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Documentação Europeia

PT

Como Funciona a União Europeia


Um guia sobre as instituições da União Europeia

Em apenas meio século de vida, a União


Europeia (UE) já conseguiu concretizar
alguns feitos notáveis. Assegurou a paz
entre os países membros e a prosperidade
para os seus cidadãos. Criou uma moeda
única europeia (o euro) e um «mercado
único» sem fronteiras em que existe
liberdade de circulação para pessoas, bens,

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serviços e capital. A UE foi crescendo,
passando dos seis países iniciais para os
15 da actualidade, e está prestes a acolher

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mais 10 Estados-Membros. Tornou-se uma
potência comercial de primeira grandeza
e lidera mundialmente a evolução dos

NA-41-01-010-PT-C
acontecimentos em áreas como a defesa
do ambiente e a ajuda ao desenvolvimento.

O êxito da UE deve-se, em grande parte, ao seu carácter único e à forma


como funciona — um método único de interacção entre instituições como
o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia, apoiado por várias
agências e outros organismos
ISSN 1022-8306

Este guia contém uma descrição das actividades de cada instituição, agência
ou organismo e da forma em que está organizado. O seu objectivo consiste
em esclarecer como funciona o sistema de tomada de decisões na UE.

ISBN 92-894-5287-0

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A União Europeia

Publicado em todas as línguas oficiais da União Europeia (alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, grego,
inglês, italiano, neerlandês, português e sueco) bem como em checo, eslovaco, esloveno, estónio, húngaro, lituano,
letão, maltês e polaco.

Comissão Europeia
Direcção-Geral Imprensa e Comunicação
Publicações
B-1049 Bruxelles

Texto original concluído em Junho de 2003

Capa: Parlamento Europeu

Os dados de catalogação encontram-se no final da presente publicação

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2003

ISBN 92-894-5287-0

© Comunidades Europeias, 2003


Reprodução autorizada
Estados-Membros da União Europeia
Printed in Belgium Novos Estados-Membros com adesão prevista em 2004

IMPRESSO EM PAPAEL BRANQUEADO SEM CLORO Países candidatos Situação na Primavera de 2003
Como Funciona a União Europeia
Um guia sobre as instituições da União Europeia
Índice

Introdução à União Europeia 3

Os Tratados e o processo de tomada de decisões 5

O Parlamento Europeu: a voz do povo 10

O Conselho da União Europeia: a voz dos Estados-Membros 14

A Comissão Europeia: zelar pelo interesse comum 20

O Tribunal de Justiça: garantir o respeito pelo direito 25

O Tribunal de Contas Europeu: fiscalizar as contas da União Europeia 28

O Banco Central Europeu: gerir o euro 30

O Comité Económico e Social Europeu: a voz da sociedade civil 32

O Comité das Regiões: a voz do poder local e regional 34

O Banco Europeu de Investimento: financiar projectos da UE 36

O Provedor de Justiça Europeu: investigar as queixas dos cidadãos 38

As agências 40

Olhar para o futuro 46


Introdução à União Europeia

E m apenas meio século de vida, a União Europeia (UE) já conseguiu


concretizar alguns feitos notáveis. Assegurou a paz entre os países membros e a
prosperidade para os seus cidadãos. Criou uma moeda única europeia (o euro) e
um «mercado único» sem fronteiras em que existe liberdade de circulação para
pessoas, bens, serviços e capitais. A UE foi crescendo, passando dos seis países
iniciais para os 15 da actualidade, e está prestes a acolher mais 12 Estados-
-Membros. Tornou-se uma potência comercial de primeira grandeza e lidera
mundialmente a evolução dos acontecimentos em áreas como a defesa do
ambiente e a ajuda ao desenvolvimento.

O êxito da UE deve-se, em grande parte, ao seu carácter único e à forma como


funciona, já que a UE não é uma federação como os Estados Unidos da América,
nem uma mera organização de cooperação entre governos, como as Nações
Unidas. Os países que pertencem à UE (os seus «Estados-Membros») continuam a
ser nações soberanas e independentes, mas congregaram as suas soberanias em
algumas áreas para ganharem uma força e uma influência no mundo que não
poderiam obter isoladamente.

Congregação de soberanias significa, na prática, que os Estados-Membros


delegam alguns dos seus poderes de decisão nas instituições europeias que
criaram, de modo a assegurar que os assuntos de interesse comum possam ser
decididos democraticamente ao nível europeu.

As três principais instituições com poder de decisão são:

• o Parlamento Europeu, directamente eleito, que representa os cidadãos da UE;


• o Conselho da União Europeia, que representa os Estados-Membros;
• a Comissão Europeia, que deve defender os interesses de toda a União.

3
Como Funciona a União Europeia

Este «triângulo institucional» está na origem das políticas e da legislação


(directivas, regulamentos e decisões) que se aplicam em toda a UE.

As regras e procedimentos que as instituições devem seguir estão consagradas


em tratados, que são aprovados pelos presidentes e primeiros-ministros dos
Estados-Membros e ratificados pelos parlamentos nacionais.

Em princípio, é a Comissão que propõe a legislação da UE, mas são o Parlamento


e o Conselho que a adoptam.

O Tribunal de Justiça assegura o cumprimento da legislação europeia e o


Tribunal de Contas fiscaliza o financiamento das actividades da União.

Existem mais cinco órgãos que completam o sistema da UE:

• o Comité Económico e Social Europeu, que representa a sociedade civil e


ambos os parceiros sociais da vida empresarial (empregadores e
trabalhadores);
• o Comité das Regiões, que representa as autoridades regionais e locais;
• o Banco Central Europeu, que é responsável pela política monetária europeia;
• o Banco Europeu de Investimento, que financia projectos de investimento da
UE;
• o Provedor de Justiça Europeu, que protege os cidadãos e as organizações da
UE contra a má administração.

Há ainda uma série de agências especializadas, que foram criadas para


assumirem certas missões técnicas, científicas ou de gestão.

A presente publicação contém uma panorâmica das actividades e do modo de


funcionamento das instituições, órgãos e agências da UE. Trata-se de um guia
útil para compreender o actual sistema de tomada de decisões na UE.

4
Os Tratados e o processo de tomada
de decisões

A UE assenta em quatro tratados:

• O Tratado que institui a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA), que foi assinado em 18 de
Abril de 1951, em Paris, entrou em vigor em 23 de Julho de 1952 e expirou em 23 Julho de 2002;
• O Tratado que institui a Comunidade Económica Europeia (CEE), que foi assinado em 25 de
Março de 1957, em Roma, entrou em vigor em 1 de Janeiro de 1958;
• O Tratado que institui a Comunidade Europeia da Energia Atómica (Euratom), que foi assinado em
Roma conjuntamente com o Tratado CEE. Estes dois tratados são frequentemente designados por
«Tratados de Roma». Quando se fala em «Tratado de Roma», estamos a referir-nos só ao Tratado CEE;
• O Tratado da União Europeia (UE), que foi assinado em Maastricht, em 7 de Fevereiro de 1992,
entrou em vigor em 1 de Novembro de 1993.

Com os três primeiros tratados foram instituídas Estados-Membros — por exemplo, nas áreas da
as três «Comunidades Europeias», isto é, o sistema defesa e da justiça e assuntos internos. Ao
de tomada de decisões conjuntas nos domínios do acrescentar esta cooperação intergovernamental
carvão, do aço, da energia nuclear e mais alguns ao sistema «comunitário» vigente, o Tratado de
outros grandes sectores das economias dos Maastricht criou uma nova estrutura com três
Estados-Membros. Estas instituições comunitárias «pilares», que é tanto política como económica.
— criadas para gerir o sistema — foram fundidas Trata-se da União Europeia
em 1967, sendo assim instituídos um Conselho (UE).
único e uma Comissão única.

A CEE, para além das suas A UNIÃO EUROPEIA


competências em matéria
económica, abarcou gra-
dualmente uma vasta gama
de responsabilidades, no-
meadamente nas áreas das
políticas sociais, ambientais
e regionais. Uma vez que foi Domínio
deixando de ser uma co- comunitário (a
munidade unicamente eco- maior parte das Cooperação
nómica, o quarto Tratado áreas em que Política Externa e policial e judicial
(Maastricht) atribuiu-lhe existem políticas de Segurança em matéria
um novo nome, passando a comuns) Comum penal
ser simplesmente «a
Comunidade Europeia» (CE).
OS TRATADOS
O Tratado de Maastricht
introduziu igualmente no-
A União Europeia assenta nos seus tratados. Os seus três «pilares»
vas formas de cooperação representam diferentes áreas políticas, com sistemas diferentes em
entre os governos dos matéria de tomada de decisões.

5
Como Funciona a União Europeia

Os tratados constituem a base para tudo o • O Tratado de Nice foi assinado em 26 de


que a União Europeia faz. Sempre que se Fevereiro de 2001 e entrou em vigor em 1
torna necessário rever e alterar os tratados, de Fevereiro de 2003. Voltou a alterar os
tem de ser convocada uma conferência anteriores tratados, desenvolvendo o
especial dos governos nacionais da UE (uma sistema institucional da UE de modo a
«conferência intergovernamental»). permitir um funcionamento eficaz após o
grande alargamento a realizar em 2004.
Os tratados tiveram de ser alterados sempre
que se registou a adesão de novos Estados- O processo de tomada de decisões na União
-Membros. Além disso, praticamente em Europeia envolve várias instituições
todas as décadas, os tratados têm sido europeias:
alterados para proceder a reformas das
• a Comissão Europeia;
instituições da UE e atribuir-lhe novas áreas
de responsabilidade. • o Parlamento Europeu;
• O Acto Único Europeu (AUE) foi assinado • o Conselho da União Europeia.
em Fevereiro de 1986 e entrou em vigor
em 1 de Julho de 1987. Alterou o Tratado
CEE e preparou o terreno para a
concretização do mercado único.
• O Tratado de Amesterdão foi assinado em
2 de Outubro de 1997 e entrou em vigor
em 1 de Maio de 1994. Alterou o Tratado
CE e o Tratado da UE, alterando e
actualizando a numeração dos artigos.

As ideias que levaram à criação da União Europeia foram apresentadas pela primeira vez em 9 de Maio de
1950, num discurso de Robert Schuman (ministro dos Negócios Estrangeiros da França). É por este motivo
que o dia 9 de Maio é considerado o Dia da Europa.
6
Três «conselhos»: quem é quem?
Existe alguma confusão acerca do termo «Conselho», pois há vários órgãos europeus com designações
semelhantes, nomeadamente os três seguintes «conselhos»:

Conselho Europeu
Trata-se da reunião dos chefes de Estado e de Governo de todos os países da UE (isto é, presidentes e/ou
primeiros-ministros, consoante o disposto nas respectivas constituições), na qual também participa o
presidente da Comissão Europeia. O Conselho Europeu reúne-se, em princípio, quatro vezes por ano, para
aprovar a política global da UE e analisar os progressos realizados. É o órgão de decisão política de mais
alto nível na União Europeia, razão pela qual as suas reuniões são também conhecidas por «cimeiras».

Conselho da União Europeia


Esta instituição, que era anteriormente designada por Conselho de Ministros, reúne os ministros de
todos os países da UE. O Conselho reúne-se periodicamente para adoptar decisões, nomeadamente em
matéria de legislação europeia. A presente publicação contém um capítulo dedicado especificamente
a esta instituição, em que as suas actividades são descritas mais pormenorizadamente.

Conselho da Europa
O Conselho da Europa não é uma instituição da União Europeia. Trata-se duma organização
intergovernamental que se destina (nomeadamente) a proteger os direitos humanos, a promover a
diversidade cultural da Europa e a lutar contra determinados problemas sociais como os preconceitos e
as intolerâncias raciais. Foi criado em 1949 e uma das suas primeiras realizações foi a elaboração da
Convenção para a Protecção dos Direitos do Homem. Os cidadãos podem exercer os seus direitos ao
abrigo desta Convenção, dado que, para o efeito, foi instituído o Tribunal Europeu dos Direitos do
Homem. O Conselho da Europa tem actualmente 45 Estados-Membros, incluindo os 15 países da União
Europeia, e a sua sede situa-se no Palais de l’Europe, em Estrasburgo (França).

A Comissão Europeia propõe os projectos de Parlamento só pode emitir o seu parecer; no


legislação, mas a adopção dessa legislação processo de co-decisão, o Parlamento tem um
incumbe ao Conselho e ao Parlamento. As verdadeiro poder partilhado com o Conselho. A
restantes instituições também desempenham Comissão Europeia, quando propõe um novo
missões em áreas específicas, como será explicado acto legislativo, tem de escolher qual o processo
mais pormenorizadamente na presente publicação. que será seguido. Em princípio, esta escolha
depende da «base jurídica» da proposta — por
As regras e procedimentos para a tomada de
outras palavras, do artigo do Tratado em que
decisões na UE estão consagrados nos tratados.
está baseada.
Qualquer acto legislativo europeu tem por
fundamento um artigo específico do Tratado,
Vamos seguidamente explicar mais
conhecido como a «base jurídica» do acto.
detalhadamente estes três processos.
Há três processos principais para a adopção da
legislação da UE: 1. Consulta
• consulta;
• parecer favorável; No processo de consulta, a Comissão envia a sua
proposta tanto ao Conselho como ao
• co-decisão.
Parlamento, mas é o Conselho que consulta
oficialmente o Parlamento e outros órgãos, como
As principais diferenças entre estes processos o Comité Económico e Social Europeu e o Comité
residem na forma como o Parlamento interage das Regiões, cujos pareceres são parte integrante
com o Conselho. No processo de consulta, o do processo de tomada de decisões da UE.

7
Como Funciona a União Europeia

Em alguns casos, a consulta é obrigatória por Em algumas áreas, como a fiscalidade, o


estar explícito na base jurídica que a proposta Conselho só pode decidir por unanimidade.
não pode ser adoptada a não ser que o
Parlamento emita um parecer. Noutros casos, a
2. Parecer favorável
consulta é facultativa e a Comissão limita-se a
sugerir que o Conselho consulte o Parlamento.
O processo de parecer favorável implica que o
Conselho tem de obter obrigatoriamente um pare-
Em qualquer dos casos, o Parlamento pode:
cer favorável do Parlamento Europeu, antes de po-
• aprovar a proposta da Comissão; der adoptar certos tipos de decisões importantes.
• rejeitá-la;
• ou solicitar a introdução de emendas. Este processo é idêntico ao de consulta,
exceptuando o facto de o Parlamento não poder
Se o Parlamento solicitar a introdução de introduzir emendas: tem de aceitar ou rejeitar o
emendas, a Comissão analisa todas as alterações projecto, tal como lhe é apresentado. O parecer
propostas pelo Parlamento. As que aceitar serão favorável exige uma aprovação no Parlamento
introduzidas numa proposta alterada que volta a por maioria absoluta dos votos expressos.
ser transmitida ao Conselho.
As áreas abrangidas pelo processo de parecer
O Conselho examina a proposta alterada e favorável são:
adopta-a nos termos propostos ou volta a • algumas missões específicas do Banco Central
introduzir emendas. Neste processo, tal como em Europeu;
todos os outros, o Conselho só pode introduzir • alterações aos estatutos do Sistema Europeu
emendas numa proposta da Comissão mediante de Bancos Centrais/Banco Central Europeu;
decisão por unanimidade.
• fundos estruturais e Fundo de Coesão;
As áreas abrangidas pelo processo de consulta • o processo eleitoral uniforme para o Parla-
são: mento Europeu;
• cooperação policial e judicial em matéria • alguns acordos internacionais;
penal; • a adesão de novos Estados-Membros.
• revisão dos Tratados;
• discriminação em razão de sexo, raça ou 3. Co-decisão
origem étnica, convicções religiosas ou polí-
ticas, deficiência, idade ou orientação sexual; No processo de co-decisão, o Parlamento e o
• cidadania da UE; Conselho partilham o poder legislativo. A Comis-
são envia a sua proposta a ambas as instituições,
• agricultura; que procedem a duas leituras e discutem-na. Se
• vistos, asilo, imigração e outras políticas não conseguirem chegar a acordo, transmitem a
relacionadas com a liberdade de circulação de proposta ao «Comité de Conciliação», que é
pessoas; composto por igual número de representantes do
• transportes (sempre que haja um significativo Conselho e do Parlamento. Há igualmente
impacto em certas regiões); representantes da Comissão que participam nas
• concorrência; reuniões deste Comité, contribuindo para a
discussão. Quando o Comité alcançar um acordo,
• fiscalidade; o respectivo texto é então transmitido ao Parla-
• política económica; mento e ao Conselho para uma terceira leitura,
• «cooperação reforçada» — ou seja, a disposição para que possam finalmente adoptá-lo enquanto
que permite que um grupo de Estados- acto legislativo.
-Membros trabalhem conjuntamente num
domínio específico, mesmo que os outros não Mais pormenorizadamente, o processo é o que é
se lhes queiram juntar. apresentado no diagrama que se segue.
8
Proposta da Comissão ao Parlamento Europeu e ao Conselho

Parecer do Parlamento: Comissão altera a sua proposta

Conselho, por maioria qualificada, fixa


Conselho aprova todas as emendas do Parlamento aprova a proposta. uma posição comum. Comissão emite
Parlamento e adopta o acto Conselho pode adoptar o acto uma comunicação sobre a posição
comum

Parlamento examina a posição comum


do Conselho

Parlamento aprova a posição comum Parlamento, por maioria absoluta, Parlamento propõe emendas, por
ou abstém-se de tomar posição rejeita a posição comum do Conselho. maioria absoluta

O acto não é adoptado Parecer da Comissão

Conselho não aprova todas as emendas do Parlamento. O presidente


Conselho aprova todas as
do Conselho, conjuntamente com o presidente do Parlamento,
emendas do Parlamento.
convoca o Comité de Conciliação. A Comissão participa nos
O acto é adoptado
trabalhos do Comité

Comité de Conciliação chega a acordo.


O Parlamento e o Conselho, por maioria, Comité de Conciliação não chega a
respectivamente, absoluta e qualificada, acordo. O acto não é adoptado
adoptam o acto. Se uma das duas instituições
não o aprovar, o acto não é adoptado

As áreas abrangidas pelo processo de parecer de • decisões de execução relacionadas com o


co-decisão são: Fundo Social Europeu;
• não discriminação com base na • educação;
nacionalidade; • formação profissional;
• direito de circulação e residência; • cultura;
• liberdade de circulação de trabalhadores; • saúde;
• segurança social para os trabalhadores • defesa do consumidor;
migrantes; • redes transeuropeias;
• direito de estabelecimento; • decisões de execução relacionadas com o
• transportes; Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional;
• mercado interno; • investigação;
• emprego; • ambiente;
• cooperação aduaneira; • transparência;
• luta contra a exclusão social; • prevenção e luta contra fraude;
• igualdade de oportunidades e igualdade de • estatísticas;
tratamento; • instituição de um órgão consultivo para a
protecção de dados.
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Como Funciona a União Europeia

O Parlamento Europeu:
a voz do povo

Factos essenciais

Função: Ramo legislativo directamente eleito da UE


Próximas eleições: Junho de 2004
Reuniões: Sessões plenárias mensais em Estrasburgo,
reuniões de comissões e sessões adicionais
em Bruxelas
Endereço: Plateau du Kirchberg, BP 1601,
L-2929 Luxembourg
Telefone: (352) 4300-1
Internet: www.europarl.eu.int

Os deputados do Parlamento Europeu não se sentam por blocos nacionais, mas sim em grupos
políticos europeus que associam todos os principais partidos políticos que actuam nos Estados-
-Membros da UE.

Número de mandatos por grupo político, em 1 de Abril de 2003

Grupo político Abreviatura N.º de mandatos


Partido Popular Europeu (Democrata-Cristão)
e Democratas Europeus EPP-ED 232
Partido dos Socialistas Europeus PES 175
Partido Europeu dos Liberais, Democratas e Reformistas ELDR 52
Esquerda Unitária Europeia/Esquerda Nórdica Verde EUL/NGL 49
Verdes/Aliança Livre Europeia Greens/EFA 44
União para Europa das Nações UEN 23
Europa das Democracias e das Diferenças EDD 18
Não-inscritos NA 31
Total 624

As origens do Parlamento situam-se na década de 1950-1960, sendo concomitante com os


tratados de fundação das Comunidades. Desde 1979, os deputados do PE são directamente
eleitos pelos cidadãos que representam.

As eleições para o Parlamento Europeu (designadas «eleições europeias» em Portugal) realizam-


-se de cinco em cinco anos. Têm direito a voto todos os cidadãos da UE que estejam
recenseados enquanto eleitores. O Parlamento exprime portanto a vontade democrática dos
380 milhões de cidadãos da União e representa os seus interesses nas discussões com as outras
instituições da UE.

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Onde é a sede do Parlamento?

O Parlamento Europeu tem sedes em França, na


Bélgica e no Luxemburgo.

As sessões plenárias mensais, isto é, as sessões


para todos os deputados, realizam-se em
Estrasburgo (França) — a «sede» principal do
Parlamento. As reuniões das Comissões
parlamentares e quaisquer sessões plenárias
adicionais realizam-se em Bruxelas (Bélgica),
enquanto no Luxemburgo estão sediados os
serviços administrativos (o «Secretariado-
-Geral»).

Em 2002, Pat Cox foi eleito presidente


do Parlamento Europeu. O que faz o Parlamento?

Número de mandatos por país O Parlamento tem três funções principais:


(por ordem alfabética do nome de cada 1) partilha com o Conselho o poder
país, na respectiva língua oficial)
legislativo. O facto de ser um órgão
1999- 2004- 2007- directamente eleito garante a legitimi-
-2004 -2007 -2009 dade democrática da legislação europeia;
Bélgica 25 24 24
Bulgária - - 18 2) exerce um controlo democrático de todas
Chipre - 6 6 as instituições da UE, especialmente da
República Checa - 24 24 Comissão. Tem poderes para aprovar ou
Dinamarca 16 14 14 rejeitar as nomeações dos membros da
Alemanha 99 99 99 Comissão, e tem o direito de adoptar uma
Grécia 25 24 24 moção de censura da Comissão;
Espanha 64 54 54 3) partilha com o Conselho a autoridade
Estónia - 6 6 sobre o orçamento da UE, o que significa
França 87 78 78 que pode influenciar as despesas da UE.
Hungria - 24 24 No final do processo orçamental,
Irlanda 15 13 13 incumbe-lhe adoptar ou rejeitar a
Itália 87 78 78 totalidade do orçamento.
Letónia - 9 9
Lituânia - 13 13 Estas três funções são seguidamente
Luxemburgo 6 6 6 descritas com mais pormenor.
Malta - 5 5
Países Baixos 31 27 27 1. O poder legislativo
Áustria 21 18 18
Polónia - 54 54 O processo mais usual para a adopção da
Portugal 25 24 24 legislação da UE é o de «co-decisão» (ver acima:
Roménia - - 36 «Os Tratados e o processo de tomada de
Eslováquia - 14 14 decisões», p. 5), que coloca o Parlamento
Eslovénia - 7 7 Europeu e o Conselho em pé de igualdade. Os
Finlândia 16 14 14 actos legislativos adoptados por este processo,
Suécia 22 19 19 que são actos conjuntos do Conselho e do
Reino Unido 87 78 78 Parlamento, abrangem uma vasta gama de
Total (max.) 626 732 786 domínios de actuação.
11
Como Funciona a União Europeia

Há também muitas matérias relativamente às Conselho e o presidente do Conselho participa


quais o Parlamento tem obrigatoriamente de nas sessões plenárias do Parlamento e nos
ser consultado; também é necessária a debates mais importantes.
aprovação do Parlamento para certas decisões
políticas ou institucionais mais importantes. O Parlamento trabalha em estreita cooperação
com o Conselho em certas áreas, tais como a
O Parlamento contribui ainda para a política externa e de segurança comum, a
elaboração de nova legislação, dado que tem cooperação policial e judicial, bem como em
de examinar o programa de trabalho anual da algumas questões de interesse comum, como a
Comissão, determinando quais os novos actos política de asilo e de imigração e as medidas de
legislativos que são necessários e solicitando à combate à toxicodependência, à fraude e à
Comissão que apresente propostas nesse criminalidade internacional. A Presidência do
sentido. Conselho mantém o Parlamento informado
acerca de todos estes assuntos.
2. O controlo democrático
O Parlamento pode também exercer o seu
O Parlamento exerce, em várias circunstâncias, controlo democrático através da análise das
um controlo democrático das outras petições apresentadas por cidadãos e da
instituições europeias. instituição de comissões de inquérito
temporárias.
Em primeiro lugar, quando é indigitada uma
nova Comissão, todos os novos membros e o Por último, o Parlamento contribui sempre para
presidente (designados pelos Estados- as cimeiras da UE (as reuniões do Conselho
-Membros) têm de se submeter a audições Europeu). No início de cada cimeira, o
perante o Parlamento, não podendo ser presidente do Parlamento é convidado a
nomeados sem a sua aprovação. exprimir os pontos de vista e preocupações do
Parlamento sobre as questões que figuram na
Em segundo lugar, a Comissão é politicamente agenda do Conselho Europeu.
responsável perante o Parlamento, que pode
aprovar uma «moção de censura» que implica a 3. O poder orçamental
demissão de toda a Comissão.
O orçamento anual da UE é decidido
Em termos mais gerais, o Parlamento exerce o conjuntamente pelo Parlamento e pelo
seu controlo através da análise periódica de Conselho da União Europeia. O debate no
relatórios enviados pela Comissão (Relatório Parlamento realiza-se em duas leituras
Geral, relatórios sobre a execução do sucessivas. O orçamento só entra em vigor
orçamento e a aplicação da legislação após ser assinado pelo presidente do
comunitária, etc.). Além disso, os deputados do Parlamento.
PE endereçam regularmente perguntas orais e
escritas à Comissão. A Comissão do Controlo Orçamental
(Cocobu) do Parlamento controla a execução
Os membros da Comissão participam nas do orçamento. Todos os anos, o Parlamento
sessões plenárias do Parlamento e nas reuniões tem de decidir se aprova a forma como a
das suas comissões parlamentares, mantendo Comissão executou o orçamento do exercício
um constante diálogo entre as duas financeiro precedente. Este processo de
instituições. aprovação tem a designação técnica de
«quitação».
O Parlamento também acompanha os trabalhos
do Conselho: os deputados do PE endereçam
regularmente perguntas orais e escritas ao

12
Como está organizado o Parlamento? Na ordem de trabalhos podem ainda estar
incluídas «comunicações» do Conselho ou da
Os trabalhos do Parlamento estão repartidos Comissão ou temas relacionados com
por duas fases principais: questões de actualidade na União Europeia e
no mundo em geral.
• a preparação da sessão plenária. Esta
preparação é feita pelos deputados das
comissões parlamentares especializadas nas
diversas áreas de actividade da UE. As
questões a debater são também discutidas
nos grupos políticos;
• a própria sessão plenária. As sessões
plenárias, para todos os deputados do PE,
realizam-se normalmente em Estrasburgo
(uma semana por mês) e ocasionalmente em
Bruxelas (dois dias). Nestas sessões, o
Parlamento examina as propostas de
legislação e vota as emendas que pretende
introduzir antes de se chegar a uma decisão
sobre a totalidade do acto jurídico.

Os representantes directamente eleitos dos cidadãos da UE reúnem-se em


Estrasburgo para debater e votar legislação que se aplica em toda a Europa.

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Como Funciona a União Europeia

O Conselho da União Europeia:


a voz dos Estados-Membros

Factos essenciais

Função: Ramo legislativo da UE, que representa os


Estados-Membros
Membros: Um ministro por cada país da UE
Presidência: Rotativa de seis em seis meses
Reuniões: Em Bruxelas (Bélgica), excepto em Abril, Junho e Outubro,
meses em que as reuniões se realizam no Luxemburgo
Endereço: Rue de la Loi/Wetstraat 175, B-1048 Bruxelles
Telefone: (32-2) 285 61 11
Internet: ue.eu.int

O Conselho é o principal órgão de tomada de • Emprego, Política Social, Saúde e Protecção


decisões da UE. Tal como o Parlamento dos Consumidores
Europeu, o Conselho foi instituído pelos • Competitividade (Mercado Interno, Indústria
tratados de fundação da década de 1950-1960. e Investigação)
Representa os Estados-Membros, e nas suas
• Transportes, Telecomunicações e Energia
reuniões participa um ministro do governo
nacional de cada um dos países da UE. • Agricultura e Pescas
• Ambiente
Qual o ministro que tem de participar depende • Educação, Cultura e Juventude
de qual é o tema a tratar. Se, por exemplo, o
Conselho se destina a tratar assuntos No entanto, o Conselho continua a ser uma
ambientais, participam na respectiva reunião os única instituição.
ministros do Ambiente de todos os países da
UE. Trata-se então do Conselho «Ambiente». Cada ministro que participa num Conselho
tem competência para vincular o seu
As relações da UE com o resto do mundo são governo. Por outras palavras, a assinatura do
tratadas no Conselho «Assuntos Gerais e ministro compromete todo o seu governo.
Relações Externas». No entanto, o Conselho, Além disso, cada ministro que participa no
neste tipo de configuração, tem também uma Conselho é responsável perante o seu
responsabilidade política mais genérica e, por Parlamento nacional e perante os cidadãos
esse motivo, nas suas reuniões podem que esse Parlamento representa. Assim está
participar outros ministros e secretários de assegurada a legitimidade democrática das
Estado, consoante seja decidido pelos decisões do Conselho.
respectivos governos.

Existem nove diferentes configurações do


O que faz o Conselho?
Conselho:
O Conselho tem seis responsabilidades
• Assuntos Gerais e Relações Externas essenciais:
• Assuntos Económicos e Financeiros («Ecofin») 1) adopta os actos legislativos europeus. Em
• Justiça e Assuntos Internos muitos domínios, este poder legislativo é

14
assumido conjuntamente com o Parlamento limitando-se a uma cooperação mútua. É a
Europeu; chamada «cooperação intergovernamental», que
2) coordena, em linhas gerais, as políticas abrange o segundo e o terceiro «pilares» da
económicas dos Estados-Membros; União Europeia (PESC e cooperação judicial e
policial em matéria penal).
3) celebra acordos internacionais entre a UE e
um ou mais Estados ou organizações
Os trabalhos do Conselho são descritos mais
internacionais;
detalhadamente nos capítulos seguintes.
4) aprova, conjuntamente com o Parlamento
Europeu, o orçamento da UE;
1. Legislação
5) desenvolve a Política Externa e de
Segurança Comum (PESC) da UE, com base
Grande parte da legislação da UE é adoptada
em directrizes fixadas pelo Conselho
conjuntamente pelo Conselho e pelo
Europeu (para mais informações, ver
Parlamento (ver acima: «Os Tratados e o
capítulo específico);
processo de tomada de decisões», p. 5).
6) coordena a cooperação entre os tribunais e
as forças policiais nacionais dos Estados- Regra geral, o Conselho só actua sob proposta
Membros em matéria penal (ver capítulo da Comissão, e a Comissão tem normalmente a
sobre «Justiça e Assuntos Internos», p. 17). responsabilidade por assegurar que a legislação
da UE, após ser adoptada, é correctamente
A maior parte destas responsabilidades estão aplicada.
relacionadas com os domínios de actuação
«comunitários» — isto é, os domínios de actuação
em que os Estados-Membros decidiram 2. Coordenação das políticas económicas
congregar as respectivas soberanias e delegar os dos Estados-Membros
poderes de decisão nas instituições da UE. Trata-
-se do chamado «primeiro pilar» da União Os países da UE decidiram que querem ter uma
Europeia. política económica geral baseada numa estreita
coordenação entre as respectivas políticas
No entanto, as duas últimas destas seis económicas nacionais. Esta coordenação é feita
responsabilidades elencadas estão relacionadas pelos ministros da Economia e Finanças, que
com domínios de actuação em que os Estados- constituem colectivamente o Conselho dos
-Membros não delegaram os seus poderes, Assuntos Económicos e Financeiros («Ecofin»).

Os ministros de todos os países da UE reúnem-se no Conselho para adoptar decisões comuns acerca das políticas
e da legislação da UE.

15
Como Funciona a União Europeia

3. Celebração de acordos internacionais mento Europeu. Se as duas instituições não


estiverem de acordo, o Conselho pode adoptar
Todos os anos o Conselho «celebra» (isto é , assina a decisão final quanto às «despesas
oficialmente) vários acordos entre a União obrigatórias» (principalmente despesas
Europeia e países não pertencentes à UE, bem agrícolas e despesas decorrentes de acordos
como com organizações internacionais. Estes internacionais com países não pertencentes à
acordos cobrem grandes áreas, como o comércio UE), enquanto o Parlamento tem a última
e a cooperação para o desenvolvimento, ou palavra quanto às despesas «não obrigatórias» e
tratam de domínios específicos como os têxteis, quanto à aprovação final da totalidade do
as pescas, a ciência e a tecnologia, os orçamento.
transportes, etc.
5. Política Externa e de Segurança Comum
Além disso, o Conselho pode celebrar convenções
entre os Estados-Membros da UE em domínios Os Estados-Membros estão a trabalhar para
como a fiscalidade, o direito das sociedades ou a desenvolver uma Política Externa e de
protecção consular. As convenções podem ainda Segurança Comum (PESC). No entanto, áreas
estar relacionadas com a cooperação judicial e como a política externa e a segurança e a
policial em matéria penal (ver seguidamente defesa são matérias em que os Estados-
ponto específico sobre este tema). -Membros da UE mantêm um controlo
independente. Nestas áreas não houve
4. A aprovação do orçamento da UE congregação das soberanias nacionais dos
Estados-Membros e, por isso, o Parlamento e a
O orçamento anual da UE é decidido Comissão Europeia têm papéis bastante
conjuntamente pelo Conselho e pelo Parla- limitados. No entanto, os países da UE têm

Reuters / Danilo Krstanovic

Em Janeiro de 2003, a Missão Policial da União Europeia iniciou uma operação na Bósnia e Herzegovina,
assumindo os aspectos civis da gestão da crise, que até então eram da responsabilidade da ONU. As
actuações deste tipo são decididas e coordenadas pelo Conselho da União Europeia.

16
muito a ganhar se trabalharem conjuntamente 6. Justiça e Assuntos Internos (JAI)
nestas áreas e o Conselho é o principal fórum
em que se concretiza esta «cooperação O tráfico de drogas, o terrorismo, a fraude
intergovernamental». internacional, o tráfico de seres humanos e a
exploração sexual de crianças são questões de
Para habilitar a UE a reagir mais eficazmente a grande preocupação para os cidadãos
crises internacionais, o Conselho Europeu (na europeus. Trata-se de actividades criminosas
sua reunião de Helsínquia, em Dezembro de transfronteiras, que só podem ser combatidas
1999) decidiu que a UE iria criar uma «Força de eficazmente através da cooperação transfron-
Reacção Rápida», com 60 000 efectivos teiras. Para que a União Europeia o possa fazer,
militares, que possa ser mobilizada em 60 dias dando a todos os seus cidadãos igualdade de
e mantida em operação até um ano. acesso à justiça em toda a UE, os tribunais
nacionais, as forças policiais, os serviços
Não se trata, no entanto, dum «exército aduaneiros e os serviços de imigração dos
europeu». Os efectivos continuam a pertencer países da UE têm de trabalhar conjuntamente.
às respectivas forças armadas nacionais e a
permanecer sob o seu comando nacional, e a É necessário assegurar, por exemplo:
sua missão está limitada a assegurar a ajuda • que uma sentença judicial emitida num país
humanitária, o salvamento, a manutenção da da UE num processo de divórcio ou de
paz e outras tarefas de gestão de crises. custódia dos filhos seja reconhecida em todos
os outros países da UE;
Para providenciar o controlo político e a • que as fronteiras externas da UE sejam
direcção estratégica em situações de crise, o eficazmente policiadas;
Conselho Europeu (Nice, Dezembro de 2000)
decidiu criar novas estruturas políticas e • que os funcionários aduaneiros e policiais
militares permanentes no Conselho da União troquem informações acerca de suspeitas de
Europeia. Estas novas estruturas são: tráfico de drogas e de seres humanos;
• o Comité Político e de Segurança (PCS); • que os requerentes de asilo sejam avaliados e
tratados da mesma forma em toda a UE, de
• o Comité Militar da União Europeia (CMUE); modo a evitar discrepâncias.
• o Estado-Maior da União Europeia (EMUE),
composto por peritos militares destacados Este tipo de questões, que são abrangidas pela
pelos Estados-Membros para o Secretariado- área da «Justiça e Assuntos Internos» (JAI), são
-Geral do Conselho. tratadas pelos ministros da Justiça e dos
Assuntos Internos dos Estados-Membros, que
O CMUE está sob o comando militar do EMUE, actuam colectivamente no Conselho da Justiça
a quem presta assistência. e dos Assuntos Internos da UE.

Em 2002, foram criadas duas agências para


realizarem tarefas especificas em áreas técnicas
e científicas para a Política Externa e de
Segurança Comum. Trata-se:
• do Instituto Europeu de Estudos de
Segurança (www.iss-eu.org), com base em
Paris, França;
• do Centro de Satélite da União Europeia
(www.eusc.org), com base em Torrejón de
Ardoz, Espanha.

17
Como Funciona a União Europeia

Como está organizado o Conselho? Se, por exemplo, o Conselho do Ambiente


estiver programado para a segunda metade de
Coreper 2006, já se sabe que será presidido pelo
ministro do Ambiente finlandês, dado que a
Em Bruxelas, cada Estado membro da UE tem uma Finlândia assegurará a Presidência do Conselho
representação permanente, que defende os seus nesse período.
interesses nacionais junto da UE. O chefe da
Representação Permanente é, de facto, o O Secretariado-Geral
embaixador do seu país junto da UE.
A Presidência é assistida pelo Secretariado-
Estes embaixadores (conhecidos por «represen- -Geral, que prepara e assegura o correcto
tantes permanentes») reúnem-se semanalmente funcionamento dos trabalhos do Conselho a
no Comité dos Representantes Permanentes todos os níveis.
(Coreper). O papel deste Comité consiste em
preparar os trabalhos do Conselho, com excepção Em 1999, Javier Solana foi nomeado
das questões agrícolas, que são preparadas por um secretário-geral do Conselho e, simul-
Comité Especial da Agricultura. O Coreper é taneamente, alto-representante para a Política
assistido por vários grupos de trabalho compostos Externa e de Segurança Comum (PESC). Nessa
por funcionários das administrações nacionais. capacidade, tem de ajudar o Conselho a
elaborar e executar as decisões políticas nessa
A Presidência do Conselho área, bem como a iniciar o diálogo político, em
nome do Conselho, com os países terceiros, isto
A Presidência do Conselho é objecto de rotação é, os países não pertencentes à UE.
de seis em seis meses. Por outras palavras, cada
país da UE dirige a agenda do Conselho por O secretário-geral é assistido por um secre-
períodos sucessivos de seis meses, assegurando tário-geral adjunto, responsável pelo Secre-
a presidência de todas as respectivas reuniões e tariado-Geral do Conselho.
promovendo os compromissos necessários
entre os diversos Estados-Membros.

O roteiro para o período de 2003-2006 é o


seguinte:

2003 Primeira metade do ano: Grécia


Segunda metade do ano: Itália

2004 Primeira metade do ano: Irlanda


Segunda metade do ano: Países Baixos

2005 Primeira metade do ano: Luxemburgo


Segunda metade do ano: Reino Unido

2006 Primeira metade do ano: Áustria


Segunda metade do ano: Finlândia

Javier Solana, enquanto responsável da política


externa da UE, actua em nome da Europa ao nível
internacional.

18
Quantos votos tem cada país? «Votação por maioria qualificada»

As decisões do Conselho são adoptadas por O processo de votação mais comum no


votação. Quanto maior for a população do Conselho é a «votação por maioria qualificada»,
Estado membro, de mais votos disporá. Mas o que significa que qualquer proposta só pode
esta ponderação não é estritamente ser adoptada se dispuser dum número mínimo
proporcional, pois é ajustada em benefício dos de votos (os detalhes serão explicados
países menos populosos. seguidamente).

Até 1 de Maio de 2004, o número de votos por No entanto, em algumas áreas particularmente
país é o seguinte: sensíveis, tais como a PESC, a fiscalidade e a
política em matéria de asilo e de imigração, as
Alemanha, França, Itália e Reino Unido 10 decisões do Conselho só podem ser adoptadas
Espanha 8 por unanimidade. Por outras palavras, qualquer
Bélgica, Grécia, Países Baixos e Portugal: 5 Estado-Membro tem nestas áreas direito de
Áustria e Suécia 4 veto.
Dinamarca, Irlanda e Finlândia 3
Luxemburgo 2 A unanimidade já é difícil de alcançar entre 15
• Total 87 países. Numa União alargada a 27 ou mais
países, será virtualmente impossível. Se a UE
De Maio de 2004 (data de adesão dos novos continuasse a funcionar nos termos actuais,
Estados-Membros) até 31 de Outubro do arriscar-se-ia a ficar paralisada e incapaz de
mesmo ano, irão vigorar disposições agir em muita áreas de extrema importância.
transitórias para alterar a ponderação de votos. Por isso, as regras foram alteradas no Tratado
de Nice, passando o Conselho a poder adoptar
A partir de 1 de Novembro de 2004, o número decisões por maioria qualificada em algumas
de votos por país (incluindo os novos Estados- áreas que anteriormente exigiam decisões por
-Membros) passa a ser o seguinte: unanimidade.

Alemanha, França, Itália e Reino Unido 29 Até 1 de Maio de 2004, o número mínimo de
Espanha e Polónia 27 votos exigido para a maioria qualificada era de
Países Baixos 13 62 num total de 87, ou seja, 71,3%. No período
Bélgica, Grécia, Hungria, República de seis meses a partir de 1 de Maio de 2004,
Checa e Portugal 12 data de adesão à UE dos novos Estados-
Áustria e Suécia 10 -Membros, irão vigorar disposições transitórias.
Dinamarca, Irlanda, Finlândia, Lituânia e
Eslováquia 7 A partir de 1 de Novembro de 2004, a maioria
Chipre, Estónia, Letónia, Luxemburgo e qualificada exige:
Eslovénia 4 • a aprovação da maioria dos Estados-
Malta 3 -Membros (nalguns casos, uma maioria de
- Total 321 dois terços);
• um mínimo de 232 votos a favor — o que
representa 72,3% do total (aproxima-
damente o mesmo que no sistema anterior).

Além disso, qualquer Estado membro poderá


exigir que seja confirmado que os votos a favor
representem, pelo menos, 62% do total da
população da União para que a decisão em
causa possa ser adoptada.

19
Como Funciona a União Europeia

A Comissão Europeia:
zelar pelo interesse comum

Factos essenciais

Função: Ramo executivo da UE; direito de iniciativa no


domínio legislativo
Membros: 20: França, Alemanha, Itália, Espanha e Reino
Unido, dois membros cada; um por cada um dos
outros Estados-Membros
Mandato: Cinco anos (1999-2004, 2004-2009)
Endereço: Rue de la Loi/Wetstraat 200, B-1049 Bruxelles
Telefone: (32-2) 299 11 11
Internet: europa.eu.int/comm

A Comissão é a instituição politicamente União no seu conjunto, não recebendo


independente que representa e salvaguarda os instruções dos governos nacionais.
interesses da UE no seu todo. Ela é a força
impulsionadora do sistema institucional: propõe De cinco em cinco anos, seis meses antes das
legislação, políticas e programas de acção e é eleições para o Parlamento Europeu, é
responsável pela execução das decisões do nomeada uma nova Comissão. O procedimento
Parlamento e do Conselho. é o seguinte:
• os governos dos Estados-Membros designam
Tal como o Parlamento e o Conselho, a
por comum acordo o novo presidente da
Comissão Europeia foi criada nos anos 50 ao
Comissão;
abrigo dos Tratados fundadores.
• o presidente designado da Comissão, após
discussão com os governos dos Estados-
O que é a Comissão?
-Membros, escolhe os restantes 19 membros
da Comissão;
O termo «Comissão» é usado em dois sentidos.
O primeiro refere-se aos «membros da • o novo Parlamento realiza audiências com os
Comissão» — isto é, a equipa de 20 homens e 20 membros e dá o seu parecer sobre a
mulheres designados pelos Estados-Membros e composição do «Colégio». Caso seja
pelo Parlamento para gerir a instituição e aprovada, a nova Comissão pode assumir
tomar as decisões da sua competência. O oficialmente as suas funções no mês de
segundo diz respeito à instituição em si e aos Janeiro seguinte.
seus funcionários.
O actual mandato da Comissão termina em 31
Informalmente, os membros da Comissão são Outubro de 2004. O presidente é Romano
conhecidos por «comissários». Todos eles Prodi.
desempenharam cargos políticos nos seus
países de origem, muitos ao nível ministerial. A Comissão responde politicamente perante o
Contudo, enquanto membros da Comissão Parlamento, que tem poderes para a demitir
estão obrigados a zelar pelos interesses da mediante a adopção de uma moção de censura.

20
Romano Prodi, presidente da Comissão, é apologista do diálogo — explicar aos cidadãos da UE o
que faz a Comissão e ouvir as suas opiniões. A comunicação nos dois sentidos é essencial para
aproximar a Europa dos europeus.

A Comissão participa em todas as sessões do Onde está sediada a Comissão?


Parlamento, durante as quais tem de explicar e
justificar as políticas por si seguidas. Responde A «sede» da Comissão situa-se em Bruxelas
também às questões orais e escritas que lhe são (Bélgica). No entanto, a Comissão tem também
endereçadas pelos membros do Parlamento. serviços no Luxemburgo, representações em
todos os países da UE e delegações em muitas
O trabalho da Comissão é realizado pelos seus capitais de todo o mundo.
administradores, peritos, tradutores, intérpretes
e pessoal administrativo, num total de cerca de O que faz a Comissão?
24 000 funcionários europeus. Este número
pode parecer muito elevado, mas na realidade A Comissão Europeia tem quatro funções
é inferior ao número de funcionários de principais:
qualquer das grandes autarquias da Europa.
1) apresenta propostas legislativas ao
Parlamento e ao Conselho;
Longe de serem burocratas sem rosto, os
funcionários da Comissão são cidadãos 2) gere e executa as políticas e o orçamento da
comuns, originários de todos os países da UE, UE;
que são seleccionados através de concursos e 3) garante a aplicação do direito comunitário
que trabalham em conjunto na construção de (em conjunto com o Tribunal de Justiça);
uma União Europeia forte e bem sucedida. Os 4) representa a União Europeia ao nível
funcionários da Comissão — tal como os dos internacional incumbindo-lhe, por exemplo,
outras instituições da UE — são recrutados pelo negociar acordos entre a UE e países terceiros.
Serviço Europeu de Selecção de Pessoal (EPSO):
europa.eu.int/epso.

21
Como Funciona a União Europeia

1. Apresentar propostas legislativas 2. Executar as políticas e o orçamento da UE

O Tratado confere à Comissão o «direito de Na sua qualidade de órgão executivo da União


iniciativa». Por outras palavras, só a Comissão Europeia, a Comissão é responsável pela gestão
pode apresentar as novas propostas de e execução do orçamento da UE e das políticas
legislação, que deve depois transmitir ao e programas adoptados pelo Parlamento e pelo
Parlamento e ao Conselho. Estas propostas Conselho. A maior parte das actividades e das
devem ter em conta a defesa dos interesses da despesas são efectuadas pelas autoridades
União e dos seus cidadãos e não interesses nacionais e locais, mas é a Comissão que é
específicos de países ou sectores. responsável pelo seu controlo.

Antes de apresentar uma proposta, a Comissão Um exemplo de uma política em que é a


tem de ter conhecimento das novas situações e Comissão que actua directamente é a política
problemas existentes na Europa e analisar se a de concorrência: a Comissão fiscaliza os cartéis
legislação da UE constitui a melhor solução e as concentrações e certifica-se de que os
para os resolver, razão pela qual a Comissão países da UE não subsidiam as suas empresas
está em contacto permanente com uma vasta de tal forma que distorçam a concorrência.
gama de grupos de interesses, bem como com
dois órgãos consultivos — o Comité Económico Como exemplos de programas da UE geridos
e Social Europeu (composto pelos pela Comissão pode referir-se os programas
representantes do patronato e dos sindicatos) e «Interreg» e o «Urban» (respectivamente,
o Comité das Regiões (composto pelos criação de parcerias transfronteiras entre
representantes das autoridades locais e regiões e apoio a zonas urbanas degradadas) ou
regionais). A Comissão também consulta os o «Erasmus», um programa de intercâmbio de
parlamentos e os governos nacionais. estudantes em toda a Europa.

A Comissão apenas propõe medidas ao nível da A Comissão controla o orçamento sob o olhar
UE se considerar que um determinado atento do Tribunal de Contas. As duas
problema não pode ser solucionado de forma instituições procuram assegurar uma correcta
mais eficaz ao nível nacional, regional ou local. gestão financeira. O Parlamento Europeu só dá
A este princípio, que consiste em resolver os quitação do orçamento à Comissão se
problemas ao nível mais baixo possível, dá-se o considerar satisfatório o relatório anual do
nome de «princípio de subsidiariedade». Tribunal de Contas.

Se, contudo, a Comissão concluir que é 3. Garantir a aplicação


necessária legislação da UE, elabora uma do direito comunitário
proposta que aborde o problema de forma
adequada e satisfaça o leque mais diversificado A Comissão é a «guardiã dos Tratados». Tal
possível de interesses. Para as questões significa que, juntamente com o Tribunal de
técnicas, a Comissão consulta peritos que se Justiça, a Comissão zela pela correcta aplicação
reúnem em comités e grupos de trabalho. da legislação da UE em todos os Estados-
-Membros.

Se concluir que um determinado país da UE


não está a aplicar correctamente uma lei
europeia, não cumprindo, por conseguinte, as
obrigações jurídicas que lhe competem, a
Comissão tomará as medidas adequadas para
corrigir a situação.

22
Começa por instaurar um procedimento Cada ponto da agenda é apresentado pelo
jurídico denominado «procedimento por comissário responsável pelo pelouro em causa e
infracção», que consiste em enviar ao governo o Colégio toma uma decisão colectiva sobre a
do país em causa uma carta oficial explicando matéria.
as razões por que considera que esse país está
a infringir a legislação da UE. Na mesma carta, Os funcionários da Comissão estão repartidos
a Comissão indica um prazo para que lhe seja por 36 departamentos, denominados
enviada uma resposta circunstanciada. «direcções-gerais» (DG) e «serviços» (tais como
o Serviço Jurídico).
Se este procedimento não for suficiente para
resolver o problema, a Comissão é obrigada a Cada DG é responsável por uma área política
remeter o caso para o Tribunal de Justiça, que específica, sendo chefiada por um director-
tem poderes para aplicar sanções pecuniárias. -geral que responde perante o comissário
As sentenças do Tribunal são vinculativas para competente.
os Estados-Membros e as instituições da UE.
Compete às DG idealizar e elaborar as
4. Representar a UE ao nível internacional propostas legislativas da Comissão, as quais só
são consideradas oficiais uma vez «adoptadas»
A Comissão Europeia é um importante porta-voz pelo Colégio na sua reunião semanal. O
da União Europeia no contexto internacional, o procedimento é o seguinte:
que permite aos 15 Estados-Membros falar «a
uma só voz» em fóruns internacionais tais como Imagine-se, por exemplo, que a Comissão
a Organização Mundial do Comércio. considera que é necessário criar legislação da
UE para prevenir a poluição dos rios na Europa.
Incumbe igualmente à Comissão negociar A Direcção-Geral do Ambiente elabora uma
acordos internacionais em nome da UE. É o proposta, que terá em linha de conta as
caso, por exemplo, do Acordo de Cotonou, que consultas prévias realizadas pela Comissão com
institui uma vasta parceria de comércio e ajuda representantes da indústria e dos agricultores,
entre a UE e os países em desenvolvimento de
África, das Caraíbas e do Pacífico.

Como está organizada a Comissão?

Incumbe ao presidente da Comissão decidir


quais os pelouros a atribuir a cada comissário e,
se necessário, proceder a remodelações em
qualquer momento do mandato da Comissão. O
presidente, com a aprovação da Comissão, pode
também pedir a demissão de um comissário.

A equipa de 20 comissários (também conhecida


por «Colégio») reúne uma vez por semana,
normalmente às quartas-feiras, em Bruxelas.

A União Europeia é o primeiro dador mundial de


ajuda ao desenvolvimento, nomeadamente nas
áreas da educação e da construção de escolas.

23
Como Funciona a União Europeia

bem como com os ministérios do Ambiente e Composição futura da Comissão


as organizações ambientais nos Estados-
-Membros. Sempre houve dois comissários de cada um dos
Estados-Membros com maior número de
A legislação proposta será em seguida discutida habitantes e um comissário de cada um dos
com todos os serviços competentes da outros países. Porém, a manter-se esta regra
Comissão e alterada se necessário. Poste- após o alargamento da UE, a Comissão tornar-
riormente, é encaminhada para o Serviço -se-ia demasiado grande para poder funcionar
Jurídico e para os «gabinetes» dos comissários eficazmente. Em 1 de Maio de 2004, quando 10
(assessores políticos) que procederão à sua novos Estados-Membros aderirem à UE, a
verificação. Comissão passará a contar com mais 10
comissários, o que elevará o número total para
Uma vez concluído este trabalho, o secretário- 30.
-geral inscreve a proposta na agenda de uma
próxima reunião da Comissão. Nessa reunião, o Deste modo, quando a nova Comissão tomar
comissário responsável pelo Ambiente explica posse, em 1 de Novembro de 2004, haverá
aos seus colegas os motivos por que apresenta apenas um comissário por país. Quando a
a proposta de legislação e em seguida procede- União tiver 27 Estados-Membros, o Conselho,
se à sua discussão. Se houver acordo, o Colégio deliberando por unanimidade, estabelecerá o
«adopta» a proposta, a qual será enviada para o número máximo de comissários. O seu número
Conselho e o Parlamento Europeu para será inferior a 27 e as nacionalidades serão
apreciação. definidas de acordo com um sistema de rotação
absolutamente equitativo para todos os países.
Se não houver acordo entre os comissários, o
presidente submeterá a proposta a votação. Se
11 ou mais dos 20 membros votarem a favor, a
proposta será adoptada e de aí em diante todos
os membros da Comissão apoiarão incon-
dicionalmente a proposta.

Os membros da Comissão Europeia são provenientes de todos os países da UE, mas mantêm-se
independentes dos governos nacionais. Reúnem-se uma vez por semana para discutir as políticas da UE e
apresentar propostas de legislação.

24
O Tribunal de Justiça:
garantir o respeito pelo direito

Factos essenciais

Função: proferir acórdãos sobre os processos que


são submetidos à sua apreciação
Tribunal de Justiça: um juiz por cada país da UE; 8 advogados-
-gerais
Tribunal de
Primeira Instância: um juiz por cada país da UE
Mandato: os membros dos dois tribunais são desig-
nados por períodos renováveis de seis anos
Endereço: Plateau du Kirchberg, L-2925 Luxembourg
Telefone: (352) 4303-1
Internet: curia.eu.int

O Tribunal de Justiça das Comunidades Os juízes e os advogados-gerais são escolhidos


Europeias, frequentemente designado por «O entre magistrados dos tribunais superiores
Tribunal») foi criado pelo Tratado CECA em 1952. nacionais ou advogados de reconhecida
A sua missão é garantir a interpretação e competência que ofereçam todas as garantias
aplicação uniformes da legislação da UE de imparcialidade. Os membros desta instância
(tecnicamente conhecida por «direito são nomeados de comum acordo pelos governos
comunitário») em todos os Estados-Membros. dos Estados-Membros por um período de seis
Por outras palavras, garantir que a legislação anos, renovável por um ou dois períodos de três
seja idêntica para todas as partes e em todas as anos cada.
circunstâncias. O Tribunal é competente para se
pronunciar sobre os litígios entre os Estados- A fim de ajudar o Tribunal de Justiça a fazer face
-Membros, as instituições da UE, bem como as aos milhares de processos que lhe são
pessoas singulares e colectivas. submetidos e de proporcionar aos cidadãos uma
protecção jurídica mais eficaz, em 1989 foi
O Tribunal é composto por um juiz de cada criado um Tribunal de Primeira Instância. Este
Estado membro, por forma a que todos os tribunal (que está associado ao Tribunal de
sistemas jurídicos da UE estejam representados. Justiça) tem competência para proferir
Após o alargamento, continuará a existir um juiz sentenças em certas categorias de processos, em
por Estado-Membro. Porém, a fim de especial acções instauradas por particulares ou
salvaguardar a eficácia do Tribunal, este poderá relacionadas com a concorrência desleal entre
reunir-se em «Grande Secção», composta apenas empresas.
por 13 juízes, em vez da habitual sessão plenária
que requer a presença de todos os juízes. Tanto o Tribunal de Justiça como o Tribunal de
Primeira Instância tem um presidente,
O Tribunal é assistido por oito «advogados- designado pelos juízes respectivos por um
-gerais», aos quais incumbe apresentar, publica- período de três anos.
mente e com imparcialidade, pareceres funda-
mentados sobre os processos submetidos ao
Tribunal.
25
Como Funciona a União Europeia

O Tribunal de Justiça garante que todos são iguais perante o direito comunitário.
Existe um juiz por cada país da UE.

O que faz o Tribunal? Para que tal não aconteça, existe o «processo
de reenvio prejudicial». Assim, os tribunais
O Tribunal pronuncia-se sobre os processos que nacionais, caso tenham uma dúvida quanto à
são submetidos à sua apreciação. Os quatro interpretação ou a validade de uma disposição
tipos de processos mais comuns são os do direito da UE, podem e, por vezes devem,
seguintes: solicitar ao Tribunal de Justiça que se
1) processo de reenvio prejudicial; pronuncie. A opinião do Tribunal é dada sob a
forma de «decisão a título prejudicial».
2) acção por incumprimento;
3) recurso de anulação; 2. Acção por incumprimento
4) acção por omissão.
A Comissão pode intentar este tipo de acção se
Segue-se uma descrição pormenorizada de considerar que um Estado-Membro não
cada um dos processos. cumpriu qualquer das obrigações que lhe
incumbem por força do direito comunitário.
1. O processo de reenvio prejudicial Qualquer Estado-Membro pode intentar uma
acção por incumprimento.
Os tribunais nacionais são responsáveis pelo
respeito do direito comunitário em cada país da Em ambos os casos, o Tribunal investiga as
UE. Existe, no entanto, um risco de que os alegações apresentadas e emite um acórdão. Se
tribunais de alguns países interpretem o direito o Tribunal declarar verificado que o referido
da UE de forma divergente. Estado-Membro não cumpriu a obrigação em

26
causa, este deve tomar as medidas necessárias Como está organizado o Tribunal?
para rectificar a situação.
Os processos são inscritos no registo da
3. Recurso de anulação Secretaria do Tribunal. Para cada processo são
nomeados um juiz-relator e um advogado-
Se um Estado-Membro, o Conselho, a Comissão -geral.
ou (em certas circunstâncias) o Parlamento
considerar que uma disposição legislativa da UE A tramitação processual no Tribunal desenrola-
é ilegal pode solicitar a sua anulação ao -se em duas fases: uma fase escrita e uma fase
Tribunal. oral.

Os particulares podem também interpor Na primeira fase, todas as partes envolvidas


«recursos de anulação» se considerarem que apresentam alegações escritas e o juiz-relator
uma determinada disposição legislativa os elabora um relatório que resume as alegações e
afecta directamente e de forma negativa como o enquadramento jurídico do processo. Com
indivíduos. base nesse relatório, o advogado-geral
incumbido de acompanhar o processo redige as
Se o Tribunal considerar que a disposição suas conclusões. Estas servirão ao juiz para
impugnada não tinha sido correctamente elaborar um projecto de acórdão que será
adoptada ou violava as disposições do Tratado depois submetido aos outros membros do
decretará a sua anulação. Tribunal para apreciação.

4. Acção por omissão Inicia-se então a segunda fase — a audiência


pública — que, em princípio, tem lugar na
O Tratado estipula que o Parlamento presença de todo o Tribunal (em «sessão
Europeu, o Conselho e a Comissão devem plenária»), mas também pode realizar-se em
tomar as suas decisões de acordo com certas secções de três ou cinco juizes, consoante a
regras. Se não o fizerem, os Estados- importância ou a complexidade do processo.
-Membros, as outras instituições comunitá- Na audiência, os advogados das partes
rias e, em certos casos, os particulares ou as envolvidas apresentam as suas alegações aos
empresas podem recorrer ao Tribunal para juízes e ao advogado-geral, que podem colocar
que declare verificada essa violação. as perguntas que entenderem pertinentes.
Posteriormente, o advogado-geral apresenta as
suas conclusões ao Tribunal, após o que os
juízes deliberam e proferem um acórdão.

Os acórdãos do Tribunal são decididos por


maioria e pronunciados em audiência pública.
Os votos contra não são divulgados
publicamente.

27
Como Funciona a União Europeia

O Tribunal de Contas Europeu:


fiscalizar as contas da União Europeia

Factos essenciais

Função: verificar se as verbas da UE são utilizadas correctamente


Membros: um de cada país da UE
Mandato: os membros são nomeados por um período renovável de
seis anos
Endereço: 12, rue Alcide de Gasperi, L-1615 Luxembourg
Telefone: (352) 4398-1
Internet: www.eca.eu.int

O Tribunal de Contas controla a totalidade das despesas e receitas e garantir a boa gestão
receitas e despesas da União e verifica se o financeira. O Tribunal de Contas garante, deste
orçamento da UE foi bem gerido. O Tribunal foi modo, que o orçamento da UE é gerido de forma
criado em 1977. eficaz e transparente.

O Tribunal é composto por 15 membros, um de O trabalho de fiscalização do Tribunal é feito


cada país da UE, nomeados pelo Conselho por com base em documentos provenientes de
um período renovável de seis anos. Após o qualquer organismo que efectue a gestão de
alargamento continuará a existir um membro receitas ou despesas em nome da UE. Se
por país mas, a fim de assegurar o bom necessário, os auditores procedem a controlos
funcionamento da instituição, o Tribunal pode nas instalações desses organismos. Os resultados
criar «secções» (compostas por um número das auditorias são apresentados por escrito sob
restrito de membros) para a adopção de certos a forma de relatórios que chamam a atenção da
tipos de relatórios ou pareceres. Comissão e dos Estados-Membros para
eventuais problemas.
Os membros do Tribunal devem ser pessoas que,
nos seus países de origem, tenham exercido Para que possa desempenhar as suas funções
funções em instituições de fiscalização externa com eficácia, o Tribunal de Contas deve ser
ou possuam qualificações específicas para essa independente das outras instituições, mas
função. A sua escolha é feita em função da sua manter simultaneamente um contacto
competência e independência. Trabalham permanente com elas.
exclusivamente para o Tribunal de Contas.
Uma das funções mais importantes do Tribunal é
Os membros designam de entre si o presidente assistir a autoridade orçamental (o Parlamento
do Tribunal de Contas por um período de três Europeu e o Conselho) apresentando-lhes um
anos. relatório anual sobre o exercício financeiro
precedente. As observações constantes do
O que faz o Tribunal? relatório anual desempenham um papel muito
importante na decisão do Parlamento aprovar
A principal missão do Tribunal é verificar a boa ou não a execução do orçamento por parte da
execução do orçamento da UE — ou seja, Comissão. Quando considerar as contas
examinar a legalidade e a regularidade das correctas, o Tribunal de Contas envia ao

28
Conselho e ao Parlamento uma declaração de O Tribunal dispõe de um efectivo de 550 agentes
fiabilidade certificando que o dinheiro dos con- qualificados, dos quais cerca de 250 são
tribuintes europeus foi bem utilizado. auditores. Os auditores estão repartidos por
«grupos de auditoria». Compete-lhes elaborar os
Por último, o Tribunal de Contas emite um projectos de relatórios que servirão de base às
parecer antes da adopção dos regulamentos decisões do Tribunal.
financeiros da UE. O Tribunal pode ainda
apresentar, em qualquer momento, observações Os auditores são frequentemente chamados a
sobre questões específicas ou formular realizar missões de fiscalização na sede das
pareceres a pedido de qualquer outra instituição outras instituições da UE, nos Estados-Membros
da UE. e em qualquer país do mundo beneficiário de
ajuda da UE. Efectivamente, embora o trabalho
Como está organizado o Tribunal do Tribunal diga respeito, em grande parte, a
de Contas? verbas que são da responsabilidade da Comissão,
na prática, 90% destas receitas e despesas são
O Tribunal de Contas trabalha com inde- geridos pelas autoridades nacionais.
pendência e decide livremente sobre a organi-
zação e o calendário das suas auditorias, sobre a O Tribunal de Contas não dispõe de poder
forma e o momento em que deve apresentar as jurisdicional próprio. Quando os auditores
suas observações, bem como sobre a publicidade detectam fraudes ou irregularidades, enviam as
a dar aos seus relatórios e pareceres. informações recolhidas o mais rapidamente
possível aos órgãos da UE competentes para
que lhes seja dado o seguimento adequado.

Uma rubrica importante do orçamento da UE destina-se a apoiar práticas agrícolas que respeitem o ambiente, que
tratem os animais correctamente e produzam alimentos saudáveis. O Tribunal de Contas verifica se as verbas, tal
como o resto do orçamento, foram bem utilizadas.
29
Como Funciona a União Europeia

O Banco Central Europeu:


gerir o euro

Factos essenciais

Função: Gerir o euro e a política monetária da UE


Membros: Conselho do BCE 18, Conselho Geral 17,
Comissão Executiva 6
Endereço: Kaiserstrasse 29, D-60311 Frankfurt am Main
Telefone: (49) 691 34 40
Internet: www.ecb.int

Doze dos 15 Estados-Membros da UE têm uma receber instruções de qualquer outro órgão. As
moeda única: o euro. As notas e as moedas de instituições da UE e os governos dos Estados-
euro entraram em circulação em 1 de Janeiro -Membros devem respeitar este princípio e não
de 2002. procurar influenciar o BCE ou os bancos
centrais nacionais.
O Banco Central Europeu (BCE) foi instituído
em 1998 pelo Tratado da União Europeia, com O BCE, em estreita colaboração com os bancos
o objectivo de introduzir e gerir a nova moeda, centrais, prepara e executa as decisões tomadas
realizando operações cambiais e assegurando o pelos órgãos de decisão do Eurossistema — o
bom funcionamento dos sistemas de Conselho do BCE, a Comissão Executiva e o
pagamentos. O BCE é igualmente responsável Conselho Geral.
pela definição e execução da política
económica e monetária da UE.
O que faz o Banco?
Para o desempenho das suas atribuições, o BCE
Uma das missões mais importantes do BCE é a
trabalha em conjunto com o «Sistema Europeu
manutenção da estabilidade dos preços na
de Bancos Centrais» (SEBC), composto pelos 15
zona euro, preservando o poder de compra do
países da UE. Porém, até ao momento, só 12
euro.
destes países adoptaram o euro. O conjunto dos
12 países constituem a «zona euro» e os
Tal significa manter a inflação sob controlo
respectivos bancos centrais, juntamente com o
estrito, ou seja, assegurar que o aumento anual
Banco Central Europeu, formam o denominado
dos preços no consumidor seja inferior a 2%.
«Eurossistema».
Para o efeito, o BCE actua a dois níveis:
O BCE funciona com total independência. O • em primeiro lugar, controla a massa
BCE, os bancos centrais nacionais do monetária. Se esta for excessiva em relação à
Eurossistema, e os membros dos respectivos oferta de bens e serviços, há o risco de
órgãos de decisão não podem solicitar ou inflação;

30
• em segundo lugar, acompanha a evolução O Conselho Geral
dos preços e avalia os riscos que estes
representam para a estabilidade dos preços O Conselho Geral é o terceiro órgão de decisão
na zona euro. do BCE. É constituído pelo presidente, pelo
vice-presidente do BCE e pelos governadores
Controlar a massa monetária implica, entre dos bancos centrais nacionais dos 15 Estados-
outras medidas, fixar as taxas de juro para -Membros da UE. O Conselho Geral participa
toda a zona euro, provavelmente a actividade nos trabalhos de consulta e coordenação do
mais conhecida do Banco. BCE e ajuda a preparar o futuro alargamento
da zona euro.

Como está organizado o Banco?

As actividades do Banco Central Europeu são


executadas pelos seguintes órgãos de decisão:

A Comissão Executiva

A Comissão Executiva é constituída pelo


presidente do BCE, pelo vice-presidente e por
quatro vogais nomeados, de comum acordo,
pelos governos dos países da zona euro ao nível
dos chefes de Estado e de Governo. Os
membros da Comissão Executiva são nomeados
por um período não renovável de oito anos.

A Comissão Executiva é responsável pela


execução da política monetária, tal como
definida pelo Conselho do BCE (ver abaixo), e
pela emissão das instruções necessárias aos
bancos centrais nacionais. Além disso, a
Comissão Executiva prepara as reuniões do
Conselho do BCE e é responsável pela gestão
das actividades correntes do Banco.

O Conselho do BCE

O Conselho do BCE é o órgão de decisão


máximo do Banco Central Europeu. É composto
pelos seis membros da Comissão Executiva e
pelos governadores dos 12 bancos centrais da
zona euro. É presidido pelo presidente do BCE.
A sua principal missão é a definição da política
monetária da zona euro, em especial a fixação
das taxas de juro a que os bancos comerciais
podem obter dinheiro junto do Banco Central.

Wim Duisenberg foi nomeado presidente do BCE em


1998. A principal missão do Banco é manter a
inflação sob controlo.

31
Como Funciona a União Europeia

O Comité Económico e Social Europeu:


a voz da sociedade civil

Factos essenciais

Função: representar a sociedade civil organizada


Membros: actualmente 222, máximo 350
Mandato: quatro anos
Reuniões: Bruxelas, mensalmente
Endereço: 2 rue Ravenstein, B-1000 Bruxelles
Telefone: (32-2) 546 90 11
Internet: www.esc.eu.int

Criado em 1957 pelo Tratado de Roma, o Comité O CESE é, pois, uma ponte entre a União e os
Económico e Social Europeu (CESE) é um órgão seus cidadãos, fomentando, através das suas
de natureza consultiva composto pelos actividades, uma sociedade mais participativa,
representantes dos empregadores, sindicatos, mais integradora e, consequentemente, mais
agricultores, consumidores e outros grupos de democrática na Europa.
interesses que no seu conjunto formam a
denominada «sociedade civil organizada». O O Comité faz parte integrante do processo de
CESE emite pareceres e defende os seus tomada de decisões da UE, sendo obriga-
interesses na discussão das políticas com a toriamente consultado antes da adopção de
Comissão, o Conselho e o Parlamento Europeu. decisões de política económica e social. Pode

O emprego na Europa é muito afectado pelas políticas da UE. Através do CESE, os empregadores e os
sindicatos participam na elaboração dessas políticas

32
também emitir pareceres por sua iniciativa sobre O que faz o CESE?
matérias que considere importantes.
O Comité Económico e Social Europeu
Até à adesão dos novos Estados-Membros, o desempenha três funções principais:
CESE é composto por 222 membros — o número • dirige pareceres ao Conselho, Comissão e
respeitante a cada país da UE reflecte de forma Parlamento Europeu, quer a pedido destes
aproximada o seu número de habitantes. Os quer por sua própria iniciativa;
membros do Comité estão distribuídos do • incentiva a sociedade civil a empenhar-se
seguinte modo: mais no desenvolvimento das políticas da
UE;
Alemanha, França, Itália e Reino Unido 24 • reforça o papel da sociedade civil nos países
Espanha 21 terceiros, ajudando a criar nesses países
Áustria, Bélgica, Grécia, Países Baixos, estruturas consultivas similares.
Portugal e Suécia 12
Dinamarca, Finlândia e Irlanda 9
Luxemburgo 6
- Total 222
Quem são os membros do CESE?

Os membros do Comité, que desenvolvem as


O número de representantes por país não
suas actividades profissionais principalmente
sofrerá alterações com o alargamento, mas
nos países de origem, estão organizados em
darão entrada no Comité os representantes dos
três grupos: os Empregadores, os Trabalhadores
novos Estados-Membros, cuja repartição será a
e os Interesses Diversos.
seguinte:
O Grupo dos Empregadores é composto por
Polónia 21
representantes dos sectores público e privado
Roménia 15
da indústria, das pequenas e médias empresas,
Bulgária, Hungria e República Checa 12
das câmaras de comércio, do comércio grossista
Eslováquia e Lituânia 9
e retalhista, da banca e dos seguros, dos
Eslovénia, Estónia e Letónia 7
transportes e da agricultura.
Chipre 6
Malta 5
O Grupo dos Trabalhadores representa todas as
categorias de trabalhadores, dos manuais aos
Após o alargamento, o Comité terá um total de
executivos. Os seus membros são oriundos das
344 membros.
organizações sindicais nacionais.
Os membros do Comité são nomeados pelos
O Grupo dos Interesses Diversos reúne um
governos dos Estados-Membros por um
leque diversificado de representantes da
período de quatro anos, mas exercem as suas
sociedade civil: ONG, organizações de
funções com plena independência. Os
agricultores, de pequenas empresas, de
mandatos podem ser renovados.
artesanato e de profissões liberais, cooperativas
e associações sem fins lucrativos, organizações
O Comité reúne em Assembleia Plenária e os
de defesa dos consumidores e de protecção do
seus debates são preparados por seis
ambiente, membros das comunidades científica
subcomités, conhecidos por «secções»,
e académica e associações de famílias, de
especializados nas diversas áreas políticas. O
mulheres, de pessoas com deficiência, etc.
Comité designa, de entre os seus membros, o
presidente e os vice-presidentes por um
período de dois anos.

33
Como Funciona a União Europeia

O Comité das Regiões:


a voz do poder local e regional

Factos essenciais

Função: representar os poderes locais e regionais


Membros: actualmente 222, máximo 350
Mandato: quatro anos
Reuniões: Bruxelas, cinco sessões plenárias por ano
Endereço: 79 rue Belliard, B-1040 Bruxelles
Telefone: (32-2) 282 22 11
Internet: www.cor.eu.int

Criado em 1994 pelo Tratado da União O número de representantes por país não
Europeia (Tratado de Maastricht), o Comité das sofrerá alterações com o alargamento, mas
Regiões é um órgão consultivo composto por darão entrada no Comité os representantes dos
representantes dos poderes locais e regionais novos Estados-Membros, cuja repartição será a
da Europa. O Comité assegura a participação seguinte:
dos poderes locais e regionais no
desenvolvimento e execução das políticas da Polónia 21
União Europeia, bem como o respeito das Roménia 15
identidades e prerrogativas regionais e locais. Bulgária, República Checa e Hungria 12
Lituânia e Eslováquia 9
O Comité é obrigatoriamente consultado em Estónia, Letónia e Eslovénia 7
matérias que dizem directamente respeito aos Chipre 6
poderes regionais e locais, tais como a política Malta 5
regional, o ambiente, a educação e os
transportes. Após o alargamento, o Comité terá um total de
344 membros.
Até à adesão dos novos Estados-Membros, o
Comité das Regiões é composto por 222 Os membros do Comité das Regiões são
membros — o número respeitante a cada país dirigentes políticos eleitos dos municípios ou
da UE reflecte de forma aproximada o seu das regiões, que representam todo o espectro
número de habitantes. Os membros do Comité das actividades da administração local e
estão distribuídos do seguinte modo: regional na União Europeia. Trata-se, por
exemplo, de presidentes de regiões, deputados
Alemanha, França, Itália e Reino Unido 24 regionais, vereadores ou presidentes de câmara.
Espanha 21
Bélgica, Grécia, Países Baixos, Áustria, Os membros do Comité são designados pelos
Portugal e Suécia 12 governos dos Estados-Membros da UE, mas
Dinamarca, Irlanda e Finlândia 9 exercem as suas funções com plena
Luxemburgo 6 independência política. O Conselho da União
Total 222 Europeia nomeia-os por um período de quatro
anos e podem ser reconduzidos nas suas
funções. O Tratado de Nice estipula que os
membros do Comité devem também dispor de
34
um mandato das autoridades que representam • Comissão de Cultura e Educação (EDUC);
ou ser perante estas politicamente respon- • Comissão de Assuntos Constitucionais e
sáveis. Governação Europeia (CONST);
• Comissão de Relações Externas (RELEX).
O Comité das Regiões designa, de entre os seus
membros, o presidente, por um período de dois
anos.

O que faz o Comité?

A missão do Comité das Regiões é apresentar os


pontos de vista locais e regionais no que se
refere à legislação da UE, através da emissão de
pareceres sobre as propostas da Comissão.

A Comissão e o Conselho consultam


obrigatoriamente o Comité das Regiões nos
domínios que afectam directamente os poderes
locais e regionais. Podem igualmente consultar
o Comité sempre que o considerarem oportuno.
Por sua vez, o Comité pode adoptar pareceres
por iniciativa própria e apresentá-los à Comis-
são, ao Conselho e ao Parlamento.

Como está organizado o Comité?

O Comité das Regiões realiza cinco sessões


plenárias por ano, durante as quais são
definidas as linhas políticas gerais e adoptados
pareceres.

Os membros do Comité das Regiões estão


repartidos por seis Comissões especializadas
cuja função é preparar as sessões plenárias:
• Comissão de Política de Coesão Territorial
(COTER);
• Comissão de Política Económica e Social
(ECOS);
• Comissão de Desenvolvimento Sustentável
(DEVE);

No Comité das Regiões, os responsáveis políticos


das regiões e das autarquias de toda a Europa
participam nas actividades da UE que afectam as
respectivas regiões, como por exemplo, os projectos
de melhoramento dos transportes, das
comunicações e das redes energéticas.

35
Como Funciona a União Europeia

O Banco Europeu de Investimento:


financiar projectos da UE

Factos essenciais

Função: financiar projectos da UE


Membros: os Estados-Membros
Conselho de Governadores 25,
Conselho de Administração 8
Endereço: 100 Boulevard Konrad Adenauer,
L-2950 Luxembourg
Telefone: (352) 4379-1
Internet: www.eib.eu.int

Criado em 1958 pelo Tratado de Roma, o Banco Este apoio dos Estados-Membros permite ao BEI
Europeu de Investimento (BEI) contribui para a beneficiar da mais alta notação de crédito nos
realização dos objectivos da União através do mercados financeiros: o triplo A (AAA). Este
financiamento de certos tipos de projectos de estatuto permite-lhe mobilizar, em condições
investimento. muito competitivas, grandes volumes de capital,
que por sua vez permitem ao Banco investir em
Os tipos de projectos que podem ser projectos de interesse público que não obteriam
seleccionados são os que promovem a por outras vias o financiamento necessário — ou
integração europeia, o desenvolvimento só o conseguiriam através de empréstimos mais
equilibrado, a coesão económica e social e uma onerosos.
economia baseada no conhecimento e na
inovação. Os projectos financiados pelo Banco são
cuidadosamente seleccionados de acordo com
O que faz o Banco? os seguintes critérios:
• devem contribuir para concretizar os
A missão do BEI é investir em projectos que objectivos da UE, nomeadamente o reforço
contribuam para concretizar os objectivos da da competitividade das indústrias e das
União Europeia. Trata-se de uma instituição sem pequenas e médias empresas europeias; criar
fins lucrativos que não aceita depósitos de redes transeuropeias (transportes,
poupança ou de contas correntes. Tão-pouco telecomunicações e energia); impulsionar o
utiliza os recursos orçamentais da UE. Pelo sector das tecnologias da informação;
contrário, o BEI é financiado por empréstimos proteger o ambiente natural e urbano;
contraídos nos mercados financeiros e pelos melhorar os serviços da saúde e da educação;
capitais dos seus accionistas — os Estados- • devem beneficiar principalmente as regiões
-Membros da União Europeia. Estes subscrevem mais desfavorecidas;
em conjunto o capital do Banco, sendo a
contribuição de cada país proporcional ao seu • devem atrair outras fontes de finan-
peso económico na União. ciamento.

36
Estes critérios aplicam-se tanto às actividades dos méritos dos projectos e das oportunidades
realizadas na União Europeia como em países oferecidas pelos mercados financeiros. O Banco
terceiros. Embora cerca de 90% das actividades apresenta todos os anos um relatório com um
do BEI tenham lugar na União Europeia, uma balanço completo das suas actividades.
parte significativa dos financiamentos é
canalizada para os futuros Estados-Membros. O Banco colabora com as instituições da UE. Os
seus representantes podem, por exemplo,
O BEI promove igualmente o desenvolvimento participar nos trabalhos de certas comissões do
sustentável nos países do Mediterrâneo, de Parlamento Europeu e o Presidente do BEI pode
África, das Caraíbas e do Pacífico e apoia assistir a reuniões do Conselho.
projectos na América Latina e na Ásia.
As decisões do Banco são tomadas pelos
Por último, o BEI é o accionista maioritário do seguintes órgãos:
Fundo Europeu de Investimento, criado em • o Conselho de Governadores constituído
1994 para financiar investimentos em pelos ministros designados pelos Estados-
pequenas e médias empresas (PME). -Membros, geralmente os ministros das
Finanças. Compete-lhe definir as linhas
gerais da política de crédito, aprovar o
Como está organizado o Banco? balanço e o relatório anual, autorizar o
Banco a financiar projectos fora da União e
O Banco trata directamente com os promotores
decidir sobre os aumentos de capital;
de grandes projectos (de pelo menos 25
milhões de euros), enquanto para os projectos • o Conselho de Administração, presidido pelo
de menor dimensão (PME ou poderes locais) presidente do Banco, é composto por 24
trabalha com cerca de 180 bancos e membros designados pelos Estados-Membros
intermediários financeiros especializados na e um designado pela Comissão Europeia.
Europa. Compete-lhe aprovar as operações de
crédito e velar pela boa gestão do BEI;
O BEI é uma instituição autónoma, o que lhe • o Comité Executivo é o órgão executivo a
permite tomar as suas decisões no que respeita tempo inteiro do Banco. Compete-lhe
à actividade creditícia unicamente em função assegurar a gestão corrente do BEI.

Eurekaslide

O BEI financia uma vasta gama de projectos, incluindo novas ligações rodoviárias e ferroviárias para
melhorar as redes de transporte na Europa.

37
Como Funciona a União Europeia

O Provedor de Justiça Europeu:


investigar as queixas dos cidadãos

Factos essenciais

Função: detectar os casos de má administração


Mandato: cinco anos, renovável
Endereço: 1, avenue du Président-Robert-Schuman,
BP 403 F-67001 Strasbourg
Telefone: (33) 388 17 23 13
Internet: www.euro-ombudsman.eu.int

A função de Provedor de Justiça Europeu foi O que faz o Provedor de Justiça?


instituída pelo Tratado da União Europeia
(Tratado de Maastricht, 1992). O Provedor de O Provedor contribui para detectar casos de má
Justiça actua como mediador entre os cidadãos administração nas instituições europeias e
e a administração da UE. Tem competências outros organismos da UE. Má administração
para receber e investigar queixas apresentadas significa uma administração deficiente ou
por qualquer cidadão, empresa, instituição da inoperante, ou seja, quando uma instituição da
UE, ou qualquer pessoa singular ou colectiva UE não faz algo que deveria ter feito, fá-lo
que resida ou tenha a sua sede estatutária num incorrectamente ou faz algo que não deveria
país da UE. ter feito. Eis alguns exemplos de má
administração:
O Provedor de Justiça é eleito pelo Parlamento • situações de injustiça;
Europeu por um período renovável de cinco • discriminação;
anos, que corresponde a uma legislatura do
• abuso de poder;
Parlamento Europeu.
• falta ou recusa de acesso a informações;
• atrasos desnecessários;
• procedimentos incorrectos.
Nikiforos Diamandouros
tomou posse como
Provedor de Justiça em
Abril de 2003.

38
O Provedor de Justiça tem o direito de dirigir Como está organizado o trabalho
recomendações às instituições da UE e de do Provedor de Justiça?
submeter questões ao Parlamento Europeu
para que este possa tomar as medidas políticas O Provedor de Justiça procede aos inquéritos
que considere necessárias. por sua própria iniciativa ou com base em
queixas.
O Provedor de Justiça exerce as suas funções
com plena independência e imparcialidade e As instituições e organismos da UE devem
não solicita nem aceita instruções de nenhum fornecer ao Provedor de Justiça todas as
governo ou organismo. Além do mais, durante informações que este solicitar e facultar-lhe o
o seu mandato, não pode exercer qualquer acesso à documentação pertinente. Só podem
outra actividade profissional, remunerada ou recusar-se a fazê-lo por motivos de sigilo
não. devidamente justificados.

Como se apresenta uma queixa Caso o Provedor de Justiça descubra um caso


ao Provedor de Justiça? de má administração, informará a instituição
em causa e apresentará projectos de
Se um cidadão que resida na União Europeia recomendação. A instituição dispõe de um
(ou qualquer pessoa singular ou colectiva com prazo de três meses para manifestar a sua
residência ou sede estatutária na UE) posição sobre o assunto.
considerar que foi vítima de má administração
por parte de uma instituição ou organismo da Em seguida, o Provedor de Justiça envia um
UE, deve, em primeiro lugar, contactar a relatório ao Parlamento Europeu, bem como à
instituição ou organismo em causa através dos instituição em causa. Também informa o
procedimentos administrativos habituais para queixoso dos resultados do inquérito.
que a situação seja resolvida.
O Provedor de Justiça apresenta anualmente ao
No caso de esta diligência falhar, a queixa pode Parlamento Europeu um relatório sobre todos
ser apresentada ao Provedor de Justiça os inquéritos efectuados.
Europeu.

A queixa deve ser apresentada ao Provedor de


Justiça no prazo de dois anos a contar da data
em que o queixoso tomou conhecimento dos
alegados factos de má administração. Da
queixa devem constar o motivo que a
determina e a identidade do queixoso embora
este possa requerer que a queixa seja tratada
de forma confidencial. Se necessário, o
Provedor de Justiça pode aconselhar o
queixoso a dirigir-se a outra autoridade.

O Provedor de Justiça não investigará a queixa


se existir um processo judicial, em curso ou
terminado, relativamente aos factos alegados.

Para mais informações práticas sobre as


diligências a seguir na apresentação de uma
queixa pode ser consultado o sítio Internet do
Provedor de Justiça Europeu.

39
Como Funciona a União Europeia

As agências

As agências não são instituições da UE: são organismos criados pela UE para realizarem uma
determinada missão específica de ordem técnica, científica ou de gestão.

As instituições da UE (Parlamento, Conselho, Comissão, etc.) foram criadas com base nos tratados
europeus. As agências, pelo contrário, não estão previstas nos tratados. Qualquer das agências foi
criada com base num acto legislativo específico que determina a sua missão. Nem todas têm a
designação de «agência» no seu nome oficial: há agências que são designadas por Centro, Instituto,
Fundação, Observatório ou Autoridade.

Actualmente, existem 19 agências. Duas delas — o Instituto Europeu de Estudos de Segurança e o


Centro de Satélite da União Europeia — foram instituídas no âmbito da Política Externa e de
Segurança Comum (ver acima, capítulo sobre este tema na parte dedicada ao Conselho da União
Europeia). Duas outras — Europol e Eurojust — desempenham um importante papel na cooperação
entre os países da UE na área da Justiça e Assuntos Internos.

As outras 15 desempenham funções no âmbito do «primeiro pilar» da UE — o chamado «domínio


comunitário». Seguidamente são dadas informações acerca das actividades de cada uma das
agências.

Centro Europeu Fundação Europeia para a


para o Desenvolvimento Melhoria das Condições
da Formação Profissional de Vida e de Trabalho
O Centro Europeu para o Desenvolvimento da A Fundação Europeia para a Melhoria das
Formação Profissional (Cedefop), que foi criado Condições de Vida e de Trabalho (Eurofound),
em 1975, tem a sua sede em Salonica, na que foi criada em 1975, tem a sua sede em
Grécia. Dublin, na Irlanda.

A sua missão consiste em analisar e fornecer A sua missão é a seguinte:


informações acerca dos sistemas, das políticas, • aconselhar os responsáveis pelas políticas
da investigação e das práticas em matéria de sociais e laborais;
formação profissional. Esta actividade destina-se
• avaliar e analisar as condições de vida e de
a apoiar os especialistas de toda a UE nas suas
trabalho;
actividades de desenvolvimento e melhoramento
da formação profissional na Europa. • apresentar relatórios de análise da situação e
sua evolução;
O Cedefop dispõe dum sítio Internet interactivo, • contribuir para a melhoria da qualidade de
que se chama «European Training Village» e que vida.
está acessível em www.trainingvillage.gr.
Para obter mais informações, consultar:
Para obter mais informações, consultar: www.eurofound.eu.int.
www.cedefop.eu.int.
40
Agência Europeia Observatório Europeu
do Ambiente da Droga
A Agência Europeia do Ambiente (AEA), que foi
e da Toxicodepêndencia
criada em 1990, tem a sua sede em Copenhaga, O Observatório Europeu da Droga e da
na Dinamarca. Toxicodependencia (OEDT), que foi criado em
1993, tem a sua sede em Lisboa, em Portugal.
A sua missão consiste em recolher e divulgar
informações sobre a situação e a evolução do A missão do Observatório consiste em recolher
ambiente na Europa. A Agência está aberta à e divulgar informações objectivas, credíveis e
participação de países não pertencentes à UE: a comparáveis acerca da droga e da
Islândia, o Liechtenstein e a Noruega são países toxicodependência na Europa. O OEDT trabalha
membros da Agência desde a sua fundação. A em parceria com países não pertencentes à UE,
AEA coopera activamente com organizações e bem como com organismos internacionais, tais
organismos internacionais da área do como o Programa das Nações Unidas para o
ambiente. Controlo Internacional da Droga (PNUCID), a
Organização Mundial de Saúde (OMS), o Grupo
Para obter mais informações, consultar: Pompidou do Conselho da Europa, a
www.eea.eu.int. Organização Mundial das Alfândegas (WCO), a
Organização Internacional de Polícia Criminal
(Interpol) e a Serviço Europeu de Polícia
Fundação Europeia (Europol).
para a Formação Para obter mais informações, consultar:
A Fundação Europeia para a Formação (FEF), www.emcdda.org.
que foi criada em 1990, tem a sua sede em
Turim, em Itália.
Agência Europeia de
A FEF contribui para o aperfeiçoamento da Avaliação dos Medicamentos
formação profissional em mais de 40 países não
pertencentes à UE, incluindo os países A Agência Europeia de Avaliação dos
candidatos à adesão e países em regiões Medicamentos (EMEA), que foi criada em 1993,
vizinhas, como o Norte de África, o Médio tem a sua sede em Londres, no Reino Unido. A
Oriente, os Balcãs e a ex-União Soviética. Agência, que contribui para a protecção e a
promoção da saúde na Europa, através da
A Fundação oferece a estes países avaliação dos medicamentos, tanto para uso
conhecimentos, know how e experiência nas humano como para uso veterinário, associa
áreas da formação para novos empregos e do capacidades científicas de todos os países da
desenvolvimento de programas de formação ao UE.
longo de toda a vida.
Alguns tipos de produtos medicinais derivados
Para obter mais informações, consultar: da biotecnologia só podem ser vendidos na
www.etf.eu.int. União Europeia após avaliação cuidada por
parte da EMEA. Se a Agência considerar que o
produto é seguro e de boa qualidade, a
Comissão Europeia pode autorizar a sua venda
em todos os países da UE. Qualquer pessoa que
queira comercializar outros tipos de produtos

41
Como Funciona a União Europeia

medicinais inovadores pode também solicitar Agência Europeia


este tipo de autorização.
para a Segurança
A autorização dos medicamentos mais e a Saúde no Trabalho
convencionais é da responsabilidade de cada
Estado membro da UE. A EMEA ajuda a gerir A Agência Europeia para a Segurança e a Saúde
um sistema de reconhecimento mútuo destas no Trabalho (EU-OSHA), que foi criada em
autorizações nacionais. 1994, tem a sua sede em Bilbau, em Espanha.

Para obter mais informações, consultar: Nenhum país pode tratar isoladamente a vasta
www.emea.eu.int. gama de questões relacionadas com a
segurança e a saúde no trabalho que se
colocam actualmente na Europa. Esse foi o
Instituto de Harmonização motivo pelo qual foi criada esta Agência que
visa reunir o vasto fundo de conhecimentos e
do Mercado Interno (marcas, informações acerca destas áreas existentes na
desenhos e modelos) Europa, especialmente em matéria de medidas
de prevenção.
O Instituto de Harmonização do Mercado
Interno (OHMI), que foi criado em 1994, tem a Além duma rede abrangente de sítios Internet
sua sede em Alicante, em Espanha. sobre questões de segurança e saúde, a
EU-OSHA tem um programa de publicações
A sua missão consiste em efectuar os muito activo, que produz todo o tipo de
procedimentos de registo das marcas, desenhos documentos, desde os relatórios de informação
e modelos comunitários. especializados até materiais de campanhas.

O sistema da «marca registada comunitária» A EU-OSHA é dirigida por um Conselho de


simplifica as operações e reduz os custos das Administração em que estão representados os
empresas europeias. Qualquer fabricante que sindicatos, as organizações de empregadores,
queira proteger a sua marca registada na os governos nacionais e a Comissão Europeia.
Europa já não precisa de registar marcas
idênticas em cada um dos países da UE. Através Para obter mais informações, consultar:
do OHMI pode agora solicitar uma marca europe.osha.eu.int.
registada «comunitária», que lhe dá o direito de
proibir as outras empresas de utilizarem uma
marca idêntica ou similar em toda a UE. Instituto Comunitário
Para obter mais informações, consultar: das Variedades Vegetais
oami.eu.int.
O Instituto Comunitário das Variedades
Vegetais (ICVV), que foi criado em 1994, tem a
sua sede em Angers, na França.

A sua missão consiste em administrar um


sistema de direitos para as variedades vegetais
— uma forma de direito de propriedade
industrial nesta área.

O Instituto trabalha nos mesmos termos que o


Instituto de Harmonização do Mercado

42
Interno: atribui direitos de protecção de Observatório Europeu
propriedade industrial para novas variedades
vegetais, que são válidos por um período de 25 do Racismo e da Xenofobia
ou 30 anos.
O Observatório Europeu do Racismo e da
Xenofobia (OERX), que foi criado em 1997, tem
Para obter mais informações, consultar:
a sua sede em Viena, na Áustria.
www.cpvo.eu.int.
A principal missão do Observatório consiste em
fornecer à UE e aos seus Estados-Membros
Centro de Tradução dados objectivos, credíveis e comparáveis
acerca do racismo, da xenofobia e do anti-
O Centro de Tradução (CdT), que foi criado em -semitismo na Europa e em contribuir para a
1994, tem a sua sede no Luxemburgo. elaboração de estratégias aplicáveis em toda a
UE para combater estes fenómenos.
O Centro, que é um organismo que se auto-
financia, foi criado para dar resposta às
O OERX, que estuda a extensão e a evolução do
necessidades de tradução das outras agências
racismo e da xenofobia e analisa as suas causas,
descentralizadas da UE. No âmbito de acordos
de cooperação, fornece também serviços a consequências e efeitos, também identifica e
outras instituições da UE e a outros organismos divulga exemplos de boas práticas na
que têm os seus próprios serviços de tradução. integração de populações migrantes e de
minorias étnicas e religiosas.
Para obter mais informações, consultar:
www.cdt.eu.int. A principal actividade do Observatório é a Rede
de Informação Europeia sobre Racismo e
Xenofobia (RAXEN), com 15 «Centros de
Agência Europeia Coordenação Nacionais» (um em cada Estado
membro) que recolhem, organizam e divulgam
de Reconstrução informações acerca do racismo e da xenofobia
no respectivo país.
A Agência Europeia de Reconstrução (AER), que
foi criada em 1999, tem a sua sede em Para obter mais informações, consultar:
Salónica, na Grécia, e centros operacionais em
www.eumc.eu.int.
Belgrado, Pristina, Podgorica e Skopje.

A sua missão é gerir os principais programas da


UE de ajuda à reconstrução dos países da região
dos Balcãs afectados pelas guerras dos últimos
anos.

A AER é responsável perante o Conselho


Europeu e o Parlamento Europeu e é gerida por
um Conselho de Administração composto por
representantes da Comissão Europeia e dos
Estados-Membros da UE. A agência gere um
orçamento anual no valor de 1 600 milhões de
euros.

Para obter mais informações, consultar:


www.ear.eu.int.

43
Como Funciona a União Europeia

Autoridade Europeia para a colabora com a Comissão no acompanhamento


das medidas adoptadas pelos países da UE e os
Segurança dos Alimentos países candidatos e presta aconselhamento aos
seus governos.
A Autoridade Europeia para a Segurança dos
Alimentos (EFSA), que começou a funcionar em De entre as várias tarefas que a AESM irá
2002, tem a sua sede provisória em Bruxelas, na desempenhar, destacam-se o desenvolvimento
Bélgica. de uma metodologia comum a toda a UE para
a investigação de acidentes marítimos e a
A sua principal missão é fornecer pareceres criação de um sistema de informação sobre o
científicos independentes sobre todas as tráfego marítimo.
questões relacionadas com a segurança dos
alimentos. A Autoridade avalia os riscos da Para obter mais informações, consultar:
cadeia alimentar e procede a avaliações europa.eu.int/agencies/emsa.
científicas sobre qualquer questão susceptível
de afectar a segurança dos alimentos na
Europa.

As actividades da Autoridade abrangem todo o Agência Europeia para a


processo de produção «desde o campo até à Segurança da Aviação
mesa» — ou seja, desde a produção primária
(incluindo a segurança das rações para animais) A Agência Europeia para a Segurança da
até ao fornecimento de alimentos ao Aviação (AESA) foi criada em 2002.
consumidor. A EFSA colige informações
provenientes de todo o mundo e acompanha A sua missão consiste em ajudar a UE no
atentamente a evolução da ciência. As suas desenvolvimento de legislação e de normas em
conclusões são divulgadas tanto junto dos matéria de segurança aérea e colaborar com a
especialistas e decisores políticos como do Comissão na fiscalização da aplicação das
público em geral. normas da UE. A Agência prestará ainda
assistência técnica a organizações
Para obter mais informações, consultar: internacionais responsáveis pela segurança da
www.efsa.eu.int. aviação civil e pela protecção ambiental. Por
último, estará apta a colaborar com as
autoridades aeronáuticas de países terceiros.
Agência Europeia A AESA tem competência para realizar certas
da Segurança Marítima tarefas executivas, tais como a emissão de
certificados para os produtos aeronáuticos,
A Agência Europeia da Segurança Marítima sempre que uma intervenção da UE se revelar
(AESM) foi criada em 2002. A sua missão é mais eficaz do que a intervenção individual dos
contribuir para melhorar o funcionamento do Estados-Membros .
sistema de segurança marítima, reduzindo os
riscos de acidentes marítimos, de poluição Para obter mais informações, consultar:
marinha causada pelos navios e de perdas de europa.eu.int/agencies/easa.
vidas humanas no mar.

A Agência fornece pareceres técnicos e


científicos destinados a melhorar a legislação
da UE sobre segurança marítima e prevenção
da poluição causada por navios. Além disso,

44
Europol O Europol é responsável perante o Conselho
«Justiça e Assuntos Internos», que reúne os
O Europol, o Serviço Europeu de Polícia, que ministros da Justiça e Assuntos Internos de
foi criado em 1992, para tratar as informações todos os Estados-Membros. O Conselho de
sobre a criminalidade na Europa, tem a sua Administração do Europol é constituído por um
sede em Haia, nos Países Baixos. Os seus representante de cada Estado-Membro.
efectivos provêm dos serviços nacionais
responsáveis por assegurar a aplicação da lei Para obter mais informações, consultar:
(polícia, alfândegas, serviços de imigração, www.europol.eu.int.
etc.).

A missão do Europol consiste em ajudar os Eurojust


Estados-Membros da UE a cooperarem de
forma mais estreita e eficaz na prevenção e na O Eurojust foi criado em 2002 para ajudar as
luta contra a criminalidade internacional autoridades responsáveis pela acção penal dos
organizada, em especial: países da UE a colaborarem na luta contra a
grande criminalidade transfronteiras, nomeada-
• tráfico de droga;
mente a criminalidade informática, a fraude e a
• redes de imigração; corrupção, o branqueamento de capitais e os
• tráfico de veículos; crimes contra o ambiente. Cumpre-lhe, por
• tráfico de seres humanos, nomeadamente exemplo, facilitar o intercâmbio de informações
pornografia infantil; entre as autoridades nacionais, a prestação de
assistência jurídica mútua e a extradição de
• falsificação de moeda e de outros meios de cidadãos procurados pela justiça. A sede do
pagamento; Eurojust é em Haia, nos Países Baixos.
• tráfico de substâncias radioactivas e
nucleares; O Eurojust é constituído por um procurador,
• terrorismo. magistrado ou oficial de polícia destacado por
cada Estado membro. Estes quinze elementos
O Europol presta assistência aos Estados- formam o «Colégio», ou Conselho de Admi-
-Membros do seguinte modo: nistração da organização, e elegem de entre si
• facilitando o intercâmbio de informações um presidente, por um período de três anos. O
entre os serviços nacionais responsáveis pela Colégio é assistido por um secretariado, por
aplicação da lei; funcionários da UE e por especialistas nacionais
destacados.
• fornecendo análises operacionais;
• elaborando relatórios e análises sobre a Dado que as actividades do Eurojust envolvem o
criminalidade; acesso a processos relativos a suspeitos, a
• proporcionando assistência técnica e apoio organização conta com um funcionário
especializado às investigações e operações. responsável pela protecção de dados cuja missão
consiste em garantir que os dados são
Uma das missões do Europol consiste em criar e devidamente protegidos e tratados de acordo
alimentar um sistema informatizado que com a legislação em vigor. Qualquer pessoa tem
permite a introdução, o acesso e a análise de o direito de saber se o Eurojust detém dados que
dados. Um Órgão de Fiscalização Comum, lhe dizem respeito e, em caso afirmativo,
constituído por dois especialistas na área da solicitar ao Eurojust a rectificação ou a
protecção de dados de cada Estado membro, eliminação de dados incorrectos ou incompletos.
controla o conteúdo e a utilização de todos os
dados pessoais detidos pelo Europol. Para obter mais informações, consultar:
www.eurojust.eu.int.

45
Como Funciona a União Europeia

Olhar para o futuro


O sistema de tomada de decisões da UE tem A Convenção desembocará numa Conferência
evoluído ao longo de mais de meio século. Mas, Intergovernamental, que está prevista para
inicialmente foi concebido para uma 2004. No encerramento dessa conferência, os
comunidade de apenas seis nações. Agora, com a presidentes e primeiros-ministros da UE
UE a preparar um alargamento de 15 para 27 tencionam assinar um novo Tratado simplificado
países, o seu sistema de tomada de decisões para a UE, que consagre duma forma muito mais
precisa de ser modernizado para que se evite o clara os fins da União Europeia e a forma de os
risco de paralisia das instituições. O Tratado de alcançar. O Tratado irá também fixar novas
Nice já avançou alguns passos nesse sentido. regras aperfeiçoadas para a tomada de decisões.
Mas há questões mais amplas sobre o futuro da
UE para as quais são necessárias respostas. Eis As instituições europeias, que já estão a executar
algumas: grandes reformas internas para se tornarem mais
• Quais são os fins e os objectivos da União eficientes, mais abertas e mais responsáveis,
alargada? (Por outras palavras, o que é que os estão conscientes de que a UE só existe para
Estados-Membros querem alcançar servir os seus cidadãos e só pode singrar se os
conjuntamente no futuro?) seus cidadãos compreenderem e estiverem
plenamente envolvidos no sistema de tomada de
• Quais as políticas comuns que serão
decisões. A UE alargada irá certamente precisar
necessárias para alcançar tais objectivos?
de instituições reformadas que consigam
• O que é que deve ser decidido no âmbito da UE enfrentar com destreza e eficácia os grandes
e o que é que deve ser resolvido pelas desafios do século XXI.
autoridades nacionais ou regionais?
• Qual o papel que devem desempenhar os
parlamentos nacionais no processo de tomada
de decisões da UE?
Resumindo, quem deve ser responsável por fazer
o quê e como devem ser tomadas as decisões
democráticas numa União com 27 ou mais
países e com cerca de 500 milhões de
habitantes?
Para debater estas e outras questões, foi lançada
em 2002 uma Convenção, que reúne
representantes de todos os Estados-Membros e
dos Estados candidatos, bem como das
instituições da UE.
Para obter mais informações acerca da
Convenção sobre o Futuro da Europa, consulte
european-convention.eu.int.
Para participar em discussões em linha sobre o
futuro da Europa, aceda a
europa.eu.int/futurum/forum.
Para enfrentar os desafios do futuro, a UE tem de
decidir para onde quer ir e como o quer fazer. O
seu povo — especialmente os jovens — tem de ser
mais estreitamente envolvido nessas decisões.

46
Comissão Europeia

Como Funciona a União Europeia


Um guia sobre as instituições da União Europeia

Série «Documentação Europeia»

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias

2003 — 46 p. — 16,2 x 22,9 cm

ISBN 92-894-5287-0

Em apenas meio século de vida, a União Europeia (UE) já conseguiu concretizar alguns feitos
notáveis. Assegurou a paz entre os países membros e a prosperidade para os seus cidadãos.
Criou uma moeda única europeia (o euro) e um «mercado único» sem fronteiras em que existe
liberdade de circulação para pessoas, bens, serviços e capital. A UE foi crescendo, passando dos
seis países iniciais para os 15 da actualidade, e está prestes a acolher mais 10 Estados-
-Membros. Tornou-se uma potência comercial de primeira grandeza e lidera mundialmente a
evolução dos acontecimentos em áreas como a defesa do ambiente e a ajuda ao
desenvolvimento.

O êxito da UE deve-se, em grande parte, ao seu carácter único e à forma como funciona — um
método único de interacção entre instituições como o Parlamento Europeu, o Conselho e a
Comissão Europeia, apoiado por várias agências e outros organismos.

Este guia contém uma descrição das actividades de cada instituição, agência ou organismo e
da forma em que está organizado. O seu objectivo consiste em esclarecer como funciona o
sistema de tomada de decisões na UE.
Mais informações sobre a União Europeia
Na Internet, através do servidor Europa (http://europa.eu.int), podem ser obtidas informações em todas as línguas
oficiais da União Europeia.

EUROPE DIRECT é um serviço telefónico gratuito que ajuda a encontrar respostas às questões sobre a
União Europeia e fornece informações acerca dos direitos e oportunidades de que os cidadãos da UE
beneficiam: 00 800 6 7 8 9 10 11

De fora da UE: (32-2) 299 96 96

Para obter informações e publicações em lingua portuguesa sobre a União Europeia, pode contactar:

REPRESENTAÇAO DA COMISSÃO EUROPEIA GABINETE DO PARLAMENTO EUROPEU

Representaçao em Portugal Gabinete em Portugal


Largo Jean Monnet, 1-10.° Largo Jean Monnet, 1-6.°
P-1269-068 Lisboa P-1269-070 Lisboa
Tel.: (351) 213 50 98 00 Tel.: (351) 213 57 80 31/213 57 82 98
Internet: euroinfo.ce.pt Fax: (351) 213 54 00 04
E-mail: burlis@cec.eu.int Internet : www.parleurop.pt
E-mail : EPLisboa@europarl.eu.int

Existem representações ou gabinetes da Comissão Europeia e do Parlamento Europeu em todos os Estados-Membros da


União Europeia. Noutros países do mundo existem delegações da Comissão Europeia.
A União Europeia

Publicado em todas as línguas oficiais da União Europeia (alemão, dinamarquês, espanhol, finlandês, francês, grego,
inglês, italiano, neerlandês, português e sueco) bem como em checo, eslovaco, esloveno, estónio, húngaro, lituano,
letão, maltês e polaco.

Comissão Europeia
Direcção-Geral Imprensa e Comunicação
Publicações
B-1049 Bruxelles

Texto original concluído em Junho de 2003

Capa: Parlamento Europeu

Os dados de catalogação encontram-se no final da presente publicação

Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais das Comunidades Europeias, 2003

ISBN 92-894-5287-0

© Comunidades Europeias, 2003


Reprodução autorizada
Estados-Membros da União Europeia
Printed in Belgium Novos Estados-Membros com adesão prevista em 2004

IMPRESSO EM PAPAEL BRANQUEADO SEM CLORO Países candidatos Situação na Primavera de 2003
Documentação Europeia

PT

Como Funciona a União Europeia


Um guia sobre as instituições da União Europeia

Em apenas meio século de vida, a União


Europeia (UE) já conseguiu concretizar
alguns feitos notáveis. Assegurou a paz
entre os países membros e a prosperidade
para os seus cidadãos. Criou uma moeda
única europeia (o euro) e um «mercado
único» sem fronteiras em que existe
liberdade de circulação para pessoas, bens,

1
serviços e capital. A UE foi crescendo,
passando dos seis países iniciais para os
15 da actualidade, e está prestes a acolher

16
mais 10 Estados-Membros. Tornou-se uma
potência comercial de primeira grandeza
e lidera mundialmente a evolução dos

NA-41-01-010-PT-C
acontecimentos em áreas como a defesa
do ambiente e a ajuda ao desenvolvimento.

O êxito da UE deve-se, em grande parte, ao seu carácter único e à forma


como funciona — um método único de interacção entre instituições como
o Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão Europeia, apoiado por várias
agências e outros organismos
ISSN 1022-8306

Este guia contém uma descrição das actividades de cada instituição, agência
ou organismo e da forma em que está organizado. O seu objectivo consiste
em esclarecer como funciona o sistema de tomada de decisões na UE.

ISBN 92-894-5287-0

-:HSTCSJ=YZW]\]:> União Europeia

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