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Manoel Lisboa
1966
Fonte: Centro de Documentação Maoísta
Documento escrito em 1966 quando Manoel Lisboa e outros membros do PCdoB rompem com aquele
partido e começam o processo de formação do Partido Comunista Revolucionário.
Contudo, ainda mesmo os seus elementos mais progressistas não conseguem formular e
levar à prática uma luta consequente contra o imperialismo e o latifúndio, que se constituem
em obstáculos a sua expansão como classe. a burguesia nacional em nossa pátria, como as
burguesias nacionais do mundo subdesenvolvido, é incapaz de dirigir e realizar a luta contra o
imperialismo e o latifúndio e capitula diante dessas forças.
5. Por isso o Partido da Classe Operaria deve elaborar sua estratégia e aplica-la onde se
reflete de modo mais agudo a contradição principal. Ai desenvolver, com profundidade, a
Aliança Operária-Camponesa, através do deslocamento para o campo dos elementos mais
avançados da classe operária, dos intelectuais e estudantes com ideologia do proletariado para
criar as bases de apoio rurais. O cerne da estratégia do proletariado e de seu Partido é e o
desenvolvimento da guerra popular através da guerra de guerrilhas. A guerra de guerrilhas,
através das formas primitivas e rudimentares de combate, proporciona as massas organizadas
na base de apoio um método de luta, e possibilita que cada elemento de massa se converta num
soldado da guerra popular. Além disso, a história de nossas lutas libertárias demonstra
cabalmente que a guerra de guerrilhas foi o método de luta que nosso povo sempre utilizou para
derrotar os opressores. Dessa forma é o próprio desenvolvimento da guerra, que é a forma
superior de expressão da luta de classes, que dará origem a outras bases de apoio rurais, que
fará crescer as forças armadas populares e inclusive, também, o próprio Partido do Proletariado.
Assim, surgirão bases de apoio em todo o Nordeste como também em todos os pontos do interior
de nossa pátria onde as condições sejam favoráveis. Nas cidades e particularmente nas grandes.
8. Sobre o segundo tipo de aliança, ou mais precisamente a frente única com a burguesia
nacional, autenticamente nacional, submetida também ao imperialismo ianque, a condição
básica para sua efetivação é a formação das forças armadas populares através do próprio
desenvolvimento da guerra popular. E seria erro grave e ilusão de classe supor que a aliança se
faça antes do início da insurreição armada, a base de conversão ou troca de pontos de vista.
Nessa questão, o fundamento é o proletariado realizar a frente única quando tiver a suas
próprias forças armadas, independentes e dirigidas pelo seu Partido, garantia de que a luta
contra o imperialismo e o latifúndio irá até o fim, isenta de vacilações ou capitulações próprias
da burguesia nacional.
10. Além do oportunismo de direita, o proletariado e seu Partido devem dar combate, sem
trégua, ao oportunismo de "esquerda", que isola os revolucionários, levando-os a ações
aventureiras. Em realidade, os oportunistas de "esquerda" ao fazer propostas impossíveis de
serem concretizadas temem a revolução e tanto quanto os revisionistas também não a desejam.
Não conseguem compreender o duplo caráter da burguesia nacional e a questão de isolar os
inimigos principais, aniquilando-os sempre por partes. Ao contrário, se isolam e se lançam a
ações aventureiras porque desprezam taticamente o inimigo e pretendem derrota-lo de uma só
vez.