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ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA Advocacia em Geral

EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DO XX JUIZADO ESPECIAL CÍVEL DA


REGIONAL DA ILHA DO GOVERNADOR-COMARCA DA CAPITAL – RIO DE
JANEIRO/RJ.

ZUREQUE EVARISTO DOS SANTOS, brasileiro, solteiro,


portador da carteira de identidade nº 02.988.462-4, expedida pelo Detran/RJ e do
CPF/MF sob o nº 369.892.407-25, Residente e domiciliado na Rua Artur Magioli,
nº 42/, Casa. 05, Jardim Carioca, Ilha do Governador, Rio de Janeiro/RJ, CEP:
21.921-330, por seu advogado infra-assinado, com escritório na Estrada do
Galeão, nº 826, salas 201/228, Ilha do Governador/RJ, local em que fica desde
logo indicado para fins do art. 39, I do CPC, REQUER QUE, TODA E
QUALQUER PUBLICAÇÃO SEJA FEITA EM NOME DE DR. LUIS DA SILVA
ANDRÉ, OAB/RJ 153.529, INSTRUMENTO DE PROCURAÇÃO INCLUSO,
vem propor à presente:

AÇÃO DE DEFESA DO CONSUMIDOR C/C PEDIDOS DE DANOS


MATERIAIS E MORAIS

Em face de ITAÚ UNIBANCO S/A, inscrito no CNPJ sob o nº60.701.190/0001-04 ,


na figura de seu representante legal, situado na Praça Alfredo Egydio de Souza
Aranha, nº100 – Torre Olavo Setubal, Parque Jabaquara, CEP: 04344-902 , Sã o
Paulo/SP, na figura de seu representante legal, pelos fatos e fundamentos a
seguir expostos:

DOS FATOS

O Autor é titular da conta nº 06904-6 da Agencia 6032. Ocorre que vem


sendo debitado mensalmente em sua conta os valores de R$ 17,20(dezessete reais e
vinte centavos), referente a uma tarifa maxiconta e R$ 45,26 (quarenta e cinco reais
vinte e seis centavos),referente ao Seguro de Vida pessoa física, apesar quais o Autor

Estrada do Galeão, nº 826, salas 201/ 228 – Cacuia – Ilha do Governador, CEP: 21931-522 – RJ 1
Telefones (21) 33663480 /31851420
já solicitou os cancelamentos por diversas vezes, conforme doc. Anexos e mesmo
assim continua sendo cobrado por tais tarifas.

O Autor, diante todo ocorrido sentindo-se lesado, constrangido e nã o


tendo mais a quem recorrer se vale da tutela jurisdicional do Estado visando
obter o reconhecimento do seu direito e a reparaçã o dos danos sofridos através
da propositura da presente açã o.

DOS FUNDAMENTOS

1-Da Aplicabilidade do Código de Defesa do Consumidor

Pelos fatos elencados acima, conclui-se que o Autor se enquadra no


conceito de consumidor nos termos do art. 2º do CDC, assim como a Ré se
Identifica com o conceito de fornecedor na forma do art.3º do mesmo texto
normativo, formando ambos, uma relação de consumo no citado fato, vínculo este
que é disciplinado não só pelo “Código de Defesa do Consumidor” como também
(e principalmente) pela Constituição Federal, que, sobretudo em seus artigos
5º,XXXII e 170, V que disciplinam tais relações, principalmente ao ser constatado
o descumprimento dos deveres das práticas comerciais e contratuais de boa-fé,
lealdade, de prestar corretas informações e serviço adequado e eficiente ao
consumidor.

O artigo 18 da Lei nº 8.078/90 considera inadmissíveis os vícios que


tornam o produto impróprio ou inadequado ao consumo a que se destina ou lhe
diminuem o valor, asseverando, ainda, que vício é todo defeito (oculto ou
aparente) que frustra as expectativas geradas no consumidor pelo fornecedor ou
pelo senso comum.

2-. Do Risco do Empreendimento

Pela teoria do risco do empreendimento, todo aquele que se


disponha a exercer alguma atividade no mercado de consumo tem o dever de
responder pelos eventuais vícios ou defeitos dos bens e serviços fornecidos,
independentemente de culpa. Este dever é imanente ao dever de obediência à s
normas técnicas e de segurança, bem como aos critérios de lealdade, quer
perante os bens e serviços ofertados, quer perante os destinatá rios destas ofertas.

Tal responsabilidade decorre do simples fato de dispor-se alguém a


realizar atividade de produzir, estocar, distribuir e comercializar produtos ou
executar determinados serviços. O fornecedor passa a ser o garante dos produtos
e serviços que oferecem no mercado de consumo respondendo pela qualidade e
segurança dos mesmos.

Sendo assim, o consumidor nã o pode assumir os riscos das relaçõ es


de consumo, nã o pode arcar sozinho com os prejuízos decorrentes dos acidentes
de consumo, ou ficar sem indenizaçã o.

Por todo o exposto, é forçoso concluir que os princípios, pelo papel


que desempenham no sistema, influenciam a aplicaçã o de todas as regras do CDC,
se fazem presentes em todos os contratos de consumo e regem todas as relaçõ es
entre fornecedor e consumidor, na fase pré-contratual, contratual e pó s-
contratual. Assim, toda e qualquer relaçã o de consumo, terá que respeitar os
princípios da confiança e da informaçã o; toda e qualquer clá usula contratual terá
que ser interpretada à luz do princípio da boa-fé; todo e qualquer fornecimento
de produtos e serviços ao consumidor está subordinado ao princípio da
segurança; o princípio da vulnerabilidade é a peça fundamental do direito do
consumidor e o ponto de partida de toda a sua aplicaçã o.

3-Da Vulnerabilidade Do Consumidor

O inciso I do Artigo 4º reconhece: o consumidor como vulnerá vel.Tal


reconhecimento é uma primeira medida de realizaçã o da isonomia garantida na
Constituiçã o Federal. Significa ele que o consumidor é a parte fraca da relaçã o
jurídica de consumo. Essa fraqueza, essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de
dois aspectos: um de ordem técnica e outro de cunho econô mico.

O primeiro está ligado aos meios de produçã o, cujo conhecimento é


monopó lio do fornecedor. E quando se fala em meios de produçã o nã o se está
apenas referindo aos aspectos técnicos e administrativos para a fabricaçã o e
distribuiçã o de produtos e prestaçã o de serviços que o fornecedor detém, mas
também ao elemento fundamental da decisã o: é o fornecedor que escolhe o que,
quando e de que maneira produzir, de sorte que o consumidor está à mercê
daquilo que é produzido.

É por isso que, quando se fala em “escolha do consumidor, ela já


nasce reduzida. O consumidor só pode optar por aquilo que existe e foi oferecido
no mercado. E essa oferta foi decidida unilateralmente pelo fornecedor, visando
seus interesses empresariais, que sã o, por evidente, os da obtençã o de lucro.

É cediço que o “C.D.C.” protege o consumidor não só na celebração


e/ou execução do contrato, o que não foi honrado pela parte ré, uma vez que
sequer forneceu à consumidora, ora autora, justificativa plausível, e por escrito de
alguma solução que poderia ser tomada para sanar o problema da maneira menos
gravosa possível, infringindo as regras mais comezinhas da lei consumerista, a
serem transcritas:

“Artigo 6º - São direitos básicos do consumidor:


(...)
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos
comerciais coercitivos e desleais, bem como contra práticas e
clausulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e
serviços.”

Sem mencionar que a responsabilidade do fornecedor de serviços


expressada na Lei n.º 8.078/90, já assinalada, é OBJETIVA, não sendo, pois,
necessária a demonstração da culpa da Ré na prestação de tais serviços, nos
moldes abaixo transcritos:

“Artigo 14 - O fornecedor de serviços responde,


INDEPENDENTEMENTE DA EXISTÊNCIA DE CULPA, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações
insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.”
§ 1º - O serviço é defeituoso quando não fornece a SEGURANÇA
que o consumidor dele pode esperar, levando-se em consideração as
circunstâncias relevantes, entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
(...).”

Neste particular, resta cristalino que serviço defeituoso também é


considerado aquele cujas informações foram insuficientes ou equivocadas, e até
mesmo a ausência de informações, tendo em vista que não fora apresentada ao
autor qualquer resposta eficaz às reclamações.

Ademais, visto que a responsabilidade do fornecedor do serviço é


objetiva, nas palavras do Ilustre Mestre SÉRGIO CAVALIERI FILHO,
comentando o artigo 14, acima transcrito:

“O consumidor portanto, como nos demais casos de


responsabilidade objetiva já examinados, tem, apenas, que provar
o dano e o nexo causal. A discussão da culpa é inteiramente
estranha às relações de consumo. Mesmo em relação ao dano e ao
nexo causal pode vir a ser beneficiado com a inversão do ônus da
prova (art. 6o, VIII)” ( in "Programa de Responsabilidade Civil", 2a
ed., p.366 e 367).

Desse modo, resta patente a obrigação das partes Rés, e os seus


totais descumprimentos, o que deve ensejar a procedência dos presentes pedidos.
4- DOS DANOS MORAIS
É inegável que estes fatos ultrapassam os limites de mero
aborrecimento cotidiano, pois por diversas vezes teve que abandonar o seu
trabalho para tentar solucionar os problemas, com os quais não deu causa,
gerando assim o dano moral.

Pelo exposto, requer a V. S ª a cominação da reparação por dano


moral em patamar suficiente ao dano sofrido pelo autor, pela expectativa frustada
em relação ao bem oferecido e ainda por seu caráter educativo e pedagógico do
instituto, e ainda que seja também arbitrado em seu caráter punitivo.

Dispõe a Constituição Federal em seus artigos 1 o e 5o, in verbis


que:
“Artigo 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união
indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-
se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
(...)
III - a dignidade da pessoa humana;”

“Artigo 5º - (...)
(...)
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao agravo, além
da indenização por dano material, MORAL ou à imagem;” [grifou-
se]

A lei nº 8.078/90, no que tange à possibilidade de compensação


pelo DANO MORAL sofrido pelo autor, destaca-se o disposto no artigo 6º, inciso
VI, como direito básico do consumidor:

“Artigo 6º- São direitos básicos do consumidor:


(...)
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e
MORAIS, individuais, coletivos e difusos;” [grifou-se]

Assim, no tocante ao dano moral, o autor deve ser compensado


por todo o constrangimento, transtornos e aborrecimentos sofridos neste
período, pois, tais SUPERAM, e MUITO, os limites do que se entende por
razoável no cotidiano de um ser humano, em razão do descaso da Ré.

Cabe salientar a lição do Professor Desembargador SÉRGIO


CAVALIERI FILHO, em sua obra “Programa de responsabilidade Civil”, Ed.
Malheiros, 1998, o qual ensina que:

“...deve ser reputado como dano moral, a dor, o vexame, sofrimento


ou humilhação que, fugindo a normalidade, interfira intensamente
no comportamento psicológico do indivíduo, causando-lhe aflições,
angústia e desequilíbrio em seu bem-estar... Se assim não se
entender, acabaremos por banalizar o dano moral, ensejando ações
judiciais em busca de indenizações pelos mais triviais
aborrecimentos”.

Vejamos o que nos ensina o mestre Silvio de Salvo Venosa em


sua obra sobre Responsabilidade Civil:

“ os danos projetados nos consumidores, decorrentes da atividade de


fornecedor de produtos e serviços, devem ser cabalmente
indenizados. No nosso sistema foi adotada a responsabilidade
objetiva no campo do consumidor, sem que haja limites para a
indenização. Ao contrário do que ocorre em outros setores, no campo
da indenização aos consumidores não existe limitação tarifada.”
(Silvio Salvo Venosa, Direito Civil. Responsabilidade Civil, São
Paulo, ed. Atlas, 2004, p.206)
Como ensina o eminente e saudoso civilista CAIO MÁRIO DA
SILVA PEREIRA, quando se cuida de dano moral, o fulcro do conceito
ressarcitório acha-se deslocado para a convergência de duas forças:

”'caráter punitivo', para que o causador do dano, pelo fato da


condenação, se veja castigado pela ofensa que praticou; e o 'caráter
compensatório' para a vítima, que receberá uma soma que lhe
proporcione prazeres como contrapartida do mal sofrido"
(Responsabilidade civil, Rio de Janeiro, Forense, 1.990, p. 62).

É exatamente isso que se pretende com a presente ação: uma


satisfação, uma compensação pelo sofrimento que vem experimentando a autora
com o abuso na inobservância às regras mais comezinhas do direito do
CONSUMIDOR, isso nada mais é do que uma contrapartida do mal sofrido, com
caráter satisfativo para a LESADA e punitivo para a ré, causadora do dano, para
que se abstenha de realizar essa conduta lesiva com outros consumidores.

5- DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

De acordo com o artigo 6º, VIII, da Lei nº 8.078/90 cabível o


benefício legal da inversão do ônus da prova, seja pela hipossuficiência técnica,
seja pela verossimilhança das alegações:

“Art. 6º - São direitos básicos do consumidor:


(...)
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras
ordinárias de experiência”.(grifou-se)

Diante disto, requer a inversão do ônus da prova, em favor do


autor, nos termos do art. 6.º, inciso VIII do “Código de Defesa do Consumidor”.
DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer a V. Exª:

a) A citaçã o da empresa Ré para responder a presente açã o e


sua intimaçã o para comparecer na audiência de
conciliaçã o, que poderá ser imediatamente convolada em
AIJ, caso nã o cheguem à s partes a acordo, sob as penas de
revelia e confissã o;

b) A inversã o do ô nus da prova, com fulcro no Artigo 6º, VIII


da Lei 8078/90;

c) O cancelamento das cobranças relativas à s tarifas do


seguro de vida pessoa física, por serem cobranças
indevidas;

d) A condenação da Ré na devolução em dobro dos valores


cobrados indevidamente no percentual de R$ 407,34
(quatrocentos e sete reais e trinta e quatro centavos);

e) A condenaçã o da Ré em danos em valor a ser arbitrado por


V.Exª.

f) Sejam julgados procedentes in totun, todos os pedidos


inseridos nesse processado, tudo por ser medida da mais
merecida Justiça.

DAS PROVAS

Requer a produçã o de provas, na amplitude do Artigo 32 da


Lei 9099/95, em especial documental, depoimento pessoal da parte ré e
testemunhal.

DO VALOR DA CAUSA

Dá-se à presente causa o valor de R$ 30.000,00 (trinta mil


reais).
Termos em que,
P. Deferimento.

Rio d Janeiro, 10 de Março de 2016.

LUÍS DA SILVA ANDRÉ


OAB/RJ 153.529

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