensão econômica, a sustentabilidade busca um sistema econômico que facilite o
acesso a recursos e oportunidades e o aumento de prosperidade para todos, dentro dos limites
do que é ecologicamente possível e sem ferir os diretos humanos básicos” (CIB/UNEP-IETC,
2002). Assim, ela reconhece a necessidade do consumo para o alcance do bem-estar e da
prosperidade, considera a lógica de produção de bens de consumo, incorporando o uso
eficiente dos recursos.
O valor econômico pode então ser associado a uma melhoria nas práticas de produção,
que busquem produtividade, menor consumo de recurso, durabilidade, viabilidade,
competitividade econômica e empresarial, que leve a um crescimento sustentável do padrão
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real de vida da população, com aceitável justiça distributiva. O principal conceito que
influencia estas questões é a qualidade. Landau (1992).
rapidamente absorvidas pela indústria, em grande escala, e cujos resultados sejam compatíveis
com os modelos BIM (Building Information Modeling). Essa ação deve resultar na
implementação de um sistema de avaliação dos impactos ambientais na produção e consumo
de bens e serviços no país capaz de:
- Organizar, armazenar e disseminar informações padronizadas sobre inventários do
ciclo de vida da produção industrial brasileira;
- Disponibilizar e disseminar a metodologia de elaboração de inventários brasileiros;
- Elaborar os inventários-base da indústria brasileira;
- Apoiar o desenvolvimento de massa crítica em Avaliação de Ciclo de Vida (ACV);
- Disseminar e apoiar mecanismos de disseminação de informações sobre o pensamento
do ciclo de vida;
- Intervir e influenciar nos trabalhos de normalização internacional e nacional,
relacionados ao tema, e identificar as principais categorias de impactos ambientais para o
Brasil.
O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e Associação Brasileira dos
Escritórios de Arquitetura (AsBEA), apresentam algumas práticas para sustentabilidade na
construção, sendo as principais:
• aproveitamento de condições naturais locais;
• utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
• implantação e análise do entorno;
• não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de
calor, sensação de bem-estar;
• qualidade ambiental interna e externa;
• gestão sustentável da implantação da obra;
• adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
• uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo;
• redução do consumo energético;
• redução do consumo de água;
• reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
• introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
• educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
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MOTTA e AGUILAR (2008) fizeram uma síntese dos principais conceitos relacionados
com a sustentabilidade. Foi observado que a sustentabilidade deve estar presente em todas as
fases do ambiente construído, sendo estas:
• idealização;
• concepção;
• projeto;
• construção;
• uso;
• manutenção;
• final de vida útil.
De acordo com os autores, as principais práticas adotadas são:
• planejamento correto, considerando desde a implantação do edifício no local, com as
dimensões sociais, culturais e de impacto ambiental, até a técnica e métodos construtivos que
permitam uma melhor qualidade e maior eficiência construtiva;
• conforto ambiental e eficiência energética, promovendo uso do edifício com conforto
térmico, visual, acústico e salubridade, com baixo consumo de energia, usando
preferencialmente as possibilidades de condicionamento passivo nos ambientes;
• eficiência no consumo de água, considerando baixo consumo, aproveitamento de águas de
chuvas, reutilização, recuperação e minimização da geração de resíduos;
• eficiência construtiva, com materiais, técnicas e gestão que permitam um desempenho ótimo
da edificação com durabilidade, e que possuam, quando analisados em toda cadeia produtiva,
práticas sustentáveis de extração, produção e reciclagem;
• eficiência em final da vida útil da construção, adotando atitudes de reciclagem,
aproveitamento dos resíduos da demolição e de desconstrução, que é um processo de
desmanche cuidadoso do edifício de modo a preservar seus componentes para reuso e
reciclagem.
unir a comunidade empresarial global com o propósito de criar um futuro sustentável para os
negócios, a sociedade e o meio ambiente.
Cada empresa membro é representada pelo seu presidente ou diretor executivo
correspondente.
Através de seus membros, o conselho aplica seu ideal de liderança e sua advocacia
para gerar soluções construtivas e tomar parte em ações que direcionem os negócios à
sustentabilidade. O WBCSD visa ser referência de liderança do mercado que irá apoiar
empresas a aumentar seus níveis de sustentabilidade através de valores e soluções
empresariais, onde o cenário será de reconhecimento e sucesso para tais companhias. A sede
fica em Genebra, na Suíça, onde se encontra o comitê executivo e alguns de seus membros a
quem são delegadas as funções administrativas e estratégicas em um contexto global.
Em um contexto global, a organização ainda conta com uma rede de conselhos
nacionais, regionais e organizações parceiras envolvendo milhares de líderes de mercado,
sendo mais de 60% destes em economias emergentes e países em desenvolvimento, como
exemplo dado anteriormente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (WBCSD; CEBDS, 2010).
3.3.2 USGBC
O Conselho Estadunidense de Construções Verdes (USGBC), uma organização sem
fins lucrativos fundada nos anos 1990, é a coalisão dos líderes de cada um dos setores da
indústria da construção trabalhando para promover locais ambientalmente responsáveis,
rentáveis, e saudáveis para se viver, estudar e trabalhar. Os membros do USGBC representam
mais de 15000 organizações e 55 profissões, variando de profissionais imobiliários,
proprietários e gerentes de condomínio à advogados, arquitetos, engenheiros e construtores
(USGBC, 2014, p. 87).
A atual missão do conselho é transformar o modo através do qual as construções e
comunidades são projetadas, construídas e operadas, permitindo um meio ambientalmente e
socialmente responsável, saudável e prospero que melhore a qualidade de vida. Hoje o
conselho tem sua sede em Washington, D.C., e conta com um equipe de dedicação exclusiva
aos seus fins e uma comunidade de voluntários para o desenvolvimento de novos produtos,
serviços e programas em várias áreas de trabalho.
A comunidade verde compreende organizações membro que constantemente
participam de fóruns e eventos para a troca de informações, e ainda, existem as filiais
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regionais e estaduais do conselho que promovem localmente a sua missão. Esse conjunto
intervém politicamente e socialmente acelerando a adoção de iniciativas privadas e políticas
públicas que permitam e encorajem uma transformação do mercado em direção a um meio
construído sustentavelmente.
O conselho também disponibiliza programas educacionais e materiais sobre design
verde, construção e operações através de treinamentos dirigidos, seminários, cursos online e
publicações, fazendo com que aprender sobre construções verdes seja acessível a todos
(USGBC, 2014, p. 88-89).
A pontuação geralmente é sobre 100 pontos mais seis pontos por inovação e quatro
por prioridades regionais, totalizando 110 pontos. O nível de certificação para projetos
comerciais é determinado conforme figura 3.5.
Figura 3.5 – Níveis de Certificação LEED
3.4.3 AQUA-HQE
A Fundação Vanzolini, 2015 descreve que o processo AQUA foi criado em 2008
como um selo de certificação de construções verdes e sustentáveis internacional desenvolvido
com base no HQE, da França, porém adaptado à realidade e condições do país. Desde sua
criação o seu objetivo é promover um olhar sustentável sobre as construções, considerando a
cultura, o clima, as normas técnicas e a regulamentação vigentes no Brasil, buscando
evolução no desempenho dos sistemas.
Em 2013 as certificadoras francesas QUALITEL para edificações residenciais, e a
CERQUAL para não residenciais se uniram para a criação de uma rede de certificação
internacional munida de critérios e indicadores baseados em um contexto global, e surgiu o
Cerway como órgão certificador internacional da HQE (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2015).
Posteriormente a Fundação Vanzolini firmou um acordo de cooperação com o Cerway
e passou a ser a representante nacional da rede de certificação e unificou as duas certificações
dando origem ao AQUA-HQE. Segundo Martins (2014), coordenador executivo do selo, até
41
2013 o modelo foi aprimorado e com a unificação, alinhou-se a critérios globais, garantindo
altos níveis de sustentabilidade em conformidade à cultura e às legislações brasileiras.
A adaptação dos critérios originais foi o primeiro passo seguido do desenvolvimento
de critérios exclusivos para o Brasil, que Martins (2014) descreve como: [...] critérios que
medem aspectos sociais no canteiro de obras e a formalidade da cadeia produtiva, o Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), o Sistema Nacional de
Avaliações Técnicas (Sinat) para demonstração de conformidade dos materiais e sistemas
construtivos, o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE-Edifica) para eficiência energética
e conforto térmico, norma de desempenho em acústica, iluminação artificial, e outros, como
normas sobre instalações de gás e leis para a gestão de resíduos.
O processo de certificação AQUA-HQE certifica quanto a SGE (Sistema de Gestão do
Empreendimento) para a empresa construtora e QAE (Qualidade Ambiental do Edifício) para
a edificação, este ultimo relacionado a quatro principais temas:
• Para edificações não residenciais: energia (eco-gestão), meio ambiente (ecoconstrução),
saúde e conforto;
• Para edificações residenciais: energia e economias (eco-gestão), meio ambiente (eco-
construção), saúde e segurança, conforto do usuário.
Esses quatro temas estão relacionados ao desempenho de quatorze categorias definidas
no referencial técnico do selo (FUNDAÇÃO VANZOLINI; CERWAY, 2014, p. 12) como
listado abaixo e relacionado no quadro 3.4:
• Relação do Edifício com o seu Entorno;
• Qualidade dos Componentes;
• Canteiro Responsável;
• Gestão da Energia;
• Gestão da Água;
• Gestão dos Resíduos;
• Gestão da Conservação e da Manutenção;
• Conforto Higrotérmico;
• Conforto Acústico;
• Conforto Visual;
• Conforto Olfativo;
• Qualidade dos Espaços;
• Qualidade Sanitária do Ar;
42
3.4.4 BREEAM
Conforme Motta (2009) o BREEAM (Building Establishment Environmental
Assessment Method) foi o primeiro sistema de classificação ambiental das edificações. Ele foi
desenvolvido no Reino Unido para uso no mesmo, por pesquisadores do Building Research
Establishment - BRE e do setor privado. O programa é atualizado no período de no mínimo
três e no máximo cinco anos, sendo a última atualização em 2008. Nesta, o BRE intensificou
os esforços de expansão internacional do BREEAM, visando o uso de seu método de
avaliação por outros países que se interessem na metodologia (BRE, 2008). De acordo com o
BRE existiam em 2008 mais de 700.000 projetos do Reino Unido registrados no BREEAM,
sendo que destes mais de 115.000 edificações já haviam obtido a certificação.
O BREEAM é dividido por categorias de tipo da edificação e de fase em que se
encontra o empreendimento. Os tipos de edificação englobados pela ferramenta são:
• escritórios (BREEAM Offices);
• residências (BREEAM EcoHomes);
• multifamiliares (BREEAM Multi-Residential);
45
f) Práticas sociais.
No que diz aos materiais de construção que contribuem para a sustentabilidade do
empreendimento, a categoria que os engloba indiretamente é “Conservação de recursos
materiais”. Nela, o selo lista 10 critérios de boas práticas, sendo ao todo 3 mandatórios. A
Quadro 3.8 mostra o detalhamento desta categoria.
Quadro 3.8: Critérios relativos à conservação de recursos materiais, Selo Caixa Azul.
3.4.6 Qualiverde
O selo Qualiverde veio como mais um fator de incentivo inserido no contexto da cidade
do Rio de Janeiro. Atuando como sede de grandes eventos, não só a Rio+20 de 2012, mas
também a Copa do Mundo, realizada em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que
acontecerão em 2016, ambos no Rio de Janeiro, a cidade é foco da mira internacional,
devendo assim adotar medidas que demonstrem a preocupação do município com as questões
ambientais e que promovam a imagem positiva do mesmo. Muitos dos projetos desenvolvidos
para receber esses eventos, assim como as exigências dos comitês e organizações
internacionais, envolvem práticas sustentáveis (BARROS; BASTOS, 2015).
48
Quadro 3.9: Ações e pontuação relativos aos materiais no critério Projeto – Qualiverde.
4 PERCURSO METODOLOGICO
De acordo com Marconi e Lakatos (2003), este tipo de pesquisa “não é mera repetição
do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo
enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”.
Dessa forma, este estudo busca abordar o tema da pesquisa baseado em ideias
defendidas por autores que apresentem informações seguras.
Quanto ao método de pesquisa, adotou-se para este estudo o de natureza qualitativa que,
de acordo com Flick (2009):
Consiste na escolha adequada de métodos e teorias convenientes; no reconhecimento
e na analise de diferentes perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de
suas pesquisas como parte do processo de produção de conhecimento; e na
variedade de abordagens e métodos (FLICK, 2009, p23).
• Fase de Concepção
A fase de concepção envolve todos os estudos preliminares, que incluem o estudo de
viabilidade econômica, estudo de legislações, estudo das condições naturais e entorno. É
55
nessa fase que é montado o Programa de Necessidades, que define o padrão da edificação a
ser construída.
Essa etapa é de extrema relevância para a sustentabilidade do empreendimento, por
permitir total liberdade ao empreendedor e profissionais envolvidos na concepção do projeto,
para que busquem aumentar seu desempenho sócio ambiental minimizando os custos e por
influenciar todas as fases seguintes do projeto.
Mais uma vez, é importante salientar que o empreendimento sustentável deve:
• atender as necessidades dos usuários;
• ser economicamente viável para seus investidores;
• ser produzido com técnicas que reduzam o trabalho degradante e inseguro feito pelo
homem (CEOTTO, 2006).
• Harmonização com o entorno
A observação do entorno, seus condicionantes físicos ambientais e as considerações
críticas sobre os marcos legais adotados, por parte do empreendedor, constituem ações a
serem pesadas como parte de uma atitude sustentável para a cidade.
Esta observação do meio e dos condicionantes exógenos, especialmente veiculados a
uma postura sensível ao meio ambiente, suas alterações observadas em função do impacto
gerado pelo empreendimento urbano, atrelado a uma tomada de decisão que considere
criticamente os efeitos de médio e longo prazo no meio, são parte de uma ação sustentável.
Garantir acesso coletivo a um meio ambiente sustentável, premissa de atendimento dos
requisitos que apontam para o equilíbrio entre impacto e lucro, é parte da compreensão de
quão impactante é a ação humana na terra. Nas áreas urbanas, extremamente antropizadas,
esta ação é mais veemente, já que o meio social é um poderoso modificador do meio físico
climático em que vivemos.
Adensamento, verticalização, impermeabilização, alteração da paisagem natural pelo
desmatamento, desvio de cursos d’água, ocupação excessiva e intensiva nos grandes centros
urbanos, alteração de lençóis, poluição e formação de barreiras arquitetônicas ao local,
alterando o clima, o desempenho de ventos dominantes, a produção de espaço artificial em
abundância, a alteração do comportamento das espécies vegetais etc. são fatores que estão
ligados à maneira como administramos o espaço construído em nossas cidades.
Portanto, faz-se necessário considerar, para efeito de produção de cidades sustentáveis,
se são também sustentáveis nossos condicionantes de uso e ocupação do solo e se estes, por
56
de se fazer o uso eficiente da água reverte-se em benefícios para a edificação ao longo de sua
vida útil, especialmente na fase de ocupação, na qual ocorre o maior consumo.
O uso racional consiste no desenvolvimento de sistemas hidráulicos com consumo
eficiente de água durante toda a vida útil do empreendimento, isto é:
• redução da quantidade de água extraída em fontes de suprimento;
• redução do consumo e do desperdício de água;
• aumento da eficiência do uso de água;
• aumento da reciclagem e do reuso de água.
A adoção deste princípio leva aos benefícios que vão desde a redução dos impactos
sócio ambientais e redução de custos na fase de uso e operação até a divulgação da ação com
objetivos comerciais.
• Gestão de energia e emissões
Conceber edificações que ofereçam conforto aos ocupantes, com baixo consumo de
energia, depende do alinhamento entre variáveis climáticas, humanas e arquitetônicas, de
modo que as soluções arquitetônicas aproveitem da melhor forma possível as potencialidades
climáticas locais para atenderem às necessidades humanas de conforto, reduzindo a
necessidade de equipamentos e conseqüente consumo de energia para obtenção de conforto.
A concepção de projetos com alta eficiência energética pode apoiar a estratégia
empresarial de oferecer produtos com diferencial de mercado. Produtos que, por possuírem
menores custos de operação, serão mais valorizados pelos clientes.
• Gestão de materiais e resíduos sólidos
Sob a perspectiva da sustentabilidade, materiais e resíduos devem ser tratados
conjuntamente, uma vez que a correta seleção e utilização de materiais reduzem a geração de
resíduos e os impactos por ela ocasionados.
Existem vários benefícios da especificação correta do sistema construtivo. Dentre eles
está a redução dos custos com a gestão dos resíduos, que consiste na redução do desperdício e
dos custos decorrentes da aquisição de novos materiais, redução de reclamações por parte dos
clientes, devido a patologias no empreendimento no período de garantia. Isso aumenta a
satisfação de clientes e pode melhorar a imagem da empresa. Além disso, existem benefícios
indiretos tanto para o empreendedor, quanto para os clientes, devido ao aumento da
durabilidade do empreendimento e manutenção de seu desempenho, por exemplo. Existem
ganhos até mesmo para a sociedade, com a redução da poluição causada pelo transporte,
estímulo à economia local e aumento da vida útil de aterros sanitários, entre outros.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
• Sem químicos nocivos à saúde humana: evitar uso de materiais que ao serem empregues e
ao longo da sua vida útil libertem químicos, tais como algumas tintas, vernizes e produtos
plásticos.
Ainda em relação aos objetivos do trabalho traremos uma listando materiais que são
úteis e que estão disponíveis para a construção de habitações mais sustentáveis ou mais
ecológicas.
Materiais sustentáveis para construção
• Captação de água de chuva
- Redução no valor da conta de água.
- Serve de reserva em seca ou falta d’água.
- Reduz a necessidade de água para fins não-potáveis no imóvel, como regas de jardins,
lavagem de automóveis e descarga de vasos sanitários.
- Educa ambientalmente quem tem contato com o sistema.
• Cal Ecológica
- Tinta natural mineral e saudável
- Isento de substâncias derivadas de petróleo- Lavável e hidro repelente.
- Pode ser guardada por longos períodos
- Ideal para obras naturais, ecológicas e sustentáveis
• Placas Ecológicas
- Material 100% reciclado pós-consumo
- Baixa absorção de umidade (< 4%)
- Resistente a agentes químicos em geral
- Isolante termo acústico
- Auto extinguível não propaga chamas
- Fácil fixação, não trinca sob a penetração de pregos e parafusos
• Tintas Naturais
- Ecotinta mineral: Pintura ecológica e sustentável de casas, apartamentos, imóveis comerciais
e indústrias em geral.
- Ecotinta Bioargila: Pintura ecológica e sustentável de obras com paredes e características
naturais, rústicas ou de bioarquitetura e permacultura. Ecotinta bioargila é 100% natural.
• Miniestação de tratamento
- Recomendada para qualquer tipo de imóvel.
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- Indicada para casas, edifícios, condomínios, indústrias, parques, casas em áreas de litoral,
chácaras, sítios e fazendas.
- Indicada também para projetos ecológicos e sustentáveis, visando o reuso da água tratada.
• Tijolo Ecológico
É ecológico porque diferentemente do tijolo convencional não precisa ser cozido em fornos,
eliminando assim a utilização de lenha e a derrubada de dez árvores para a fabricação de mil
tijolos. Sem lenha, sem fumaça sem emissão de gases de efeito estufa.
• Telhas Tetra Pak
Antimofo - Antifungo - Não trincam -Não quebram -Máxima resistência a chuva de granizos
100% impermeáveis -Protege até 85% da temperatura solar -Não propagam chamas -Suporta
até 150kgs/m² - Semiacústicas, não propagam som -0% celulose (papel/papelão)
• Concreto Verde
O novo concreto é de alta resistência e ainda usa menos cimento que o tradicional. Ele é bem
competitivo porque em obras de maior dimensão, como edifícios altos, pontes e viadutos,
podem ser usadas peças menores e se economiza nas dimensões de pilares e outras estruturas
de sustentação.
• Piso reciclado
A Locaville desenvolveu uma fibra reciclada a partir do aço. Tecnologia, chamada de Eco
Fibra, é usada na mistura de concreto aplicado aos pisos. Sendo assim a indústria do aço que
emite 1,46 toneladas de CO2 para cada tonelada de aço produzido, não terá mais de fabricar
tanto material.
• Tubulação verde
A Braskem desenvolveu um plástico verde extraído de etanol de cana-de-açúcar é feito 100%
de fontes renováveis. Para cada tonelada de polietileno verde produzido (e a estimativa é de
que se fabrica 200 mil toneladas deles por ano) são capturados e fixadas até 2,5 toneladas de
CO2 na atmosfera, segundo informações da empresa que gastou cerca de R$ 500 milhões na
implementação da planta.
• Madeira Plástica
Opção sustentável altamente resistente imune a pragas, cupins, insetos e roedores, sua
fabricação é feita com diversos tipos de plásticos reciclados e resíduos vegetais de
agroindústrias.
Tendo em mente a grandiosidade da cadeia produtiva da indústria da construção civil,
fica claro que não é possível alcançar o desenvolvimento sustentável sem que a indústria da
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL. Selo Caixa Azul – Boas Práticas para Habitação mais
Sustentável. 2010. Disponível em: http://www.caixa.gov.br/ Downloads/selo_azul/ Selo_
Casa_Azul.pdf>. Acesso em: 02/05/2019.