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VOCÊ É UM

FILHO
AMADO
DO PAI
PARTE 1 – OS FILHOS
CAPÍTULO 1......................................................................................................9
QUEM É VOCÊ?....................................................................................9
A IMPORTÂNCIA DE SABER QUEM SOMOS................................................9

CAPÍTULO 2....................................................................................................15
A PEDRA FUNDAMENTAL...................................................................15
A PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA É PEDRO?.......................................16
OS FILHOS SÃO O VERDADEIRO FUNDAMENTO DA IGREJA.....................17
SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA....................................19

CAPÍTULO 3....................................................................................................21
AS PORTAS DO INFERNO....................................................................21
NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA.............................................21
O FILHO JESUS, A PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA..............................23
A IGREJA RECÉM-NASCIDA, LOGO NA SUA PRIMEIRA BATALHA, JÁ PREVALECEU
CONTRA O INFERNO!....................................................................................24
O FUNDAMENTO EM TEMPOS DE PANDEMIA.........................................27
ONDE ESTÃO OS FILHOS AMADOS DO PAI?.............................................29

CAPÍTULO 4....................................................................................................33
CONCEITOS BÍBLICOS FUNDAMENTAIS...............................................33
O CONCEITO DA ORFANDADE..................................................................33
O CONCEITO DA ADOÇÃO.........................................................................34
O CONCEITO DA REGENERAÇÃO..............................................................35
O CONCEITO BÍBLICO: IGREJA-FAMÍLIA....................................................38
INIMIGOS DA FAMÍLIA E DA IGREJA-FAMÍLIA...........................................38

CAPÍTULO 5....................................................................................................41
DESCOBRINDO O FILHO QUE HÁ DENTRO DE CADA UM DE NÓS.........41
O DESAFIO QUE O ÓRFÃO TEM DE SER FILHO..........................................41
AS CAPAS QUE IMPEDEM O FILHO...........................................................43
DE VALORIZAR O AMOR DO PAI...............................................................43
O PODER DE SER FEITO FILHO DE DEUS...................................................46

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CAPÍTULO 6....................................................................................................49
O FILHO INSATISFEITO,.......................................................................49
ENCOBERTO PELAS CAPAS DESTA ÉRA................................................49
1ª CAPA – TIRANDO A CAPA DO EGOÍSMO..............................................50
2ª CAPA – TIRANDO A CAPA DO ISOLAMENTO........................................51
3ª CAPA – TIRANDO A CAPA DO ACÚMULO.............................................53
4ª CAPA – TIRANDO A CAPA DA INDEPENDÊNCIA...................................54
5ª CAPA – TIRANDO A CAPA DA “VIDA-LOKA”.........................................55
6ª CAPA – TIRANDO A CAPA DA CONFORMISMO....................................57

CAPÍTULO 7....................................................................................................61
CAINDO EM SI....................................................................................61
O ÓRFÃO – QUE ESTAVA FORA DE SI –.....................................................61
CAIU EM SI E SE FEZ FILHO........................................................................61
CAIR EM SI, É RECONHECER A ESSÊNCIA, QUE É ETERNA........................65
QUANTO MAIS O FILHO SE DESCOBRE DAS MENTIRAS...........................66
MAIS O PAI O COBRE COM VESTES DE GLÓRIA........................................66

CÁPITULO 8....................................................................................................69
A COROA DE GLÓRIA DO PAI..............................................................69
A COBERTURA DO PAI É A FORMA QUE ELE.............................................69
MANIFESTA O SEU FILHO AO MUNDO.....................................................69
1ª COBERTURA GLORIOSA:.......................................................................71
SÓ O PAI TEM OS BEIJOS E OS ABRAÇOS VERDADEIROS..........................71
2ª COBERTURA GLORIOSA:.......................................................................72
SÓ O PAI TEM AS VESTES CERTAS PARA OS SEUS FILHOS........................72
3ª COBERTURA GLORIOSA:.......................................................................73
SÓ O PAI, QUE TEM TODA AUTORIDADE,.................................................73
PODE DAR O ANEL DE AUTORIDADE PARA SEUS FILHOS.........................73
4ª COBERTURA GLORIOSA:.......................................................................75
SÓ O PAI TEM AS SANDÁLIAS CERTAS QUE REVESTEM SEUS FILHOS PARA AS
GRANDES CONQUISTAS................................................................................75
5ª COBERTURA GLORIOSA:.......................................................................77
SÓ O PAI NOS COBRE COM A CELEBRAÇÃO DA VIDA...............................77
A LONGA VIAGEM DE DESCOBERTA.........................................................79

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CÁPITULO 9....................................................................................................81
ADÃO E EVA.......................................................................................81
FILHOS SIM, MAS INFELIZMENTE.............................................................81
COBERTOS DE MEDO E VERGONHA.........................................................81
AFINAL, POR QUE PERDERAM O PARAÍSO?..............................................85

CÁPITULO 10..................................................................................................89
SER FILHO É........................................................................................89

CAPÍTULO 11..................................................................................................95
O CARÁTER DA PATERNIDADE DIVINA................................................95
DEUS = PAI + MÃE.....................................................................................95
A PATERNIDADE DIVINA NÃO É CONDESCENDENTE................................99
MAS, TAMBÉM, NÃO É IMPLACÁVEL......................................................100
A PATERNIDADE DIVINA É ETERNA.........................................................101
A PATERNIDADE ESTÁ SEMPRE ENSINANDO..........................................102
A PATERNIDADE ESTÁ EM TODOS OS LUGARES.....................................107
A PATERNIDADE ESTÁ NA CONSCIÊNCIA DO SER-HUMANO..................107
OS ÓRFÃOS DE ONTEM, DE HOJE E DE SEMPRE.....................................108
AS CONSEQUÊNCIAS DESTA REJEIÇÃO...................................................109
VOLTEM-SE PARA MIM E EU ME VOLTAREI PARA VÓS..........................110

CAPÍTULO 12................................................................................................113
OS ORFÃOS E OS FILHOS DA BÍBLIA..................................................113
ÓRFÃOS QUE RESISTIRAM À PATERNIDADE...........................................114
OS FILHOS QUE SUBMETERAM-SE À PATERNIDADE..............................117
OLHE MAIS PARA O CÉU E MENOS PARA A TERRA................................123

CAPÍTULO 13................................................................................................125
COMO CONHECI O NOSSO PAI..........................................................125
O CORAÇÃO FERIDO, AFASTA-NOS DO PAI............................................131
VENÇA AS DISTRAÇÕES...........................................................................132
IDEOLOGIAS ANTICRISTÃS......................................................................138
A IGREJA TEM A RESPOSTA.....................................................................140

CAPÍTULO 14................................................................................................145
A IGREJA-FAMÍLIA............................................................................145

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CARACTERISTICAS DA IGREJA-FAMÍLIA..................................................145
FILHOS DA CASA, MAS ÓRFÃOS..............................................................146
OS FREQUENTADORES DE IGREJA E OS DESIGREJADOS.........................146
O CICLO DA VIDA, NA IGREJA..................................................................148
A PATERNIDADE DA IGREJA ESTÁ AÍ.......................................................150
SÓ NÃO DESFRUTA DELA QUEM NÃO QUER..........................................150
AS TRÊS FUNÇÕES DA PATERNIDADE NA IGREJA...................................153
A FORÇA DA IGREJA FORMADA POR FILHOS,.........................................156
E NÃO POR SERVOS................................................................................156
OS FILHOS E OS SERVOS NA IGREJA........................................................161

CAPÍTULO 15................................................................................................166
PATERNIDADE DOS PEDAGOGOS......................................................166
+...................................................................................................... 166
PATERNIDADE DOS PAIS...................................................................166
CUIDADO! EXCESSO DE INFORMAÇÃO, DEFORMA................................170
VOCÊ JÁ SE DESCOBRIU COMO UM FILHO AMADO DO PAI?.................173

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PARTE 1

OS FILHOS

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CAPÍTULO 1

QUEM É VOCÊ?

“O filho de Deus tornou-se homem, para possibilitar que


os homens se tornem filhos de Deus.”
C. S. Lewis

A IMPORTÂNCIA DE SABER QUEM SOMOS

Leia com atenção a passagem bíblica de Mateus 16.13-20:

“Jesus perguntou a seus discípulos: Quem o povo diz que eu sou? E


eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros:
Jeremias ou algum dos profetas. Mas vós, continuou ele, quem dizeis que
eu sou? Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão filho de
Jonas, porque não foi carne e sangue que te revelaram, mas meu Pai, que
está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra
edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra
ela.”
Nesta passagem, Jesus faz uma pergunta muito importante aos seus
discípulos:
- Para o povo, quem eu sou?

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Os discípulos respondem: “Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e
outros: Jeremias ou algum dos profetas”.
Jesus nesta hora pode ter tido o seguinte pensamento: “Como é difícil
as pessoas reconhecerem quem você realmente é! Eu não sou nada disso
que eles estão falando! O povo não me conhece e não sabe quem eu sou,
mas... e os meus discípulos? Será que eles sabem quem eu sou?”; e então,
dirige a pergunta aos seus discípulos:
- E vocês (meus discípulos) sabem quem eu sou?
Pedro recebe a revelação do Pai e responde enfaticamente:
- Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo.
Aleluia!!!!
E, Jesus – como nunca fica devendo nada pra ninguém – devolve a
revelação na mesma moeda: “Também eu te digo: Tu és Pedro”.
Aleluia!!! (de novo!).
Logo depois de Pedro revelar:
“Tu és o Cristo!”; Jesus revela: “e tu és o Pedro!”.
O Pai revelou que Jesus era o Cristo o Filho de Deus.
E Jesus revelou que Simão era o Pedro o Filho de Deus.
Então, há uma importante pergunta que todos devemos fazer a nós
mesmos e ao nosso Pai: “Quem sou eu?”

O povo, claramente, não sabia quem Jesus era. Para eles, Jesus era João
Batista, ou Jeremias, ou Elias ou algum dos profetas. Isso aconteceu
porque eles acreditavam que Jesus era uma espécie de imitador de um
destes profetas e que seguia a mesma missão deles com as mesmas
características deles. Isso fazia com que a ‘verdadeira identidade’ de Cristo
ficasse escondida atrás dos rótulos que davam a ele. É como se você fosse
um bom jogador de futebol e começassem a te apelidar de ‘Ronaldinho’.

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Isso faria com que sua verdadeira identidade ficasse escondida atrás de
uma outra ‘personalidade’; como que se você usasse uma máscara para
‘PARECER’ com alguém, uma vez que você mesmo não teria uma
identidade própria.
Isso é muito triste... não é legal você sempre ser comparado com outra
pessoa. Você é você! Você tem a sua identidade que só Deus pode revelar.
É triste quando os pais comparam um irmão com o outro, não é? Ao invés
de valorizarem a identidade de cada um, acabam comparando um com o
outro; abafando de certa forma a identidade de cada um.
O povo não sabia quem Jesus era porque não tinha convivência, nem
intimidade com ele. Apenas o viam de longe e observavam de maneira
superficial as coisas que ele fazia e então o comparavam com algum
profeta conhecido, ignorando a sua verdadeira identidade.
Aqueles que estão longe de nós – o povo – nunca saberão de fato quem
nós somos e nunca poderão nos ajudar no encontro de nossa verdadeira
identidade e de nosso verdadeiro valor.

Bom, já vimos que o “povo” nunca saberá, de fato, quem somos em


nossa essência; então, quem poderá dizer quem somos?
Jesus se volta para aqueles que estavam mais próximos – os seus
discípulos – e lhes dirige a pergunta: “E para vocês, quem eu sou?”. E
Pedro, após receber uma revelação do Pai, diz: “Tu és o Cristo, o Filho do
Deus vivo!”.
Só o Pai poderia dizer quem o filho era; e o Pai não diz: ele é o profeta,
o engenheiro, o médico, o padeiro, o pastor, o presbítero ou o líder... o Pai
diz: ele é o Cristo, o meu filho! É isso que ele é: “o meu filho, o Cristo, a
quem eu enviei com uma missão”.
Então, se você quiser de fato saber quem é, você não pode perguntar ao
povo ou àqueles que o conhecem apenas por observarem algumas de suas

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atitudes; não, você não pode esperar que ‘o povo’ te identifique da maneira
correta; na verdade, só o Pai pode lhe dar esta resposta; Ele é o único que
pode lhe responder quem você é de fato e de verdade e qual sua missão
neste mundo!

E, é exatamente isso que Jesus faz com Simão; como um pai, ele
revela quem é Simão: “tu és Pedro!”
Só quem assume a paternidade pode dar um nome ao seu filho!
Assim, Jesus assumindo a paternidade de Simão, identificou-o
corretamente, segundo sua verdadeira essência, dando-lhe um novo nome,
chamando-o agora de Pedro!
Uau!! Um novo nome?!
O ‘nome próprio’ tem uma importância singular na formação da
identidade de uma pessoa! O novo nome ajudava Pedro a descobrir sua
verdadeira identidade diante da família, da sociedade, e de tudo que
envolvia sua vida neste mundo. Todos passaram a conhecê-lo de uma nova
forma! Aquele nome, identificava quem ele era e manifestava a verdadeira
identidade de Simão ao mundo e a ele mesmo! Simão, não era Simão. Na
verdade, Simão era Pedro! E assim ele passou a ser identificado por todos
que o conheceram.
Uau!! É muito poderoso sermos ‘identificados’ pelo Pai!
A decisão de Pedro seguir Jesus e de se fazer um filho, proporcionou a
resposta de uma pergunta que muitos se fazem uma vida inteira: ‘Quem
sou eu?’, e nunca conseguem obter uma resposta esclarecedora.
Jonas, chamou seu filho de Simão, mas essa não era sua verdadeira
identidade. O verdadeiro Pedro estava escondido atrás do velho Simão. Os
pais biológicos de Pedro não conseguiam identificar quem Pedro –
realmente – era! Uma falha meio comum nos dias de hoje não acha?
Muitos passam uma vida inteira sem conhecerem a revelação do Pai sobre

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quem são.
O mal do século é a confusão de identidade. A “ideologia de gênero”,
tão propagada nos últimos anos, expõe esta dura e triste realidade. A
simples “identificação” de um pai para com seu filho – definir o sexo da
criança e dar-lhe um nome de acordo – agora se tornou um verdadeiro
dilema. Alguns chegam a classificar 52 tipos diferentes de gênero! A
confusão de identidade está estabelecida! Mas não é exatamente do pai que
vem a identificação do filho? É possível alguém identificar-se a si mesmo?
Claro que não! Isso é impossível! Nós precisamos de uma paternidade
celestial que nos identifique; que nos conheça profundamente e valorize
nossa essência e nos oriente sobre nossa missão.
Assim como Pedro, há uma multidão de “Simãos” que foram
identificados de maneira equivocada pelos próprios pais, e acabaram
tornando-se ‘órfãos de pais vivos’ sem nunca conhecerem a si mesmos.
Há uma multidão de Simãos; órfãos perdidos em sua identidade; gente
que está sendo chamada pelo nome errado; gente sem uma paternidade
com a qual possa se identificar e ser identificada.

Apelidos pelos quais somos chamados, também contaminam nosso


verdadeiro chamado. Às vezes eles são inofensivos; às vezes, comuns; às
vezes, bons; mas às vezes são gravemente depreciativos e acabam
aprisionando nossa verdadeira identidade pela vida toda!
Quando Pedro descobriu o Nome pelo qual Deus o estava chamando,
todos os apelidos e nomes que porventura o mundo o chamava, caíram por
terra! Aleluia! O seu propósito de vida manifestou-se a partir daquele
momento! Tremendo!
A paternidade de Cristo,
sacou de dentro do “falso Simão”, o “verdadeiro Pedro”.

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Somente a paternidade dos céus
pode sacar de dentro do “falso eu”, o “verdadeiro eu”!

Cristo estava dizendo a Pedro: você não é Simão, um simples ouvinte;


mas sim Pedro, uma pedra, um homem forte e confiável.
Gosto do filme “As Crônicas de Narnia” quando Aslan, o Leão, coroa
os heróis chamando-os de: rei Pedro, o magnífico; rei Edmundo, o Justo;
rainha Lucia, a destemida; e rainha Suzana, a gentil. É desta forma que
Deus chama à luz sua verdadeira identidade. Somente aquele que escondeu
valiosos tesouros dentro você é que pode chama-los à luz para tornarem-se
conhecido por todos. Eles estão prestes a serem revelados pelo Pai na sua
vida! Espero que os próximos capítulos deste livro o ajudem a descobrir
quem de fato você é para o Pai: Um Filho muito Amado!

O que você está ouvindo do Pai, sobre seu chamado?


Como o Pai te chama?
É só andar com Ele, como Pedro andou, e você receberá Dele a
revelação do seu nome!

Ore: Pai, me mostra e me revela quem eu sou. Qual o meu chamado?


Qual o nome pelo qual o Senhor me chama?

Como você se indentificaria na seguinte frase?

____________________, o (a) __________________


(seu nome) (seu chamado)

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CAPÍTULO 2

A PEDRA FUNDAMENTAL

“Os que são seus, o Senhor conhece.


Eles são os fundamentos que permanecem firmes”.
Ap. Paulo de Tarso

Logo após o Pai revelar quem Jesus era; e Jesus, como um pai, revelar
quem Pedro era, Jesus diz:
“...e sobre esta pedra edificarei a minha igreja...”
Que pedra é esta? Sobre que pedra Jesus está falando que edificaria a
sua igreja? É sobre Pedro? Pedro é a pedra sobre a qual a igreja de Cristo
está edificada? É claro que não! Mas porque existe esta interpretação tão
deturpada? É sobre isso que falaremos a seguir.
Jesus não estava dizendo que “o” Pedro seria o fundamento da igreja;
mas sim que pessoas “como” Pedro seriam o fundamento da igreja.
Esta equivocada interpretação surgiu lá pelo ano 300d.C. quando a
igreja fez uma aliança com o Império Romano. Vejamos um pouco de
história:

A PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA É PEDRO?

Vejamos os fatos históricos que deturparam o texto bíblico:


Nos três primeiros séculos a igreja foi perseguida pelo Império Romano;

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e nunca teve um único líder, mas sim, vários líderes. Veja que nos dias do
apóstolo Pedro, havia outros líderes como, por exemplo, o próprio Ap.
Paulo. Mas, no ano de 313, quando o Imperador Constantino promulgou o
Édito de Milão, um documento proclamatório no qual se determinava que
o Império Romano não perseguiria mais o cristianismo, foi feita uma
aliança entre o Império e a Igreja e, desta forma, ela foi levada a eleger
um único líder estabelecendo uma linhagem única de liderança
sucessória a partir de Pedro; como que se um único líder pudesse substituir
a liderança do Espírito Santo na condução da igreja! Ao invés da igreja ser
unida pelos laços de amor, foi reunida à força pela política humana.
Foi dentro deste contexto histórico de aliança entre o Estado e a Igreja,
pela necessidade de se levantar um único líder que a representasse diante
do Estado, que Eusébio no ano de 303d.C. citou Pedro como “o primeiro
pontífice dos cristãos”, ou seja, como o primeiro Papa. Em 303d.C.!!!
Ninguém até aqui, havia interpretado que a fala de Jesus era que “o” Pedro
era o fundamento da Igreja.
A visão da política humana entrou dentro das entranhas da igreja e da
mesma forma que o Império Romano era comandado por um único líder,
o “Cesar”; a Igreja imitando o mesmo sistema de governo, acabou
deturpando o texto bíblico para justificar a eleição de um único líder, o
“Papa”. O Reino de Deus imitou o Reino dos homens; ao invés de ser o
contrário. Se o Império tinha um único líder, a igreja também deveria tê-lo!
Ela tinha... mas não era “o” Pedro, era “o” cabeça, Cristo!
A partir desta aliança no ano 300, o alicerce da igreja, ao invés de ser
pessoas “como Pedro”, passou a ser “o próprio Pedro”. Uma triste
deturpação do texto por interesses puramente políticos.
De fato, em nenhuma passagem da bíblia, Pedro é colocado como a
pedra fundamental da igreja, mas apenas como mais um dos apóstolos,
junto com tantos outros relacionados na Bíblia e na história da igreja

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primitiva.

Mas... se a Pedra sobre a qual a Igreja está edificada não é Pedro; então
qual é o fundamento da igreja afinal?

OS FILHOS SÃO O VERDADEIRO FUNDAMENTO DA IGREJA

Vejamos algumas passagens bíblicas que falam sobre o fundamento da


igreja:

“Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi


posto, o qual é Jesus Cristo”. 1 Coríntios 3:11
O fundamento principal é Jesus Cristo!

“[...] edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, sendo


ele mesmo, Cristo Jesus, a pedra principal. (o principal fundamento)”.
Efésios 2:20
O fundamento dos ‘apóstolos e profetas’ está sobre o principal
fundamento, ‘Cristo’, que é a pedra principal.

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A igreja está edificada sobre os

Os Apóstolos e Profetas (os filhos)

Cristo, o Principal Fundamento

“A muralha da cidade tinha doze fundamentos, e estavam sobre estes


os doze nomes dos doze apóstolos do Cordeiro”. Apocalipse 21:14
Os apóstolos são os próprios fundamentos da nova cidade; ou seja.
Esta ‘cidade’ é a ‘igreja’. Nesta passagem os apóstolos são apontados
como os fundamentos da igreja.

“O Senhor conhece os que são seus, são eles os fundamentos que


permanecem firmes”. 2ªTimóteo 2.19
Neste texto, estão sublinhadas três características dos “fundamentos”:
1ª: o Senhor os “conhece”,
2ª: os que “são Dele” , ou seja, os que “pertencem” a Ele
3ª: são os que “permanecem firmes”.

Pergunto: quem são aqueles a quem o Senhor CONHECE, que


PERTENCEM a Ele e que PERMANECEM firmes? Quem são?

São os filhos de Deus, claro!!!

Os filhos são aqueles a quem o Senhor CONHECE, os filhos são


aqueles que PERTENCEM A ELE e que PERMANECEM FIRMES!
Os filhos!

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Então, quem é a pedra sobre a qual a igreja está edificada? São os Filhos
revelados pela paternidade divina!
Esta é a pedra sobre a qual a igreja está edificada!
Sobre pessoas como Pedro, e não sobre o Pedro.
Sobre os Filhos Amados do Pai! Assim como Pedro foi um filho amado
de Deus, e assim como Jesus foi um Filho amado do Pai!

SOBRE ESTA PEDRA EDIFICAREI A MINHA IGREJA

“Também eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a


minha igreja...”
O que Jesus está dizendo aqui é que: a “pedra” sobra a qual a igreja
será edificada não é “o” Pedro, e sim pessoas “como” o Pedro; pessoas
que recebem do Pai a revelação da sua identidade de filhos, pessoas que
sentem-se abraçadas, acolhidas, aceitas e amadas pelo Pai e que, por isso,
são identificadas por Ele!
Os fundamentos da igreja são:
“Os filhos revelados pela paternidade divina.
São aqueles que se identificaram com o Pai
e foram identificados por Ele!
São os filhos que se descobriram como amados do Pai!
Estes são os fundamentos da igreja!”
Esta é a pedra sobre a qual a igreja de Cristo está edificada! Os Filhos!
Assim como Jesus tornou-se a pedra principal da igreja no dia do seu
batismo no exato momento em que ouviu do Pai: “Tu é meu filho amado
em quem minha alma se compraz”; os filhos que também conseguem
‘ouvir’ o Pai lhes dizendo: “Você é meu filho amado”, também se tornam
os fundamentos da igreja!!!

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Filhos que descobrem quem são no Pai!
Filhos... que experimentam o amor do Pai na igreja; que se identificam
com a paternidade da igreja e que são identificados por ela; que descobrem
o seu chamado e o seu propósito de vida dentro da igreja... Filhos assim,
são poderosos alicerces da igreja!
Dificilmente alguém, depois de descobrir seu valor de filho, se deixará
ser retirado da sua posição, mesmo diante das mais duras tempestades e
ventanias!
Tem fundamento mais poderoso do que este?
Filhos que sentem-se Amados pelo Pai?
Que receberam suas identidades Nele?
Que se descobriram no Pai?

A igreja está edificada sobre:

Os Filhos Amados do Pai que estão sobre:

Cristo, o Filho Amado do Pai

Com certeza não!

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Ore: Pai, eu quero ser este fundamento para sua igreja. Um filho que
sabe e reconhece que é Amado... faz de mim um poderoso e firme alicerce
para a sua igreja... quero buscar intensamente esta comunhão com o
Senhor através da minha igreja e do meu relacionamento com meus
irmãos para que o Senhor revele minha verdadeira identidade neste lugar.
Assim como o Senhor revelou a Simão que ele era Pedro, revela a mim
quem sou na sua presença... eu abro e meu coração para me sentir amado
por Ti... continue...

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CAPÍTULO 3

“O verdadeiro soldado não combate


porque odeia o que está na frente dele,
mas porque ama o que está por trás dele”.
G.K. Chesterton

AS PORTAS DO INFERNO
NÃO PREVALECERÃO CONTRA A IGREJA

Após entendermos que a Pedra sobre a qual a Igreja está edificada não
é o Pedro, mas sim os Filhos que se sentem amados pelo Pai como Pedro;
podemos compreender com maior clareza a segunda parte do versículo em
questão:
‘tu és Pedro, e sobre esta pedra (os filhos que sentem-se amados pelo Pai)
edificarei a minha igreja, “e” as portas do inferno não prevalecerão
contra ela!’
Aleluia!!
As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja que está edificada
sobre os fundamentos dos Filhos Amados do Pai!
Poderíamos parafrasear este versículo da seguinte forma:
“Se a igreja estiver fundamentada sobre pessoas como você Pedro -
sobre a Pedra que são os Filhos Amados do Pai, sobre pessoas que sabem
quem são, que se identificam com o Pai – então, as portas do inferno

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nunca poderão prevalecer contra ela. Nunca!”.
Glória a Deus!!!
Que porta do inferno pode parar ou deter uma igreja que está
fundamentada sobre filhos que sabem quem são? Filhos empoderados,
convictos, valorizados, apoiados e revelados na sua identidade?
Pense bem!
O que poderia parar tamanho poder e autoridade?
Meu Deus!!! Nada!! Nada pode parar os filhos amados!! Filhos que se
sentem amados, que não sentem nenhum tipo de rejeição; muito pelo
contrário; filhos que sentem-se pertencentes à família! Filhos que sabem
que estão lutando pela sua família, e não pela ‘instituição-igreja’, mas pela
‘família-igreja’.
Você consegue entender a importância deste fundamento?
A importância da igreja, como uma família, gerar os Filhos Amados do
Pai?
Muitas das batalhas que temos perdido contra as portas do inferno se
devem ao fato de acreditarmos que os membros, ou os servos, ou os
líderes, ou os ministros, ou os diáconos..., farão o trabalho que só os filhos
podem fazer! Por um tempo eles fazem, mas na hora da provação, não fica
nenhum! Nenhum! Só os filhos permanecem!
No terrível dia da crucificação todos se espalharam. Mas o Pai, através
do Filho, deixou uma promessa a todos os filhos: esperem reunidos porque
vocês serão revestidos de poder! O primeiro capítulo de Atos relata que
havia um grupo de 120 pessoas esperando o cumprimento da promessa; eu
diria: um grupo de 120 filhos esperando a promessa!
Só os filhos esperam na promessa do Pai. Só os filhos! Mesmo em face
da própria morte!
Como bem disse Chesterton, ‘O verdadeiro soldado não combate
porque odeia o que está na frente dele, mas porque ama o que está por

22
trás dele’. Seria impossível avançarmos contra as portas do inferno se não
tivéssemos o respaldo do amor do Pai! Não é olhando para o tamanho da
conquista que os filhos sentem-se motivados, mas olhando para sua
retaguarda; olhando para o amor da sua família; para a importância da casa
à qual pertencem; isso sim faz um filho avançar sem fraquejar! Lutar por
amor à família é algo incomparável!
Os líderes do exército de Israel estavam sendo humilhados por um
gigante que os afrontava dia e noite até que um garoto com uma firme
convicção de quem era no Pai – um filho – e buscando defender a honra do
Pai, enfrentou o gigante fazendo-o calar-se! O exército de servos que não
se fazem filhos, da igreja, também está sendo paralisado pelos gigantes da
sedução, do pecado e do engano! Só os filhos podem vencer esta guerra!
Só os filhos!
As portas do inferno nunca prevalecerão contra os Filhos! Nunca!

O FILHO JESUS, A PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA

Quem foi o primeiro na história da igreja a ser batizado?


Jesus!! Claro!!!
Neste dia, assim que Jesus, o primeiro membro da igreja recém-nascida
foi batizado por João Batista, o Pai se fez presente!
O Pai se manifestou neste dia tão importante porque sabia que era
fundamental estabelecer os fundamentos do novo edifício que começava a
ser construído (a igreja); e garantir que eles estariam bem firmes! O
primeiro fundamento estava sendo posto: Jesus, a Pedra principal!
Neste dia, o Pai, diante de todos os que ali estavam, fez uma poderosa
declaração, que ficou registrada no livro de Mateus, a respeito do primeiro
e mais novo membro da igreja:
“Este é o meu filho amado,

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em quem a minha alma se compraz!”.
Mateus 3.17
Uau!!!
Coincidência?
Não! Claro que não! Nada na bíblia é por acaso!
A igreja de Cristo, que estava nascendo naquele dia, começou sendo
edificada sobre o seu correto fundamento: Um filho empoderado pelo
amor do Pai; alguém em quem o Pai tem o seu prazer e sua alegria!
Tremendo isso!
Jesus saiu daquele batismo como todo novo membro da igreja deveria
sair do seu: completamente empoderado e validado pelo amor do seu Pai!!
Feche seus olhos agora e lembre-se do dia do seu batismo.
Lembrou?

Escreva seu nome abaixo e ouça o Pai lhe dizendo isso!


__________________, você é o meu(minha) filho(a) amado(a)! Em quem
a minha alma se compraz!

A IGREJA RECÉM-NASCIDA, LOGO NA SUA PRIMEIRA


BATALHA, JÁ PREVALECEU CONTRA O INFERNO!

Como não poderia deixar de ser, Satanás atentou contra a jovem igreja
que acabara de nascer, bombardeando-a com uma estratégia bem maligna
sobre os seus fundamentos. Ele foi direto ao ponto principal, bem no
fundamento. Ele sabia que ali estava a força da jovem igreja, formada pelo
seu primeiro membro. Satanás deve ter pensado:
- Um filho que se sente amado do Pai? Um filho em quem o Pai tem o
seu prazer e sua alegria? Ai, ai, ai, ai...!! Isso, vai atrapalhar meus

24
planos! Quem vai segurar este rapaz??
Então, Satanás, ardiloso do jeito que é, investe seu forte ataque contra o
mais novo membro da Igreja questionando-o por duas vezes de maneira
capciosa e maligna:
“Se você é filho, então...”
E de novo ele questiona...
“Se você é filho, então...”
Jesus, deve ter pensado:
- “Se” é filho? “Seeee ???”
- Como assim Satanás??? “Seeeee ???”
- Eu Sou Filho sim!!! Um Filho muito amado do Pai!!
- Satanás, pare de me perturbar! Você não tem o que fazer não, hein?
Esse teu ‘se’ quer colocar uma dúvida na minha cabeça, sobre o amor do
meu Pai por mim, do mesmo jeito que você fez com Adão e Eva! Eu sei
quem Eu sou! Eu sou um filho Amado do Pai! Esse teu ataque, Satanás, foi
um tiro de festim! Meu Pai acabou de declarar isso diante de todos, no dia
do meu batismo! Que eu sou um filho muito amado!!! Satanás, ouça isso
que eu vou te dizer em alto e bom som: “Eu sou um filho amado do Pai.
O Pai tem prazer na minha vida!”
Aleluia!!!
Se Satanás destruísse este fundamento, nada mais poderia ser construído
em cima; com o risco de desabar tudo; nada pararia em pé. Por isso ele foi
direto nas bases! Mas, graças a Deus, elas já estavam bem consolidadas!
Cristo tinha clara convicção de quem ele era!
Se Jesus não soubesse “quem” era, talvez a igreja morresse antes
mesmo de nascer.
O Pai validou o filho diante de todos!
Qual porta do inferno pode vencer um filho que sente-se tão amado,

25
validado e encorajado pelo seu Pai?
Ser filho é descobrir que o Pai o valida, o empodera e o encoraja,
exatamente como fez com seu Filho.
Você consegue se imaginar na escola? Com seu Pai chegando lá e
gritando para todo mundo ouvir:
“Este é o meu filho amado e
eu me alegro muito nele!”.
É pra encher o peito e dar um profundo suspiro de satisfação!
Isso empodera qualquer um!
Enche de prazer, ânimo e alegria para a vida!
Depois de uma palavra dessa, os gigantes é que se cuidem! Saiam da
frente, porque eu estou cheio da força e do poder do amor do meu Pai, para
vencer qualquer inimigo que se oponha!
Você consegue imaginar o seu Pai te validando assim?
Então, não imagine somente, mas acredite!
Foi exatamente isso que o Pai já fez por você! Quando sacrificou o seu
primogênito na cruz, expondo-o em vergonha diante do mundo, por amor a
todos nós!
Lá na cruz, o Pai estava gritando a teu respeito para o mundo inteiro
ouvir:
“Eu te Amo tanto meu filho,
que dei meu único filho por você
“Filho, você é a minha imagem e semelhança, eu te amo pelo que você
simplesmente é – meu filho – e não pelo que você faz. Amo você. Você é a
minha alegria e o meu prazer. Filho, você precisa entender isso. Eu te
amo!!!! O Tentador, de todas as formas, tenta afastá-lo de mim. Ele coloca
muitos “se’s” no seu coração. Ele mente, seduz e engana multidões. Suas
estratégias são as mesmas, desde o início da criação: fazê-lo duvidar do

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meu amor por você e do seu valor. Fazê-lo sentir-se envergonhado e com
medo, como fez com Adão e Eva. Não ouça a serpente, mas somente a
mim, filho! Acredite quando Eu digo que te amo! Acredite ao menos no
sacrifício que já fiz por você!”.

“Você é o meu prazer e a minha alegria!!”

OS FUNDAMENTOS EM TEMPOS DE PANDEMIA.

Nos dias da pandemia do COVID19 – enquanto escrevo este livro – a


igreja proibida de realizar suas atividades dentro dos Templos se viu
obrigada a expandir suas atividades para fora dele, alargando suas paredes
para os limites da cidade, levando junto os fundamentos da igreja! Os
filhos! Fundamentos tão requisitados e tão valorizados nestes dias!
Nunca, antes na história, o mundo viveu algo tão semelhante à
perseguição dos dias da igreja primitiva de Atos dos Apóstolos. Sempre
existiram perseguições e proibições contra a igreja. Sim! Claro! Mas nunca
vivemos algo desta forma, em escala global! O mundo inteiro ficou
proibido de abrir seus templos, nos dando uma amostra – muito eloquente
aliás – de como era a igreja perseguida dos primeiros trezentos anos.
Igreja que, para espanto de muitos, sem poder reunir-se em templos,
cresceu e se espalhou por todo o Império Romano! Sem os templos!!!
Mas como a igreja alcançou tamanha conquista?

A Igreja perseguida dos primeiros três séculos,


não tinha templos, mas tinha fundamentos!
Tinha seus poderosos filhos; muito amados do Pai.
Os Filhos Amados do Pai, da igreja primitiva, infiltraram-se nas casas,

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nos comércios, nos vilarejos e até mesmo nas entranhas do governo
Romano; chegando no ano 300d.C. a derrubar os antigos deuses da cultura
greco-romana, destituindo-os de seus altares!
Tremendo isso e quase inimaginável para nós que, nestes dias, temos
plena e total liberdade para nos reunirmos em grandes concentrações em
boa parte do mundo.
O fato é que acabamos supervalorizando as estruturas da igreja e
menosprezando os seus fundamentos!
Como pastor, nestes dias, eu vivi uma experiência extremamente
renovadora, revigorante e incomparável, de ser igreja sem templo.
Ficamos sem teto, mas não ficamos sem chão!
Neste momento, pudemos confirmar o quanto os Filhos Amados do Pai
são realmente fundamentais para a igreja.
De fato, as igrejas não fecharam, o que fechou foram os seus templos!
As igrejas continuaram mais abertas do que nunca, através dos filhos
amados do Pai, espalhados por toda a cidade.
Momentos de crise são propícios para autoanalises. O Arquiteto da
Igreja, parou as atividades na obra e chamou os construtores para
inspecionarem os fundamentos do edifício-igreja.
Percebendo a urgência em fortalecer os alicerces de filhos,
intensificamos o discipulado pessoal, cuidando de maneira mais próxima,
individual e intensa dos filhos do Pai, o que foi uma experiência
extremamente edificante para todos nós! Fizemos uso das ferramentas de
conexão disponíveis, como Whatsapp, Zoom e outras; o que frutificou de
maneira muito acima do esperado!!
O prédio da igreja pode ser destruído, mas a alma da igreja – os filhos
amados – jamais!
A alma é mais importante que o corpo.

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O conteúdo mais importante que a embalagem.
Me lembro da palavra que nos adverte:
“não tenham medo do que pode matar o corpo,
mas não pode para matar a alma”. Mateus 10.28
A pandemia ameaçou matar o corpo, mas ela jamais logrará êxito em
matar a alma! Não pode! Ela é a essência. Isto quer dizer que a partir dela,
tudo pode voltar a existir novamente. Tudo.
O Pai ama nossa essência, e não nosso corpo.
O Pai ama os filhos da igreja, e não os prédios da igreja.
O Pai ama os fundamentos; e valoriza as estruturas!
A estrutura é importante, mas os fundamentos são indispensáveis!
Se o prédio for destruído, os filhos o reedificam; mas se os filhos forem
destruídos já não haverá mais esperança! É a partir deles, que tudo, sempre
voltará a ser restaurado! Tudo!
Glória a Deus pelos Filhos que sabem que são amados do Pai!

ONDE ESTÃO OS FILHOS AMADOS DO PAI?

A criação aguarda que os filhos de Deus se manifestem para libertá-la


da escravidão em que se encontra! É o que diz o Apóstolo Paulo na carta
aos Romanos e a cada um de nós hoje!
Os fundamentos permanecem os mesmos desde quando Cristo lançou
seus discípulos como os primeiros fundamentos da igreja. Eles nunca
mudaram. Talvez, só estivessem meio esquecidos ou desapercebidos, mas
foram eles que sustentaram a igreja através dos séculos, e continuam
sustentando-a ainda hoje.
Assim como todo alicerce, eles não são vistos no dia-a-dia da igreja. Às
vezes até esquecemos que eles existem. Não paramos muito para pensar

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em sua importância, nem em que estado eles estão, mas podemos ter a
certeza, que a igreja está em pé por causa deles.
Muitas vezes não percebemos, mas no fundo, bem no fundo, o que
mantém a igreja em pé, são os filhos conscientes de quem são.
Não são as lindas paredes, nem o ar-condicionado, nem o excelente
som, nem as lindas festas, nem a qualidade das pregações, nem o coral ou a
dança ou qualquer outra coisa. Não. Tudo isso, é claro, tem o seu valor;
tudo isso são as ‘estruturas’ que são construídas sobre os filhos. Sem eles,
nada pararia em pé.
Acredito que a tempestade da provação dos dias atuais, está desnudando
os alicerces da igreja, nos fazendo lembrar que eles existem e o quanto são
importantes.
Acredito que eles serão cada vez mais requisitados e valorizados pela
igreja do período pós pandemia, que está alinhando-se, mais do que nunca,
com a igreja de Atos dos Apóstolos, com a igreja primitiva, quando os
filhos de Deus, apesar de toda perseguição, se multiplicaram tanto que
acabaram transformando toda estrutura do Império Romano, como já
dissemos.
Há um frescor novo sobre a igreja do século XXI !
O novo alinhando-se com o original!
As estruturas estão sendo alinhadas com os fundamentos!!

E não é assim que se constrói um edifício bem firmado?

RESUMO:
Até aqui vimos três conceitos muito importantes:

1º Quem eu sou?
Precisamos buscar conhecer nossa identidade Nele. Cristo faz esta

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pergunta aos discípulos; o povo conhecia Jesus, apenas pelas coisas que
Ele fazia, mas não conseguiam enxergar sua essência de Filho! Somente
Pedro, pela revelação do Pai, conseguiu ver que ele era: “o Cristo, o filho
de Deus”. Jesus, na mesma moeda, revela a Simão: Simão, você é Pedro!
Aleluia! Só o nosso Pai pode revelar quem somos nele! Você já teve esta
revelação na sua vida? Pergunte ao Pai: Pai, quem eu sou?

2º O fundamento são os filhos!


Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha igreja!
Entendemos que o fundamento da igreja são os filhos que se sentem
amados pelo Pai. Filhos que sabem quem são. Estes são os verdadeiros e
poderosos alicerces da igreja! Mas, haveria neste mundo, algo mais
poderosos do que o Amor de um Pai empoderando seus filhos? Você
entende a importância de sentir-se amado pelo Pai, para tornar-se um
poderoso fundamento da igreja? Glória a Deus pelos filhos, que pertencem
ao Pai e permanecem firmes em suas posições sustentando o
edifício/igreja.

3º As portas do inferno não prevalecerão contra a igreja que está


fundada sobre os filhos amados do Pai. Satanás investiu contra o Filho
Jesus, questionando o que o Pai havia acabado de lhe dizer: ‘Este é o meu
filho Amado’. Satanás pergunta duas vezes: ‘se você é filho’... este ‘se’ era
uma tentativa ardilosa de plantar em Jesus a mesma semente de duvida que
ele plantou em Adão e Eva: Será que o Pai me ama mesmo? Mas, Jesus
não duvidou nem por um instante do amor do Pai por ele; as investidas de
Satanás caíram por terra! As portas do Inferno jamais prevalecerão contra a
igreja que está fundamentada na Pedra dos Filhos que sabem que são
amados do Pai! Aleluia! Os filhos que se sentem amados avançam contra
as portas do inferno que mantém cativos uma multidão de órfãos, e os

31
liberta para a adoção de filhos!

Pare, medite nisso e ore agora:

“Pai, me perdoe por, às vezes, duvidar do seu amor por mim. Nunca
mais vou deixar que o inimigo prevaleça sobre mim, colocando suas
sementes malignas na minha mente, me fazendo duvidar do seu amor por
mim...

Eu oro para que o Senhor me revele... no profundo do meu ser... e me


faça sentir o seu amor por mim... quero andar contigo como Pedro andou
para receber de Ti, a revelação de quem sou...

Oro para que o Senhor faça de mim este poderoso fundamento da sua
igreja... eu te amo e quero fazer parte dos fundamentos desta família... da
minha igreja-família

Oro também, para que possamos avançar contra as portas do inferno e


libertarmos aqueles que ainda se encontram presos em sua orfandade...
Continue...

32
CAPÍTULO 4

“O novo nascimento não é sobre melhorar quem você é,


mas sobre criar um novo ‘você’ ”.
John Piper

CONCEITOS BÍBLICOS FUNDAMENTAIS

Faremos uma breve leitura sobre três conceitos bíblicos básicos:


“orfandade”, “adoção” e “regeneração”, para entendermos, com maior
profundidade, sobre qual é a natureza de um Filho Amado do Pai.

O CONCEITO DA ORFANDADE

“se estais sem disciplina do Pai, sois bastardos (ou órfãos) e não
filhos.” Hebreus 12.8.
Os órfãos são aqueles que desprezaram a disciplina do Pai.

“Pai dos órfãos [...] é Deus em sua santa morada.” Salmos 68:5
O Pai dos Céus, não deixa ninguém órfão, a menos que o rejeitem. A
rejeição não é do Pai, é dos filhos ao Pai. Sempre.

“Não vos deixarei órfãos, voltarei para vós outros.” João 14:18
Jesus, não deixou ninguém órfão. A “orfandade espiritual” sempre
será por causa do filho deixar o Pai; e não do Pai deixar o filho. O Pai não
deixa ninguém órfão! Nunca!

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Então, concluímos que a palavra órfão na bíblia fala daqueles que não
conseguiram, ainda, fazerem-se filhos, porque Pai, eles já têm!

O CONCEITO DA ADOÇÃO

Repare nos versículos abaixo como o conceito de “adoção” remete em


o órfão deixar a paternidade escravizante para submeter-se a
paternidade libertadora.
Preste bem atenção nisso: se o órfão é aquele que rejeitou a paternidade
dos céus; o adotado é aquele que voltou a submeter-se a ela! O órfão,
deixou a casa; o adotado, voltou para ela.

“Não recebestes o espírito de escravidão, para viverdes, outra vez,


atemorizados, mas recebestes o espírito de adoção, baseados no qual
clamamos: Aba, Pai [...] gememos em nosso íntimo, aguardando a adoção
de filhos...”. Romanos 8:15, 23
O “espírito de escravidão” que age sobre o órfão, foi trocado pelo
“espírito de adoção” que age sobre o filho adotado; através dele, o filho
passa a chamar Deus de Papai, Pai querido (Aba Pai). O órfão, portanto,
geme em seu interior, aguardando a adoção de filho!

“[...] para resgatar os que estavam sob a lei, a fim de que


recebêssemos a adoção de filhos”. Gálatas 4:5
Neste versículo, aparece novamente o mesmo sentido bíblico de
“adoção” que é: “ser resgatado do domínio escravizante”; no caso aqui,
é resgatar os que estão “sob a lei”; através da adoção de filhos! “A lei” a
que Paulo se refere é a religião morta, vazia e cheia de regras que só
mudam a aparência, mas não mudam a essência. São aqueles que estão
dentro da casa do Pai seguindo regras religiosas, mas que não se

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conseguem se fazer filhos. Uma contradição, mas uma grande verdade:
“órfãos” dentro da própria casa do Pai! Eles precisam deixar a “tutela da
lei” e submeterem-se ao “amor do Pai’.

“[...] nos predestinou para Ele, para a ‘adoção de filhos”. Efésios 1:5
Fomos predestinados para sermos adotados como filhos!

“O Pai enviou o filho para resgatar os que eram escravos, a fim de que
recebessem a adoção de filhos. E, porque somos filhos, Deus enviou ao
nosso coração o Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai! De sorte que
já não és escravo, mas filho”. Gálatas 4:1-7
Mais uma vez o conceito “adoção” ligado ao resgate do domínio que
escraviza para o domínio do Aba Pai. Pela adoção, não somos mais
escravos, mas filhos!

O CONCEITO DA REGENERAÇÃO

Agora, repare bem na diferença entre o conceito de “adoção” e o de


“regeneração”.
 Adoção, fala de uma mudança de posição; de um velho domínio, para um
novo domínio.
 Regeneração – o mesmo que nascer de novo – fala de uma mudança de
coração. (novos valores).

“Ele nos salvou mediante o lavar regenerador do Espírito Santo”. Tito


3:5
A regeneração é comparada à lavagem. Isso fala da purificação interior
que só as águas do Espírito podem realizar!

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“[...] pois fostes regenerados não de semente corruptível, mas de
incorruptível, mediante a palavra de Deus”. 1ª Pedro 1:23
É a “Palavra” que “regenera” o filho.
A igreja é o útero; e a Palavra ministrada é o alimento que gera o filho
em seu interior. A Palavra ministrada na igreja é o puro leite a alimentar os
filhos. Pedro disse: “desejem ardentemente, como recém-nascidos, o puro
leite, não falsificado, para que, por ele, vades crescendo”. (1ªPedro 2.2). O
filho que está sendo gerado precisa desejar ardentemente o leite fresco e
nutritivo da palavra ministrada.

“O que é nascido da carne é carne; e o que é nascido do Espírito é


espírito. Não te admires de eu te dizer: importa-vos nascer de novo”. João
3:6-7
Jesus disse isso para Nicodemos; um religioso que estava
demasiadamente preso nas tradições da lei. Ele precisava “nascer de
novo”, da água (da palavra) e do Espírito.
O órfão que foi gerado
pelo “espírito deste mundo” e pela “palavra da serpente”, agora
precisa ser regenerado
pelo “Espírito Santo” e pela “Palavra de Deus”.

“Porque, ainda que tivésseis milhares de tutores em Cristo, não teríeis,


contudo, muitos pais; pois eu, pelo evangelho, vos gerei em Cristo Jesus.”
1 Coríntios 4:15
Mais uma vez, o mesmo conceito, Paulo, como um pai, pelo evangelho,
gerou filhos em Cristo!

“[...] em favor de meu filho Onésimo, que gerei entre algemas”.


Filemón 1:10

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Aqui, Paulo reafirma o mesmo princípio de gerar filhos espirituais;
representando a igreja como ‘geradora’ de filhos!

Vejam estes quatro versículos da 1ª carta de João à igreja:

“[...] todo aquele que pratica a justiça é nascido dele.” 1 João 2:29
“Todo aquele que é nascido de Deus não vive na prática de pecado;
pois o que permanece nele é a divina semente; ora, esse não pode viver
pecando, porque é nascido de Deus.” 1 João 3:9
“[...] todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus.” 1
João 4:7
“...todo o que é nascido de Deus vence o mundo.” 1 João 5:4
Estes versículos fornecem uma lista das virtudes adquiridas pelos
“nascidos de Deus” (o mesmo que ‘regenerados’):
 Praticam a justiça
 Não vivem na prática do pecado
 Amam
 Conhecem a Deus
 Vencem o mundo

Veja este outro versículo da primeira carta de João à igreja:


“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo
aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido” 1
João 5:1
Ao Pai, que gerou Jesus, nós O amamos.
A Jesus, o nascido de Deus, nós O amamos.
Aos nossos irmãos, nascidos de Cristo, nós os amamos também.

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Nós, os nascidos do Pai: amamos ao nascido do Pai, Jesus; e amamos
também os nascidos de Jesus, nossos irmãos.
A igreja formada por filhos, é uma família que ama e é amada.

O CONCEITO BÍBLICO: IGREJA-FAMÍLIA

A conversão de uma pessoa, seu batismo e sua filiação à igreja, precisa


estar em total concordância com os princípios bíblicos da ‘orfandade’, da
‘adoção’, do ‘novo nascimento’ e da ‘regeneração’.
A igreja é muito mais do que uma instituição ensinando pessoas a
melhoraram de vida, transmitindo-lhes alguns princípios importantes
como, gerenciar melhor suas finanças, lidar melhor com os filhos e com o
cônjuge, ser um lutador perseverante para vencer na vida... Tudo isso, e
muito mais, a igreja tem feito e com muita excelência, mas a igreja é muito
mais do que isso. A igreja, em essência, é uma família; que acolhe os
órfãos perdidos, os adota como filhos, provê o ambiente (o útero) que
regenera os filhos, alimentando-os com a palavra; e exerce uma autoridade
paterna capacitando os filhos para o cumprimento do seu destino profético!

INIMIGOS DA FAMÍLIA E DA IGREJA-FAMÍLIA

Diga-se de passagem, o marxismo cultural, a religião do anticristo, já


declarou guerra contra a família há muitos anos!
O livro ‘The Welfare State We're in’ de James Bartholomew,
disponibiliza dados estatísticos que foram coletados em países com
governos socialistas a partir da década de 80. Nestes países, as políticas
sociais buscando ajudar mães solteiras, acabaram incentivando as mulheres
a serem mães solteiras. O Estado acabou incentivando o crescimento de
uma sociedade sem famílias!

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Nestes países, criaram-se leis que priorizaram a entrega de apartamentos
do governo às mães solteiras. Nos Estados Unidos, 70% dos apartamentos
do governo são ocupados por mães solteiras; sendo que apenas 8% estão
ocupados por famílias tradicionais com pai, mãe e filhos! Incrível não?
A família parece ser uma instituição divina em extinção! Ela está
debaixo de franco ataque!
Nestes países socialistas, as leis que tentam proteger os menos
favorecidos, acabam incentivando o nascimento de crianças fora do
casamento! O ‘correto’ é substituído pelo ‘conveniente’; o ‘justo’ pelo
‘útil’.
O livro, procura fazer uma relação direta, da criação destas e outras leis
semelhantes com o vertiginoso aumento de crianças nascidas fora do
casamento, vejam:
A média mundial, em 1980, era apenas 1 em cada 9 crianças que
nasciam fora do casamento, mas em 2007, esse número saltou para 1 em
cada 3.
Na Islândia – 2 em cada 3!
Na Suécia – 2 em cada 3 crianças nascem fora do casamento!
Inacreditável!
Agora, veja a diferença em países onde a política é mais conservadora,
com leis que favorecem mais a família tradicional:
Japão – 1 em cada 50
Coréia do Sul – apenas 1 em cada 66.
Israel – 1 em cada 70
No Brasil, 1 em cada 4 crianças nascem fora do casamento.
Não é hora de nos levantarmos como igreja-família para mudarmos o
curso destes números aterrorizantes?

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CAPÍTULO 5

DESCOBRINDO O FILHO QUE HÁ


DENTRO DE CADA UM DE NÓS

“[...] caindo em si, disse: voltarei para casa do meu pai”


Jesus Cristo

O DESAFIO QUE O ÓRFÃO TEM DE SER FILHO

O filho que saiu da casa do Pai “caiu em si” e descobriu que é melhor
ser filho do que viver como um órfão.
Nos dias atuais o grande desafio do órfão é conseguir “cair em si” e
perceber o grande valor de ser um ‘filho amado do Pai’. Vejam os dados a
seguir e avaliem o desafio da igreja em revelar o Pai:
 Uma criança em cada três vive num lar de pais separados.
 80% destas crianças, sofrem alienação parental, quando um genitor
difama o outro ao filho.
 A cada ano mais de 500 mil crianças recebem suas identidades sem o
nome do pai,
 45% das notificações de violência no Brasil são contra crianças,
 Em 1960, 4% das crianças eram criadas sem pai em casa e hoje esse
número chega a mais de 50%.
 70% dos presidiários não tiveram um pai! As cadeias do mundo inteiro

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estão cheias de órfãos! Gente que nunca soube o que é ser um filho
amado do pai!!
 70% dos presidiários nunca se sentaram à mesa em família.
 Para cada três casamentos, um casal se divorcia!
De fato, a família está sendo destruída... e com ela, o prazer, a alegria e
o valor de ser um Filho Amado do Pai. Estas e muitas outras estatísticas
estarrecedoras a respeito da família e da paternidade, torna cada vez mais
difícil discernir o valor, a honra e a importância de ser um filho amado.
Estamos vivendo em uma sociedade que não sabe o que é ser pai, e por
consequência não sabe o privilégio e a honra de ser filho.
Os pais estão cada vez mais perdidos, desorientados e distantes dos
seus filhos. Há uma multidão de pais depressivos, ansiosos e confusos,
criando uma multidão de filhos, igualmente, depressivos, ansiosos e
confusos.
A tão sonhada liberdade, tão almejada e pregada na década de 60 e 70,
chegou! Mas não foi alvo de comemoração, e sim de lamento.
Ao destruírem os valores familiares – que há séculos sustentam a
sociedade – não construíram nada em seu lugar. Claro! Isso porque não há
nada que possa substituir a família. Nada!
Ao conquistarem a tão sonhada liberdade sexual, só o que conseguiram
foi uma multidão de mães solteiras gerando uma multidão de órfãos, ou
pior, suscitando uma multidão de abortos; que saltou da casa dos milhares,
na década de 70, para a casa dos milhões nas décadas seguintes.
O mundo prosperou economicamente – isso é verdade – mas está
entrando em colapso moral.
A começar nos anos 70, uma geração após a outra, de todas as formas, o
mundo tem achincalhado, depreciado, desonrado e destruído com a
magnitude e a singular importância de ser um filho que pertence e é amado

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por sua família.

AS CAPAS QUE IMPEDEM O FILHO


DE VALORIZAR O AMOR DO PAI

A carência paterna gerou a insatisfação que estamos vivendo nos dias de


hoje. Gente insatisfeita com a vida. Procurando desesperadamente por
algum tipo de aceitação, de validação e de amor próprio. O órfão, não
conseguindo sentir-se amado como um filho, irá procurar amor de outra
forma; a forma de viver sem paternidade, sem família.
Afastando-se da paternidade terrena, afasta-se da paternidade celestial, e
começa a cobrir-se de capas buscando ser amado pela sua aparência e não
pela sua essência. E são tantas as capas que o encobrem, que já não sabe
mais quem é, de onde veio e nem para onde vai.
Tudo isso, lembra muito, a famosa parábola contada por Jesus, do filho
pródigo – que ao invés de chamar de “parábola do filho pródigo”, prefiro
chamá-la de “parábola dos filhos insatisfeitos”.
Nesta parábola, podemos identificar as diversas capas que o filho mais
novo colocou sobre si, devido sua dificuldade em reconhecer o Amor do
Pai por ele.
Por que este jovem estava tão infeliz e insatisfeito com sua vida?
Por que ele decidiu partir para uma terra tão distante do pai?
Por que ele preferiu gastar sua vida longe do Pai?
O “filho insatisfeito” vivia com o Pai, mas não o conhecia; e não
reconhecendo o amor do Pai por ele, não conhecia a si mesmo. Estava
com seu coração fechado para esta revelação.
Sua essência, sua identidade e seu propósito de vida estavam escondidos
debaixo de várias camadas de mentira, ilusão e sedução, com as quais ele
mesmo havia se coberto.

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Ele não valorizava o Pai e tinha uma evidente baixa autoestima.
O Amor do Pai por ele não o tocava, nem o sensibilizava. Na verdade,
ele o desprezava totalmente. Não conseguia enxergá-lo e nem reconhecê-
lo. Estava cego.
Quando não sabemos quem somos, acabamos embarcando em viagens
para terras longínquas, procurando encontrar aquilo que, às vezes, estava
bem ao nosso lado.
O vazio do filho pródigo é o mesmo vazio da humanidade que está órfã,
que não conhece o Pai, que não O valoriza, não O ama e não se sente
amada por Ele.
Ao cortar a relação com o Pai, o ser humano ficou nu.
Não sentindo-se amado pela sua essência,
buscou sentir-se amado pela sua aparência.

Rejeitando o único que podia valorizá-lo e validá-lo pelo que ele era na
essência, restaram ‘os outros’ que não enxergavam sua essência, mas
somente sua aparência.
Triste história. Muito triste. Mas extremamente recorrente em todo o
mundo nos dias atuais.
Ele perdeu a moeda de grande valor dentro da própria casa! E não
consegue mais encontrá-la em meio a tanta sujeira. Precisa varrer muito
para conseguir reencontrá-la.
Enterrou o maior dos tesouros – sua essência – debaixo de tantas
camadas de sujeira e de terra que, mesmo que a alma grite, clame e gema
dentro dele, como diz a carta aos Romanos, ela não consegue ser ouvida.
Mesmo que ela grite: “Ei!!! Ainda estou aqui!! Eu tenho valor e mereço
ser amada pelo que sou!!”, não consegue ser ouvida, pois todas as
máscaras do medo, da vergonha e do engano, prevalecem sobre ela,

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sufocando seu grito vez após vez.
Estes sentimentos não deveriam existir, mas desde que Adão e Eva
separaram-se do Pai, persistem em atormentar a essência da alma humana:
“tive medo do Senhor, por isso me escondi”; disse o filho ao seu próprio
Pai – e continua dizendo-o, ainda hoje.
Triste. Muito triste.
O inimigo continua sugestionando ao coração do órfão: “se teus pais
não o amaram pela sua essência de filho, por que os outros vão te amar
pelo que você é? É melhor esconder-se! Vista as capas que estou
vendendo... elas são caras... mas vão ajudá-lo com sua rejeição. Elas vão
amenizar sua dor! Você precisa chamar mais atenção pelo que veste! Sua
essência não importa, mas sim sua aparência!”.
Lembra da história do Rei Leão? O maligno Scar, tio do órfão Simba,
lhe diz: “Simba, você foi o responsável pela morte do seu pai. O que vão
dizer a teu respeito? É melhor você correr e fugir! Vá Simba! Corra!
Fuja! E não pare mais!”. O Simba correu e fugiu por muitos anos da sua
vida! A música da sua vida foi: “Os teus problemas você deve esquecer,
isto é viver, é aprender, hakuna matata”. Ledo engano. Problemas não se
esquecem, se resolvem!
O maligno Scar colocou um peso de culpa sobre o Simba. Fez com que
o passado o atormenta-se, impedindo-o de viver o seu futuro! O futuro do
Simba era assustador para o Scar! O futuro dos filhos de Deus é muito
assustador para Satanás! Por isso ele tenta convencer-nos com a mentira de
que não somos amados do Pai.
O Simba fugiu, o filho pródigo fugiu e todo órfão também é um
fugitivo; um fugitivo de si mesmo; sem destino; nunca chegará a lugar
nenhum; ele busca se afastar cada vez mais da casa de amor do Pai para
esquecer dos seus problemas e angústias! E vai se afundando cada vez
mais no lamaçal da revolta, do medo, da vergonha e da baixa autoestima.

44
A profecia de Zacarias diz a todos os órfãos deste mundo:
“Voltem-se para mim, e eu me voltarei para vós”.

O PODER DE SER FEITO FILHO DE DEUS

O Evangelista João nos diz:


“Todos aqueles que receberam o filho Jesus, o Pai deu a eles o poder
de serem feitos filhos de Deus!”.
Glória a Deus!!
Ser feito filho de Deus é algo muito PODEROSO!!
Conhecer no corpo, na alma e no espírito o que é ser um filho amado do
Pai, é descobrir um canal de poder contínuo que flui, a partir do nosso
interior para a eternidade!
Não é só conhecê-lo com o intelecto mas também com o coração; não é
só ‘saber’ que o Pai o ama, é ‘sentir’ a realidade do Amor do Pai. Jó disse:
“Eu te conhecia de ouvir falar, mas agora te conheço de contigo andar”.
Andando com o Pai, podemos conhecê-lo e senti-lo melhor; e conhecê-
Lo melhor significa conhecer melhor a si mesmo.
Jesus disse: “Quem conhece ao Pai, conhece a mim, porque eu estou no
Pai e o Pai está em mim! Quem me vê, vê o Pai”.
À medida que caminhamos com o Pai, crescemos no conhecimento
Dele e crescemos em autoconhecimento.
Nossa identidade está escondida Nele! É o que diz o capítulo três da
carta de Paulo aos Filipenses: “[...] considero tudo como perda,
comparado com a suprema grandeza do conhecimento de Cristo Jesus,
por cuja causa perdi todas as coisas. Eu as considero como esterco para
poder ganhar a Cristo e ser encontrado nele”.

No próximo capítulo buscaremos descobrir quais são as capas que

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encobrem nossos corações e nos impedem de reconhecer o grande Amor
do Pai por nossas vidas, buscando entender as revelações deixadas por
Cristo na parábola do filho pródigo.
Vimos como o inimigo tem atacado a família e enfraquecido o ‘poder de
ser feito filho de Deus’. Precisamos entender quais são as ‘ideias’ malignas
que o inimigo tem semeado na humanidade, desde Adão e Eva até hoje.

Pare, medite nisso e Ore:

“Pai, eu reconheço que há muitas capas sobre mim. Elas me impedem


de descobrir minha identidade. Me ajude, através da leitura deste livro a
detecta-las e reconhecer quais são elas.”

46
47
CAPÍTULO 6

O FILHO INSATISFEITO,
ENCOBERTO PELAS CAPAS DESTA ÉRA

“Deus não quer algo de nós. Ele simplesmente nos quer”


C. S. Lewis

A parábola do “filho insatisfeito”:

Lucas 15.11-13
“Jesus continuou: Um homem tinha dois filhos. O mais novo disse ao
seu pai: ‘Pai, quero a minha parte da herança’. Assim, ele repartiu sua
propriedade entre eles. Não muito tempo depois, o filho mais novo reuniu
tudo o que tinha, e foi para uma região distante; lá desperdiçou seus
bens vivendo irresponsavelmente. Depois de ter gasto tudo, houve uma
grande fome, e ele começou a passar necessidade. Por isso foi empregar-
se com um dos cidadãos daquela região, que o mandou para o seu campo
a fim de cuidar de porcos. Ele desejava encher o estômago com as vagens
de alfarrobeira que os porcos comiam, mas ninguém lhe dava nada.
Talvez, você também precisa voltar-se ao Pai, assim como o “filho
insatisfeito” se voltou. Mas, primeiro, você precisa identificar as capas que
te encobriram para poder descobrir-se de todas elas, assim como o filho

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insatisfeito o fez.

Vamos identificar o que nos cobre para podermos nos des-cobrir?

1ª CAPA – TIRANDO A CAPA DO EGOÍSMO

“Pai, quero a minha parte da herança”


Esta é a capa do: “Eu faço o que eu quero com o que é meu, e
acabou. É meu! Vou cuidar mais de mim mesmo! O foco sou eu!”.
O filho mais novo teve que se descobrir, a duras penas, do seu egoísmo.
Ele descobriu que os seus talentos e suas coroas de vitórias só existiam,
tinham valor e poderiam ser renovadas na presença do Pai, porque longe
Dele todos seus talentos seriam sugados até serem totalmente extintos. É
provável que estranhos pensamentos povoassem sua mente: “Eu que faço
tudo nesta fazenda. O Pai está me usando só para o bem dele mesmo, mas
e eu? Será que Ele está pensa em mim? Olha como eu sou bom, e ninguém
me valoriza! Não me sinto amado! Eu acho que não sou bom o bastante
para o meu pai! Eu quero o que é meu e acabou. Meu. Meu. Meu... meu
corpo, minhas regras. Vou cuidar mais de mim mesmo! Já chega! E eu? Se
eu não pensar em mim quem vai?”.
Depois de um tempo gastando a vida para si mesmo – e o tempo é uma
benção em nossas vidas – ele descobriu que o egoísmo é um quarto
espelhado que o impede de ver qualquer coisa além de si mesmo; o torna
cego. É o ego o dominando por completo!
Aliás, como está o seu ‘ego’? O que ele está lhe dizendo?
A sanguessuga tem duas filhas que se chamam: “Me dá!” e “Me dá!”,
jamais estão completamente satisfeitas, e sempre declaram: ‘Não é o
bastante!’ Pv. 30.15
O ego é um sanguessuga que nunca se satisfaz! É sempre, me dá! Me

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dá! Me dá! E nunca, nunca, nunca se satisfaz! É um vazio tão grande... O
egoísmo, é nada mais do que um efeito colateral da orfandade. Uma capa
com a qual me cubro para defender com unhas e dentes o pouquíssimo
amor que sinto por mim mesmo. Como alguém pode dar aquilo que tem
tão pouco e está quase acabando? Pobre órfão. Se ele quisesse descobriria
que há uma fonte de amor, pronta para jorrar, a partir do seu próprio
interior. É um sedento egoísta, sentado em cima de um manancial de águas
vivas! É só cavar.
Arranque a capa do egoísmo agora mesmo e desbloqueie a fonte de
amor do Pai; e você será pleno e completo, sem carências! Teu ego tão
sedento de amor se afogará nas fontes de amor do PAI!

2ª CAPA – TIRANDO A CAPA DO ISOLAMENTO

“Assim, ele repartiu sua propriedade entre eles”.


Esta é a capa do: “é melhor repartir e cada um ficar na sua”. “Você
não se mete comigo e eu não me meto com você”. “Cada um no seu
quadrado”.
Depois de pegar o que era seu, o filho – que já estava mais para órfão do
que pra filho – acabou isolando-se em sua propriedade. Antes, todos
estavam juntos, trabalhando em prol do todo. Agora, ele achou melhor
delimitar as fronteiras da sua propriedade, repartindo-a das outras. Afinal,
o mundo é mau né? As pessoas são más! Precisamos nos isolar!
Será mesmo?
A capa do isolamento diz que é melhor assim. Ela convence o órfão que
ele não pode confiar em ninguém. Convence-o de que o mundo é mal e só
quer explorá-lo. Esta capa cria uma cerca de defesa e quebra pontes que, no
final das contas, o isola dos relacionamentos e interrompe os fluxos e as

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conexões.
Ele começa a ver monstros do lado de lá da cerca que não existem! Uma
certa paranoia mental começa a produzir inimigos imaginários terríveis!
Tornam-se os Smeagol’s - personagem franzino, com olhos esbugalhados
da saga Senhor dos Anéis, que agarrou o ‘anel do poder’ e não quiz mais
soltá-lo, perdendo o contato com o mundo exterior, com medo de
roubarem o seu ‘precioso’ (nome que ele dava ao seu anel)’. Precioso?
Aquilo que nos afasta do mundo e dos relacionamentos? Nos agarramos
tanto a “ideias de felicidade” tão pobres, pequenas e egoístas, que
acabamos nos afastando do mundo para protege-las. Ao invés de nós
possuirmos a “ideia de felicidade”, é ela que nos possui. Conclusão: somos
os presidiários de nossos próprios guetos ideológicos!
O órfão, vítima desta capa que impôs sobre si mesmo, torna-se cada vez
mais, refém das próprias ameaças, sendo sabotado pelos seus próprios
pensamentos e sofismas.
O triste é que não há um órfão só, mas milhões!! Um órfão, mantém o
outro nesta histeria e neste surto psicótico coletivo. “Assim como você
pensa na sua alma, assim é”. Provérbios 23.7
Precisamos arrancar com urgência a capa do isolamento, com desculpa
de proteção. A pandemia do COVID-19 não pode deixar a falsa mensagem
de que ISOLAMENTO é PROTEÇÃO! Não é!
Arranque a capa do isolamento agora mesmo! O filho, caindo em si,
arrancou esta capa voltando para casa do Pai.
Pergunte a si mesmo: “Eu evito conexões? Me isolo? Por quê?”.

3ª CAPA – TIRANDO A CAPA DO ACÚMULO

“Não muito tempo depois, o filho reuniu tudo o que tinha”


Esta é a capa do: “Preciso reunir tudo que eu tenho para me sentir

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melhor”. “Tudo o que eu tenho!”. “Essa tampinha de garrafa é minha?
É! Então me dá ela aí!”. “Essa garrafa vazia é minha? É! Então me dá
ela aí”.
Há um programa na tv chamado ‘Acumuladores’ do canal A&E Brasil,
que conta a história de pessoas que não jogam nada fora. Que vão reunindo
tudo dentro de casa. Tudo! Até o próprio lixo. Eles têm uma falsa sensação
de segurança quando acumulam. “Acumular”, com certeza, é uma capa de
boa parte da orfandade mundial. Por sentirem-se insatisfeitos, carentes e
vazios – não sabendo o porquê – resolvem reunir tudo o que têm. Juntar,
juntar e juntar é a regra. Nunca, jamais, doar. Isso é um palavrão para o
órfão! Doar? Doar como? Não tenho nem pra mim!
O órfão reúne tudo o que tem, e nunca se satisfaz com o que vê. Quanto
mais acumular, mais quererá acumular. Sempre sentirá um vazio que nunca
conseguirá preencher. A capa do acúmulo traz uma falsa sensação de
preenchimento. O órfão, para livrar-se desta capa, terá que esvaziar-se de
tudo, para ser preenchido com o único conteúdo que realmente importa: o
amor do Pai!
Disse o acumulador: “Vou construir celeiros maiores, e ali guardarei
tudo o que é meu. E direi a mim mesmo: Você tem muitos bens
armazenados. Agora você está seguro. Mas Deus lhe disse: Louco!”
Lucas 12.18-20
Louco!!! Foi assim que Jesus chamou o acumulador! Um louco!
Os órfãos acumulam por uma vida inteira, com o objetivo de encontrar
um pouco de segurança. Projetam todo o seu plano de vida plena, feliz e
realizada no acúmulo dos bens.
Este tipo de capa é patrocinado pelas fotos fakes postadas nas redes
sociais. Pela mídia que investe milhões de dólares tentando convencer os
órfãos da sua importância.

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Aqueles que se cobrem desta capa, não curtem a viagem; e no fim dela
decepcionam-se com o que vêm; no fim da vida, tornam-se amargos e
ranzinzas.
O acúmulo é uma grande ilusão! Livre-se desta capa o quanto antes!
Viva o hoje; o agora; desfrute o que tem com seus familiares, irmãos e
amigos. Empregue seus talentos, suas energias, seu amor, suas palavras...
hoje. Invista tudo hoje; nas pessoas; na vida; e grande será sua recompensa.
“Deem sempre, e Deus lhes devolverá boa medida, recalcada, sacudida e
transbordante; generosamente vos darão.” Lucas 6.38. A palavra do
órfão é “reunir tudo para si”, a palavra do filho é “dar”. Pergunte a si
mesmo: Qual é a ação mais praticada na minha vida? Dar ou juntar?

4ª CAPA – TIRANDO A CAPA DA INDEPENDÊNCIA

“[...] e foi para uma região distante...”


Esta é a capa do: “Não preciso da ajuda de ninguém. Vou para bem
longe daqui. Eu me viro sozinho”. “Ninguém me ama, ninguém me
quer”. “Quanto mais longe de Deus, melhor”.
Percebam que as capas vão ficando cada vez mais pesadas, opressas e
malignas. A alma vai concebendo, cada vez mais, capas de rebeldia e
revolta ainda piores. Um abismo, chama outro abismo, diz a palavra!
Ninguém neste mundo vive sozinho. Mas os órfãos não sabem disso. As
mágoas, os ressentimentos, as feridas, os traumas, levam o órfão para
terras distantes, dentro de sua própria alma. Ele se afasta emocionalmente
de todos os que o cercam. Por mais que conviva no meio de muitas pessoas
próximas a ele, ele sempre conservará uma distância segura de todas elas.
Afinal, quando estamos com a unha encravada, qualquer um que se
aproxime se torna uma ameaça assustadora!

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O órfão celebra a independência como se fosse a coisa mais linda do
mundo. Eles não conseguem ser pais, mães, amigos, irmãos... não
conseguem estabelecer conexões. Vivem longe e distantes habitando na
terra dos órfãos. Têm a falsa impressão de estarem seguros e tentam dar
um ar de glamour a este estilo de vida, mas na verdade, são só solitários
mesmo.
A capa do distanciamento social é uma mentira que tem seduzido
milhões, e gerado muita solidão com o eufemismo de independência. Esta
capa precisa ser arrancada, antes que a solidão se torne uma doença crônica
e o órfão se acostume com ela como parte da vida. “Quem se isola busca
interesses egoístas e se rebela contra a sensatez”. Pv. 18.1
Pergunte-se: estou me distanciando emocionalmente das pessoas que me
cercam e aceitando isso como normal?

5ª CAPA – TIRANDO A CAPA DA “VIDA-LOKA”

“Lá desperdiçou os seus bens vivendo irresponsavelmente”.


Esta é a capa do: “Não tô nem aí com nada. Vou fazer o que me der
na telha”. “Preciso aproveitar a vida!”. “Não tenho compromisso com
ninguém, só comigo mesmo e por isso faço o que quero, do jeito que
quero, quando eu quero...”. “Deixa a vida me levar, vida leva eu...”.
O órfão, por não saber o que fazer com o que tem, por não ter uma
direção clara para a sua vida, desperdiça todas as suas energias. Vive de
maneira irresponsável, sem foco, nem objetivos, porque não sabe para que
serve seus talentos, sua energia e suas capacidades.
A capa da “Vida-loka” é atraente ao mundo, mas só serve mesmo para
esconder a total e completa falta de propósito com a vida. Se eu não sei
para que serve tudo o que eu tenho, todos os meus talentos, capacidades e

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dons, eu os acabo desperdiçando-os. Com a capa de ser “descolado”, “alma
livre”, “super desapegado”, “um cara legal”, “um Bon vivant”... e por aí
vai as capas do “órfão-vida-loka”.
Buscando satisfazer-se com os gastos, só encontra decepção.
Ele saca muito e repõe pouco. A conta bancária tá sempre no negativo.
A Vida-Loka tem prazo certo para terminar. Uma hora a conta bancária de
energia vital vai à falência. A energia vital acaba e a Vida Loka acaba
junto. Às vezes o dinheiro não acaba, mas a energia de vida sim. Não se
encontra mais tanta recompensa, com todos os gastos. O “sistema de
recompensa” cerebral vai à falência!
No ano de 2019, realizei algumas palestras em uma escola estadual,
para mais de mil alunos do ensino fundamental e médio. Entre os mais
diversos comportamentos perturbadores relatados pela direção, como
depressão e autoflagelo, estava o fato de que a maioria massiva dos jovens
não tinham sonhos, nem ambições, nem planos, nem metas, nem alvos,
nem objetivos... há uma multidão de órfãos desperdiçando toda sua energia
vital de maneira completamente desregrada e pervertida!
Esta capa, gera no órfão, um sentimento de exploração terrível. Depois
de gastar toda sua energia vital com o mundo, e não conseguir nenhuma
recompensa satisfatória, ele se revolta, sentindo-se usado como uma escova
de dentes que, depois de velha e usada, está pronta para ser jogada fora.
Se o órfão não se desfizer logo desta capa, seus talentos serão exauridos
e ele acabará na margem da rua da amargura. “Depois de gastar tudo,
começou a passar necessidade.” Lc.15.14
Pergunte-se: gasto minhas energias com algum propósito?

6ª CAPA – TIRANDO A CAPA DA CONFORMISMO

“Ele desejava comer o que os porcos comiam”.

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A última, é a capa do: “Tá bom assim! Se melhorar, estraga!”.
“Vamos deixar como está pra ver como fica”. “Não adianta nada me
esforçar”. “Já está tudo determinado”. “Tinha que ser assim”. “A gente
que aceitar a vida como ela é”. “O mundo é assim mesmo”...
Conformismo! É a última capa do órfão! Vitimismo! É isso o que tem
para comer e preciso me conformar e aceitar! Esta é a vida como ela é! E
não posso fazer nada para mudá-la!
Ao contrário do filho, que encontra o seu valor no amor do Pai que o
valida diante do mundo; o órfão vê seus valores se deteriorando
rapidamente. Até o ponto de desejar comer o que os porcos comem. O
“filho insatisfeito”, chegou ao ponto de conceber em sua mente a
possibilidade de comer o que os porcos comiam.
Esta é a capa que tem coberto multidões de órfãos em todo o mundo! É
a capa do “conformismo” ou “vitimismo”.
É a capa do: “Tá bom assim”. “Não dá pra mudar isso”.
A alma do órfão se desvaloriza tanto que ele chega a conceber como
aceitáveis e normais as coisas mais desprezíveis e vis deste mundo.
Não pensa em trans-formação, mas pensa em con-formação!
Ao invés de pensar como ele pode “mudar a forma”, ele pensa em
como ele pode “adaptar-se às fôrmas”. Pela renovação da mente
podemos mudar a forma!! Ao invés de tentarmos nos amoldar à ela!
Tentando buscar um significado e um propósito para sua vida; longe da
presença do Pai; acabou gastando tudo o que tinha e acabou conformando-
se com o mundo.
E o que ele encontrou?
Encontrou somente desgosto, amargura, tristeza e frustração.
Perdeu-se totalmente em seus valores. Desvalorizou-se tanto que acabou
desejando comer o que os porcos comiam! Meu Deus! Ele chegou a pensar

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em comer o que os porcos comiam! Imagina isso? “Hum... eu acho que eu
até poderia comer essa comida do porco. Parece até boa... hum... eu acho
que vou comer... será... hum... como ou não como?”. O problema é que
Jesus não estava falando da comida que alimenta o corpo, mas sim da
comida que alimenta a alma humana!
O órfão, longe do Pai, entra em um estado de tamanha degradação dos
seus valores que acaba concebendo e considerando em sua alma adoecida
pela baixa autoestima, alimentar-se com qualquer lixo que o mundo possa
lhe oferecer.
Considerar, cogitar ou imaginar comer lixo, é apenas o primeiro passo;
logo em seguida, aquele que imaginou tal coisa em seu coração, acabará
por sentar-se à mesa com os porcos e comerá junto com eles.
Quando vejo o que está alimentando a alma dos órfãos dos dias atuais,
entendo perfeitamente o que Jesus estava tentando nos dizer com esta
parábola.
A falta de paternidade gera este vazio existencial na alma humana que
nada pode preencher. Todos nós, estamos assistindo estupefatos ao
Tsunami imoral que se arrasta sobre a humanidade nos últimos anos;
promiscuidade, confusão de gêneros, pornografia, pedofilia, alcoolismo,
vícios, músicas pops com artistas degradantes e promíscuos com milhões e
milhões de visualizações, youtubers imorais com mais de 40milhões de
seguidores!!!
Provavelmente o “conformismo” e o “vitimismo” é uma das capas mais
usadas pelos órfãos destes dias. Ao distanciarem-se do Pai, perdem as suas
características humanas. Afinal, tudo o que é “humano” diz respeito ao
próprio criador da humanidade, se O excluirmos de nossas vidas,
excluiremos junto com Ele nossa própria humanidade. Por isso, a bíblia
nos diz para: “não nos conformarmos com este mundo, mas o
transformarmos pela renovação da nossa mente!”.

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A palavra mundo do grego “kosmos”, neste versículo, segundo Strong,
significa: ‘a forma de organização, ordem, a massa inteira de homens
alienados de Deus, bens terrestres, riquezas, vantagens, prazeres,
etc” ...com a qual, os filhos, não podem se conformar!’ ¹.
Precisamos de uma mentalidade renovada que não se conforme com
este mundo e fique enfraquecida, robotizada, pasteurizada, lobotomizada e
vitimizada! Renovar a mente, segundo a mente de Cristo, é libertar-se desta
capa terrível que esconde completamente a essência dos filhos de Deus!
Algo maravilhoso é perceber que o “filho insatisfeito”, mesmo depois
de ter concebido tal pensamento, considerou ser possível voltar para o Pai!
Glória a Deus! Porque dentro de cada órfão conformado ainda há uma
essência pura gritando dentro dele: eu tenho valor e não posso me
conformar com isso! Apesar de pensar em aceitar tal degradação dos
meus valores, eu ainda sou filho!
Incrível isso! Mesmo que o ser humano se afunde no mais terrível
lamaçal e chegue a pensar, ou literalmente, a comer junto com os porcos,
ele, ainda assim, nunca perderá o seu valor!
Um antigo louvor diz: “Eu era cego, perdido, sem Deus, sem amor,
quando Ele estendeu a sua mão para mim!” ².
O Pai está desesperado pelo despertamento dos seus filhos! Desejando
ardentemente que eles se voltem para Ele.
Neste momento, lançamos fora todas as capas do conformismo. Somos
filhos. Grande é o nosso valor. O valor do sangue de Cristo. Nunca mais
nos conformaremos com este mundo degenerado. Nunca mais! Como
filhos, nós podemos – e vamos – transformar o mundo à imagem e
semelhança do Pai.

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CAPÍTULO 7.

CAINDO EM SI

Nós fomos criados para ter um conhecimento experiencial de Deus, um


relacionamento presente com Ele, que gera a consciência da Sua presença
e finalmente traz o Seu reino aqui na terra.
Bill Johnson

Lucas 15. 17-19


“Caindo em si, ele disse: ‘Quantos empregados de meu pai têm comida
de sobra, e eu aqui, morrendo de fome! Eu me porei a caminho e voltarei
para meu pai e lhe direi: Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou
mais digno de ser chamado teu filho; trata-me como um dos teus
empregados’.

O ÓRFÃO – QUE ESTAVA FORA DE SI –


CAIU EM SI E SE FEZ FILHO.

A história conta que o filho – que se fez órfão – no final do processo,


“caiu em si” e de órfão se fez filho novamente!
“Cair em si”, significa voltar a um estado pleno de autoconsciência; de
plena restauração da sua capacidade cognitiva que torna possível o
reconhecimento da verdade! Aquele que ‘cai em si’, descobre a verdade!
Se ele “caiu em si” é porque estava “fora de si”; fora do seu estado

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consciente, vivendo uma ilusão! Uma mentira! Estava agindo com
insanidade mental; em completo desvario e confusão mental!
Ao lembrar-se do Pai, ao pensar no Pai, as ‘verdades’ da vida parece lhe
saltar aos olhos. E no exato momento em que “cai em si”, ele toma a
decisão mais importante da sua vida: “A seguir, levantou-se e voltou para
casa do seu pai”. Glória a Deus!
Percebam que neste momento, espiritualmente, ele ficou nu despindo-se
de todas as ‘capas’ enganosas deste mundo; podendo, agora, ser revestido
pelo Pai! A responsabilidade de descobrir-se, é sempre do filho; e a
prerrogativa de cobrir, será sempre do Pai. Tremendo!
O Pai é quem tem a cobertura certa. Mas, só o próprio filho, pode retirar
as capas que colocou sobre si mesmo. Só o próprio filho pode cair em si.
É certo que o Espírito Santo está enviando muitas mensagens e sinais ao
órfão, mas ninguém poderá fazer isso por ele, só ele mesmo pode tirar as
pesadas e escuras capas de sobre si.
Ao tirar a cobertura de si, o filho poderá aproximar-se do Pai, e ser
novamente coberto por Ele. O filho se descobre das suas próprias capas
terrenas, fabricadas por ele mesmo, para que o Pai possa cobri-lo com as
vestes celestiais, fabricadas pelos céus!
O Pai veio e cobriu o seu filho com beijos e abraços, com vestes novas,
com anel no dedo, sandália nos pés e uma grande festa!
A cobertura do Pai sobre o filho arrependido, é a mesma que Ele fez
para Adão e Eva. Eles cobriram-se com as folhas da figueira que fizeram
para si mesmos, mas o Pai, matou um animal, e fez novas vestes para
eles! As vestes do cordeiro de Deus que foi morto! As vestes celestiais são
muito melhores que as vestes terrenas!
A cobertura do Pai revela o que o seu filho tem de melhor; ao mundo e
a ele mesmo.

60
Elas não são colocadas sobre o filho para que ele seja amado, mas
porque ele já é amado.
O engano de Satanás é fazer o órfão pensar que será amado pelo mundo
pelas vestes que o próprio mundo dá. Assim como ele enganou ao Adão e à
Eva; mas o Pai ama o filho, estando ainda nu mesmo! O Pai não ama o
filho por causa das suas vestes. Ele o ama pelo que ele simplesmente é:
FILHO! E, por ser um filho seu, o Pai tem prazer e alegria em ‘COBRI-
LO’ para honra-lo e manifestá-lo ao mundo!
O Pai, não te reveste para você ser amado; te reveste para ser visto,
reconhecido, valorizado, honrado, apreciado e manifestado ao mundo!
Tudo isso porque Ele já o amou antes de tudo.
A cobertura do Pai é colocada sobre o filho para que ele cumpra com o
seu propósito de existência sobre a Terra; para que seja feliz, completo e
realizado.
A sua cobertura manifesta-o ao mundo e a si mesmo.
Através da cobertura do Pai, o filho percebe-se; conhece a si mesmo; se
alegra com o que vê, e manifesta-se ao mundo.
Esta cobertura, colocada pelo Pai sobre ele, é a coroa que os vinte e
quatro anciãos, quando entram nos céus, lançam aos pés do Pai: “Os vinte
e quatro anciãos se prostram diante daquele que está assentado no trono e
adoram Aquele que vive para todo o sempre. Eles lançam suas coroas
diante do trono e declaram: Nosso Senhor e nosso Deus, tu és digno de
receber a glória, a honra e o poder, porquanto tu és o Criador de tudo e,
por tua soberana vontade, tudo o que há, foi criado e veio a existir”.
Apocalipse 4.10,11.
Os 24 anciãos representam Israel (12 tribos) + a Igreja (12 discípulos).
Israel e a Igreja, lançam suas coroas aos pés do Pai dizendo: ‘tu és digno
de receber a glória, a honra e o poder’. Isto é o reconhecimento que a
coroa de glória, de honra e de poder que estava sobre eles, e os honraram

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diante do mundo, foi um presente do Pai, para cumprir com um
determinado propósito sobre a terra; mas agora que estão na presença do
Pai, não precisam mais delas! Então, a devolvem àquele que a deu.
A coroa que honra o filho diante do mundo, é a cobertura que foi
colocada pelo Pai sobre ele, e naquele dia em que haveremos de
comparecer diante Dele, lançaremos toda essa cobertura de glória aos pés
Dele, devolvendo a Ele, tudo o que Ele mesmo, um dia, nos deu.
Entendam que a cobertura é a nossa identidade manifestada. É neste
momento que conhecemos nossa identidade e o mundo também! Nós
recebemos nossa identidade, assim que nos identificamos com o Pai; e o
que é Dele, passa a ser nosso! Aleluia!
Sua glória, passa a ser nossa glória;
seu amor, passa a ser nosso amor;
sua graça, nossa graça;
sua força, nossa força;
sua paternidade, nossa paternidade;
A honra de Jesus, de ser um filho amado do Pai, passa a ser nossa honra
de sermos filhos amados do Pai.
Quando o que é do Pai, passa a ser nosso, porque nos identificamos com
Ele, então nossa identidade é revelada ao mundo e a nós mesmos!
Se o Pai que criou e conhece o seu filho, não puder dar a sua cobertura-
identidade, ninguém mais poderá fazê-lo; com o risco de um estranho dar
a cobertura-identidade-errada; fazendo dele um impostor. O impostor
rouba a verdadeira identidade do filho, anulando-o completamente. O
impostor precisa ser expulso, o quanto antes!
Se outro, que não seja o Pai, lhe disser quem você deve ser, com
certeza, você estará vestindo-se com a roupa errada. Só o Pai que o
conhece perfeitamente para lhe dar a roupa certa que o revelará ao mundo e

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a você mesmo, segundo sua verdadeira essência.
Assim como Pedro que, identificou-se com Cristo, se fez discípulo e
recebeu a cobertura do seu novo nome revelando-o ao mundo.

CAIR EM SI, É RECONHECER A ESSÊNCIA, QUE É ETERNA

Vejam que a cobertura do Pai revela sua essência, mas não é sua
essência.
A cobertura revela você, mas não é você.
Se perdê-la, não perderá quem você é.
Se manchá-la, sua essência permanecerá intacta.
A cobertura que o Pai lhe dá, pode se estragar, manchar, sujar e
envelhecer; mas a essência não. Israel, foi invadido, dispersado, humilhado
e despido diante do mundo, mas sua essência permaneceu; e hoje o Pai tem
restaurado a filha de Sião, vestindo-a novamente diante do mundo!
Você recebeu sua essência no momento em que foi criado à imagem e
semelhança do Pai. É impossível que isto lhe seja tirado! Impossível! Ela
está aí; dentro de você; agora mesmo! Ninguém, nunca deixará de ser
filho! Pode existir ex-servo, mas ex-filho jamais.
Ainda que a cobertura que o Pai lhe deu, se rasgue, manche, e estrague;
ou ainda que ela caia na lama junto com os porcos; ainda assim você
poderá dizer: eu ainda sou um filho amado do Pai. E no mesmo instante em
que você se voltar ao Pai ele começará a te cobrir com tudo novamente... e
te restaurar, te honrar, e fazer brilhar de novo a sua coroa. Basta que se
volte para o Pai. A única questão é que os anos que se passaram já foram
perdidos. Mas nunca é tarde para recomeçar. Nunca. Felizes os jovens que
podem viver a plenitude deste plano desde já! Meu Deus!! Isso é poderoso!
O Pai não tem interesse nenhum nas ‘vestes-folhas-de-figueira’ que o
mundo te deu. Nenhum interesse! Por isso ele nos diz: venha nu mesmo,

63
que eu te cobrirei.
Pense nisso:
“Sentir-se honrado pelas vestes que o próprio Pai dá, sim; mas encher-se
de orgulho próprio – assim como o ‘anjo-de-luz/Lúcifer’ – é uma loucura!
Agora, tentar ser valorizado pelas vestes do mundo; aí já é insanidade
total!!! Da para imaginar o Pai dizendo a Adão e Eva: “Essas roupas de
folhas de figueira que vocês fizeram para si ficaram perfeitas, lindas!” ?
Jesus!!! Isso seria insano!

QUANTO MAIS O FILHO SE DESCOBRE DAS MENTIRAS


MAIS O PAI O COBRE COM VESTES DE GLÓRIA

O esforço de descobrir-se do filho, sempre será proporcional à


cobertura do Pai. Lembre-se: as coberturas do Pai são as mais diversas
formas de manifestar o seu filho ao mundo. Quanto mais cobertura do Pai,
mais o filho será manifesto ao mundo! Isso é honra total! Isso é sucesso de
vida! Isso é vida abundante; vida plena que vale a pena ser vivida!
Sobre este esforço do órfão em romper com suas capas, há uma linda
analogia na natureza que é a da lagarta que sozinha rompe com seu casulo
e se transforma em borboleta.
Assim também, o órfão (a lagarta) precisa cair em si (passar pela
metamorfose), tirar suas capas (romper o seu casulo), para ser filho
(borboleta), e manifestar-se ao mundo (voar com suas lindas e belas
asas).
Como a borboleta torna o mundo mais belo, assim são os filhos de Deus
que se manifestam ao mundo com a glória do Pai!!!
A borboleta precisa romper sozinha com o seu casulo; ninguém pode
ajudá-la, com o sério risco de comprometer o desenvolvimento de suas
asas, com as quais ela se manifestará ao mundo! Há uma linda analogia

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aqui!
O órfão também precisa romper sozinho com seu casulo! Ninguém pode
ajudá-lo nesta tarefa, com o sério risco de comprometer o desenvolvimento
dos seus dons e talentos (asas) que cumprirão o seu propósito existencial!
Seu esforço em romper com suas capas de engano, será transformado
em poderosa glória ao mundo!
O filho, sozinho com seus botões; pensando na própria vida; caiu em si
e disse: voltarei para casa do meu Pai!
Quanto mais o filho lutar para retirar as capas que o mundo, o inimigo e
ele mesmo colocou sobre si, mais o filho receberá a revelação do seu
imenso potencial escondido debaixo de todo esse engano; mais conhecerá
sua identidade; e mais poderá manifestá-la ao mundo de maneira clara,
assertiva e empoderada.
Sempre, depois de uma luta pessoal para romper com velhas barreiras, o
Pai virá e trará uma nova cobertura! Sempre!
Com Simão foi assim; depois de um tempo de caminhada com Jesus,
recebeu uma cobertura poderosa, um novo nome: Pedro!
É impossível que a revelação a respeito do seu chamado e da sua
identidade, cresça e se torne cada vez mais clara a você e ao mundo, se não
houver um esforço contínuo da sua parte.
Muitos estão parando no meio do caminho e perdendo-se no seu
chamado, por causa da parcimônia no confronto com as velhas capas. A
geração floco de neve, tem grande dificuldade em ser violenta com o
impostor que as envolve. Eles têm medo de confrontar suas carências e
necessidades afetivas. Mas não dá para ser pusilânime com o pecado, nem
com estas capas enganosas. É preciso coragem, esforço e determinação
para livrar-se de todas elas. O Reino dos céus é tomado a força!
Jacó é um exemplo disso. Ele lutou uma noite inteira com Deus para
ver-se livre dos velhos estigmas; e conseguiu a cobertura de um novo nome

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que o revelou ao mundo! De Jacó (aquele que está agarrado no calcanhar
do outro), transformou-se em Israel (aquele que luta com Deus para viver o
seu destino!).
Uma pergunta importante: você ainda está agarrado ao passado, ou está
lutando com Deus para viver o seu destino?

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CÁPITULO 8

A COROA DE GLÓRIA DO PAI

“Os ímpios têm um verme que não morre


e os piedosos, uma coroa que não se corrompe”.
Thomas Watson

Lucas 15.20-24
A seguir, levantou-se e foi para seu pai. “Estando ainda longe, seu
pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o abraçou e
beijou. “O filho lhe disse: ‘Pai, pequei contra o céu e contra ti. Não sou
mais digno de ser chamado teu filho’. “Mas o pai disse aos seus servos:
‘Depressa! Tragam a melhor roupa e vistam nele. Coloquem um anel em
seu dedo e calçados em seus pés. Tragam o novilho gordo e matem-no.
Vamos fazer uma festa e alegrar-nos. Pois este meu filho estava morto e
voltou à vida; estava perdido e foi achado’. E começaram a festejar o seu
regresso.

A COBERTURA DO PAI É A FORMA QUE ELE


MANIFESTA O SEU FILHO AO MUNDO.

Como já dissemos, a cobertura do Pai, revela quem o filho é, a si


mesmo, e ao mundo. Através dela, o filho é manifesto (aparece) ao mundo.

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A cobertura do Pai é a nossa verdadeira identidade manifestada ao
mundo. É a maneira pela qual o mundo nos conhece como, de fato, somos!
É a nossa verdadeira essência manifestada.
Imagine que o vídeo está dentro da câmara, gravado em todos aqueles
bits eletrônicos dentro do HD; a imagem precisa ser processada para
aparecer na tela, de maneira que possamos conhecê-la através dos nossos
sentidos. Não dá pra dizer: o vídeo está já está aqui dentro do HD! Não!
Isso seria inútil. O vídeo precisa aparecer de maneira que todos possam
usufruir dele.
Dizer que o importante é a essência e não a aparência, seria o mesmo
que dizer que: “o essencial são os bits e não a imagem”. Imagina filmar o
seu casamento e o contratante lhe dizer: deu um probleminha no
processamento do vídeo, não vai aparecer nada, mas tá tudo aqui dentro
do HD. Isso lhe valeria algo?
Assim, da mesma forma, são as coberturas que o Pai coloca sobre nós;
elas são a “aparência” da nossa “essência” diante do mundo.
O Pai, é o exímio pintor que pinta o quadro perfeito, manifestando tudo
o que está dentro de nós ao mundo.
Ele é o único que nos conhece profundamente e tem a cobertura certa
para cada um dos seus filhos!
“Enquanto a cobertura do mundo esconde nossa essência; a
cobertura do Pai a revela”
Então, vamos nos cobrir novamente com a cobertura do Pai, que
revela quem somos na essência.

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1ª COBERTURA GLORIOSA:
SÓ O PAI TEM OS BEIJOS E OS ABRAÇOS VERDADEIROS

“[...] seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para seu filho, e o
abraçou e beijou”.
Poderíamos dizer: “seu pai o viu e, cheio de compaixão, correu para
seu filho, e o cobriu de beijos e abraços!!”
Com certeza, aqui está o clímax da parábola contada por Jesus que
revela o grande e principal enigma da humanidade que dá o título a este
livro:
Será que eu sou um Filho Amado do Pai?
Sim! Claro!
Você é um Filho Amado do Pai!
Jesus, o Filho Primogênito, revela esta grande verdade, neste momento
da história! Este momento, revela o caráter do grande Amor Ágape do Pai;
o amor incondicional de um Pai pelo seu Filho! O filho estava todo sujo,
sem dinheiro e sem nada para oferecer – ele estava nú! – só tinha o seu
arrependimento e o seu pedido de perdão; mas para o Pai, isso já bastava.
Ao ver a atitude do seu filho, de voltar para casa arrependido e liberto
de seus enganos; sai correndo em direção a ele e, cheio de compaixão, o
cobre de abraços e beijos!
Uauuu!
Este é o nosso Pai!
O importante era que o seu filho estava de volta à casa. De volta ao seu
perfeito estado de juízo mental. De volta a si mesmo. De volta à sua plena
e perfeita consciência, depois de um longo e tenebroso período de desvario
e loucura.
Agora, muito provavelmente, o filho percebeu que o seu Pai nunca

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esteve interessado no seu trabalho, mas apenas no que ele simplesmente
era; seu filho!
O Pai não o criou para ajudá-lo a trabalhar na fazenda! Não! O criou
para alegrar-se com ele; para estar junto dele em uma conexão perene e
prazerosa; trabalhar na fazenda, era para dar-lhe sentido de existência o
desenvolvimento de todo o seu potencial.
O Pai sempre priorizou a conexão. Foi para isso que Ele criou o filho.
Para comunhão.
No exato momento em que era coberto de abraços e beijos, o filho
reconhecia o Amor Incondicional do Pai!
Não havia mais capas para cegarem o seu entendimento. Agora, ele
estava nu. E mesmo assim, o Pai ainda o amava.
Glória a Deus!
Você já descobriu isso?
Já se despiu de todas as suas capas e percebeu que mesmo assim
continua a ser amado pelo Pai?
Existe cobertura melhor do que essa?
Quem, em sã consciência, trocaria ser coberto pelos abraços e beijos do
Pai, pela cobertura da falsa bajulação e dos aplausos deste mundo? A
menos que esteja completamente “fora de si”?

2ª COBERTURA GLORIOSA:
SÓ O PAI TEM AS VESTES CERTAS PARA OS SEUS FILHOS

“[...] O pai disse aos seus servos: ‘Depressa! Tragam a melhor roupa e
vistam nele”
Quando o filho colocou as vestes que o Pai lhe deu, provavelmente
sentiu-se muito bem; e olhando-se no espelho deve ter pensado: “estas
roupas foram feitas na medida certa para mim. Caíram que nem luva no

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meu corpo! Ficaram perfeitas! Elas valorizam o que eu tenho de melhor.
Elas comunicam da melhor forma quem eu sou diante das pessoas. É
assim que eu quero que me vejam. Eu não poderia encontrar uma roupa
que melhor me representasse de maneira tão perfeita quem eu sou”.
As vestes falam da maneira como o Pai nos manifesta diante do mundo,
e Ele sabe melhor do que ninguém como fazer isso! Ele conhece
profundamente os seus filhos; conhece o potencial de cada um e sabe como
extraí-lo da melhor maneira.
Muito, muito, muito diferente do que um órfão que fica tentando
mostrar-se ao mundo, sem um pai para endossá-lo e ser uma imagem a ser
refletida, um referencial a ser seguido.
Pense em todos os seus talentos, nuanças e características da sua alma,
pense na sua maneira de falar, no seu jeito alegre de ser, seu modo de ver a
vida e em tudo que faz de você uma pessoa única e especial, seus dons para
as mais diversas áreas, para as artes, matemática, estética, biologia,
ciências, engenharia, advocacia, finanças... enfim... muitos são os seus
dons, características, capacidades... só o Pai saberia como expressa-los da
melhor maneira ao mundo!
Então, abandone sua capa e deixe o Pai te cobrir com as vestes que só
Ele tem para você!

3ª COBERTURA GLORIOSA:
SÓ O PAI, QUE TEM TODA AUTORIDADE,
PODE DAR O ANEL DE AUTORIDADE PARA SEUS FILHOS

“[...] Coloquem um anel em seu dedo.”


O anel no dedo é a transferência da autoridade do Pai ao filho. O anel
confirma e endossa a autoridade do Pai, no filho. O filho revela ao mundo
a autoridade do Pai. O mundo reconhece a autoridade do Pai, através do

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filho! Isto forma a identidade do filho que se identifica com o seu Pai!
“Então, Jesus aproximou-se deles e disse: ‘Foi-me dada toda a
autoridade no céu e na terra. Portanto, vão e façam discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,
ensinando-os a obedecer a tudo o que eu lhes ordenei. eu estarei sempre
com vocês, até o fim dos tempos”. Mateus 28:18-20. E, ainda: “Eu lhes
dei autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo o
poder do inimigo; nada lhes fará dano”. Lucas 10:19
Estes dois versículos mostram como funciona esta dinâmica. O Pai dá a
Jesus toda a autoridade; o filho, por sua vez, outorga-a aos seus discípulos;
à igreja.
Ao colocar o anel no dedo do seu filho, o Pai estava dizendo: “Eu o
coloco de volta na sua posição de ser meu representante na terra. Meu
embaixador. Você vai falar em meu nome, vai agir em meu nome, vai ligar
ou desligar... tudo em meu nome”. Esta é uma das grandes missões e honra
que só um filho pode receber e ter.
Jesus disse: “O que vocês ligarem na terra, terá sido ligado nos céus e
o que vocês desligarem na terra, terá sido desligado nos céus”.
Quem, em sã consciência, trocaria este tipo de empoderamento,
revestimento de autoridade e validação do Pai, pela invalida, incapaz e
ilegítima autoafirmação?
O órfão, que rejeita a validação do Pai, precisa validar a si mesmo o
tempo todo. O órfão está sempre em busca de migalhas de elogio e
reconhecimento do mundo, para se auto afirmar. Ele precisa de aplausos e
aprovação de todos para poder acreditar mais em si mesmo. Diferente do
filho, que está cheio da confiança que vem do alto; cheio de alto-confiança!
Davi, cheio da confiança do alto, atacou um gigante que tinha o dobro
do seu tamanho; foi contra ele, empoderado pelo Pai: “Eu vou contra você
em nome do Senhor dos Exércitos!”.

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Conclusão: MATOU O GIGANTE!
Receber o anel do Pai nos dedos, é receber um poder incomensurável,
que não se compara a nada neste mundo!
O anel é uma poderosa cobertura que revela o poder da autoridade do
Pai, através de nós, ao mundo!
A autoridade faz parte da identidade dos filhos; dos discípulos de Cristo,
a quem foi dada toda autoridade nos céus e na terra!
Você já recebeu o anel de autoridade do Pai em seu dedo? Qual a capa
que, talvez, você precisa retirar, para recebê-lo? Você ainda duvida do
amor do Pai por você? Esta é uma capa que impede a muitos de receber o
anel de autoridade do Pai!

4ª COBERTURA GLORIOSA:
SÓ O PAI TEM AS SANDÁLIAS CERTAS QUE REVESTEM SEUS
FILHOS PARA AS GRANDES CONQUISTAS.

“[...] e coloquem sandálias em seus pés...”


Deus disse a Josué: “Todo lugar que pisar a planta do vosso pé será
vosso” Josué 1.3. As sandálias falam de uma cobertura que capacita os
seus filhos a grandes conquistas. Todo filho, é um grande conquistador do
Pai, pelo Pai e para o Pai.
A conhecida música, gravada pelo pastor Nelson Monteiro da Mota em
1973 diz: “Se a jornada é pesada e te cansas da caminhada, segura na
mão de Deus e vai... não temas segue adiante e não olhes para trás...”.
Caminhar nesta vida com calçados próprios, sem as sandálias dadas
pelo Pai, torna as conquistas muito mais difíceis – para não dizer
impossíveis. É muito fácil se perder, parar no meio do caminho, tentar
tomar atalhos perigosos e se ver andando descalço quando mais precisa de
calçados.

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As sandálias do Pai nunca nos deixam na mão... ou melhor, no pé!
As sandálias do Pai são extremamente resistentes ao solo escaldante do
deserto e possuem um GPS embutido nelas que não nos deixa errar o
caminho; ela nos da direção certa, quando não sabemos aonde ir.
As sandálias do Pai, sempre nos levam aos lugares mais altos, a campos
nunca antes pisados e a novas conquistas. A terra que ela pisa torna-se terra
conquistada!
Com as sandálias do Pai, subimos montanhas rochosas em segurança e
não torcemos o pé, antes, os firmamos muito bem!
No campo da batalha, ela trava nossos pés contra os inimigos mais
fortes. Com elas, avançamos palmo a palmo! Sem retrocessos! Sem
escorregões nem tropeços perigosos!
Todo bom guerreiro e conquistador, precisa ser coberto pelo Pai com
uma sandália dessa. Elas revelam a identidade do nosso Pai, O Jeová
Sabaoth, O Deus de Guerra! Nos identificamos com o nosso Pai, quando
nos tornamos grandes conquistadores Dele, por meio Dele e para Ele.
Ao nos identificarmos com o Pai, como guerreiros conquistadores,
descobrimos nossa identidade de guerreiros e a manifestamos ao mundo
conquistando grandes espaços para o Reino de Deus.
Esta é a nossa essência, este é quem somos!
Somos conhecidos como guerreiros conquistadores do Senhor!
Não temos medo de guerra!
Principalmente das guerras nas quais o próprio Pai nos coloca!
Gosto da palavra que o Pai deu ao Rei Josafá: “Amanhã, desçam contra
eles. ...Tomem suas posições; permaneçam firmes e vejam o livramento
que o Senhor lhes dará”. 2ª Crônicas 20.17
Quem em sã consciência trocaria tal sandália por um par de chinelinhos
do conforto?
É preciso estar muito fora de si para fazer tal troca.

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E você? Está atrás do que? Dos chinelos do conforto, ou das sandálias
da guerra e da conquista?

5ª COBERTURA GLORIOSA:
SÓ O PAI NOS COBRE COM A CELEBRAÇÃO DA VIDA.

“Tragam o novilho gordo e matem-no. Vamos fazer uma festa e


comemorar. Pois este meu filho estava morto e voltou à vida; estava
perdido e foi achado’. E começaram a festejar.”
Ao lado do Pai, no fim de todo ciclo, sempre haverá uma festa!
Venho de uma família festeira. Estávamos sempre reunidos nas festas
de fim de ano. Desde a infância sempre gostei de festa. A família reunida,
as brincadeiras, os jogos, as risadas, muita comida e todos reunidos ao
redor da mesa; os tios, os primos, os avós... que coisa boa! Gosto de saber
que o meu Deus também é festeiro. Aliás, esse negócio de festa, vem Dele
mesmo. Quando eu e minha esposa viajamos para Israel, percebemos o
quanto o povo de Israel também é festeiro. No hotel, onde estávamos
hospedados, havia alguns judeus comemorando o Shabat, eles cantavam e
dançavam em roda; idosos, casais, crianças; todos juntos. E saber que na
cultura deles isso acontece todos os sábados! Muito lindo.
Há três festas bíblicas anuais ordenadas pelo Pai: Festa da Páscoa, Festa
de Pentecostes e Festa dos Tabernáculos. O nosso Pai ama reunir-se em
festa com seus filhos! Isto é uma ordenança! Façam Festa! Celebrem a
vida! E como é maravilhoso celebrar a vida ao lado Dele! Chegaram a
chamar Jesus de comilão e beberrão! Creio que tenha sido pelo motivo dele
estar sempre com seus amigos em alguma boa festa. Aliás, seu primeiro
milagre aconteceu numa festa, quando transformou a água em vinho!
A festa que o Pai deu para o seu filho, fala de uma vida que merece ser

75
celebrada! Nosso Pai, nos cobre com uma vida festiva, alegre e cheia de
celebração! Os cultos de celebração de domingo são um bom exemplo da
vontade do Pai para seus filhos! Não são grandes festas? Diz Sofonias 3:
“Canta alegremente, ó filha de Sião; rejubila, ó Israel; regozija-te e exulta
de todo o coração, ó filha de Jerusalém. O Senhor, teu Deus, está no meio
de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria;
regozijar-se-á em ti com júbilo. Os que se entristeceram, por causa da
proibição das reuniões de adoração, eu os congregarei”.
Quem não se identifica com o Pai nisto? Quem não gosta de festa? Nós
somos festivos! É assim que somos! É assim que o Pai é e gosta de nos
revelar ao mundo!
Diante disso medite nesta palavra: “Certo homem estava preparando
uma grande festa com um grande banquete e convidou muitas pessoas....
Mas eles começaram, um por um, a apresentar desculpas. O primeiro:
‘Acabei de comprar uma propriedade, e preciso ir vê-la, não posso ir’.
Outro disse: ‘Acabei de comprar algumas coisas e preciso experimentá-
las, não posso ir’. Ainda outro disse: ‘Acabo de me casar, por isso não
posso ir’...Então o dono da casa ordenou ao seu servo: ‘Vá rapidamente
para as ruas e becos da cidade e traga os pobres, os aleijados, os cegos e
os mancos’. Disse o servo: ‘O que o senhor ordenou foi feito, e ainda há
lugar na festa”. Lucas 14:16-24
Uauuu!!!
Ainda há lugar na festa do Pai!
E você? Vem pra festa? Ou não?
Depois de todas as revelações que o filho recebeu do seu Pai, depois da
sua nudez ser coberta pelos beijos e abraços do Pai, depois das lindas e
apropriadas vestes novas, do poderoso anel de autoridade no dedo e das
poderosas sandálias de conquista nos pés e da grande festa de celebração
da vida... depois de tudo isso... imagino que naquele dia o filho foi dormir

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pensando: “onde eu estava com a minha cabeça quando troquei tudo isso
pelo meu orgulho e egoísmo de querer o que era meu? Por que eu quis me
isolar de todos? Por que me afastei do Pai para tão longe? Por que tanta
insatisfação e dúvidas? Onde eu estava com a minha cabeça? Devia estar
fora de mim mesmo! Só pode! Mas, finalmente caí em mim e voltei pro
meu Pai! Pro meu Pai!!!

A LONGA VIAGEM DE DESCOBERTA

O filho percorreu um longo caminho, fez uma longa viagem, para


descobrir-se de tudo que sufocava sua essência e o tornava infeliz e
insatisfeito. No final da longa viagem ele abandonou sua orfandade e
voltou para a casa do Pai. É um caminho difícil de percorrer. É preciso
coragem, perseverança e muita sinceridade. É uma viagem para dentro de
si; cheia de obstáculos, montanhas, vales, terrenos pantanosos e desérticos,
cheia de monstros assustadores e intimidadores. Mas também, cheia de
descobertas maravilhosas e imperdíveis. Uma viagem que, tristemente,
muitos passam uma vida inteira sem dar nem um passo em direção a ela.

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CÁPITULO 9

ADÃO E EVA

“O que você é, é um presente de Deus para você.


O que você faz com isso é um presente seu para Deus”.
Provérbio Dinamarquês

FILHOS SIM, MAS INFELIZMENTE


COBERTOS DE MEDO E VERGONHA.

Enquanto o ser humano criado por Deus estava no paraíso, sem dar
ouvidos a outras vozes além da voz do Pai; ele era pleno e feliz.
Ao cortar o relacionamento com a paternidade celestial deixando-se
influenciar por uma paternidade terrestre, maligna e diabólica, não
demorou muito para que o ser humano, criado à imagem e semelhança do
Pai, sentisse medo e vergonha. Dois sentimentos que não faziam parte da
criação original do Pai. Nem poderiam; pois o verdadeiro amor sempre
expulsará o medo! E o paraíso era só amor. Amor do Pai reconhecido pelos
filhos.
Vamos acompanhar, passo a passo, o capítulo 3 de Gênesis que nos
revela como que os filhos amados do Pai se permitiram ser enganados pela
serpente, e acabaram por duvidar deste amor, sentindo pela primeira vez
em suas vidas: medo e vergonha!

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1. A serpente disse à mulher: “Certamente não morrerão”.
Traduzindo em miúdos a fala da serpente: “Deus falou que vocês vão
morrer, mas não vão. Ele tá mentindo. Deus não é confiável. O amor Dele
por vocês não é sincero”.

2. E continuou dizendo: “Deus sabe que, no dia em que dele comerem,


seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem
e do mal”.
Traduzindo a fala da serpente: “Deus não quer que comam porque tá
com medo da concorrência. Ele quer ser Deus sozinho. Ele é interesseiro.
Ele não ama vocês tanto assim. Vocês deveriam querer mais do que
apenas serem amados por este Deus que está dominando vocês!”.
Nesta conversa, cheia de veneno, sofismas e narrativas falsas, a serpente
conseguiu plantar uma semente maligna de dúvida no coração do filho, do
tipo:
“Será que Deus me ama?
Será que ele mentiu mesmo?
Será que Deus é verdadeiro no seu amor para comigo?
Será que posso confiar Nele mesmo?
Se Ele mente pra mim, então não me ama!
Será que eu posso ser como Deus? Fazer tudo do meu jeito?”.
Mas o engano mais terrível de todos foi pensar: ‘hum... acho que Deus
não me ama mais’. E ainda: ‘acho que não preciso deste amor’.

3. A Palavra diz que: “Os olhos dos dois se abriram, e perceberam que
estavam nus; então juntaram folhas de figueira para cobrir-se...
esconderam-se da presença do Senhor Deus...”
Foi exatamente a dúvida, que se Deus os amava ou não, que os deixou

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nus!
Se não há convicção de Amor, não haverá cobertura!
Quem não se sente amado, sempre se sentirá descoberto!
Essa era a nudez de Adão e Eva – não acreditar no amor do Pai!

4. “Fizeram para si aventais de folhas de figueira.”


Adão se viu nu, com medo e vergonha!
E qual foi a solução de Adão?
“Vou me virar sozinho! Não dá pra acreditar mais no Pai! Não confio
mais Nele! Vou fazer minha própria cobertura”.
Pense bem! Não era a hora do filho ir até o Pai e dizer: “Pai, me sinto
nu! Estou com medo e vergonha! O Senhor pode me ajudar?”.
Mas Adão não fez isso!! E por que não fez? Porque não acreditava mais
no amor do Pai por ele!!!!

5. Deus pergunta: “Adão, onde você está?”


Todos os dias, na viração do dia, o Pai vinha conversar com sua família
e naquele dia, procurando Adão pergunta: “Adão, onde está você?”. Creio
que o Pai estava querendo dizer: “Adão, onde você está com a cabeça? Se
escondendo de mim?”.

6. Adão responde: “...fiquei com medo, porque estava nu; por isso me
escondi.”
Aquele que acredita que o Pai não lhe ama, tem medo de tudo, sente-se
nu e esconde-se atrás de máscaras.

7. E Deus perguntou: “Quem lhe disse que você estava nu? Você comeu
do fruto da árvore da qual lhe proibi comer?”.
A pergunta: “quem disse que você está nu?”, pode ser traduzida por:
“quem disse que eu não te amo?”; ou “porque você está sentindo-se nu

80
Adão? Será que não é porque você está duvidando do meu amor por você?
Não é isso que te deixou nu, Adão?”
E com a pergunta: “você comeu do fruto da árvore da qual lhe proibi
comer?”, Deus quis dizer: “você comeu das palavras da serpente?”;
“Você foi bater papo com o inimigo e se alimentou de comida
contaminada?”; “você foi dar ouvidos a notícias falsas? Você já comia
das minhas palavras, por que foi comer palavras que não te alimentam em
nada? Não te falei pra não comer isso?”.

8. Disse Adão: “Foi a mulher que me deste por companheira que me deu
do fruto da árvore, e eu comi”.
O que Adão estava querendo dizer com “a mulher que me deste” é o
seguinte: “você é o responsável! Você me deu essa mulher aí, olha o que
ela fez! Tá vendo?!!!! Eu sabia que o Senhor não me amava! Se me
amasse não tinha me dado essa mulher aí”. A resposta de Adão já
demonstra o quanto seu coração estava endurecido com o Pai,
questionando Sua bondade e amor! Praticamente culpando Deus pelos seus
próprios erros!

9. Deus pergunta pra Eva: “o que foi que você fez?”


Eva responde: “A serpente me enganou, e eu comi”.
Eva também culpa alguém – a serpente. Mas o erro não está no que nos
dizem, mas sim no que resolvemos dar ouvidos! Você não acha? Esse foi,
e continua sendo ainda hoje, o erro! Eva, também supõe que o amor de
Deus não é perfeito: “Como Ele pôde deixar a serpente ali? Se me amasse
não me deixaria ser enganada!”. Mas que Eva deveria fazer era apenas
reconhecer: “Eu ME deixei enganar!”.
Eva acusou Deus de permitir ‘fake news’ no paraíso, e Deus acusou
Adão e Eva de darem ouvidos à ‘fake news’!

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A responsabilidade é do ser-humano! A oração certa é: ‘não me deixe
cair em tentação!’; e não: ‘não me deixe ser tentado!’.

AFINAL, POR QUE PERDERAM O PARAÍSO?

Diante desse estudo passo a passo da conversa do ser-humano com a


serpente e com Deus, podemos facilmente reconhecer que ele perdeu o seu
lugar no Paraíso quando:
“Parou de ouvir o Pai para dar ouvidos à serpente,
perdendo a convicção do Amor do Pai por ele”.
A troca de paternidade do Pai pela serpente, provocou a nudez do ser-
humano, ele perdeu a Gloriosa Cobertura de Amor do Pai.
Quem não se sente amado; sente-se nu, com medo e vergonha!
Como o ser-humano poderia duvidar da dignidade e do valor da sua
essência? Como? Como poderia ter vergonha de si? Sendo ele a imagem
do próprio criador? A reposta certa destas perguntas é: ele apenas
esqueceu-se de quem é: um filho.
Ouvindo a serpente, o ser-humano trocou a cobertura celestial e gloriosa
por uma cobertura efêmera e sem glória.
Estamos diante de algo muito profundo e importante!
“O filho, quando afasta-se do Pai, perde sua referência de valor; e
sem esta referência ele nunca saberá o quanto realmente vale”
Meu Deus! Isto é muito triste!
Quantos há que acreditam que não merecem ser amados?
Isso é, literalmente, desumano! Não é certo isso!
Este é o sentimento de todo órfão: “me sinto nu; sinto que não sou
amado; por isso, sinto muito medo e muita vergonha”.
Se não há quem o ESTIME, ele perderá sua AUTOESTIMA.

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O Pai é a ‘referência de valor’. Quando se perde esta ‘referência’, perde-
se o próprio valor.
Para você entender isso imagine que um relojoeiro que depois de gastar
meses, constrói um relógio com os matérias mais nobres dentro dele, de
maneira que só ele sabe o quanto vale aquele relógio, mas assim que
termina de confeccioná-lo, antes de colocar o valor, ele morre. Logo após
sua morte, um assaltante entra na relojoaria e rouba aquele relógio tão
precioso e tenta vendê-lo, mas não conhecendo as peças internas de
extremo valor, vende-o por uma ninharia no mercado negro. Este relógio,
longe do Relojoeiro que o fez, vai perdendo cada vez mais o seu valor, se
desgastando, se deteriorando... até acabar jogado numa gaveta qualquer. Só
o relojoeiro que ‘fez o relógio’ sabe o quanto ele vale! Ele é a ‘referência
de valor’. Fora dele, ninguém, nunca, saberá o quanto ele vale! A bíblia diz
que nem todo o ouro e nem toda a prata do mundo inteiro poderiam
comprar-nos; a não ser o próprio sangue dO Filho!
Adão e Eva tiveram vergonha um do outro, e os dois tiveram vergonha
do Pai; mas o Pai não tem – e nunca teve – vergonha dos seus filhos!
Nunca! São os filhos que se envergonham do Pai quando se permitem dar
ouvidos à vozes estranhas! Um pai amoroso nunca se envergonhará dos
seus filhos; mas um filho, seduzido por vozes estranhas, será tentado e
sentir vergonha dos seus próprios pais.
Parece que estamos falando do “filho insatisfeito”, não é? Afastar-se
do Pai... tentar se virar sozinho... cobrir-se com capas feitas pelas próprias
mãos... Com certeza, o enredo da história é o mesmo, só mudam os
personagens! O “filho insatisfeito” se afastou do Pai; Adão e Eva também
se afastaram do Pai. Aquele, desprezou tudo o que tinha com o Pai e
acabou ficando sem nada; estes, desprezaram o amor do Pai e acabaram
ficarando nus também.

83
Quando nos afastamos do Pai o que sobra?
Sobra somente os outros – iguais a nós – um monte de órfãos sem um
Pai para amá-los e valorizá-los.
Um monte de órfão juntos, com uma insuportável vergonha uns dos
outros? É confusão na certa!
Ah! Já ia me esquecendo! Sobra a serpente também! Pra bater um
papinho quando não tiver nada pra fazer!
Jesus! Um monte de órfãos batendo papo com uma serpente??
Tá parecendo um filme de terror isso!!!
A “parábola do filho insatisfeito” e a “história de Adão e Eva”, nos
dão a mesma revelação dos céus: o homem precisa descobrir-se das suas
capas de engano e mentira, voltar para a casa do Pai e receber sua
cobertura de amor e honra de volta, resgatando sua identidade de Filho
Amado do Pai.
Pare, medite e ore: Pai, fui enganado como Adão e Eva...

84
85
CÁPITULO 10

SER FILHO É...

“Deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus”.


Apóstolo João

Há um poder glorioso em ser um filho amado do Pai. É um extremo


privilégio e uma extrema honra ser filho. Quero declarar o que eu creio,
seja ser, um Filho Amado do Pai!
Ser filho é valorizar a essência, o ser; o simplesmente e tão somente,
“ser”. Nada mais e nada menos do que isso. Só o “ser”.
Ser filho é descobrir que você tem valor pelo que você simplesmente é.
E não pelo que faz ou deixa de fazer. É sentir-se completamente livre do
peso de ter que provar o seu valor. É sentir-se sempre bem e confiante
consigo e com sua participação no mundo. É sentir-se constantemente
amado, valorizado, validado e empoderado.
Ser filho é saber que, apesar dos erros que possa cometer, nunca será
desprezado; isso não te faz cínico, muito pelo contrário, te faz ousado.
Ser filho é sentir, perceber, entender e conhecer o grande, poderoso e
profundo amor do Pai.
É entender o poder do ágape, do amor incondicional. Amor sem
condições. Se você perguntar: por que você me ama, Deus? Ele te
responderá: “Ora, ora; te amo porque você é meu filho. É só amor mesmo.
Puro amor’. Isto é o que significa “ágape”!

86
Ser filho, é arriscar-se sem medo de falhar. É lançar-se aos desafios,
sabendo que sempre será apoiado pelo Pai. É enfrentar leões, ursos e
gigantes, com a convicção da vitória.
É saber que pode reclamar e até se queixar sem ter que parecer um
puritano religioso com medo de perder o amor do Pai.
É chorar sabendo que o pai vai te pegar no colo e te embalar até
adormecer e não vai te abandonar às traças; deixando-o chorar até se
cansar.
Ser filho é enxugar as lágrimas e levantar-se pela manhã, mais uma vez,
cheio de entusiasmo com a vida, cheio de perspectivas, sonhos, esperança e
anseios.
É amar o próximo tanto quanto ama a si mesmo; porque vê nos outros a
imagem do Pai. Valorizando-os, não pelo que aparentam ser, mas pelo que
simplesmente são: filhos.
É sempre estar pronto para uma nova lição. Um novo aprendizado.
Sempre havido por crescimento.
É desejar agradar o Pai em tudo. É desejar crescer e parecer-se com Ele
cada dia mais. É tentar imitar o Pai, olhando para o irmão mais velho,
Jesus. E na busca de imita-lo, tornar-se uma pessoa melhor a cada dia.
Ser filho é, apesar de todas as vestes de honra e glória que possa receber
do Pai, apesar de todas as bençãos e coroas cheias de pedras preciosas que
possa acumular ao longo da vida, não ter nenhuma dificuldade em despir-
se de tudo isso para entrar na presença do Pai e estar com Ele. O Seu amor
é melhor do que o vinho, diz o salmista. É lançar sua coroa aos pés do Pai
– porque está mais apegado ao Pai do que à coroa que Ele dá – sendo
sempre grato por tudo que possa receber, e saber que nunca, nada disso,
poderá substituir Sua gloriosa presença.
É sempre lembrar que o seu grande valor está na sua essência e não nas
suas posses, conquistas ou realizações.

87
É não ter vergonha do Pai, mas sim temor e respeito.
Ser filho é nunca, jamais, sentir vergonha ou medo; é nunca, jamais,
sentir-se nu. Porque se percebe sempre coberto pelo amor.
Ser filho é se amar e perceber o extremo valor que tem, mesmo quando
está despido de todos os aparatos, ou até mesmo quando está afundado na
lama, como o filho pródigo. É saber que continua sendo amado mesmo
quando está no fundo da masmorra como o Apóstolo Paulo; ou quando está
na fornalha de fogo aquecida sete vezes mais; ou quando está na cova dos
leões, no deserto, ou no vale da sombra da morte; ou quando está sendo
crucificado numa cruz.
Não importa a situação, o lugar ou o estado; ser filho é saber do fiel,
constante e inextinguível amor do Pai!
O privilégio, a honra, o prazer, a alegria... de ser filho, é
incomensurável! Não há palavras! Só não se faz filho quem está fora de si
ou foi enganado pela serpente!
Ser um Filho Amado do Pai é tudo isso e... muito, muito, muito mais!!!
Não há cadeias do engano, insultos ou ameaças que possam separar o
filho do amor do Pai. Quem já experimentou deste amor, não consegue
afastar-se dele jamais.
Descobrir-se um filho amado do Pai, é descobrir uma fonte inesgotável
de vida e empoderamento que o leva às mais altas posições e às mais
impossíveis conquistas!
Ainda que tudo diga NÃO!
O poder deste amor continuará gritando SIMMMM!!!!

Pare e ore:

“Pai, eu quero experimentar esse poder!


O poder de ser um filho amado do Pai.

88
Preciso experimentar esse poder na sua plenitude.
Para mim, ser filho é...”

Continue...

89
PARTE 2

O PAI

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CAPÍTULO 11

O CARÁTER DA PATERNIDADE DIVINA

“Um Deus infinito pode se dar inteiro a cada um de seus filhos.


Ele não se distribui de modo que cada um tenha uma parte,
mas a cada um ele se dá inteiro,
tão integralmente como se não houvesse outros”
A. W. Tozer

DEUS = PAI + MÃE

Sobre paternidade, precisamos entender alguns princípios bíblicos muito


básicos. O primeiro deles é sobre o caráter do Pai dos pais. Quais são as
características da paternidade divina?
Para responder a esta pergunta, precisamos ir ao começo de tudo; em
Gênesis: “Deus, criou o ser humano à sua imagem, à imagem de Deus o
criou: macho e fêmea o criou”. Gênesis 1.27
A versão inglesa King James, traduz cada palavra do hebraico ao “pé
da letra”. Deus criou o “ser humano” (hebraico: adam) à sua imagem,
“macho” (hebraico: zacar) e “fêmea” (hebraico: naquebah) o criou.
Lendo esta tradução fica bem claro que os dois gêneros, juntos, formam ‘o
ser-humano’ que é a imagem de Deus.
Macho + fêmea = adam (ser-humano). Os dois juntos são a imagem de
Deus. O “adam” não é o macho, nem a fêmea, separados; e sim os dois
juntos! Isso porque Deus é Pai, Filho e Espírito-Santo. Deus é um ser

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‘relacional’. Os três são um. E o ‘ser-humano’ também é um ‘ser
relacional’, os dois são uma só carne! Um só ‘ser’. Incrível não?
Vejam que interessante: o homem sozinho não é a imagem de Deus;
nem a mulher sozinha é a imagem de Deus; mas os dois juntos, sim.
As características de cada gênero, quando somadas e interrelacionadas
dão uma visão mais completa do caráter da paternidade divina.
Todos sabemos – e a própria ciência também reconhece – como os dois
se completam na construção da identidade dos filhos. O pai fornece o
caráter; a mãe, a afeição; o relacionamento entre os dois ensina ao filho
sobre respeito, paciência, amor, carinho, honra... formando sua identidade
como um todo.
O livro, “Desenvolvimento e Identidade na Adolescência” de Markus
Neuenschwander, diz que: “Os pais são muito importantes para o
desenvolvimento da identidade dos filhos, pois é na família que se dá a
socialização primária, que são transmitidas regras, normas, valores e
comportamentos”¹. Ele explica que, enquanto no pai está a maior
influência na formação do caráter dos filhos; na mãe, há uma maior
influência na formação afetiva deles, começando já pela própria
amamentação, momento em que a criança desenvolve profunda capacidade
de afeto – é interessante saber que a palavra fala sobre um tempo em que
haveria homens “sem afeição, sem afeto familiar”; a falta da maternidade
parece causar este grande mal.
René Árpád Spitz, psicanalista austro-americano, muito conhecido por
sua análise de bebês hospitalizados, nos quais encontrou forte ligação entre
a depressão e bebês que foram abandonados e não amamentados pela mãe.
A matéria do site ‘fãs da psicanalise’ diz: ‘René Spitz (1887-1974) foi uma
das primeiras vozes a chamar a atenção para (as consequências da falta da
afeição materna). (Ele) Defendeu que a ausência de carinho, de laços
verdadeiramente humanos e de cuidados do tipo maternal eram os

93
principais fatores responsáveis pela mortalidade das crianças de tais
instituições. Para Spitz, a privação afetiva precoce provocava dor
psíquica (depressão)”. A matéria continua dizendo que a Organização
Mundial de Saúde, em 1950, baseada nos mesmos estudos, incluiu no
documento ‘Cuidados maternos e saúde mental’ a seguinte afirmação: “…
fica claramente demonstrado que os cuidados maternos no decurso da
primeira infância desempenham um papel essencial no desenvolvimento
harmonioso da saúde mental (do bebê)” ².
Portando, a “paternidade plena dos céus” – pai + mãe – exerce essas
duas influências nos seus filhos. Por vezes, podemos ver as características
do pai na paternidade divina; e por outras, da mãe; na mesma paternidade
divina.
Assim como os pais (pai e mãe) são fundamentais no desenvolvimento
cognitivo e afetuoso e na construção da identidade da criança, a
paternidade divina também o é; sendo que, se o filho permitir, sempre a
paternidade dos céus prevalecerá sobre quaisquer disfunções da
paternidade terrestre (genitora, adotiva, socioafetiva e outras).

Aqui estão alguns versículos que falam sobre as características do pai e


da mãe na paternidade divina:

“Assim como uma mãe consola seu filho, também eu os consolarei; em


Jerusalém vocês serão consolados”. Isaías 66:13
O consolo prometido, é comparado com a capacidade, que só uma mãe
tem, de consolar o seu filho. É certo que quando queremos ser consolados,
não há nada melhor do que o colo da mãe!

“Filho meu, ouve a correção de teu pai e não deixes a orientação de


tua mãe”. Provérbios 1:8
Este versículo, mostra a importância do pai e da mãe na formação do

94
filho.

“Filho meu, não rejeites a disciplina do SENHOR, nem te enfades da


sua repreensão. Porque o SENHOR repreende a quem ama, assim como o
pai, ao filho a quem quer bem”. Provérbios 3:11-12
Aqui, a ênfase está na função do pai de exortar e disciplinar o seu filho.
É muito importante entendermos estas características da paternidade
divina porque, muito do que nós entendemos por paternidade divina, está
mais relacionado com nossas experiências com nossos pais do que por
algum conhecimento de quem de fato é o Nosso Pai dos céus.
Muitos, sem perceber, acreditam que Deus se pareça mais com uma
mãe, apesar de chamá-lo de Pai. Estes, são aqueles que foram criados na
“barra da saia da mãe”. Os famosos filhos mimados da mamãe que foram
superprotegidos. Ao se tornarem adultos projetam na paternidade divina,
fortes características maternas.
Esta confusão os impede de receberem a plenitude perfeita do Pai dos
céus. É o tipo de filho que tem grande dificuldade em ser repreendido,
exortado ou disciplinado; que não foi fortalecido em seu caráter para tomar
decisões e avançar, mesmo em meio às lutas; e que acaba, muitas vezes,
resistindo às correções e exortações do Pai que objetivam leva-lo à uma
maior maturidade.
Por outro lado, há aqueles que foram criados somente pelo pai. São
filhos que aprenderam o quanto a vida é dura e que não adianta chorar.
Eles gostam das passagens onde Deus executa o seu juízo, sua mão pesada
– um deus quase sem afeição e sem compaixão – que está sempre exigindo
o melhor de seus filhos, como um general que fica dando ordens a partir da
sala do trono, sem se importar com sentimentalismos baratos. Estes, ao
contrário dos outros, não conseguem demonstrar afetividade nenhuma e,
quando se casam, por exemplo, são excelentes provedores, mas péssimos

95
em acolher, abraçar e dar afeto aos próprios filhos e à esposa. Este tipo de
filho tem enorme dificuldade em pedir perdão, se arrepender e receber o
perdão do Pai; não conhece o caminho do amor, da graça, do afeto e da
compaixão que está no coração do Pai; nunca o trilhou e duvida da sua
existência.
William P. Young, filho de missionários, retratou o Pai Celestial, em
seu livro ‘A Cabana’, como uma mulher. Logo após a filhinha do
personagem principal da história desaparecer, ele vai à uma cabana, onde
se encontra com a trindade divina. Ele estava precisando de consolo, e não
de correção; creio que por isso, o autor do livro achou melhor retratar a
paternidade divina através da figura da mãe e não do pai.
Às vezes o Pai é como uma mãe!
Podemos dizer que:
“A paternidade celestial, como uma mãe,
nos abraça, acolhe, acaricia, compreende e consola
formando nossas afeições;
e como um pai,
nos corrige, exorta, repreende, ensina e capacita
formando nosso caráter”.

A PATERNIDADE DIVINA NÃO É CONDESCENDENTE

A paternidade amorosa do Pai não é condescendente, ou seja, “aquela


que deixa de julgar segundo as exigências do dever, da consciência ou da
honra”; trocando em miúdos, o amor do Pai não faz vista grossa!
O amor do Pai não ignora a falha dos filhos, não passa a mão na cabeça,
não trata os filhos como fracos e débeis. Não. Muito pelo contrário; a
Paternidade Amorosa, disciplina, ensina, corrige, exorta, repreende e
chega até a dar umas boas palmadas se necessário. Não porque ficou irada

96
e perdeu o controle, mas porque vê a necessidade urgente de corrigir a rota
trágica em que o filho se encontra.
Tenho certeza, que um pai preferirá ver o seu filho sem uma mão, mas
vivo, do que estar com o seu corpo inteiro, mas morto. Diz Mateus 18.8 e
9: “Sendo assim, se a tua mão ou o teu pé te fizerem cair em pecado,
corta-os e lança-os fora de ti; pois melhor é entrares na vida, mutilado ou
aleijado, do que, tendo as duas mãos ou os dois pés, seres atirado no fogo
eterno. Se um dos teus olhos te faz pecar, arranca-o, e lança-o fora de ti,
pois melhor é entrares na vida com um olho só, do que, tendo os dois,
seres lançado no fogo do inferno”.

MAS, TAMBÉM, NÃO É IMPLACÁVEL

A Paternidade dos Céus, também, não é exigente, implacável, dura,


ferrenha, inflexível, severa, rígida, atroz, ou violenta... Não! Nada disso!
Pelo contrário, ela é ponderada, ouvinte, compreensiva, acolhedora, afável,
maleável, dócil, mansa, tolerante, compassiva, misericordiosa e graciosa.
Diz Isaias 56.16 “Não continuarei repreendendo o meu povo e não ficarei
irado para sempre com ele; se não, morreriam os seres que eu criei,
aqueles a quem dei o sopro da vida”. (NTLH).
Amo a passagem de Oséias, quando o Pai diz: “Como te deixaria, ó
Efraim? Como te entregaria, ó Israel? Está comovido em mim o meu
coração, as minhas compaixões à uma se acendem por ti”. Já ouviu a mãe
dizer para o filho: bater em você dói mais em mim do que em você, filho.
Para o filho pode parecer absurdo isso, mas não para o Pai: “as minhas
compaixões à uma se acendem por ti!”, diz o Pai que morre por amor ao
filho.
A paternidade divina é perfeitamente equilibrada:
Ela corrige com compreensão; exorta com docilidade; repreende de

97
maneira afável; ensina com mansidão; dá palmadas com muita compaixão
e disciplina com tolerância.

A PATERNIDADE DIVINA É ETERNA.

Ele é Pai da Eternidade! (Isaias 9.6)


Antes de haver mundo, Ele já era Pai.
Ele é o Pai dos pais.
Se há pais na terra, é porque há um Pai dos céus que replicou sua
imagem na terra.
A paternidade não é um acidente de percurso da natureza, que resolveu
“evoluir” criando a paternidade. Não! De jeito nenhum! Isso seria um
absurdo!
A paternidade é eterna, assim como o Pai é eterno; e como o Pai é,
assim nós somos.
Diante desta incontestável verdade, pergunto:
Você acha que faltou “paternidade” em sua vida?
Muitos dirão que sim.
Mas isto é uma meia-verdade – se é que isso existe – na verdade, uma
meia-verdade é uma mentira!
Só poderia faltar a paternidade na terra se o próprio Deus deixasse de
ser o que é. Se o próprio Deus deixasse de existir. Mas, Ele existe e
continua agindo sobre a terra, assim como sua paternidade.
Se a paternidade já está aí, então, são os filhos que precisam encontrá-
la, descobri-la e submeter-se a ela! Não que o Pai esteja se escondendo do
filho, mas é o filho que está cheio de “coberturas” que o deixam cego para
o amor do Pai.
O Pai está no mesmo lugar onde sempre esteve!
A paternidade já é, são os filhos que precisam voltar-se a ela. A escolha

98
é do filho, não do Pai. Ele já escolheu ser Pai quando criou o ser-humano;
e quando ele se perdeu, enviou seu primogênito, para resgatá-lo e trazê-lo
de volta pra casa.
Portando, Nele está a paternidade perfeita e eterna, exercida sobre toda
a criação, manifestada através das mais diversas formas.
O próprio fato de “existirmos”, já supõe-se haver muito mais do que só
os pais biológicos. Somos muito mais do que um amontoado de
cromossomos X e Y! Muito mais! Só não vê isso, quem não quer!

A PATERNIDADE ESTÁ SEMPRE ENSINANDO

Nos versículos a seguir estão grifados em negrito a palavra hebraica


“lamad” que é traduzida na bíblia como “ensino”, “adestramento”,
“orientação” ou “aprendizado”. Você acredita que o Deus Pai, ensina,
capacita e orienta (“lamad”) os seus filhos de muitas formas diferentes?
Você é capaz de perceber o Pai em cada um dos detalhes da sua vida? Te
ensinando, capacitando ou orientando? Vejamos:
“Ele adestrou (lamad) as minhas mãos para a batalha”. 2ªSam. 22:35
Davi está dizendo que foi batalhando que ele aprendeu, com o Pai, a
batalhar. Você consegue ver o Pai te ensinando a lutar em meio às lutas?
Ele está lá, junto conosco, na batalha. Foi assim com Josué, quando disse:
“onde pisar a planta do teu pé eu a darei”; foi assim com Gideão, quando
disse: “Deus é contigo ó poderoso guerreiro; com esta tua força vá lutar
contra teus inimigos”; foi assim com o rei Josafá, quando disse: “desçam
ao encontro dos seus inimigos, tomem posição e vejam o livramento que
Eu darei a vocês”; foi assim com o rei Ezequias, quando disse: “não tenha
medo das ameaças do inimigo e não se renda a ele, espere e o livramento
virá” ; e foi assim com tantos outros, seus filhos, que não foram mortos no
campo de batalha, mas apenas forjados e adestrados neles. É assim que o

99
Pai faz, Ele nos ensina a lutar, na luta, lutando conosco. Ele não nos livra
‘da’ luta, mas nos livra ‘na’ luta. Só assim aprendemos com o Pai. A
pergunta é: “mas será que os filhos querem aprender a lutar?”. Ou estão
se achando abandonados pelo Pai, porque estão ‘na’ luta? Mas não é
exatamente aí que o Pai quer o seu filho? O problema não é o Pai que não
quer ensinar, mas o filho que não quer aprender do jeito do Pai. O Salmo
95 relata quando o povo não quis ser conduzido pelo Pai a enfrentarem os
gigantes que estavam na terra; pelo contrário, reclamaram e quiseram
voltar para o Egito. O versículo 10 diz: “eles não quiseram conhecer os
meus caminhos”. Estes, são os filhos, que não querem entender a forma do
Pai ensinar os seus filhos. Que não concordam com Ele. Que se opõem aos
“seus caminhos” e nunca conhecem o Pai de fato.
‘Tu me tens ensinado (lamad), ó Deus, desde a minha mocidade”.
Salmos 71:17
O Rei Davi, aprendeu diversas lições com o Pai desde a sua mocidade.
Ele era pastor de ovelhas. Provavelmente, ele soube extrair bons ensinos
através da sua profissão e do seu contato com a natureza. Quem tem
coração de filho, sempre aprenderá uma lição nova com o Pai. Sempre!
Desde a mocidade! Era o filho, ouvindo os ensinos do Pai e aprendendo
com Ele a cada dia!
“Ensina-me (lamad) a fazer a tua vontade, pois tu és o meu Deus;
guie-me o teu bom Espírito por terreno plano”. Salmos 143:10
Ele queria estar alinhado com a vontade do Pai e isto o levou a conhecer
os caminhos do Pai. Ele sabia que o Pai era o único que poderia conduzi-lo
por caminhos seguros, por caminhos planos. Um bom filho, busca sempre
ouvir o Pai, conhecer seus caminhos, suas orientações, seus ensinos... nesta
busca, o filho conhece melhor o seu Pai. E quanto mais o conhece, mais o
segue, mais o ama, mais se torna filho, mais é abençoado, mais sente-se

100
amado.
“[...] quando os teus juízos reinam na terra, os moradores do mundo
aprendem (lamad) justiça”. Isaías 26:9
Os juízos do Pai são uma forma de ensinar justiça. Há aqueles que
aprendem com os juízos do Pai, mas há também aqueles que se endurecem
com eles. O Pai está sempre ensinando. Sempre. São os filhos que nem
sempre estão querendo aprender. Nem sempre. Infelizmente.
“Assim diz o SENHOR, o teu Redentor, o Santo de Israel: Eu sou o
SENHOR, o teu Deus, que te ensina (lamad) o que é útil e te guia pelo
caminho em que deves andar”. Isaías 48:17
O Pai ensina o que é útil e guia pelo caminho certo. Muitos aprendem o
que é útil e se deixam ser guiados no caminho certo; já outros, resistem ao
aprendizado e guiam-se a si mesmos.
“Viraram-me as costas e não o rosto; ainda que eu, começando de
madrugada, os ensinava (lamad), eles não deram ouvidos, para
receberem a advertência”. Jeremias 32:33
O Pai ensina até pelas madrugadas!! Quem já não acordou com
pensamentos que sabia virem direto do Pai? Ouvi-lo em nossos
pensamentos é algo maravilhoso! Foi assim que Ele fez com Samuel,
visitando-o pelas madrugadas e também com Eliú, o conselheiro de Jó:
“Mas ninguém diz: Onde está Deus, que me fez, que inspira canções de
louvor durante a noite, que nos ensina (lamad) mais do que aos animais
da terra e nos faz mais sábios do que as aves dos céus?” Jó 35:10-11.
Eliú experimentou o mesmo que Jeremias: “aprendeu com o Pai nas
madrugadas”. As madrugadas de ensino do Pai, tornaram Eliú muito mais
sábio! Muito mais! E você? Tem aprendido algo com o Pai nas
madrugadas?
“Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as

101
obras das suas mãos. Um dia discursa a outro dia, e uma noite revela
conhecimento a outra noite. Não há linguagem, nem há palavras, e deles
não se ouve nenhum som; no entanto, por toda a terra se faz ouvir a sua
voz, e as suas palavras, até aos confins do mundo”. Salmos 19:1-4.
Vejam o testemunho do salmista. Ele está dizendo que os “céus” estão
“proclamando”, e o “firmamento” está “anunciando” as obras das mãos
do Pai. “Proclamando” e “anunciando”; isso está acontecendo um dia
após o outro; sem linguagem, sem discursos humanos, mas mesmo assim é
impossível não ouvir a voz do Pai ensinando seus filhos até os confins do
mundo, através da criação.
“[...] porquanto o que de Deus (do Pai) se pode conhecer é manifesto
entre eles, porque Deus (o Pai) lhes manifestou. Porque os atributos
invisíveis de Deus (do Pai), assim como o seu eterno poder (poder do
Pai), como também a sua própria divindade (divindade do Pai),
claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos
por meio das coisas que foram criadas (da natureza). Tais homens são,
por isso, indesculpáveis; porquanto, tendo conhecimento (do Pai) de
Deus, não o glorificaram como Deus (não o reconheceram como um
Pai), nem lhe deram graças” Romanos 1:19-21.
A mesma declaração do Salmo 19 está aqui na carta aos Romanos. O
Pai está ensinando à humanidade sobre seus atributos, sua divindade e seu
poder de forma muito clara, através das coisas que foram criadas por Ele (a
natureza); mas os filhos não quiseram aprender com nada disso, não foram
gratos e nem o glorificaram, por isso se tornaram “indesculpáveis”! Repito:
indesculpáveis!!!!!
Será que haverá alguém, em toda a história da humanidade, que possa
dizer que nunca teve paternidade? Será que haverá alguém que possa ser
desculpável por ter sido rejeitado, abusado ou abandonado pelos seus pais?

102
Será que, ao vitimizarmos os órfãos, o que estamos fazendo na verdade,
não é culparmos o Pai? Só há vítima se houver um culpado!
Será que, ao justificarmos a rebeldia do órfão, não estamos condenando
o Pai?
Será que não estamos fazendo vista grossa para a expressa
manifestação da Paternidade Eterna e procurando com lupas as más
influências da paternidade terrestre?
Será que não estamos menosprezando a Paternidade dos Céus e super-
hiper-mega valorizando as falhas da paternidade terrestre?
Dizer isto lhe soa politicamente errado?
Creio que a política desenvolvida nos últimos anos de patologização da
humanidade foi longe demais. São tantos rótulos patológicos que
justificam a rebeldia. Há desculpas “psicológicas” para todo tipo de
problemas comportamentais do órfão que subtraem totalmente a existência
de um Pai nos céus! Isso precisa acabar! E já!!! Àquele que diz estar
precisando de cura interior, a palavra diz: arrependa-se dos seus pecados.

A PATERNIDADE ESTÁ EM TODOS OS LUGARES

A paternidade se manifesta na natureza criada por Deus.


A paternidade está na Palavra deixada ao homem.
A paternidade está na água, no ar, na terra e nos minérios; está no
alimento, nos peixes, nos animais, nas aves, na flora e na fauna; está em
tudo o que o filho precisa para continuar existindo, construindo e
realizando.
A paternidade está em todos os lugares... está em casa e fora de casa; na
vida de amigos, parentes, irmãos, pais, mães, professores, autoridades e
líderes.
A paternidade está em toda a terra, permeando-a totalmente. Em todos

103
os lugares do domínio do Pai. Em cada detalhe.
Para aqueles que têm fome e sede do Pai, a paternidade também está nas
águas mais profundas e infinitas. Quanto mais a buscam, mais a
encontram. Quando mais pedem, mais recebem. Quanto mais batem, mais
portas de revelação do Pai se lhes abrem!
Tudo dependerá do filho; se irá percebê-la, senti-la, ouvi-la e acolhê-la,
ou não; se ele irá buscá-la e procurá-la, ou não.

A PATERNIDADE ESTÁ NA CONSCIÊNCIA DO SER-HUMANO

A paternidade está, acima de tudo, na consciência de cada ser humano


criado à imagem e semelhança do Pai. A lei colocada por Deus em nossos
corações é uma poderosa amostra da paternidade. Quem, neste mundo, já
não se sentiu acusado e repreendido pela própria paternidade da
consciência? É fato, que muitos já tentaram ao longo da existência humana,
diversas formas de calar a voz desta paternidade dentro da mente do
homem; pelas drogas, pelo álcool ou pelos psicotrópicos. Já tentaram calar
a consciência invertendo os valores; tornando o certo em errado e o errado
em certo; o doce em amargo e o amargo em doce; o bem em mal e o mal
em bem. Eles cauterizaram a própria consciência, conforme diz o apóstolo
Paulo na sua carta a Timóteo – cauterizar é marcar com fogo a ferida, o
que a torna insensível; “cauterizar a consciência”, quer dizer então,
torná-la insensível!
A respeito da consciência o apóstolo Paulo também diz na carta aos
Romanos que os ensinos do Pai estão “gravados em nosso coração”, uma
hora estes ensinos do Pai nos “acusam”, ora nos “defendem”. Romanos
2:15. O Pai está dentro da nossa consciência!!! Uau!!! É preciso muito
esforço para calar a voz do Pai dentro de nós!! Muito esforço!!

104
O órfão tem feito de tudo para desvencilhar-se desta paternidade
plantada em sua consciência; que de dia e de noite atormenta a mente
daquele que resiste à voz do Pai. Tentando calar a voz da consciência, eles
põem as mãos nos ouvidos e gritam como o Quico do Chaves: “cale-se,
cale-se, cale-se! Você me deixa louco!”. Portanto...
O problema nunca foi a inexistência da paternidade,
mas sim a sua negação.

OS ÓRFÃOS DE ONTEM, DE HOJE E DE SEMPRE

Em toda história da humanidade, sempre houve órfãos resistentes à


paternidade dos céus. No passado, eram os “adoradores de imagens” que
rejeitavam o Pai Eterno. Mas isto pareceria muita ignorância aos filósofos,
humanistas e pseudocientistas do século XIX; então eles trocaram as
imagens de Apolo, Zeus, Mercúrio, Baal... e as filosofias gregas, pelas
imagens dos ateus: Marx (religião é o ópio do povo), Freud (é impossível
conciliar as exigências sexuais com a civilização), Friedrich Nietzsche
(Deus está morto), Stephen Hawking (sou ateu, eu acredito que o universo
é criado pelas leis da ciência), Darwin (o homem é resultado da evolução
do macaco)... poderia continuar citando mais algumas dezenas e centenas
de “deuses” que influenciaram o espírito da orfandade do século XXI.
Posso garantir; o problema do homem não é a rejeição dos pais da terra é a
rejeição ao Pai do céu. A orfandade não vem de fora pra dentro, mas de
dentro pra fora; ela parte do filho, e não do Pai.
Se no passado, tudo vinha dos “deuses feitos à imagem de homens e
animais”; na atualidade, tudo vem da “evolução do acaso”, “do fatalismo
grego”; mas nunca de mim! Não somos mais responsáveis por nada,
apenas vitimas do destino! Jesus!! Tem misericórdia!
Nas duas épocas – na antiga e na atual – há uma só verdade: o homem

105
se exaltou em uma dura rebelião contra o Pai! Se os deuses dos órfãos do
passado eram “imagens de homens e animais”; os deuses dos órfãos da
presente era são os “filósofos humanistas-naturalistas-
pseudocientistas... e afins”. Quanto mais a ciência avança em
conhecimento da criação, tanto mais se torna impossível não reconhecer o
Criador! Contemplar tudo isso e rejeitar a paternidade divina, não é algo
fácil! É preciso muita rebeldia e dureza de coração!

AS CONSEQUÊNCIAS DESTA REJEIÇÃO

Anteriormente, eu citei o texto de Romanos que diz: tendo conhecido o


Pai não o aceitaram, portanto és “indesculpável”. A consequência desta
rejeição está no decorrer do texto:
“Por causa disso Deus os entregou a paixões vergonhosas. Até suas
mulheres trocaram suas relações sexuais naturais por outras, contrárias à
natureza. Da mesma forma, os homens também abandonaram as relações
naturais com as mulheres e se inflamaram de paixão uns pelos outros.
Começaram a cometer atos indecentes, homens com homens.”
É impressionante a associação entre orfandade e
homossexualidade.
Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento (do Pai), ele os
entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não
deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância
e depravação. A orfandade desumaniza o homem feito à imagem do
Pai.
Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São
bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e
presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus
pais; são insensatos, desleais, sem afeição familiar, implacáveis. Que

106
listinha hein?! Destaco: ‘desobedientes aos pais’ e ‘sem afeição
familiar’.
Não somente continuam praticar estas coisas, mas também aprovam
aqueles que as praticam. Um órfão sempre aliciará um outro órfão.
Romanos 1:19-32

VOLTEM-SE PARA MIM E EU ME VOLTAREI PARA VÓS

A paternidade divina está acontecendo em tempo real; aqui e agora;


aproveite-a, abrace-a, acolha-a.
Deixe este rio de amor fluir dentro de você, deixe ele correr por suas
veias curando-o completamente.
Mergulhe neste rio e continue nele até onde as águas são mais
profundas, e elas o impulsionarão ao cumprimento do seu destino!
Posicione-se bem debaixo desta paternidade e uma abundante chuva de
prosperidade se derramará sobre sua alma, dessedentando-a
completamente.
Pare, medite e ore: “Pai, me ajude a vê-lo onde não estou vendo. Me
ajude a reconhecer sua paternidade e seu amor por mim em todos os
detalhes da minha vida...” Continue...

107
108
CAPÍTULO 12

OS ORFÃOS E OS FILHOS DA BÍBLIA

“Tem dois lobos lutando dentro de mim.


Um do ódio e o outro do amor.
Aquele que eu mais alimento, é o que vence”.
Provérbio indiano

“porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de
Deus. Pois vocês não receberam um espírito que os escravize para
novamente temer, mas receberam o Espírito que os adota como filhos, por
meio do qual clamamos:
"Aba, Pai".
Romanos 8:14,15

A seguir, daremos alguns exemplos de órfãos que resistiram à


paternidade; e de filhos que se submeteram à paternidade divina. Filhos
que rejeitaram o ‘espírito que os escravizava’ e acolheram em seus
corações o ‘Espírito que os adotou como filhos’.
Nesta leitura procure identificar se há alguma característica em você
destes órfãos da bíblia; identifique também, as boas características dos
filhos que apesar de todas as falhas da paternidade terrena superaram seus

109
traumas e tornaram-se filhos amados do Pai – grandes conquistadores e
profetas!

ÓRFÃOS QUE RESISTIRAM À PATERNIDADE

Aqui estão alguns tristes exemplos bíblicos de resistência à paternidade


dos céus:
Caim resistiu à correção do Pai: “Caim, o pecado está à sua porta, mas
seu desejo, cumpre a você dominá-lo”. Genesis 4.7
Caim não dominou os seus sentimentos, antes, permitiu que eles o
dominassem, e acabou matando o seu irmão.
Consequência: viveu em isolamento pelo resto da vida. A condenação
do órfão é viver isolado.
Pergunte-se: consigo controlar meus ímpetos e emoções, ou me deixo
ser levado por eles? Tenho domínio próprio? Ou não?
Corá, Datã e Abirão se rebelaram contra a paternidade de Moisés, em
tempos difíceis no deserto, dizendo-lhe: “Chega Moisés, você não manda
mais em nós” Números 16.3.
No meio do deserto da vida, seremos testados em nossa submissão à
paternidade, há muitos que nesta hora se revoltam e quebram as conexões
com a paternidade e voltam para trás.
Consequência: Morreram junto com todas suas famílias.
Pergunte-se: Consigo ver o Pai no deserto ou me revolto contra a
autoridade que o Pai colocou sobre minha vida?
Os filhos de Arão também resolveram agir por sua própria conta e
risco, desobedecendo as diretrizes de como deveria ser aceso o incenso no
Templo. Há órfãos que não dão importância às diretrizes do Pai,
menosprezando seus conselhos e orientações. Sabe o chamado “mau

110
ouvido”? Pois é!
Consequência: Morreram na hora em que desobedeceram.
Pergunte-se: Sou “bom ouvido” ou “mau ouvido”?
Os filhos do sacerdote Eli, Hofni e Finéias, muito parecido com os
filhos de Arão, também desonravam o pai desobedecendo-o diante de toda
nação. Faziam as coisas do seu jeito; não respeitavam as regras da família
sacerdotal. Há filhos que desonram seus pais de diversas formas, são
egoístas, se preocupam mais consigo mesmos do que em honrar a
paternidade.
Consequência: Morreram prematuramente.
Pergunte-se: Tenho honrado ao pai, ou estou mais focado em mim
mesmo? Meus interesses? Ou os interesses do Pai?
O Rei Saul não obedeceu às orientações do profeta e pai Samuel que o
havia ungido como Rei. Ele achou melhor agradar ao seu exército do que a
Samuel. Saul deu mais importância ao que pensavam dele nas ruas do que
às ordens do Pai. Estes filhos, são aqueles que estão sempre tentando
agradar os amigos e honrar os de fora, do que honrar a paternidade. Nesse
caso, o profeta disse a Saul: “obedecer é melhor do que sacrificar. A
desobediência é como a feitiçaria”.
Consequência: Perdeu o reino e, depois, cometeu suicídio.
Quem tenta receber o aplauso do mundo, perderá a honra do Pai.
Pergunte-se: estou buscando os aplausos do mundo ou a aprovação do Pai?
O Rei Roboão, o filho de Salomão, quando assumiu o trono do pai,
buscou paternidade nos conselhos dos seus amigos mais jovens ao invés
dos sábios e experientes anciãos, que já haviam prestado serviços durante
anos ao seu pai – o sábio Salomão. Estes filhos, são aqueles que escolhem
os conselheiros errados. Assistem os filmes errados, as programações
erradas, os youtubers errados, ouvem os amigos errados... enfim, são filhos

111
que escolhem mal suas influências. São os chamados filhos tolos de
provérbios.
Consequência: causou brigas entre irmãos, provocou uma guerra e
dividiu Israel em duas nações.
Pergunte-se: o que tem me influenciado? Professores, youtubers, heróis
de Hollywood, novelas...? Ou só o Pai mesmo?
O Rei Asa desprezou a autoridade dos sacerdotes que eram os
responsáveis por ensinar as leis da adoração e dos sacrifícios, resolvendo
agir por sua própria conta e risco. Estes filhos, são aqueles que querem ser
emancipados para situações às quais não estão preparados. Não conseguem
perceber a necessidade de serem humildes e reconhecerem que precisam de
orientação e capacitação.
Consequência: Asa ficou doente na mesma hora e acabou morrendo
brigado com Deus e com o mundo.
Pergunte-se: entendo a importância de tomar decisões e agir com a
maturidade que vem do Pai? Ou faço tudo no impulso?
Apolo, um eloquente pregador da palavra, muito conhecedor das
escrituras, não quis submeter-se às autoridades da igreja; rejeitou
completamente o chamado do Apóstolo Paulo para receber maiores
instruções. Estes filhos, são aqueles que se acham muito. Voam sozinhos.
São muito inteligentes, capazes e cheios de talentos; mas demonstram
pouco caráter em seus valores.
Consequência: Tornou-se completamente infrutífero, não deixando
nenhum legado; ninguém sabe quem é Apolo, a não ser que ele era um
eloquente pregador, mas não era exemplo.
Pergunte-se: sou muito inteligente e gosto de voos solos? Ou prefiro
voar em bando, com a família do Pai?

112
OS FILHOS QUE SUBMETERAM-SE À PATERNIDADE

A seguir, veremos alguns exemplos de personagens do Velho


Testamento que se submeteram à Paternidade divina superando as falhas
da paternidade terrestre.

Jacó
Jacó tinha esse nome porque foi o segundo a nascer, agarrado ao
calcanhar do seu irmão, Esaú, que ganhou os direitos de filho primogênito
porque foi o primeiro a sair do ventre no dia do seu nascimento. Esaú era o
preferido do pai; caçador, homem forte e corajoso. O Jacó, por sua vez, foi
criado na barra da saia da mãe. Apesar de ser o filho que parecia ser aquele
que tinha mais temor de Deus, não era honrado pelo seu pai por sua fé.
Mas, sua fidelidade ao Pai dos pais, o fez seguir um caminho que
acabou honrando ao seu irmão Esaú, ao seu pai, Isaque e aos propósitos do
Pai da Eternidade. Foi Jacó quem se tornou o pai dos doze filhos que
formariam as doze tribos de Israel! Foi Jacó quem teve seu nome
acrescentado com o sobrenome, Israel!
Por Jacó não ter se deixado influenciar negativamente pela rejeição de
seu pai, Isaque; e por ter se submetido à paternidade celestial; ele viveu
uma vida de grandes conquistas, realizando os propósitos para os quais foi
criado. O amor da paternidade dos céus prevaleceu sobre a rejeição da
paternidade terrestre.

Gideão
Gideão não seguiu o mau exemplo dos seus pais que eram adoradores
de Baal. Uma vez, quando estava falando com o Pai dos céus – ainda que
reclamando – recebeu a visita de um mensageiro que o chamou de
“poderoso guerreiro”. Só a paternidade celestial faz isso: nos chama
daquilo que menos acreditamos ser, mas que somos em essência – apesar

113
de, muitas vezes, nem imaginarmos!
“Ô filhão! Você é um poderoso guerreiro!”
“Eu Pai? Poderoso guerreiro?”
“Sim, filho! Você mesmo!”
Uauuu!!!
O Pai empoderou, validou e enviou a Gideão. Em primeiro lugar, o Pai
fez Gideão acreditar e dar mais valor a si mesmo; e depois, fez dele um
grande conquistador! Primeiro o abraçou, depois o empoderou e colocou
uma sandália em seus pés dizendo: vá conquistar meu filho!
É assim que o Pai faz na vida daqueles que O buscam.
Mesmo com uma paternidade terrena falha, Gideão encontrou um Pai
nos céus!
Mas, infelizmente, quando foi a hora de assumir a paternidade como
juiz sobre seu povo, ele a rejeitou! Um triste exemplo daqueles que, depois
de receberem a paternidade dos céus se recusam derramá-la sobre outros,
abortando o processo iniciado nos céus, deixando a próxima geração órfã!
A consequência? Dos seus 70 filhos, 69 foram assassinados! Uma
geração inteira se perdeu! Triste, muito triste, mas muito recorrente nas
igrejas, onde muitos recebem tanto e compartilham tão pouco!
Conclusão:
“Se, depois de recebermos paternidade,
não oferecermos paternidade,
rejeitando a próxima geração, deixando-a órfã;
incorremos no sério risco de
sacrificarmos uma geração inteira!”
Receber a paternidade e descobrir-se como um Filho Amado do Pai,
para depois, não exercer paternidade nenhuma, é atentar contra o ciclo
divino da vida, que mantém e sustenta nossa existência no planeta terra.

114
“Quem rejeita ser pai,
aborta a próxima geração e
promove a extinção da humanidade”.
Foi o que Gideão fez. É o que muitos fazem!

Davi
Outro grande exemplo de um filho que superou todas as falhas da
paternidade terrestre, sendo gerado pela paternidade celestial, foi Davi.
O pai de Davi, Jessé, não reconheci o seu valor, sendo necessário o
Profeta Samuel ir até sua casa para evidenciar àquele em quem ninguém
via valor nenhum.
Além do próprio pai, Jessé, outros também exerceram uma paternidade
problemática sobre Davi; um deles foi o rei Saul que, por inveja – quando
Davi morava nos palácios do Rei – tentou matá-lo. Meu Deus! Saul era
como um pai para Davi! E tentou matá-lo por inveja? De todos do reino,
com certeza, era de Saul que Davi mais esperava algum tipo de
reconhecimento pelo seu valor!
Davi deve ter se revoltado né?
Só que não! Incrível!
É possível ver o respeito e o amor que Davi nutria em seu coração pela
vida de Saul em seu lamento na ocasião de sua morte: “Então Davi rasgou
suas vestes; ... E lamentaram, chorando e jejuando até o fim da tarde, por
Saul... Davi cantou este lamento sobre Saul ... ‘O seu esplendor, ó Israel,
está morto sobre os seus montes. Como caíram os guerreiros!...não se
alegrem as filhas dos incircuncisos...nunca mais campos produzam trigo,
porque ali foi profanado o escudo de Saul, que nunca mais será polido
com óleo...a espada de Saul sempre cumpriu a sua tarefa, ele era mais ágil
que as águias, mais forte que os leões. Chorem por Saul, ó filhas de Israel!
Chorem por aquele que se vestia de rubros ornamentos, e com adornos de

115
ouro”. 2 Samuel 1:11-27
Incrível! Honrar desta forma a morte de um pai que ao invés de honrá-lo
o perseguiu para matá-lo?? Isso é bizarro! Bizarro para homens carnais,
mas não para os filhos do Pai celestial; que sempre enxergam o bem, onde
os órfãos só veem o mal.
É evidente que Davi não guardou mágoas nem ressentimentos, mas
perdoou todos os erros de Saul em relação a ele.
Outro que exerceu uma autoridade paterna sobre Davi foi o rei Áquis;
com quem Davi conviveu lutando ao seu lado quando fugia de Saul; mas
acabou sendo rejeitado por ele sem maiores explicações. Davi lhe diz: “o
que eu fiz de errado para você me mandar embora?”. Áquis responde:
“Nada Davi, mas eu quero que você vá embora”.
Meu Deus! Três paternidades problemáticas!
Estas três autoridades na vida de Davi, se por um lado, foram
prejudiciais, por outro, o sustentaram (Jessé); mal ou bem o ensinaram a
ser um rei (Saul), e até a lutar em guerras (Áquis); e sabe mais Deus, quais
outros benefícios, estes pais problemáticos, não promoveram na vida do
jovem Davi? Em meio a tantas falhas, com certeza, Davi soube ficar com
as partes boas.
Não o valorizaram como deveriam, é certo, mas não foram
completamente inexpressivos. Isso não. Isso porque o próprio Davi
preferiu extrair o melhor do que lhe era dado pelo Pai celestial, através da
vida destes homens, e não o pior.
Davi sabia que mesmo que a paternidade terrena o desamparasse, o Pai
dos Céus o acolheria:
“Porque, se meu pai e minha mãe me desampararem, o SENHOR me
acolherá”. (Salmos 27:10)
Davi sabia que todos os órfãos, como ele, tinham um Pai nos céus: “Pai

116
dos órfãos ... é Deus em sua santa morada” Salmos 68:5.
Os pais da terra, podem não ter se compadecido dele, mas o Pai dos
Céus, este sim: “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o
SENHOR se compadece dos que o temem”. Salmos 103:13

Elias e Eliseu
Elias vivia isolado, sentia-se um órfão. Ele fala de seus pais com certo
rancor e mágoa: “Já chega... acaba agora com a minha vida! Eu sou um
fracasso, como foram os meus pais” 1ª Reis 19.4 (NTLH).
Mas o Pai dos céus foi ao seu encontro lá na caverna! Com todo
carinho, perguntou: “o que fazes aqui, Elias?”. E depois de ouvir toda a
reclamação do profeta, o Pai lhe diz: “unja Eliseu como seu discípulo”.
Apesar de Elias mostrar-nos que não teve pais exemplares, o Pai dos
céus fez dele um bom pai na vida de Eliseu. Tremendo!!
Eliseu, por sua vez, tornou-se um excelente Pai para a nação de Israel,
realizando o dobro de milagres do que seu pai, Elias! Meu Deus!
Quando uma geração assume sua responsabilidade paterna sobre a
próxima geração o domínio do Pai celestial se multiplica de maneira
exponencial sobre a terra!
“Se, um Eliseu, empoderado pela paternidade de Elias,
fez o que fez por Israel,
o que uma multidão de filhos, empoderada pela paternidade da igreja,
não poderá fazer por sua nação?”

Moisés
Moisés foi criado dentro da casa de faraó, mas foi com sua mãe que
aprendeu a adorar ao Deus de Abraão, Isaque e Jacó; o Deus de seus pais.
Moises fez uma escolha de paternidade; ele preferiu ser influenciado
pelo ensino da frágil mãe que era apenas uma escrava ao invés de ser

117
influenciado pelo ensino do poderoso Faraó – o que parecia ser muito mais
atrativo naquele momento.
Apesar de não ter um lar perfeito, aprendeu acima de tudo a ser um bom
filho do “Eu Sou”; do Deus que caminhava junto com ele. E quanto mais
caminhavam juntos, mais o Pai se revelava a ele. Moisés, apesar de ter o
próprio faraó como pai, não se deixou influenciar por ele, preferindo ser
fiel ao Pai dos céus.
Moisés se tornou o pai de Josué que, por sua vez, se tornou um grande
guerreiro, um grande conquistador.
A paternidade de Moisés sobre Josué, promoveu um crescimento
exponencial de poder sobre ele! É isto o que uma paternidade orientada por
Deus faz na vida do filho!
Quando chegou a hora de cortar o cordão umbilical com Moisés, o Pai
do céu disse: “Moisés morreu, agora o negócio é com você Josué!”. E
Josué deu conta do recado!
Neste sentido, filhos e órfãos, cada vez se polarizam mais; enquanto os
filhos correm ao encontro do seu destino, os órfãos correm em direção
contrária a ele.

OLHE MAIS PARA O CÉU E MENOS PARA A TERRA

Em termos de paternidade, não há neutralidade. Se você resiste à


paternidade dos céus, sobrou a outra! Cristo disse: “não há como
submeter-se a dois senhores, quando submeter-se a um, automaticamente
desobedecerá ao outro”. Quanto a isso, Chesterton diz: “não importa se
não acreditam em Deus, o problema é o que colocam no lugar dele; esse é
o problema”.
Elias fez uma correta exortação à nação de Israel: “vocês ficam
vacilando entre dois senhores. Se Baal é Deus, sirvam à Baal, mas se

118
Jeová é Deus, então sirvam à Jeová”. A escolha é de vocês! Qual
paternidade terá maior influência sobre sua vida? A perfeita, dos céus; ou a
imperfeita, da terra? Quem é, de fato, o Senhor da sua vida? A qual
paternidade você tem se submetido?
Tinha um louvor infantil que era assim:
“Aonde, aonde, aonde está o seu deus?
Meu Deus, está nos céus, também no meu coração,
O do mundo está morto, mas o meu ressuscitou!”
“A escolha da paternidade está no nosso controle,
mas as consequências desta escolha não”.
Estes e muitos outros exemplos, apontam para uma pergunta muito
importante que cada um de nós deve fazer: “A qual paternidade vou me
submeter?”. Nunca deixe que sua revolta, mágoa, ressentimento e outros
sentimentos o ceguem para perfeita paternidade dos céus que está
acontecendo agora mesmo em sua vida!
Veja o que diz o profeta Zacarias (1.2-5) a uma nova geração de filhos:
“O Senhor tem estado em extremo desgostoso com seus pais. ... Voltem-se
para mim e eu me voltarei para vocês; não sejam como seus pais, aos
quais os profetas clamaram, dizendo: ‘Convertam-se dos seus maus
caminhos’. Mas não me ouviram, nem me escutaram”.
A uma nova geração de filhos, Deus sempre dá uma nova oportunidade:
a de voltarem-se para Ele.
Sejamos nós, pais muito melhores
do que já – ou nunca – tivemos!

119
CAPÍTULO 13

COMO CONHECI O NOSSO PAI

Para falar sobre qual paternidade me influenciou nos dias anteriores à


minha conversão, preciso dar o pano de fundo, o momento histórico da
minha juventude, nos anos 80.
O catolicismo era a religião dos meus pais onde cheguei a fazer
“primeira comunhão”, “crisma” e frequentar o grupo de jovens. Dentro da
igreja tomei conhecimento da ideologia socialista, através de alguns padres
e amigos e da chamada Teologia da Libertação que estava em grande
evidência naqueles dias. O livro Batismo de Sangue de 1982 do Frei Betto,
que eu li, traduzia muito bem o espírito destes dias; ele contava sobre as
torturas sofridas pelo Frei Tito, por causa do seu apoio ao político,
revolucionário, guerrilheiro e comunista Carlos Marighella, morto em
1969. Esse livro me influenciou muito.
Os anos de 1983 e 1984 foram de grande convulsão social, com grandes
comícios que clamavam pelo fim da era
do domínio militar e pelo
restabelecimento da democracia através
das eleições. O meu pai trabalhava na
Volkswagen e cheguei a presenciar as
grandes greves dos metalúrgicos de 1982
e 1983, com forte repressão da polícia
militar. O que me revoltava ainda mais.
Havia nestes dias, uma forte polarização entre patrões e empregados que
promovia intensa inimizade ao invés de parceria.

120
Os professores do ensino médio eram nossos amigos, e exerciam uma
forte influência de valores e crenças sobre nós; muito mais fortes do que os
meus próprios pais. Todas as sextas, no final da aula, íamos a um bar
próximo ao colégio e conversávamos sobre política, socialismo,
comunismo, ditadura militar, revoluções e assuntos parecidos.
Foi neste contexto que a ideologia ateísta do socialismo me atingiu em
cheio!
Nestes dias, aprendi com o ensino da cultura marxista, que meu pai era
um “proletariado explorado pela burguesia do capitalismo selvagem e
impiedoso”; aprendi também que “as autoridades na escola, eram
extremamente opressivas e que só impunham suas regras, deveres e
obrigações sobre os pobres dos alunos”; a letra da música “Another brick
in the wall” (1979) do Pink Floyd, expressava muito bem o tipo de
paternidade que influenciou os jovens dos anos 80: “você é apenas mais
Um Tijolo No Muro! Nós não precisamos de nenhuma educação. Nós não
precisamos de nenhuma lavagem cerebral... Ei Professores! Deixe-nos em
paz!”.
Aprendi também que: “precisava resistir e me opor a todas as formas
de autoridade, porque eram opressoras e dominadoras”.
Apesar de ter vivido muito bem durante toda minha infância – nada me
faltou, nem física, nem emocionalmente – na juventude, esta ideologia me
ensinou que “eu não poderia nunca estar satisfeito, pois isto seria uma
alienação da verdadeira opressão que eu sofria. Eu precisava me revoltar
contra tudo e todos!” . Não podia ser feliz com o que eu tinha! Se fosse
feliz estaria sendo “um alienado” – pecha impingida sobre qualquer um
que não abraçasse a ideologia marxista do socialismo.
Nestes dias, também aprendi que a religião era o “ópio do povo” –
máxima de Karl Marx.
Esta paternidade socialista cresceu ainda mais através da leitura de

121
livros que seguiam a mesma filosofia, de diversos amigos que
compartilhavam dos mesmos pensamentos e das músicas que gostava de
ouvir (MPB, Rock e afins). Uma das músicas que cantei muito foi
“Geração Coca Cola” do Legião Urbana: “Somos os filhos da revolução.
Somos burgueses sem religião. Somos o futuro da nação. Geração Coca-
Cola...”. Os burgueses sem religião, o futuro da nação? Era o que
prognosticava a ideologia socialista!
Eu havia escolhido esta paternidade. Estava sendo aliciado por ela e, de
certa forma, me sentia adotado e abraçado por ela. E posso garantir; era
uma paternidade extremamente deprê!
Tão maligna, que só me trouxe mais perguntas e inquietações do que
respostas e tranquilidade; mais revolta, do que pacificação; mais desilusão,
do que esperança.
Era uma paternidade que não valorizava quem eu era, pelo contrário,
impunha sobre mim uma capa muito pesada de revolta!
Meus valores e capacidades eram desprezados e eu era igualado a todos
os demais. Exatamente a ideologia que dizia combater a massificação e a
alienação dos pensamentos, estava massificando e alienando os meus
pensamentos!!! Que loucura!! Prometendo liberdade, só me escravizava.
Na verdade, apenas a mais antiga estratégia de Satanás: falar que Deus é
um opressor, mas na verdade o opressor é ele! A estratégia é essa: acusar
que os outros fazem o que ele mesmo faz!
A cultura da ideologia socialista
mais justificava minhas derrotas do que
me responsabilizava pelas minhas conquistas.
Eu era um órfão e não sabia. Estava longe da casa do meu verdadeiro
Pai e nem imaginava. A revolta só crescia.
Mas – porque há um Pai nos céus, que não abandona seus filhos –

122
comecei a namorar com uma jovem cristã (hoje, minha esposa); ela me
levou para igreja e, depois de nove meses, frequentando os cultos, minhas
vendas caíram e eu me entreguei ao amor do Pai!
Conheci a Jesus e, depois de dois meses com o coração aberto para o
Pai, toda aquela paternidade que, por anos e anos, exerceu tanta autoridade
e influência sobre minha vida... caiu por terra! Ruiu como um castelo de
cartas! Desmanchou-se como um castelo de areia!
Fui finalmente liberto!!
As algemas da revolta caíram ao chão!
O amor do Pai me alcançou e me libertou!
Você não imagina como fiquei; parecia que tinha nascido de novo!!!
Opa!! Foi exatamente isso que aconteceu! Eu, realmente, nasci de novo!!
Minha fome por uma paternidade que me valorizasse e me desse um
propósito de vida mais esperançoso era tão grande que comecei a ler a
bíblia de maneira voraz; como quem chega em casa, depois de uma longa
viagem pelo deserto, e se depara com um banquete posto à mesa! Não
conseguia parar de comer a palavra!
Era como se tivesse sido adotado por um novo Pai, por uma nova
família – o que na verdade aconteceu – eu só queria ouvi-lo e conversar
com Ele todos os dias.
A forma?
Ler muito a Bíblia e orar.
A cada dia, eu recebia uma nova palavra, um novo entendimento, um
novo ensino... Em todas as áreas eu aprendia e crescia diante do meu Pai
em conhecimento e verdade. Depois de seis meses de convertido já
comecei a dar aula na escola dominical.
Quando me lembro destes dias meu coração se enche de alegria por ter
vivido algo tão, tão, tão... não há palavras que possam expressar o que vivi
nos dias do meu Novo Nascimento. Foi excepcional!

123
Eu pegava ônibus e metrô aos sábados para ir lá na Editora Vida em São
Paulo comprar CDs de ministrações, bíblias de estudo, livros e livros... Fui
fazer um curso de teologia por livre e espontânea vontade. Minha sede era
como a do Salmista: “minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo’; ‘como
a corsa suspira pelas águas, assim minha alma suspira por Ti ó Deus!”.
Meus pastores, do início da minha conversão, eram pastores simples e
de pouco estudo; mas de muito amor e comunhão com o Pai. Aprendi com
eles sobre fidelidade, simplicidade e amor. Amor pelo Pai dos Céus.
Busquei amizade com professores da faculdade de teologia, com quem
aprendi muito sobre a palavra e sobre o caráter de um verdadeiro cristão.
Também refiz meu círculo de amizades, começando a andar com outros
filhos de Deus que me ajudaram muito no crescimento e na caminhada da
vida cristã.
Meu sogro e minha sogra, cristãos também, foram um grande
testemunho de vida para mim.
Tudo isso, e muitas outras influências cristãs, formaram a paternidade
sobre a qual me submeti por toda minha vida de filho.
Já não era mais um órfão. Fui liberto do império das Trevas e
transportado para o Reino de Amor do seu Filho!
Desde o começo da minha vida cristã ajudei a cuidar de vidas. Dei aula
na escola dominical, fiz visitas a irmãos, participei de evangelismos de rua,
liderei células... sempre junto com minha esposa (na época da conversão,
namorada). Juntos, eu e ela, levamos muitos familiares a Jesus. Alguns,
dos quais, se tornaram pastores. Nunca paramos de exercer a paternidade
que recebemos através de tantas vidas.
Houve muitas propostas do inimigo para me rebelar, me voltar contra,
mas nunca deixei que o meu coração, às vezes ferido, controlasse minhas
ações e palavras. Nunca. Eu sabia de onde havia saído e não queria nunca
mais voltar para lá.

124
Ainda hoje, tenho autoridades sobre a minha vida, onde busco
orientação, palavra, ensino, apoio e modelo a ser seguido. Eu as estabeleci.
Eu as busquei. Elas me fazem crescer e me mostram que há sempre algo
novo a aprender.
Tenho um pai, o Apóstolo Paulo de Tarso, da igreja Betlehem em São
Paulo, com quem tenho um excelente relacionamento, com quem já me
abri diversas vezes, sobre meus problemas familiares, aflições sacerdotais e
financeiras, que sempre me apoia e incentiva em meus desafios. Alguém
que se importa comigo... e é tão bom.
Estou ligado também à Rede Inspire, fundada pelo pastor Carlito Paz,
da cidade de São José dos Campos; onde busco capacitação e ajuda na
organização da igreja. Tudo isso é a paternidade dos céus sendo manifesta
na minha vida através destes homens de Deus.
Minha história é um exemplo de como devemos buscar nos submeter à
paternidade dos céus e depois compartilhá-la com todos aqueles que
passam por nossas vidas: nosso próximo.
A submissão à paternidade dos céus sempre nos levará a desfrutarmos
do plano perfeito que o Pai tem para cada um de nós.
A paternidade dos céus tem uma linda história para escrever na sua vida
também! Acredite!

O CORAÇÃO FERIDO, AFASTA-NOS DO PAI

Infelizmente, muitos, por opção própria, submetem-se a pessoas,


influências e ensinos que não são exatamente o que se pode dizer ‘de
Deus’.
Seus corações endurecidos, como do filho insatisfeito, afasta-os do
amor do Pai ao invés de atraí-los à Ele.
Há diversos motivos pelos quais muitos resistem à paternidade dos céus

125
e dão ouvidos à uma paternidade maligna. Creio que o principal deles é o
“orgulho ferido”, o velho e malcheiroso ressentimento.
Corações feridos tendem a resistir à paternidade dos céus; Elias é um
exemplo claro disso: magoado com a perseguição da Jezabel fugiu para
uma caverna isolando-se do mundo. Outro exemplo é o do profeta Jonas;
magoado com a missão que o Pai lhe deu acabou fugindo para Társis.
Estes dois profetas, depois, acabaram alinhando-se novamente com o
Pai, mas muitos, infelizmente, se perdem totalmente em meio a mágoas e
ressentimentos.
A solução não é a “cura do orgulho ferido”. Não. Mas sim a “morte
total do próprio orgulho”, do próprio ego.
Somente matando a carne é que o Espírito de adoção do Pai, encontrará
o caminho até nosso ‘eu’, escondido atrás dos velhos entulhos, dos restos
de antigas construções frustradas.
Estes escombros, são antigos sonhos que foram destruídos e planos que
foram desfeitos. São escombros de velhas edificações que atrapalham
demasiadamente as novas obras. Ficam ali, atrapalhando o futuro;
lembrando de um passado amargo.
O problema do coração ferido é que ele escolhe submeter-se a uma
influência pesarosa e sem esperança. Tentando manter o membro do corpo
que já está gangrenado há muito tempo, corre um sério risco de infeccionar
todo o corpo.
Ao invés de, usar o perdão para eliminar o membro gangrenado, a
mágoa é mais forte, e contamina todo o corpo, mortificando-o totalmente.
Miriã ao resistir à autoridade de Moisés ficou leprosa. O órfão é um
leproso que precisa ser curado e restaurado à comunhão da família.
Se a influência do ressentimento,
for maior que a influência do perdão...

126
quão grande serão as trevas!

VENÇA AS DISTRAÇÕES

Muitas vezes, o filho será atraído pelas distrações, seduzido pelas lindas
capas da mulher maravilha e do Batman, pela bota vermelha da mulher
maravilha – como diz a Jô Saxton – pelas superpoderosas capas do sistema
mundano (kosmos).
O filho que não consegue se identificar com o amor do Pai, acaba se
identificando com o ‘rancor do Coringa’; o órfão rejeitado pelos pais e
abraçado pelo submundo da ‘Sociedade anônima dos Órfãos’. Vejam
como: entidades secretas, clubes secretos, sociedades secretas estão em alta
nos filmes e séries. Elas representam uma paternidade para os órfãos!!!
Poderá ser que nunca um órfão encontre sua essência e nunca acesse o
poder de ser feito um filho Amado do Pai por nunca conseguir vencer seu
egoísmo, seus enganos, seu medo, sua vergonha e todas mentiras do
sistema mundial. Mas nunca, jamais, esse órfão poderá culpar a falha da
paternidade! Isso nunca!
Porque enquanto o órfão está olhando para as faltas, falhas, seduções e
enganos do mundo; o Pai dos céus está acenando ao filho com uma
infinidade de oportunidades paternas, através das quais o Espírito de
Adoção está agindo em todo o planeta terra, ensinando seus filhos a
clamarem: Aba Pai!
E você? Já aprendeu a clamar Aba Pai?
Com certeza absoluta, o Pai já lhe deu algumas palavras de revelação, já
acendeu sinais e até alguns empurrões já lhe foram dados para corrigir
rotas e livrá-lo de cair em buracos.
Ele é Pai sobre toda a Terra! Nada está oculto aos seus olhos!

127
Sabe do que o órfão se queixa? Ele se queixa dos seus próprios pecados!
Diz Lamentações.
Com certeza, o Pai já manifestou Sua paternidade em nossas vidas de
diversas formas diferentes. Umas bem incisivas, outras, mais sutis. Mas
nunca, ninguém, ficou no vácuo. Isso nunca!
Quantas ministrações?
Ensinos que penetraram a alma como uma espada de dois gumes?
Sonhos reveladores e palavras de amigos e desconhecidos que,
sabíamos, era o Pai falando?
Quantos? Quantas vezes?
Em outros momentos, o Pai enviou pessoas para estarem ao nosso lado;
nos ouvirem, exortarem e ensinarem...
A lista das investidas paternas é extensa, para não dizer, infinita.
Sempre, o Pai Eterno buscando se comunicar com cada filho seu; que
acredita ser um pobre órfão.
Eu posso testemunhar, como as mais diversas formas que o Pai tem de
ensinar, realmente influenciaram minha vida.
Às vezes aprendi algo com o Pai assistindo a um filme; outras vezes,
conversando com meus filhos; outras, pensando a respeito do que estava
pensando, entendendo que, o que estava pensando estava errado; e que eu
precisava trocar um pensamento por outro, mais alinhado com o Dele.
Parece loucura né? Mas não é!
Era apenas o Pai, dentro de mim, comunicando-se comigo, me
ensinando, advertindo e corrigindo através dos meus próprios
pensamentos. Isso, claro, porque eu queria muito ouvi-lo e aprender com
ele.
Me lembro uma vez de assistir ao filme “Avatar” e perceber a orfandade
do personagem principal, o Jake Sully: que era rejeitado pela sua família,
um ex-fuzileiro exonerado do exército por ter ficado paraplégico em

128
batalha. Ele aceitou substituir seu irmão gêmeo e super talentoso no
“programa do avatar” – já ouviu falar do patinho feio? Então... esse era o
Jake.
Seu novo líder do exército no Programa Avatar, era um homem mau
que não se importava com os sentimentos dos Na’vis (povo de quem
exploravam minério) e o Jake acaba sendo ‘adotado’ por eles. Os Na’vis
reconhecem suas habilidades e talentos! Ninguém dava valor pro Jake, mas
os “azulzinhos” deram.
O que o Jake faz? Se volta contra o seu povo de origem e se torna um
dos Na’vis. Seu povo de origem era chamado de “aqueles que vieram do
céu”. O filme mostra como o Jake rompe com todos os laços com seu
antigo povo, para assumir totalmente a nova cultura do novo povo que o
estava adotando como filho.
É claro que todos que assistem ao filme, se identificam com o Jake e
com o povo de Pandora!
Isto lhe diz algo?
Veja bem: quem é o órfão (como o Jake) que foi rejeitado pelo povo
dos céus e quer se tornar o líder do povo da terra com uma cultura
totalmente diferente da cultura do povo do céus? Quem? Quem?
Satanás! É claro!
Ele é o órfão que caiu dos céus e adotou os homens como seus mais
novos súditos e quer implantar uma nova religião sem Deus!
O Jake caiu dos céus para morar junto com os “azulzinhos” e ser o líder
deles! O diabo caiu dos céus para morar junto com o homem e ser o seu
líder! A história do filme Avatar não é por acaso! É intencional!
Os Na’vis são adoradores da natureza e de uma árvore, chamada
“Arvore das almas”; toda vida de Pandora está conectada com esta
árvore. Tudo em Pandora; é de Pandora, por Pandora e para Pandora! Não
há nada dos céus! Pelo contrário! Tudo que vem dos céus é mau, e tudo

129
que está em Pandora é bom!
Satanás está dizendo através deste filme: não precisamos do povo que
vem dos céus para nos explorar, nós podemos nos virar sozinhos sem Deus
aqui. Implantaremos uma nova cultura; uma nova forma de viver em
sociedade; sem família e sem Deus.
Neste filme, comecei a perceber a enorme influência da mídia no
coração dos órfãos rejeitados. Tentando fazê-los acreditar que eles
precisam romper com todos seus laços com o povo do céu, e entregarem-se
totalmente à uma nova cultura, contrária a cultura do Reino dos Céus.
Adorar a árvores?
Isto tem nome, é panteísmo! No panteísmo, a natureza não foi criada
por Deus, ela é deus! Os gregos deram um nome à deusa natureza: Gaia. É
à deusa Gaia a quem os Na’vis adoram!
Os órfãos que rejeitaram adorar O Criador, optaram por adorar a
criatura! Ou seja, adoram a si mesmos!
É interessante observar que apelidaram os “hippies” de “abraçadores de
árvores”! Coincidência ocasional? Não! É proposital mesmo! Hollywood
só está pregando o que sempre pregou: “Órfãos, Adorem a si mesmos!
Esqueçam o Pai!”. A mensagem do pai da mentira é essa! “Órfãos do
mundo, unam-se e lutem contra o Pai dos céus que os rejeitou!”. Ele
mentiu para Adão e Eva e continua mentindo para a humanidade ainda
hoje!
Quando estamos com nossos olhos abertos e o nosso coração curado e
satisfeito no amor do Pai não é difícil de percebermos estas “mensagens
subliminares”, ou até mesmo “explícitas”; nos filmes, nas músicas, nas
novelas, nas falas do noticiário, nas falas dos professores... de maneira que,
ao invés de sermos seduzidos por esta paternidade, somos despertados a
percebermos seu conteúdo extremamente tóxico.
Lembro que saí da sala de cinema conversando com minha esposa e

130
filhos sobre estas mensagens malignas incutidas no filme.
Gosto muito de ir ao cinema; e é impossível não perceber em muitos
filmes este tipo de mensagem, que tentam seduzir os milhões de órfãos
obtusos que estão havidos por mensagens que lhes massageiem o ego ao
invés de os confrontar. Eles querem ser livres, mas acabam dando atenção
a mensagens que mais escravizam do que as que libertam.
O filme do “Coringa” é um clássico retrato da orfandade que se
expressa através da loucura, agressividade e rebeldia.
A Trilogia “Divergente”, escrita por Veronica Roth, conta a história
pós-apocalíptica e distópica, onde as pessoas são divididas em cinco
grupos diferentes conforme suas aptidões; quem não se encaixar num
destes grupos é considerado um párea da sociedade; um DIVERGENTE.
Divergente?
Apenas outra palavra para ÓRFÃO, que não consegue se ‘encaixar’ em
nenhum propósito para sua vida!
A trilogia faturou no cinema aproximadamente 850 milhões de dólares!
Filmes com uma forte mensagem aos órfãos; que basicamente é: “Se você
não se encaixa, se rebele! Destrua tudo!”. Eu pergunto: e vai construir o
que no lugar?
É claro que, em todos estes filmes, se é mostrado o lado podre da
sociedade, o lado das instituições falidas (família, políticos, governo,
escolas, exército, país, leis...). Os filmes distópicos, quase sempre, tocam
no assunto da orfandade. Gente que ficou sem ajuda, direção, proteção,
provisão, orientação... Gente que foi explorada, mal-amada, malcuidada,
mal compreendida... e que se rebelaram. São cursos intensivos e muito
bem elaborados de ‘rebelião’!
Todas estas mensagens que a mídia dissemina estão chamando os órfãos
para a revolta e a rebelião contra este estado decaído de coisas. Mas
nenhuma delas, tem uma proposta realmente valida, que consiga substituir

131
as instituições em descrédito de maneira promissora.
Qual o perigo disso?
Os órfãos, literalmente, estão se multiplicando exponencialmente
chegando a níveis inimagináveis; eles estão sendo constantemente
incitados – por toda esta mídia – a uma revolução!
Os “Hippies” e os “Panteras Negras” dos anos 70; são os “Black Blocs”,
os “Antifas”, os “Black Lives Matter”, as “Feministas”, os “LGBTQs”
(XYZWH....) e tantos outros grupos que estão arregimentando os jovens
órfãos dos dias de hoje. São agrupamentos de jovens perdidos sem
paternidade que estão cheios de revolta em seus corações. Uma panela de
pressão mundial está no fogo há alguns anos...
Na década de 80, 1 criança para cada 9 nascia fora do casamento; nos
últimos 10 anos esse número saltou para 1 em cada 3!
Há uma multidão de órfãos! Só a igreja família tem o poder e a resposta
para este estado deplorável em que se encontra a humanidade; a igreja
continua sendo o sal da terra e a luz do mundo! Oramos para que ela
assuma o seu papel o quanto antes!
Percebam como em todas as literaturas, filmes e músicas distópicas, há
muito mais destruição do que construção. A maior parte destas obras
falam de destruição; e nos últimos cinco minutos (ou cinco páginas)
alguém aparece triunfante por conseguir haver conseguido destruir o
sistema e... “the end”, pronto acabou!
A grande mensagem é sempre de “DESTRUIÇÃO” e não de
“CONSTRUÇÃO”. Isso é grave.

IDEOLOGIAS ANTICRISTÃS

A música “Imagine” de John Lennon é exatamente assim: ‘imagine um


mundo sem inferno, sem paraíso, sem religião, sem países, sem

132
fronteiras...’. A música fala de instituições que precisam ser “destruídas”
e aí, magicamente, todos viverão “em paz e harmonia” – como a música
continua dizendo.
Destrua a igreja e todos vão ficar em paz??? Como??
O problema é que John Lennon não tirou isso, somente da cabeça de
órfão dele, ele tirou isso da ideologia cultural marxista que se dissemina
mais que COVID-19.
Karl Marx dizia que “a religião é o ópio do povo”; a frase ficou famosa
na pessoa dele em 1844, mas já havia começado a ser anunciada há alguns
anos atrás por vários outros filósofos, como Johann Herder, Ludwig
Feuerbach, Bruno Bauer, Moses Hess e Heinrich Heine. A religião cristã é
ópio? Cocaína? Tem certeza que é a religião cristã que entorpece a mente
humana? É isso mesmo? Será que não é a mídia com suas mentiras e
ilusões? Será que não é a cultura POP que não diz alhos com bugalhos?
Será que não são os livros do Harry Porter e afins? Ou a ideologia cultural
marxista? E suas frases repetitivas como um mantra? A igreja é o
entorpecente do povo?
Estes filósofos e pensadores são os soldados do “exército ideológico-
filosófico-cultural anticristão” que ainda hoje militam dentro dos
colégios, das escolas e dos parlamentos que legislam e fazem novas leis
contrárias às leis da cultura judaico-cristã-familiar.
Estas filosofias, ideologias e culturas anticristãs, foram veementemente
combatidas em seus dias por filósofos e pensadores cristãos como Jonathan
Edwards (1703-1758), Charles Hodge (1797-1878), Charles Haddon
Spurgeon (1834–1892), Gilbert Keith Chesterton (1874 –1936); estes
combatentes da orfandade não encontraram muito espaço em seus dias;
mas hoje, pelo contrário, estão ganhando espaço cada vez maior no coração
de muita gente. Estão sendo relidos e reconhecidos.
Estas filosofias de antipaternidade e promotoras da orfandade,

133
percorreram um longo e sorrateiro caminho a partir das instituições de
ensino do século XVIII na Europa e se disseminaram como um vírus nas
faculdades do mundo inteiro; formando a mentalidade de uma multidão de
políticos, jornalistas, reitores, professores e educadores; gente
extremamente influente que está em plena atividade nos dias atuais,
“fazendo a cabeça” dos mais incautos e distraídos com a ideia de um
mundo sem Deus (Pai).
1ª Timóteo 4.1,2 diz que: “nos últimos tempos, alguns apostatarão da
fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a ensinos demôniacos, pela
hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria
consciência”.
Estes últimos tempos, profetizados pelo apóstolo Paulo, com certeza
absoluta e sem sombra de dúvidas, já chegaram!! Os ensinos demoníacos
dos espíritos enganadores que estão mortificando a consciência do homem,
estão sendo amplamente divulgados pela mídia, educação, ideologias
políticas e afins.

A IGREJA TEM A RESPOSTA

Quero declarar em claro e bom tom:


SÓ A IGREJA TEM A RESPOSTA
PARA A ORFANDADE DA HUMANIDADE!
O que precisamos é de uma urgente restauração da igreja que gere mais
filhos e menos servos, mais pais e menos gestores performáticos!
Só a igreja tem a proposta certa e atemporal, dada lá no jardim do Éden:
perfeita comunhão com o Pai – esta é a resposta certa!
O próprio Cristo disse: “Esta é a vida eterna: que te conheçam, o único
Deus verdadeiro... Pai, embora o mundo não te conheça, eu te conheço, e

134
eu os fiz conhecer o Teu nome, e continuarei a fazê-lo, a fim de que o
amor que tens por mim esteja neles, e eu neles esteja”. João 17
Diz o crente órfão: “Ué? Mas Jesus não veio só pra morrer na cruz e
me dar um passaporte direto pro céu? Só tô esperando o dia da minha
morte chegar para ir pro céu. Eu já creio em Cristo e já tenho salvação.
Logo, logo vou embora desse mundo doido. Vou ficar quietinho aqui no
meu canto e assistir um culto pela internet”.
Esta é a mentalidade de muitos órfãos que frequentam a igreja. Eles
vivem na bolha da religião e se omitem do papel de serem pais, deixando
seus filhos serem disciplinados por pais estranhos com filosofias,
ideologias e crenças estranhas!
Pai Nosso que estás nos céus, venha a nós (venha aos seus filhos) o teu
Reino!! Só os filhos podem implantar o Reino na terra.
Voltemos para as origens, para Cristo, que focou muito do seu tempo
em formar discípulos (filhos) e disse a nós: “vão e façam discípulos”
(filhos).
Arranquemos as capas e as folhas do medo, da vergonha, do egoísmo,
da falta de perdão e voltemos para a casa do Pai. Urgente!
Onde estão os filhos?
“A terra aguarda gemendo e com grande expectativa que os filhos de
Deus se manifestem e a libertem da escravidão em que se encontra! ”.
Romanos 8
Ore:
“Pai, me dá um coração de filho, como o coração de Davi. Eu preciso
ouvir e perceber seus ensinos em tudo nesta vida. Seus ensinos, e não de
outros. Pai, muitas vezes, o bem-estar físico, me afastou de Ti e abri
espaço para questionar Seu amor por mim, causando um mal estar
espiritual...” Continue...

135
136
137
PARTE 3

IGREJA-FAMÍLIA

138
139
CAPÍTULO 14

“Ir à igreja não faz de você um cristão,


como ir ao McDonalds não faz de você um hamburguer”.
Keith Green

A IGREJA-FAMÍLIA

Depois de falarmos sobre os Fundamentos da Igreja na primeira parte


deste livro; os expormos na segunda, falando sobre os Filhos Amados do
Pai; e na terceira sobre o Pai Eterno; nesta quarta e última parte falaremos
sobre a as Características da Igreja Família.

CARACTERISTICAS DA IGREJA-FAMÍLIA

Buscaremos responder às seguintes questões:


Quais são os seus desafios?
Como transformar órfãos em filhos?
Como a Igreja Família pode crescer de maneira saudável?
Como a igreja pode cumprir com as três funções básicas da
paternidade? (Exortar, Consolar e Dar bom testemunho).
Qual a diferença entre filhos e servos?
E por fim, num capítulo à parte, falaremos sobre algo muito pertinente
nos dias atuais, sobre a diferença entre “paternidade- pessoal-formativa”

140
e a “paternidade-pedagógica-informativa”.

FILHOS DA CASA, MAS ÓRFÃOS.


OS FREQUENTADORES DE IGREJA E OS DESIGREJADOS

Tanto os frequentadores da igreja, quanto os “desigrejados”, dizem não


precisar pertencer à igreja; eles são os órfãos que conheceram a família do
Pai, gostam muito de visitá-la, usufruem dos benefícios que emanam dela,
mas não querem mergulhar nela.
São como Ló, que era muito abençoado por andar perto do pai Abraão e
usufruía das benção que transbordavam do pai da fé; mas que nunca quis
se fazer um filho; e assim que viu a oportunidade de prosperar longe do pai
Abraão, não pensou duas vezes; retirou-se e foi morar em Sodoma e
Gomorra.
Eles dizem que “são livres”, que “ninguém pode mandar neles”, que
“só Deus tem esse direito”, que “os homens são falhos”, que “tem um
monte de pastor errado”, que “Deus só quer o coração”, que “placa de
igreja não salva ninguém”, que “não precisa estar na igreja para ser
crente”, que “tem muita gente dentro dela pior do que fora dela”, que
“estão cansados de religiosidade”, que “foram feridos”, que “não foram
reconhecidos”, que “não tiveram espaço”, que “ninguém ajudou quando
precisaram”, que “estão buscando a Deus em casa”, que “acham melhor
dar um tempo”, e blá-blá-blá, e nhenhenhém, e lero-lero-lero... o mimimi
continua e não para mais. Cansativo até de ler né? Fico imaginando o Pai
nos céus ouvindo este monte de desculpas de órfãos.
Na verdade, na verdade, são apenas órfãos mesmo. Órfãos que
frequentam – ou já frequentaram um dia – a casa do Pai.
Como pode? Ser um órfão dentro da própria casa? Com o Pai bem ali na
frente deles? Eles não conseguem fazer parte da família! Um paradoxo,

141
tristemente, real.
Eles resistem às exortações, bloqueando o fluxo de amor vital do Pai
que imprimiria neles suas próprias identidades. Constroem uma muralha
em torno de si para se protegerem, mas tudo o que conseguem é se
isolarem de tudo e de todos. Ficam ilhados dentro de si mesmos.
Não se identificando com ninguém, ocultam sua própria identidade,
que nunca será revelada; nem a eles e nem ao mundo. São invisíveis à
família e a si mesmos. Lembrem-se: Pedro descobriu sua identidade depois
de seguir e identificar-se com Cristo; não antes.
A história que o órfão conta a si mesmo – para manter-se no isolamento
– é falsa, cheia de sofismas e de falsos argumentos que não se sustentam.
A única forma de libertá-los é confrontando-os com a verdade. Jesus
disse aos que foram cegados pela capa da religião: “conhecereis a verdade
e a verdade vos libertará!”.
A verdade é quando você se descobre de suas próprias capas e não
quando descobre as capas dos outros.
Só a ação conjunta; do poder do Espírito Santo junto com uma
ministração clara, denunciadora e penetrante; é que poderá quebrar as
cadeias do engano e da opressão que prendem os filhos em verdadeiras
masmorras.
A igreja pode atrair as almas pelos milagres, pelos sinais e pela sua
glória manifesta; foi assim que Jesus atraiu as multidões; mas uma hora os
laços precisam se estreitar, assim como Jesus também o fez: “quem não
comer da minha carne e do meu sangue não é digno de mim”... pra que
Jesus foi falar isso?... ”daquela hora em diante, muitos o abandonaram”.
João 6.66 – acho interessante que o versículo onde os simpatizantes
rejeitaram ser filhos esteja bem no 6.66 – número que significa “totalmente
homem, nada de Deus”.

142
O CICLO DA VIDA, NA IGREJA

Assim como é na vida natural, assim é na igreja. Filhos amados,


inevitavelmente, se tornarão pais amorosos e acabarão gerando filhos
amados.
Os bons filhos da igreja formarão uma boa paternidade!
Filhos Amados e paternidade amorosa, coexistem em uma relação
simbiótica, onde um fortalece e alimenta o outro.
Assim como o curso natural da vida é que os filhos tornem-se pais um
dia, é natural também, que todo filho que se sinta amado, se torne um pai
amoroso.
Onde houver amor haverá filhos tornando-se pais. O amor une casais e,
casais que se amam, geram filhos amorosos. Este é o curso natural da vida.
É exatamente assim em toda a palavra de Deus. Abraão gerou a Isaque
que gerou a Jacó (Israel), que gerou aos doze filhos que geraram a nação de
Israel; sendo um deles Judá; que gerou séculos depois a Jesus que gerou os
doze discípulos, que geraram Paulo, que gerou Timóteo e a igreja de
Coríntios (1ªCoríntios 4.15)... Os primeiros apóstolos foram chamados de
os “pais da igreja” que geraram filhos que se tornaram pais... e assim
sucessivamente até chegarmos nos dias atuais.
O Reino de Deus se estabelece por gerações. É transmitido e
disseminado de geração em geração.
Faça-se uma pergunta: onde estão as sete igrejas da Ásia descritas no
livro de Apocalipse?
Elas estão localizadas onde hoje é a Turquia com apenas 0,07% de
cristãos. Em algum momento, houve uma quebra geracional.
A Europa está vivendo a mesma situação. Países que chegavam a 70, até
80% de cristãos nos anos anteriores à primeira guerra mundial, hoje
chegam no máximo a 10% e caindo. Uma geração não deixou o legado do

143
cristianismo para a outra! O que aconteceu?
Se você olhar para a igreja, perceberá que uma linhagem santa foi
mantida, através de filhos e pais que não quebraram a cadeia bendita
iniciada pelo Pai e sustentada por Ele até hoje! Desde a criação do ser-
humano até hoje! O rio da família de Deus sempre encontrou o seu curso
natural! As águas do Trono sempre encontrarão o seu caminho!
O rio de Amor encontrou o seu caminho de Adão até Cristo através das
gerações descritas em Lucas e Mateus; e de Cristo até nós. Esse rio correu,
ininterruptamente, através de canais de Deus que nunca permitiram que as
águas vivas que corriam a partir da nascente (Cristo) fossem bloqueadas
neles. Estes canais abertos não se permitiram ser os responsáveis pela
interrupção do fluxo de vida que corre a partir de Cristo! Antes, deixaram-
se ser usados como canais fluídos para que o fluxo de vida continuasse a
correr sobre a terra irrigando-a com vida!
Quem são, e sempre foram, estes canais?
São os Filhos Amados do Pai e ninguém mais; gerados pela paternidade
da igreja.
Através deles, estas águas chegaram na igreja do século XXI e
continuam a transformar a sequidão da orfandade num manancial de águas
vivas de filhos amados do Pai.
Agradeço a Deus por cada um destes canais que não foram egoístas e
nem retiveram o que estavam recebendo, antes deixaram-se ser usados. À
medida que recebiam, também entregavam; multiplicando-se em dezenas,
centenas e até milhares de canais, ramificando o rio, irrigando toda a terra.
Os bons filhos, tornaram-se bons pais, que geraram bons filhos, que, por
sua vez, tornaram-se bons pais; e assim, sucessivamente, num ciclo
ininterrupto e crescente.
É interessante observar que em Israel o Rio Jordão nasce nas encostas
do Monte Hermon, forma o mar da Galiléia e deságua no Mar Morto que,

144
por sua vez, não deságua em lugar nenhum! Retendo tudo o que recebe,
torna-se morto porque não consegue purificar suas águas uma vez que
bloqueou seu fluxo.
Bons pais nem sempre gerarão bons filhos; mas bons filhos, com
certeza, na sua grande maioria se tornarão bons pais.
Onde houver um filho com um coração submisso e fiel, ele encontrará
uma boa paternidade.
Só o Espírito de Adoção que vem do Pai pode romper barreiras,
fortalezas e sofismas da alma e chegar ao coração do órfão, transformando-
o em um filho amado. Isso, se o filho permitir.
A igreja que conseguir gerar em seu útero os Filhos Amados do Pai,
formará firmes alicerces sobre os quais as portas do inferno nunca poderão
prevalecer!
Estes filhos, formarão uma poderosa paternidade que impulsionará a
igreja a cumprir o seu destino: trazer o Reino de Amor do Filho para a
Terra!

A Paternidade Amorosa da igreja é o canal pelo qual o Pai:


ama, apoia, fortalece, valida e empodera seus filhos.

A PATERNIDADE DA IGREJA ESTÁ AÍ.


SÓ NÃO DESFRUTA DELA QUEM NÃO QUER.

Ao abrirem os seus corações para a paternidade dos céus, os filhos


acabarão por multiplicarem-na sobre a terra.
Um grande exemplo desta verdade nos dias atuais, é testemunhado pela
vida do pastor Carlito Paes da Igreja da Cidade, que perdeu seu pai na sua
infância; mas nunca permitiu que seu coração se revoltasse, antes, optou
por submeter-se à paternidade que lhe era oferecida pela igreja à qual

145
pertencia; onde sua mãe o criou; tornando-se um pai espiritual para
multidões!
Assim como o Pastor Carlito Paes, seu filho espiritual, o pastor Fabiano,
também é outro grande exemplo disso. Ele descreve em seu livro
“Paternidade”, sua difícil experiência com seus pais biológicos e como
conseguiu, também, superar a orfandade biológica, submetendo-se à
paternidade que lhe estava sendo oferecida pelo Pai dos céus, através da
sua igreja! O livro “Paternidade”, aliás, muito me inspirou na realização
desta obra.
A paternidade, portanto, depende do coração dos filhos para percebê-la,
ouvi-la e acolhê-la.
Sendo assim, se a igreja local gerar “bons” filhos, eles automaticamente
se tornarão “bons” pais na igreja que por sua vez gerará “bons” filhos, num
ciclo saudável e muito bem fundamentado. Este é o ciclo orgânico, ou
natural, que se contrapõe a qualquer outro meio de crescimento e
edificação artificial produzido por estratégias mais humanas do que
bíblicas.
Exatamente como Jesus Cristo disse: “a terra automaticamente produz
o fruto”. Marcos 4.28
A terra “por si mesma”, de maneira “autônoma”, gera os frutos a
partir das sementes que nela são lançadas.
A terra, de maneira automática, “frutifica a semente que nela foi
semeada”. Por isso a bíblia diz: “o que o homem plantar, isso também
colherá”. Portanto, se semearmos filhos amados, automaticamente
colheremos pais amorosos! O foco, portanto, não deve estar em formar
pais, mas sim em formar filhos! Eles, automaticamente, serão bons pais!
Se a igreja focar somente em formar um “bom líder” ensinando que o
líder precisa: “respeitar, amar, empoderar, validar, apoiar, incentivar,
entender, compreender, corrigir, exortar, consolar, dar bom exemplo e

146
etc...”; sem antes gerar neste líder o sentimento de que ele é um filho
amado do Pai; ele até poderá tornar-se um bom gestor, mas nunca logrará
pleno êxito na missão de gerar filhos que amam o Pai; talvez, acabará
formando outros bons gestores, mas não bons pais; desviando-se da
verdadeira missão da igreja.
Pude confirmar esta realidade em minha experiência de vinte e três anos
pastoreando a igreja Vida Plena.
Percebi que muitos cursos para formar líderes estavam vindo antes dos
cursos para formar filhos. Pode parecer pouca diferença, mas não é. Antes
de ensinar os princípios da liderança, é preciso ensinar os princípios da
família divina.
Nós somos seres que aprendem por imitação. Para aprender a ser líder
você pode conhecer as técnicas de liderança, mas para aprender a ser pai
você terá que concluir o curso prático: “Como ser um Filho que se sente
Amado pelo Pai”.
Há um contraste muito grande entre conhecer técnicas de liderança e
ser um filho, concorda?
Qualquer profissão você aprende com o seu intelecto e pode tornar-se
um exímio profissional, mesmo se nunca amar o que faz.
Mas, para exercer a paternidade dos céus, não. Não dá para ser um
“exímio líder” que fez todos os cursos de liderança, mas nunca foi um
filho; um filho que acolheu cada exortação, foi agraciado por cada consolo
e nunca hesitou seguir de perto a paternidade que lhe foi oferecida na
igreja.
Percebo que há um certo glamour em torno dos “cursos de líderes”.
“Uauuu! Curso para ser um líder? Eu gosto disso! Quero ser um líder!”.
Isto de certa forma, menosprezou a importância de ser “submisso,
obediente até a morte, bom ouvinte, transparente, suscetível,
exposto...” – características do bom filho.

147
Todos querem ser leão mas poucos querem ser cordeiro. Acontece que
antes de Jesus ser um leão lá em Apocalipse, ele foi um cordeiro lá na
cruz!
Que possamos ser filhos; gerar filhos; formar filhos e enviar filhos!

AS TRÊS FUNÇÕES DA PATERNIDADE NA IGREJA

Paulo disse à igreja de Tessalonicenses: “tratamos cada um como um


pai trata seus filhos, exortando(1), consolando(2) e dando
testemunho(3), para que vocês vivam de maneira digna do chamado de
Deus”. 1ª Tessalonicenses 2:11-12

Veja o que o Ap. Paulo escreve nesta carta: “tratamos a cada um como
um pai trata seus filhos!”. E como um pai trata seus filhos? Trata
“exortando”, “consolando” e “dando bom testemunho”!

Vejam o significado de cada palavra:

Função da paternidade: Exortar.


“parakaleo”: chamar para o meu lado ou convocar, por meio de
exortação, solicitação, confronto e instrução. instruir e ensinar.
A paternidade da igreja, não pode omitir o seu “grito de alerta”,
chamando os filhos para caminharem ao seu lado! Este é o sentido mais
puro da palavra exortação!
Algo como: “Ei! Pare de fazer o que você aprendeu a fazer lá fora, e
comece a fazer do jeito que a sua família faz aqui!!”. “Não dê mais
nenhum passo, na direção contrária à sua nova família”. “Não continue
nesta estrada que você vai cair no buraco”. Se o filho continuar e cair,
nunca terá sido por falta de aviso.

148
Há também uma forma didática de exortar usada por Jesus que é
fazendo perguntas que despertam a reflexão do filho.
Vejam as perguntas que Jesus fez aos seus discípulos:
 Que buscais aqui comigo?
 Quem dizeis que eu sou?
 Porventura, quereis também vós outros retirar-vos?
 Homem de pequena fé, por que duvidaste?
 Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos
sofrerei?
 Há tanto tempo estou convosco, e não me tens conhecido?
 Não sabeis o que pedis. Podeis beber o cálice que vou beber?
 Simão, tu dormes? Não pudeste vigiar nem uma hora?
 Judas, com um beijo trais o Filho do Homem?
 Compreendeis o que vos fiz?
 Porque me viste, creste?
 Simão, filho de João, tu me amas?
 Sobre o que vocês estão conversando pelo caminho?
 Saulo, Saulo, por que me persegues?
Fazer perguntas é uma forma muito usada para despertar o filho,
fazendo-o refletir um pouco melhor sobre suas escolhas, e sobre os
motivos que o levou a elas.
O grande objetivo da exortação é trazer o filho de volta à sua plena e
perfeita consciência; é fazer o filho “cair em si”.

Função da paternidade: Consolar.


“paramutheomai”: dirigir-se a alguém por meio de incentivo para
acalmar, consolar e encorajar.
Assim como a exortação tem uma forte ênfase no lado do pai; a
consolação tem uma forte ênfase no lado da mãe.

149
Se a exortação, confronta; o consolo, conforta.
Sempre que a paternidade vê seu filho abatido, triste ou deprimido, ela
terá uma palavra de incentivo, ânimo e encorajamento para impulsioná-lo
ao seu destino.
O púlpito da igreja que forma filhos precisa ser bem equilibrado com
estas duas características: a exortação e a consolação. Enquanto uma
constrói o caráter, a outra gera a afeição. Eu diria que ‘exortação’ de mais,
cria uma igreja religiosa, dura, santarrona, superior “raiz de mais”; e a
“consolação” de mais, cria uma igreja fraca, débil, melindrosa, “nutela de
mais”.
Os filhos precisam atentar bem para estas duas mensagens. Muitas
vezes, alguns deixam de prestar atenção na exortação para ouvirem
somente as palavras de consolo; enquanto outros, mais sisudos e
justiceiros, tendem a ouvir só as exortações, achando que consolo é coisa
de gente fraca.
Aqueles que acolhem bem estas duas funções da paternidade, tornam-se
mais plenos em seu caráter e mais completos em sua maturidade
emocional, intelectual e espiritual.

Função da paternidade: Dar bom exemplo.


‘martureo’: dar testemunho, ser exemplo, modelo.
É obrigação da geração dos filhos mais velhos da igreja de serem um
exemplo e um modelo de vida cristã para a geração de filhos mais novos.
Os irmãos mais novos precisam encontrar nos irmãos mais velhos seus
referenciais e modelos de vida cristã.
Há pouco tempo a neurociência descobriu os “Neurônios Espelhos”.
Eles dão ao cérebro a capacidade cognitiva de aprender por imitação.
É assim que Deus nos fez!!! Incrível!!
O Criador construiu nosso cérebro de maneira que aprendêssemos por

150
imitação!!!
Precisamos desesperadamente de modelos para podermos usar nossos
“neurônios espelhos” com eles! Onde estão os pais? Nossos modelos de
vida cristã? O pastor Ralph Waldo Emerson disse: “Suas atitudes falam
tão alto que eu não consigo ouvir o que você diz”. Com certeza, o bom
testemunho de vida é a forma mais eloquente de pregar a palavra de Deus!
“Exortar”, “consolar” e “dar bom testemunho”, são as três funções
principais da paternidade da igreja, que pode, e deve, ser exercida no
púlpito, nos aconselhamentos, nos cursos, na convivência dentro dos
ministérios, nos relacionamentos dentro da igreja, no Discipulado
Pessoal... A exortação e o consolo podem vir de qualquer irmão com quem
o filho se conecta na igreja; mas o bom testemunho, é de bom termo, que
venha da geração de filhos mais velhos; estes são a carta escrita por Deus e
lida por todos. Os filhos mais velhos precisam ser o modelo e o exemplo
de vida cristã aos mais novos!

A FORÇA DA IGREJA FORMADA POR FILHOS,


E NÃO POR SERVOS

O “filho mais velho” da parábola do “filho insatisfeito”


Para entendermos melhor a diferença entre estes dois sujeitos que estão
dentro da igreja – “servos” e “filhos” – analisaremos o comportamento do
“filho mais velho” da parábola do “filho insatisfeito”; ele é a
personificação do que significa ser apenas um “servo” e não um “filho”.
Leiamos Lucas 15.25 a 31:
“Enquanto isso, o filho mais velho estava no campo. Quando ele voltou e
chegou perto da casa, viu a festa e... ficou zangado e não quis entrar (na
casa) ... ele respondeu: ‘Faz tantos anos que trabalho como um escravo

151
para o senhor e nunca desobedeci a uma ordem sua. Mesmo assim o
senhor nunca me deu nem ao menos um cabrito para eu fazer uma festa
com os meus amigos. Porém esse seu filho desperdiçou tudo o que era do
senhor, gastando dinheiro com prostitutas. E agora ele volta, e o senhor
manda matar o bezerro gordo!’. Então o pai respondeu: “Meu filho, você
está sempre comigo, e tudo o que é meu é seu”.
Olhando para o quadro geral desta história contada por Jesus, podemos
perceber que o filho mais velho não tinha nenhuma preocupação com seu
irmão que acabara de voltar para casa são e salvo. Ele era um trabalhador
do campo que se sentia como um escravo do Pai, achando-se mal
recompensado. Ele era “filho”, mas não se via como um filho e sim como
um “servo”; ele é a imagem exata do “servo” que não se vê como “filho”.
Nossas igrejas estão lotadas com estas pessoas; gente que “faz”, mas
que não consegue “ser”, e está sempre sentindo-se explorada. Sabemos
que Jesus nos chamou para ser “servo”. Sim. Claro. Mas no momento, o
que queremos dizer por “servo” é aquela pessoa que está na igreja mas é
um “órfão que serve e cobra o pagamento”, exatamente como o ‘filho
mais velho’ fez. Para designar este tipo de comportamento usaremos a
palavra ‘servo’. Ok?
Marta, ‘a serva’ e Maria, ‘a filha’
Maria é o exemplo do que é ser uma ‘filha’ e Marta o exemplo do que é
ser uma ‘serva’: “Maria, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo a sua
palavra. Marta, porém, estava ocupada com muito serviço. E,
aproximando-se dele, perguntou: “Senhor, não te importas que minha
irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!”
Respondeu o Senhor: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta
com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a
boa parte, e esta não lhe será tirada”.

152
Enquanto uma estava focada em “servir e fazer” a outra estava focada
“em aprender e ser” (parte essa que não lhe poderia ser tirada!).
Vejam bem, Marta não estava errada em servir, nem o filho mais velho;
o erro, claro, não é “servir”; o erro é não saber “o porquê está servindo”.
Qual os fundamentos. A base. A origem.
“O porquê se faz algo” é tão ou mais importante do que simplesmente
o “fazer algo”.
Se você fizer coisas por motivos errados, provavelmente estará
desperdiçando seu tempo.
Há pessoas que fazem as coisas certas,
mas pelos motivos errados!
“Peço que notem bem aqueles que provocam divisões e escândalos,
[...] esses tais não servem a Cristo, mas servem a seu próprio ventre.”
Romanos 16.17,18.
Por que servem?
Servem por si e não por Cristo!
São servos, mas não são filhos!
Traduza a palavra “servir” por “tudo o que fazemos”, e pergunte-se:
você é daqueles que estão mais focados em fazer coisas nesta vida ou em
ser uma pessoa melhor nesta vida? Qual o teu grande foco? Ser ou Fazer?
Se o fazer estiver acima do ser, o servo prevalecerá sobre o filho e o
esconderá, diminuirá, menosprezará.
A carência do ser-humano, sua necessidade de reconhecimento, de
aplausos e de autoconfirmação, são poderosos instrumentos de escravidão
impostos sobre a criação do Pai.
A humanidade está escravizada pelos seus próprios enganos.
Precisamos nos libertar do espírito de escravidão do filho mais velho; do

153
espírito de escravidão de Marta.
O espírito de servidão é o órfão travestido de servo. A roupa de servo é
linda, bem branquinha, uma beleza, mas debaixo dela não tem um filho,
tem apenas um órfão que sente-se explorado pelo Pai.
Os religiosos são a perfeita e plena expressão do servo. Eles “fazem”
tudo, mas não “são” nada! Jesus chamou os religiosos de “sepulcros
caiados”, ou seja, gente morta por dentro e pintada de cal branco por fora!
Enquanto o filho insatisfeito se cobriu de lama, o filho mais velho se
cobriu com cal branco! Mas nem uma cobertura nem outra é válida. As
duas são igualmente terríveis!
A capa branca de servo esconde os bichos peçonhentos que habitam
dentro dos sepulcros da alma humana que não se sabe amada pelo que ela
é: uma filha amada do Pai!!!!
Se Satanás não puder fazer de você
um órfão humilhado no chiqueiro dos porcos;
ele tentará fazer de você
um servo soberbo dentro da casa do próprio Pai.

Servo e Filho no Velho Testamento


Esse mesmo princípio que diferencia o “servo” do “filho” está
espalhado por todo o Velho Testamento:
Davi e os Irmãos: O profeta Samuel viu nos irmãos de Davi força física
para servirem como Rei, mas Deus viu em Davi um coração de filho para
ser Rei. Deus queria que um filho seu fosse o Rei, não um servo!
Esaú e Jacó. Enquanto os bons serviços de Esaú faziam dele o filho
perfeito para Isaque; o coração de filho fazia de Jacó o filho perfeito para o
Pai dos céus. Jacó não era bom caçador (bom servo), mas era um bom
filho, e valorizava isso; por isso trocou o que ele fez (um prato de lentilha)

154
por aquilo que ele queria ser (um filho primogênito). Enquanto Esaú
valorizava sua performance na caça, Jacó valorizava apenas ser um filho.
Esaú valorizava ser servo, enquanto Jacó valorizava ser filho. Esaú não
via muito valor em ser o “filho primogênito” então vendeu o privilégio de
“ser” por um prato de lentilha. Conclusão: O bom filho, Jacó, tornou-se o
grande Pai, Israel.
Satanás e Jesus. E por último, o símbolo mais emblemático da
diferença entre “servo” e “filho”: Satanás e Jesus.
Satanás foi criado por Deus cheio de talentos e dons, mas Jesus foi
gerado na eternidade como um filho. Enquanto satanás visitava a sala do
Trono, Jesus morava na sala do Trono.
A essência do anjo é de ser servo, veja Hebreus 1.13: “não são os
anjos, espíritos ministradores enviados para servir àqueles que hão de
herdar a salvação?”.
Os anjos foram criados para servir,
enquanto o ser-humano foi criado para serem filhos do Pai!
Atente para o seguinte: os anjos são maiores em força e poder, mas só
os homens são a imagem e semelhança do Pai.
Satanás é a plena expressão do servo que inveja o filho.
Como será que começou a rebelião de Satanás nos céus?
Será que não foi porque ele não tinha a perfeita comunhão com a
família do Pai e sentiu inveja?
A posição de intimidade e comunhão pertence somente aos filhos e não
aos servos! Isso porque os filhos compartilham dos mesmos sentimentos,
interesses, pensamentos e sonhos; diferente dos servos, que trabalham na
família, mas seus corações estão em outro lugar. A bíblia diz: “andarão
dois juntos se não estiverem de acordo?”. Os filhos andam junto com o Pai
porque estão de acordo com Ele; já os servos não, eles não compartilham

155
dos mesmos sonhos, sentimentos, projetos e planos.
Veja algumas diferenças entre o “filho” e o “servo”:
 Os filhos trabalham pela família; os servos, para a família.
 Os filhos pertencem à família; os servos frequentam a família.
 Os filhos valorizam o Pai; os servos valorizam o que Ele faz.
 Os filhos defenderão a casa; os servos defenderão a si mesmos.
 Os filhos têm interesse comum; os servos, interesses particulares.
 Os filhos são como o Pai; os servos fazem como o Pai.
Observe bem as diferenças entre filhos e servos e pergunte-se: eu sou
um servo ou um filho?

OS FILHOS E OS SERVOS NA IGREJA.

Os atritos entre os filhos não rompem os relacionamentos, pelo


contrário, os fortalece; já os atritos entre os servos, os afastam.
Os filhos se respeitam e se amam pelo que são, filhos. Mas os servos se
respeitam e se amam pelo que fazem; se o que fazem for afetado, o próprio
relacionamento estará em risco de ser afetado.
O foco dos filhos é a conexão da família; o foco dos servos é o seu
funcionamento; para o servo, quem atrapalhar o funcionamento deve ser
substituído sem maiores preocupações; já os filhos buscarão suprir as
deficiências do funcionamento para protegerem o relacionamento.
Jesus, conta-nos a parábola da figueira estéril: o dono da vinha disse:
corta essa figueira, mas o vinhateiro, apegado à figueira, disse: espera mais
um ano!
Para os servos a base dos relacionamentos está no que eles fazem, mas
para os filhos, a base do relacionamento está no que eles são.
Os servos fazem para ser, os filhos fazem porque já são. Enquanto o

156
servo tenta “ser” pelo que ‘faz’, o filho sabe quem é sem fazer nada.
O servo acredita que seus esforços poderão promovê-lo a condição de
filho amado – condição que não se conquista, apenas se reconhece –
enquanto que os filhos se esforçam para cumprir o seu propósito e o seu
chamado.
Os filhos fazem olhando para o Pai, o Pai é o alvo; os servos fazem
olhando para si.
Os filhos não se sentem ameaçados, quando cobrados; nem feridos,
quando exortados; muito pelo contrário; os filhos sabem que não perdem o
seu valor quando erram, falham ou não fazem direito as coisas. Por isso, os
filhos aceitam a repreensão e a correção porque eles realmente querem
fazer o melhor ao Pai, por amor, e não por reconhecimento.
A motivação do filho não vem dos aplausos e das recompensas – apesar
delas serem muito bem vindas – a motivação vem do prazer de ver a obra
do Pai sendo realizada.
A realização do filho está no completar a obra do Pai.
O filho olha para o projeto do Pai e se encanta com ele, sente-se
honrado em fazer parte Dele, é algo grandioso e isto o engrandece, ele sabe
que faz parte do todo, sabe da sua importância no projeto e tem prazer e
honra pelo privilégio de fazer parte dele.
O servo não entende o projeto, não vê propósito, está tão centrado em si
e em suas necessidades pessoais que não consegue enxergar a glória do
projeto que o Pai está realizando. Ele trabalha no projeto, mas não vê valor
nele. Está ali somente pela recompensa; pelo pagamento no final do mês. E
só.
Os servos fazem tudo o que os filhos fazem; mas às vezes são
negligentes com seus compromissos; relapsos no serviço, desinteressados
nos resultados; desmotivados nos desafios e comedidos na entrega. Muitas
vezes, sentem-se usados, cobrados e exigidos demais. Veem mais defeitos

157
que qualidades; mais entrega do que recebimento; mais sacrifício, do que
recompensa.
Os servos precisam de constante aprovação, aplausos e reconhecimento;
sentem-se – invariavelmente – exaustos, cansados, esgotados,
desmotivados e abatidos. Nunca se resolvem, nunca se encontram, nunca
se satisfazem.
Já os filhos vestem a camisa da família. Amam a família. Lutam pela
família. Defendem a família. Celebram suas conquistas e choram suas
derrotas. Investem muito mais do que ofertas em espécie; investem suas
próprias vidas. Sabem que não estão de passagem, fizeram da igreja muito
mais do que um lugar para ser frequentado, fizerem dela um lugar para
pertencer, um lugar para amar e ser amado. Estes são os filhos, que criam
raízes e dão os seus frutos, a trinta, a sessenta e até cem por um!
São ousados, felizes, plenos e estão sempre em constante e rápido
crescimento, investindo todos os seus talentos em prol da família, porque a
ama, acima de tudo.
Durante o período da quarentena em que as igrejas estiveram
impossibilitadas de realizar seus cultos presenciais, os filhos trabalharam
arduamente para que os cultos fossem gravados e transmitidos; nas equipes
de louvor, continuaram louvando a Deus sem ninguém para vê-los;
serviram nos ministérios da igreja com dedicação; fizeram suas células
pelo WhatsApp, Zoom e outros aplicativos; fizeram também suas reuniões
de discipulado e visitaram os irmãos mais necessitados; distribuíram cestas
básicas; foram fieis nas entregas das ofertas e dos dízimos; acompanharam
com fidelidade os cultos pela internet; compartilharam seus comentários e
deram seus likes; enfim... os filhos estiveram firmes como os verdadeiros
fundamentos da igreja. Os filhos! Sempre os filhos!
Uma pesquisa nos Estados Unidos relatou que depois de cinco semanas

158
de quarentena as visualizações dos cultos diminuíram em 50%! Lembrei-
me das virgens prudentes e das loucas – 50% deixou acabar o azeite –
coincidência ou é uma estatística divina? Será que 50% dos membros de
uma igreja são servos e 50% são filhos? Quero crer que não!
Precisamos formar os filhos que sustentam a igreja. São eles que a
fazem crescer na essência, e não na aparência. São eles que enfrentam os
grandes desafios e oposições. Os Filhos Amados do Pai. Sempre eles.
Podem falar o que for dos filhos, mas eles são o povo mais feliz da Terra!
São plenos e completos! Referem-se a si mesmos como o apóstolo João:
“aqueles a quem Jesus ama”. São convictos do Amor do Pai, por isso são
mais felizes. Sim, eu creio, muito mais felizes.
Ore: “quero ser um filho-servo e não um órfão-servo...”

159
CAPÍTULO 15

PATERNIDADE DOS PEDAGOGOS


+
PATERNIDADE DOS PAIS

“Embora possam ter dez mil tutores (PEDAGOGOS) em Cristo, vocês


não têm muitos pais, pois em Cristo Jesus eu mesmo os gerei por meio do
evangelho. Portanto, suplico-lhes que sejam meus imitadores.”. 1ª
Coríntios 4:15-16

Quando Paulo diz: “embora possam ter dez mil tutores” (grego:
pedagogos = professores). Paulo estava dizendo o seguinte: Vocês podem
ter “milhares de professores”, ou “milhares de influenciadores
digitais”, ou “milhares de mestres”, mas PAI vocês só têm um, aquele
que os gerou em Cristo!
Nesta carta aos Coríntios, Paulo reivindica sua “autoridade legítima de
pai”; uma vez que foi ele mesmo quem os “gerou em Cristo”; em
detrimento dos “milhares de tutores em Cristo” que aqueles seus filhos
poderiam ter.
A “autoridade de pai” da igreja local, que por estar perto dá o
exemplo a ser seguido, está acima dos “milhares de tutores” que um
filho possa ter.
Aprendemos aqui três princípios importantes no relacionamento entre a
paternidade da igreja e os seus filhos:

160
1º – Os filhos sempre terão milhares de tutores PEDAGOGOS.
2º – A autoridade paterna é da igreja local que gerou o filho em Cristo.
3º – O modelo de uma vida cristã está na igreja onde o filho é gerado.
Foi Paulo quem gerou aquela igreja e nada mais justo do que ser
respeitado e imitado por ela.
Quem dá o alimento diário, cuida, ama e dá o exemplo; com certeza, é o
mesmo que deve ser respeitado, honrado e exercer a autoridade de um pai.
Aliás, só conseguimos imitar àquele a quem conhecemos de perto, com
quem caminhamos e podemos observar como se comporta nos momentos
bons e nos difíceis, como trata os filhos e a esposa... é impossível
‘IMITAR’ um youtuber famoso, que tem milhares de acessos... mas não o
conhecemos de perto. Eles exercem apenas o papel de PEDAGOGO... mas
imitar mesmo, só àquele que está bem perto.
O que os coríntios estavam fazendo é o mesmo que um filho faz quando
é amado, cuidado, protegido e sustentado pelos pais, mas resolve ter o
vizinho como autoridade e modelo de vida – um modelo de vida que você
não conhece de fato, porque não convive com ele.
Se você ler as duas cartas de Paulo aos coríntios, você perceberá que a
igreja estava dividida em relação a quem PERTENCIA. Uns diziam: “eu
sou do Paulo”; outros diziam: “eu sou de Apolo”; e outros ainda: “eu sou
de Pedro”. Muitos questionavam a paternidade do Apóstolo Paulo.
Estavam mais atrás da performance de eloquente Apolo – que pregava
melhor que Paulo – do que dos ensinos do pai Paulo. Eles foram atraídos
ao Apolo, como abelhas ao açúcar; ficaram encantados com a eloquência
de Apolo quando pregava; mesmo não sendo ele um bom exemplo de vida
cristã.
Claro!
Ele mesmo não era discípulo de ninguém! Apolo era um freelancer da

161
fé; um autônomo; não se submetia a ninguém. Sabia muito da bíblia, mas
vivia pouco dela! Era um excelente pregador, e um péssimo filho.
É interessante como os órfãos espirituais
nunca são atraídos pela essência, mas sempre pela aparência!
Para o órfão, a embalagem tem mais valor do que o conteúdo.
Aquilo que enche os olhos, e é efêmero; tem mais valor do que aquilo
que preenche a alma, e é eterno.
Estavam enganados. Os órfãos sempre se enganam. Na verdade, o
engano, é a marca do órfão; é órfão porque se deixou ser enganado.
Estes versículos são muito, muito importantes, porque eles lançam
muita luz sobre qual é a responsabilidade da igreja e a responsabilidade do
filho!
Todos nós estamos aprendendo com “milhares de tutores” – milhares
de influenciadores digitais, milhares de livros, milhares de professores nas
escolas – muitas coisas boas (e más também) – mas nunca podemos nos
eximir da responsabilidade que temos em buscar na igreja local os bons
exemplos de vida a serem imitados e ouvir suas exortações e receber seu
consolo.
A igreja nunca conseguirá suprir a função dos “milhares de tutores”
que cumprem uma missão importante no crescimento e amadurecimento de
cada filho. Mas, só a paternidade da igreja local, é que tem a autoridade
para conduzir a caminhada dos filhos que ela mesmo gerou e pelos quais
ela é responsável.
Só na igreja local você encontrará a exortação necessária, o abraço
consolador e o bom modelo a ser imitado.
É muito importante entender que o Pai dos céus, exerce uma
“paternidade pedagógica”, através de várias fontes diferentes sobre os
seus filhos neste mundo! Mas os filhos, precisam distinguir entre os dois.

162
Entre quem é apenas o TUTOR e quem é o PAI. A “paternidade
pedagógica” da “paternidade pessoal”. A primeira, informa; enquanto que
a segunda, forma.
Esta submissão é tão importante que o apóstolo Paulo usa a palavra
“suplico”: “eu suplico a vocês que sejam meus imitadores, como eu sou
de Cristo”. É um apelo quase desesperador: “suplico”, do grego,
“parakaleo”. Esta palavra pode ser traduzida por: “peço com veemência”,
“rogo”, “imploro” que vocês “sejam meus imitadores!”.
Uauuu!!!
Os discípulos da igreja podem aprender com muitos pregadores
eloquentes, mas precisam entender que eles só conseguirão imitar e se
“identificar” com alguém de carne e osso; com quem convivem e que está
diante deles todos os dias; e esta pessoa está na igreja local; diferente dos
irmãos que pregam no Youtube.
A paternidade da igreja, portanto, tem forte ênfase no modelo de vida
cristã. No exemplo de vida, no caráter, na santidade... Está muito mais
fundamentada no exemplo que forma, do que no ensino que informa.
Enquanto os escritores, os youtubers, os influenciadores gospels
digitais, os professores das escolas e etc., informam; a igreja local, forma;
através dos seus modelos.
É claro que a igreja local ensina e informa também. Ela faz isso, pelo
altar, cursos, ministrações e de tudo aquilo que produz como material de
ensino e capacitação.
Mas é evidente também, principalmente nos dias de hoje, quando a
informação se tornou tão fácil, prática e disponível para todos através da
internet, que o ensino informativo está vindo de todos os lugares.
Se naquela época, Paulo já falava dos milhares de “pedagogos”,
imagina hoje? Já chegaram aos milhares de milhares!!!
Mas nunca, toda essa multidão de informações, conseguirá substituir a

163
essência da paternidade que só se encontra na igreja local.
É exatamente isso, e somente isso, que faz da igreja local uma família a
pertencer; e não somente um lugar a frequentar. Se assim fosse, a internet
acabaria com a necessidade da igreja local! Mas, como assim não é, a
igreja nunca, jamais, perderá a sua importância e singularidade.
Se a “paternidade pessoal” é essencial
na formação do caráter do filho,
a “paternidade pedagógica” é essencial
na formação das capacidades cognitivas do filho,
sem as quais o filho seria improdutivo.

CUIDADO! EXCESSO DE INFORMAÇÃO, DEFORMA

Uma certa pesquisa sobre excesso de informações na internet, contou


com 6 mil homens e mulheres entre 16 e 55 anos em oito países europeus e
79,5% admitiu que usa a internet como uma extensão do cérebro, por isso,
esquecer-se de uma informação não é necessariamente ruim para eles – são
tantas informações disponíveis que se eu esquecer de muitas, não fará
falta!
Será?
O psiquiatra Mário Louzã, do Hospital das Clínicas em São Paulo,
afirma que o grande desafio é saber selecionar o que interessa, ele diz: “a
informação tem que ser metabolizada para se tornar conhecimento. Tem
de haver um filtro. Nosso sistema de memória a arquiva conforme a
importância”. Ele explica que toda atitude implica primeiro em uma
análise e depois na tomada de uma decisão adequada perante as
informações que se tem. Se o cérebro encontrar dificuldade nesse processo,
a pessoa fica paralisada; “o que faz com que a gente decida é a relevância
das informações que temos”, diz ele.

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O que estas pesquisas e o psiquiatra Mario Louzã estão dizendo?
As muitas informações não estão sendo processadas e armazenadas em
nossos corações; e quando chega a hora de tomarmos decisões importantes
na vida não conseguimos saber qual é a melhor decisão; porque não temos
uma base de conhecimento bem solida – quando precisamos acessar o
banco de dados das informações que temos no HD de nossa memória, está
um verdadeiro caos! Conclusão? Ou tomamos decisões erradas, ou não
tomamos decisão nenhuma (o que já é uma decisão errada também).
Informação demais não traz benefício se você não conseguir processá-
las e transformá-las em valores essenciais e arquiva-las em seu coração.
Jesus disse: “Porque do coração é que procedem os maus intentos,
homicídios, adultérios, imoralidades, roubos, falsos testemunhos,
calúnias, blasfêmias”. Mateus 15.19.
Se o coração não transformar as milhares de informações em valores
fundamentais de vida, o coração não terá bases para a tomada certa de
decisões.
É preciso muito cuidado com os milhares e milhares de pedagogos do
mundo digital a que os filhos estão sendo expostos diariamente! Tem muita
coisa boa? Tem! Mas tem muito lixo também! Muito lixo!!!
O pastor dos dias atuais precisa aceitar mais do que nunca que suas
ovelhas estão comendo cada vez mais no pasto da internet; sendo ele
mesmo o responsável por servir um “pasto caseiro” muito melhor do que
o “pasto dos fast-foods da vida”.
De forma que os filhos possam dizer: é bom comer, de vez em quando,
nos fast-foods, mas nada se compara com a comidinha saldável, saborosa e
de qualidade garantida, feita em casa.
Por sua vez, os filhos precisam tomar muito cuidado com as
maravilhosas comidas dos restaurantes, que chamam muito a atenção, são
muito saborosas, mas causam verdadeiros estragos na saúde espiritual do

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seu corpo!
Essa comida, por causa do seu excesso de gordura, açúcar e outros
elementos pouco nutritivos, às vezes, gera problemas nas articulações dos
relacionamentos; paralisa os órgãos purificadores do corpo; causa lentidão
nos órgãos digestivos prejudicando a absorção dos verdadeiros nutrientes;
provoca excesso de gordura concentrada e inútil ao corpo e atrofia os
membros, diminuindo suas realizações.
Esse tipo de comida, em excesso, pode causar sérios danos à capacidade
de sentir, ver, ouvir e perceber o mundo real; levando, às vezes, a um
estado mental catatônico; cortando todas as suas capacidades de conectar-
se com o semelhante - no Japão, este isolamento social provocado pela
internet tem nome: “os hikikomori”; jovens que não conseguem mais se
relacionar com pessoas reais!
É certo que os pais precisam tomar cuidado com o que seus filhos estão
comendo nas escolas e nas ruas. Por outro lado, os filhos, depois de uma
certa idade, não precisam mais ser ensinados que não se come doce
demais; que não se chupa sorvete no lugar do almoço; e nem chocolate no
lugar da janta. Eles já têm idade o suficiente para fazerem suas escolhas! O
filho precisa escolher qual é a melhor comida!
Creio que os “milhares de tutores” com os quais o apóstolo Paulo estava
tendo problemas nos seus dias, foram multiplicados exponencialmente nos
dias de hoje, e precisamos falar sobre isso em nossas igrejas.
Estabelecendo os limites e as orientações necessárias para a conservação
da boa saúde psicológica e emocional dos filhos.

VOCÊ JÁ SE DESCOBRIU COMO UM FILHO AMADO DO PAI?

A melhor das escolhas, é a escolha de ser filho.


Escolha ser filho e, em troca, você descobrirá a honra, o privilégio e a

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plenitude desta descoberta!
Você receberá a cobertura do Pai, que o revelará ao mundo e a você
mesmo.
Esta descoberta te colocará no rumo do cumprimento pleno do seu
destino, o que te fará plenamente realizado nesta vida.
Esta descoberta te fará frutífero e feliz, mesmo se estiver no deserto.
Esta descoberta impedirá você de ser enganado ou seduzido por
propostas malignas; e muito menos ser paralisado por ameaças.
Com esta descoberta, o inimigo nunca conseguirá colocar dúvidas em
seu coração a respeito do seu valor.
Esta descoberta o faz Forte, Empoderado e Pleno!
Esta descoberta, tão essencial, te dá Vida Plena e Abundante!

DECLARE BEM ALTO:


‘EU SOU UM FILHO AMADO DO PAI’.

Fim?
Não!

Só o começo de novas histórias como um filho amado do Pai!

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REFERÊNCIAS:
Capitulo 4

1. BARTHOLOMEW , James. The Welfare State We‘re in. 1 . ed. rev.


Londres: Biteback Publishing, 2013. 320 p.

Capitulo 6
1. D., S.T.D. Léxico Grego de James Strong 2002. STRONG’S
NUMBER: g2889 Dictionary Definition – κοσμος Kosmos -
provavelmente da raiz de 2865 ; TDNT - 3:868,459.
2. Luiz de Carvalho – LP Obra Santa -1969

Capitulo 11
1. NEUENSCHWANDER, Markus. Desenvolvimento e Identidade na
Adolescência. 1. ed. São Paulo: Almedina, 2002. 294 p.
2. https://www.fasdapsicanalise.com.br/ausencia-completa-da-mae -
‘Perturbações Somáticas E Psíquicas Como Resultado Da Ausência
Completa Da Mãe’. Site: Fãs da Psicanálise - 24 de agosto de 2016

LEWIS, C. S. Cristianismo Puro e Simples. 5. ed. São Paulo, 1997.

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