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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE JOÃO PESSOA (UNIPÊ)

PRÓ-REITORIA ACADÊMICA (PROAC)


CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENGEHARIA CIVIL

BRAZ ALÉCIO NETO

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

JOÃO PESSOA
2019
BRAZ ALÉCIO NETO

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Disciplina TCC II no


curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário de
João Pessoa, como requisito para conclusão da mesma.

Orientador: Profº. Dr. André Luiz Queiroga Reis

JOÃO PESSOA
2019
BRAZ ALÉCIO NETO

SUSTENTABILIDADE NA CONSTRUÇÃO CIVIL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado a Disciplina TCC II no


curso de Graduação em Engenharia Civil do Centro Universitário de
João Pessoa, como requisito para conclusão da mesma.

Orientador: Profº. Dr. André Luiz Queiroga Reis

Aprovado em: 17/06/2019

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________________________
Profº. Dr. André Luiz Queiroga Reis
Orientador – UNIPÊ

_____________________________________________________
Bel. Maria Clara Rodrigues de Lima – UNIPÊ

_____________________________________________________
Bel. Phamella Karoline de Mesquita Bonates – UNIPÊ
A366s Neto, Braz Alécio.
Sustentabilidade na Construção Civil /
Braz Alécio Neto. - João Pessoa, 2018.
70f.

Orientador (a): Prof. André Luiz Queiroga Reis


Monografia (Curso de Engenharia Civil) –
Centro Universitário de João Pessoa – UNIPÊ.

1. Desenvolvimento Sustentável. 2. Sustentabilidade. 3.


Construção Civil. I. Título.

UNIPÊ / BC CDU - 624-1


AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus Pai todo poderoso, Jesus seu filho, Nossa Senhora Aparecida
e aos anjos dos céus por toda a Compaixão, Amor, Sabedoria Força e Fé, sempre me
guardando e guiando pelos melhores caminhos nessa jornada, até conseguir chegar ao fim
deste curso.
Aos meus pais Adilson Alécio, Maria Celeste e meus avós por toda a educação e orações, por
fazerem parte incondicionalmente das minhas dificuldades e das minhas vitórias. Assim
também a todos familiares.
Pela minha filha que chegou para completar essa conquista, a minha companheira e a todos
meus amigos particulares e aos que dividiram comigo esses cinco anos do curso de
engenharia.
Agradeço também ao Estado e ao Governo pela oportunidade de cursar esta faculdade. Ao
meu orientador Prof. Dr. André Luiz Queiroga Reis, pela atenção e orientação e a todos os
professores que foram essenciais compartilhando seus conhecimentos.
RESUMO

Nosso modelo de desenvolvimento é caracterizado pelo alto consumo de recursos naturais e


pela degradação ambiental. As limitações de quantidade de recursos naturais e as mudanças
ambientais e climáticas decorrentes dessas características mostram que esse quadro é
insustentável. A consciência da necessidade de um novo modelo de desenvolvimento que
busque a sustentabilidade se mostra cada vez mais presente na sociedade. No presente
momento a discussão sobre sustentabilidade avança e envolve cada vez mais, profissional de
diversas áreas; e estes, em certos momentos se reúnem para trabalhar em conjunto na busca de
soluções para este desafio proposto. Algumas reflexões sobre o tema, elaboradas por
profissionais do setor da construção civil e órgãos envolvidos com a questão serão resumidas
no decorrer desta monografia. Características de uma construção sustentável interferem
diretamente na relação do homem/meio-ambiente com questões que podem ser minimizadas
quando se resolve investir em um planejamento adequado. As gerações futuras, para as quais
voltamos nossa atenção permitindo tenham recursos para atender suas próprias necessidades,
vão precisar habitar o planeta de forma sustentável, usufruindo o meio ambiente natural,
produzindo alimentos e bens de consumo, comunicando-se, relacionando-se e habitando
residências salubres, seguras e igualmente sustentáveis. Portanto este trabalho objetiva
mostrar que soluções sustentáveis envolvem inúmeros fatores, por isso não devemos enrijecer
nossos conceitos e levar em consideração que ao se almejar executar uma construção
sustentável o projetista levou em consideração fatores que escapam a nós para se analisar com
toda amplitude tal projeto. O importante é que se poderá demonstrar que a construção civil
sustentável é viável, e contribui para a preservação do meio ambiente.

Palavra Chave: Desenvolvimento Sustentável; Sustentabilidade; Construção Civil;


ABSTRACT

Our development model is characterized by high consumption of natural resources and


environmental degradation. The limitations of the quantity of natural resources and the
environmental and climatic changes resulting from these characteristics show that this
framework is unsustainable. The awareness of the need for a new development model that
seeks sustainability is increasingly present in society. At the present moment the discussion
on sustainability advances and involves more and more, professional of diverse areas; and
these, at times, come together to work together to find solutions to this proposed challenge.
Some reflections on the subject, elaborated by professionals of the civil construction sector
and bodies involved with the issue will be summarized in the course of this monograph.
Characteristics of a sustainable construction directly interfere in the man / environment
relationship with issues that can be minimized when resolving to invest in an appropriate eco-
efficient planning. Future generations, to whom we return our attention, allowing them to
have the resources to meet their own needs, will need to inhabit the planet in a sustainable
way, enjoying the natural environment, producing food and consumer goods, communicating,
relating and dwelling healthy, safe and equally sustainable residences. Therefore this work
aims to show that sustainable solutions involve many factors, so we should not stiffen our
concepts and take into account that when aiming to execute a sustainable construction the
designer took into account factors that escape us to analyze this project in full. What is
important is that it will be possible to demonstrate that sustainable civil construction is
feasible, and contributes to the preservation of the environment.

Keyword: Sustainable Development, Sustainability, Building


LISTA DE FIGURAS

Figura 3.1 – Triple Bottom Line..................................................................................... 25


Figura 3.2 – Categorias dos Selos LEED........................................................................37
Figura 3.3 – Categorias de Classificação LEED............................................................. 38
Figura 3.4 – Requisitos da Certificação LEED............................................................... 38
Figura 3.5 – Níveis de Certificação LEED..................................................................... 39
Figura 3.6 – Etapas do Processo de Certificação LEED................................................. 40
Figura 3.7 – Perfil Mínimo de Desempenho AQUA-HQE ............................................44
Figura 3.8 – Processo de Certificação AQUA-HQE.......................................................45
Figura 3.9 - Processo de avaliação, ponderação e classificação do BREEAM.............. 46
LISTA DE QUADROS

Quadro 3.1 - Dimensão ambiental: Descrição das práticas de sustentabilidade no


ambiente construído............................................................................................................ 26
Quadro 3.2 - Dimensão Social: Descrição das práticas de sustentabilidade no
ambiente construído............................................................................................................ 28
Quadro 3.3 - Dimensão econômica: Descrição das práticas de sustentabilidade no
ambiente construído ........................................................................................................... 29
Quadro 3.4 - Agrupamento: Temas e Categorias AQUA-HQE.......................................... 42
Quadro 3.5 - Atribuição de Estrelas por Categoria AQUA-HQE ...................................... 42
Quadro 3.6 - Níveis Globais AQUA-HQE ........................................................................ 43
Quadro 3.7 - Níveis de gradação do Selo Caixa Azul ........................................................ 43
Quadro 3.8 - Critérios relativos à conservação de recursos materiais, Selo Caixa Azul.... 44
Quadro 3.9 - Ações e pontuação relativos aos materiais no critério Projeto (Qualiverde)..45
LISTA DE SIGLAS

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas


ANAB Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica
ACV Análise de Ciclo de Vida
AQUA Alta Qualidade Ambiental
AsBEA Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura
BedZED Beddington Zero Energy Development
BEPAC Critérios de Avaliação de Desempenho Ambiental do Edifício
BIM Building Information Modeling
BRE Building Research Establishment
BREEAM Método de Avaliação Ambiental do Instituto de Pesquisa de Edifícios
CASBEE Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency
CBCS Conselho Brasileiro de Construção Sustentável
CIB Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção
CPDS Comissão de Políticas de Desenvolvimento Sustentável
FCAV Fundação Carlos Alberto Vanzolini
GBCBrasil Green Building Council Brasil
HQE Haute Qualité Environnementale
IDHEA Instituto para o Desenvolvimento da Habitação Ecológica
IPCC Painel de Mudanças Climáticas
IQNet Rede de Certificação Internacional
ISO International Organization for Standardization
LEED Leadership in Energy and Environmental Design - Liderança em Energia e Design
Ambiental
NABERS National Australian Buildings Environmental Rating System
NBR Norma Brasileira Registrada
ONU Organização das Nações Unidas
PBACV Programa Brasileiro de Avaliação de Ciclo de Vida
PBE Edifica Programa Brasileiro de Etiquetagem
PBQP-H Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat
PPCS Plano de Ação para Produção e Consumo Sustentáveis
QAE Qualidade Ambiental do Edifício
RCD Resíduos de construção e demolição
SGE Sistema de Gestão do Empreendimento
SGQ Sistema de Gestão para Qualidade
SiAC Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas de Serviços e Obras
Sinat Sistema Nacional de Avaliações Técnicas
TBL Triple Bottom Line
TGS Teoria Geral de Sistemas
UNCED United Nation Conference on Environment and Development
UNEP United Nations Environment Programme
UNIPÊ Centro Universitário de João Pessoa
USBCG United States Green Building Council
USGBC Conselho Estadunidense de Construções Verdes
WBCSD Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável
CEBDS Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável
WCED Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18
2 OBJETIVOS ........................................................................................................................ 20
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................................... 20
2.2 Objetivos Específicos ......................................................................................................... 20
3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 21
3.1 Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade .............................................................. 21
3.2 Construção Sustentável....................................................................................................... 25
3.3 Órgãos Fomentadores e Certificadores .............................................................................. 32
3.3.1 WBCSD ........................................................................................................................... 32
3.3.2 USGBC ............................................................................................................................ 33
3.3.3 GBC Brasil ...................................................................................................................... 34
3.3.4 Fundação Vanzolini ......................................................................................................... 34
3.4 Ferramentas Aplicadas a Sustentabilidade na Construção Civil ........................................ 35
3.4.1 Certificações de desempenho ambiental.......................................................................... 35
3.4.2 LEED ............................................................................................................................... 37
3.4.3 AQUA-HQE .................................................................................................................... 40
3.4.4 BREEAM ........................................................................................................................ 44
3.4.5 Selo Caixa Azul ............................................................................................................... 46
3.4.6 Qualiverde ....................................................................................................................... 47
3.4.7 Análise de Ciclo de Vida (ACV) ..................................................................................... 49
4 PERCURSO METODOLOGICO ..................................................................................... 52
4.1 Caracterização da Pesquisa................................................................................................. 52
4.2 Técnica de Pesquisa ............................................................................................................ 53
4.3 Instrumento de Coletas de Dados ....................................................................................... 53
4.4 Análise dos Dados .............................................................................................................. 54
4.5 Quesitos aplicáveis para obras sustentáveis ....................................................................... 54
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES ...................................................................................... 61
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 66
18

1 INTRODUÇÃO
A indústria da construção civil tem sido motivo de discussões quanto à necessidade de
se buscar o desenvolvimento sustentável por apresentar-se como grande consumidora de
recursos naturais e geradora de uma elevada quantidade de resíduos (Souza et al, 2004).
Segundo Barreto (2005), a construção civil é uma indústria que produz grandes
impactos ambientais, desde a extração das matérias-primas necessárias à produção de
materiais, passando pela execução dos serviços nos canteiros de obra até a destinação final
dada aos resíduos gerados, ocasionando grandes alterações na paisagem urbana,
acompanhadas de áreas degradadas.
O setor da construção tem importância significativa no desenvolvimento de nossa
sociedade, pois é responsável pela implantação de moradias para as diversas classes sociais,
edifícios públicos e privados, infraestrutura de base, saneamento básico, transporte e espaços
públicos, com o objetivo de prover moradia, educação, trabalho, saúde e lazer. A construção
civil emprega muito, movimenta grandes somas de dinheiro e recursos, causa grandes
impactos ao ambiente natural e urbano e seu produto final possui ciclo de vida
consideravelmente longo.
A demanda pelo ambiente construído vai exigir um acentuado crescimento do setor:
estima-se que a indústria de materiais para a construção civil cresça no mundo duas vezes e
meia entre 2010 e 2050, e a expectativa no Brasil é que o setor dobre de tamanho até 2022
(JOHN & AGOPYAN, 2011).
A indústria da construção civil possui uma parcela significativa na economia mundial
e brasileira, representando 6,2% do PIB do país, segundo dados do IBGE de 2014. Segundo
Brasileiro e Matos (2015), esta indústria é uma das que mais contribuem para o
desenvolvimento econômico e social, porém “a cadeia produtiva da construção civil consome
entre 20 e 50% dos recursos naturais de todo o planeta”. Devido a este número alto de
participação suas atividades e seus impactos são refletidos diretamente no meio ambiental e
social em que estão inseridas.
O setor da Construção Civil é formado por um conjunto de processos e atividades que
geram elevados índices de impacto ambiental, social e econômico no planeta, considerando o
meio ambiente como um local de obtenção de matéria-prima e destinação de resíduos.
Atualmente, a construção civil está entre as atividades humanas que mais causam impactos
ambientais.
19

De acordo com Agopyan e John (2011), a cadeia produtiva da Construção Civil é


responsável pela transformação do ambiente natural no ambiente construído, que precisa ser
permanentemente atualizado e mantido.
Segundo Valente (2009), a humanidade preocupou-se tão somente com a produção e
consumo, superestimando a capacidade do planeta de assimilar a exploração dos recursos
naturais, que as consequências acabaram surgindo com o aumento da poluição sonora, a
degradação ambiental, o êxodo rural e o crescimento desordenado nas cidades que são
presentes até hoje.
Segundo dados da Associação Nacional de Arquitetura Bioecológica (ANAB) no
Brasil, cerca de 50% dos recursos extraídos da natureza são destinados a este setor. E
especificamente no caso do Brasil, a Construção Civil consume cerca de 40% dos recursos
naturais e energia produzida, 34% da água, 55% de madeira não certificada, além de
responder pela produção de 67% dos resíduos sólidos urbanos.
Considerando o tamanho e a importância dos seus impactos, a indústria da construção
pode e deve contribuir com a busca de um desenvolvimento sustentável.
De acordo com Sousa (2015), a sustentabilidade pode ser definida através de “
atividades e ações humanas que têm como objetivo sustentar os interesses humanos, porém
sem colocar em risco as gerações futuras”. As práticas sustentáveis estão relacionadas com o
desenvolvimento econômico sem agressão ao meio ambiente, utilizando recursos naturais de
maneira perspicaz fazendo com que estes mesmos recursos se mantenham futuramente,
resultando em um desenvolvimento sustentável.
A sustentabilidade é um conceito que, aplicado à construção civil, visa a mitigação dos
problemas causados pelos métodos arcaicos que ainda imperam no setor. Tendo em vista isto,
alguns setores da sociedade têm se disposto a buscar métodos e tecnologias que possibilitem a
construção sustentável, tornando-a ecologicamente correta, socialmente justa e
economicamente viável.
Por essa razão, vêm-se pensando cada vez mais na adequação dos empreendimentos
para que atinjam a melhor integração possível com o meio no qual estão inseridos. A partir
deste pensamento surge o conceito de sustentabilidade na construção, visando otimizar as três
principais etapas de uma edificação, o projeto, a execução, e a manutenção e uso.
20

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral


Apresentar como sugestão práticas de sustentabilidade em empreendimentos relacionados ao
uso racional dos recursos naturais empregados na construção civil.

2.2 Objetivos Específicos


• Discutir o conceito de sustentabilidade e sua aplicação no setor da construção civil;
• Realizar estudo sobre o conceito de construção sustentável;
• Relacionar práticas para promover a sustentabilidade em projetos na construção civil.
• Comparar diretrizes de projetos sustentáveis na construção civil.
21

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 Desenvolvimento Sustentável e Sustentabilidade


O surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável veio da percepção do
problema do desenvolvimento da nossa civilização. Esse problema possui escala global.
Portanto, apesar da busca de ações locais direcionadas a sustentabilidade, deve-se sempre ter
no horizonte a relação com o processo global.
A ONU adota desde 1983 o conceito formal de desenvolvimento sustentável como
“aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as
gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades”.
As estratégias de busca do desenvolvimento sustentável devem atuar em três dimensões:
ambiental, sociocultural e econômico (ELKINGTON, 1994). Segundo o autor, o objetivo do
desenvolvimento sustentável é o equilíbrio entre as dimensões ambiental, sociocultural e
econômica, sendo definidas como meta, ações “ambientalmente responsáveis, socialmente
justas, economicamente viáveis”, definidas como triple bottom line.
Do ponto de vista histórico, vários marcos científicos contribuíram para percepção da
insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento (MEBRATU, 1998;
GAUZINMULLER, 2002; SZABÓ, 2005; UNITED NATIONS, 2008; UNEP, 2008).
Em 1968, Clube de Roma, reunião de intelectuais que procuravam fazer projeções para
o futuro, publica The limits of growth (Os limites do crescimento). O estudo contrapõe o
crescimento exponencial da população diante da finitude dos recursos do planeta, e conclui
que isto provocaria uma crise sem precedentes na história humana.
Em 1972, a ONU realiza a Conference on the Human Environment (Conferência sobre
o meio ambiente humano) em Estocolmo. Na conferência discutiram-se as responsabilidades
dos países ricos, com o consumismo exagerado, e dos países pobres, com a explosão
demográfica, na situação ambiental. A declaração da conferência trata do direito das gerações
futuras e da atual do usufruto criterioso dos recursos naturais para evitar seu esgotamento.
Na década de 80 é publicado o livro Ecodevelopment (Ecodesenvolvimento) de Ignac
Sachs, no qual se propõe o desenvolvimento baseado em três pilares: eficiência econômica,
justiça social e prudência ecológica.
Em 1983, a ONU cria a Comissão Mundial sobre Ambiente e Desenvolvimento
(WCED) e adota formalmente seu conceito de desenvolvimento sustentável. Essa comissão
tinha como objetivo propor estratégias de longo prazo para alcançar um desenvolvimento
22

sustentável por volta do ano 2000. Em 1987, o WCED publica um relatório Our common
future (Nosso futuro comum) também conhecido como relatório Brundtland. O relatório
conclui que o uso excessivo dos recursos naturais é um processo que vai provocar o colapso
dos ecossistemas, e propõe que a busca de soluções seja tarefa comum a toda humanidade. A
comissão recomenda a convocação de uma conferência sobre esses temas.
Em 22 de dezembro de 1989, a ONU aprova em assembléia extraordinária, uma
conferência sobre meio ambiente e desenvolvimento, dando início a Agenda 21.
Em 1992 é realizada a Cúpula da Terra, segunda conferência ambiental realizada pela
ONU, a United Nation Conference on Environment and Development – UNCED. Ela
acontece no Rio de Janeiro e fica conhecida como Eco’92 ou Rio’92, reunindo 108 chefes de
estados. Na conferência é colocado que “a humanidade se encontra em um momento de
definição histórica”. São discutidos planos de ações para preservar os recursos do planeta e
maneiras de eliminar o abismo entre os países desenvolvidos e os em desenvolvimento. As
nações desenvolvidas defendiam o direito a um ambiente saudável, enquanto que as em
desenvolvimento destacavam a necessidade destas se desenvolverem. Como resultado da
WNCED, tem-se o documento da Agenda 21, com 2500 recomendações de estratégias de
conservação do planeta e metas de exploração sustentável dos recursos naturais que não
impeçam o desenvolvimento de nenhum país.
A Agenda 21 estabeleceu a importância de cada país se comprometer, global e
localmente, na reflexão sobre a forma pela qual governos, empresas, organizações não
governamentais e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para
um desenvolvimento sustentável. Cada país desenvolveu a sua Agenda 21, que é um plano de
ação para ser adotado por governos e pela sociedade civil, em todas as áreas em que a ação
humana impacta o meio ambiente. No Brasil as discussões foram coordenadas pela Comissão
de Políticas de Desenvolvimento Sustentável - CPDS.
Em 1997, diante da consciência do aumento do efeito estufa e do temor de sua
consequência, o aquecimento global, foi assinado o tratado ambiental mais ambicioso da
história, o Protocolo de Kyoto. O protocolo previa que os 35 países industrializados
signatários reduzissem em 5% suas emissões de gases em relação ao nível de 1990 no período
de 2008 a 2012.
Em 2007 o Painel de Mudanças Climáticas da ONU, IPCC, ganha o Nobel da Paz,
devido aos seus estudos que geraram conhecimento sobre o problema climático e indicaram as
bases das medidas necessárias para enfrentar a crise. O prêmio foi dividido com o Americano
23

com Al Gore, pelo seu papel na divulgação da ameaça causada pelo aquecimento global. A
partir deste momento, a sustentabilidade ganha nova dimensão de percepção e aceitação pela
sociedade.
O tema de sustentabilidade tem um peso cada vez mais crescente na construção civil,
uma vez que esta é um agente ativo na destruição dos recursos do nosso planeta. Inúmeras
pesquisas veem sendo feita para a descoberta de tecnologias mais viáveis, visando reduzir o
impacto ambiental causado. A definição de estratégias para minimização do uso de recursos
não renováveis, economia de energia e redução de resíduos de construção, em especial,
passou a ser amplamente estimulada pelos governos, instituições de pesquisa e pelo setor
privado de diversos países.
De acordo com Sousa (2015), a sustentabilidade pode ser definida através de atividades
e ações humanas que têm como objetivo sustentar os interesses humanos, porém sem colocar
em risco as gerações futuras. As práticas sustentáveis estão relacionadas com o
desenvolvimento econômico sem agressão ao meio ambiente, utilizando recursos naturais de
maneira perspicaz fazendo com que estes mesmos recursos se mantenham futuramente,
resultando em um desenvolvimento sustentável.
Yemal (2011) afirma que o pensamento sustentável é uma filosofia que faz com que as
pessoas procurem melhorias para o meio ambiente sem deixar de lado os benefícios
econômicos oriundos destas melhorias. Outro ponto de vista trazido pelo autor é no âmbito
empresarial, pois uma parcela crescente dos empresários está preocupando-se mais com este
assunto, pois surgem novas oportunidades de negócios e que podem resultar em lucratividade,
incentivando a inovação e, por consequência, a competitividade.
Para Techio (2016), a dificuldade de entender o conceito de sustentabilidade está ligada
diretamente com a distância das pessoas em relação a este assunto, estabelecendo uma
dificuldade para executar atividades sustentáveis. Esta dificuldade é resultado de uma
inexistência de acordo conceitual sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável entre
as diversas áreas, como: engenharia, economia, ciências sociais, etc. Desta maneira, é
necessário que este assunto seja tratado de forma ampla, de maneira que englobe as condições
humanas, a preservação dos recursos naturais e a eficiência econômica.
Por ser uma atividade fundamental, Sousa (2015) diz que a responsabilidade ambiental
deve começar desde ações menores e individuais, como coleta seletiva de lixo, economia de
água, uso de transporte coletivo, evitar sacolas plásticas, entre outras, até ações grandes e
empresariais evitando poluição de água, ar e solo, queimadas, desmatamento e geração de
24

resíduos sólidos. Neste contexto, segundo o autor, a sustentabilidade se apoia em três bases:
ambiental, econômico e social, ou seja, todas as ações que envolvam a sustentabilidade devem
ter como objetivos principais a preservação da biodiversidade e dos ecossistemas, ser
economicamente possível e assegurar que esta ação atinja todos.
Junior (2013) afirma que melhorar a sustentabilidade dos processos em todos os setores
e processos produtivos é uma estratégia vital para conseguir manter os recursos naturais para
o futuro, baseando-se em utilizar energias renováveis, tecnologias limpas e, principalmente,
proteger o meio ambiente.
Do ponto de vista histórico, vários marcos científicos contribuíram para percepção da
insustentabilidade do atual modelo de desenvolvimento
Em 1990 foi lançado na Inglaterra o primeiro sistema de avaliação ambiental de
construções do mundo, o BREEAM (Building Research Establishment Environmental
Assessment Method, que sistema certifica a construção com um selo “verde”, Motta (2009).
Já em 1999, o USBCG (United States Green Building Council) cria o selo de
certificação LEED (Leadership in Energy and Environmental Design). O programa traz
incentivos financeiros e econômicos para o mercado de construções verdes do EUA.
Em 2001 é finalizada uma obra de referência em construções sustentáveis, o BedZED
(Beddington Zero Energy Development), na Inglaterra. É um condomínio de 100 casas e
escritórios que consome 10% da energia de uma urbanização convencional.
Em 2002, a França lança seu programa de certificação de construções ambientais, o
HQE (Haute Qualité Environementale). O Japão também lança seu programa de certificação,
o CasBee (Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency).
Em 2006, o arquiteto Norman Foster projeta a Cidade Carbono Zero ou Masdar City. O
projeto é um complexo de edificações residenciais, comerciais, culturais e de serviço, em uma
área de seis milhões de metros quadrados, sendo construída em Abu Dhabi. Sua finalização
está prevista para 2009, e está sendo considerada a primeira cidade sustentável do mundo. A
Masdar City não vai ter carro, não vai utilizar energia proveniente do petróleo e vai
reaproveitar todos resíduos gerados na própria cidade.
Em 2007 é criado o Green Building Council Brasil (GBCBrasil), que tem como objetivo
ser referência na avaliação e certificação de construções sustentáveis no Brasil, através da
regionalização da ferramenta de avaliação LEED.
Conforme explica Motta (2009), ainda em 2007 é criado o Conselho Brasileiro de
Construção Sustentável (CBCS), cujo objetivo é incentivar conceitos e práticas sustentáveis
25

na construção civil. O CBCS não pretende certificar edificações. Também em 2007 foi
lançado o selo Ecológico Falcão Bauer, para produtos e tecnologias sustentáveis.
Em 2008 é lançado o selo brasileiro de certificação ambiental AQUA (Alta Qualidade
Ambiental), baseado na certificação francesa HQE.
Segundo Dinamarco (2016), no ano de 2010 a Caixa Econômica Federal criou o Guia
de Sustentabilidade Ambiental do Selo Casa Azul. Este guia tem a finalidade de instruir
profissionais, estudantes e empresas voltadas para área de construção civil a desenvolver
projetos sustentáveis com o objetivo final de aquisição do Selo Casa Azul.

3.2 Construção Sustentável


De acordo com Conselho Internacional para a Pesquisa e Inovação em Construção –
CIB, a construção sustentável deve partir de um “processo holístico para restabelecer e manter
a harmonia entre os ambientes naturais e construídos e criar estabelecimentos que confirmem
a dignidade humana e estimulem a igualdade econômica”.
A construção sustentável é aquela comprometida com o desenvolvimento
sustentável. Seus conceitos e práticas são usualmente relacionados a ações e metas
previstas nos meios decisórios do desenvolvimento sustentável, devendo ser uma
resposta a estas. As Agendas 21, incluindo a definida pela ONU e as diferentes
iniciativas nacionais,regionais, locais e setoriais, são o principal meio decisório
destas ações e metas. E estas são normalmente entendidas a partir da integração das
dimensões ambientais, sociais e econômicas (triple bottom line). (MOTTA, 2009)

Conceitos e práticas da sustentabilidade no ambiente construído foram relacionados por


Silva (2003) às três dimensões do triple bottom line e também a uma dimensão institucional.
Figura 3.1 – Triple Bottom Line

Fonte: Adaptado de Foladori (2002)


26

A dimensão institucional, diz Motta (2009), procura fortalecer os esforços para


sustentabilidade, dentro e fora de uma indústria específica e, também, a Agenda 21. Os
quadros 3.1, 3.2 e 3.3 ilustram esses conceitos, relacionando o modelo de desenvolvimento e
construção sustentável pertinentes e previstos na Agendas 21, com as possibilidades de ações
e práticas da construção civil, separados nas três dimensões do triple bottom line.
Dimensão Ambiental
Na dimensão ambiental, a sustentabilidade busca um “equilíbrio entre proteção do
ambiente físico e seus recursos, e o uso destes recursos de forma a permitir que o planeta
continue a suportar uma qualidade de vida aceitável” (CIB et al., 2002).
Portanto, o valor ambiental do ambiente construído está relacionado com seu impacto
ao meio ambiente. Pode-se dar um significado objetivo aos impactos e consequentemente ao
valor ambiental, através da avaliação e mensuração desse impacto. O principal método de
avaliação é a análise do ciclo de vida ou ACV (Motta, 2009).

Quadro 3.1 - Dimensão ambiental:

Fonte: (adaptado de SILVA, 2003).


27

Dimensão Social
Na dimensão social se busca o “desenvolvimento de sociedades justas, que
proporcionem oportunidades de desenvolvimento humano e um nível aceitável de qualidade
de vida” (CIB et al., 2002).
Motta (2009) explica que o valor social da sustentabilidade deve ser mais importante em
países em desenvolvimento que buscam aumentar a qualidade de vida de sua população, do
que em países desenvolvidos, que já alcançaram o bem-estar social. Segundo Silva (2005
apud Motta, 2009), os indicadores do desempenho social devem retratar as consequências da
atividade econômica da empresa e, ou empreendimento. Este valor deve considerar o impacto
global sobre toda sociedade, incluindo os empregados, empreiteiros e subcontratados,
fornecedores, clientes e comunidade.
No entanto ainda não existe um conceito formal e único do valor social, comenta Araújo
(2006). Algumas propostas indicam o valor social de uma empresa ou empreendimento como
aqueles que através de programas consistentes, geram e disseminam conhecimento e
promovem o crescimento tanto da organização quanto de todos os públicos que exercem
influência ou são influenciados pela empresa (Bueno et al., 2002). Esses valores devem prever
práticas para atendimento da comunidade, incluindo e indo além dos obrigatórios por lei.
Deste modo é importante a incorporação em uma empresa e empreendimento de valores
sociais na missão, na cultura e na mentalidade dos dirigentes e colaboradores, visando o bem-
estar da população, pois o próprio sucesso desses depende da sociedade a qual pertencem
(Felix 2003).
Para dar um significado objetivo ao desempenho e valor social das empresas, algumas
entidades buscam indicadores específicos. No Brasil, podemos destacar o indicador de
Responsabilidade Social Empresarial do Instituto ETHOS. No entendimento do instituto, a
responsabilidade social é um valor que indica “o comprometimento permanente dos
empresários de adotar um comportamento ético e contribuir para o desenvolvimento
econômico, melhorando simultaneamente a qualidade de vida de seus empregados e de suas
famílias, da comunidade local e da sociedade como um todo” (Custodio e Moya, 2007).
O índice ETHOS busca auxiliar as empresas no aprofundamento da responsabilidade
social e comprometimento com o desenvolvimento sustentável. Desenvolvido desde 1999,
existem ferramentas e índices específicos para vários setores da economia. O setor da
construção civil possui um índice ETHOS desde 2005 (Motta, 2009).
28

Quadro 3.2 - Dimensão Social:

Fonte: (adaptado de SILVA, 2003).

Dimensão Econômica
“Na dimensão econômica, a sustentabilidade busca um sistema econômico que facilite o
acesso a recursos e oportunidades e o aumento de prosperidade para todos, dentro dos limites
do que é ecologicamente possível e sem ferir os diretos humanos básicos” (CIB/UNEP-IETC,
2002). Assim, ela reconhece a necessidade do consumo para o alcance do bem-estar e da
prosperidade, considera a lógica de produção de bens de consumo, incorporando o uso
eficiente dos recursos.

O valor econômico pode então ser associado a uma melhoria nas práticas de produção,
que busquem produtividade, menor consumo de recurso, durabilidade, viabilidade,
competitividade econômica e empresarial, que leve a um crescimento sustentável do padrão
29

real de vida da população, com aceitável justiça distributiva. O principal conceito que
influencia estas questões é a qualidade. Landau (1992).

Quadro 3.3 - Dimensão econômica

Fonte: (adaptado de SILVA, 2003).

A sustentabilidade, com suas múltiplas implicações, deve ser buscada em todas as


esferas das ações correlatas ao sistema da construção civil. A base para a sustentabilidade na
construção é alinhar ganhos ambientais e sociais com os econômicos, daí a necessidade e
importância de inovações.
O primeiro passo para a sustentabilidade na construção é o compromisso das empresas
da cadeia produtiva a criarem as bases para o desenvolvimento de projetos efetivamente
sustentáveis. As ações do Programa Construção Sustentável incluem:
30

• Mapear e disseminar, ao longo da cadeia produtiva da construção, sistemas


construtivos e ferramentas de projetos que reduzam as perdas de materiais em seus processos.
• Atuar no âmbito do Ministério de Meio Ambiente, por meio do Plano de Ação para
Produção e Consumo Sustentáveis (PPCS), para que as contratações públicas e privadas
privilegiem a compra de produtos e sistemas com melhor desempenho ambiental. Para esse
fim, será necessário definir e implementar critérios de desempenho ambiental, que
contemplem a logística e o transporte de produtos e materiais, além de ferramentas de
mensuração, nas licitações públicas. Nesse sentido, o estímulo ao uso de informações e
ferramentas de simulação de desempenho ambiental e avaliação de ciclo de vida para
materiais e sistemas, ao longo da cadeia produtiva da construção, vai permitir identificar
aqueles fornecedores materiais e sistemas que apresentem produtos mais ecoeficientes e que
incluam durabilidade e/ou apresentem maior conteúdo de matéria-prima residual.
• Contribuir para a formação de banco de dados públicos, a partir de 2014, com
informações técnicas e declarações ambientais dos sistemas, produtos e matérias-primas
brasileiras utilizados na cadeia produtiva da construção. As informações seriam fornecidas
por cada setor da indústria de materiais, em datas compatíveis com os acordos internos de
cada cadeia produtiva.
• Fomentar a pesquisa, o desenvolvimento e a inovação de novos materiais,
componentes e sistemas construtivos com menor impacto ambiental. Este estímulo deve
combinar o financiamento à pesquisa e inovação, à formação de recursos humanos e também
a empreendimentos públicos e privados que adotem essas novas tecnologias. Essas políticas
públicas devem promover ainda a formação de profissionais, ao longo da cadeia produtiva da
construção, capazes de desenvolver tecnologias de materiais e de sistemas sustentáveis.
• Promover e implementar iniciativas de capacitação de empresas em toda a cadeia
produtiva, para compra responsável de madeira legal, com elaboração de material didático e
implementação de treinamentos.
• Reforçar no programa a obrigatoriedade da compra de produtos em conformidade com
as Normas ABNT (PSQs do SiMAC/PBQP-H), visando garantir padrões mínimos de
qualidade e isonomia competitiva.
• O Programa Construção Sustentável visa contribuir com o aperfeiçoamento e a
implementação efetiva do Programa Brasileiro de Avaliação de Ciclo de Vida (PBACV), no
âmbito do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior/Inmetro. Há uma
necessidade do sistema incorporar metodologias simplificadas de ACV, capazes de serem
31

rapidamente absorvidas pela indústria, em grande escala, e cujos resultados sejam compatíveis
com os modelos BIM (Building Information Modeling). Essa ação deve resultar na
implementação de um sistema de avaliação dos impactos ambientais na produção e consumo
de bens e serviços no país capaz de:
- Organizar, armazenar e disseminar informações padronizadas sobre inventários do
ciclo de vida da produção industrial brasileira;
- Disponibilizar e disseminar a metodologia de elaboração de inventários brasileiros;
- Elaborar os inventários-base da indústria brasileira;
- Apoiar o desenvolvimento de massa crítica em Avaliação de Ciclo de Vida (ACV);
- Disseminar e apoiar mecanismos de disseminação de informações sobre o pensamento
do ciclo de vida;
- Intervir e influenciar nos trabalhos de normalização internacional e nacional,
relacionados ao tema, e identificar as principais categorias de impactos ambientais para o
Brasil.
O Conselho Brasileiro de Construção Sustentável (CBCS) e Associação Brasileira dos
Escritórios de Arquitetura (AsBEA), apresentam algumas práticas para sustentabilidade na
construção, sendo as principais:
• aproveitamento de condições naturais locais;
• utilizar mínimo de terreno e integrar-se ao ambiente natural;
• implantação e análise do entorno;
• não provocar ou reduzir impactos no entorno – paisagem, temperaturas e concentração de
calor, sensação de bem-estar;
• qualidade ambiental interna e externa;
• gestão sustentável da implantação da obra;
• adaptar-se às necessidades atuais e futuras dos usuários;
• uso de matérias-primas que contribuam com a eco-eficiência do processo;
• redução do consumo energético;
• redução do consumo de água;
• reduzir, reutilizar, reciclar e dispor corretamente os resíduos sólidos;
• introduzir inovações tecnológicas sempre que possível e viável;
• educação ambiental: conscientização dos envolvidos no processo.
32

MOTTA e AGUILAR (2008) fizeram uma síntese dos principais conceitos relacionados
com a sustentabilidade. Foi observado que a sustentabilidade deve estar presente em todas as
fases do ambiente construído, sendo estas:
• idealização;
• concepção;
• projeto;
• construção;
• uso;
• manutenção;
• final de vida útil.
De acordo com os autores, as principais práticas adotadas são:
• planejamento correto, considerando desde a implantação do edifício no local, com as
dimensões sociais, culturais e de impacto ambiental, até a técnica e métodos construtivos que
permitam uma melhor qualidade e maior eficiência construtiva;
• conforto ambiental e eficiência energética, promovendo uso do edifício com conforto
térmico, visual, acústico e salubridade, com baixo consumo de energia, usando
preferencialmente as possibilidades de condicionamento passivo nos ambientes;
• eficiência no consumo de água, considerando baixo consumo, aproveitamento de águas de
chuvas, reutilização, recuperação e minimização da geração de resíduos;
• eficiência construtiva, com materiais, técnicas e gestão que permitam um desempenho ótimo
da edificação com durabilidade, e que possuam, quando analisados em toda cadeia produtiva,
práticas sustentáveis de extração, produção e reciclagem;
• eficiência em final da vida útil da construção, adotando atitudes de reciclagem,
aproveitamento dos resíduos da demolição e de desconstrução, que é um processo de
desmanche cuidadoso do edifício de modo a preservar seus componentes para reuso e
reciclagem.

3.3 Órgãos Fomentadores e Certificadores


3.3.1 WBCSD
O Conselho Empresarial Mundial para o Desenvolvimento Sustentável (WBCSD),
representado pelo CEBDS no Brasil, é a mais importante instituição em sustentabilidade
empresarial no mundo. Uma associação formada por cerca de 200 empresas com o objetivo de
33

unir a comunidade empresarial global com o propósito de criar um futuro sustentável para os
negócios, a sociedade e o meio ambiente.
Cada empresa membro é representada pelo seu presidente ou diretor executivo
correspondente.
Através de seus membros, o conselho aplica seu ideal de liderança e sua advocacia
para gerar soluções construtivas e tomar parte em ações que direcionem os negócios à
sustentabilidade. O WBCSD visa ser referência de liderança do mercado que irá apoiar
empresas a aumentar seus níveis de sustentabilidade através de valores e soluções
empresariais, onde o cenário será de reconhecimento e sucesso para tais companhias. A sede
fica em Genebra, na Suíça, onde se encontra o comitê executivo e alguns de seus membros a
quem são delegadas as funções administrativas e estratégicas em um contexto global.
Em um contexto global, a organização ainda conta com uma rede de conselhos
nacionais, regionais e organizações parceiras envolvendo milhares de líderes de mercado,
sendo mais de 60% destes em economias emergentes e países em desenvolvimento, como
exemplo dado anteriormente, o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento
Sustentável (WBCSD; CEBDS, 2010).

3.3.2 USGBC
O Conselho Estadunidense de Construções Verdes (USGBC), uma organização sem
fins lucrativos fundada nos anos 1990, é a coalisão dos líderes de cada um dos setores da
indústria da construção trabalhando para promover locais ambientalmente responsáveis,
rentáveis, e saudáveis para se viver, estudar e trabalhar. Os membros do USGBC representam
mais de 15000 organizações e 55 profissões, variando de profissionais imobiliários,
proprietários e gerentes de condomínio à advogados, arquitetos, engenheiros e construtores
(USGBC, 2014, p. 87).
A atual missão do conselho é transformar o modo através do qual as construções e
comunidades são projetadas, construídas e operadas, permitindo um meio ambientalmente e
socialmente responsável, saudável e prospero que melhore a qualidade de vida. Hoje o
conselho tem sua sede em Washington, D.C., e conta com um equipe de dedicação exclusiva
aos seus fins e uma comunidade de voluntários para o desenvolvimento de novos produtos,
serviços e programas em várias áreas de trabalho.
A comunidade verde compreende organizações membro que constantemente
participam de fóruns e eventos para a troca de informações, e ainda, existem as filiais
34

regionais e estaduais do conselho que promovem localmente a sua missão. Esse conjunto
intervém politicamente e socialmente acelerando a adoção de iniciativas privadas e políticas
públicas que permitam e encorajem uma transformação do mercado em direção a um meio
construído sustentavelmente.
O conselho também disponibiliza programas educacionais e materiais sobre design
verde, construção e operações através de treinamentos dirigidos, seminários, cursos online e
publicações, fazendo com que aprender sobre construções verdes seja acessível a todos
(USGBC, 2014, p. 88-89).

3.3.3 GBC Brasil


O Green Building Council Brasil é o parceiro nacional do USGBC dos Estados
Unidos, membro fundador do Conselho Mundial de Construções Verdes (WORLD GBC). O
seu principal objetivo é ser a referência em construção sustentável no país liderando a vasta e
efetiva aplicação de seus conceitos através de quatro principais planos de ação, a educação, a
informação, a certificação e o fomento.
Dentre as atividades que compõe estes planos destaca-se a capacitação dos
profissionais dos vários elos do setor, a compilação e divulgação de práticas em destaque
relacionadas as tecnologias, materiais, processos e procedimentos operacionais, a promoção
da certificação LEED adaptada a realidade do Brasil, e a atuação proativa junto a
organizações governamentais ou privadas para promover políticas públicas de fomento ao
setor das construções sustentáveis (GBC BRASIL, 2015).

3.3.4 Fundação Vanzolini


A fundação é uma instituição de caráter privado e sem fins lucrativos, associada à
Universidade de São Paulo, através do Departamento de Engenharia de Produção da Escola
Politécnica. Os professores deste departamento são os criadores, sustentadores e gestores da
instituição que tem como objetivo o desenvolvimento e disseminação de conhecimentos
científicos e tecnológicos pertinentes à engenharia de produção, à administração industrial, à
gestão de operações e outras atividades relacionadas.
O desempenho de suas atividades é dividido em quatro principais vertentes de atuação,
a educação através de cursos de pós-graduação, a informação com a realização de consultorias
e cursos às empresas, a certificação destacando o selo AQUA-HQE que será mencionado
neste trabalho, e a gestão de tecnologias aplicadas a educação. Atualmente é uma das
35

principais certificadoras do país e a única associada à Rede de Certificação Internacional


(IQNet), rede composta pelas trinta e oito mais importantes certificadoras presentes em mais
de cento e cinquenta países (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2015).

3.4 Ferramentas Aplicadas a Sustentabilidade na Construção Civil


Durante a década de 90, sensibilizados pelas conferências da ONU e como parte das
estratégias de cumprimento das metas ambientais, diversos setores da sociedade iniciaram um
processo de inclusão dos planos da Agenda 21 em suas diretrizes e políticas, inserindo as
preocupações ambientais em diversas atividades econômicas. A demanda por produtos menos
agressivos ao meio ambiente cresceu rapidamente (SILVEIRA, 2014).
Pode-se dizer que os sistemas de classificação que buscam considerar a sustentabilidade
na sua avaliação têm origem nos sistemas de avaliação ambiental da que surgiram na década
de 90, na Europa, nos Estados Unidos e no Canadá, como parte das estratégias para o
cumprimento de metas ambientais locais estabelecidas na conferência UNCED de 1992, no
Rio de Janeiro (MOTTA, 2009).

3.4.1 Certificações de desempenho ambiental


A certificação tem por objetivo promover uma conscientização de todos os envolvidos
no processo, desde a fase do projeto, passando pela construção, até o usuário final,
promovendo metodologias sustentáveis que irão permitir o controle do uso de recursos
naturais, proporcionando qualidade de vida para os usuários.
Para o processo de certificação é essencial a criação de normas e parâmetros que
servirão como referência para o estabelecimento de critérios de avaliação para a certificação
do empreendimento, sempre seguindo os parâmetros do tripé sustentável.
Apesar de cada órgão verificador ter seus próprios parâmetros de avaliação, todos
incluem a certificação energética como fonte de energia renováveis, reciclagem e consumo
racional de água, além do incentivo a utilização de materiais menos nocivos ao meio ambiente
e recicláveis.
A certificação na construção civil é uma ferramenta importante, que apesar de sofrerem
muitas críticas sobre seus fins lucrativos, sobre a controvérsia com o pilar econômico da
sustentabilidade, estabelecem processos de gerenciamento dos impactos gerados por uma obra
ao meio ambiente, formalizando a responsabilidade de todas as partes envolvidas no processo
como as empresas e os órgãos de controle ambiental.
36

Os maiores benefícios gerados pela certificação serão sentidos a longo prazo. A


economia com a redução do consumo de água e energia será o maior ganho para o meio
ambiente e para o cliente.
As organizações que regem a certificação irão oferecer referências e instruções para a
realização de uma construção sustentável. Avaliações e auditorias serão realizadas por essas
empresas afim de garantir o bom andamento do empreendimento e o respeito as normas
fornecidas. Se necessário, são feitas intervenções visando o melhor desempenho. Ao final do
processo, a empresa certifica o empreendimento com um selo sustentável.
O investimento inicial é alto, cerca de 5% do valor da obra, porém, tem como objetivo a
redução de custos operacionais e utilização de energia. Os maiores benefícios gerados pela
certificação serão sentidos a longo prazo. A economia com a redução do consumo de água e
energia será o maior ganho para o meio ambiente e para o cliente.
A certificação ambiental está cada vez mais presente como marketing para as empresas.
O valor agregado a marca gerado pelo reconhecimento de um projeto sustentável é cada vez
maior e mais bem recebido pela população. O ganho na qualidade do produto é marcante, e
nisso, somos nós consumidores que saímos ganhando, pois para a comprovação de que o
empreendimento é sustentável, ele fez uso de materiais menos nocivos ao meio ambiente e
usuários, reutilizou recursos e otimizou energia.
A empresa que fica reconhecida no mercado como ecologicamente correta, associando a
marca ao produto, tem potencial para a conquista de novos mercados, reduzindo custos de
produção e atraindo novos investimentos, facilitando a obtenção de financiamentos por
exemplo.
Procurando buscar qualidade ambiental mediante a busca de novas tecnologias, com
ajuda das organizações e a criação de novos modelos de gestão. Foi assim que surgiram
ferramentas voltadas para a responsabilidade social, a certificação na construção civil.
Nessa mesma época, os Estados Unidos, o Canadá e alguns países da Europa sentiram a
necessidade de criar um sistema que avaliasse o desempenho ambiental de suas edificações.
Surgiram assim certificações ambientais de edificações, como:
• LEED (Leadership in Energy and Environmental Design - Liderança em Energia e
Design Ambiental), nos Estados Unidos;
• BREEAM (Building Research Environmental Assessment Method - Método de
Avaliação Ambiental do Instituto de Pesquisa de Edifícios) no Reino Unido;
• HQE (Haule Qualité Environnementale dês Bâtiments) na França;
37

• BEPAC (Building Environmental Performance Assessment Criteria - Critérios de


Avaliação de Desempenho Ambiental do Edifício), no Canadá;
• CASBEE (Comprehensive Assessment System for Building Environmental Efficiency)
no Japão;
• NABERS (National Australian Buildings Environmental Rating System) na Austrália;
3.4.2 LEED
A Leadership in Energy and Environmental Design (LEED) é um programa de
certificação para construções verdes e uma referência internacionalmente aceita para o
projeto, construção, e operação de construções verdes e bairros de alta performance. Os
sistemas de classificação proporcionam aos proprietários e aos gerentes as ferramentas
necessárias para que obtenham um imediato e mensurável efeito sobre o desempenho de suas
edificações. Por promover uma abordagem sustentável completa, a LEED considera
desempenho no local e em projeto, desenvolvimento de canteiro sustentável, redução no
consumo de água, eficiência energética, seleção de materiais, qualidade ambiental interna,
estratégias inovadoras, e atenção a problemas regionais.
Os sistemas de classificação e suas referências ajudam a tomada de decisões das
equipes para os projetos através de um processo integrado, assegurando que os sistemas da
edificação funcionem em conjunto efetivamente (USGBC, 2014, p. 90-91, tradução autor).
Estes são divididos em quatro principais categorias como mostrado abaixo e na figura 3.2,
para a 4ª versão de 2014:
• LEED BD+C (Building Design and Construction): Projeto e Construção;
• LEED ID+C; (Interior Design and Construction): Projeto Interno e Construção;
• LEED O+M; (Operations and Maintenance): Operação e Manutenção;
• LEED ND; (Neighborhood Development): Desenvolvimento de Bairros;
• LEED HOMES: Casas.
Figura 3.2 – Categorias dos Selos LEED

Fonte: USGBC, 2014


38

Os seguintes tipos de projetos e escopos são endereçados ao processo de certificação


LEED, dentro de uma das quatro principais categorias como mostrado à seguir e na figura 3.3
(USGBC, 2014):
• LEED para novas construções e grandes reformas;
• LEED para estruturas e coberturas;
• LEED para interiores comerciais;
• LEED para escolas;
• LEED para clínicas e hospitais;
• LEED para centros comerciais;
• LEED para operação e manutenção de edifícios existentes;
• LEED para casas;
• LEED para desenvolvimento de bairros;
Figura 3.3 – Categorias de Classificação LEED

Fonte: USGBC Study Core Concepts Guide, 2014


A estrutura dos sistemas de classificações consiste em pré-requisitos e créditos. Para
atingir a certificação é necessário que o processo atenda todos os pré-requisitos e obtenha um
número mínimo de créditos. Os critérios adotados dependem de cada classificação segundo
um guia de referência, que descreve os benefícios de se conseguir cada crédito, e sugere
medidas para atingir a conformidade com os respectivos critérios.
Embora a organização de pré-requisitos e créditos varie dependendo da classificação
da edificação, a LEED geralmente é orientada segundo os conceitos apresentados na figura
3.4.
Figura 3.4 – Requisitos da Certificação LEED
39

Fonte: GBC Brasil, 2010


De acordo com Vosgueritchian (2006):
Para verificar se um projeto poderá receber um selo LEED este é avaliado através de
um chek-list padronizado, que aborda todos os requisitos das categorias. Cada um
desses requisitos é desdobrado em itens (que são ações de projeto, construção e
gerenciamento que contribuíram a reduzir o impacto ambiental do edifício) e cada
um destes deve ser avaliado individualmente. A cada item avaliado são atribuídos
pontos que, somados, devem atingir patamares pré-determinados para obtenção da
certificação em diferentes níveis de classificação[...].

A pontuação geralmente é sobre 100 pontos mais seis pontos por inovação e quatro
por prioridades regionais, totalizando 110 pontos. O nível de certificação para projetos
comerciais é determinado conforme figura 3.5.
Figura 3.5 – Níveis de Certificação LEED

Fonte: USGBC, 2015


• Certificado: 40-49 pontos;
• Prata: 50-59 pontos;
• Ouro: 60-79 pontos;
• Platina: +80 pontos.
Os níveis de certificação para casas variam, pois, a somatória máxima é 125 e ainda
pode-se acrescentar mais 11 pontos de inovação.
40

A certificação LEED proporciona uma verificação independente de que um projeto


atinja altos níveis de sustentabilidade e desempenho através de um processo composto
essencialmente de cinco etapas. Primeiramente, o projeto é cadastrado no sistema, em seguida
é preparado para a aplicação. Após ser submetido, será realizada a revisão do processo e caso
todos os créditos e pré-requisitos estejam de acordo com o requerido, o projeto será
reconhecido através de certificado formal. O processo detalhado pode ser observado na figura
3.6.
Figura 3.6 – Etapas do Processo de Certificação LEED

Fonte: BARROS, 2012

3.4.3 AQUA-HQE
A Fundação Vanzolini, 2015 descreve que o processo AQUA foi criado em 2008
como um selo de certificação de construções verdes e sustentáveis internacional desenvolvido
com base no HQE, da França, porém adaptado à realidade e condições do país. Desde sua
criação o seu objetivo é promover um olhar sustentável sobre as construções, considerando a
cultura, o clima, as normas técnicas e a regulamentação vigentes no Brasil, buscando
evolução no desempenho dos sistemas.
Em 2013 as certificadoras francesas QUALITEL para edificações residenciais, e a
CERQUAL para não residenciais se uniram para a criação de uma rede de certificação
internacional munida de critérios e indicadores baseados em um contexto global, e surgiu o
Cerway como órgão certificador internacional da HQE (FUNDAÇÃO VANZOLINI, 2015).
Posteriormente a Fundação Vanzolini firmou um acordo de cooperação com o Cerway
e passou a ser a representante nacional da rede de certificação e unificou as duas certificações
dando origem ao AQUA-HQE. Segundo Martins (2014), coordenador executivo do selo, até
41

2013 o modelo foi aprimorado e com a unificação, alinhou-se a critérios globais, garantindo
altos níveis de sustentabilidade em conformidade à cultura e às legislações brasileiras.
A adaptação dos critérios originais foi o primeiro passo seguido do desenvolvimento
de critérios exclusivos para o Brasil, que Martins (2014) descreve como: [...] critérios que
medem aspectos sociais no canteiro de obras e a formalidade da cadeia produtiva, o Programa
Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat (PBQP-H), o Sistema Nacional de
Avaliações Técnicas (Sinat) para demonstração de conformidade dos materiais e sistemas
construtivos, o Programa Brasileiro de Etiquetagem (PBE-Edifica) para eficiência energética
e conforto térmico, norma de desempenho em acústica, iluminação artificial, e outros, como
normas sobre instalações de gás e leis para a gestão de resíduos.
O processo de certificação AQUA-HQE certifica quanto a SGE (Sistema de Gestão do
Empreendimento) para a empresa construtora e QAE (Qualidade Ambiental do Edifício) para
a edificação, este ultimo relacionado a quatro principais temas:
• Para edificações não residenciais: energia (eco-gestão), meio ambiente (ecoconstrução),
saúde e conforto;
• Para edificações residenciais: energia e economias (eco-gestão), meio ambiente (eco-
construção), saúde e segurança, conforto do usuário.
Esses quatro temas estão relacionados ao desempenho de quatorze categorias definidas
no referencial técnico do selo (FUNDAÇÃO VANZOLINI; CERWAY, 2014, p. 12) como
listado abaixo e relacionado no quadro 3.4:
• Relação do Edifício com o seu Entorno;
• Qualidade dos Componentes;
• Canteiro Responsável;
• Gestão da Energia;
• Gestão da Água;
• Gestão dos Resíduos;
• Gestão da Conservação e da Manutenção;
• Conforto Higrotérmico;
• Conforto Acústico;
• Conforto Visual;
• Conforto Olfativo;
• Qualidade dos Espaços;
• Qualidade Sanitária do Ar;
42

• Qualidade Sanitária da Água.

Quadro 3.4 – Agrupamento: Temas e Categorias AQUA-HQE

Fonte: Fundação Vanzolini, 2015


O processo de certificação é composto de uma série de etapas e exige prérequisitos de
um Sistema de Gestão do Empreendimento (SGE) possibilitando o planejamento, a
operacionalização e o controle de todas as etapas de desenvolvimento, comprometido com um
padrão de desempenho definido e transcrito na forma de um perfil de Qualidade Ambiental do
Edifício (QAE).
Para cada categoria de avaliação é caracterizado um nível de desempenho, sendo o
sistema composto de quatro níveis através de métodos de comprovação (projetos, notas de
cálculo, etc) que agregarão estrelas ao projeto como pode-se observar a seguir e no quadro
3.5:
• MP: Melhores Práticas (Excelente);
• BP: Boas Práticas (Superior);
• B: Base (Bom);
• NC: Não Conforme, quando nível B não é atingido.

Quadro 3.5– Atribuição de Estrelas por Categoria AQUA-HQE

Fonte: Fundação Vanzolini, 2015


43

Quadro 3.6 – Níveis Globais AQUA-HQE

Fonte: Fundação Vanzolini, 2015

A avaliação final é gradativa baseada no número total de estrelas obtido, ou seja, o


projeto pode obter mais de um nível como mostrado na tabela 4. Para ser certificado é
necessário passar pelo processo, esquematizado no quadro 3.6, e atingir um perfil mínimo de
avaliação referente às quatorze categorias, como mostrado na figura 3.7.

Figura 3.7 – Perfil Mínimo de Desempenho AQUA-HQE

Fonte: Fundação Vanzolini, 2015


44

Figura 3.8 – Processo de Certificação AQUA-HQE

Fonte: Fundação Vanzolini, 2015

3.4.4 BREEAM
Conforme Motta (2009) o BREEAM (Building Establishment Environmental
Assessment Method) foi o primeiro sistema de classificação ambiental das edificações. Ele foi
desenvolvido no Reino Unido para uso no mesmo, por pesquisadores do Building Research
Establishment - BRE e do setor privado. O programa é atualizado no período de no mínimo
três e no máximo cinco anos, sendo a última atualização em 2008. Nesta, o BRE intensificou
os esforços de expansão internacional do BREEAM, visando o uso de seu método de
avaliação por outros países que se interessem na metodologia (BRE, 2008). De acordo com o
BRE existiam em 2008 mais de 700.000 projetos do Reino Unido registrados no BREEAM,
sendo que destes mais de 115.000 edificações já haviam obtido a certificação.
O BREEAM é dividido por categorias de tipo da edificação e de fase em que se
encontra o empreendimento. Os tipos de edificação englobados pela ferramenta são:
• escritórios (BREEAM Offices);
• residências (BREEAM EcoHomes);
• multifamiliares (BREEAM Multi-Residential);
45

• indústrias (BREEAM Industrial);


• edifícios de ensino (BREEAM Education);
• edifícios de saúde (BREEAM Healthcare);
• edifício da justiça (BREEAM Courts);
• penitenciárias (BREEAM Prisons);
• edifícios para locação: lojas, shopping, etc. (BREEAM Retail);
• outros: lazer, laboratórios, bases militares, hotéis, etc (BREEAM Bespoke).
As fases da edificação consideradas são:
• projeto;
• operação e uso;
• manutenção.
Seu método de avaliação é baseado em análise documental e na verificação de itens
mínimos de desempenho, projeto e operação dos edifícios. A performance dos edifícios é
avaliada em diferentes categorias.
• Energia (energy use): consumo de energia e a emissão de CO2 na operação e uso.
• Transporte (transport): impacto da localização no transporte relacionado à emissão de CO2.
• Poluição (pollution): geração de poluição do ar e da água.
• Materiais (materials): impacto ambiental dos materiais de construção em todo ciclo de vida.
• Água (water): consumo eficiente da água.
• Uso do solo e Ecologia (land use and ecology): impactos em áreas verdes, descontaminação
do solo e conservação de ecossistemas.
• Saúde e Bem estar (health and well-being): qualidade ambiental interna e externa
relacionadas à saúde e bem estar dos usuários.
• Gestão (management): política de gestão global e o comissionamento da gestão e das
atividades.
A importância de cada categoria é definida por uma ponderação do impacto ambiental
das mesmas. Esta ponderação é definida pelo BRE e passa por revisões periódicas, sendo a
mais recente em 2008. A figura 3.9 mostra o fluxograma deste processo.
Figura 3.9 - Processo de avaliação, ponderação e classificação do BREEAM
46

Fonte: BRE, 2007


O BREEAM possui como característica positiva incluir aspectos de gestão ambiental na
sua avaliação. Ao atribuir uma certificação por desempenho e pontuação, o BREEAM permite
a comparação relativa entre os edifícios certificados (GOULART, 2005).

3.4.5 Selo Caixa Azul


O Selo Casa Azul Caixa foi o primeiro sistema de classificação da sustentabilidade de
projetos ofertado no Brasil. Consiste em um instrumento de classificação socioambiental de
projetos de empreendimentos habitacionais, que busca reconhecer os empreendimentos que
adotam soluções mais eficientes aplicadas à construção, ao uso, à ocupação e à manutenção
das edificações, objetivando incentivar o uso racional de recursos naturais e a melhoria da
qualidade da habitação e de seu entorno (CAIXA, 2010).
O método utilizado pela Caixa para a concessão do selo consiste em verificar, durante a
análise de viabilidade técnica do empreendimento, o atendimento aos critérios estabelecidos
pelo instrumento. Os critérios são especificados por categorias, sendo alguns com
atendimento obrigatório e outros livres, obedecendo a cada categoria um número mínimo de
critérios atendidos por nível de certificação. Os níveis de gradação do selo são apresentados
no Quadro 3.7.
Quadro 3.7 - Níveis de gradação do Selo Caixa Azul

Fonte: Caixa, 2010.


Ao todo são 6 categorias gerais, somando 53 critérios. São elas:
a) Qualidade urbana;
b) Projeto e conforto;
c) Eficiência energética;
d) Conservação de recursos materiais;
e) Gestão da água;
47

f) Práticas sociais.
No que diz aos materiais de construção que contribuem para a sustentabilidade do
empreendimento, a categoria que os engloba indiretamente é “Conservação de recursos
materiais”. Nela, o selo lista 10 critérios de boas práticas, sendo ao todo 3 mandatórios. A
Quadro 3.8 mostra o detalhamento desta categoria.
Quadro 3.8: Critérios relativos à conservação de recursos materiais, Selo Caixa Azul.

Fonte: Caixa, 2010


Segundo a Caixa (2010), a escolha dos critérios obrigatórios tem como objetivo evitar o
uso de produtos de baixa qualidade, melhorando o desempenho e reduzindo o desperdício de
recursos naturais e financeiros em reparos desnecessários, além de melhorar as condições de
competitividade dos fabricantes que operam em conformidade com a normalização, a partir
do cumprimento do requisito “Qualidade de materiais e componentes; reduzir o emprego de
madeira em aplicações de baixa durabilidade, que constituem desperdício, e incentivar o uso
de materiais reutilizáveis, com a utilização de formas e escoras reutilizáveis; e por fim,
reduzir a quantidade de resíduos de construção e demolição e seus impactos no meio ambiente
urbano e nas finanças municipais.

3.4.6 Qualiverde
O selo Qualiverde veio como mais um fator de incentivo inserido no contexto da cidade
do Rio de Janeiro. Atuando como sede de grandes eventos, não só a Rio+20 de 2012, mas
também a Copa do Mundo, realizada em 2014, e os Jogos Olímpicos e Paralímpicos, que
acontecerão em 2016, ambos no Rio de Janeiro, a cidade é foco da mira internacional,
devendo assim adotar medidas que demonstrem a preocupação do município com as questões
ambientais e que promovam a imagem positiva do mesmo. Muitos dos projetos desenvolvidos
para receber esses eventos, assim como as exigências dos comitês e organizações
internacionais, envolvem práticas sustentáveis (BARROS; BASTOS, 2015).
48

Apesar do desenvolvimento do selo ter iniciado em 2010, esses acontecimentos


serviram como reafirmação da necessidade de uma certificação que avaliasse os impactos da
construção civil levando em consideração as características locais do Rio de Janeiro.
Ainda de acordo com Barros e Bastos (2015), a elaboração do Qualiverde contou com
discussões junto a desenvolvedores e utilizadores das certificações mais conhecidas, com o
GBC Brasil, responsável pelo LEED, a Fundação Vanzolini, desenvolvedora do AQUA, com
os desenvolvedores do BREEAM, e com arquitetos que possuem experiência em elaborar
projetos sustentáveis. Essa iniciativa da Prefeitura foi desenvolvida para atuar conjuntamente
às normas e leis já existentes e vigentes no município e que tratam de práticas sustentáveis,
assim, por um lado, trabalha-se com ações de caráter legal e mandatório e por outro, são
incentivadas medidas voluntárias por meio de benefícios.
Esta certificação é de caráter voluntário, e aplicável a projetos tanto de novas
edificações quanto de já existentes, de uso residencial, comercial, misto ou institucional. As
exigências estipuladas pelo decreto que oficializa o selo são variadas e abrangem
praticamente todo o ciclo de vida da edificação, desde as fases de planejamento e execução da
obra até a operação do empreendimento após a conclusão da mesma. Como funciona por um
sistema de pontos, a certificação dá ao projetista a possibilidade de escolher quais ações de
sustentabilidade serão adotadas.
O Qualiverde funciona a partir de um sistema de pontuação das ações e práticas de
sustentabilidade, baseado principalmente no LEED. Os critérios se encontram anexados ao
decreto somando uma pontuação máxima de 100 pontos, considerando as bonificações que
podem ser recebidas. Dependendo da pontuação alcançada pelo empreendimento, recebe-se
então uma das duas classificações possíveis. Caso o empreendimento consiga alcançar um
mínimo de 70 pontos, será classificado como Qualiverde e caso atinja 100 pontos, será
qualificado como Qualiverde Total.
Enquanto no LEED há a separação explícita de materiais e recursos como critério de
pontuação, no Qualiverde estes estão mais inseridos no critério “Projeto”. O Quadro 3.9
apresenta o critério “Projeto” com sua descrição de ações e componentes, bem como a
pontuação correspondente das exigências relativas aos materiais.
49

Quadro 3.9: Ações e pontuação relativos aos materiais no critério Projeto – Qualiverde.

Fonte: www2.rio.rj.gov.br, 2012.

3.4.7 Análise de Ciclo de Vida (ACV)

A metodologia da Análise do Ciclo de Vida (ACV), de acordo com Honda (2016), é a


maneira mais objetiva para avaliar os impactos ambientais dos materiais e sistemas
construtivos. Ela é baseada na quantificação de todos os fluxos de matéria e de energia
estabelecidos por cada produto ao longo do seu ciclo de vida, ou seja, da sua origem ao seu
fim.
Segundo Motta (2009), a análise do ciclo de vida ou ACV é definida como a avaliação e
comparação dos impactos ambientais causados por diferentes sistemas que apresentam
funções similares em todo ciclo de vida do mesmo. Para isso ela realiza inventários do fluxo
de energia e matéria para cada sistema de maneira a comparar estes entre si, retratados sob o
aspecto de impactos ambientais. A ACV é normalizada pela série ISO 14000.
As etapas básicas de um ACV são: definição do problema; inventário ou balanço de
massa-energia; e avaliação de impactos ambientais.
A norma ISO 14040 indica que: “A análise do Ciclo de Vida é uma técnica para
determinar os aspectos ambientais e impactos potenciais associados a um produto juntando
um inventário de todas as entradas e saídas relevantes do sistema, avaliando os impactos
ambientais potenciais associados a essas entradas e saídas, e interpretando os resultados das
fases de inventário e impacto em relação com os objetivos de estudo”.
50

Conforme cartilha da Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P (2013), esta


análise permite constatar os impactos além dos limites da área produtiva. Em alguns casos,
esses efeitos podem se apresentar de maior relevância que os provocados diretamente pelos
processos de confecção do produto. Com a superexploração e uma gestão inadequada de
recursos florestais, pode-se gerar impactos significativos na qualidade do solo, com os
consequentes impactos sobre a taxa de renovação da vegetação e sobre a qualidade das águas
superficiais, devido ao carreamento de sedimentos e material orgânico derivados de processos
erosivos.
LCA tem sido aceito por toda a comunidade internacional como a única base legítima
sobre a qual comparar materiais, tecnologias, componentes e serviços utilizados ou prestados.
Os sistemas de análise do ciclo de vida (LCA) aplicam-se às fases de projeto e
anteprojeto e os primeiros sistemas desenvolvidos encontravam-se orientados para a avaliação
do impacte ambiental de materiais e produtos, não só da indústria da construção, como
também de outras indústrias.
Atualmente, os sistemas LCA incluem o desempenho económico na avaliação. A
avaliação do desempenho económico é um fator importante no sucesso comercial de qualquer
edifício. Devido ao facto de avaliarem os impactes ambientais direta e indiretamente
associados à totalidade do ciclo de vida dos materiais e produtos, estes sistemas fornecem
dados importantes para a avaliação da sustentabilidade.
Os sistemas e ferramentas de avaliação e reconhecimento da construção sustentável têm
como objetivo garantir a sustentabilidade dos edifícios durante a totalidade do seu ciclo de
vida (projeto, construção, operação, manutenção, demolição/desconstrução), promovendo e
tornando possível uma melhor integração entre os parâmetros ambientais, sociais, funcionais,
económicos e outros critérios convencionais. Existem métodos específicos para cada tipologia
de edifício e para cada fase do ciclo de vida do mesmo.
Estes métodos e ferramentas podem ser utilizados no suporte à concepção de edifícios
sustentáveis, pois eles traduzem a sustentabilidade em determinados objetivos por requisito na
avaliação do desempenho global. Apesar de existirem diferentes abordagens em diferentes
sistemas de avaliação e reconhecimento da construção sustentável existem, no entanto, certos
pontos em comum nessas abordagens. Em geral, estes sistemas e ferramentas analisam de
uma maneira ou de outra as mesmas categorias de projeto e de desempenho: local, água,
energia e qualidade do ambiente interior.
51

A maior parte dos sistemas de avaliação e reconhecimento de edifícios sustentáveis são


baseados nos regulamentos e legislação local, em soluções construtivas convencionais e o
peso de cada parâmetro e indicador na avaliação é predefinido de acordo com as realidades
sócio cultural, ambiental e económica do local. Deste modo, a maior parte deles só pode ter
reflexo às escalas local ou regional. No entanto, existem alguns exemplos de métodos que
podem ser utilizados à escala global. Este tipo de métodos está sobretudo orientado para
utilização nos meios académicos, pois as bases de dados com os requisitos de referência
associados a determinado local e para um determinado tipo de utilização têm de ser
desenvolvidas durante a avaliação, o que se traduz num processo moroso e oneroso.
Abordagem integrada ao ciclo de vida de um edifício Principais áreas de verificação nos
sistemas mais conhecidos de avaliação e reconhecimento da sustentabilidade de edifícios de
habitação
A metodologia da Análise do Ciclo de Vida (ACV), de acordo com Honda (2016), é a
maneira mais objetiva para avaliar os impactos ambientais dos materiais e sistemas
construtivos. Ela é baseada na quantificação de todos os fluxos de matéria e de energia
estabelecidos por cada produto ao longo do seu ciclo de vida, ou seja, da sua origem ao seu
fim.
Segundo Motta (2009), a análise do ciclo de vida ou ACV é definida como a avaliação e
comparação dos impactos ambientais causados por diferentes sistemas que apresentam
funções similares em todo ciclo de vida do mesmo. Para isso ela realiza inventários do fluxo
de energia e matéria para cada sistema de maneira a comparar estes entre si, retratados sob o
aspecto de impactos ambientais. A ACV é normalizada pela série ISO 14000.
As etapas básicas de um ACV são: definição do problema; inventário ou balanço de
massa-energia; e avaliação de impactos ambientais.
A norma ISO 14040 indica que: “A análise do Ciclo de Vida é uma técnica para
determinar os aspectos ambientais e impactos potenciais associados a um produto juntando
um inventário de todas as entradas e saídas relevantes do sistema, avaliando os impactos
ambientais potenciais associados a essas entradas e saídas, e interpretando os resultados das
fases de inventário e impacto em relação com os objetivos de estudo”.
Conforme cartilha da Agenda Ambiental na Administração Pública – A3P (2013), esta
análise permite constatar os impactos além dos limites da área produtiva. Em alguns casos,
esses efeitos podem se apresentar de maior relevância que os provocados diretamente pelos
processos de confecção do produto. Com a superexploração e uma gestão inadequada de
52

recursos florestais, pode-se gerar impactos significativos na qualidade do solo, com os


consequentes impactos sobre a taxa de renovação da vegetação e sobre a qualidade das águas
superficiais, devido ao carreamento de sedimentos e material orgânico derivados de processos
erosivos.
53

4 PERCURSO METODOLOGICO

4.1 Caracterização da Pesquisa

A metodologia adotada é classificada como exploratória que de acordo com Vergara


(1998) “é realizada em área a qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado”, visto
que ainda são reduzidos os estudos sobre o objeto desta pesquisa.
Quanto aos procedimentos de coleta para o desenvolvimento este estudo, foi adotado a
pesquisa revisão bibliográfica, caracterizando-a ao nível de premissas da construção
sustentável como principal recurso, visando reunir as informações existentes sobre o tema que
conduzirão para alcançar os objetivos. O desenvolvimento de uma pesquisa bibliográfica é
feito, segundo Gil (2002):

Com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos


científicos. Embora em quase todos os estudos seja exigido algum tipo de trabalho
dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes
bibliográficas (GIL, 2002).

De acordo com Marconi e Lakatos (2003), este tipo de pesquisa “não é mera repetição
do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto, mas propicia o exame de um tema sob novo
enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras”.
Dessa forma, este estudo busca abordar o tema da pesquisa baseado em ideias
defendidas por autores que apresentem informações seguras.
Quanto ao método de pesquisa, adotou-se para este estudo o de natureza qualitativa que,
de acordo com Flick (2009):
Consiste na escolha adequada de métodos e teorias convenientes; no reconhecimento
e na analise de diferentes perspectivas; nas reflexões dos pesquisadores a respeito de
suas pesquisas como parte do processo de produção de conhecimento; e na
variedade de abordagens e métodos (FLICK, 2009, p23).

4.2 Técnica de Pesquisa


Para a realização deste estudo foi utilizada a documentação indireta que consiste na
etapa do estudo que busca extrair as informações prévias sobre o tema em questão, fazendo
um levantamento dos dados através da pesquisa bibliográfica (MARCONI e LAKATOS,
2003).
54

4.3 Instrumento de Coletas de Dados


Os dados dessa pesquisa foram coletados por meio de pesquisa bibliográfica em livros,
artigos científicos, normas técnicas, monografias e teses, através da disponibilidade em meios
eletrônicos e consultas a biblioteca do Centro Universitário de João Pessoa (UNIPÊ).

4.4 Análise dos Dados


Para realizar a análise dos dados, foi feita a leitura dos materiais coletados objetivando,
segundo Gil (2008) “identificar as informações e os dados constantes dos materiais;
estabelecer relações entre essas informações e dados e o problema proposto; e analisar a
consistência das informações e dados apresentados pelos autores”.
Ainda conforme Gil (2008) foram feitas as seguintes etapas de leitura: exploratória que
consiste numa leitura rápida para verificar a objetividade do material em relação ao tema
deste trabalho; seletiva, que consiste numa leitura mais profunda, após selecionadas as partes
convenientes ao trabalho através da leitura exploratória; e por fim a leitura analítica que
consiste em fichar as informações para obter as respostas de pesquisa.
Para a seleção do material utilizado, foram consideradas como critério de inclusão as
bibliografias relacionadas ao tema e objetivos desta pesquisa, e as que não satisfaziam esses
critérios foram descartadas.
Todos os dados utilizados nesse estudo serão referenciados respeitando as Normas
Brasileiras Regulamentadoras 6023 e 10520 da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT).
Através da análise prospectiva, objetivou-se orientar a tomada de decisões presentes
com base em possíveis modificações futuras das variáveis a nível ambiental, social e
econômica. Permite tornar o gestor um comandante e não a vítima do processo, melhorando
qualitativamente os planos realizados e a base de informação disponível na tomada de decisão
gerencial.

4.5 Quesitos aplicáveis para obras sustentáveis

• Fase de Concepção
A fase de concepção envolve todos os estudos preliminares, que incluem o estudo de
viabilidade econômica, estudo de legislações, estudo das condições naturais e entorno. É
55

nessa fase que é montado o Programa de Necessidades, que define o padrão da edificação a
ser construída.
Essa etapa é de extrema relevância para a sustentabilidade do empreendimento, por
permitir total liberdade ao empreendedor e profissionais envolvidos na concepção do projeto,
para que busquem aumentar seu desempenho sócio ambiental minimizando os custos e por
influenciar todas as fases seguintes do projeto.
Mais uma vez, é importante salientar que o empreendimento sustentável deve:
• atender as necessidades dos usuários;
• ser economicamente viável para seus investidores;
• ser produzido com técnicas que reduzam o trabalho degradante e inseguro feito pelo
homem (CEOTTO, 2006).
• Harmonização com o entorno
A observação do entorno, seus condicionantes físicos ambientais e as considerações
críticas sobre os marcos legais adotados, por parte do empreendedor, constituem ações a
serem pesadas como parte de uma atitude sustentável para a cidade.
Esta observação do meio e dos condicionantes exógenos, especialmente veiculados a
uma postura sensível ao meio ambiente, suas alterações observadas em função do impacto
gerado pelo empreendimento urbano, atrelado a uma tomada de decisão que considere
criticamente os efeitos de médio e longo prazo no meio, são parte de uma ação sustentável.
Garantir acesso coletivo a um meio ambiente sustentável, premissa de atendimento dos
requisitos que apontam para o equilíbrio entre impacto e lucro, é parte da compreensão de
quão impactante é a ação humana na terra. Nas áreas urbanas, extremamente antropizadas,
esta ação é mais veemente, já que o meio social é um poderoso modificador do meio físico
climático em que vivemos.
Adensamento, verticalização, impermeabilização, alteração da paisagem natural pelo
desmatamento, desvio de cursos d’água, ocupação excessiva e intensiva nos grandes centros
urbanos, alteração de lençóis, poluição e formação de barreiras arquitetônicas ao local,
alterando o clima, o desempenho de ventos dominantes, a produção de espaço artificial em
abundância, a alteração do comportamento das espécies vegetais etc. são fatores que estão
ligados à maneira como administramos o espaço construído em nossas cidades.
Portanto, faz-se necessário considerar, para efeito de produção de cidades sustentáveis,
se são também sustentáveis nossos condicionantes de uso e ocupação do solo e se estes, por
56

si, respeitam a dimensão humana, o entorno, o meio natural, a projeção e o impacto da


intervenção, bem como a possibilidade de construção harmoniosa de cidades.
• Compromisso com grupos de interesse
Os grupos de interesse, ou stakeholders, são os grupos de indivíduos que afetam ou são
afetados pelas fases do empreendimento e que possuem interesses comuns em relação a este.
A criação de compromisso com grupos de interesse envolve a troca de informações, através
de consulta e diálogo entre os diferentes grupos de interesse, transferência de valores e
princípios para a cadeia de fornecedores, treinamento e capacitação da mão-de-obra para o
aumento da transparência entre as pessoas e construção de ações conjuntas visando à
sustentabilidade. Mostra-se importante o mapeamento desses grupos de interesse para a
execução de um empreendimento. Esse mapeamento procura abranger indivíduos e aspectos
que vão além das questões legais, as quais já devem ser obrigatoriamente atendidas nos dias
de hoje, criando um compromisso que começa com a definição dos grupos diretamente
relacionados e estratégicos a serem envolvidos nas discussões de cada aspecto.
Principais ações a serem realizadas:
• Diálogo com a comunidade sobre os possíveis impactos sócio ambientais.
Especialmente importante quando se tem um empreendimento de grande porte que irá
acarretar mudança significativa à localidade. Devem-se respeitar a opinião deste grupo de
interesse no sentido de preservar seus aspectos culturais, seu bem-estar e seu relacionamento
com os futuros usuários do empreendimento. Isso está alinhado com duas premissas básicas
da sustentabilidade: a justiça social e a aceitação cultural.
• Melhoria da qualidade de vida dos funcionários no empreendimento. Este grupo de
interesse interage muito próximo ao empreendimento, e por isso é fundamental. A
qualificação/treinamento do corpo de profissionais e adequação do local de trabalho às
normas vigentes é importante para o bem estar destes indivíduos quanto ao seu papel para a
construção do empreendimento, e também para o alinhamento do seu pensamento com o
“pensar sustentável” do empreendedor.
• Atendimento das necessidades dos futuros usuários. Ao conceber um
empreendimento, é preciso pensar nos aspectos culturais e possíveis modos de vida dos
futuros moradores. Isso é fundamental para o atendimento pleno das necessidades deste grupo
e o sucesso do empreendimento. Exemplo disso é a questão do envelhecimento da população,
pois em um país onde a sociedade está caminhando para um processo de envelhecimento,
evidenciasse a importância do acesso facilitado desses indivíduos aos seus locais
57

habitacionais. Permitir que o empreendimento fosse posteriormente modificado/adaptado,


tanto na inclusão quanto na modificação de materiais, para atender às necessidades futuras
dos seus moradores, é um relevante aspecto de sustentabilidade. Recomenda-se a utilização da
NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos –
como referência (ABNT, 2004).
• Diálogo com fornecedores. A procura por empresas que trabalhem a responsabilidade
sócio ambiental, políticas de qualidade e valorização de funcionários são imprescindíveis para
garantir a sustentabilidade de todos os aspectos do seu próprio empreendimento. Além disso,
mostra-se importante no sentido de incentivar toda a cadeia produtiva a se adaptar aos
aspectos da sustentabilidade, ou seja, produtos e serviços com baixo impacto sócio ambiental
em seu ciclo de vida.
Executando-se essas ações, espera-se que sejam estabelecidos laços de confiança com
os grupos, evitando conflitos e melhorando a reputação do empreendedor no mercado. Os
benefícios da existência dessa integração dos indivíduos interessados vão desde a redução ou
eliminação de riscos até a percepção de oportunidades de mercado e inovação decorrente do
contato com pessoas com outros pontos de vista.
Certamente, a integração dos grupos de interesse no processo de tomada de decisões
poderá acarretar profundas mudanças positivas nos processos de gestão. Entretanto, a falta de
engajamento, na condução dessas mudanças podem se traduzir em restrições de
financiamento, conflitos e paralisações, que resultarão em prejuízos para o empreendedor, e
possível perda de oportunidades de mercado decorrente do isolamento em relação a
importantes grupos de interesse.
• Gestão de água e efluentes
Ao iniciar a concepção de um empreendimento, é importante verificar o regime de
chuvas da região e a sua periodicidade. Deve-se levar em consideração se a região apresenta:
• falta de água ou enchentes;
• problemas de erosão decorrentes das chuvas;
• carência de saneamento ou abastecimento na região.
Esses dados ajudarão a alinhar as estratégias de projeto – para implantação e operação –
e definir a agenda do empreendimento, resultando na seleção de estratégias a serem utilizadas,
contribuindo assim com sua sustentabilidade, alinhada à redução de custos em toda a vida útil
do empreendimento. Conceber plano de uso racional da água: Qualquer iniciativa no sentido
58

de se fazer o uso eficiente da água reverte-se em benefícios para a edificação ao longo de sua
vida útil, especialmente na fase de ocupação, na qual ocorre o maior consumo.
O uso racional consiste no desenvolvimento de sistemas hidráulicos com consumo
eficiente de água durante toda a vida útil do empreendimento, isto é:
• redução da quantidade de água extraída em fontes de suprimento;
• redução do consumo e do desperdício de água;
• aumento da eficiência do uso de água;
• aumento da reciclagem e do reuso de água.
A adoção deste princípio leva aos benefícios que vão desde a redução dos impactos
sócio ambientais e redução de custos na fase de uso e operação até a divulgação da ação com
objetivos comerciais.
• Gestão de energia e emissões
Conceber edificações que ofereçam conforto aos ocupantes, com baixo consumo de
energia, depende do alinhamento entre variáveis climáticas, humanas e arquitetônicas, de
modo que as soluções arquitetônicas aproveitem da melhor forma possível as potencialidades
climáticas locais para atenderem às necessidades humanas de conforto, reduzindo a
necessidade de equipamentos e conseqüente consumo de energia para obtenção de conforto.
A concepção de projetos com alta eficiência energética pode apoiar a estratégia
empresarial de oferecer produtos com diferencial de mercado. Produtos que, por possuírem
menores custos de operação, serão mais valorizados pelos clientes.
• Gestão de materiais e resíduos sólidos
Sob a perspectiva da sustentabilidade, materiais e resíduos devem ser tratados
conjuntamente, uma vez que a correta seleção e utilização de materiais reduzem a geração de
resíduos e os impactos por ela ocasionados.
Existem vários benefícios da especificação correta do sistema construtivo. Dentre eles
está a redução dos custos com a gestão dos resíduos, que consiste na redução do desperdício e
dos custos decorrentes da aquisição de novos materiais, redução de reclamações por parte dos
clientes, devido a patologias no empreendimento no período de garantia. Isso aumenta a
satisfação de clientes e pode melhorar a imagem da empresa. Além disso, existem benefícios
indiretos tanto para o empreendedor, quanto para os clientes, devido ao aumento da
durabilidade do empreendimento e manutenção de seu desempenho, por exemplo. Existem
ganhos até mesmo para a sociedade, com a redução da poluição causada pelo transporte,
estímulo à economia local e aumento da vida útil de aterros sanitários, entre outros.
59

O empreendedor e sua equipe devem avaliar os sistemas construtivos a serem utilizados


no empreendimento sob os seguintes aspectos:
• Custos: o primeiro aspecto a ser tratado é o levantamento dos custos de cada sistema
construtivo. Sugere-se que sejam observados os custos não apenas durante a construção, mas
também na fase de uso e operação.
• Durabilidade: Conceber empreendimento com vida útil mínima de 50 anos, atendendo
às normas técnicas e principalmente as de desempenho, especificando produtos e sistemas
com vida útil semelhante e com flexibilidade para atender a diferentes necessidades de futuros
usuários e facilitar sua requalificação.
• Qualidade e proximidade dos fornecedores: Devem-se buscar fornecedores formais,
que cumpram as diferentes legislações vigentes (ex: ambientais, trabalhistas), e que ofertem
produtos de qualidade, isto é, em conformidade às normas técnicas, de desempenho ou
programas setoriais de qualidade – PSQ/PBQP-H. Deve-se também mapear a proximidade
dos fornecedores, para que a economia local seja estimulada e as emissões dos veículos
transportadores minimizada.
• Quantidade e periculosidade dos resíduos gerados: A análise e quantificação dos
resíduos são realizadas para que cálculos de perda de material, de custos com transporte e de
disposição em aterro comum e especial de resíduos. Para um cálculo acertado, o
empreendedor deve observar a legislação local e solicitar um mapeamento dos locais onde os
resíduos devem ser depositados. Baixa geração de resíduos implica em redução de custos e
baixo impacto ambiental.
• Modularidade: É importante não apenas que os materiais adequados sejam
selecionados, mas também que sua utilização seja planejada de modo a evitar desperdícios,
com coordenação modular. Isso inclui, entre outros aspectos, dimensionar corretamente
ambientes, compatibilizar previamente os projetos, componentes e sistemas construtivos.
• Qualidade do ambiente interno
O empreendedor deve estabelecer como meta, para a concepção do empreendimento, a
obtenção do maior conforto térmico e visual para os ocupantes com o menor consumo de
energia artificial possível. Por esta razão, na fase de concepção gestão de energia e emissões e
qualidade do ambiente interno são temas que devem ser tratados conjuntamente.
A referência recomendada para a adoção dessa dica é a norma de desempenho para
edifícios habitacionais (ABNT, 2008a).
• Qualidade dos serviços
60

Implantação do sistema de gestão da qualidade


Prever e induzir a implantação do Sistema de Gestão da Qualidade para o
empreendimento, com o qual todas as empresas envolvidas devem estar em sintonia. O
objetivo principal do sistema deverá visar, antes de tudo, a qualidade do produto final com
foco na satisfação dos clientes, assim como nas necessidades de todas as partes interessadas
no que diz respeito ao atendimento de suas expectativas.
Seguindo os princípios de gestão da qualidade das normas da série NBRs ISO
9000:2000, a abordagem do sistema de gestão da qualidade incentiva às organizações a
analisar os requisitos do cliente, definir os processos que contribuem para a obtenção de um
produto que é aceitável para o cliente e manter esses processos sob controle. Um Sistema de
Gestão de Qualidade pode fornecer a estrutura para melhoria contínua, com o objetivo de
aumentar a probabilidade de ampliar a satisfação do cliente e de outras partes interessadas.
Ele fornece confiança à organização e a seus clientes de que é capaz de fornecer
produtos que atendam aos requisitos de forma consistente.
Uma abordagem para desenvolver e implementar um Sistema de Gestão da Qualidade,
segundo a série de normas NBR ISO 9000:2000, consiste em várias etapas, apresentadas a
seguir:
• determinação das necessidades e expectativas dos clientes e das outras partes
interessadas;
• estabelecimento da política da qualidade e dos objetivos da qualidade da organização;
• determinação dos processos e responsabilidades necessários para atingir os objetivos
da qualidade;
• determinação e fornecimento dos recursos necessários para atingir os objetivos da
qualidade;
• estabelecimento de métodos para medir a eficácia e a eficiência de cada processo;
• aplicação dessas medidas para determinar a eficácia e a eficiência de cada processo;
• determinação dos meios para prevenir não-conformidades e eliminar suas causas;
• estabelecimento e aplicação de um processo para melhoria contínua do sistema de
gestão da qualidade.
Esta abordagem é também aplicável à manutenção e melhoria de um Sistema de Gestão
da Qualidade existente.
Com foco nas empresas de implantação do empreendimento, no caso o construtor,
poderá ser utilizada como ferramenta o Sistema de Avaliação da Conformidade de Empresas
61

de Serviços e Obras (SiAC) do Programa Brasileiro da Qualidade e Produtividade do Habitat


–PBQP-H. O programa, através do SiAC, direciona como um dos pontos marcantes da
abordagem de processo a implementação do ciclo de Deming ou da metodologia conhecida
como PDCA (do inglês Plan, Do, Check e Act):
• Planejar: prever as atividades (processos) necessárias para o atendimento das
necessidades dos clientes e que transformam elementos de entrada em elementos de saída.
• Executar: executar as atividades (processos) planejadas.
• Controlar: medir e controlar os processos e seus resultados quanto ao atendimento às
exigências feitas pelos clientes e analisar os resultados.
• Agir: levar adiante as ações que permitam uma melhoria permanente do desempenho
dos processos (PBQP-H).
O Sistema de Gestão de Qualidade deverá também prever a melhoria contínua do
desempenho, coordenação, produtividade e manutenção do patamar de competitividade
alcançado.
62

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Para a apresentação dos resultados e discussões dos objetivos específicos foram


descritos alguns itens que permitirão uma melhor observação de todos os produtos
pesquisados. Para se ter maior clareza na hora de se iniciar uma nova construção seria
importante observarmos alguns critérios que podem ser levados em consideração na hora de
se adquirir os materiais.
Critérios de seleção de materiais de construção. Conforme Sousa (2009) aos critérios
apresentados, podem ser referidas algumas noções para melhor compreensão:
• Ser durável: um material durável terá uma vida útil mais alargada e consequentemente,
menor será o seu impacto ambiental. Contribuem também para a diminuição dos
problemas relacionados com a produção de resíduos sólidos;
• Obtidos a partir de resíduos: materiais obtidos a partir da incorporação de resíduos de
outras indústrias em materiais de construção. A título de curiosidade, a taxa média de
reciclagem de resíduos de construção e demolição na Europa é de 50%, já na Dinamarca a
taxa aumenta significativamente para os 89%.
• Obtidos a partir de fontes renováveis: Os materiais obtidos a partir de fontes renováveis,
como por exemplo, a madeira ou, o bambu, contribuem para a preservação dos recursos
naturais, desde que o seu consumo não seja superior às taxas de renovação destas fontes.
• Recicláveis: Apresentam grandes vantagens visto que no fim do seu ciclo de vida podem
vir a dar origem a outros materiais. Um produto que pode ser facilmente reciclado tem
vantagens em relação a um produto que é inicialmente “verde”, mas que não pode ser
reciclado.
• Disponibilidade próxima do local de produção: Este critério implica reduções nos custos
económicos e ambientais relativos ao transporte dos materiais de construção, contribuindo
para a diminuição dos gases poluentes emitidos e da utilização de energia;
• Poucas operações de manutenção: um material que exija poucas operações de manutenção
requer baixos impactos ambientais, daí que a opção por este tipo de materiais deva ser
preferencial.
• Baixa energia primária incorporada: é a energia consumida durante a extração das
matérias-primas, seu transporte e seu processamento. À energia incorporada estão
relacionadas as emissões de CO2, dependentes também do tipo de fonte energética
utilizada nas fases de produção.
63

• Sem químicos nocivos à saúde humana: evitar uso de materiais que ao serem empregues e
ao longo da sua vida útil libertem químicos, tais como algumas tintas, vernizes e produtos
plásticos.
Ainda em relação aos objetivos do trabalho traremos uma listando materiais que são
úteis e que estão disponíveis para a construção de habitações mais sustentáveis ou mais
ecológicas.
Materiais sustentáveis para construção
• Captação de água de chuva
- Redução no valor da conta de água.
- Serve de reserva em seca ou falta d’água.
- Reduz a necessidade de água para fins não-potáveis no imóvel, como regas de jardins,
lavagem de automóveis e descarga de vasos sanitários.
- Educa ambientalmente quem tem contato com o sistema.
• Cal Ecológica
- Tinta natural mineral e saudável
- Isento de substâncias derivadas de petróleo- Lavável e hidro repelente.
- Pode ser guardada por longos períodos
- Ideal para obras naturais, ecológicas e sustentáveis
• Placas Ecológicas
- Material 100% reciclado pós-consumo
- Baixa absorção de umidade (< 4%)
- Resistente a agentes químicos em geral
- Isolante termo acústico
- Auto extinguível não propaga chamas
- Fácil fixação, não trinca sob a penetração de pregos e parafusos
• Tintas Naturais
- Ecotinta mineral: Pintura ecológica e sustentável de casas, apartamentos, imóveis comerciais
e indústrias em geral.
- Ecotinta Bioargila: Pintura ecológica e sustentável de obras com paredes e características
naturais, rústicas ou de bioarquitetura e permacultura. Ecotinta bioargila é 100% natural.
• Miniestação de tratamento
- Recomendada para qualquer tipo de imóvel.
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- Indicada para casas, edifícios, condomínios, indústrias, parques, casas em áreas de litoral,
chácaras, sítios e fazendas.
- Indicada também para projetos ecológicos e sustentáveis, visando o reuso da água tratada.
• Tijolo Ecológico
É ecológico porque diferentemente do tijolo convencional não precisa ser cozido em fornos,
eliminando assim a utilização de lenha e a derrubada de dez árvores para a fabricação de mil
tijolos. Sem lenha, sem fumaça sem emissão de gases de efeito estufa.
• Telhas Tetra Pak
Antimofo - Antifungo - Não trincam -Não quebram -Máxima resistência a chuva de granizos
100% impermeáveis -Protege até 85% da temperatura solar -Não propagam chamas -Suporta
até 150kgs/m² - Semiacústicas, não propagam som -0% celulose (papel/papelão)
• Concreto Verde
O novo concreto é de alta resistência e ainda usa menos cimento que o tradicional. Ele é bem
competitivo porque em obras de maior dimensão, como edifícios altos, pontes e viadutos,
podem ser usadas peças menores e se economiza nas dimensões de pilares e outras estruturas
de sustentação.
• Piso reciclado
A Locaville desenvolveu uma fibra reciclada a partir do aço. Tecnologia, chamada de Eco
Fibra, é usada na mistura de concreto aplicado aos pisos. Sendo assim a indústria do aço que
emite 1,46 toneladas de CO2 para cada tonelada de aço produzido, não terá mais de fabricar
tanto material.
• Tubulação verde
A Braskem desenvolveu um plástico verde extraído de etanol de cana-de-açúcar é feito 100%
de fontes renováveis. Para cada tonelada de polietileno verde produzido (e a estimativa é de
que se fabrica 200 mil toneladas deles por ano) são capturados e fixadas até 2,5 toneladas de
CO2 na atmosfera, segundo informações da empresa que gastou cerca de R$ 500 milhões na
implementação da planta.
• Madeira Plástica
Opção sustentável altamente resistente imune a pragas, cupins, insetos e roedores, sua
fabricação é feita com diversos tipos de plásticos reciclados e resíduos vegetais de
agroindústrias.
Tendo em mente a grandiosidade da cadeia produtiva da indústria da construção civil,
fica claro que não é possível alcançar o desenvolvimento sustentável sem que a indústria da
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construção também se torne sustentável. Para minimizar os impactos ambientais da indústria


da construção, Kilbert (2008) propôs os seguintes princípios:
I. Minimizar o consumo de recursos: gastar mais tempo na fase de planejamento e projetos
para otimizar a utilização de materiais e minimizar a produção de resíduos;
II. Maximizar a reutilização de recursos: reutilizar componentes que ainda possam
desempenhar a função para a qual foram produzidos, ou mesmo serem utilizados em outra
função;
III. Usar recursos renováveis e recicláveis: optar por materiais recicláveis ou cujas fontes de
matéria-prima sejam renováveis;
IV. Proteger o meio-ambiente: evitar o uso de materiais cuja extração de matéria-prima cause
danos ambientais: aproveitar os recursos naturais para iluminação e ventilação, reusar águas
servidas, etc.;
V. Criar um ambiente saudável e não tóxico: evitar utilização de materiais que podem causar
danos tanto ao meio ambiente quanto aos usuários;
VI. Buscar a qualidade na criação do ambiente construído: projetar utilizando técnicas que
permitam uma construção mais econômica, menos poluente e que impacte menos
agressivamente no meio-ambiente.
Com base no que foi apresentado até aqui, pode-se concluir que a sustentabilidade da
indústria da construção ainda é uma meta distante e difícil de ser alcançada.
Com esse olhar, o objetivo é o de se obter edificações cada vez mais sustentáveis de
acordo com as questões ambientais locais e temporais, analisando questões simples como a
trilogia dos 3 R’s (Reuso, Reutilizar, Reciclar). E, por outro lado, buscar sempre o
desenvolvimento tecnológico no intuito de se alcançar uma edificação sustentável que venha a
atender as necessidades primordiais dos seres humanos visando a preservação dos recursos
naturais renováveis e de baixo custo: construtivo e de manutenção pós ocupação.
E assim todas as questões que afetam a cidade, sejam de meio ambiente e/ou
edificações pouco ou não sustentáveis, teriam gradativamente corrigido suas distorções, para
se alcançar o equilíbrio ecológico e sustentável.
66

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O conceito de sustentabilidade tem sido amplamente discutido ao longo das últimas


quatro décadas; isto pode ser percebido pela grande quantidade de documentos de
compromissos produzidos por diversas instituições governamentais, ONG’s e congressos
espalhados pelo Brasil e no mundo. No entanto não é possível ainda perceber com clareza a
aplicabilidade de tais ações pactuadas, na busca pelo desenvolvimento de uma construção
civil sustentável.
Ainda hoje é possível encontrar no meio urbano, situações notadamente não
sustentáveis como: edificações sem conforto térmico/acústico necessitando de elevado
consumo de energia elétrica, a degradação de grandes áreas ambientais, como os lixões, o
lançamento de esgotos domésticos e industriais em cursos d’água que atravessam a cidade,
para citar apenas alguns destes problemas.
Percebe-se, portanto que os processos de engenharia de obras para se alcançar a
sustentabilidade não devem ser isolados. Os processos devem envolver vários setores da
sociedade, promovendo ações de educação ambiental, permitindo que todos os envolvidos
tenham conhecimento da importância e abrangência de suas ações na busca pela
sustentabilidade como um todo.
Desta maneira, uma forma para buscar a sustentabilidade seria se identificar com o
Relatório Brundtland em sua definição geral: "suprir as necessidades da geração presente sem
afetar a habilidade das gerações futuras de suprir as suas".
Durante o estudo foi possível constatar que a preocupação com a sustentabilidade está
presente em diversos setores da economia e que as empresas estão procurando meios para se
adaptar à necessidade de produzir bens sem comprometer as gerações futuras. Já no ramo da
construção civil, isso não é diferente. As construtoras estão cada vez mais interessadas em
demonstrar aos consumidores o cuidado na produção de um ambiente saudável, construído
levando em consideração os princípios sustentáveis e ecológicos mas ainda existem muitas
alternativas mais sustentáveis, mais ecológicas, que ainda permanecem desconhecidas da
população por esse motivo é que precisam surgir novos empresas, ONGs, e leis que deixaram
este novo jeito de construir mais acessível e ao alcance da população.
Por fim foi possível perceber que novos produtos estão surgindo e num futuro não
muito distante as pessoas já poderão viver em habitações totalmente sustentáveis, capazes de
gerar conforto e qualidade de vida por um valor mais econômico e acessível.
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Portanto, conclui-se que o grande desafio é de melhorar o nível de vida da população


mais pobre e as cidades são em partes as grandes responsáveis pelo consumo de materiais,
água e energia, sendo assim razoável pensar que em um futuro próximo, a sustentabilidade
assuma, gradualmente, uma posição de cada vez mais importância no cenário das construções
sustentáveis baseando-se no desenvolvimento de modelos de construção mais econômicos que
permitam enfrentar e propor soluções aos principais problemas ambientais de nossa época,
sem renunciar à tecnologia e os benefícios possíveis que este tipo de construção podem nos
proporcionar.
Os objetivos deste artigo foram em partes respondidos pois é um tema novo e
desafiador tanto no meio acadêmico como para a sociedade como um todo, pois existem
poucas pesquisas e o acervo de trabalhos ainda é bastante deficitário.
No entanto os resultados foram evidenciados e percebeu-se que estão bem alicerçados e
com o passar do tempo estas ideias aparentemente futurísticas estão baseadas em princípios
norteadores que vão ajudar a viabilizar a novos projetos e torna-los em ambientes saudáveis
para os seus habitantes contribuindo positivamente com a qualidade de vida de todos.
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