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Daniel Menezes

Infestação
© 2008, Danprewan Editora
Edição de texto: Alexandre Emilio Silva Pires
Revisão: Josemar de Souza Pinto
Capa: Ronan Pereira
Diagramação: Futura
Consultoria editorial: Josemar de Souza Pinto
As citações bíblicas foram extraídas da Nova Versão Internacional [NVI], publicada
pela Editora Vida, salvo indicação em contrário.

CIP-BRASIL. CATALOGAÇÀO-NA-FONTE
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
Menezes, Daniel Araújo de, 1965- Infestação / Daniel Araújo de Menezes.
- Rio de Janeiro: Danprewan,
194p.
Inclui bibliografia ISBN 978-85-7767-003-1
1. Guerra espiritual. 2. Possessão demoníaca. I. Título.

Digitalização: E.banner
Formatação: sssuca
Agradecimentos

A Deus, pela inspiração e revelação das verdades eternas na minha vida.

Ao pr. Josemar de Souza Pinto, pela confiança e desafio lançado ao autor


para a exposição do tema.

A Adelma, esposa querida, e aos meus filhos, Ícaro e Bethânia, pela


compreensão e força durante o processo de redação deste livro!

Jesus lhe perguntou: "Qual é o seu nome?" "Legião",


respondeu ele; porque muitos demônios haviam entrado nele
[...]. Saindo do homem, os demônios entraram nos porcos, e toda
a manada atirou-se precipício abaixo em direção ao lago e se
afogou.
- Lucas 8.30

... a nossa luta não é contra seres humanos, mas contra os


poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de
trevas, contras as forças espirituais do mal nas regiões celestiais.
-Efésios 6.12

Eu vi Satanás caindo do céu como relâmpago. Eu lhes dei


autoridade para pisarem sobre cobras e escorpiões, e sobre todo
o poder do inimigo; nada lhes fará dano...
-Lucas 10.18
Sumário

Apresentação............................................................................................... 5
Introdução................................................................................................... 7
1. Vivendo no Meio da Infestação ..............................................................9
2. Desmistificando o Senhor das Trevas ..................................................12
3. O Acampamento Seguro.......................................................................28
4. Domesticação dos Espíritos: Força ou Poder? .....................................41
5. O Preço da Desobediência ....................................................................55
6. Demarcação de Terreno: uma Estratégia Diabólica .............................71
7. Partindo para a Luta ............................................................................83
Conclusão................................................................................................ 109
Referências Bibliográficas........................................................................ 111
Apresentação

Registro o meu privilégio em receber tão nobre convite para


apresentar esta obra magnífica do meu amigo pr. Daniel Araújo de
Menezes. Diga-se, de passagem, que, ao longo da minha caminhada
cristã, tenho lido e pesquisado várias obras sobre as artimanhas e
manifestações de Satanás, mas há muito não lia algo tão real. É a
primeira vez que leio uma obra com esse título, o que causará grandes
mudanças na forma de pensar, analisar e resolver conflitos existenciais.
Nada melhor é o autor escrever sobre fatos reais.
O pr. Daniel é um apaixonado pela Bíblia e um servo de Deus
submisso. Professor de Bíblia na Faculdade de Teologia e Filosofia
Macaense, suas aulas são disputadíssimas. Seus alunos ficam
entusiasmados e contam os dias em que estarão novamente em sala de
aula com o mestre. Quando relato sobre o autor, tudo o que posso dizer
sobre ele e sobre a sua obra é pouco diante do muito que Deus lhe tem
revelado. o que relato sobre ele serve apenas para dar uma amostra de
quem realmente ele é; para tanto, o que virá confirmar as minhas
limitadas palavras é o leitor viajar sobre as páginas deste livro.
Ao narrar as suas experiências sobre infestação, a verdade é que cai
sobre nós "um certo arrepio" por ter a certeza da veracidade da atuação
maligna, não apenas em uma pessoa ou em sua casa, mas em um lugar.
Creio que o povo de Deus, ao ler esta obra, terá duas fases: uma antes e
outra depois.
No capítulo 3, quando narra sobre a cegueira do próprio Satanás
usando uma pessoa que, ao sair da sua casa, havia jurado para a esposa
que mataria o autor, podemos ver que Deus esteve em todo o tempo ao
lado do seu servo, razão pela qual impediu que Satanás executasse o seu
terrível intento. Convém ressaltar que só essa experiência já bastaria para
os crentes serem ou se tornarem mais dependentes de Deus; portanto,
quando há oração em um ministério, esse ministério é cada vez mais
desafiador.
Um alerta do autor, no capítulo 5, é sobre a desobediência, que
resulta em pessoas sofrendo e pagando um alto preço. Somos avisados de
que o servo de Deus deve obedecer ao seu líder espiritual, pois, caso
contrário, as conseqüências serão trágicas.
Vale a pena, meu caro leitor, experimentar as delícias e desafios
espirituais contidos neste livro. É-nos mostrado de maneira bem clara e
definida que todo crente disposto a ser identificado com o seu Senhor e
Salvador Jesus Cristo depende de um bom equipamento para a batalha.
O pr. Daniel recebe, sem dúvida alguma, uma das mais belas
revelações da parte de Deus. Para escrever o que ele escreveu tem de se
tratar de alguém que anda muito próximo de Deus. Enfrentar o que o
autor enfrentou e permanecer de pé, só para alguém que nunca teve
dúvidas da razão de ser chamado para o ministério de Jesus Cristo.
Louvo a Deus por sua família: Adelma (esposa), Ícaro e Bethânia (filhos),
pois, para viver em um lugar infestado por espíritos malignos e preservar
sua vida sem mancha, é preciso ter uma esposa santa e filhos
consagrados a Deus.
Sou testemunha e posso provar a paixão que essa família tem por
Deus. Que Deus o abençoe. Boa leitura!

Rev. Aécio Pinto Duarte


Doutor em Ministério Pastoral pelo
Seminário Hagai, vice-presidente da
Convenção Batista Fluminense e
presidente da Ordem dos Pastores
Batistas Fluminenses. Diretor da
Faculdade de Estudos Teológicos
Macaense e pastor da Quarta Igreja
Batista de Macaé RJ.
Introdução

Gostaria, antes de tudo, de fazer minha apresentação. Sou pastor


batista desde 1985, convicto do Pacto das Igrejas Batistas do Brasil e da
Declaração Doutrinária da Convenção Batista Brasileira. É meu desejo
compartilhar neste livro a visão que recebi do Espírito Santo não
somente durante importantes momentos de meu pastorado, mas,
igualmente, de minha vida como cristão atuante em uma igreja batista.
Relutei, a princípio, em realizar esta empreitada. Os relatos que
aqui apresento são experiências pessoais e, como tais, provavelmente
motivo de discordância, concordância, dúvida ou debate por parte de
alguns ministros, teólogos, filósofos, cientistas, assim como de outros
estudiosos, os mais diversos, do assunto que abordo. Todavia, fui levado
a fazê-lo por inspiração de Deus e pelo incentivo pessoal de um primo,
pastor batista também, que, em visita a nossa cidade, após ouvir relatos
que lhe fiz de algumas de minhas vivências, sugeriu-me colocá-los em
forma de narrativa escrita, porquanto, entendia ele, poderia vir a ser de
utilidade para a edificação da Igreja e de seus membros individualmente.
Chamou-me ele a atenção, ainda, para fatos que haviam ocorrido,
peculiares ao local onde eu estava atuando como ministro do evangelho.
Revelava-se nesses fatos uma estratégia definida, de que faziam parte,
sem dúvida, seres espirituais, que estariam exercendo dominação
naquele bairro.
Nascido e criado em família propensa à abertura a constantes
ataques de Satanás e seus demônios, cresci vendo minha avó, que morava
conosco, sendo constantemente possuída por uma entidade que se
autodenominava "Criança"; mas uma "criança" muito má, que nos
ameaçava se não fizéssemos o que exigia.
Dias, meses, anos se passaram em que tivemos de aprender
duramente a conviver com aquela situação, aparentemente semelhante a
uma brincadeira da infância, em que tínhamos de fazer o que "o mestre
mandava", e, se não cumpríssemos a ordem, seriamos punidos
realizando uma tarefa. Todavia, a entidade que dominava minha avó não
nos obrigava a simplesmente realizar uma tarefa, mas, sim, ameaçava,
constante e seriamente, as nossas vidas. Cinco crianças frágeis, pois são
quatro os irmãos que tenho, eram assim mantidas cativas e oprimidas
por tal demônio.
Creio que essa verdade se repete, dia após dia, em muitos lares,
pelo mundo, atingindo pessoas tão indefesas quanto éramos eu e meus
irmãos diante daquela situação. E o que fazer para que esse sofrimento e
essa opressão sejam dissipados?
Assisti, não faz muito tempo, a um filme intitulado Possuídos, uma
ficção, em que o ator Denzel Washington interpreta um detetive que
tenta desvendar uma trama, cujos agentes não são detectáveis, fazendo
parte, portanto, do mundo espiritual. Não quero me ater propriamente
ao enredo do filme, mas à maneira em que determinado ser migrava, com
facilidade e tranqüilidade, pelos corpos das pessoas e dos animais. Pense
bem o leitor se isso não é justamente uma condição imposta por Satanás
na vida de milhares e milhares de pessoas pelo mundo. O detetive
pensava poder liquidar o demônio, no filme. Contudo, o que ele não sabia
é que os demônios não morrem; eles têm vida por toda a eternidade,
enquanto assim for da vontade de Deus. De fato, eles não podem,
fisicamente, morrer — mas podem ser perfeitamente expulsos, afastados
e neutralizados, em nome do Senhor Jesus Cristo!
Por que o título deste livro, Infestação?. Infestação, aqui, refere-se
à presença de seres belicosos, dotados de armas espirituais, que, durante
meu ministério, travaram uma grande batalha, na "ilha Dominação".
Este, o nome fictício que dei ao bairro onde então exercia o meu
pastorado. Procuro, nos relatos que se seguem, manter protegida, sob
nomes fictícios, a identidade das pessoas que participaram de tais
momentos de submissão ao poder daquelas entidades e livramento delas,
por ser meu desejo manter a integridade e idoneidade de todos.
Devemos conhecer nosso inimigo, pois estamos em uma batalha
espiritual. Para tanto, precisamos do espírito de sentenças, assim,
estabelecidas pelo próprio "autor" dos crimes. Isso não parece uma
incoerência? Aquele que pratica é o mesmo que julga o crime praticado
pelo próprio punho. Temos, pois, de rogar ao Senhor da seara que mande
obreiros revestidos e, conseqüentemente, comandados pelo Espírito
Santo, para que possam investigar e resolver, com a melhor ótica
espiritual, tais acontecimentos característicos do mundo espiritual.
Ainda está em tempo de o leitor, se preferir, parar de ler este livro,
pois ele poderá quebrar todos os preconceitos que ainda o mantêm
dentro de um mundo de incredulidade quanto a grandes e graves
acontecimentos do mundo espiritual.
A Bíblia é, e será aqui, nosso Manual de Regra e Fé, e, portanto, as
experiências que vivenciei estarão sendo respaldadas, através de todo o
texto deste livro, pela Palavra de Deus.
1

Vivendo no Meio da Infestação

O SENHOR disse a Moisés: Estenda a mão para o céu, e trevas


cobrirão o Egito, trevas tais que poderão ser apalpadas. Moisés
estendeu a mão para o céu, e por três dias houve apenas densas
trevas em todo o Egito. Ninguém pôde ver ninguém, nem sair do
seu lugar durante três dias. Todavia, todos os israelitas tinham
luz nos locais em que habitavam
-Êxodo 10.21-23

Os ares daquele bairro eram tão densos que quase dava para cortar
com uma faca, mas uma faca muito bem afiada — do contrário, corria-se
o risco de não conseguir cortá-los tão facilmente. Esta seria, na verdade,
a descrição mais exata do ambiente que compunha aquele local. Muita
gente entrava e saía dali sem se dar conta do que estava acontecendo nas
regiões celestes ali representadas. E, no entanto, não era preciso ser um
especialista para notar que existia algo de diferente no ar, quando se
cruzava o limite daquele bairro. o céu era azul, mas não havia como
contemplar a beleza do firmamento — o ar como que sufocava e
deprimia. E isso não se devia ao fato de ser um local de pessoas de baixa
renda, mas, sim, de um lugar sob o jugo de forças cósmicas. As brigas
eram constantes e em demasia, sem contar os assassinatos, que
periodicamente aconteciam, sem que isso causasse desespero ou
estranheza aos moradores. Não há necessidade de definir como era a
moralidade dos seus habitantes, nem falar do vasto uso de drogas, que ali
imperavam, garantindo a manutenção de um verdadeiro reino,
independentemente de quem fosse o rei.
Era essa, sem dúvida, a realidade que me esperava quando ali
cheguei para pastorear uma igreja. Uma igreja cujos membros não
tinham conhecimento do inimigo e, conseqüentemente, das artimanhas
por ele estabelecidas.
Já no primeiro momento, convidei um grupo da igreja, com a qual
trabalhara no período do seminário, para realizarmos uma evangelização
de impacto. Qual não foi minha surpresa quando uma das "ovelhas", no
momento em que orávamos para sair à batalha, apresentou-se possuída
de um espírito, que não era o do Deus que habita em nós, o Espírito
Santo. Durante alguns minutos, pudemos resistir àquela entidade e
proclamar a libertação que há em Cristo Jesus. Contudo, o que me
chamou a atenção foi o fato de não poucos membros terem afirmado que
a experiência não passava de um ataque de histeria, que já se tornara
constante, uma rotina, na vida daquela senhora...
Se um membro da igreja desconhece realmente do que se trata, já é
uma situação delicada para o pastor; mas como definir a dimensão e
implicação dessa questão se, porventura, a igreja toda, praticamente, não
acredita na existência e manifestação de agentes cósmicos do mal? Desde
cedo, percebi que teria dois problemas: lutar contra inimigos não
contados e abrir, pela orientação do Espírito Santo, a visão daquela igreja
quanto à existência dos seres que proliferavam na vida dos que residiam
naquele bairro.
— Pastor, no dia em que eu acreditar nessas representações, quero
que o Senhor Deus me tire deste mundo. Pois eu sou batista!...
Essas palavras foram proferidas por um dos diáconos, que não cria
na manifestação, talvez nem mesmo na existência de Satanás e de seus
anjos. Não estávamos, porém, de modo algum, diante de um desvio
doutrinário, mas, sim, de um fato espiritual, cujo agente principal era o
Príncipe das Trevas, Satanás. Havia uma decisão a se tomar: ou fechar os
olhos, ou encarar a situação. O que fazer? Como soldado de Cristo e
consciente da minha função, optei pela segunda, sem romper com a
minha denominação e igreja local, mas, sim, sendo um batista por
convicção e, ao mesmo tempo, servo por submissão.
A partir daí, já sabia o que fazer: resistir ao Diabo, pois ele tinha de
bater em retirada diante do poder de Cristo Jesus.
Não foi essa minha primeira experiência com as hostes da maldade,
pois minha infância foi marcada por um misticismo muito grande.
Lembro-me das idas a um centro espírita e a um centro de macumba.
Neste último, algumas coisas me chamaram a atenção e me intrigaram.
Creio que toda criança normal é dotada de um senso empírico de
curiosidade e investigação, pois, para a criança, todos os acontecimentos
carecem de uma explicação plausível.
Era uma sexta-feira, e quando lá chegamos já havia um grupo
muito grande de pessoas à espera da consulta com "exu caveira", este o
nome designado para aquela entidade do mal.
Enquanto aguardávamos, eu corria, como criança, de um lado para
o outro. Foi quando, de repente, houve um silêncio sepulcral: estava
chegando o pai-de-santo que receberia a entidade a que consultariam as
pessoas presentes. A incorporação aconteceu diante dos meus olhos, e foi
então que ele entrou em um quarto, cuja escuridão dominava. Mas era
uma escuridão diferente, pois o natural seria que a luz mais forte
penetrasse o cômodo cuja luz era menos intensa; como ali não havia luz,
era de esperar que a luz do terreiro invadisse aquele quarto, contudo não
foi isso o que aconteceu. Durante todo aquele "trabalho", observei que
em nenhum momento a luz penetrara o recinto onde se encontrava a
entidade. Fiquei cismado, pensando comigo mesmo sobre o porquê
daquilo.
Meus questionamentos eram muitos, e todos sem uma resposta
convincente. Embora essa prática de ir ao terreiro de macumba não fosse
comum, era o bastante para trazer ainda mais a ruína para o nosso lar.
Não havia paz, amor, unidade diante de situações terríveis como a de
tentativa de assassinato de minha mãe por parte do meu pai. E me
perguntava, porém, como poderia ser isso se tudo o que a entidade pedia
era feito!
O tempo passou e, com ele, o envolvimento de alguns dos meus
irmãos com o "baixo espiritismo". Meu irmão de idade imediata acima da
minha, sendo eu o caçula de cinco filhos, passara no concurso para a
Polícia Militar. Como eu, ele sempre teve problemas com as impressões
digitais. Precisava superar esse problema para ser em definitivo
incorporado ao batalhão da PM, mas todas as vezes que tentara não
obtivera êxito. Foi quando, mais uma vez, decidiu recorrer à macumba.
Em um dos mais conceituados terreiros da Baixada Fluminense,
procurou algum meio de ver seu problema solucionado. Lá, mandaram-
no mergulhar as mãos em um pote cheio de sangue de animais
sacrificados, pois, afirmavam, a partir daquele momento as suas digitais
apareceriam, e ele seria, então, contratado. Lembro-me que a única coisa
que ele recebeu foi um cheiro de carniça, que o acompanhou por semanas
a fio, mas a prometida solução não aconteceu. Pude perceber, então, que
Satanás dá pouco ou nada e cobra muito; promete o que não pode
cumprir.
Esse insucesso, aliás, deveria abrir os olhos de meu irmão, mas não
foi isso o que aconteceu...
Naquele bairro onde eu estava agora exercendo o meu ministério,
pude então entender o porquê de tantas coisas acontecerem comigo e de
como Deus me livrara de cada uma delas. Então, o que deveria fazer?
Nada! Pois muito cedo entendi que somos apenas instrumentos nas mãos
de Deus, barro nas mãos do Oleiro, ovelhas aguardando o comando do
Pastor.
Escolhi, portanto, depender das estratégias de Deus para aquele
local. E qual era a estratégia de Deus? A mesma de sempre: fazer o nome
de Seu Filho crido e exaltado. Pude, então, entender que a minha infância
e adolescência tinham sido um estágio para o ministério que o Senhor me
reservara para aquela localidade. Existiam, de fato, seres cósmicos do
mal aprisionando e oprimindo as pessoas que ali residiam, e o Senhor
Deus me escolhera, justamente, para exercer o ministério de libertação
dos cansados, oprimidos e cativos do mal.
2

Desmistificando o Senhor das Trevas

Os mitos exteriorizam os conteúdos do inconsciente coletivo. Nossa


tarefa, entretanto, é a de apresentar Satanás não como um mito, mas
como um ser pessoal, que tem como grande objetivo levar o homem a
supervalorizá-lo ou pregar a sua não-existência. Satanás não é um ser
criado por um grupo de religiosos que não tinha o que fazer. Ele de fato
existe e deve ser conhecido, para que saibamos como é sua forma de
atuação e tentativa de impedir que o homem cumpra a missão para a
qual foi criado: glorificar Jesus Cristo como Senhor e Rei do Universo!

Natureza e Manifestações dos Espíritos no Antigo e Novo


Testamentos
A Bíblia nos mostra que o mal não surgiu por acaso. O surgimento
do mal não está relacionado a nenhuma lei da fatalidade, porquanto tudo
o que existe é obra das mãos de Deus e tende para a exaltação desse
mesmo Deus eterno. João, o "discípulo amado", em sua primeira
epístola, nos fala de um ser espiritual que, juntamente com outros seres
espirituais, se rebelou e escolheu o caminho do mal e da oposição a Deus.
"Aquele que pratica o pecado é do Diabo, porque o Diabo vem pecando
desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir
as obras do Diabo" (1 Jo 3.8).
Afirma J. I. Packer:
A Bíblia [...] claramente tenciona que creiamos na
existência de um diabo e de uma hoste de seguidores
satânicos, dotados de uma maldade simplesmente
inimaginável — mais cruéis, mais maliciosos, mais
orgulhosos, mais zombadores, mais pervertidos, mais
destrutivos, mais repugnantes, mais imundos, mais
desprezíveis do que qualquer coisa que a mente humana
possa conceber.1

A referência sobre a queda e a existência de Satanás e os demônios


que com ele atuam, no entanto, é bastante obscura, ou quase não existe
no Antigo Testamento. Quando abordada a queda de Lúcifer, é ao
capítulo 14 de Isaías que temos de recorrer para dali inferirmos, pois o
1
PACKER. J. I. Vocábulos de Deus. São Paulo: Fiel, 1994, p. 79-80.
texto não fala diretamente a respeito de Lúcifer, mas sobre a soberba dos
reis da Babilônia e de Tiro, sugerindo, mas não afirmando, a razão por
que Lúcifer teria caído. Do mesmo modo, sua queda é dada a entender
em Ezequiel: você era o modelo da perfeição, cheio de sabedoria e de
perfeita beleza. Você estava no Éden, no jardim de Deus [...]. Você foi
ungido como um querubim guardião, pois para isso eu o designei. Você
estava no monte Santo de Deus [...]. Você era inculpável em seus
caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em
você (Ez 28.12-15).
A soberba e a inveja apresentadas nessas palavras resumem duas
das possíveis causas e conseqüências da queda de Lúcifer.
Satanás é um anjo, um dos filhos de Deus. "Certo dia os anjos
vieram apresentar-se ao SENHOR, e Satanás também veio como eles [...].
Num outro dia os anjos vieram apresentar-se ao SENHOR, e Satanás
também veio com eles para apresentar-se" (Jó 1.6; 2.1). Mas o que o
difere dos demais anjos é que ele é um anjo caído, o principal dos anjos
que caíram ou pecaram: "Pois Deus não poupou os anjos que pecaram,
mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos tenebrosos a fim de
serem reservados para o juízo" (2 Pe 2.4). Em conseqüência de seu ato
pecaminoso, perdeu o estado original, sendo banido do local de sua
morada, as mansões celestiais: "E, quanto aos anjos que não
conservaram suas posições de autoridade, mas abandonaram sua própria
morada, ele os tem guardado em trevas, presos com correntes eternas
para o juízo do grande Dia" (Jd 6).
Tendo sido a inveja a Deus, como se presume, uma das causas de
sua queda, Lúcifer não poderia deixar de assumir nada menos que a
condição de príncipe das potestades do ar: "Vocês estavam mortos em
suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando
seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o
espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência" (Ef
2.1,2). Ele tem, assim, o comando das forças espirituais do mal, nas
regiões celestiais, a que se refere Paulo: "Pois a nossa luta não é contra
seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os
dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal
nas regiões celestiais" (Ef 6.12).
Todavia, Satanás é ainda capaz de se transfigurar naquele tipo de
anjo que um dia foi: "Isto não é de admirar, pois o próprio Satanás se
disfarça de anjo de luz" (2 Co 11.14) , e isso, evidentemente, com o
objetivo de enganar e seduzir o homem.
Na Palavra de Deus, nosso inimigo é comparado, não raro, a
diversos tipos de animais, tais como, pela sua ferocidade para com o
homem, o leão. Adverte 1 Pedro 5.8: "Estejam alertas e vigiem. O Diabo,
o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a
quem possa devorar". Paulo, por sua vez, nos lembra, citando o salmista,
que somos entregues diariamente à morte: "Como está escrito: Por amor
de ti enfrentamos a morte todos os dias; somos considerados como
ovelhas destinadas ao matadouro" (Rm 8.36).
O comentarista bíblico dr. Russel Shedd afirma: "O contexto
histórico, no qual os primeiros leitores de 1 Pedro se encontravam,
sugere a perseguição promovida pelo Diabo. Ele se aproveita do pavor da
morte e das torturas para pressionar os seguidores do 'Leão de Judá' (Ap
5.5), fazendo-os desistir".2 Contudo, o animal com que o Diabo é mais
marcantemente representado na Bíblia é a serpente, por causa de sua
astúcia, induzindo o homem, constante e sutilmente, a uma vida de
rebelião para com Deus: "Ora, a serpente era o mais astuto de todos os
animais selvagens que o Senhor tinha feito..." (Gn 3.1). "E sairá para
enganar as nações que estão nos quatro cantos da terra, Gogue e
Magogue, a fim de reuni-las para a batalha. Seu número é como a areia
do mar" (Ap 20.8). Também é representado por outro animal, este
mitológico, apresentado na Palavra como forma diversa da mesma
serpente — o dragão —, por causa do seu flamejante ódio para com Deus
e Sua criação: "Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo,
Satanás, e o acorrentou por mil anos" (Ap 20.2).
Por outro lado, a cor vermelha com que o Diabo costuma ser
representado quer, provavelmente, significar sua natureza assassina:
"Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo
dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois
não há verdade nele. Quando mente, fala a sua própria língua, pois é
mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44).
Pelo fato de Satanás odiar a Deus, somos também por ele odiados,
porquanto somos criaturas de um Deus que é amor. João, no livro de
Apocalipse 12.4, narra: "Sua cauda arrastou consigo um terço das estrelas
do céu, lançando-as na terra. O dragão colocou-se diante da mulher que
estava para dar à luz, para devorar o seu filho no momento em que
nascesse". Ao falar de "um terço das estrelas do céu", que foi arrastado
pela cauda do dragão, ou Satanás, pode estar se referindo o Apocalipse a
uma hierarquia de forças inteligentes, desencarnadas, que Paulo
denomina "principados" (archai), "potestades" (exousiai), poder
(dunatnis), "domínio" (kuriotes) — "muito acima de todo governo e
autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar,
não apenas nesta era, mas também na que há de vir" (Ef 1.21);
"dominadores deste mundo de trevas" (kosmokratoras) e "forças
espirituais do mal" (pneumatika tes poneriass" (Ef 6.12).
Há, enfim, espíritos malignos soltos, submissos às ordens do
maioral, Satanás. Esses seres infestam lugares e coisas com o propósito
2
SHEDD, Russel. O mundo, a carne e o Diabo. São Paulo: Edições Vida Nova, 1991, p. 90.
de promover discórdias, guerras, mortes, etc. por onde passam. Paulo
procura então, por meio desse texto, demonstrar que há uma unidade e
propósitos preestabelecidos nesse reino das trevas. Lembremo-nos de
que Jesus afirma que o reino dividido entre si não subsiste. Mas o reino
de Satanás subsiste. E por que subsiste? Justamente por existir unidade
nos intentos maléficos.
Quando os competidores de qualquer esporte vão se enfrentar, a
primeira providência a tomar é conhecer o adversário e a forma como ele
atua. São horas e horas despendidas para saber quais foram as
estratégias usadas pelo adversário em diferentes confrontos. Não termina
aí, pois o técnico estabelecerá como vencer o adversário, procurando
corrigir os pontos fracos de sua equipe e aperfeiçoar aqueles que são
considerados fortes.
O conhecimento total do nosso adversário, de acordo com os
princípios bíblicos, é igualmente de vital importância, se desejamos ser
vitoriosos no campo de batalha. Paulo vê tanta necessidade em se
conhecer o inimigo que, por conhecê-lo, apresenta uma armadura para
esse confronto eterno: "Finalmente, fortaleçam-se no Senhor e no seu
forte poder. Vistam toda a armadura de Deus, para poderem ficar firmes
contra as ciladas do Diabo" (Ef 6.10,11). Sem essa armadura, já sairemos
com deficiência para o campo de batalha, e a vitória na esfera espiritual
estará comprometida.

O Estudo da Morte e a Doutrina de Satanás


Se uma pessoa ou uma coletividade vive somente para o aqui e
agora, todo o seu entendimento da vida após a morte estará seriamente
comprometido. A idéia que o povo de Israel tinha a respeito da morte
estabeleceu um ensinamento equivocado, gerando uma teologia fraca e
descontextualizada da verdade sobre o reino das trevas e suas
implicações na vida do homem.
O judeu, o homem do Antigo Testamento, não vivia tanto em
função da morte, mas, sim, em sua permanência aqui na Terra. As
bênçãos de Deus eram medidas, por ele, com base nos anos vividos (e
bem vividos) na carne. Daí, considerar a morte como um mal, em
oposição à vida, para ele sinônimo de bem: "Vejam que hoje ponho
diante de vocês vida e prosperidade, ou morte e destruição" (Dt 30.15).
A morte era considerada, sobretudo, uma grande amargura de
espírito que atingia todo ser humano, independentemente de sua classe
social, raça ou instrução: "Então Samuel disse: Traga-me Agague, o rei
dos amalequitas. Agague veio confiante, pensando: Com certeza já
passou a amargura da morte" (1 Sm 15.32); era considerada um terror:
"O meu coração está acelerado; os pavores da morte me assaltam (Sl
55.4). Esta visão ofuscou o conhecimento da vida após a morte e,
conseqüentemente, a noção da existência do inferno, de Satanás e seus
aliados. Conforme afirma J. I. Packer:

Não há muito no Antigo Testamento acerca do Diabo,


embora sempre apareça ali como o adversário do povo de
Deus, procurando excluí-los do favor divino, ou por conduzi-
los a atitudes e ações irreligiosas (desobediência, Gn 3;
presunção, 1 Cr 21.1; blasfêmia e desespero, Jó 1.6 - 2.10), ou
por caluniá-los diante de Deus (Jó 1.9ss; 2.3ss; Zc 3.1,2; cf. a
descrição de Satanás como "o acusador de nossos irmãos, o
mesmo que os acusa de dia e de noite, diante do nosso Deus"
(Ap 12.10).3

No Antigo Testamento, é bem verdade, encontramos os patriarcas e


profetas procurando evitar a realidade da morte, crendo no sheol,onde,
muito embora Deus, Javé, o Todo-Poderoso, não estivesse ausente — "Se
eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura,
também lá estás" (Sl 139.8) —, não poderiam desfrutar, no entanto, da
comunhão doce e íntima com o Senhor tal como haviam desfrutado na
Terra: "Acaso mostras as tuas maravilhas aos mortos? Acaso os mortos se
levantam e te louvam? Será que o teu amor é anunciado no túmulo, e a
tua fidelidade, no Abismo da Morte [sheol]! Acaso são conhecidas as tuas
maravilhas na região das trevas, e os teus feitos de justiça, na terra do
esquecimento?" (Sl 88.10,12);
"Os mortos não louvam o SENHOR, tampouco nenhum dos que
descem ao silêncio" (Sl 115.17); "Pois os vivos sabem que morrerão, mas
os mortos nada sabem; para eles não haverá mais recompensa, e já não
se tem lembrança deles [...]. O que as suas mãos tiverem que fazer, que o
façam com toda a sua força, pois na sepultura, para onde você vai, não há
atividade nem planejamento, não há conhecimento nem sabedoria"(Ec
9.5,10); "Pois a sepultura não pode louvar-te, a morte não pode cantar o
teu louvor. Aqueles que descem à cova não podem esperar pela tua
fidelidade" (Is 38.18).
O termo sheol é também chamado abadom ("perecendo"), ou
hadal ("cessação"). É traduzido literalmente como "ser oco"; portanto,
aqueles que para lá fossem se tornariam refaim — "sombras". Ficariam
entorpecidos, silenciosos. Para o judeu, o sheol é lugar de esquecimento:
"Acaso são conhecidas as tuas maravilhas na região das trevas, e os teus
feitos de justiça na terra do esquecimento?" (Sl 88.12) — e não de
consciência plena —, ao contrário do que lemos na parábola de Lucas
3
PACKER, J. I., Vocábulos de Deus, p. 80.
16.19-31, em que Jesus dá ênfase ao desespero que envolve a vida do rico
no Hades. Dela, podemos concluir que no inferno o pecador se lembrará
de todas as oportunidades que teve quando um cristão lhe falou do
grande amor de Deus, mediante Cristo Jesus: "No Hades, onde estava
sendo atormentado, ele olhou para cima e viu Abraão de longe, com
Lázaro ao seu lado" (v. 23). Viver por toda a eternidade se culpando por
não ter acreditado na existência do inferno poderá ser o grande drama do
indivíduo que estará vivendo nesse lugar de sofrimento e consciência
plenos: "Mas Abraão respondeu: 'Filho, lembre-se de que durante a sua
vida você recebeu coisas boas, enquanto que Lázaro recebeu coisas más.
Agora, porém, ele está sendo consolado aqui e você está em sofrimento'"
(v. 25).

Onde Moram os Demônios?


Encontramos no Antigo Testamento a crença de que os demônios
habitavam os lugares desérticos e se limitavam a estes. Observe-se que a
idéia básica do homem judeu, antes do advento de Cristo Jesus, era a de
que os demônios seriam seres éticos, que respeitavam os limites das
cidades. Prova disso está no uso do bode expiatório, que servia como
objeto de "descarrego" dos pecados. Para onde era enviado aquele bode?
Então colocará as duas mãos sobre a cabeça do bode vivo e
confessará todas as iniqüidades e rebeliões dos israelitas, todos os seus
pecados, e os porá sobre a cabeça do bode. Em seguida enviará o bode
para o deserto aos cuidados de um homem designado para isso. O bode
levará consigo todas as iniqüidades deles para um lugar solitário. E o
homem soltará o bode no deserto (Lv 16.21,22).
Sim, para o deserto, pois era para ali, para "o reino dos demônios",
que ele deveria levar os pecados, no ritual da expiação. Jesus também nos
diz que, quando um espírito imundo ou demônio sai de um homem,
passa por lugares desérticos procurando descanso e, não o encontrando,
ao voltar, encontra a "casa" varrida e em ordem; então vai buscar e traz
consigo outros sete demônios piores, que entram e passam a viver no
homem, cujo "estado final torna-se pior do que o primeiro" (Lc 11.24-26).
Jesus valeu-se evidentemente da idéia do deserto com o intuito único de
levar Seus ouvintes a entenderem Seu ensinamento com base em uma
crença então reinante.
O que nos deve chamar mais a atenção aqui, no entanto, é o fato de
que no Antigo Testamento a obra e a pessoa de Satanás não são
abordadas de forma clara e específica, ficando este ser como que
camuflado em suas ações sempre malévolas. Raciocinavam os judeus,
provavelmente, que, já que os demônios não moravam nem entravam
nas cidades, quem residisse nas cidades não seria alvo das investidas do
Diabo nem desses demais seres tão perniciosos.
Muito embora não nos seja possível visualizar Satanás e os
demônios em sua forma natural, pois que são espíritos, vivemos
rodeados por essas criaturas. Como já mencionamos, "Estejam alertas e
vigiem. O Diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como um leão,
rugindo e procurando a quem possa devorar" (1 Pe 5.8). Você deseja
conhecer Satanás? Tenho certeza de que, antes mesmo de analisar esta
pergunta, responderá com um "não". No entanto, só existe uma maneira
de se "desconhecer" Satanás e toda a sua horda: viver uma vida
desleixada; pois aquele que se dedicar a uma vida de oração, santificação,
leitura da Palavra, evangelização, está escrito, padecerá perseguições:
"De fato, todos os que desejam viver piedosamente em Cristo Jesus serão
perseguidos" (2 Tm 3.12).
A palavra grega kosmokratoras era usada pelos antigos na
astrologia para os planetas que, segundo se pensava, controlavam o
destino da humanidade. Encontra-se em hinos órficos em homenagem a
Zeus,4 nos escritos rabínicos para Nabucodonosor e outros monarcas
pagãos e em várias inscrições antigas para o imperador romano. Todos
esses usos exemplificam a noção de um domínio de alcance mundial.
Gostaria, então, de pensar com você sobre onde seria a morada dos
espíritos.
Pedro declara, a respeito dos anjos que pecaram, terem sido
lançados no inferno (tartarosas, uma prisão): "Pois Deus não poupou os
anjos que pecaram, mas os lançou no inferno, prendendo-os em abismos
tenebrosos a fim de serem reservados para o juízo" (2 Pe 2.4) — talvez o
mesmo local definido por João, no Apocalipse, como "Abismo": "... vi
uma estrela que havia caído do céu sobre a terra. A estrela foi dada a
chave do poço do Abismo. Quando ela abriu o Abismo, subiu dele fumaça
como a de uma gigantesca fornalha. O sol e o céu escureceram com a
fumaça que saía do Abismo" (Ap 9.1,2). Ali, segundo a mesma narrativa,
encontram-se alguns demônios, que serão libertos ao toque da quinta
trombeta, no final dos tempos.
Contudo, onde se encontram os demais demônios? Nas chamadas
"regiões celestiais". Pois, como diz Paulo, "a nossa luta [é] contra os
poderes e autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas,
contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais" (Ef 6.12). Paulo
nos apresenta um grupamento de seres extremamente ferozes, maldosos
e poderosos, que nos tentam impedir de nos apossarmos das nossas
bênçãos.

4
Zeus — deus supremo na mitologia grega. Para os gregos, o mundo e os seres humanos eram sustentados e
governados por muitos deuses, os quais estavam, todos, submetidos a esse ser predominante, que habitava o
monte Olimpo, na Grécia, juntamente com os demais deuses.
O cristão precisa entender que, mediante a oração, ele pode se
apossar de bênçãos espirituais já liberadas pelo nosso bondoso Deus:
"Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que nos
abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em
Cristo" (Ef 1.3).
O termo "oração" é geralmente considerado como significando
petição. Apesar de essa não ser propriamente uma definição errada, é, no
entanto, bastante limitada. A oração é essencialmente uma adoração e
uma comunhão dos fiéis com Deus.
Uma das condições da oração vitoriosa é que precisamos nos
aproximar de Deus com coração sincero: "Sendo assim, aproximemo-nos
de Deus com um coração sincero e com plena convicção de fé, tendo os
corações aspergidos para nos purificar de uma consciência culpada, e
tendo os nossos corpos lavados com água pura" (Hb 10.22). Trata-se de
uma relação em que os adoradores reconhecem humildemente sua total
dependência do Criador e Sustentador do Universo.
A oração não tem outra finalidade senão a de o próprio Deus ser
honrado.
Deus requer de nossa parte que reconheçamos que Ele é, de fato, o
Altíssimo, o Sublime, que habita a eternidade, e não que sejamos
arrogantes e rebeldes, conforme Ele mesmo diz, a respeito do ser
humano pecador, pela boca do profeta: "Por causa da sua cobiça perversa
fiquei indignado e o feri; fiquei irado e escondi o meu rosto. Mas ele
continuou extraviado, seguindo os caminhos que escolheu" (Is 57.17).
Deus requer, enfim, que reconheçamos o Seu domínio universal.
Ora, uma vez que Deus é a fonte ou a origem de toda bênção
espiritual de que desfrutamos, tudo fará Satanás para nos separar da
nossa única Fonte de bênçãos, induzindo- nos ao mal.
Em Efésios 1, Paulo afirma que Deus nos tem abençoado "com
todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo" (v. 3); que
nos escolheu nEle "antes da criação do mundo, para sermos santos e
irrepreensíveis em sua presença" (v. 4); e que nos predestinou em amor
"para sermos adotados como filhos, por meio de Jesus Cristo, conforme o
bom propósito da sua vontade" (v. 5), "para o louvor da sua gloriosa
graça, a qual nos deu gratuitamente no Amado" (v. 6), e o propósito de
combatermos o bom combate, ou seja, lutarmos contra as obras do
inimigo — não, como diz Paulo, contra seres humanos, mas, sim, contra
os principados e potestades que operam nas regiões celestiais (Ef 6.12).
Ao nos apossarmos das nossas bênçãos, estamos, ao mesmo tempo,
decretando a derrota das ações malévolas de Satanás. Nossas pálidas
intercessões, todavia, parecem mais reflexos paradoxais das lutas e
batalhas espirituais de Epafras e de Paulo (Cl 2.2; 4.12).
O termo grego traduzido por "luta", "conflito", é o mesmo que deu
origem à palavra "agonizar". Ele é usado no Novo Testamento para
descrever alguém que trabalha duramente até a exaustão (Cl 1.29), ou
que compete, no esporte, por um prêmio valioso (1 Co 9.25), assim como
o guerreiro que trava "o bom combate", lutando por sua vida (1 Tm 6.12),
ou aquele que combate para livrar seu maior amigo da morte ou de um
perigo (Jo 18.36).
Destas e outras considerações, torna-se claro que a verdadeira
oração é um exercício cansativo, extenuante, que exige de nós, portanto,
a maior dedicação e a mais rigorosa concentração e disciplina mental.

Infestação no Universo
Nos objetos, nos animais, nas casas, etc.
Quando falamos de infestação, queremos dizer que os demônios,
num sentido mais amplo, estão em toda parte. Isso não significa, no
entanto, que os demônios são onipresentes: eles estão em todos os
lugares por causa do seu grande número. Mas, num sentido mais
limitado, referimo-nos, neste livro, a lugares e situações peculiares que se
tornaram o foco de uma investida mais incisiva e palco de atuação mais
específica desses seres espirituais.
Parece que há lugares ou ambientes específicos onde os demônios
têm alguma predileção em freqüentar e atuar. Isso, certamente, pela
maior influência que poderão exercer. Há os que habitam cemitérios,
câmaras municipais, assembléias legislativas, tribunais, órgãos
executivos dos governos, penitenciárias, fábricas, parques, casas, pessoas
e, pasme, até igrejas! Não há lugar que esteja isento da sua atuação.
Alguns cristãos, que não querem se comprometer com as verdades
espirituais, negam a possibilidade de os demônios com parecerem aos
cultos com a finalidade de impedir que as pessoas creiam no poder
transformador de Cristo Jesus. O próprio Jesus, no entanto, afirma que,
seja no culto, seja em qualquer lugar ou momento em que o evangelho
esteja sendo pregado, o inimigo é capaz de retirar a mensagem do
coração do homem: "Quando alguém ouve a mensagem do Reino e não a
entende, o Maligno vem e lhe arranca o que foi semeado em seu coração.
Este é o que foi semeado à beira do caminho"
Neuza Itioka analisa essa situação dando-nos algumas sugestões:

No meio do povo animista existe uma forte crença de que


certos espíritos se assenhoreiam de determinadas porções da
terra; às vezes, de um território, ou de uma casa, ou de uma
propriedade, e fazem deles o seu lugar de habitação. É curioso
notar que "o gadareno" escolheu viver em túmulos (Mc 5.2,3).
Devemos observar que ainda hoje muitas das feitiçarias e
trabalhos assim chamados espirituais exigem que um dos
seus elementos seja terra de túmulos e de cemitérios. Parece
de fato existir lugares onde os demônios preferem repousar
ou morar.5

Lembro-me de que, certa vez, compramos um carro, de uma pessoa


da qual somente mais tarde viemos a conhecer o envolvimento com
demônios. Aparentemente, era um carro muito bem conservado, mas
escondia alguma coisa muito estranha. Todas as vezes que saíamos nele,
as situações mais inusitadas aconteciam comigo e minha família. Era
como se houvesse uma atração para que estivéssemos indo rumo a brigas
com outras pessoas (que, pela graça de Deus, nunca aconteceram), ou
perigo de morte nas estradas, sem contar o aperto que eu sentia: era
como se eu estivesse dividindo aquele carro com milhares de pessoas.
Muito embora esses acontecimentos se repetissem, meus olhos estavam
como que vendados para o que de fato poderia estar ocorrendo.
Em um dos retiros de esposas de pastores, houve uma proposta
para que os familiares fossem lá buscar a "rainha do lar". Pois bem, após
o culto de domingo pela manhã, coloquei as crianças no carro e parti em
direção ao local especificado. A viagem transcorria bem, até o momento
em que fiquei diante de uma situação aterradora. Considero-me um
motorista muito previdente e, quando estava realizando uma
ultrapassagem de um caminhão, o motorista deste, não diria de
propósito, mas orientado por um demônio, me impediu que o
ultrapassasse; quanto mais eu acelerava, mais ele também o fazia.
Quando tentei diminuir a velocidade e voltar à mão certa, já havia um
carro colado no caminhão. Para que aquele momento ficasse ainda mais
tenebroso, vinham muitos carros em sentido contrário. Clamei pela
misericórdia do Senhor, me coloquei no acostamento na contramão, e fui
cambiando e desacelerando. Quando a pista estava livre, conduzi o
veículo até o acostamento da minha mão. Então, declarei a libertação
daquele veículo! Na autoridade do Senhor, fiz uma oração de guerra e, a
partir daí, nunca mais vivenciei aquelas situações e sentimentos!
Somente tempos depois, fiquei sabendo da implicação daquela família
que me vendera o carro com uma vida de domínio de demônios.
Podemos concluir, portanto, que qualquer lugar que não seja o céu,
morada de Deus, é local com a possibilidade de que haja uma infestação.

5
ITIOKA, Neuza. Os deuses da umbanda: o baixo espiritismo, implicações teológicas e pastorais. São Paulo:
ABU, 1988, p. 98-9.
Na mente do homem
Viver piamente, em Cristo e para Cristo, requer que você aceite a
nova direção que Ele deseja dar aos seus pensamentos. Ele irá orientá-los
para que os seus pensamentos O agradem, e não a você mesmo. Foi esta a
conclusão que Paulo chegou e procurou compartilhar com os cristãos de
Roma, Corinto, Éfeso e Colossos: "Não se amoldem ao padrão deste
mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que
sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita
vontade de Deus" (Rm 12.2); "Destruímos argumentos e toda pretensão
que se levanta contra o conhecimento de Deus, e levamos cativo todo
pensamento, para torná-lo obediente a Cristo" (2 Co 10.5); "Quanto à
antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho
homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no
modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser
semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade"
(Ef 4.22-24); "Portanto, já que vocês ressuscitaram com Cristo, procurem
as coisas que são do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus.
Mantenham o pensamento nas coisas do alto, e não nas coisas terrenas"
(Cl 3.1,2).
Há um motivo pelo qual Jesus nos conclama a dedicarmos todo o
nosso pensamento ao Deus que criou todas as coisas: para que estejamos
livres de sentimentos tais como:
o ódio: "Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que
nenhum assassino tem a vida eterna em si mesmo" (1 Jo 3.15);
o ressentimento e a amargura: "Livrem-se de toda amargura,
indignação e ira, gritaria e calúnia, bem como toda maldade. Sejam
bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se
mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo" (Ef 4.31,32);
o egoísmo: "Nada façam por ambição egoísta, ou por vaidade,
mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada
um cuide não somente dos seus interesses, mas também dos interesses
dos outros (Fp 2.3,4);
o ciúme e a inveja: "... ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo,
dissensões, facções e inveja [...]. Eu os advirto, como antes já os adverti:
aqueles que praticam essas coisas não herdarão o reino de Deus" (Gl
5.20,21);
a ira: "Meus amados irmãos, tenham isto em mente: sejam todos
prontos para ouvir, tardios para falar e tardios para irar-se, pois a ira do
homem não produz a justiça de Deus" (Tg 1.19,20);
a ansiedade: "Não andem ansiosos por coisa alguma, mas em
tudo, pela oração e súplicas, e com ação de graças, apresentem seus
pedidos a Deus. E a paz de Deus, que excede todo entendimento,
guardará o coração e a mente de vocês em Cristo Jesus" (Fp 4.6,7);
o medo: "No amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor
expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não
está aperfeiçoado no amor" (1 Jo 4.18);
a lascívia: "Vocês ouviram o que foi dito: Não adulterarás. Mas eu
lhes digo: Qualquer que olhar para uma mulher para desejá-la, já
cometeu adultério com ela no seu coração" (Mt 5.27,28);
a dúvida: "Se algum de vocês tem falta de sabedoria, peça-a a
Deus [...]. Peça-a, porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é
semelhante à onda do mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal
pessoa que receberá coisa alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é
instável em tudo o que faz" (Tg 1.5-8);
o engano: "Quem odeia disfarça as suas intenções com os lábios,
mas no coração abriga a falsidade" (Pv 26.24).
A renovação de sua mente, conforme nos afirma categoricamente
Paulo, é o processo pelo qual seus pensamentos e sua vontade irão se
tornar mais e mais semelhantes aos de Cristo. Tornar o pensamento e a
vontade semelhantes aos de Cristo requer uma vida de sacrifício, pois
constantemente o nosso eu deseja ter primazia em nossas ações diárias:
"Portanto, irmãos, rogo-lhes pelas misericórdias de Deus que se
ofereçam em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus; este é o culto
racional de vocês" (Rm 12.1). O apelo de Paulo é o de que nos ofereçamos
"em sacrifício vivo" por ser o nosso Deus o Deus dos vivos. A palavra
"portanto" dá a entender que o ato de dedicação total é uma
conseqüência de tudo quanto foi dito antes. A própria vida, não mais o
ritual, é, agora, o modo de se expressar o verdadeiro sacrifício do povo de
Deus.
A renovação de nossa mente se revela por meio de uma resposta
cada vez mais fiel e obediente à Palavra de Deus. Esta obediência às
Escrituras Sagradas oferece o desenvolvimento necessário à nossa mente
para que se torne semelhante à de Cristo. "Mas o alimento sólido é para
os adultos, os quais, pelo exercício constante, tornaram-se aptos para
discernir tanto o bem quanto o mal" (Hb 5.14); "Portanto, já que vocês
ressuscitaram com Cristo, procurem as coisas que são do alto, onde
Cristo está assentado à direita de Deus. Mantenham o pensamento nas
coisas do alto, e não nas coisas terrenas" (Cl 3.1,2). Para tanto, torna- se
necessário, quanto à Palavra que nos é ofertada por Deus,
ouvir - "Conseqüentemente, a fé vem por se ouvir a mensagem, e a
mensagem é ouvida mediante a palavra de Cristo" (Rm 1017);
ler - "Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da
Escritura, à exortação e ao ensino" (1 Tm 4.13); "Feliz aquele que lê as
palavras desta profecia e felizes aqueles que ouvem e guardam o que nela
está escrito, porque o tempo está próximo" (Ap 1.3);
estudar - "Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro
que não tem do que se envergonhar e que maneja corretamente a palavra
da verdade" (2 Tm 2.15);
memorizar - "Guardei no coração a tua palavra para não pecar
contra ti" (Sl 119.11);
meditar - Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de
meditar nelas de dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo que
nele está escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será
bem-sucedido"(Js 1.8); "Como é feliz aquele que [...] sua satisfação está
na lei do SENHOR, e nessa lei medita dia e noite" (Sl 1.1,2).
Isso nos há de assegurar que a Palavra de Deus habite ricamente
em nossa vida, tal como almeja o apóstolo: "Habite ricamente em vocês a
palavra de Cristo; ensinem e aconselhem-se uns aos outros com toda a
sabedoria, e cantem salmos, hinos e cânticos espirituais com gratidão a
Deus em seu coração" (Cl 3.16). Com a mesma intensidade, você deverá
exercitar na prática a Palavra em todas as áreas de sua vida que
necessitem de mudança em Cristo. Conseqüentemente, seu espírito e sua
mente se renovarão à semelhança de Cristo Jesus.
O homem sem Cristo pensa, acerca das coisas espirituais, somente
com a razão; mas as coisas de Deus, na verdade, se discernem
espiritualmente: "Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm
do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las,
porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual
discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois
'quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?' Nós,
porém, temos a mente de Cristo" (1 Co 2.14-16). A primeira coisa que
Satanás fez foi seqüestrar a capacidade do homem de pensar por conta
própria (Gn 3). Houve uma indução. Por indução, devemos entender o
argumento capaz de levar uma pessoa a pensar como queremos que
pense.
Por que Satanás não pode roubar a mente do cristão? Quando
Paulo nos afirma que temos a mente de Cristo, garante-nos que isso só é
possível pelo fato de estarmos crucificados com o Senhor: "Fui
crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive
em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de Deus,
que me amou e se entregou por mim" (Gl 2.20). O salmista diz ao Senhor
que guardou Sua palavra no coração, "para não pecar contra ti" (Sl
119.11). O que isso significa? Que o homem espiritual pensa com o
coração. Quando lemos acerca de Deus falando a Josué, em Josué 1.8:
"Não deixe de falar as palavras deste Livro da Lei e de meditar nelas de
dia e de noite, para que você cumpra fielmente tudo o que nele está
escrito. Só então os seus caminhos prosperarão e você será bem-
sucedido" —, verificamos que o SENHOR o aconselhou a guardar a Lei
no coração e ainda meditar nela dia e noite. Como o coração simboliza o
todo do homem, e o cristão tem o coração, ou seja, seu todo, entregue e
submisso a Deus, ele pode vir a ser induzido, como foi Pedro,
temporariamente, mas não roubado, como o gadareno.
Satanás rouba o raciocínio do homem, e o homem não consegue
pensar por conta própria, mas, sim, motivado e induzido por forças (ou
seres) que o impulsionam à rebeldia para com Deus, o que constitui o
próprio pecado. Não é somente quando um indivíduo está possesso que
se encontra sob o domínio do ladrão; isso acontece todas as vezes que
ocorre ausência de domínio do Espírito Santo. Já pude presenciar e ser
usado por Deus como interventor em diversas manifestações
demoníacas, e todas elas, quando encerradas pelo poder que há no nome
de Cristo, demonstraram que aquele que fora dominado não se lembrava
do acontecido. E diariamente conversamos com pessoas cuja mente não
consegue perceber o seu estado pecaminoso nem lembrar de
acontecimentos que as separaram de Deus.
Aquilo que diferencia o homem dos animais, ou seja, sua
capacidade de pensar, é também o que o coloca em relacionamento
íntimo com Deus. Paulo nos chama a pensar de uma forma que em tudo
agrademos a Deus: "Finalmente, irmãos, tudo o que for verdadeiro, tudo
o que for nobre, tudo o que for correto, tudo o que for puro, tudo o que
for amável, tudo o que for de boa fama, se houver algo de excelente ou
digno de louvor, pensem nessas coisas" (Fp 4.8). Estará você disposto a
viver desta maneira?

Em toda a alma do homem


Paulo é o nosso teólogo por excelência. Isso pelo fato de ter usado
amplamente termos em voga em sua época, emprestando-lhes, mediante
a revelação de Deus, um novo significado, e transformá-los em verdades
perceptíveis ao cristianismo. Ele nos fala sobre dicotomia e tricotomia.
Do que o homem é formado? Corpo (soma) e espírito (pneuma)? Ou
corpo (soma), alma (psyché) e espírito (pneuma)? Diz ele, em sua
primeira carta aos Tessalonicenses 5.23: "Que o próprio Deus da paz os
santifique inteiramente. Que todo o espírito, a alma e o corpo de vocês
sejam preservados irrepreensíveis na vinda de nosso Senhor Jesus
Cristo", abordando, assim, a divisão tríplice do homem em espírito, alma
e corpo.
A alma simboliza aquilo que mantém o homem cheio de vida, de
vontade e emoção. É a base da existência do homem, conforme escreve
Paulo em 1 Coríntios 15.44: "É semeado um corpo natural e ressuscita
um corpo espiritual. Se há corpo natural, há também corpo espiritual".
Ele segue, aqui, usando duas expressões técnicas para descrever e ao
mesmo tempo contrastar aquilo que compõe o primeiro homem, Adão.
Afirma que Adão foi criado soma psychikon — corpo natural —, mas,
com o advento da ressurreição, o "último Adão" seria somapneumatikon
— corpo espiritual.
Sendo a alma a base da existência humana, podemos deduzir que
Jesus, ao afirmar que devemos amar a Deus de toda a nossa alma, quer
dizer que a adoração começa aqui e agora. Se o homem não dedicar sua
alma à celebração do nome de Jesus, como poderá existir nele a fonte que
jorra para a vida eterna? A terapia psiquiátrica mais eficiente do mundo é
apropriar-se da promessa de Jesus: "Venham a mim todos os que estão
cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso" — ou seja, a paz
(Mt 11.28). O rei Davi é uma prova viva da terapia espiritual para a alma,
aplicada pelo Espírito Santo, quando diz: "Em verdes pastagens me faz
repousar..." (Sl 23.2). Isto é descansar em paz. Mas Davi continua: "... e
me conduz a águas tranqüilas; restaura-me o vigor" (23.2,3). Isso
significa receber novas forças e encher-se de paz. Mesmo que os homens
busquem a paz sem cessar, nunca a acharão enquanto não chegarem a
esta simples conclusão: Cristo é a Paz que a alma tanto anseia.
O célebre filósofo grego Platão (429-347 a.C.) preconizava que a
alma poderia ser privada do corpo, não entrando plenamente no gozo da
sua existência própria antes de ser separada dele, e que ela era imortal. O
corpo era, assim, para ele, uma espécie de "vestimenta, ou até de
"prisão", da alma.
Discípulo de outro famoso filósofo, Sócrates (470-399 a. C.), Platão
se baseou nas idéias deste para elaborar sua doutrina, ou teoria, chamada
da reminiscência. Trata-se de um conjunto de hipóteses pelas quais
Platão supunha que poderia haver em toda pessoa uma vida terrena
anterior à atual existência. Este ensino pode ter contribuído, de certo
modo, para a crença espírita da reencarnação, crença essa que, como
sabemos, não possui legitimamente qualquer respaldo bíblico.
Diz a teoria socrática/platônica que, na existência anterior, a alma
possuiria uma ciência perfeita, contemplando as idéias puras, e que, na
vida atual, o ser humano, ao se instruir e educar, nada mais faria do que
lembrar, de modo vago e nebuloso, daquilo que um dia contemplou.
De todo modo, para Sócrates, a alma seria o instrumento que nos
garantiria o conhecimento das coisas existentes, tanto nesta vida, ou
mundo físico, quanto no além, ou mundo metafísico.6
6
TANNERY, Paul. Platão, vida, obra, doutrina. Trad. Jorge Paleikat. 2. ed. Rio de Janeiro: Ed. Globo, 1954.
O que, porém, realmente nos interessa é o que aborda e ensina
Jesus quanto a esse assunto. O Senhor fala sobre a alma em Lucas 17.33,
quando afirma: "Quem tentar conservar a sua vida a perderá, e quem
perder a sua vida a preservará". Ele ressalta que a vida verdadeira é
encontrada por meio de sacrifício, tal como seria Sua própria missão aqui
na Terra: a de oferecer Sua própria vida para nossa salvação: "... como o
Filho do homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a
sua vida em resgate por muitos" (Mt 20.28). Esse doar-se produz vida
plena, em abundância, ou seja, vida de altíssima qualidade — "O ladrão
[Satanás] vem apenas para roubar, matar e destruir; eu vim para que
tenham vida, e a tenham plenamente" (Jo 10.10) —, vida que altera e
eleva totalmente o anterior estado de alma do homem decaído.
Podemos afirmar que a psyché abrange a totalidade da vida do
homem, com a qual se preocupa e da qual tem cuidado constante.
Todavia, ainda que o homem fique preocupado quanto à sua vida, à sua
alma, jamais poderá acrescentar o que quer que seja a ela sem Deus:
"Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora
que seja à sua vida?" (Mt 6.27). É o próprio Senhor e Mestre Jesus quem
nos chama a buscar o Reino de Deus e Sua justiça em primeiro lugar,
para que todas as demais coisas nos sejam, então, acrescentadas, nas
diversas áreas do nosso viver (Mt6.33).
3

O Acampamento Seguro

O salmista sabia que somente debaixo das potentes mãos de Deus


ele estaria seguro dos constantes ataques do inimigo ("Aquele que habita
no abrigo do Altíssimo e descansa à sombra do Todo-poderoso [...]. Ele o
cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas [... ] encontrará refugio; a
fidelidade dele será o seu escudo protetor" — Sl 91.1,4). Somente quando
entendemos esta verdade é que estamos aptos a desempenhar nossa
função de atalaias, neste mundo sem vida.
Kierkegaard analisa a afirmação de Jesus quando se refere a
Lázaro, seu amigo:

"... esta enfermidade não é para morte..." (João XI, 4) e,


contudo, Lázaro morreu; mas como os discípulos não
compreendessem a continuação: "Lázaro, o nosso amigo,
dorme, mas eu vou acordá-lo do seu sono", Cristo disse-lhes
sem ambigüidade: "Lázaro está morto" (XI, 14). Lázaro,
portanto, está morto, e contudo a sua doença não era mortal,
mas o fato é que está morto, sem que tenha estado
mortalmente doente [...]. Desde o instante em que Cristo se
aproxima do túmulo e exclama: "Lázaro, levanta-te e
caminha!" (XI, 43), já estamos seguros de que essa doença
não é mortal. Que benefício haveria, para Lázaro, em ter
ressuscitado, para depois acabar por morrer! Que benefício,
sem a existência daquele que é a Ressurreição e a Vida, para
qualquer homem que em Ele creia! Não, não é por causa da
ressurreição de Lázaro que essa doença não é mortal, mas por
Ele existir, por Ele. Visto que na linguagem humana a morte é
o fim de tudo e, como é costume dizer-se, enquanto há vida
há esperança. Mas, para o cristão, a morte de modo nenhum é
o fim de tudo, ela implica, para nós, infinitamente mais
esperança do que a vida comporta, mesmo que transbordante
de saúde e de força.7

Reflitamos, pois: mesmo que Cristo não tivesse "acordado" Lázaro,


nem por isso seria menos verdade que, em Cristo, a doença, a própria
morte, não é mortal!
7
KIERKEGAARD, Sdren. Desespero: a doença mortal. Trad. Ana Keil. Porto, Portugal: Rés-Editora, p. 5-6.
Vida e morte sempre foram temas fundamentais nos relatos
bíblicos. Este tema é pela primeira vez expresso por Deus ao ordenar a
Adão: "Mas não coma da árvore do conhecimento do bem e do mal,
porque no dia em que dela comer, certamente você morrerá" (Gn 2.17); e
finaliza em Apocalipse convidando: "... e quem quiser, beba de graça da
água da vida" (Ap 22.17). Após a Queda, a morte se tornou um fato na
existência humana, ou seja, homens morrem em todas as partes e
variedades de circunstâncias.
Analisemos a idéia que os homens do Antigo Testamento tinham
acerca da morte, pois esse pensamento é que iria influenciar os homens
do Novo Testamento. Jesus é o Senhor dos vivos: "Ele é a cabeça do
corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para
que em tudo tenha a supremacia" (Cl 1.18). Em oposição aos preceitos do
homem do Antigo Testamento, Jesus vem ressaltar que a morte não é a
cessação de tudo, como pensavam os judeus. Jesus não compactua com
este estado de espírito por ser Ele próprio O que venceu a morte:
"Quando, porém, o que é corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o
que é mortal, de imortalidade, então se cumprirá a palavra que está
escrita: 'A morte foi destruída pela vitória' [...]. Mas graças a Deus, que
nos dá a vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15.54,57).
Da mesma forma que Ana, mãe do profeta Samuel, possuía a
certeza de que a chave da morte está nas mãos de Deus (1 Sm 2.6), eu
também pude experimentar o grande livramento que somente o Deus
todo-poderoso pode garantir. Há "tempo de nascer e tempo de morrer",
assim como "tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou" (Ec
3.2), e estas são verdades que estão sob o poder de Deus. Jesus, ao
morrer, decretou o domínio da chave da morte. Foi com Sua morte que a
morte da morte foi decretada. Paulo clama: "Onde está, ó morte, a sua
vitória? Onde está, ó morte, o seu aguilhão? O aguilhão da morte é o
pecado, e a força do pecado é a Lei. Mas graças a Deus, que nos dá a
vitória por meio de nosso Senhor Jesus Cristo" (1 Co 15.55-57).
Jesus nos adverte, ainda: "Não tenham medo dos que matam o
corpo, mas não podem matar a alma. Antes, tenham medo daquele que
pode destruir tanto a alma como o corpo no inferno" (Mt 10.28). Aquele
que tem o poder de matar o corpo e também enviá-lo para o interno,
juntamente com a alma, é somente Deus. O inimigo é um assassino.
Algumas vezes, tentará investir contra nós, mas lembre-se: não temos
por que temê-lo. Deus é por nós. Debaixo das Suas asas, estaremos
seguros. Sua fidelidade será o nosso escudo.
Jorge, o "Encantador"
Fui procurado certa vez por uma irmã, membro de nossa igreja, que
estava muito impressionada com o que me narrou, pois participara,
embora indiretamente, de um acontecimento extraordinário em sua casa.
Certo homem, que passarei a chamar de Jorge, fora indagado, pelo
esposo dessa irmã, se conhecia alguém ou algum veneno capaz de matar
lagartas, que já tinham se tornado uma praga em um pé de cajá-manga
do seu quintal.
Por não saber como resolver tal problema, o esposo da irmã
decidira pedir orientação a quem quer que fosse e, como Jorge era um
homem muito entrosado na comunidade, perguntou-lhe se sabia de
algum remédio que resolvesse o problema.
Jorge prontamente pediu que ele trouxesse uma panela com água e,
depois de algumas rezas, lançou a água para cima; quando a água tocou o
chão, formou com ela uma bola com todas as lagartas.
Em outra ocasião, todavia, fui chamado às pressas pela esposa
desse mesmo Jorge, pois ele estava muito violento e quebrando tudo em
casa. Antes de me dirigir àquela casa, ela me relatou o que sempre
acontecera com ele e por que fora aposentado como louco. Todas as vezes
que era tomado por aquela crise de loucura, ninguém conseguia contê-lo,
nem mesmo quatro bombeiros, que, uma vez, saíram machucados ao
tentar imobilizá-lo, em virtude de seu estado insano e agressivo. Após
isso, recebera a aposentadoria, com a qualificação médica de loucura,
motivo pelo qual as pessoas do bairro o temiam, sobretudo por ser sua
violência acobertada pela proteção e relevância dos seus atos por parte
das autoridades da área de Saúde.
Ao chegar ao portão, no entanto, eu já sabia, interiormente, do que
se tratava: aquele era um quadro típico de possessão. Perdi a noção de
tempo e espaço. Momentos antes, quando saíra de casa, tinha visto a rua
movimentada, com carros passando e pessoas que entravam e saíam
normalmente de suas casas; mas, naquele instante, todas essas coisas
eram passadas e pertenciam ao mundo material: eu agora estava nas asas
da eternidade, não importando mais o tempo, o lugar, nem o que estava
acontecendo fora daquele portão.
Antes mesmo que eu abrisse o portão e Jorge me visse, já ouvi uma
voz aterrorizante, que vinha da sala de visitas, me ameaçando:
— Seu desgraçado! Por que você veio?
Então, fugir ou enfrentar? Esse era o dilema que inflamava o meu
coração! Por que eu estava ali? Ao abrir a porta, avistei uma cena que
nunca vira antes. Não foi ilusão: era real! Ele estava correndo pelas
paredes e, quando me avistou, parou no canto das paredes que davam
para a porta da entrada e, mais uma vez, disse:
— Vou te matar!
Parou na parede, como se estivesse agarrado por cola, fixou o olhar
em mim e se arremessou na minha direção. Sem pensar em mais coisa
alguma, bradei:
— Você está amarrado!
Houve repentina calmaria e, em nome de Cristo Jesus, repreendi
aquele demônio, que nem mesmo os quatro bombeiros, mediante força
humana, tinham conseguido dominar. Enquanto repreendia aquela
entidade, ela dizia que estava ali porque naquele local tudo lhe era
favorável. De fato, não estava mentindo, pois aquela família morava,
literalmente, em cima do lixo. Toda sorte de porcaria estava depositada
naquele quintal e dentro da casa. Não se conseguia ver um local limpo e
livre de sujeira. Todos os familiares se conformavam com aquela pobreza
de espírito e opressão imputadas pelos espíritos que dominavam aquele
local.
Aquela situação me levou a fazer um paralelo com o
endemoninhado gadareno (Mc 5.1-20), que morava no cemitério e vivia
atormentando e agredindo as pessoas da região em que habitava. As
pessoas, desesperadas, não sabiam mais o que fazer, porquanto, se nas
poucas horas de tranqüilidade, conseguiam amarrá-lo com grilhões e
cadeias, ele em seguida os quebrava como se fossem fios de teia de
aranha. Quando viu Jesus, a legião de demônios que possuía o homem
perguntou o que Jesus tinha que ver com eles. Jesus travou conversa com
os demônios, pois, em cada situação de possessão, o Senhor procurava
nos revelar as verdades do mundo onde acontecem as batalhas
espirituais. Quando os demônios deixaram aquele homem, este
conseguiu conversar e saber o que estava acontecendo; portanto, sua
mente já não estava mais dominada. Ocorrera sua libertação, que só é
possível em Cristo Jesus.

Cegando o inimigo
Os meses se passaram e, com eles, a lembrança daquele episódio
aterrorizador. Mas, ao contrário do gadareno, a libertação de Jorge não
se dera totalmente; pelo contrário, suas atitudes iam de mal a pior em
casa e na comunidade que eu chamei de "ilha Dominação". O relato
anterior, porém, foi feito para que você possa entender o livramento
realizado por Deus quando Jorge, possuído, me procurou para atentar
contra a minha vida.
Eu estava em minha casa, descansando, naquela tarde. Havia
voltado de uma visita pastoral e pretendia resolver algumas pendências
antes do findar do dia. Foi quando aquele homem entrou no quintal da
igreja, onde estava localizada a casa pastoral. Como era seu costume fazer
isso, embora não como muita freqüência, decidi ir ao seu encontro para
saber o que o trazia ali. Logo me causou estranheza o fato de ele não
haver respondido ao meu cumprimento e às perguntas quanto ao motivo
de estar entrando e o que desejava. Empunhava ele um facão, e eu não
conseguia entender o que Jorge estava fazendo com aquele objeto; se iria,
e de que modo, usá-lo ali na igreja:
— Boa tarde, Jorge! — comecei, cumprimentando-o, amavelmente.
Ele não me respondeu, nem mesmo parecia notar minha presença.
Durante alguns minutos, ficou olhando o quintal da igreja. Mais uma vez,
dirigi-lhe a palavra, e então ele, sem me responder, saiu e foi embora.
Confesso que não entendi, mas, por ter uma firme confiança na soberania
de Deus e de que nenhuma coisa acontece na minha vida sem Sua
permissão (Rm 8.28), descansei no Senhor. Aquela experiência foi tão
incomum que cheguei até a comentar com minha esposa.
Não demorou, e a esposa de Jorge foi à igreja. Queria saber como
eu me saíra daquela situação, para ela tremendamente embaraçosa.
Assim que chegou, foi me bombardeando com muitas perguntas, que
para mim não faziam o menor sentido, pois eu não sabia realmente do
que ela estava falando, do porquê de tantas perguntas. Foi quando
consegui acalmá-la e saber toda a verdade. Ela me contou, então, que seu
esposo, naquela tarde, ficara possuído de uma entidade e que esta havia
declarado que me mataria.
Pude louvar a Deus, pois o meu inimigo fora cegado. A entidade,
quando Jorge chegou de volta em sua casa, para honra e glória do nome
do nosso Deus, declarou à esposa de Jorge que só não me matou porque
não me encontrara! No entanto, eu estivera ali, bem diante dele, e ele não
conseguia me enxergar! Ele estava com uma arma na mão, mas não
podia usá-la — porquanto as armas de Deus, de que dispomos, são
espirituais e mais poderosas. O escudo da fé estava me protegendo
daquela investida mortal. "Além disso, usem o escudo da fé, com o qual
vocês poderão apagar todas as setas inflamadas do Maligno", diz Paulo
(Ef 6.16).

A Estratégia da Tentação — um Artifício Usado pelo Maligno


O que funciona em qualquer momento de nossa vida é conhecer a
Bíblia e as promessas que nela encontramos. Os deuses da heresia, ou
seja, Satanás com seu exército, caracterizam-se por usar apenas uma
parte da Bíblia e não considerar a sua totalidade como a expressão
completa de um Deus pessoal, que deu ao homem toda a Sua revelação
mediante a Palavra escrita. Quando a serpente se dirige a Eva (Gn 3.1- 7),
vale-se dessa forma herética para desviá-la do propósito de Deus para a
sua vida:
Ora, a serpente era o mais astuto de todos os animais selvagens que
o Senhor Deus tinha feito. E ela perguntou à mulher: "Foi isso mesmo
que Deus disse: 'Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim'?"
Respondeu a mulher à serpente: "Podemos comer do fruto das árvores do
jardim, mas Deus disse: 'Não comam do fruto da árvore que está no meio
do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão' ". Disse a
serpente à mulher: "Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em
que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês, como Deus, serão
conhecedores do bem e do mal". Quando a mulher viu que a árvore
parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso,
desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o
e o deu a seu marido, que comeu também. Os olhos dos dois se abriram, e
perceberam que estavam nus; então juntaram folhas de figueira para
cobrir-se.
O pecado vem como resultado da tentação. A tentação é um
incentivo ou estímulo ao pecado. Muitas vezes, se pensa que a tentação
apela somente àquilo que é mau no homem, que é degradante e corrupto.
Mas isso não é verdade. Fiquemos à espreita, pois Satanás também pode
nos seduzir naquilo que julgamos ser intocáveis, ou seja, nas nossas
fortalezas! A tentação de Eva, bem como a tentação de Jesus, assim nos
ensinam.
Gênesis 3.6 declara que o fruto proibido apelou para três desejos da
parte de Eva, cada um dos quais perfeitamente normal. O primeiro foi o
apetite físico,ou o desejo de alimento. Em seguida, a Palavra diz que Eva
viu que a árvore era atraente aos olhos. Ela apelava ao senso estético, ao
belo. A seguir, apelou ao seu desejo de sabedoria. Assim, o Maligno
tentou Eva apelando a três dos seus desejos, perfeitamente normais em
qualquer ser humano sadio. O desvio de Eva da reta linha do dever é
claramente assinalado na narrativa sagrada. Na expressão "quando a
mulher viu que a árvore perecia agradável ao paladar" (v. 6), percebe- se
que ela julgou por si mesma o que era bom.
Assim como Satanás tentou e alcançou êxito com Adão e Eva,
procurou seduzir Jesus Cristo, valendo-se da Palavra de Deus,
indevidamente usada. Mas vamos destacar alguns desvios apresentados
em seu diálogo com Eva:
• "Foi isto mesmo que Deus disse: 'Não comam de nenhum fruto
das árvores do jardim'?" O erro consiste no fato de Satanás ter afirmado
que o casal não poderia comer de nenhum fruto do jardim. Vamos
observar o que Deus de fato disse: "Coma livremente de qualquer árvore
do jardim..." (Gn 2.16). Deus, como sempre, foi muito longânimo com
Adão e Eva, pois lhes deu a oportunidade de comer de todos os frutos,
exceto o fruto de uma única árvore — a do bem e do mal.
• "Certamente não morrerão" (3.4). Satanás promete aquilo que
ele não pode cumprir nem oferecer. Por duas razões: primeira — "Do
SENHOR é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem"
(Sl 24.1); segunda— O Diabo somente profere mentiras: "Ele foi
homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois não há
verdade nele. Quando mente, fala sua própria língua, pois é mentiroso e
pai da mentira" (Jo 8.44). Em contrapartida, tudo aquilo que Deus diz,
sem exceção, Ele cumpre. Disse que Adão e Eva morreriam, e, de fato,
todo homem e toda mulher passaram a morrer, e duas vezes: espiritual e
fisicamente.
Paulo frisa que em decorrência do pecado de Adão, como mostram
as Escrituras, o pecado entrou no mundo. O pecado fez naufragar e
arruinou a vida que Deus tinha planejado para o homem. Também é
verdade que a morte resultaria na morte espiritual. Para Paulo, tanto a
morte física quanto a morte espiritual são conseqüências do pecado.
Surge aqui um questionamento: a que tipo de morte, então, a passagem
bíblica pode estar se referindo? Quando Jesus diz: "... quem vive e crê em
mim não morrerá eternamente" (Jo 11.26), não está garantindo que o
cristão não experimentará a morte física; antes, que ele experimentará a
vida em abundância, em oposição à morte espiritual, causada pelo
pecado. O cristão é o único que conhece a doença que produz a morte. O
chamamento de Jesus, porém, dá-nos a coragem que é ignorada pelo
homem natural, porquanto as coisas espirituais não são por este
discernidas:

Quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do


Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-
las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é
espiritual discerne todas as coisas e ele mesmo por ninguém é
discernido; pois "quem conheceu a mente do Senhor para que
possa instruí-lo?" Nós, porém, temos a mente de Cristo.
-1 Co 2.16

Em alguns relatos, o termo "morte" caracteriza a morte física, e esta


abordagem é feita por Paulo ao escrever a sua primeira carta à igreja de
Corinto. Ele usa o capítulo 15 para descrever como será a ressurreição da
morte física. Ainda no capítulo 5 de Romanos, estabelece o domínio
universal da morte, como conseqüência da desobediência de Adão.
• "... vocês, como Deus, serão conhecedores do bem e do mal" (Gn
3.5), disse a serpente, ainda, a Eva. Satanás induzia assim o primeiro
casal a cair no mesmo erro que ele caíra: pensar que poderia ser igual a
Deus! Este desejo gerou a morte espiritual de Lúcifer, de seus anjos e do
primeiro casal humano, conseqüentemente de toda a humanidade. Há
muitas referências bíblicas acerca da morte como penalidade ao pecado.
Deus disse a Adão: "... no dia em que dela comer, certamente você
morrerá!" (Gn 2.17). Paulo confirma: "... o salário do pecado é a morte... "
(Rm 6. 23). Falando acerca das coisas próprias da vida injusta, Paulo
torna a afirmar: "O fim delas é a morte!" (Rm 6.211
Há ainda outra afirmação dele: a de que deixar-se levar pela carne
(vida sem a direção de Deus) é morte: "A mentalidade da carne é morte,
mas a mentalidade do Espírito é vida e paz" (Rm 8.6). Tiago, por sua vez,
afirma que o pecado gera a morte: "Então esse desejo, tendo concebido,
dá à luz o pecado, e o pecado, após ter se consumado, gera a morte" (Tg
1.15).
A felicidade humana consiste em aceitar o fato de que sua condição
de criatura é obra das mãos de seu maravilhoso Criador. Quando se
pensa a esse respeito, é de fato inteiramente absurdo para um ser tão
ignorante quanto o homem esperar compreender por completo todo o
complexo de propósitos que levam às experiências dadas por Deus.
Se Satanás, usando a Bíblia de maneira distorcida, tentou o
primeiro casal e até Jesus, é evidente que também tentará nos iludir com
a própria Bíblia.
Tiago, pastor da igreja em Jerusalém, nos diz que a maior arma de
defesa é resistir: "Portanto, submetam-se a Deus. Resistam ao Diabo, e
ele fugirá de vocês" (Tg 4.7). Antes de resistir, no entanto, precisamos ter
a certeza de que estamos sujeitos a Deus, vivendo de acordo com a Sua
Palavra.
Resistir é uma ordem, e não um ponto facultativo. E o que é
resistir?. É reconhecer a ação do inimigo em determinado caso e
repreendê-lo em nome do Senhor Jesus. Não podemos resistir a Satanás
e à sua horda com as nossas próprias forças, fiados em nosso próprio
nome, pois facilmente seremos esmagados. Convém lembrar que Satanás
era anjo dos mais poderosos criados por Deus; e, quando ele cai u, seu
poder não lhe foi totalmente retirado — prova disso é que ele é capaz de
mexer com determinadas forças do mundo físico e até mesmo ter
aparência de anjo de luz, muito embora existam apenas trevas em sua
existência.
O evangelista Lucas narra o dramático momento em que Jesus é
expulso de Nazaré.
Todos os que estavam na sinagoga ficaram furiosos quando
ouviram isto. Levantaram-se, expulsaram-no da cidade e o
levaram até o topo da colina sobre a qual fora construída a
cidade, a fim de atirá-lo precipício abaixo. Mas Jesus passou por
entre eles e retirou-se".
-Lc 4.28-32

Conta-nos o evangelista, nos versículos precedentes, que Jesus Se


apresentou, franca e oficialmente, como o próprio Messias descrito por
Isaías, após fazer em voz alta a leitura de revelação contida na palavra do
profeta. Esta declaração causou verdadeira revolta no reino das trevas,
pois Jesus não só Se autodenominava, mas também colocava e
reivindicava todas as coisas debaixo da Sua autoridade, a partir daquele
momento.
Satanás, juntamente com os demônios que infestavam aquela
cidade, impeliu toda uma multidão para atentar contra a vida de Jesus. O
Senhor tinha lido no livro do profeta Isaías, e confirmava, que fora
enviado para libertar os cativos — e Satanás não gostou nada disso.
Precisava usar uma estratégia emergencial — como lançá-Lo do cume do
monte em que a cidade estava edificada —, pois, com a morte precoce de
Jesus, todos os Seus planos redentivos seriam então frustrados. Mas está
escrito em Lucas: Jesus passou pelo meio deles e retirou-Se sem que os
homens O vissem. Naquele momento, Deus Pai cegara cada um deles e
todos os Seus inimigos.
Paulo, citando um salmo, nos lembra que somos entregues à morte
o dia todo, todos os dias, sem que nem o saibamos: "Como está escrito:
por amor de ti enfrentamos a morte todos os dias..." (Rm 8.36); mas o
mais fantástico é saber que o Senhor nos protege de todas as armadilhas
de Satanás: "Ele [o Senhor] não permitirá que você tropece; o seu
protetor se manterá alerta [...]. O SENHOR o protegerá de todo o mal,
protegerá a sua vida" (Sl 121.3,7).
O inimigo não suportava quando Paulo "calçava as botas" de
preparo eficaz para a pregação do evangelho. "... tendo os pés calçados
com a prontidão do evangelho da paz" (Ef 6.15). Paulo, quando desejou
estar com os irmãos de Tessalônica, por duas vezes foi impedido de
visitá-los. Sabe por quê? Porque a visita de Paulo levaria a verdadeira
doutrina da paz no Senhor, conforto, exortação, amor, fé, esperança e
salvação àqueles irmãos e àquela cidade. Logo, o Diabo tratou de impedir
aquelas viagens programadas — do que teve o apóstolo a revelação e o
discernimento devidos. Diz ele aos tessalonicenses: "Quisemos visitá-los.
Eu mesmo, Paulo, o quis, e não apenas uma vez, mas duas; Satanás,
porém, nos impediu" (1 TS 2.18).
Satanás impediu que Paulo chegasse à cidade de Tessalônica por
duas vezes; contudo, não foi capaz de impedir que a obra do Senhor
prosperasse e contagiasse toda uma população. No entanto, o empecilho
criado por Satanás não significa que estaremos sob o seu comando,
porquanto somos salvaguardados no aprisco do acampamento seguro.
Lembremo-nos a todo momento da proteção que nos é garantida
contra as investidas de Satanás e que a finalidade da salvação é o louvor
da glória e da graça de Deus: "Para louvor da sua gloriosa graça, a qual
nos deu gratuitamente no Amado" (Ef 1.6). Viver nesse acampamento
seguro é servir a um Deus que não divide Sua glória com quem quer que
seja.
Podemos, então, aprender a lição de que somos salvos não apenas
para recebermos e reivindicarmos a todo instante as bênçãos de Deus,
mas também para participarmos ativamente da guerra espiritual, tendo o
acampamento como local de onde fluem as ordenanças e estratégias para
a culminância do projeto de Deus para a nossa vida, a igreja e o mundo
em que vivemos.
Jesus nos diz que no ato da salvação somos feitos escravos, ou
servos, dEle. E quando falamos de escravidão, ou servidão, o que
entendemos sobre essa verdade? O homem somente poderá se
considerar livre se houver a libertação em Cristo e por Cristo: "E
conhecerão a verdade, e a verdade os libertará" (Jo 8.32). O Dicionário
internacional de teologia do Novo Testamento dá a definição de
escravidão da seguinte maneira: A fim de apreciarmos as nuances de
significado no NT, devemos averiguar, em primeiro lugar, qual é a sua
atitude para com a posição do escravo na sociedade, o que se pode fazer
principalmente com as parábolas de Jesus. Ocasionalmente, escravos
recebem uma posição de responsabilidade e comando (Mt 24:45).
Mesmo assim, o escravo deve ao seu senhor obediência exclusiva e
absoluta (Mt 8:9). "Ninguém pode servir a dois senhores" (Mt 6:24,
Posses, art. mamotiônas). Seu serviço não lhe fez merecer nem lucros nem
agradecimentos; estava apenas fazendo aquilo que lhe incumbia como
escravo (Lc 17:7-10).Osenhorpodia exercer seu poder ilimitado sobre seu
escravo — para o bem (Mt 18:27), ou para castigo sem misericórdia se
fosse culpado de alguma falta (Mt 18:34; 25:30). O NT resiste ao
veredicto contemporâneo sobre os escravos como classe inferior
desprezível, mediante o emprego, em primeiro lugar, de doulos nas
parábolas de Jesus para descrever o relacionamento com Deus de todos
os homens. Em todas as suas páginas, o NT não acha nada censurável a
divisão da sociedade em senhor e servo, livre e cativo. 8
No Reino de Deus, a independência é morte! Quem quiser viver fora do
acampamento seguro estará à mercê das investidas daquele que tem como
8
Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento. 3. ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições Vida
Nova, 1989, p. 85.
objetivo constante matar, roubar e destruir. Permanecer nesse Reino é entrar
na esfera do amor de Deus, que é o componente da natureza e da essência do
próprio Deus. O amor a Deus e o amor ao próximo derivam do próprio amor de
Deus: "Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor [...]. Nisto
consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos
amou e enviou o seu Filho como propiciação pelos nossos pecados" (1 Jo
4.8,10).
Observemos que os homens que se aprofundaram no relacionamento e
propósitos de Deus estavam convictos de que eram escravos, ou servos, de
Cristo, como foi o caso, entre outros, de Paulo ("Paulo, servo de Cristo
Jesus, chamado para ser apóstolo, separado para o evangelho de Deus" -
Rm 1). Essa escravidão não é imposta, mas amorosa e espontaneamente
aceita pelo servo do Senhor. Ovelha que anda fora do acampamento
poderá se tornar petisco de Satanás.
Concluo que a tentação que nos será impingida pelo inimigo é o
ledo engano de pensarmos que há vida e segurança fora das potentes
mãos de Deus. Lembremo-nos de que a nossa segurança está
proporcionalmente atrelada não ao lugar, mas com Quem estamos, o
nosso general vitorioso, Jesus Cristo!

Os Filhos de Deus Só Podem Ser Tocados com Permissão


Divina
Nossa vida não deve ser vista como uma colcha de retalhos, pois
"sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o
amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito" (Rm
8.28). Podemos concluir, então, dessa palavra, que devemos analisar
todas as coisas como sendo uma possibilidade de conhecermos mais
ainda as grandezas de Deus e nelas crescer. Digo isso porque, ao ser
preservado do ataque covarde daquele demônio contra minha vida, pude
lembrar do que Satanás e suas hostes são capazes, mas, sobretudo, de
que Deus é muito mais capaz para nos guardar e proteger.

O verdadeiro cristão não pode ficar possesso


Todas as noites de domingo, para mim, costumam ser as noites, de
certo modo, mais cansativas. Não que servir a Deus me canse, mas lutar
durante todo o dia contra as artimanhas de Satanás é muitas vezes
extenuante. Esse cansaço, todavia, é bastante diferente do imposto pelos
demônios àqueles sob seu domínio, e cabe aqui um testemunho dado
pela dra. Neuza Itioka, que narramos a seguir:
Pachita, médium mexicana, era possuída por um espírito
chamado Hermanito, que se dizia ser asteca com o nome
Cuauhtemoc, cuja vida de missão de cura e de liderança fora
interrompida quando foi morto pelos espanhóis na invasão.
Mas ela vivia constantemente doente e cansada. Quando
perdeu os seus dois filhos, Hermanito disse-lhe que ela
deveria sofrer, pois isto era seu sofrimento cármico. Seu
marido a deixou, pois não podia suportar o estilo de vida que
ela levava. Ela era literalmente escrava da necessidade da
multidão. Ficava continuamente doente. Hermanito nunca a
ajudou; muito pelo contrário, não lhe dava descanso.9

Em uma dessas noites, quando eu estava prestes a jantar e me


preparando para o descanso, entrou na cozinha uma irmã, desesperada.
Por que ela estava naquela aflição? Havia uma situação de possessão,
mas o que lhe causara espanto e desespero era o fato de um homem de
Deus, muito sério na obra do Senhor, ter, por um momento, dado
ouvidos a uma dos milhares de mentiras de um demônio, que possuíra
uma jovem. Quando aquele irmão repreendeu e ordenou que o demônio
saísse daquele corpo, este retrucou que sairia, mas em contrapartida
entraria no corpo daquele que o repreendia. O que aconteceu? O homem
de Deus acreditou e se acovardou.
Fui então até lá e, quando cheguei, vi um servo de Deus
amedrontado e precisando de ajuda urgente. Dirigi-me até aquela jovem
possuída, que aparentemente estava dormindo. Entendo que, para
ordenar a saída de um demônio, não é necessário gritar, mas ter a vida
sob o comando de Deus.
Tranqüilamente, declarei-lhe que o momento de mentira e
fingimento dele havia terminado. Foi quando ele gritou, dizendo:
— Você descobriu a minha estratégia, mas eu não vou sair daqui.
Fui convidado e é por isso que estou aqui. Existe pacto de sangue, ouviu?
Ela me pertence!
Pude, no mesmo instante, perceber mais uma dos milhares de
mentiras. Por que ele não iria sair? Jesus nos disse que certa casta de
demônios não sai senão a poder de jejum e oração, mas eu tinha a plena
convicção de estar sob a vontade de Deus, e foi nesse poder que ali
chegara. Não dando ouvidos, ordenei, portanto, que ele saísse, e o
espírito deixou aquela vida, para honra e glória de Jesus.
O erro daquele irmão foi acreditar que Satanás ou os seus anjos
podem tocar-nos, aos salvos, sem prévia autorização de Deus. Mesmo
que nos toquem, ainda assim Deus está no comando de nossa vida: "O
Senhor disse a Satanás: 'Pois bem, tudo que ele possui está nas suas
9
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 113.
mãos; apenas não toque nele" (Jó 1.12). Jó foi tocado; contudo, existiria
um motivo? Dentre as muitas razões, quero destacar apenas esta: para
nos ensinar que Satanás não é onisciente.
A onisciência de Deus é uma verdade cheia de consolação para o
crente. Em tempos de aflição, ele diz com Jó: "Mas ele sabe meu
caminho..." (23.10). Pode ser profundamente misterioso para mim,
inteiramente incompreensível para os meus amigos, mas "Ele sabe"! Em
tempos de fadiga e fraqueza, os crentes podem assegurar-se de que Deus
"... conhece a nossa estrutura; lembra-se de que somos pó" (Sl 103.14).
Em tempos de dúvida e vacilação, eles apelam para este atributo,
dizendo: "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e
conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau,
e guia- me pelo caminho eterno" (Sl 139.23,24). Em tempos de triste
fracasso, quando os nossos corações foram traídos por nossos atos;
quando os nossos feitos repudiaram a nossa devoção, e nos é feita a
penetrante pergunta: "Amas-me?", dizemos, como o fez Pedro: "...
Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo..." (Jo 21.17) . Deus é
onisciente. Ele sabe todas as coisas — todas as coisas possíveis, todas as
coisas reais, todos os eventos, conhece todas as criaturas, todo o passado,
presente e futuro. Conhece perfeitamente todos os pormenores da vida
de todos os seres que há no céu, na Terra e no inferno. "... conhece o que
jaz nas trevas..." (Dn 2.22). Nada escapa à Sua atenção, nada pode ser
escondido Dele, não há nada que Ele esqueça. Bem podemos dizer com o
salmista: "Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não
posso atingir" (Sl 139.6). Seu conhecimento é perfeito. Ele jamais erra,
nem muda, nem passa por alto coisa alguma. "E não há criatura alguma
encoberta diante dele; antes todas as coisas estão nuas e patentes aos
olhos daquele com quem temos de tratar" (Hb 4.13). Sim, tal é o Deus a
quem temos de prestar contas! 10
Paulo nos afirma que fomos abençoados com toda sorte de bênçãos
espirituais; não quaisquer tipos de bênçãos, mas todas as bênçãos
espirituais. Isso vale dizer que espiritualmente somos mais do que
vencedores por Cristo Jesus, nosso Senhor! Estamos conscientes de que o
nosso inimigo é espiritual, e, se as bênçãos são espirituais, logo somos
imbatíveis em qualquer confronto que tivermos com Satanás, desde que
estejamos em Cristo Jesus e as palavras dEle estejam em nós. Ainda que
o Maligno diga que vai nos destruir, sabemos que essa declaração faz
parte de sua natureza de mentira desenfreada.

10
PINK, A. W. Os atributos de Deus. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo: PES, 1985,p. 16-8.
4

Domesticação dos Espíritos: Força ou Poder?

Pelo fato de estarmos em uma batalha espiritual, as nossas armas


só poderão ter efeito se forem poderosas em Deus para desarticular as
estratégias de Satanás. Como podemos amarrar o homem valente? E
depois de amarrado, como fazer para saquear a casa do valente (Lc
11.21,22)? Quer ver estas e outras perguntas sendo respondidas?
Prossigamos então neste objetivo, que muito temos ainda a aprender!

Ineficácia da Força Humana


Por ocasião dos acontecimentos que narramos, eu ainda não
possuía carro, dependendo, portanto, do ônibus para me deslocar. Um
dia, quando, vindo das compras, deixava o ônibus e entrava em casa,
chegou a mim Bianca, toda ensangüentada. Aquela visão me deixou
completamente atordoado. Não podia imaginar a razão de tanto sangue,
ainda mais que ela estava, então, com muita dificuldade para andar. Mal
pude arriar as bolsas de compras, e Bianca me intimou,
desesperadamente, a ir à casa de certa senhora, que se encontrava
possuída. O sangue era da senhora, que estava cativa de um demônio,
porquanto Bianca tentara impedir que ela cortasse os pulsos, mas sem
êxito. Bianca então exclamou:
— Pastor, se o senhor não for agora à casa da Rita, o demônio vai
eletrocutá-la. Vamos rápido! Uma das minhas práticas sempre foi a de
deixar minha esposa e algumas irmãs orando, dando-me cobertura junto
a Deus para a batalha espiritual que haveria de travar. Deixei então
minha esposa com a incumbência de contatar as demais irmãs e fui com
Bianca até lá.
Quando entramos, havia dois homens tentando, em vão, segurar
aquela mulher, que os levantava como se fossem formigas presas nas
patas de um tamanduá. Se dependesse somente da força humana, eles
facilmente a conteriam, mas no caso a força humana era ineficaz; era o
momento de o poder de Deus entrar em ação. Dirigi-me então àqueles
homens dizendo que podiam soltar a mulher. Ao que um deles logo
tentou explicar:
— Mas, pastor, se nós a soltarmos, ela vai segurar nos fios e
morrerá eletrocutada!
— Vocês podem soltá-la — garanti. — O demônio não é contido por
força humana, mas pelo poder que emana dos céus, do trono de Cristo
Jesus!
Embora hesitantes, eles foram soltando os braços daquela mulher.
Repreendi então a entidade, que a deixou. As pessoas que ali estavam se
maravilharam com o poder do nosso Deus. Enquanto ela permanecia
deitada, pois suas forças tinham-se exaurido com a possessão, comecei a
evangelizá-la. Quando já estava prestes a chegar ao plano salvífico de
Jesus, ela começou a falar com uma voz embargada, pedindo:
— Ajude-me pastor, que ele está me estrangulando!
A mulher tentava como que tirar as mãos de alguém que a estivesse
realmente sufocando. Até então, eu nunca participara de um momento
como aquele. O demônio não estava mais nela, mas estava ainda ali,
junto dela! Foi aí que me foi revelado pelo Espírito Santo que existe uma
atuação de Satanás que, mais tarde, saberia que se chama "indução".
Mais uma vez, iniciei uma oração, agora "de guerra", declarando a
libertação total daquela vida em nome de Jesus. Houve assim o alívio
pelo qual clamávamos e do qual aquela mulher tanto precisava. Então,
ela conseguiu dormir e descansar.
Na tarde do dia seguinte, voltamos à casa daquela senhora e ali
falamos sobre o poder libertador que há em Jesus Cristo. Fizemos um
culto de oração. Com ela, estava seu companheiro. Após o culto,
conversei com o casal e fiquei sabendo o que de fato acontecera. Tratava-
se de um pacto de morte, um pacto de sangue, que ela fizera com um dos
demônios do ocultismo. Deixei bem claro que ela precisava declarar em
nome do Senhor Jesus o fim definitivo desse pacto se quisesse obter a
verdadeira libertação. Ela então me respondeu:
— Eu vou pensar sobre isso, pastor, pois não estou bem certa de se
quero ou não desfazer o que estabeleci com as entidades...
Seu companheiro, então, me contou não ser casado com ela e que
não o fizera somente pelo fato de ela não querer. Demonstrou grande
desejo de vir a conhecer Jesus como seu Senhor e Salvador. Sua
freqüência à igreja e o desejo de nos receber em casa, no entanto, se
tornaram difíceis. Até que, semanas depois, aquele homem subitamente
morreu, tendo antes passado todas as coisas para o nome da mulher.
Agora, ela andava de carro novo, com um novo amante. Soubemos, por
uma de suas amigas, que o pacto que a mulher fizera fora realmente um
pacto de morte: a entidade mataria seu ex-companheiro, dando-lhe tudo
o que ele possuía e, em contrapartida, ela passaria a ser possessão do
demônio.
Uma das exigências do pacto com o diabo é exatamente renunciar
Jesus Cristo, os evangelhos, a sua obra na cruz, e todas as orações feitas
por ele em nome de Cristo, as cerimônias do batismo e qualquer sinal de
compromisso com Deus através de Jesus Cristo e fazer um desprezo total
da cruz. O pactuante promete fazer todos os tipos de males, e conduzir o
maior número possível de pessoas ao mal. E, ainda, caso a pessoa um dia
deseje mudar de idéia, ela promete dar o seu corpo, alma e vida ao diabo,
como vinda dele, e sustentada por ele. Geralmente o pacto é assinado
com sangue. O pacto com o diabo é uma cerimônia inversa, do diabo, da
do cristão, que, renegando o mundo e Satanás, promete fidelidade ao
Senhor e Salvador Jesus Cristo".11
Pobre mulher, que, apesar de dinheiro e bens materiais
passageiros, não conseguia entender quão terrível era sua situação
espiritual diante daquela troca, onde só existia um beneficiado, Satanás!

Os Pactos com o Diabo


O que dizer dos pactos com o Maligno feitos a cada dia, muitos dos
quais insinuados ou até abertamente tornados públicos, por celebridades
do mundo político, da moda, do futebol, da música, do cinema, do teatro
e TV, da indústria, do comércio, das finanças, etc.? Assim como aquela
infeliz mulher, todos pensam que encontrarão a fama e a riqueza que
buscam, para isso bastando tão-somente fazer um pacto de sangue com o
Diabo!
O cantor de rock Alice Cooper, que abalou os corações da juventude
nos anos 70, decidiu fazer um pacto com qualquer que lhe garantisse a
fama. Segundo se sabe, à noite foi visitado por um espírito, que se
identificou como uma bruxa que vivera no século 19 e que fora queimada
em praça pública. Ela lhe disse que, se ele assumisse o nome de Alice
Cooper, pois este fora o nome de tal bruxa, teria muito dinheiro e fama, e
em contrapartida o nome dela seria adorado todas as vezes que ele fizesse
sucesso.
Quantos milhões de jovens cantaram e ainda cantam os sucessos
desse artista e conseqüentemente prestam culto a esse demônio que se
apossou da vida dele!
A história de pactos de sangue remonta a muitos séculos. Vejamos
o exemplo apresentado por Junito de Souza Brandão da natureza desses
pactos:
11
ITIOKA. Neuza, Os deuses da umbanda, p. 119.
Um rito de iniciação asiático, introduzido na Itália, lá pelo
século II d.C., enriqueceu o culto de Cibele com uma
cerimônia até então desconhecida em Roma, o tauróbolo, o
sacrifício de um touro. Trata-se de uma iniciação por um
batismo de sangue. O neófito descia a uma cova, aberta para
essa finalidade, recoberta com um teto cheio de buracos.
Sobre o fosso degolava-se um touro, e o sangue quente do
animal, fluindo pelos orifícios da cobertura, caía sobre o
corpo inteiro do iniciado. Aquele que se submetia a essa
aspersão sangrenta se tornava renatus in aeternum, um
renascido para sempre para uma vida nova, e o sangue do
touro comunicava-lhe não apenas o poder biológico do
animal, mas sobretudo a aquisição de uma vida espiritual e
imortal.12

Iniciação semelhante a esta é a que ocorre nos rituais da umbanda


e do candomblé, quando o iniciado é lavado pelo sangue de animais para
a entrada no mundo dos espíritos.
Vale ressaltar que os pactos em nenhum momento são
apresentados como sendo diretamente com o próprio Diabo, pois é de se
crer que, se o jogo fosse aberto, algumas pessoas o rejeitariam; é
considerado, porém, sabidamente, um meio de se colocar as pessoas sob
o jugo dos espíritos e orixás.
O inimigo, contudo, cobra um pesado imposto por qualquer favor
que venha a fazer. Esses pactos são feitos, assim, na obscuridade do
conhecimento do adorador; muito ao contrário do pacto que o homem
pode e deve fazer com o Deus Criador e Sustentador dos céus e da Terra.
"Estabelecerei a minha aliança entre mim e você e multiplicarei
muitíssimo a sua descendência"; "... estabeleci [...] a minha aliança para
dar-lhes aterra de Canaã..." (Gn 17.2; Êx 6.4) pacto esse que garantiu e
garante a nós, como Seu povo, sermos propriedade exclusiva de Deus.
Enquanto o pacto de sangue com o Diabo escraviza o homem e o
empurra cada vez mais para o abismo — "Abismo chama abismo ao fugir
das tuas cachoeiras; todas as tuas ondas e vagalhões se abateram sobre
mim" (Sl 42.7) —, o pacto de sangue realizado por Jesus na cruz libertou
e liberta o homem de toda a escravidão imposta pelo Diabo e seus
asseclas. Aleluia!
Gostaria que você sempre tivesse em mente que tudo foi criado por
Cristo e para Cristo: "Pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e
na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes
ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele" (Cl 1.16);
12
BRANDÃO, Junito de Souza. Mitologia grega, v. II. 2. ed., Petrópolis: Vozes, 1988, p. 37
logo, o que Satanás pode fazer, e o faz de uma forma imperfeita, é tentar
imitar as obras de Deus — o sacrifício de sangue, usando animais, a
cerimônia de purificação, as 12 pedras das cerimônias de candomblé ou
umbanda não passam de imitação barata de ritos do culto prestado a
Deus no Antigo Testamento.
O derramamento de sangue de animais ocupava o lugar central no
culto do tabernáculo (mais tarde no templo de Jerusalém), onde sempre
existia uma vítima sendo imolada e oferecida, em conformidade com o
que diz o Senhor em Sua Palavra:

"Pois a vida da carne está no sangue, e eu o dei a vocês para


fazerem propiciação por si mesmos no altar; é o sangue que faz
propiciação pela vida [...]. Por isso eu disse aos israelitas: Vocês
não poderão comer sangue de nenhum animal, porque a vida de
toda carne é o seu sangue; todo aquele que o comer será
eliminado"
(Lv 17.11,14).

"Vocês ardem de desejos entre os carvalhos e debaixo de toda


árvore frondosa; vocês sacrificam seus filhos nos vales e debaixo
de penhascos salientes. Os ídolos entre as pedras lisas dos vales
são a sua porção; são a sua parte. Isso mesmo! Para eles você
derramou ofertas de bebidas e apresentou ofertas de cereal.
Poderei eu contentar-me com isso?"
(Is 57.5,6).

"Os filhos ajuntam a lenha, os pais acendem o fogo, e as


mulheres preparam a massa e fazem bolos para a Rainha dos
Céus. Além disso, derramam ofertas a outros deuses para
provocarem a minha ira"
(Jr 7.18).

Informa o livro O mundo do Antigo Testamento:


Os cananeus criam que os sacrifícios possuíam poderes
mágicos que levavam o adorador a cair nas graças e no ritmo
do mundo físico. Contudo, os deuses eram caprichosos, e por
isso os adoradores às vezes ofereciam sacrifícios para garantir
vitória sobre os inimigos. "Quando o rei de Moabe viu que
estava perdendo a batalha, reuniu setecentos homens
armados de espadas para forçar a passagem, para alcançar o
rei de Edom, mas fracassou. Então pegou seu filho mais
velho, que devia sucedê-lo como rei, e o sacrificou sobre o
muro da cidade. Isso trouxe grande ira contra Israel, de modo
que eles se retiraram e voltaram para a sua própria terra" (2
Reis 3:26,27). Talvez seja por isso que os reis decadentes de
Israel e de Judá consentiam nos sacrifícios pagãos (1 Reis
21:25,26; 2 Reis 16:13). Desejavam obter ajuda mágica no
combate aos babilônios e aos assírios — de preferência a
ajuda dos mesmos deuses que haviam dado vitória aos seus
inimigos.13

Já era de esperar que Satanás, por ser imitador barato das obras de
Deus, estabelecesse semelhança entre o sacrifício de sangue instituído
por Deus e o pacto de sangue estabelecido por ele. Assim como o
sacrifício em honra a Deus fazia a união do adorador com o Senhor, da
mesma forma o faria o pacto com Satanás.
Enfim, enfatizando: enquanto o sangue de animal, imolado a Deus
pelo judeu piedoso, em lugar do próprio, servia à libertação dos pecados
de sua vida — e assim como o sangue do Cordeiro de Deus, imolado na
cruz como oferta voluntária, em lugar de todos nós, serviu
definitivamente à libertação dos nossos pecados, de toda a humanidade,
de ontem, hoje e sempre —, assim também o derramamento de sangue,
no mundo das trevas, serve tão-somente à opressão e ao aprisionamento
no inferno, pelo Diabo, daquele que faz esse tipo de oferenda.
No livro de Levítico, capítulo 1, temos todos os passos que
marcavam o ritual do sacrifício judaico:
• Apresentação da vítima. "Se o holocausto for de gado, [o
ofertante] oferecerá um macho sem defeito. Ele o apresentará à entrada
da Tenda do Encontro, para que seja aceito pelo SENHOR" (v. 3).
• Imposição da mão do ofertante sobre a vítima: "e porá a mão
sobre a cabeça do animal do holocausto para que seja aceito como
propiciação em seu lugar" (v. 4).
• Morte da vítima: "Então o novilho será morto perante o
Senhor..." (v. 5).
•Aspersão do sangue: "... e os sacerdotes, descendentes de Arão,
trarão o sangue e o derramarão em todos os lados do altar, que está à
entrada da Tenda do Encontro" (v. 5).
• Ato de esfolar o animal: "Depois se tirará a pele do animal..." (v.
6).
• Ato de dividir o animal em partes: "... que será cortado em
pedaços" (v. 6).
13
PACKER, J. I.; TENNEY, Merril C.; WHITE, William Jr. O mundo do Antigo Testamento, 2. ed. São Paulo:
Editora Vida, 1991, p. 101.
• Preparo do altar. "Então os descendentes do sacerdote Arão
acenderão o fogo do altar e arrumarão a lenha sobre o fogo" (v. 7).
• Ato de queimar o holocausto: "Em seguida arrumarão os pedaços,
inclusive a cabeça e a gordura, sobre a lenha que está sobre o fogo do
altar. As vísceras e as pernas serão lavadas com água. E o sacerdote
queimará tudo isso no altar. É um holocausto, oferta preparada no fogo,
de aroma agradável ao SENHOR" (v. 8,9).
A seguir, os passos para se dedicar o sacrifício e o que isso
garantiria ao adorador:
1. Logo que chegava ao átrio, o ofertante encontrava o altar do
sacrifício, primeiro requisito para alguém se aproximar de Deus: "De
fato, segundo a Lei, quase todas as coisas são purificadas com sangue, e
sem derramamento de sangue não há perdão" (Hb 9.22).
2. Depois de queimar o sacrifício no altar, o sacerdote lavava as
mãos e os pés com água do lavabo ou lavatório: "Quem poderá subir o
monte do SENHOR? Quem poderá entrar no seu santo lugar? Aquele que
tem as mãos limpas e o coração puro, que não recorre aos ídolos nem
jura por deuses falsos" (Sl 24.3,4).
3. Só então poderia entrar pela cortina: "Para a entrada da tenda
faça uma cortina de linho fino trançado e de fios de tecidos azul, roxo e
vermelho, obra de bordador. Faça ganchos de ouro para essa cortina e
cinco colunas de madeira de acácia revestidas de ouro. Mande fundir
para eles cinco bases de bronze" (Êx 26.36,37); no Lugar Santo, para
acender as lâmpadas do candelabro: "Ordene aos israelitas que lhe
tragam azeite puro de olivas batidas para a iluminação, para que as
lâmpadas fiquem sempre acesas. Na Tenda do Encontro, do lado de fora
do véu que se encontra diante das tábuas da aliança, Arão e seus filhos
manterão acesas as lâmpadas diante do SENHOR, do entardecer até de
manhã. Este será um decreto perpétuo entre os israelitas, geração após
geração" (Êx 27.20,21/Lv 24.1-4); ou para trocar os pães: "Apanhem da
melhor farinha e asse doze pães, usando dois jarros para cada pão.
Coloque-os em duas fileiras, com seis pães em cada uma, sobre a mesa de
ouro puro perante o SENHOR [...]. Esses pães serão colocados
regularmente perante o SENHOR, cada sábado, em nome dos israelitas,
como aliança perpétua. Pertencem a Arão e a seus descendentes, que os
comerão num lugar sagrado..." (Lv 24.5-9); ou para queimar o incenso
aromático sobre o altar de ouro: "Arão queimará incenso aromático
sobre o altar todas as manhãs, quando vier cuidar das lâmpadas e
também quando acendê-las ao entardecer. Será queimado incenso
continuamente perante o SENHOR, pelas suas gerações" (Êx 30.7,8).
4. A partir da vinda de Cristo, o cristão, qual sacerdote — "Vocês,
porém, são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de
Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para
a sua maravilhosa luz" (1 Pe 2.9); "E nos constituiu reino e sacerdotes
para servir a seu Deus e Pai. A ele sejam glória e poder para todo o
sempre! Amém" (Ap 1.6) — ministra, com base na crucificação de Cristo
pelos nossos pecados: "Ora, se o sangue de bodes e touros e as cinzas de
uma novilha espalhadas sobre os que estão cerimonialmente impuros os
santificam, de forma que se tornam exteriormente puros, quanto mais o
sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu de forma
imaculada a Deus, purificará a nossa consciência de atos que levam à
morte, para que sirvamos ao Deus vivo!" (Hb 9.13,14); "Livrem-se do
fermento velho, para que sejam massa nova e sem fermento, como
realmente são. Pois Cristo, nosso Cordeiro Pascal, foi sacrificado" (1 Co
5.7). Lavados, então, pela regeneração efetuada pelo Espírito de Deus,
mediante Jesus Cristo — "Não por causa de atos de justiça por nós
praticados, mas devido à sua misericórdia, ele [Deus] nos salvou pelo
lavar regenerador e renovador do Espírito Santo, que ele derramou
generosamente, por meio de Jesus Cristo, nosso Salvador" (Tt 3.5,6) —,
entramos no gozo da comunhão com Deus (ilustrada pela mesa dos pães
da proposição), pela luz de Sua Palavra (o candelabro) e a oração (sobre o
altar de ouro, ante o Trono da Graça: "Outro anjo, que trazia um
incensário de ouro, aproximou-se e se colocou em pé junto ao altar. A ele
foi dado muito incenso para oferecer com as orações de todos os santos
sobre o altar de ouro diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de
Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos" (Ap 8.3,4).
Além de imitador, o inimigo também aceita migalhas que caem das
mãos do homem, o que é inversamente oposto a Deus, que exige
exclusividade na adoração e na vida de serviço do adorador: "Respondeu
Jesus: 'Ame o Senhor, o seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua
alma e de todo o seu entendimento'" (Mt 22.37). Isso não é tremendo? Se
existe exclusividade, também existirá a necessária limpeza, e essa
limpeza é chamada na Bíblia de santificação.
Pode-se observar que a umbanda, o candomblé e todas as religiões
pagãs afins apresentam deuses antropomórficos (isto é, como seres
humanos). A mensagem mítica relata que os deuses tinham as mesmas
necessidades que os seres humanos, as mesmas fraquezas e as mesmas
imperfeições. Os deuses eram seres humanos ampliados — se porventura
houvesse diferença do homem, seria apenas de grau.
Alan Kardec define os demônios simplesmente como espíritos
inferiores, almas daqueles que viveram na Terra e em outros mundos e
que depois da morte passam a povoar o espaço. Eles são dotados de livre-
arbítrio; todavia, ao que parece, exercem essa escolha de forma
equivocada, pois são ignorantes, sendo a encarnação a forma de eles
evoluírem em direção ao estágio de inteligência e amor. Kardec
acreditava que somente por meio da reencarnação os espíritos poderiam
ter o mesmo direito de oportunidade.
Contudo, essas definições contrastam com os ensinamentos da
Bíblia, que nos garantem que os espíritos malignos, originalmente bons,
faziam parte do exército celestial, antes da Queda. Eles são diferentes dos
homens pelo fato de habitarem a eternidade, serem altamente perigosos
e não estarem à procura de evolução, ao contrário do que afirma Kardec.
Por serem dotados de força espiritual, somente por meio de uma força
mais poderosa poderemos conter os seus ataques constantes e
ininterruptos para com a nossa vida. Essa força mais poderosa, aliás
todo-poderosa, está unicamente em Deus.

Poder Reduzido e Limitado


Existe um erro grave quando menosprezamos o nosso inimigo, mas
proporcionalmente há um erro também em exaltarmos demasiadamente
seu poder. Há necessidade de conhecermos quem é na verdade o nosso
inimigo, qual é o seu poder e a sua limitação, para não cairmos nos
extremos.
Temos visto que há divisão de poder entre os demônios. Já vimos
que Satanás é o soberano desse reino. O Novo Testamento nos informa
que esse reino é composto de seres maléficos que Satanás governa com
inteligência e estratégias pré-elaboradas. Ele não age sozinho, mas com o
auxílio dos seus súditos, que cumprem as responsabilidades delegadas a
eles. Ele é o líder de uma vasta organização de seres espirituais, os seus
anjos: "Então ele [Jesus] dirá aos que estiverem à sua esquerda:
'Malditos, apartem-se de mim para o fogo eterno, preparado para o
Diabo e seus anjos'" (Mt 25.41). Seus constantes ataques são desferidos
para a destruição de toda a raça humana indistintamente, por isso ele
não olha sexo, idade, raça, escolaridade ou religiosidade.
Existe uma frase no mundo, que se universalizou, que diz: "Tudo é
força, mas só Deus é poder". Aparentemente, é uma frase correta — mas
só aparentemente; pois Deus é, de fato, o Todo-Poderoso, mas Satanás
também tem poder, ainda que limitado. Contudo, mesmo limitado, seria
o bastante para nos destruir em fração de segundo, não fosse o Senhor
Deus Soberano.
Tiago diz que devemos nos sujeitar a Deus e resistir ao Diabo, e ele
fugirá de nós. Não é à toa que o salmista nos concita a estarmos debaixo
das asas de Deus: "Ele o cobrirá com as suas penas, e sob as suas asas
você encontrará refugio; a fidelidade dele será o seu escudo protetor" (Sl
91.4), por ser o lugar mais seguro onde nos colocarmos e o único para
não sermos atingidos pelos constantes ataques de Satanás e seus anjos.
Garante, em seguida, o mesmo salmo: "Você não temerá o pavor da
noite, nem a flecha que voa de dia, nem a peste que se move sorrateira
nas trevas, nem a praga que devasta ao meio-dia" (Sl 91.5,6).
Na situação vivenciada com aquela senhora, Rita, como então
dissemos, havia dois homens que, pela sua própria força, tentavam
conter a ferocidade daquele demônio; todavia, eram facilmente lançados
de um lado para o outro, sem que pudessem contê-la. No entanto,
alegaram que não poderiam largá-la, pois, se assim o fizessem,
certamente ela seria eletrocutada. Esta fora, portanto, a ameaça
demoníaca. O demônio os fizera acreditar que ele poderia ser contido por
força humana, para que aqueles homens julgassem erroneamente que
eram capacitados de autoridade sobre o reino das trevas e, no caso,
depois fracassassem, desmoralizando-se e trazendo na verdade vitória ao
Diabo, por meio de seguidores dele, enganosamente "capacitados" a
expulsar os demônios. É essa justamente a mentira apregoada nos
terreiros de umbanda e candomblé quando de manifestações violentas,
em que os chefes do chamado "terreiro", mães-de-santo ou pais-de-
santo, se autodenominam os únicos capacitados para amansar os
"espíritos não-evoluídos". Ocorre então uma teatralização, falsa
demonstração de submissão a eles por parte dos demônios, sob a
orientação de Satanás, para que cada vez mais as pessoas acreditem que
esse reino é composto tanto de seres maus como bons e de domínio
exclusivo das entidades e de seus autorizados prepostos.
Aquela senhora estava nessa mesma condição. Ao me declarar que
não sabia se gostaria ou não de desfazer o seu pacto, estava reafirmando
acreditar que os demônios é que tinham realmente domínio nessa área;
mas também que, afinal de contas, eles não eram "tão ruins assim", pois,
com eles, ela só tinha até então a "lucrar" e, portanto, era como que fosse,
de fato, a "dona da situação" — julgando, enfim, que, na hora que ela
quisesse se desligar daquelas amarras, poderia fazê-lo sem problema
algum.
Lembremo-nos de como a Bíblia exprime a onipotência de Deus: o
poder pertence a Deus, e somente a Ele. Não foi adquirido, mas é parte
integrante da sua natureza, e todos os seres vivos e todas as coisas dão
testemunho desse inabalável e imensurável poder: "Onde você estava
quando lancei os alicerces da terra? Responda-me, se é que você sabe
tanto. Quem marcou os limites das suas dimensões? Talvez você saiba! 1
quem estendeu sobre ela a linha de medir? E os seus fundamentos, sobre
o que foram postos? E quem colocou a sua pedra de esquina..." (Jó 38.4-
6).
Jó aceitou o que a sua mente não conseguia compreender, mas que
seu coração lhe dizia ser a verdade. Refugiar- se na inescrutabilidade de
Deus não é fuga, mas a mais profunda sabedoria, requerida igualmente
pela razão e pela devoção sincera. Jó não sabia nada acerca da cruz, mas,
assim mesmo, creu em Deus.
Qual a função de Satanás e dos seus aliados? Estabelecer o caos no
mundo e impedir que os sinceros adoradores adorem a Deus em espírito
e em verdade. Para isso, são capazes de distorcer a Palavra de Deus, a fim
de justificar o pecado (Gn 3). Por serem corruptos, os demônios sempre
conduziram o homem ao mais profundo abismo. Deixa claro o Senhor
que, no final dos tempos, "continue o injusto a praticar injustiça;
continue o imundo na imundícia; continue o justo a praticar justiça; e
continue o santo a santificar-se" (Ap 22.11).
O caráter moral dos demônios pode ser descrito pela palavra
"imundo". Tudo o que é injusto, imoral, iníquo será praticado debaixo da
sua influência. A depravação e a torpeza moral completa das práticas
demoníacas são testemunhadas em todos os lugares, nas Escrituras:
doutrinas dos demônios (1 Tm 4.1); instrumentos de injustiça (Rm 6.13);
heresias destruidoras (2 Pe 2.1); amor livre (1 Tm 4.3); gratificação
sensual e impureza (Gl 5.19); doença (Mt 9.32,33); insanidade mental (Lc
8.26-36); poder titânico (Lc 8.29); amor aos lugares impuros, como
túmulos (Lc 8.27). Estas práticas de iniqüidade e torpeza moral são
confirmadas nos círculos onde imperam Satanás e suas hostes:
espiritismo, feitiçaria, satanismo. Acima de tudo, a natureza de Satanás e
dos demônios é caracterizada como sedutora. Toda a Bíblia, desde o
Gênesis até o Apocalipse, é testemunha desse caráter sedutor de Satanás
e seus demônios. Com a aparência do bem, e aproveitando a busca do
bem pelo ser humano, Satanás e seus demônios seduzem a humanidade,
para fazer dela sua presa e escrava.14
Nos dias de Jesus, não conseguiam os homens notar a atuação do
Príncipe das Trevas. Prova disso é que os habitantes de Gadara ficaram
indignados porque Jesus libertara aquele possesso. Eles pareciam se
esquecer das vítimas do endemoninhado, das noites sem dormir, dos
urros do possesso e da violência por ele praticada. A cidade estava tão
dominada pelos demônios que eles próprios inflamaram o entendimento
daqueles homens contra o Libertador, Jesus. Havia, ao que parece, uma
idéia de que o endemoninhado garantia uma doce, mas não verdadeira,
noção de que todos fossem melhores, ou saudáveis, em comparação a ele.
Quando Jesus libertou aquele homem, a cidade pôde observar então que
quase todos os moradores, senão todos, eram doentes. Jesus, aos olhos
deles, não os havia ajudado, antes lhes impetrara o juízo da condição
decaída, e isso era doloroso demais para eles. "Então o povo começou a
suplicar a Jesus que saísse do território deles" (veja Marcos 5.1-20).
A um outro grupo, Jesus apresentou a escravidão que oprimia e
amarrava toda uma comunidade, mas aqueles homens não conseguiram
14
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 87.
entender como se dava essa escravidão. O pecado é que estabelece a
prisão do homem. Jesus revelou a inter-relação do pecado com o Diabo, e
isso causou revolta. Desde a época de Jesus, o homem deseja ser filho de
Deus, sem se preocupar com as exigências do Reino (Jo 8). Ser filho de
Abraão não garantiria a filiação no Reino dos céus: mais uma vez, Jesus
confronta a libertação e as suas exigências com o domínio do reino das
trevas e suas implicações. A verdade é que um dia ocorreu uma queda no
mundo angelical, queda na qual legiões de anjos apartaram de Deus. A
ocasião exata dessa queda não é indicada, mas, em João 8.44, Jesus fala
do Diabo como assassino desde o princípio, e em 1 João 3.8 é dito que
"Aquele que pratica o pecado é do Diabo, porque o Diabo vem pecando
desde o princípio. Para isso o Filho de Deus se manifestou: para destruir
as obras do Diabo". A opinião predominante é a de que a expressão, aqui,
"desde o princípio" — em grego, kaf arches — significa "desde o começo
da história do homem". Muito pouco se diz, contudo, sobre o pecado que
ocasionou a queda dos anjos.

A Queda como Sinônimo de Egoísmo


O pecado originou-se no mundo angélico. Ao buscarmos investigar
a origem do pecado, devemos retornar à queda do homem, na descrição
de Gênesis 3, fixando a atenção em algo que sucedeu no mundo dos
anjos. Deus criou um grande número de anjos, e estes eram todos bons
quando saíram das mãos do seu Criador.
Assim como foi no céu, Satanás tem como objetivo o controle do
mundo para si mesmo, e isso somente será possível, segundo a sua ótica,
se ele estabelecer uma infestação em todo o Universo criado por Deus.
Muito embora conheça a Bíblia, Satanás é indiferente a esse
conhecimento, pois ele deseja aquilo que nunca conseguirá: o domínio da
Terra e tudo que nela existe. Em oposição a esse desejo malévolo, o
salmista declara: "Do SENHOR é a terra e tudo que nela existe, o mundo
e os que nele vivem" (Sl 24.1).
Somente Jesus retrata o que de fato viu e do que participou: "Eu vi
Satanás caindo do céu como relâmpago" (Lc 10.18) . Essa queda
aconteceu antes de o mundo ser criado; portanto, a atuação de Satanás,
assim como dos demais anjos caídos, já acontecia no momento da
eternidade.
Vale ressaltar que Satanás não é um ser de existência eterna, que
haja existido sempre, pois somente Deus Pai/Deus Filho/Deus Espírito
Santo é eterno, não tendo início, meio e fim. Lúcifer (depois Satanás) e
todos os anjos que com ele caíram passaram a existir no ato da criação,
que Deus iniciou e realizou.
Temos a absoluta certeza de que os anjos foram todos,
naturalmente, criados bons, porque das mãos do Criador tudo sempre
saiu muito bom. Surge, em um primeiro momento, a pergunta: como,
pois, nas Escrituras uns são chamados maus e outros bons? Não nos foi
revelado como isso veio a acontecer, mas por dedução, tomando como
base o que aconteceu com o primeiro casal humano, podemos ter,
praticamente, certeza de que eles foram também submetidos a alguma
prova mediante a qual poderiam manter ou perder a sua posição original.
Os que falharam nessa prova tornaram-se, simplesmente, maus; os
outros foram confirmados no estado em que haviam sido criados — são
os anjos bons.
Daí, podemos afirmar que o pecado é muito mais do que uma
atitude ou uma série de atitudes; é a constituição do próprio Satanás:
"Vocês pertencem ao pai de vocês, o Diabo, e querem realizar o desejo
dele. Ele foi homicida desde o princípio e não se apegou à verdade, pois
não há verdade nele. Quando mente, fala sua própria língua, pois é
mentiroso e pai da mentira" (Jo 8.44). Os seres cósmicos diabólicos que
infestam os ares e a Terra e infestarão o inferno foram banidos do céu. As
Escrituras declaram que eles infestam a Terra nos lugares mais
longínquos. Escreve Rebecca Brown:

Os demônios são criaturas muito inteligentes. São espíritos


e não possuem, normalmente, corpos físicos, embora possam,
por um determinado tempo, manifestar-se em corpos físicos
que podemos ver e sentir. Eles eram anjos a serviço de Deus,
e Satanás, o líder deles, era um arcanjo. Ele é uma das mais
poderosas e inteligentes criaturas criadas por Deus. A
inteligência humana não se compara em nada à dele. Desde a
eternidade, ele escolheu rebelar-se contra o Criador e tentou
exaltar a si mesmo acima de Deus. Um grande número de
anjos seguiu-o preferindo servi-lo do que [sic] a Deus. Estes
anjos com freqüência são chamados de "anjos caídos" e são
vários demônios. São todos mentirosos e malignos. Recebem
diferentes nomes em várias partes do mundo. Possuem uma
hierarquia de forças e habilidades e só podem ser derrotados
com o poder de Jesus. Mesmo estando com uma notável
posição de autoridade em Jesus sobre eles, devemos fazer uso
dela respeitosamente. É tão extenso o número e a variedade
de demônios, que não podemos nomear a todos. E também
um mesmo demônio terá diferentes nomes, dependendo da
área geográfica em que estiver. O reino de Satanás é
altamente organizado e muito eficiente. A Bíblia se refere aos
mais poderosos como príncipes e governadores em várias
áreas do mundo! Eles conhecem muito a Bíblia. É por isso
que devemos conhecê-la no todo. São "experts" em torcer as
Escrituras para dar outro significado ao que Deus disse. Se
não soubermos a Bíblia, seremos presas fáceis para eles.15

Não aceitemos o convite de Satanás de dependermos da nossa


capacidade, pois já conhecemos o resultado e a paga de tal atitude
relatados nas Escrituras Sagradas. O reconhecimento da nossa limitação
e finitude e observância à Bíblia depõem a nosso favor, como prova
inequívoca de que não dependemos daquilo que vemos, porquanto as
nossas armas são espirituais e poderosas em Deus para o cumprimento
da carreira que nos está proposta. A força não está no quanto podemos
realizar, mas no quanto conseguimos depender da ação de Deus em
nossa vida. Que o Senhor nos ajude neste adorável e bem-aventurado
estilo de vida confiado apenas aos filhos de Deus!

15
BROWN, Rebecca. Ele veio libertar os cativos. 4. ed. Trad. Margaret de Jesus Ramos. Belo Horizonte:
Dynamus, 2000, p. 178-9.
5

O Preço da Desobediência

Adverti os homens da União Masculina de nossa igreja que não


fossem à casa de certo senhor, que chamaremos Fred, pois conhecia o
histórico dele. Algumas vezes, eu fora chamado a travar uma batalha
espiritual por estar Fred possuído por demônio e, em alguns casos, até
por vários. A desobediência é a origem de todo e qualquer pecado na vida
do homem. Vale ressaltar que há leis que escravizam o homem e leis que
o libertam. A lei da obediência sempre libertará aquele que a segue, mas
no caso de desobediência daqueles homens eles seriam facilmente
escravizados.
Sem dar ouvidos à minha advertência, o líder convocou um grupo e
partiu em direção à casa de Fred, porquanto, alegava, já marcara aquela
visita no dia anterior. O que caracterizava aquele jovem líder era a sua
constante insubmissão, sob todos os aspectos. Se você conhece alguém
insubmisso, esse era infinitamente mais...
Quando chegaram, foram recebidos com muita cortesia. Fred os
convidou a se sentarem em um sofá e cadeiras já dispostas na sala. Seria
uma visita como outra qualquer: leitura da Bíblia, cânticos, exposição da
Palavra, momento de oração... Todavia, o mal estava por mostrar a sua
face.
Durante alguns minutos, não houve muito que conversar. Mas
assim que o líder se preparava para dizer o motivo da visita, Fred, já
possuído, o interrompeu e passou a ordenar o que deveriam fazer.
Mandou que um dos homens do grupo abrisse a Bíblia e fizesse a leitura
no livro determinado por ele, o demônio. Quando aquele senhor
terminou a leitura, um gato pulou da cumeeira, caindo em cima da Bíblia
e, muito rapidamente, rasgou com as garras algumas folhas da Bíblia e
urinou sobre ela. Os homens se entreolharam, espantados, sem saber o
que fazer. Diante de tal situação, um deles tentou fugir, mas sem êxito,
pois o demônio ordenou que ele se sentasse.
O que eles estavam por ver estava somente começando. Foi quando
eles viram diversos animais naquela sala. Naquele exato momento, todos
puderam vislumbrar o que estava por entre as suas pernas: Bruno tinha
uma cobra toda enrolada; Sávio, um grande sapo; Fábio, um rato;
Vlamir, o gato — dentre outros animais, costumeiramente usados na
umbanda para a realização de trabalhos. Essa experiência durou como
que uma eternidade, porquanto estavam aqueles "soldados" feridos em
seu ego. Sentiram-se impotentes diante daquela situação. Tinham
desobedecido e estavam colhendo o fruto da desobediência.

Sinalizando o Perigo
Calculando o custo de ser um discípulo
O que custou para que nos tornássemos discípulos? Jesus conta
uma parábola de dois homens que estavam endividados (Mt 18.23-35).
Os homens referidos como servos na parábola eram provavelmente
oficiais de alta posição a serviço do rei, alguns dos quais, certamente,
muitas vezes, tinham ocasião de tomar emprestadas grandes somas do
tesouro real. Na parábola, a quantia do débito do primeiro é
deliberadamente apresentada com certo exagero por Jesus para tornar
mais vivido o contraste com a dívida do segundo. O Senhor nos mostra,
com essa narrativa, que, ainda que tentássemos, não conseguiríamos
pagar a dívida que contraímos com os nossos pecados para com Deus. O
perdão da nossa dívida para com o Senhor gera gratidão, mas, acima de
tudo, também, uma atitude de adoração a Deus.
Uma proposta leviana gera uma decisão também leviana! Com esta
assertiva, quero reafirmar que os valores do Reino dos céus são
inversamente proporcionais aos valores estabelecidos pelo mundo
perdido e seu príncipe. Ninguém melhor do que nosso Senhor Jesus
Cristo para definir o custo dessa decisão. O "médico amado" Lucas (6.46-
49) faz, deste modo, o relato, que é o mais completo, da parábola de
Jesus da casa edificada sobre a rocha:

Porque vocês me chamam "Senhor, Senhor" e não fazem o que


eu digo? Eu lhes mostrarei com quem se compara aquele que vem
a mim, ouve as minhas palavras e as pratica. É como um homem
que, ao construir uma casa, cavou fundo e colocou os alicerces na
rocha. Quando veio a inundação, a torrente deu contra aquela
casa, mas não a conseguiu abalar, porque estava bem
construída. Mas aquele que ouve as minhas palavras e não as
pratica, é como um homem que construiu uma casa sobre o chão,
sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela
casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa.

Onde está a rocha? A Palavra de Deus nos informa que a rocha não
está, mas a rocha é o próprio Senhor Jesus: Israel, que buscava uma lei
que trouxesse justiça, não a alcançou. Por que não? Porque não a buscava
pela fé, mas como se fosse por obras. Eles tropeçaram na 'pedra de
tropeço'. Como está escrito: 'Eis que ponho em Sião uma pedra de
tropeço e uma rocha que faz cair; e aquele que nela confia jamais será
envergonhado' "(Rm 9.31-33/1 Pe 2.6,7). Não é de admirar que a queda
da segunda casa tenha acontecido tão rápida e precocemente, mas como
entender a opção de alguém por uma tal situação efêmera? Cavar uma
vala na rocha, na verdade, já é uma tarefa difícil, mas Jesus nos diz que a
vala fora cavada profundamente!
Em nossos dias, com o advento da dinamite (descoberta por Alfred
Bernhard Nobel), temos imensa facilidade para abrirmos valas profundas
na rocha, mas nos dias de Jesus essa tarefa era simplesmente manual:
Jesus não mostra que existisse naquela época descoberta alguma que
facilitasse essa escavação. Tenho visto e ouvido muitos pregadores
oferecendo um evangelho barato, descolorado e dissociado da mensagem
cristocêntrica. Se Jesus estabeleceu um preço, quem sou eu para negociar
com aquilo que não me pertence?
Jesus ensina, em Lucas 14.25-34, na parábola acerca da
previdência, que existe um alto preço para o discípulo que aceita o seu
chamamento: "Da mesma forma, qualquer de vocês que não renunciar a
tudo o que possui não pode ser meu discípulo" (v. 33). Em poucos
minutos, Ele leva Seus discípulos a terem uma noção do Reino de Deus e
suas implicações. Jamais uma pessoa é por Ele chamada sem que antes
possa parar para calcular o preço de segui-Lo. Qual é o preço a que Jesus
se refere? Negar-se a si mesmo. Muitos pregadores afirmam que o
homem pode vir como está, mas param por aí; não são honestos o
suficiente para continuarem apresentando a necessidade pungente de
deixar tudo para ganhar tudo. Não é uma troca, mas, sim, uma condição
estabelecida pelo próprio Deus. É negar a mim mesmo, deixar o pecado.
A Palavra de Deus nos manda fugir das concupiscências da
mocidade: "Fuja dos desejos malignos da juventude e siga a justiça, a fé,
o amor e a paz, com aqueles que, de coração puro, invocam ao Senhor" (2
Tm 2.22); fugir da fornicação: "Fujam da imoralidade sexual. Todos os
outros pecados que alguém comete, fora do corpo os comete; mas quem
peca sexualmente peca contra o seu próprio corpo" (1 Co 6.18); fugir da
adoração a falsos deuses: "Por isso, meus amados irmãos, fujam da
idolatria" (1 Co 10.14); fugir da cobiça de ser rico, endinheirado: "Pois o
amor ao dinheiro é a raiz de todos os males. Algumas pessoas por
cobiçarem o dinheiro desviaram-se da fé e se atormentaram com muitos
sofrimentos. Você, porém, homem de Deus, fuja de tudo isso e busque a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança e a mansidão" (1 Tm
6.10,11). Lembremo-nos de que para Deus o pecado deve ser tratado
como pecado, e não apenas como simples deslize que eu pratico sem
responsabilidade. Trata-se, portanto, de abrir mão da minha vontade.
Em Cristo, existe uma nova vontade, e essa vontade é:
Entregar o homem integral ao Cristo integral, para segui-lo
durante todos os dias da minha vida; é abrir mão do direito
de mim mesmo, a despesa de diariamente levar a sua cruz da
separação do mundo. É a despesa de perder os amigos e os
entes queridos que se opõem à escolha. Sim, é a perda de
todas as coisas para ser seu discípulo. Somos advertidos de
que aquele que, tendo posto a mão no arado, olha para trás,
não é apto para o reino de Deus (Lucas 9:62). Além disso,
somos advertidos a nos lembrar da esposa de Ló, que se
voltou para trás, para a condenação e a perdição (Lucas
17:32).16

Paulo, escrevendo uma carta circular às igrejas que se


encontravam na província romana da Ásia, da qual Éfeso era
a maior cidade e capital administrativa, desejava que todos os
cristãos que ali residiam avaliassem dia e noite a grandeza da
obra salvífica em Cristo Jesus.
Paulo imediatamente entra numa oração extensiva de ação
de graças a Deus pelas bênçãos recebidas em Cristo (1:314).
Esta é uma sentença com o refrão repetido de louvor: "para o
louvor da sua glória" (1:6,12,14). Este louvor é devido à
bênção proveniente do Deus triúno, Pai (1:3-6), Filho (1:7-12)
e Espírito Santo (1:13,14). Esta oração de louvor então se
torna uma petição, não de bênçãos pessoais e particulares a
Deus, para que os leitores possam chegar a um entendimento
do propósito de Deus, quer por revelação ou iluminação
(1:17), na história, através de Jesus e da igreja (1:15-3:21). É
nesta seção que Paulo se eleva à sua maior altura, ao
descrever o propósito de Deus na obra de Jesus: a cristologia.
Após descrever o poder disponível (aquele que ressuscitou
Jesus dentre os mortos e o exaltou acima de todo nome) para
executar o propósito de Deus (1:15- 23), Paulo escreve acerca
da formação do novo povo de Deus, a Igreja (2:1-22), através
da vivificação pela graça de Deus (2:1- 10) e a reconciliação de
todos os povos em Jesus (2:11-22).17

Mediante essa exposição, só nos resta uma atitude de serviço e


gratidão, não pelo que Deus pode nos dar, mas por aquilo que já nos
concedeu em Cristo Jesus.
Quero, de uma forma sintetizada, abordar especificamente nossa
condição diante do pecado. Como estávamos? Quem governava nossa
vida? Poderíamos nos desvencilhar dessa situação? Afora a declaração
16
SHELTON, L. R. A decisão por Cristo: o que isto significa? São José dos
Campos, SP: Editora Fiel, 1990, p. 38.
17
HALE, Broadus David. Introdução ao estudo do Novo Testamento. Trad. Cláudio Vital de Souza. Rio de
Janeiro: JUERP, 1983, p. 279-80.
anteriormente citada do dr. Broadus David Hale, podemos destacar o que
Paulo nos diz no capítulo 2 de Efésios, que estávamos mortos em nossas
transgressões e pecados.
Já participei de muitos velórios ao longo da minha vida. Lembro-
me, porém, que na minha juventude acontecera um assassinato brutal, e,
quando estávamos velando o corpo, a esposa entrou, depois de algumas
horas, e pediu que o seu esposo se levantasse, falasse com ela,
respondesse às suas perguntas, dissesse que aquilo não estava
acontecendo. Contudo, ele não a podia ouvir, não podia pensar, não
podia entendê-la, não podia vê-la. Se fizermos uma reflexão sobre os
mortos, com base no que diz Jesus em Marcos 4.12 quanto aos que não
têm acesso à Palavra porque não querem, não a aceitam, podemos notar
que:
• Eles não vêem: "a fim de que, ainda que vejam, não percebam".
Aquilo que de fato deve ser observado, o homem natural não consegue
enxergar. Vê que há necessidade de mudança na vida de outrem, mas não
na sua própria. Consegue ver até nas entidades, nos "trabalhos"
ocultistas, nos patuás e nas "simpatias" a forma de se livrar dos
problemas — mas não consegue ver que em Jesus está o caminho para a
verdadeira libertação.
• Não ouvem: "ainda que ouçam, não entendam", pois "a fé vem
por se ouvir a mensagem" (Rm 10.17). Dia após dia, convivemos com
pessoas que ouvem o que dizemos acerca do Reino dos céus, mas não
apresentam mudança de vida. Esse texto de Marcos não fala de ouvir
com os ouvidos, mas ouvir com o espírito e pelo Espírito Santo. As coisas
espirituais só podem ser discernidas espiritualmente e se assim for da
vontade de Deus, "pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer
quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele" (Fp 2.13).
Se um homem tentar entender as coisas de Deus pelo simples uso
das suas faculdades mentais, perderá o significado exato de tais
verdades. Homens que passaram pela História tentando compreender
dessa maneira, o máximo que conseguiram foi entrar para a História
como néscios em se tratando das coisas de Deus. Ouvi certa vez que Karl
Marx, após escrever seu livro O capital, fez a seguinte declaração:
"Preciso apenas de vinte anos para que o meu livro seja mais lido do
que a Bíblia". Não sei se você já leu ou mesmo conhece essa obra. Pobre
Marx! Bom seria que tivesse ficado quieto e se pronunciasse no momento
em que o seu livro chegasse a vender e ser mais conhecido que a Bíblia.
• Não andam, não se locomovem. Jesus declarou: "Contudo, vocês
não querem vir a mim para terem vida" (Jo 5.40) . Eles não dispõem de
liberdade de locomoção e tempo para poderem desfrutar das obras
criadas por Deus. Lembremo-nos do que aconteceu a Adão e Eva: foram
expulsos do gozo do Eden por haverem pecado. Paulo nos adverte que o
andar do homem sem Cristo é segundo o curso deste mundo,ou seja,
alienado de Cristo. É uma escravidão cultural segundo o desejo do
"príncipe das potestades do ar"; e é essa que estamos vivendo, em um
mundo secularizado, no qual não há espaço para pensar nas coisas
espirituais. Nele, o Diabo deixou de ser considerado um ser maligno,
prejudicial, tenebroso, tornando-se "inexistente", só presente "na mente
doentia dos cristãos" ou daqueles que são "medrosos" ou "piegas". Diz
ainda Paulo que o comportamento do homem sem Cristo é segundo a
carne, ou as inclinações, ou os desejos, da carne — e carne, aqui, não se
refere àquele tecido que cobre o nosso esqueleto, mas, sim, aos desejos
que conflitam com as verdades estabelecidas por Deus. Ter fome e comer
não é um desejo da carne? Sim, e não é pecado; mas, se comermos
demasiadamente, estaremos caindo no pecado da glutonaria. Isso, sim, é
viver segundo as inclinações da carne.
• Estão em processo de putrefação.Na biologia, a morte das células
leva ao apodrecimento dos tecidos e órgãos que compõem o corpo
humano ou dos outros seres vivos. Mas, no que se refere ao pecado, o
apodrecimento por ele causado é o da mente, da alma, dos sentimentos,
das relações interpessoais, tudo isso por entrar o espírito do homem em
estado de deterioração. É o homem como um todo que se degenera. Daí,
a transformação, a ressurreição, em Cristo, atingir a integralidade do ser
humano.
O verdadeiro cristianismo é um compromisso total com o Senhor
Jesus Cristo. Observe que eu disse Senhor Jesus Cristo. Alguns cristãos
querem ter um relacionamento com Jesus que lhes garanta a entrada no
céu; mas, quero ressaltar, uma pessoa não é salva somente para ir para o
céu. É chamada, sim, para uma vida de serviço incondicional, sendo o
céu conseqüência dessa vida de serviço. Para que o céu seja uma
realidade na vida do discípulo, é necessário que Jesus Se torne Senhore,
conseqüentemente, Salvador da sua vida.
Muitos cristãos sentiram-se repreendidos quando o grande
evangelista Billy Graham leu pela primeira vez a seguinte carta, escrita
por um estudante universitário americano que se convertera ao
comunismo no México. O propósito da carta era explicar à sua noiva por
que precisava romper seu compromisso matrimonial:

Nós, comunistas, temos alto índice de baixas. Somos dos


que são alvejados, enforcados, linchados, provocados,
intimidados [...] e por todos os outros meios dão-nos tanto
desconforto quanto possível. Certa porcentagem de nós é
morta ou aprisionada. Vivemos virtualmente na pobreza.
Devolvemos ao partido cada centavo além do absolutamente
necessário para manter-nos vivos. Nós, comunistas, não
temos tempo para muitos cinemas, concertos, lautas
refeições, ou casas decentes e carros novos. Temos sido
descritos como fanáticos. Somos fanáticos. As nossas vidas
são dominadas por um grande fator que a tudo eclipsa: A
LUTA PELO COMUNISMO MUNDIAL.
Nós, comunistas, temos uma filosofia de vida que nenhuma
soma de dinheiro poderia comprar. Temos uma causa pela
qual lutar, um propósito definido na vida. Subordinamos o
nosso pequenino eu pessoal a um grande movimento da
humanidade, e se a nossa vida pessoal parece dura, ou se o
nosso ego parece sofrer com a subordinação ao partido, temos
adequada recompensa no pensamento de que cada um de
nós, a seu modesto modo, está contribuindo para algo novo,
real e melhor para a espécie humana. Há uma coisa na qual
estou empenhado com intenso zelo [...] é a causa comunista.
É minha vida, meu negócio, minha religião, minha distração,
minha namorada, minha esposa, minha amante, meu pão,
minha comida. Trabalho por esta causa o dia inteiro, e de
noite sonho com ela. Sua posse sobre mim cresce; não
diminui com o passar do tempo. Portanto, não posso dar
continuidade a uma amizade, a um caso de amor, ou sequer a
uma conversação, sem ligar isso a esta força que ao mesmo
tempo empurra e guia a minha vida. Avalio as pessoas, os
livros, as idéias e as ações segundo a forma como afetam a
causa comunista e por sua atitude para com ela. Já estive na
prisão por causa das minhas idéias e, se necessário, estou
pronto para enfrentar o pelotão de fuzilamento.18

Soldados Gravemente Feridos no Campo de Batalha


Gilberto Pickering afirma:
O mundo verdadeiro é o mundo espiritual (ver Romanos
15:27; 1 Coríntios 9:11; 2 Coríntios 4:18; Gálatas 6:6; Hebreus
9.8,9 e 22:24). Este mundo físico que tanto enche a nossa
vista hão passa de "sombra", de "figura do verdadeiro".
Portanto, a guerra verdadeira se trava no âmbito espiritual.
Precisamos aumentar a nossa sensibilidade para o espiritual,
pois nossas igrejas estão cheias de "soldados feridos", sem o
saber.19

Voltando ao episódio relatado no começo deste capítulo, posso


declarar que a ferida que mais doía na vida daqueles homens que
18
McDONALD, William. O discípulo verdadeiro. 3. ed. Trad. Odayr Olivetti. São Paulo: Mundo Cristão, 1990, p.
29.
19
PICKERING, Gilberto. Guerra espiritual: estratégias missionárias de Cristo. Rio de janeiro: CPAD, 1987 p. 157-
8.
compunham a União Masculina era saber que haviam falhado no campo
de batalha. Podemos comparar tal situação àquela vivida pelos discípulos
de Jesus diante do menino endemoninhado. Eles já haviam estado diante
de muitos endemoninhados e visto como o Mestre agia, nas mais
variadas situações, mas foram impotentes para com aquele demônio.
Não se vence a batalha sem seguir a orientação de Deus e ser obediente a
Ele.

A mansidão exigida na vida do discípulo


Quando Jesus nos chama, o que Ele quer é que demonstremos uma
atitude de total confiança nEle. O discípulo não vive do que vê, mas
daquilo em que crê. A palavra bíblica que caracteriza esta atitude é
"mansidão". O que significa ser manso? De acordo com a definição de
Aurélio Buarque de Holanda, em seu dicionário, "é a índole ou o
procedimento pacífico de quem é manso". Manso — "de gênio brando, ou
índole pacífica; bondoso, pacato".
Se interpretarmos manso da maneira definida por Aurélio, teremos
muita dificuldade em entender e aceitar quando o relato bíblico nos diz
que Moisés era varão mui manso ("Era o varão Moisés mui manso, mais
do que todos os homens que haviam sobre a terra" — Nm 12.3; ARA). Por
quê? Quero convidá-lo a abrir a sua Bíblia nos seguintes textos: Êxodo
2.11,12 — "Certo dia, sendo Moisés já adulto, foi ao lugar onde estavam
seus irmãos hebreus e descobriu como era pesado o trabalho que
realizavam. Viu também um egípcio espancar um dos hebreus. Correu o
olhar por todos os lados e, não vendo ninguém, matou o egípcio e o
escondeu na areia"; Êxodo 32.19,20 — "Quando Moisés aproximou-se do
acampamento e viu o bezerro e as danças, irou-se e jogou as tábuas no
chão, ao pé do monte, quebrando-as. Pegou o bezerro que eles tinham
feito e o destruiu no fogo; depois de moê-lo até virar pó, espalhou-o na
água e fez com que os israelitas a bebessem". Essas passagens são claras
em nos apresentar um homem que com facilidade perdia a cabeça. Como
podemos, então, entender a assertiva do próprio Deus de que Moisés era
um homem "mui manso, mais do que todos os homens que haviam sobre
a terra"?
Todavia, o discípulo chamado por Jesus deveria entender que o
mais importante seria nEle confiar e se entregar ao Senhor e a esse seu
chamamento, tornando-se manso e pacífico.
Na verdade, não se pode ser um discípulo sem que antes sejam
feitos os ajustes necessários. Pelo fato de sermos um todo, formado de
corpo, alma e espírito, Deus Se relaciona conosco tomando como base
nossa integralidade. Deus nos chama para que nos ajustemos a Ele e à
Sua vontade. Ajustar a vida a Deus é algo decisivo. Se você se recusa a
fazê-lo, perderá o que Deus reservou para a sua vida.
Meu pai era um perito sapateiro. Na minha infância, quando
comprávamos qualquer sapato, independente da marca, sempre
precisava de um ajuste. Recordo-me das muitas fôrmas que meu pai
utilizava como sapateiro e que tinham os mais variados ajustes para que
os sapatos ficassem confortáveis para uso. Nas mãos do meu pai, o
sapato tomava a forma que ele julgasse melhor, mais adequada para cada
caso, e que ele já estabelecera em sua mente. A primeira coisa que ele
fazia era saber se o problema estava no sapato mesmo ou nos pés dos
seus filhos. Feita essa análise, era sempre o sapato, naturalmente, que ele
ajustava aos nossos pés.
Assim como os sapatos deveriam se adequar aos nossos pés, somos
nós que precisamos nos adaptar aos princípios preestabelecidos por Deus
para nós.
Contudo, o que significa ser manso? De acordo com William
Barclay, ninguém pode chegar, por si só e mediante seus próprios
esforços, a obter semelhante caráter. Ele lembra que, em grego, praotês é
chamada a força que está sob controle; mas seria errado dizer que o
homem, que no caso é praus, tenha perfeito autocontrole. O homem, no
entanto, é perfeitamente controlado por Deus, pois somente Deus pode
exercer sobre o homem esse domínio total. 20 Quando o Novo Testamento
nos transmite o conceito de praotês, não dá a entender que seja uma
atitude que dependa de modo algum, exclusivamente, da vontade
humana, mas, sim, algo que emana da soberana graça de Deus. É um
sinal da salvação: sinal do chamamento: "Sejam completamente
humildes e dóceis, e sejam pacientes, suportando uns aos outros com
amor" (Ef 4.2); da eleição: "Portanto, como povo escolhido de Deus,
santo e amado, revistam-se de profunda compaixão, bondade,
humildade, mansidão e paciência" (Cl 3.12); e de ser obra do Espírito
Santo: "Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência,
amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra
essas coisas não há lei" (G15.22,23). Não é uma virtude no sentido
helenístico, grego, mas, sim, uma possibilidade outorgada por Deus, de
vida e atuação. Não é também um simples aspecto do temperamento
humano. Daí, concluímos que ser manso vem a ser uma realidade
quando os homens se vinculam a Cristo e se conformam à Sua imagem.
Portanto, ser manso é ter um domínio completo de Deus sobre si.
Esta era a maior virtude de Moisés, porquanto, logo após um ato
impensado, se deixava quebrantar pelo Deus Soberano. A subida de
Moisés no monte Sinai foi conseqüência das suas constantes "descidas à
casa do oleiro":
20
BARCLAY, William. Palavras-chaves do Novo Testamento. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: Edições
Vida Nova, 1988, p. 172.
Esta é a palavra que veio a Jeremias da parte do SENHOR:
"Vá à casa do oleiro, e ali você ouvirá a minha mensagem. Então
fui à casa do oleiro, e o vi trabalhando com a roda. Mas o vaso de
barro que ele estava formando estragou-se em suas mãos; e ele o
refez, moldando outro vaso de acordo com a sua vontade. Então
o SENHOR dirigiu-me a palavra: "ó comunidade de Israel, será
que eu não posso agir com vocês como fez o oleiro?" pergunta o
SENHOR. "Como barro nas mãos do oleiro, assim são vocês nas
minhas mãos, ó comunidade de Israel"
(Jr 18.1-6).

"Descer à casa do oleiro" é o mesmo que ser manso, pois estamos


reconhecendo que precisamos de constantes reparos.
Ao oleiro, cabia a responsabilidade de transformar o barro disforme
em um vaso para uso honroso. Alguns vasos eram encomendados;
outros, porém, eram fruto do sonho do oleiro. Jesus, ao convidar o
discípulo a segui-Lo, na verdade o está convidando para uma vida de
bem-aventurança, ou seja, de jornada feliz.
Jesus fez exigências severas a seus seguidores e que estão
esquecidas nestes dias de amnésia espiritual. Com freqüência, vemos o
cristianismo sendo encarado como simples fuga do inferno e garantia do
céu. Temos em mente que precisamos desfrutar de tudo o que a vida
mundana nos oferece, e isso nos impede de entendermos que Deus não
está à nossa disposição, mas o contrário, sim, é verdadeiro. Alguns
cristãos desavisados apregoam a mensagem de que lá no céu cantaremos
juntos em um grande coral, mas não é bem isso que lemos em
Apocalipse, de onde é tirada essa idéia. Ali diz, em 22.3: "Já não haverá
maldição nenhuma. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os
seus servos o servirão".
Intimamente relacionado com o ensinamento anterior, se é que não
se trata da mesma verdade expressa de modo diverso, é que a verdadeira
humildade resulta em grandeza ou exaltação: "Portanto, quem se faz
humilde como essa criança, este é o maior no Reino dos céus" (Mt 18.4).
Em outras palavras, as pessoas verdadeiramente grandes são humildes
pelo fato de terem sido moldadas à semelhança do seu Mestre.
Uma das bases do nosso "parentesco" com Jesus é o que Ele disse e
está registrado em Mateus 12.50: "... quem faz a vontade do meu Pai que
está nos céus, este é o meu irmão, minha irmã e minha mãe". O discípulo
já nasce com "a cara do Mestre". A base para sabermos o grau de
parentesco de uma pessoa, hoje, é o DNA; todos os exames podem falhar,
mas o de DNA é garantia de um resultado preciso. Jesus ressaltou que o
"exame" para conhecer esse nosso parentesco com Ele é o exame do
amor: "Quem tem os meus mandamentos e lhes obedece, esse é o que me
ama. Aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei
e me revelarei a ele" (Jo 14.21).
Outro ensinamento importante é o de que o sentido da presença
divina é o segredo de um coração sem medo: "Mas Jesus imediatamente
lhes disse: 'Coragem! Sou eu. Não tenham medo!'" (Mt 14.27); e um
coração sem medo é corajoso para assumir novas responsabilidades e
desafios.
Pessoalmente, uma significativa descoberta é o fato de que não há
crucificação ou morte sem ressurreição, ou a descoberta da vida real:
"Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo
vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no Filho de
Deus, que me amou e se entregou por mim" (G12.20). À medida que
crucificamos nosso eu,tomamos a cruz e O seguimos, descobrimos a vida
em sua plenitude e naquilo que ela tem de melhor: "Se alguém quiser
acompanhar- me, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois
quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas quem perder a vida por
minha causa, a encontrará" (Mt 16.24,25). A cruz é lugar de permanência
— "fui crucificado com Cristo"—, e não de fardo por ter de carregá-la.

Soldados que Perderam uma Batalha, Mas Não a Guerra


Certa vez, li sobre um homem que comprou uma passagem de
navio para cruzar o oceano. Sobrou um pouco de dinheiro, e com ele
comprou queijo e biscoito, que levou para comer na viagem. Ele sonhava
com as coisas boas que o esperavam do outro lado do oceano e, por isso,
suportou a viagem. Quando o navio chegou ao destino, contou a um dos
tripulantes que havia passado a viagem toda comendo só queijo e
biscoito. Qual não foi sua surpresa e tremenda frustração quando o
comissário de bordo lhe indagou: "Mas ninguém lhe informou que todos
os nossos lanches, bufês e deliciosas refeições estavam incluídos na sua
passagem?" Napoleão, contam os historiadores, estava prestes a conduzir
o seu exército à vitória na guerra, mas no último combate, no qual
garantiria seu nome na História como estrategista, foi derrotado e perdeu
a guerra.21
Antes de entrarmos no combate, precisamos saber quem está
pelejando por nós. Ireneu, um dos pais da Igreja, afirmou: "Jesus se
tornou o que somos [...] para que pudéssemos ser aquilo que Ele é". Mas
devemos cooperar com Ele nesse processo. Quanto melhores nossas
21
Em março de 1815, ciente da impopularidade do novo governo da França, Napoleão evadiu-se da ilha de Elba,
para onde fora levado preso e exilado após sua primeira grande derrota, e, em marcha triunfal, entrou em Paris.
Durante cem dias, ocupou novamente o trono imperial, mas em junho de 1815 foi derrotado definitivamente, em
Waterloo. Deposto, foi desterrado na ilha de Santa Helena, onde morreu em 5 de maio de 1821. (Dados
extraídos da Enciclopédia Barsa.)
respostas a Ele, mais semelhantes a Ele nos tornaremos. Outro dos
grandes pioneiros da Igreja, Atanásio, escreveu:
Cristo não nos cura por se colocar acima ou diante de nós,
diagnosticando nossa enfermidade, prescrevendo o medicamento que
devemos tomar e nos deixando depois, esperando nossa melhora por
seguir suas instruções — como faz comumente o médico. Não. Ele se
torna o paciente! Ele assume a própria humanidade que precisa de
redenção, e pela unção do Espírito nossa humanidade é curada nele. Nós
não somos apenas curados "através de Cristo", por causa da obra de
Cristo, mas "em e através de Cristo".
O discípulo é confrontado com a ordem do Reino dos céus de que:
1) os últimos serão primeiros: "Contudo, muitos primeiros serão últimos,
e muitos últimos serão primeiros" (Mt 19.30); 2) quem ganha perde, e
quem perde ganha:"Pois quem quiser salvar a sua vida, a perderá, mas
quem perder a sua vida por minha causa, a encontrará" (Mt 16.25); 3) o
que se humilha é exaltado, e o que se exalta é humilhado: "Pois todo
aquele que a si mesmo se exaltar será humilhado, e todo aquele que a si
mesmo se humilhar será exaltado" (Mt 23.12); 4) o maior é o menor, e o
menor é o maior — "O maior entre vocês deverá ser servo" (Mt 23.11); 5)
os vivos exortam [acalentam, aconselham, etc.) os vivos; os mortos
sepultam não os mortos, mas os seus mortos: "Mas Jesus lhe disse: Siga-
me, e deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos" (Mt 8.22).
Essas declarações marcam o princípio da dialética 22 cristocêntrica.
Há uma lógica estabelecida no mundo material, mas outra no mundo
fenomenal. Enquanto no mundo material as coisas seguem a lei de causa
e efeito, no mundo fenomenal (por fenomenal quero dizer o mundo das
verdades eternas, o mundo espiritual) existe uma seqüência estabelecida
pelo Criador dos céus e da Terra. Como afirma o apóstolo Paulo: "Pois
nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as
invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as
coisas foram criadas por ele e para ele" (Cl 1.16). Vale reafirmar, então,
que todas as coisas foram criadas para Cristo e por Cristo, quer as do
mundo material quer as do mundo fenomenal, como também tais coisas
só subsistem pela presença de Cristo: "Ele é antes de todas as coisas, e
nele tudo subsiste" (Cl 1.17).
Ou o discípulo aceita a lei e norma de Cristo, ou será um perdedor.
A orientação que eu dera àqueles irmãos, comentada no início do
capítulo, serviria a que pudessem exercer seu sentimento de obediência,
22
Etimologicamente, o termo "dialética", procedente do grego, expressa a idéia de "dualidade", "troca" — de
lektikós, "apto à palavra", "capaz de falar". É da mesma raiz de logos (palavra, razão) e, portanto, se assemelha
ao conceito de "diálogo". No diálogo, há mais de uma opinião, há uma dualidade de razões. Em Cristo, porém,
não existe uma dualidade, mas uma única verdade, a verdade absoluta. Portanto, entendamos esse termo como
a apreensão da mais pura verdade, que é uma Pessoa — Cristo Jesus. A dialética era o método por excelência
de Sócrates, processando-se em dois tempos: a ironia, em que se indica o erro do interlocutor, e a maiêutica,
processo pelo qual o interlocutor é obrigado a tirar de si mesmo a verdade procurada.
pois, quando o Espírito Santo concedeu à Igreja os dons espirituais,
separou alguns com a missão especial de orientar e pastorear
determinado rebanho, ou congregação, ou grupo de crentes. Quando
desobedecemos ao nosso pastor, estamos indo não contra ele, mas
contrariando as determinações do Espírito Santo e dAquele que conduz
Sua Igreja, da qual é o Cabeça, Cristo.
A presença da Igreja na Terra é para revelar Jesus: "Vocês [...] são
geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para
anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua
maravilhosa luz" (1 Pe 2.9). Ela é testemunha da presença de Cristo e da
vida nEle: "Aquele que afirma que permanece nele, deve andar como ele
andou" (1 Jo 2.6), ou seja, da mesma maneira de viver de Jesus na Terra,
neste mesmo momento em que Seu trono está no céu. Quando a Igreja
atua realmente como Corpo de Cristo, ela se torna fator terapêutico na
sociedade, capaz de levantar toda uma nação a um nível superior da vida
sadia: "... eu vim para que tenham vida, e a tenham plenamente" (Jo
10.10).
Paulo não está preocupado em nos ensinar como o corpo humano
funciona, mas como o Corpo de Cristo cresce. Ele compara a Igreja ao
nosso corpo físico, onde cada membro tem uma função especial, mas
todos trabalham juntos; e, na verdade, Deus dispôs cada um dos
membros no corpo segundo a sua vontade (veja 1 Coríntios 12.4-21). O
pastor John R. W. Stott, analisando a verdade exposta em Efésios 4.14-
16, afirma:

Embora pareça que este crescimento para a maturidade


seja um conceito corporal, descrevendo a igreja como uma
totalidade, mesmo assim claramente depende da maturidade
dos seus membros individuais, conforme Paulo passa a dizer:
para que não mais sejamos como meninos (v. 14).
Naturalmente devemos ser semelhantes às crianças na sua
humildade e inocência, mas não na sua ignorância nem na
sua instabilidade.23

Acerca dos soldados que de fato lutam para que o Corpo, a Igreja,
saia vitoriosa nas batalhas, lembremos que, para estes, a guerra já está
ganha, pela morte e ressurreição de Cristo; contudo, enquanto
permanecermos neste mundo, precisaremos nos valer da armadura e das
estratégias estabelecidas pelo Senhor da obra. Para isso, os discípulos
devem cultivar a disposição sadia de servirem uns aos outros — serviço
sacrificial —, conscientizando-se de que essa é a maneira mais prática de
servir ao Senhor: "O rei responderá: 'Digo-lhes a verdade: o que vocês

23
STOTT, John R. W. A mensagem de Efésios. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São Paulo: ABU, 1987, p. 123.
fizeram a alguns dos meus menores irmãos, a mim o fizeram'" (Mt
25.40); "Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e
do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e
continuam a ajudá-los" (Hb 6.10).
Pode imaginar se porventura no campo de batalha os soldados se
desentendessem? Tal como um batalhão (por isso também chamado,
muitas vezes, de "corpo"), assim é o corpo humano e assim deve ser o
Corpo de Cristo. As características básicas de um corpo são: unidade,
harmonia e sincronia ou comunhão, o que, aplicado à Igreja,
automaticamente anula:
• O isolacionismo. O membro no corpo não pode ser comparado a
uma ilha; portanto, não existe um membro que esteja fora do Corpo de
Cristo e permaneça vivo. Quando falamos "permanecer" não é estar
arrolado no rol de membros de uma igreja, mas ter seu nome escrito no
Livro da Vida. A Bíblia nos mostra que todos os salvos (e cada salvo, na
sua individualidade) são responsáveis ao mesmo tempo pela vida total da
Igreja, tanto pela sua natureza como por todas as suas funções.
• O individualismo.Todas as ações de cada membro devem ser
feitas para trazer mais vida ao corpo, e não para adoecê-lo. O corpo é
assim chamado pelo fato de todos os órgãos trabalharem para um mesmo
objetivo, o crescimento. Mas, além disso, o texto bíblico nos mostra, com
clareza, que cada salvo recebeu de Deus, mediante o Espírito Santo,
responsabilidade e capacitação especial para exercer, com eficiência,
funções específicas na vida e ministério da Sua Igreja na Terra:
Assim como cada um de nós tem um corpo com muitos membros e
esses membros não exercem todos a mesma função, assim também em
Cristo nós, que somos muitos, formamos um corpo, e cada membro está
ligado a todos os outros. Temos diferentes dons, de acordo com a graça
que nos foi dada. Se alguém tem o dom de profetizar, use-o na proporção
da sua fé. Se o seu dom é servir, sirva; se é ensinar, ensine; se é dar
ânimo, que assim faça; se é contribuir, que contribua generosamente; se
é exercer liderança, que a exerça com zelo; se é mostrar misericórdia, que
o faça com alegria (Rm 12.4-8).
• Atitudes divisionistas. Lucas, ao relatar o progresso da Igreja
primitiva, nos informa sobre o amor à Igreja, como Corpo de Cristo, e os
membros do Corpo como parte deste. Você mesmo estará matando a vida
do Corpo de Cristo na Terra, a Sua Igreja, se impedir que alguém faça
parte do Corpo, seja salvo: "Todos os dias, continuavam a reunir-se no
pátio do templo [...] louvando a Deus e tendo a simpatia de todo o povo.
E o Senhor lhes acrescentava diariamente os que iam sendo salvos" (At
2.46,47). Não há lugar para briguinhas, para ciúmes partidários. Jesus
disse que nenhuma casa dividida poderia subsistir. Para tanto, os
soldados devem se manter unidos.
• Manobras para satisfação pessoal. Já é tempo de nos
apercebermos que estamos em guerra e devemos fazer todos os cortes de
modo que o máximo de nossos recursos possa ser empregado na luta. O
cristianismo verdadeiro está completamente dissociado de uma vida de
"lazer" espiritual. Ao contrário, é uma luta mortal, um constante conflito
com as forças do inferno.
Esta guerra exige sofrimento. Contudo, todos quantos não derem
crédito à mensagem de salvação em Cristo experimentarão a mais
extrema manifestação do desprazer divino: fogo inextinguível(geena,
referindo-se a um vale ao sul de Jerusalém chamado Hinom, lugar de
incineração) — "Ele traz a pá em sua mão e limpará a sua eira, juntando
seu trigo no celeiro, mas queimará a palha com fogo que nunca se
apaga"; "Se a sua mão o fizer tropeçar, corte-a. É melhor entrar na vida
mutilado do que, tendo as duas mãos, ir para o inferno, onde o fogo
nunca se apaga [...]. E se o seu olho o fizer tropeçar, arranque-o. É
melhor entrar no Reino de Deus com um só olho do que, tendo os dois
olhos, ser lançado no inferno, onde o seu verme não morre, e o fogo não
se apaga" (Mt 3.12; Mc 9.43,47,48); fogo eterno, preparado para o Diabo
e seus anjos — "Então ele dirá aos que estiverem à sua esquerda:
'Malditos, apartem-se para o fogo eterno, preparado para o Diabo e os
seus anjos'" (Mt 25.41); trevas, choro, ranger de dentes — "E lancem fora
o servo inútil, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes" (Mt
25.30); castigo eterno — "E estes irão para o castigo eterno, mas os
justos para a vida eterna" (Mt 25.46); o lago de fogo e enxofre, a morte
espiritual — "Mas os covardes, os incrédulos, os depravados, os
assassinos, os que cometem imoralidade sexual, os que praticam
feitiçaria, os idólatras e todos os mentirosos — o lugar deles será no lago
de fogo que arde com enxofre. Essa é a segunda morte" (Ap 21.8). Se tais
declarações de Jesus não nos deixarem com o coração perto do infarto, a
nossa cristandade está seriamente comprometida.
Paulo, quando precisou defender o seu apostolado contra os
ataques dos críticos carnais, não deu ênfase à sua ascendência familiar,
nem à sua educação aos pés de Gamaliel, nem às suas realizações como
cidadão. A ênfase foi colocada nos seus sofrimentos por amor de Jesus:

São eles servos de Cristo? — estou fora de mim para falar


desta forma eu ainda mais: trabalhei muito mais, fui
encarcerado mais vezes, fui açoitado mais severamente e exposto
à morte repetidas vezes. Cinco vezes recebi dos judeus trinta e
nove açoites. Três vezes fui golpeado com varas, uma vez
apedrejado, três vezes sofri naufrágio, passei uma noite e um dia
exposto à fúria do mar. Estive continuamente viajando de uma
parte a outra, enfrentei perigos nos rios, perigos de assaltantes,
perigos dos meus compatriotas, perigos dos gentios, perigos na
cidade, perigos no deserto, perigos no mar, e perigos dos falsos
irmãos. Trabalhei arduamente; muitas vezes fiquei sem dormir,
passei fome e sede, e muitas vezes fiquei em jejum; suportei frio e
nudez. Além disso, enfrento diariamente uma pressão interior, a
saber, a minha preocupação com todas as igrejas.
(2 Co 11.23-28).

Ao chegarmos ao fim deste capítulo, percebemos que a guerra da


qual fazemos parte não é contra a carne nem contra o sangue, mas contra
inimigos que tentam nos impedir de tomarmos posse de toda sorte de
bênçãos espirituais nas regiões celestiais. O soldado, pois, deve se
apossar da vitória conquistada por Cristo Jesus na cruz. As nossas ações
deverão sempre revelar o propósito de Deus, demonstrado na vida de
Cristo, o Verbo encarnado.
6

Demarcação de Terreno: uma Estratégia


Diabólica

A natureza nos ensina que todos os animais demarcam o seu


território. Para que serve esse ato? Para avisar aos invasores que eles
podem ter problemas sérios se continuarem na empreitada de se
aventurarem em seus domínios. Tendo enfatizado, desde o início, que
vivemos em um mundo carregado de forças cósmicas do mal, precisamos
saber, então, como acontece essa demarcação de território. Um
renomado general inglês disse: "Em tempo de guerra, o pior equívoco
consiste em subestimar o inimigo e tentar fazer uma guerra pequena".
Vamos ver, inicialmente, como agir em nossa vida diária.
"Combata o bom combate da fé. Tome posse da vida eterna, para a
qual você foi chamado e fez a boa confissão na presença de muitas
testemunhas" (1 Tm 6.12); "Vistam toda a armadura de Deus, para
poderem ficar firmes contra as ciladas do Diabo, pois a nossa luta não é
contra seres humanos, mas contra os poderes e autoridades, contra os
dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal
nas regiões celestiais. Por isso, vistam toda a arma dura de Deus, para
que possam resistir no dia mal e permanecer inabaláveis, depois de
terem feito tudo" (Ef 6.11 -13); "Não pensem que vim trazer paz à terra;
não vim trazer paz, mas espada (Mt 10.34)"; mas agora, se vocês têm
bolsa, levem-na, e também o saco de viagem; e se não têm espada,
vendam a sua capa e comprem uma" (Lc 22.36); "Estejam vigilantes,
mantenham-se firmes na fé, sejam homens de coragem, sejam fortes"( 1
Co 16.13); "Timóteo, meu filho, dou-lhe esta instrução, segundo as
profecias já proferidas a seu respeito, para que, seguindo-as, você
combata o bom combate, mantendo a fé e a boa consciência que alguns
rejeitaram e, por isso, naufragaram na fé" (1 Tm 1.19).
Que tipo de confronto nos espera? Esta não deve ser a nossa
preocupação, mas, sim, como pelejarmos a batalha! Talvez você esteja
dizendo, em seu coração, que as pessoas podem chegar ao céu sem
participar desse combate, e que isso seria possível de acordo com as
verdades bíblicas.
Paulo, falando ao seu filho na fé Timóteo sobre o tipo de combate a
que estamos expostos em cada instante do nosso viver, diz que é um
combate que enobrece aquele que luta, pois é o "bom combate".
A Bíblia é o livro por excelência. Difere dos demais porque nos
apresenta a verdade sem floreá-la, retratando a realidade sem idealizá-la.
Quando lemos os ensinamentos nela contidos, verificamos que a Bíblia é
a Palavra de Deus; mas nem tudo que nela é apresentado é a voz de Deus.
Nela, encontramos Satanás questionando Jesus Cristo e falando com o
Pai, entre outras narrativas. Por isso, afirmamos que a Bíblia trata de
maneira realista os assuntos. Encontramos os milagres do único e
verdadeiro Deus, mas também os prodígios que Satanás e seus
seguidores realizaram.
Por milagre ou prodígio, entendemos acontecimentos
sobrenaturais, que podem advir de Deus ou de Satanás.
Deus não criou propriamente Satanás, mas criou o anjo que depois
se transformou nessa figura tenebrosa por ter invejado a Deus e contra
Ele se rebelado. A transformação desse anjo em Satanás foi, assim, o
resultado de sentença estipulada por Deus, quando tal anjo se rebelou
contra os desígnios do Senhor do Universo.
Devemos lembrar, portanto, que Deus cria as coisas do nada;
contudo, Satanás nem do que já existe consegue criar alguma coisa nova.
Por não conseguir criar, ele tenta deturpar o que já existe e que é obra
das mãos de Deus. Essa deturpação é acentuada nas obras e maravilhas,
pois o homem tende sempre a valorizar os sinais e maravilhas, pelo seu
caráter espetacular e sensacionalista. Por que o mundo não ama a
Palavra de Deus, a Bíblia Sagrada? Pelo simples fato de a Bíblia apontar
não somente, ou propriamente, para os prodígios e milagres, mas,
sobretudo, para uma vida de submissão a Deus.
Na Palavra Sagrada, no entanto, encontramos numerosos milagres
admiráveis de Deus, dos quais, entre os mais conhecidos, estão: uma
estrada seca, aberta por Deus no fundo do mar Vermelho, para a
passagem do povo de Israel quando fugia do exército egípcio — "Então
Moisés estendeu a mão sobre o mar, e o SENHOR afastou o mar e o
tornou em terra seca, com forte vento oriental que soprou toda aquela
noite. As águas se dividiram, e os israelitas atravessaram pelo meio do
mar em terra seca, tendo uma parede de água à direita e outra à
esquerda" (Êx 14.21,22); a queda de monumental muralha dos
cananitas, pelos israelitas, em Jericó usando apenas trombetas, gritos e
o provável deslocamento de moléculas por meio de constante marcha —
"Quando soaram as trombetas o povo gritou. Ao som das trombetas e do
forte grito, o muro caiu..." (Js 6.20); levar Seu povo à vitória na guerra
ao fazer o sol e a lua parar —"No dia em que o SENHOR entregou os
amorreus aos israelitas, Josué exclamou ao SENHOR, na presença de
Israel: 'Sol, pare sobre Gibeom! E você, ó lua, sobre o vale de Aijalom! O
sol parou e a lua se deteve até a nação vingar— se dos seus inimigos,
como está escrito no livro de Jasar [...]. Nunca antes nem depois houve
um dia como aquele, quando o SENHOR atendeu a um homem. Sem
dúvida o SENHOR lutava por Israel!" (Js 10.12-14); a multiplicação dos
pães — "E ordenou que a multidão se assentasse na grama. Tomando os
cinco pães e os dois peixes e, olhando para o céu, deu graças e partiu os
pães. Em seguida deu-os aos discípulos, e estes à multidão. Todos
comeram e ficaram satisfeitos, e os discípulos recolheram doze cestos
cheios de pedaços que sobraram. Os que comeram foram cerca de cinco
mil homens, sem contar mulheres e crianças" (Mt 14.19-21).
Precisamos estar em sintonia com o Espírito Santo para que
saibamos discernir o que vem de Deus e o que provém da carne ou de
Satanás. Esta foi a sábia palavra dada por Jesus quando alguns fariseus e
mestres da Lei, tomados de malícia e perversidade, só para tentá-Lo,
para provocá-Lo à vaidade, Lhe pediram um sinal maravilhoso. Jesus Se
negou categoricamente, sabendo tratar-se de coisa típica do Diabo. Ele
aproveitou, então, a ocasião para alertar que a libertação de demônios,
por exemplo, somente para alimentar a vaidade de quem a pratica, sem
ser um verdadeiro agente de Deus, não seria de fato uma libertação, mas,
sim, poderia resultar até na entrada de mais demônios no possesso, para
a destruição de sua vida:
"Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares
áridos procurando descanso. Como não o encontra, diz: 'Voltarei para a
casa de onde saí'. Chegando, encontra a casa desocupada, varrida e em
ordem. Então vai e traz consigo outros sete espíritos piores do que ele, e,
entrando, passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se
pior do que o primeiro. Assim acontecerá a esta geração perversa" (Mt
12.43-45).
Assim, todas as vezes que estivermos diante de uma pessoa
endemoninhada, é necessário, após a repreensão, confrontá-la com o
poder transformador que há em Cristo Jesus. Não que Jesus tenha
demonstrado haver uma escala de endemoninhamentos, mas, sim, o
valor da liberdade que precisa realmente existir mediante Seu senhorio.
Uma "libertação" que não seja seguida de um desejo profundo de
relacionamento com Cristo não foi, de fato, uma libertação.
Há três inimigos que precisam ser confrontados com Deus no
momento da libertação: o mundo, a carne e o Diabo. Jesus ensina que
esses três inimigos aprisionam o homem na sua totalidade, por isso é
necessário que Seu sangue nos purifique, não parcialmente, não "por
departamento", mas de forma integral.
Veja estas passagens: "Pois o pecado não os dominará, porque
vocês não estão debaixo da Lei, mas debaixo da graça" (Rm 6.14); "Em
breve o Deus da paz esmagará Satanás debaixo dos pés de vocês. A graça
de nosso Senhor Jesus seja com vocês" (Rm 16.20); "Estou convencido de
que aquele que começou boa obra em vocês vai completá-la até o dia de
Cristo Jesus" (Fp 1.6); "Quando você atravessar as águas, eu estarei com
você; quando você atravessar os rios, eles não o encobrirão. Quando você
andar através do fogo, não se queimará; as chamas não o deixarão em
brasas" (Is 43.2); "Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão;
ninguém as poderá arrancar da minha mão" (Jo 10.28); "Todo aquele
que o Pai me der virá a mim, e quem vier a mim eu jamais rejeitarei"(Jo
6.37); "Conservem-se livres do amor ao dinheiro e contentem-se com o
que vocês têm, porque Deus mesmo disse: 'Nunca o deixarei, nunca o
abandonarei' "(Hb 15.5); "Pois estou convencido de que nem a morte
nem a vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem
quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra
coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em
Jesus Cristo, nosso Senhor" (Rm 8.38,39).
Esses e muitos outros versículos apontam para a estratégia de
Deus, em Cristo, contra os poderes das trevas. São promessas que devem
ser por nós apossadas, se desejarmos permanecer firmes após o combate!
Logo, assim que uma pessoa é trazida a Cristo, é necessário que lhe sejam
reveladas as conseqüências dessa decisão. Somos chamados, entre outras
coisas, para lutar contra os principados, potestades, tronos e
dominadores que operam e infestam os lugares deste mundo.

Para Cada Local, uma Operação Diferente


As estratégias usadas por Satanás diferem de lugar para lugar; pois
não estamos lidando com um ser humanamente previsível. Isso justifica
as constantes e renitentes admoestações da parte de Paulo sobre a
atitude que devemos ter ao entrar nessa batalha espiritual. A nossa
estratégia, porém, é única e eternamente eficaz — a pessoa de nosso
Senhor e Salvador Jesus Cristo!

Domínio por meio de objetos


Fomos convocados a comparecer à casa de uma jovem senhora,
que, é necessário dizer, fazia parte de uma igreja evangélica e
desempenhava até algumas tarefas na vida de sua congregação. Seu
marido nos procurara desesperado, pelo sofrimento e opressão que se
haviam apossado da esposa, na esperança de que pudéssemos ajudá-lo.
Reuni um grupo de seis irmãs e, após orarmos, partimos em direção
àquele covil do inimigo.
Ao entramos na casa, pude observar que só havia iluminação na
sala de visitas. Conversamos por alguns minutos com o esposo, para
estarmos cientes da situação em que sua família se encontrava cativa;
pedimos que ele chamasse a esposa, no que fui prontamente atendido, e
uma das irmãs nos conduziu em oração à presença de Deus. Então clamei
a Deus que me desse espírito de revelação e sabedoria, conforme nos
ensina Paulo: "Peço que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o glorioso
Pai, lhes dê espírito de sabedoria e de revelação, no pleno conhecimento
dele" (Ef 1.17). Oramos por alguns minutos, sem que houvesse
manifestação estranha alguma; todavia, o Espírito Santo me incomodava,
afirmando haver ali necessidade de libertação. O que fazer se oramos e
não há manifestação do inimigo? Estávamos ali representando o nome de
Jesus, e era o próprio Jesus aquele que estava interessado na exaltação
do Seu nome majestoso. Foi quando recebi, então, revelação do Senhor!
O Espírito Santo me dizia que eu fosse até o quarto e impusesse as mãos
sobre uma boneca que lá havia. Não sabia qual, mas, se o Espírito
ordenava, eu deveria tão-somente crer, obedecer e esperar a glória de
Deus. Falei com as irmãs sobre o que iria fazer e caminhei em direção ao
quarto. Foi aí que o inimigo se revelou. A mulher caiu no chão, rastejou
como uma cobra até o quarto, pegou uma boneca e disse:
— Ninguém vai tocar naquilo que me mantém aqui nesta casa!
Convém dizer que, em virtude da inexistência de lâmpadas na casa,
eu pedira antes que o esposo fosse comprar quantas fossem necessárias
para iluminar todos os cômodos. Ele assim o fizera, e agora a casa não
estava mais sob o domínio da escuridão. Mas, quando me aproximei da
entidade e comecei a repreendê-la, ordenando-a a sair em nome de
Jesus, a luz apagou. Que fazer ante aquele quadro? Com a autoridade que
há em Jesus, ordenei:
— Demônio do engano, em nome de Jesus acenda a luz!
Foi o que aconteceu, para a glória de Deus: a iluminação foi
restituída àquele cômodo.
Todo o cenário, naquela casa, estava montado para que a infestação
acontecesse. Só havia, antes, uma lâmpada na sala de visitas, como já
mencionamos. Todas as coisas, à noite, só podiam ser feitas pelo tato, e
não pelo que os familiares estivessem enxergando. Uma das filhas dessa
senhora estava havia dias sem tomar banho, e as palavras que saíam dos
seus lábios eram apenas desejo de suicídio e de amaldiçoar o nome do
Senhor Jesus.
Se o inimigo domina os moradores, logo todos os utensílios
também pertencerão ao dominador. Por serem os dominadores das vidas
que ali moravam, os demônios haviam criado uma atmosfera de seu culto
diuturnamente. Vários objetos teriam de vir a ser consagrados a Deus, e
outros, destruídos, para que pudesse haver libertação da casa e dos
moradores. Os CDs da menina eram todos de cantores que desfazem do
nome do Senhor Jesus. Ela não nos deixava tocar em nenhum dos seus
brinquedos e apetrechos. Tentamos manter um relacionamento com ela,
mas havia uma indução por parte do demônio, e Deus me fez sentir que
existia uma barreira que impedia que ela nos ouvisse e entendesse.
Começamos, então, a orar, e nada acontecia; todavia, senti,
mediante o Espírito Santo, que deveria orar no quarto da menina. Foi
quando um demônio novamente se manifestou. Ele fez a menina entrar
no banheiro e de lá dizia que não iria sair, desafiando ousadamente que
"gostaria de ver" quem o faria deixar aquele local. Satanás e os demônios
gostam de nos intimidar, mas a Bíblia diz que devemos estar submissos a
Deus e resistir ao Diabo, e ele fugirá de nós (Tg 4.7). Foi justamente o que
fizemos. Ordenamos, em nome de Jesus, que a menina deixasse aquele
cômodo. Ele a fez ir até o lugar onde estávamos, e nós declaramos a
libertação dela em nome do Senhor Jesus. Já parecia, enfim, estar tudo
sob controle, quando ele então, rapidamente, a levou até a janela dos
fundos do quarto, ameaçando e garantindo que iria lançá-la dali, do
segundo andar, abaixo. Jesus disse que devemos amarrar o homem
valente, e assim o fizemos. Naquele instante, o "amarrar" era uma
necessidade urgente, e assim o declarei. Ele mantinha, agora, o corpo da
menina imóvel. Aproximei-me e disse: "Pode lançá-la abaixo!" Não que
desejasse testar o inimigo ou entabular um diálogo com ele, mas para
revelar a todos os que ali estavam que ele não tinha mais como cumprir
sua ameaça ante o poder de Cristo Jesus.
Minutos após, estavam a jovem senhora, a filha e seu esposo
desfrutando plenamente das faculdades mentais que momentos antes
lhes foram roubadas por um demônio que dominava a casa por meio dos
objetos.
Não se põe fim ao domínio de Satanás e dos seus anjos sem que
antes se destrua também aquilo que o mantém como proprietário.
Assistindo a uma reportagem em uma emissora de televisão, fiquei
boquiaberto diante da matéria, que revelava o domínio de entidades
sobre determinados objetos. Jesus disse que aquele que não é por Ele é
contra Ele: "Aquele que não está comigo é contra mim, e aquele que
comigo não ajunta, espalha" (Lc 11.23). Sabendo que todos os nossos
objetos são consagrados ao serviço do Senhor, aqueles que não temem a
Deus, por sua vez, costumam consagrar seus objetos a uma entidade do
mal. Quando, pois, em minha casa e família, adquirimos, obtemos,
ganhamos ou usamos pela primeira vez qualquer que seja o objeto ou
utensílio, logo procuramos consagrá-lo ao Senhor. Assim, se tiver havido
eventual entrega anterior dele a qualquer entidade, a qualquer demônio,
já declaramos, em nome de Jesus, sua libertação, assim como nossa
libertação do que tenha sido feito, reafirmando o domínio e controle total
do Senhor sobre todas as coisas em nossa vida e em nosso poder.
Foi com um propósito, como o faz sempre, que Deus ordenou que
se destruísse tudo nas cidades de Canaã. Uma religião tão estéril e
corrupta como a dos cananeus não poderia ter outro efeito, senão
desvitalizador, sobre a população. As práticas dos cananeus haviam-se
tornado tão vis que Deus mostra aos israelitas o que aconteceu à própria
terra e o que ela, em conseqüência, fizera àqueles pagãos: "Até a terra
ficou contaminada; e eu castiguei a sua iniqüidade, e a terra vomitou os
seus habitantes" (Lv 18.25). Advertiu-os, também, de que não deixassem
de guardar Seus mandamentos, para que a terra, em que Ele estava para
fazê-los entrar e nela habitar, não os levasse a sofrer o mesmo revés:
"Obedeçam a todos os meus decretos e leis e pratiquem-nos, para que a
terra para onde os estou levando para nela habitarem não os vomite" (Lv
20.22).
Do mesmo modo que Deus advertiu Josué e seus comandados,
também nos adverte para que destruamos tudo aquilo que estabeleça
domínio maligno na vida das pessoas. Diz Neuza Itioka:

Os amuletos e fetiches podem ser considerados como o


ponto de cristalização do acesso dos espíritos maus. O fetiche,
seja pedaço de metal, madeira, pedra, ou amuleto, recebe um
poder sobrenatural, pois estes objetos são primeiramente
confeccionados pelas mãos "consagradas" aos espíritos e
ainda são especialmente "oferecidos" a eles, num ritual
especial. Assim os espíritos passam a tomar posse desses
objetos, fazendo deles sua propriedade. Assim essas pedras
transformam-se em habitação de espíritos protetores. Estes
tipos de crença vêm cooperar para a abertura a influências
demoníacas nas vidas das pessoas. Os devotos geralmente
desenvolvem um relacionamento orgânico com os espíritos
que tomam posse desses objetos. E as pessoas que nada têm a
ver com esses objetos, que os demônios tomaram posse por
direito, também podem ser atingidas pela presença maligna
neles.24

Outra situação, dentro deste mesmo tema, aconteceu com uma


irmã, cuja filha comprou, em uma visita à Bahia, uma placa com a
seguinte inscrição: "Sejam bem-vindos". Aparentemente, uma frase
inocente e até muito usada, não é mesmo? Dias após a placa haver sido
colocada, quando a irmã chegou em casa, ouviu como que um murmúrio,
como se muitas pessoas estivessem conversando entre si, ao mesmo
tempo que sentiu um aperto à medida que ali entrava. Ela orou
repreendendo o que porventura estivesse querendo causar a infestação. E

24
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 99.
sabe o que aconteceu? O inimigo bateu em retirada, como prova viva do
poder que há no nome de Jesus Cristo.
Com esses relatos, não quero insinuar, mas, sim, afirmar que, se
você não consagrar a Deus, com uma oração específica de declaração,
todos os bens que existem na sua casa, fique sabendo que podem estar
dominados e virem a trazer momentos desagradáveis e constrangedores
à sua família.
Tenho um amigo, pastor, cuja esposa sempre desejou ter uma blusa
de um tecido não muito barato. Chamou-lhes a atenção, todavia, que
todas as vezes que o casal se preparava para sair e a esposa desejava usar
aquela blusa, havia uma discórdia. Muitas vezes, repetiu-se tal situação,
até o dia quando, pelo Espírito Santo, foi revelado que houvesse o
cancelamento de toda e qualquer dedicação da blusa. Para honra de
Jesus, não houve necessidade de se desfazer da blusa, pois a declaração
de posse do Filho de Deus já havia acontecido.
Esse procedimento, porém, não deve ser adotado com relação a
objetos como esculturas, quadros, etc.... Para tais objetos, Deus
determinou uma ação mais específica. Não bastaria apenas orar
declarando, mas deveriam ser destruídos, e o despojo retirado do meio
do povo. Neuza Itioka afirma existir uma correlação entre esses
mandamentos e o risco de o povo de Deus se expor aos poderes
demoníacos presentes naqueles lugares, que haviam-se tornado moradas
de espíritos imundos. Por isso, do ponto de vista da prática do ministério
de libertação das pessoas dos maus espíritos, é de vital importância a
exigência de destruição da idolatria, ou seja, das imagens de ídolos, dos
amuletos e de todos os objetos usados na prática do ocultismo ou
qualquer culto que seja.
Os relatos aqui apresentados me fazem pensar, de fato, nas
orientações de Deus a Josué para o momento em que viesse a dominar as
cidades de Canaã. O caráter dos cultos cananeus justificava inteiramente
as ordens do Senhor para destruição de seus seguidores. Não
encontramos base teológica com que se possa questionar a justiça de
Deus ao ordenar o extermínio de povos tão depravados, ou negar a
integridade de Israel, como povo de Deus, em executar tais ordens
divinas. Os cultos cananeus eram perigosamente contagiosos. A falha dos
israelitas em executar as ordens de Deus de maneira completa foi, na
verdade, dos mais graves erros que eles cometeram, na realidade um
sério pecado, que resultaria em injúria permanente para a nação judaica.
Três foram os grandes erros de Josué:
1. Fez um acordo com os gibeonitas: "Os descendentes de Judá não
conseguiram expulsar os jebuseus, que viviam em Jerusalém; até hoje os
jebuseus vivem ali com o povo de Judá" (Js 15.63).
2. Não destruiu todos os lugares que habitavam os cananitas,
permitindo assim que os jebuseus permanecessem residindo em
Jerusalém: "Contudo, Israel não incendiou nenhuma das cidades
construídas nas colinas, com exceção de Hazor, que Josué incendiou" (Js
11.13).
3. Não conseguiu desapossar os filisteus e controlar a região
marítima.

Como resultado dessas falhas, Judá e Simeão ficaram separados do


resto da nação.
As exigências listadas continuam a fazer parte da estratégia de um
Deus que não muda. Daí, deduzimos que as mesmas observâncias que
foram ressaltadas por Deus são prescritas para os nossos dias. Não é pelo
fato de estarmos no século 21 que poderemos estabelecer uma forma
descontextualizada do cumprimento das ordenanças de Deus. Teremos o
mesmo trágico fim se, porventura, negligenciarmos a estratégia divina
para desinfestação de um local, bairro, cidade ou mesmo um país. O povo
de Israel é apresentado como um exemplo a não ser seguido, se
quisermos estar no centro da vontade de Deus para pelejarmos a boa
batalha!

Domínio por meio de falsos membros infiltrados por Satanás na


igreja
Benedito era um membro de uma das igrejas que eu pastoreei, cuja
vida não levantaria suspeita do que de fato seria capaz de fazer e se
deixar usar por Satanás. Os pais naquela igreja ficavam felizes pela
atenção e tratamento dispensados por Benedito a seus filhos. E, como
conseqüência disso, as crianças correspondiam à cortesia daquele nobre
e singelo homem. Os doces e guloseimas eram o prato principal que
atraía as crianças aos seus braços, e ele as afagava com profundo "amor".
Certo dia, quando tudo parecia transcorrer na mais perfeita
normalidade, fui chamado às pressas, pois um incidente com uma
adolescente ocorrera antes mesmo de se iniciarem as atividades
dominicais.
Aquela adolescente havia chegado à igreja com atitudes que não lhe
eram comuns; contudo, quando cheguei, ela já não mais se encontrava
nas dependências da igreja. Fiz uma declaração: "Ó Deus, se essa
adolescente estiver possessa, em nome de Jesus, eu ordeno que ela volte
para ser liberta!" Para espanto de todos, numa fração de segundo a moça
estava diante de mim e do grupo.
A vitória contra aquela entidade foi fácil, e a nossa alegria não
podia ser contida diante da supremacia que há no nome de Jesus Cristo.
Contudo, aquele era apenas o prato de entrada do que estava por vir a ser
descortinado. Naquele momento, entra em cena Benedito, membro ativo
daquela igreja e presente nas atividades propostas semanalmente. Sem
sombra de dúvida, um cristão que todo pastor gostaria de ter na linha de
frente das atividades eclesiásticas.
Benedito ajudara na repreensão do demônio na vida daquela
adolescente. Não havia dúvida de que ele era um dos nossos, até que se
cumpriram, naquela manhã, as promessas divinas de que os pecadores,
ou seja, os filhos de Belial, não permanecerão na congregação dos justos.
Estávamos nos preparando para agradecer a manifestação da graça
de Deus. Durante o clamor, Benedito incorporou um demônio feroz que
tentou destruir as cadeiras daquela sala da Escola Bíblica Dominical. Não
permiti que aquele demônio destruísse o que fora consagrado ao uso
exclusivo do Deus todo-poderoso.
Como disse, era uma entidade muito violenta, que procurava nos
imputar uma onda de terror. O demônio começou a falar por meio de
Benedito:
— Durante todo esse tempo, eu introduzi Benedito aqui nesta igreja
para destruir e alistar todas as crianças no exército que abominaria o
nome desse Deus a quem vocês servem!
No início de todo aquele quadro que estava desenhado diante de
nós com a libertação daquela adolescente, a alegria deu lugar a um
estado de estupor; pois, durante anos, eu tinha sido enganado pensando
que Benedito fosse um dos nossos. Ele era um agente de Satanás
infiltrado nas nossas trincheiras para destruir aqueles que representavam
a igreja do futuro-presente, as crianças. Os satanistas são capazes de
adquirir credibilidade junto às igrejas, das maneiras mais variadas.
Depende da realidade de cada igreja.
Posso descrever as qualidades que me impressionavam na vida de
Benedito: Ele era um freqüentador assíduo, e podia-se contar com ele
para ajudar em quaisquer projetos, porque estava sempre disposto. Nos
mutirões, era o primeiro a chegar e o último a sair. Nos cultos, a sua
ausência era sentida quando, por algum motivo, não comparecia, o que
era algo muito raro. Diante da igreja, conseguira credibilidade desse
modo, como também conseguiu conhecer a igreja e seus membros, sendo
capaz de preparar estratégias específicas para a destruição daqueles que
estivessem vivendo uma vida rasa no relacionamento com Deus.
Esse fato me faz lembrar do satanista Judas Iscariotes infiltrado
entre os discípulos. Judas conseguiu credibilidade entre os discípulos a
ponto de ser colocado como o tesoureiro do grupo ("Mas um dos seus
discípulos, Judas Iscariotes, que mais tarde iria traí-lo, fez uma objeção:
'Por que este perfume não foi vendido,e o dinheiro dado aos pobres?
Seriam trezentos denários'. Ele não falou isso por se interessar pelos
pobres, mas porque era ladrão; sendo responsável pela bolsa de dinheiro,
costumava tirar o que nela era colocado" (Jo 12.4-6). Ocupava um cargo
dentro do grupo que revolucionaria a história da humanidade, os
apóstolos!
Judas Iscariotes era tão dissimulado que os discípulos duvidaram
uns dos outros, mas não houve ninguém que duvidasse da seriedade dele,
mesmo quando Jesus comunicou que o traidor seria aquele a quem ele
desse o bocado de pão molhado, o próprio Judas:
Depois de dizer isso, Jesus perturbou-se em espírito e declarou:
"Digo-lhes que certamente um de vocês me trairá". Seus discípulos
olharam uns para os outros, sem saber a quem ele se referia. Um deles, o
discípulo a quem Jesus amava, estava reclinado ao lado dele. Simão
Pedro fez sinais para esse discípulo, como a dizer: "Pergunte-lhe a quem
ele está se referindo". Inclinando- se esse discípulo para Jesus,
perguntou-lhe: "Senhor, quem é?" Respondeu Jesus: "Aquele a quem eu
der este pedaço de pão molhado no prato". Então, molhando o pedaço de
pão, deu-o a Judas Iscariotes, filho de Simão. Tão logo Judas comeu o
pão, Satanás entrou nele. "O que você está para fazer, faça depressa",
disse-lhe Jesus. Mas ninguém à mesa entendeu por que Jesus lhe disse
isso. Visto que Judas era o encarregado do dinheiro, alguns pensaram
que Jesus estava lhe dizendo que comprasse o necessário para a festa, ou
que desse algo aos pobres (Jo 13.21-29).
Para exercer esta função de representante de Satanás no meio da
igreja, o pactuante precisa se comprometer com algumas exigências do
seu senhor: Uma das exigências do pacto com o diabo é exatamente
renunciar Jesus Cristo, os evangelhos, a sua obra na cruz, e todas as
orações feitas por ele em nome de Cristo, as cerimônias do batismo e
qualquer sinal de compromisso com Deus através de Jesus Cristo e fazer
um desprezo total da cruz. O pactuante promete fazer todos os tipos de
males, e conduzir o maior número possível de pessoas ao mal. E, ainda,
caso a pessoa um dia deseje mudar de idéia, ela promete dar o seu corpo,
alma e vida ao diabo, como vinda dele, e sustentada por ele. Geralmente
o pacto é assinado com sangue. O pacto com o diabo é uma cerimônia
inversa do batismo do cristão, que, renegando o mundo de Satanás,
promete fidelidade ao Senhor e Salvador Jesus Cristo.25

25
ITIOKA, Neuza, Os deuses da umbanda, p. 119.
Lembremo-nos de que o Senhor Jesus nos advertiu, por meio da
parábola do trigo e do joio, que o inimigo semearia representantes no
meio do seu povo (Mt 13.24- 30). A nossa incumbência não deve ser a de
apenas cortarmos o falso membro, mas adubarmos a terra de tal maneira
que os verdadeiros filhos possam sobressair no dia da colheita.
Contudo, por que Jesus não impede que isso ocorra? Creio que esta
deve ser a estratégia de que Deus se vale para nos manter alerta quanto
ao ataque constante do inimigo. Que Deus nos dê discernimento e
autoridade para vencer dia a dia esta tentativa de Satanás de infestar o
povo de Deus com seus representantes malévolos.

Domínio de lugares considerados santos


Tudo o que compramos, ou trocamos tem uma história. Daí, a
necessidade de conhecer o que pode, espiritualmente, estar por detrás de
todo produto que adquirimos. Conheci uma igreja cujo templo foi
edificado na área de um antigo cemitério. O amado leitor poderá dizer:
Mas no cemitério só existem esqueletos ou cadáveres. Contudo, essa não
é a verdadeira realidade. O cemitério foi e continuará sendo a sede de
muitos trabalhos, despachos, da parte dos seguidores de Satanás.
Se partirmos da premissa de que muitas oferendas foram dedicadas
nesse local, no caso o cemitério que fora desativado, ele se tornou em
morada dos demônios para os quais foram oferecidos aqueles despachos.
Esses lugares apresentam um significado espiritual para os poderes das
trevas, que arrogam-se o direito de agir neles. Tais lugares se tornam um
centro de atração de tais espíritos malignos.
Se não for estabelecido um fim do domínio territorial, jamais esses
espíritos deixarão de atuar ali. Nas Escrituras, encontramos um Deus
preocupado com essa situação a ponto de ordenar a quebra de todos os
altares que foram levantados aos deuses pagãos para que o fio que ligava
ao passado de práticas contrárias ao Reino de Deus pudesse ser rompido
("Mas se é pelo dedo de Deus que eu expulso demônios, então chegou a
vocês o Reino de Deus" (Lc 11.20).
7

Partindo para a Luta

Como já vimos no início deste livro, a vida cristã é uma constante


luta. Como distinguir a luta da briga? Existe alguma diferença? Posso
afirmar que todas! Na briga, não existem regras, por isso tudo é
permitido. Já na luta, só é permitido o que for acordado nas normas.
Todas as vezes que Satanás, por meio de seus demônios, se aproxima de
um cristão, essa aproximação será em forma de briga, pois para Satanás a
norma é não ter normas. O cristão só será vencedor se utilizar as
estratégias apresentadas por Jesus Cristo, em oposição ao convite de
Satanás, que é o de entrarmos em uma briga com ele.
Sermos cheios do Espírito Santo, o Deus que habita em nós, é a
única maneira de sairmos vencedores e contribuirmos para a denúncia e
derrota da infestação. O leitor está disposto a ser um vaso nas mãos de
um Deus desejoso de abençoar o mundo por seu intermédio?
Conheceremos, a seguir, como Deus pode fazer uso de você em toda a sua
potencialidade.

Equipamento para a Batalha


Que importa se de pé estou com os vencedores,
Ou com os que caem pereço?
Pecador é o covarde;
Combater é o que vale.
Forte é o meu inimigo, que avançando marcha;
Rompeu-se minha lâmina, Senhor;
Vê as orgulhosas lanças e bandeiras deles
— Mas, poupa-me o toco de uma espada.
- Amy Carmichael

Paulo inicia sua abordagem sobre batalha espiritual lembrando que


os cristãos da Ásia estariam diante de seres de inteligência cósmica;
afirma que tais inimigos não eram humanos, mas demoníacos: "Pois a
nossa luta não é contra seres humanos, mas contra poderes e
autoridades, contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as
forças espirituais do mal nas regiões celestiais" (Ef 6.12). Quando Paulo
escreveu essa carta, aqueles cristãos, com toda a certeza, estavam
familiarizados com tais seres, que infestavam as cidades, os bairros, os
lares e as pessoas. Acredito que se lembravam, ou teriam em algum
momento ouvido a narrativa, do que acontecera com os judeus em Éfeso
que tentaram entrar no caminho do exorcismo:
Alguns judeus que andavam expulsando espíritos malignos
tentaram invocar o nome do Senhor Jesus sobre os endemoninhados,
dizendo: "Em nome de Jesus a quem Paulo prega, eu lhes ordeno que
saiam!" Os que estavam fazendo isto eram os sete filhos de Ceva, uns dos
chefes dos sacerdotes judeus. Um dia, o espírito maligno respondeu:
"Jesus eu conheço, Paulo, eu sei quem é; mas vocês, quem são?" Então o
endemoninhado saltou sobre eles e os dominou, espancando-os com
tamanha violência que eles fugiram da casa nus e feridos (At 19.1316).
Em nome de Jesus, mas sem realmente conhecê-Lo e a Ele
obedecer, aqueles judeus tentaram expulsar espíritos malignos, e o que
conseguiram foi despertar a ira destes. Dominados, tiveram de fugir, nus
e gravemente feridos.
Paulo nos adverte, então, que o reino das trevas se subdivide em
poderes e estratégias, creio que embasado nas afirmações de Jesus em
Marcos, capítulo 9.
Lemos logo no início do referido capítulo que Jesus chamou seus
três discípulos de confiança, Pedro, Tiago e João, e, em companhia deles,
subiu a um alto monte. Após momentos memoráveis, os quatro descem o
monte da Transfiguração e encontram uma situação muito
constrangedora: havia um pai desesperado e nove discípulos
embaraçados e derrotados. Aquele pai trouxera seu filho para ser liberto
de um espírito que se apoderara dele, assim como de enfermidade que
dava margem à manifestação daquela entidade.
O pai se aproxima de Jesus, desesperado, pois já não acreditava
naqueles discípulos, que não haviam conseguido libertar do mal o seu
filho: "Mestre, eu te trouxe o meu filho, que está com um espírito que o
impede de falar. Onde quer que o apanha, joga-o no chão. Ele espuma
pela boca, range os dentes e fica rígido. Pedi a teus discípulos que
expulsassem o espírito, mas eles não conseguiram" (Mc 9.17,18). Jesus
faz algumas perguntas àquele pai e, em seguida, expulsa o demônio do
menino. Depois, em casa, Jesus é inquirido pelos discípulos por que não
puderam expulsar aquele demônio, ao que lhes responde o Mestre: "Essa
espécie só sai pela oração e pelo jejum" (Mc 9.29).
O missionário Gilberto Pickering, em seu livro Guerra espiritual,
diz o seguinte, com o que concordo plenamente, sobre a prática do jejum:
Meu jejum acrescenta qualquer coisa à vitória de Cristo?
Posso dizer que a vitória de Cristo foi incompleta? Se
fôssemos admitir a hipótese, por onde argumentar que somos
nós capazes de aprimorar essa vitória? Já que em Cristo
estamos sentados à destra do Pai, no Céu, e, portanto, "acima
de todo principado, e poder, e potestade e domínio" (Efésios
1:20,21 e 2:6), creio que Deus espera de nós que imponhamos
a Satanás e aos demônios, todos eles, a derrota já sofrida.
Para tanto, não deve ser necessário jejuar, desde que
estejamos efetivamente sujeitos a Deus. Agora, com isso não
quero "fazer pouco" do jejum; creio ser de valor. Não
acrescenta nada à autoridade de Cristo, mas muito bem pode
aumentar minha coragem para manusear o poder de Deus. O
jejum aumenta minha sensibilidade para o mundo espiritual.
É por isso que muitos pajés indígenas e outros médiuns
espíritas profissionais são magros — jejuam muito. Por que
fazem isso? Para aumentar sua sensibilidade aos demônios.
Já nós, jejuamos para aumentar nossa sensibilidade ao
Espírito Santo. Até onde consigo enxergar, o jejum tem esse
valor, mas nada acrescenta à vitória de Cristo.26

Consideremos, pois, o nosso armamento, que nos garantirá a


vitória na batalha espiritual, conforme Efésios 6.10-18.
Paulo assevera que somente pelo uso de toda a armadura o cristão
poderá ser vitorioso no combate. A falta de qualquer dos elementos que
compõem a armadura poderá resultar em ferimento grave do cristão.
Vale ressaltar que a batalha não é para derrotar Satanás, pois derrotado
ele já está por meio da cruz de Cristo! Jesus aqui esteve "para destruir as
obras do Diabo..." (1 Jo 3.8). A Bíblia nos mostra claramente que todos os
meios foram utilizados por Satanás para que Jesus não cumprisse Sua
missão, mas tudo o que o Maligno fez foi frustrado, e Cristo saiu-Se
vitorioso. Mas, se a batalha não tem como finalidade derrotar o inimigo,
para que serve então?
Para nos mantermos "firmes contra as ciladas do Diabo" (Ef 6.11), o
impedirmos de agir em sua obra destruidora e neutralizarmos o seu
poder de ação.
É necessário que nos apercebamos de que temos armas que nos dão
condições de atacar e nos defender. Tanto o ataque quanto a defesa
devem ser feitos de tal maneira que a tática de Jesus seja colocada em
prática. Precisamos ter a certeza de que a vitória de Cristo Jesus já é uma
realidade, para não cairmos no engodo de pensar que a vitória só
acontece no momento da expulsão dos demônios. Vejamos as partes que

26
PICKERING, Gilberto, Guerra espiritual, p. 135.
constituem a armadura completa de que devemos nos revestir para esse
enfrentamento.

O cinto da verdade
Mesmo sendo uma parte interna, o cinto era de vital importância
para o soldado que se dirigia ao campo de batalha.
Servia para prender a túnica e a espada, e usá-lo garantiria a
desenvoltura no caminhar — todo e qualquer embaraço poderia custar-
lhe a vida. Paulo nos adverte de que nem sempre é o pecado o que
conspira contra a vida do servo de Deus, mas também o embaraço, muito
embora não sendo pecado: "Nenhum soldado se deixa envolver pelos
negócios da vida civil, já que deseja agradar aquele que o alistou.
Semelhantemente, nenhum atleta é coroado como vencedor, se não
competir de acordo com as regras" (2 Tm 2.4,5). Apertar o cinto, como
todo bom e cauteloso soldado fazia, seria então sinônimo de preparação
para o combate.
Jesus nos revela que o "sim, sim" é a exemplificação do uso da
verdade, haja o que houver! As mentiras de Satanás no momento da
possessão deverão ser refutadas pelas verdades da Bíblia. Em todo estado
de domínio, o inimigo fará declarações tais como: matarei esta pessoa
que está por mim aprisionada, em oposição ao ensinamento bíblico de
que "o SENHOR é quem dá a vida e a tira" (1 Sm). Ele dirá que você não
tem poder para expulsá-lo, em oposição à declaração bíblica de que estar
conectado a Jesus é estar conectado ao poder (Rm 8.37). Ele dirá que
ainda que você o expulse, não haverá como impedir que ele volte, em
oposição à declaração de que a libertação imputada por Jesus é final (Jo
8.36).
Contudo, por que o cinto do soldado de Cristo é a verdade? Porque
o Reino dos céus é justamente o oposto do reino das trevas. Se Jesus nos
afirma que o Diabo é mentiroso desde o início, logo a mentira é não só
uma prática, mas faz parte da própria natureza de Satanás; e, se é da
natureza dele, justifica-se a afirmação de que todo aquele que profere
mentiras se torna semelhante ao seu "pai", o Maligno.
As trevas são a morada do Diabo; logo, quando ele profere
mentiras, está edificando sua própria morada eterna. As trevas se opõem
à luz — e é por isso, exatamente, que há uma grande batalha acontecendo
cujo propósito é obscurecer a luz de Cristo, que resgata e salva o pecador.
Portanto, só podemos vencer as obras do Diabo pela verdade: "Pois
nada podemos contra a verdade, mas somente em favor da verdade" (2
Co 13.8).
A cada dia, o Diabo estabelece novas mentiras e consegue engodar
muitas pessoas; mas Jesus veio para desfazer as obras do Diabo, pela
verdade. Aleluia!
Ao chegar a este mundo, Jesus encontrou os homens submersos
nos mais variados conceitos sobre a verdade. Havia a verdade apregoada
por Pitágoras, Parmênides, Heráclito de Éfeso, Sócrates, Platão,
Aristóteles, etc.; mas, no bojo de sua mensagem, Jesus não apresenta
mais uma verdade, e, sim, se intitula como a Verdade Absoluta e,
conseqüentemente, o Caminho para a libertação das mentiras
apregoadas pelo Diabo. Por ser a Verdade Absoluta, Jesus afirma: "'E
conhecerão a verdade, e a verdade os libertará [...]. Portanto, se o Filho
os libertar, vocês de fato serão livres' " (Jo 8.32,36). Jesus não fala sobre
a libertação de conceitos, pois os conceitos são relativos e causam
polêmica, mas, sim, da libertação de um domínio, de uma opressão, de
um cativeiro.
A Bíblia diz que somos escravos daquele a quem nos submetemos:
"Jesus respondeu: 'Digo-lhes a verdade: todo aquele que vive pecando é
escravo do pecado...'" (Jo 8.34).
Satanás garante conceder ao homem aquilo que ele não pode dar.
Se partirmos do pressuposto de que uma pessoa só pode dar aquilo que a
ela pertence, Satanás não pode dar ao homem coisa alguma — "Do
SENHOR é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e os que nele vivem"
(Sl 24.1) —, pois todas as coisas foram criadas por Deus Pai em e por
intermédio de Deus Filho, e para Ele foram criadas: "Pois nele foram
criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis,
sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas
foram criadas por ele e para ele" (Cl 1.16). O Diabo tem seduzido
continuamente as pessoas a pensarem que ele é capaz de conceder
alguma coisa a elas, mas tudo não passa de ilusão e mentira.
O cinto da verdade irá ajustar o nosso peito para receber a couraça
da justiça, que protegerá o nosso coração contra as saídas da vida.

A couraça da justiça
Os expositores bíblicos são quase unânimes em concordar que essa
couraça só protege o peito, não as costas, pois Deus não poderia conceber
um soldado covarde, que batesse em retirada, fazer parte de Seu exército.
Isso é afirmado por Paulo quando escreve a seu filho na fé Timóteo: "Pois
Deus não nos deu espírito de covardia, mas de poder, de amor e de
equilíbrio" (2 Tm 1.7).
Por que a couraça da justiça protege o peito? Pois nele é que se
encontra o coração do homem. A Bíblia fala que o coração do homem é a
sede de todos os males, e por isso cabe uma abordagem sobre o coração
para que entendamos essa afirmação de Paulo.
O termo que caracteriza o coração, no grego, é kardia,27 que
coincide com o modo de se entender a palavra no Antigo Testamento.
Poucas vezes, este termo caracteriza o coração como órgão físico, mas
serve, sim, como metáfora, para exemplificar a realidade do homem.
Quando o pecado atingiu o homem, qual foi o ponto central dessa ação?
Veja como o nosso Senhor, pessoalmente, insistiu nesse fato diante de
Seus ouvintes. Mas poucos acreditam nessa verdade hoje, quando
ouvimos mais falar, e muito falar, em nossa própria vontade: "Você não
tem de fazer nada, senão crer". Os que assim pregam querem ser mais
sábios do que o próprio Cristo, que, no entanto, disse: "Ninguém pode vir
a mim se o Pai, que me enviou, não o atrair". Dizem que a vontade do
homem é livre, sua escolha é livre; que você pode se arrepender a
qualquer momento que achar conveniente. Os que professam Cristo
segundo tal distorcida doutrina nada sabem sobre a incredulidade do seu
próprio coração. Na verdade, o pecado atinge, marca, domina e estraga
não somente os aspectos físicos e emocionais do homem natural, não
somente seu pensar, desejar, sentir e se empenhar, mas também, e
sobretudo, a própria fonte destes, a parte mais íntima da existência
humana, seu próprio coração. Por que o coração, espiritualmente
falando, é tão importante para a vida do homem e sua salvação? Vejamos
as principais razões:
• O pecado vem do coração: "Pois do interior do coração dos
homens vêm os maus pensamentos, as imoralidades sexuais, os roubos,
os homicídios, os adultérios" (Mc 7.21).
• Desejos vergonhosos habitam o coração do homem: "Por isso
Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do
seu coração, para a degradação do seu corpo entre si" (Rm 1.24).
• O coração, quase sempre, é desobediente, rebelde e impenitente:
"Contudo, por causa da sua teimosia e do seu coração obstinado, você
está acumulando ira contra si mesmo, para o dia da ira de Deus, quando
se revelará o seu justo julgamento" (Rm 2.5); mau e infiel: "Cuidado,
irmãos, para que nenhum de vocês tenha coração perverso e incrédulo,
que se afaste do Deus vivo" (Hb 3.12); embotado e endurecido: "Eles
estão obscurecidos no entendimento e separados da vida de Deus por
causa da ignorância em que estão, devido ao endurecimento do seu
coração" (Ef 4.18). Jesus, referindo-se aos seus oponentes, citou o profeta
Isaías: "'Este povo me honra com os lábios [...]. Em vão me adoram; seus
27
Kardia, no conceito grego, é o centro da vida física e da constituição psicológica do homem. A palavra ocorre
com relativa raridade, no NT, no sentido de órgão físico, sede da vida natural (Lc 21.34; At 14.17); denota mais
freqüentemente a sede da vida intelectual e espiritual, a vida interior, em contraste com as aparências externas
(2 Co 5.12; 1 Ts 2.17). Os poderes do espírito, da razão e da vontade centralizam-se no coração, bem como as
moções da alma, os sentimentos, as paixões e os instintos. O coração representa o ego do homem, ou,
simplesmente, a própria pessoa (seu "ser interior", como em 1 Pedro 3.4).
ensinamentos não passam de regras, mas o seu coração está longe de
mim' (Mc 7.6,7).
• De igual modo, Jesus repreendeu Seus discípulos pela sua falta
de fé e sua dureza de coração: "Mais tarde apareceu aos Onze enquanto
ele comia; censurou-lhes a incredulidade e a dureza de coração, porque
não acreditaram nos que o tinham visto depois de ressurreto" (Mc 16.14).
Somos informados em João 16.8 que "Quando ele [o Espírito da
Verdade] vier, convencerá o mundo do pecado, da justiça e do juízo.
"O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa, e sua doença
é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?" A queixa de Jeremias
(17.9) exprime aquilo que também é o ponto de vista do Novo
Testamento. Ninguém pode entender seu próprio coração, muito menos
mudá-lo. O homem sem Deus vive sob o poder do pecado, que fez sua
habitação em seu coração e que, dessa posição favorável, escraviza o
homem inteiro. Daí, podemos entender por que existem tantos e tão
insistentes apelos nas Escrituras para que o homem entregue de vez o seu
coração ao seu Deus todo-poderoso.
Se o pecado domina o homem por meio do coração, é também por
meio deste que o homem poderá ser liberto dessa escravidão.
Observemos o que diz a Bíblia quanto à vitória sobre o pecado, no
tocante ao coração: "Ensina-nos a contar os nossos dias, para que o nosso
coração alcance sabedoria" (Sl 90.12). Mas esta sabedoria é fruto do
temor que devemos ter para com Deus: "O temor do SENHOR é o
princípio do conhecimento, mas os insensatos desprezam a sabedoria e a
disciplina" (Pv 1.7). Tiago dá-nos uma visão acurada da sabedoria que
provém da parte de Deus. Ela é inversa à adquirida no mundo natural:
Contudo, se vocês abrigam no coração inveja amarga e ambição egoísta,
não se gloriem disso, nem neguem a verdade. Este tipo de "sabedoria"
não vem dos céus, mas é terrena; não é espiritual, mas é demoníaca. Pois
onde há inveja e ambição egoísta, aí há confusão e toda espécie de males.
Mas a sabedoria que vem do alto é antes de tudo pura; depois, pacífica,
amável, compreensiva, cheia de misericórdia e de bons frutos, imparcial
e sincera (Tg 3.14-17).
Como obter tal sabedoria? "Se algum de vocês tem falta de
sabedoria, peça-a Deus, que a todos dá livremente, de boa vontade; e lhe
será concedida" (Tg 1.5). Mas a fé deve direcionar esse pedido: "Peça-a,
porém, com fé, sem duvidar, pois aquele que duvida é semelhante à onda
do mar, levada e agitada pelo vento" (1.6). Tal sabedoria deverá servir
somente, e tão-somente, para que Deus seja adorado, louvado e crido
entre os homens.
Daí, conclui-se que o ministério de libertação é um ministério de
transparência. Logo, a sua vida, leitor, deverá revelar os valores da justiça
de Jesus. Não permita que atos pecaminosos deponham contra a sua
nova vida em Cristo. Escolha um parceiro de prestação de contas, pois, à
medida que você prestar contas, se tornará mais propenso a vencer as
suas fortalezas que desmerecem o sacrifício de Jesus e a se habilitar para
o ministério de quebrar os grilhões dos cativos pelo inimigo.
Com o peito protegido, podemos dar passos seguros e
determinados em direção ao covil do inimigo. Mas o que pode nos dar
segurança nessa jornada rumo à casa do homem valente? Pés que
possam pisar firme, sem hesitação!

As botas do evangelho da paz


O caminhar do cristão deve ser em direção à eternidade. O mundo
verdadeiro é o espiritual, sendo este mundo físico apenas sombra da
verdadeira vida que Cristo oferece. A falta de preparo para a obra é como
andar descalço nesse mundo que não conseguimos ver, mas que existe e
podemos sentir em espírito.
Vamos pensar sobre o que acontece com uma pessoa que anda
descalça: facilmente poderá cortar, furar e machucar o pé.
Quando garoto, eu costumava andar descalço em tudo o que fazia.
O resultado disso era que os meus pés viviam cortados, furados, feridos e
queimados. O que acontece no mundo invisível é muito semelhante,
porquanto o Diabo deseja atingir nossos pés espirituais e,
conseqüentemente, comprometer nossa caminhada na pregação do
evangelho da paz. Mas a que tipo de paz estamos nos referindo? A paz
que o mundo não conhece, por não conhecer a sua nascente.
Jesus veio para restaurar o homem a Deus. Esta verdade só pode
ser entendida se houver quem a pregue. E como pregarão se não forem
enviados? Mas, para serem enviados, há necessidade de prontidão dos
que se disponham a servir: "Porque 'todo aquele que invocar o nome do
Senhor será salvo'. Como, pois, invocarão aquele em quem não creram? E
como crerão naquele de quem não ouviram falar? E como ouvirão, se não
houver quem pregue? E como pregarão, se não forem enviados? Como
está escrito: 'Como são belos os pés dos que anunciam boas novas!'" (Rm
10.13-15). O servo de Deus precisa manter-se em constante prontidão.
A igreja é edificada em paz e na alegria do Espírito Santo: "Pois o
Reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz e alegria no
Espírito Santo [...]. Por isso, esforcemo-nos em promover tudo quanto
conduz à paz e à edificação mútua" (Rm 14.17,19). A paz para a qual é
vocacionada a Igreja — "Todavia, se o descrente separar-se, que se
separe. Em tais casos, o irmão ou a irmã não fica debaixo da servidão;
Deus nos chamou para vivermos em paz" (1 Co 7.15) — é dádiva de Deus:
"Misericórdia, paz e amor lhes sejam multiplicados" (Jd 2); dádiva que
Ele derrama sobre os homens: "Que o Deus da esperança os encha de
toda alegria e paz, por sua confiança nele, para que vocês transbordem de
esperança, pelo poder do Espírito Santo" (Rm 15.13). É Deus quem a faz
dominar o coração do homem e reinar, assim, na comunidade cristã:
"Que a paz de Cristo seja o juiz em seu coração, visto que vocês foram
chamados para viver em paz, como membros de um só corpo. E sejam
agradecidos" (Cl 3.15). A paz se manifesta como fruto do Espírito: "Mas
o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade,
fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei"
(G15.22).
Deus em Cristo veio pregar a paz: "Vocês conhecem a mensagem
enviada por Deus ao povo de Israel, que fala das boas novas de paz por
meio de Jesus Cristo, Senhor de todos" (At 10.36); "Ele veio e anunciou
paz a vocês que estavam longe e paz aos que estavam perto" (At 10.36; Ef
2.17).
O ministério de libertação deverá ser um ministério de
intencionalidade. Proporcionar a libertação custa tempo e dinheiro. Não
é uma tarefa que você vai desempenhar quando tiver tempo livre nem
poderá desempenhá-la sem que calcule os gastos. Se a verdade é que
liberta, logo, é necessário que você invista tempo e dinheiro para
discipular aquele que estiver passando pelo processo de libertação.
Os seus pés deverão ser incansáveis e precisam estar calejados na
busca dos que se encontram aprisionados por Satanás. A paz que o cativo
precisa só é possível mediante a batalha que realizarmos contra Satanás e
seus espíritos caídos.
Contudo, tenha cuidado! Você precisa defender sua vida como um
todo. Isso, porém, só acontecerá com o bom manuseio do escudo da fé.

O escudo da fé
A todo momento, são desferidos milhares de dardos inflamados
contra o cristão. Somente com o escudo da fé, ele poderá impedir que sua
vida seja atingida. Vale ressaltar que o escudo, tal como o dos soldados
na Antiguidade, tem a medida certa, adequada ao guerreiro do exército
de Deus, para protegê-lo inteiramente dos dardos do inimigo.
Quando Paulo se refere ao escudo, ele não está se reportando ao
broquel, um pequeno escudo redondo, que era usado na luta corpo-a-
corpo, mas ao escudo retangular, que tinha a medida do soldado. Esse
escudo serviria para proteção e, como conseqüência, o retorno ao lar;
contudo, o escudo também serviria de maca fúnebre para transportar os
que fossem abatidos no campo sangrento. Você não deve temer o
inimigo, desde que estiver corretamente protegido pelo escudo da fé.
O escudo também servia para a proteção do companheiro de
batalha. Nas batalhas, havia o momento em que os arqueiros lançavam
flechas incendiárias, embebidas em betume, que eram capazes de
transformar o exército inimigo em um amontoado de corpos
carbonizados. Todas as flechas que forem desferidas por Satanás terão
como objetivo o aniquilamento do corpo ao qual pertencemos, a
Você é recrutado para impedir, utilizando o escudo, que o
aniquilamento da igreja ocorra. Aqueles que estão em um confronto
direto com os demônios não têm como orar por proteção da sua própria
vida, porquanto a sua oração se concentrará na libertação da vida
escravizada. Conseqüentemente, deverá existir um grupo que proteja
aquele que está em combate, e essa proteção só poderá ocorrer por meio
do escudo da fé de homens e mulheres de oração!
No caso da possessão, lembremos que o inimigo intentará contra a
vida da pessoa que esteja em um estado de domínio. A pessoa que se
encontra sob o controle de Satanás não pode reagir às tentativas de
autodestruição induzida, daí ela contar com a arma que somente o
cristão que está na batalha possui. Isso quer dizer que esse escudo deverá
ser utilizado para proteção da vida da pessoa por quem estivermos
declarando a libertação.
Não sei em que fileira você estará atuando, se na fileira dos que
pelejarão diretamente contra os demônios ou dos que darão proteção aos
guerreiros da frente de batalha. No entanto, em qualquer posição que
seja, você deverá lembrar que o nosso Deus é especializado em
impossibilidades: "Pois nada é impossível para Deus" (Lc 1.37). Não há
nada que Lhe seja demasiadamente difícil. "Existe alguma coisa
impossível para o SENHOR?..." (Gn 18.14). "Jesus respondeu: 'O que é
impossível para os homens é possível para Deus' "(Lc 18.275), e Deus
deseja de uma maneira ou de outra contar com a sua disponibilidade
Se o escudo da fé protege o corpo, como poderemos proteger a
nossa mente contra os ataques desse inimigo na hora do confronto? A
resposta é: usando o capacete da salvação!

O capacete da salvação
Das seis partes que compõem a armadura para a batalha — o cinto,
a couraça, as botas, o escudo, o capacete e a espada —, quero destacar o
capacete, pois é a mente que é dominada nesta luta.
Viver piamente para Cristo requer que você aceite a nova direção
que Ele deseja dar aos seus pensamentos. Ele irá orientar os seus
pensamentos para que estes O agradem, e não a você mesmo. O motivo
pelo qual Jesus nos conclama a dedicarmos todo o nosso pensamento a
Deus, que criou todas as coisas, é para que nos tornemos livres de
sentimentos nada bons, mas totalmente prejudiciais, tais como o ódio:
"Quem odeia seu irmão é assassino, e vocês sabem que nenhum
assassino tem a vida eterna em si mesmo" (1 Jo 3.15); o ressentimento e
a amargura: "Livrem- se de toda amargura, indignação e ira, gritaria e
calúnia, bem como de toda maldade. Sejam bondosos e compassivos uns
para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os
perdoou em Cristo" (Ef 4.31,32); o egoísmo: "Nada façam por ambição
egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros
superiores a si mesmos. Cada um cuide não somente dos seus interesses,
mas também dos interesses dos outros" (Fp 2.3,4); a ira: "Melhor é o
homem paciente do que o guerreiro, mais vale controlar o seu espírito do
que conquistar uma cidade" (Pv 16.32); a ansiedade: "Não andem
ansiosos por coisa alguma, mas em tudo, pela oração e súplicas, e com
ação de graças, apresentem seus pedidos a Deus" (Fp 4.6); o medo: "No
amor não há medo; ao contrário, o perfeito amor expulsa o medo, porque
o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no
amor" (1 Jo 4.18); a lascívia: "Mas eu lhes digo: Qualquer que olhar para
uma mulher para desejá-la, já cometeu adultério com ela no seu coração"
(Mt 5.28); a dúvida: "... pois aquele que duvida é semelhante à onda do
mar, levada e agitada pelo vento. Não pense tal pessoa que receberá coisa
alguma do Senhor, pois tem mente dividida e é instável em tudo o que
faz" (Tg 1.6-8); o engano: "O engano está no coração dos que maquinam
o mal, mas a alegria está entre os que promovem a paz" (Pv 12.20).
Aquilo que diferencia o homem dos animais, sua capacidade de
pensar, é também o que o coloca em relacionamento estreito com Deus.
Paulo nos convida a pensarmos de uma forma que em tudo agrademos a
Deus: "... se houver algo de excelente ou digno de louvor, pensem nessas
coisas" (Fp 4.8).
A certeza da salvação deverá marcar a vida de todo aquele que se
aventurar nesse ministério de libertação, uma vez que Satanás tentará
lançar em seu rosto o que você foi e o que você fez. Conclui-se que o
ministério não é para aquele que hesita quanto ao que é e com quem está,
mas para todo aquele que sabe em quem tem crido e está bem certo de
que Ele, Jesus, é poderoso para guardar a sua vida até o dia final.
Espero que o leitor esteja disposto a viver assim. A renovação da
sua mente, conforme recomenda categoricamente Paulo em Romanos
12.1, é o processo pelo qual nossos pensamentos e vontade devem se
tornar mais e mais semelhantes aos de Cristo. A renovação de nossa
mente há de se revelar por meio de uma resposta cada vez mais fiel e
obediente à Palavra de Deus.
Podemos deduzir que a obra redentora em Cristo Jesus é a nossa
maior defesa quanto aos constantes ataques do inimigo. Ainda que o
inimigo coloque dúvida em seu coração, resista a essa insinuação, e ele
baterá em retirada, para a glória de Deus Pai!
Uma vez que a mente está centrada na certeza eterna da salvação, é
a Palavra quem confirma esta verdade na luta contra o mal. Qual deve ser
o lugar da Palavra de Deus na nossa vida de batalha espiritual? Vejamos
a seguir.

A espada do Espírito
Ela é a Palavra de Deus. Veja alguns aspectos de sua importância e
aplicabilidade na batalha espiritual. O cristão deve saber muito bem
manejá-la.
John Stott, no seu comentário sobre a carta aos Efésios, faz a
seguinte consideração acerca da espada: de todas as seis peças da
armadura ou arsenal alistadas, a espada é a única que pode claramente
ser usada tanto para defesa quanto para o ataque. Além disso, o tipo de
ataque em mira envolverá um encontro pessoal bem de perto, pois a
palavra empregada é machaira, a espada curta".28 Parece que Paulo está
deixando claro que o cristão jamais bate em retirada em meio ao ataque
do inimigo. Começamos a entender o porquê de a couraça proteger
somente o peito, e não as costas. O cristão que der as costas para o
inimigo por não saber manejar bem a Palavra da Verdade, sem dúvida,
sairá gravemente ferido dessa batalha espiritual.
Quando Satanás tentou Jesus, foi a Bíblia que ele usou para desviar
o Mestre do Seu sacrifício vicário. Lembro- me de que, em um confronto
com uma entidade que se manifestou na vida de uma senhora que mal
sabia ler e escrever, uma irmã afoita, que fazia parte do meu grupo de
libertação, decidiu abrir a Bíblia no salmo 91 e exigiu que aquele demônio
lesse o texto citado. Foi com surpresa que presenciei a leitura rápida e
desenvolta daquele demônio, muito embora aquela senhora fosse semi-
analfabeta. Satanás e seus demônios conhecem a Palavra não para aplicá-
la, mas para usá-la contra os filhos de Deus. A espada do Espírito deve
ser memorizada para que, no confronto corpo-a-corpo, possa servir como
instrumento de ataque contra os demônios.
Não existe nada que tanto incomode Satanás do que saber que a
Palavra de Deus teve o seu cumprimento na pessoa de Jesus Cristo, o
qual, com Sua morte salvífica e ressurreição, o derrotou, juntamente com
toda a sua horda. No confronto com o inimigo, é preciso fazer uso da
Palavra não para lembrá-lo da sua condição de derrotado, condição da
qual ele eternamente se lembra, mas para exaltar Jesus Cristo como a
razão da nossa vitória.
28
STOTT, John R. W. A mensagem de Efésios: a nova sociedade de Deus. 2. ed. Trad. Gordon Chown. São
Paulo: ABU, 1987, p. 217.
A Palavra previne o pecado. Para enfrentar o inimigo, é de vital
importância ter a vida no altar. E por vida no altar entendemos uma vida
de comprometimento com o Deus da Palavra. O soldado de Cristo que
negligenciar esta verdade corre perigo! Uma vida sem mácula é o mínimo
exigido para que o inimigo seja afugentado. Somente aqueles que amam
a Lei de Deus vão usá-la não como amuleto, mas como a verdade prática
para se entrar na batalha espiritual. "Como eu amo a tua Lei! Medito nela
o dia inteiro" (Sl 119.97). Existem muitas correntes da medicina, mas
quero destacar apenas dois ramos: a medicina preventiva e a curativa. A
Palavra de Deus tem o poder tanto de prevenir como de curar. Ela
previne o cristão contra as doenças contraídas pelo pecado, tais como: a
tristeza, a angústia, a ansiedade e a depressão. Se o coração estiver vazio,
sem a completude da Palavra, será o centro da atuação do pecado. O
desejo do Deus da Palavra é que, a cada manhã, você faça uso da vacina
que produz saúde e proteção ao espírito, à alma e, conseqüentemente,
também ao corpo físico — a Bíblia Sagrada. Vale ressaltar que não há
nenhuma contra-indicação ao uso da Palavra de Deus. Com esse uso
preventivo contínuo, estaremos isentos de ter de usar a Palavra como
emergência curativa.
Finalmente, Paulo, assevera o papel central da oração em tamanha
peleja espiritual, ao dizer: "Orem no Espírito em todas as ocasiões, com
toda oração e súplica" (Ef. 6.18).

Oração: a chave para o bom funcionamento da armadura de Deus


Uma das condições da oração vitoriosa é que precisamos
aproximar-nos de Deus "com sincero coração" (Hb 10.22). Você precisa
reconhecer com coração humilde sua total dependência do Criador e
Sustentador da sua vida. A oração foi instituída para que o próprio Deus
seja honrado. Deus jamais divide Sua glória com quem quer que seja.
Deus requer da nossa parte que reconheçamos que Ele é, de fato, "o Alto,
o Sublime, que habita a eternidade" (Is 57.17). Deus requer que
reconheçamos o Seu domínio universal. Quando Lhe pedirmos que
liberte um miserável pecador da ira e domínio de Satanás, lembremo-nos
de que "Ao Senhor pertence a salvação" (Jn 2.9).
Numa vivida ilustração, Jesus assemelhou Satanás a um homem
forte, muito bem armado, que mantém em paz seu palácio e seus bens.
Jesus disse que, antes de ele ser despojado, e seus cativos soltos, é
preciso amarrá-lo, ou torná-lo inofensivo. Só então a libertação poderá
ser efetuada (Mt 12.29).
Que significa "amarrar o homem valente", senão neutralizá-lo
mediante a invocação do poder de Cristo, que se manifesta para "desfazer
[tornar inoperante] as obras do Diabo"? E de que outra maneira isso
pode ser feito, senão pelo poder da oração da fé, que lança mão da vitória
do Calvário e crê em sua repetição, no contexto e situação específicos em
que ela deve ser usada?
Não devemos reverter a ordem de Cristo, cometendo, assim, um
erro tremendo, ao esperar que se faça o livramento sem, primeiro,
desarmar o adversário. A autoridade divinamente confiada a nós, e
colocada em nossas mãos, pode ser exercida com confiança. Não disse o
Senhor a Seus discípulos: "Eis aí vos dei autoridade [...] sobre todo o
poder do inimigo" (Lc 10.19)?
É interessante observar que nos evangelhos os discípulos não
aparecem orando, mas em Atos e nas epístolas a oração é um dos
aspectos mais freqüentes em suas vidas. Eles, porém, ficaram
suficientemente impressionados pelos hábitos de oração de Jesus para
pedir-Lhe que os orientasse sobre como orar (Lc 11.1-4). Jesus deverá ser
o nosso exemplo de oração para que nos apossemos do que já é nosso
pelo Seu sacrifício na cruz.
Se tomarmos como base as lutas e batalhas espirituais de Paulo e
Epafras, como lemos em Colossenses 4.12 e 2.1, perceberemos que as
nossas pálidas intercessões parecem reflexos descorados do propósito de
Deus para a nossa vida dentro do ministério de libertação. A palavra
grega traduzida por "luta" e "conflito" deu origem ao vocábulo, na língua
portuguesa, "agonizar". Algumas figuras são usadas para descrever o seu
significado, como por exemplo:
1. Um homem que trabalha exaustivamente (Cl 1.29). Todo aquele
que se propõe a entrar nesse ministério deverá, desde o início, saber que
o ministério de oração é pautado num trabalho exaustivo, pois
empregaremos corpo, alma e espírito para que o cativo desfrute da
liberdade de decidir o que fazer.
Esta modalidade de oração é inversamente proporcional às orações
que fazemos quando há paz em nossos arraiais. Portanto, há uma
urgência; há necessidade de engajarmos todo o nosso ser para ajudar
aquele que está a caminho da morte.
2. Um atleta que compete na arena, pelo prêmio tão cobiçado (1
Co 9.25). Os atletas que competiam nos Jogos ístmicos, que aconteciam
de três em três anos, eram representantes diretos e legais do deus a que
se propunha defender com total dedicação. Ao final de cada competição,
o vencedor recebia uma coroa confeccionada de ramos de oliva. Essa
coroa era corruptível; contudo, quando falamos sobre o atleta cristão,
sabemos que, nesse caso de enfrentamento dos poderes malignos, o
prêmio será a vida liberta e entregue a Jesus da pessoa possessa. A
oração de guerra é uma corrida para se chegar à região celestial, onde
encontramos toda sorte de bênçãos espirituais para vencermos e
triunfarmos com Cristo.
3. Um soldado que luta por sua própria vida (1 Tm 6.12). "Somos
entregues à morte o dia todo". O que será que Paulo quis dizer quando
fez esta afirmação? Que, no enfrentamento do inimigo, estamos correndo
risco de vida. É na certeza de que nos manteremos vivos que a pessoa
possessa terá esperança de vida em abundância. Convém ressaltar que
Satanás não luta contra o servo de Deus, pois a luta demanda regra. Ele
briga, e na briga vale tudo. Quando recebemos um ataque de algum
demônio, é necessário lutar com as armas espirituais, e é justamente aí
que a oração de guerra deverá ser empregada.
Não é de admirar que a verdadeira oração de guerra seja
extremamente cansativa, exigindo a mais rigorosa concentração e
disciplina mental.

Percebendo e Definindo Estados de Infestação


Talvez você suponha que a infestação é sempre caracterizada por
possessão; mas isso não é uma verdade absoluta: pode existir infestação
sem que haja possessão do modo que você e eu vimos ao longo dos
capítulos anteriores. Isso porque estamos guerreando com um ser com
formas multifacetadas de se revelar e atacar os filhos de Deus.
Tenho notado que existe uma forma de infestação nos lugares de
baixa renda, revelada quase sempre pela falta de higiene, promiscuidade,
drogas, assassinatos brutais; e outra forma, na camada social light, que
poderíamos exemplificar por materialismo, crimes requintados, drogas
de "boa qualidade", imoralidade e transações ilícitas que afetam a vida da
sociedade como um todo... Mas qual a diferença entre uma e outra? Não
se trata, em uma ou outra situação, de casos de infestação? Eu diria que
sim; o que desejo destacar, porém, é que a estratégia parece ser, em cada
caso, diferente.
Tomemos como exemplo uma pessoa pela qual oramos e sobre a
qual impomos as mãos e, como conseqüência, ela cai e acontecem
alterações na voz, nos gestos, nas conversas, etc. Você não terá dúvida de
que se trata de uma manifestação de um espírito demoníaco. Mas e
quando não acontecem tais evidências? Posso deduzir que não houve
possessão? Por possessão, entendo toda e qualquer situação que cause
transtorno ao bem-estar na vida particular de uma pessoa, ou de uma
cidade, de um país e até do Universo.
Jesus nos apresenta um caso típico de infestação, sem que houvesse
possessão. É o relato que encontramos em Lucas 13.31-35:
Naquela mesma hora alguns fariseus aproximaram-se de
Jesus e lhe disseram: "Saia e vá embora daqui, pois Herodes
quer matá-lo." Ele respondeu: "Vão dizer àquela raposa:
Expulsarei demônios e curarei o povo hoje e amanhã, e no
terceiro dia estarei pronto. Mas preciso prosseguir hoje, amanhã
e depois de amanhã, pois certamente nenhum profeta deve
morrer fora de Jerusalém! Jerusalém, Jerusalém, você, que mata
os profetas e apedreja os que lhe são enviados! Quantas vezes eu
quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos
debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! Eis que a casa
de vocês ficará deserta. Eu lhes digo que vocês não me verão
mais até que digam: 'Bendito o que vem em nome do Senhor.'"

Jesus está dizendo existir uma cidade que era considerada santa,
pois o Senhor Deus decidira ser Seu protetor e sustentador; e, nesse
mesmo momento, estava Jesus nos apresentando uma nova forma de
infestação. Qual seria essa forma de domínio do inimigo? A do
afastamento de Deus, e, como conseqüência, constantes ataques mortais,
ali, sobre os profetas. Jesus, ao entrar em Jerusalém, quis logo nos
mostrar que aqueles agentes de Satanás impeliam as pessoas contra os
profetas que pregavam a Palavra de Deus. Era essa era a estratégia de
infestação naquela cidade.
Já vimos no capítulo 1 como se dá essa infestação. Vejamos agora
algumas formas por meio das quais pode se manifestar:

A infestação pela mente


O rock and rol
Na música "Simpathy for the Devil" [Simpatia pelo Diabo], dos
Rolling Stones, a personagem principal é Satanás, cantando na primeira
pessoa. Mick Jagger afirmou que Antony LaVey, o fundador da The Satan
Church [A Igreja de Satanás], foi o inspirador da canção. O renomado
cantor de rock David Bowin, em entrevista aos Rolling Stones, fez a
seguinte declaração: "O rock sempre foi a música do Demônio. Eu
acredito que o rock and roll seja perigoso. Sinto que estamos brincando
com algo mais assustador do que nós mesmos". Partindo dessas
afirmações, o que podem essas músicas causar na vida dos nossos
jovens? Por mais simples que possam parecer essas letras, não podemos
negar que há muito ritual que envolve a composição delas. Assim como
somos inspirados pelo Espírito Santo em tudo o que fazemos, o que
esperar daqueles que são adeptos do satanismo?
A rebeldia e o hedonismo (entregar-se aos prazeres da vida, tais
como o sexo, as drogas, etc.) são uma prática das igrejas satânicas e
também das bandas de rock. Acredito que muitos grupos façam suas
apresentações possuídos e, como conseqüência, criam laços com aqueles
que fazem parte do concerto. A infestação, por meio da mente, tem como
resultado o aliciamento de tantos jovens no envolvimento de atos
considerados monstruosos e inconcebíveis de serem praticados por uma
pessoa que esteja realmente desfrutando das suas faculdades mentais.
A seguir, temos a letra original e a tradução [em negrito] do hino a
Satanás, "Simpatia pelo Diabo", cantado pelos Rolling Stones:

SYMPATY FOR THE DEVIL


SIMPATIA PELO DIABO
Rolling Stones
Letra: Mick Jagger / Keith Richards
Tradução: Guns'n Revolution (Flash nº 16)

Please allow me to introduce myself


Por favor, permita-me apresentar-me
I'm a man of Wealth and taste
Sou um homem de riquezas e bom gosto
I ve been around for long, long years
Estive aí por muitos e muitos anos
Stolen many a mans soul and faith
Roubei a alma e a fé de muitos homens
I was around when Jesus Christ
Eu estava por aí quando Jesus Cristo
Had his moment of doubt and pain
Teve seu momento de dúvida e dor
I made damn sure that Pilate
Certifiquei-me por completo de que Pilatos
Washed his hands and sealed his fate
Lavasse suas mãos e selasse seu destino
Please to meet you
Prazer em conhecê-la
Hope you guess my name, oh yeah
Espero que você adivinhe meu nome, oh yeah
But whats puzzling you
Mas o que está te confundindo
Is the nature of my game
É a natureza do meu jogo
I stuck around St. Petersburg
Dei um tempo em São Petersburgo
When I saw it was time for a change
Quando vi que era hora de uma mudança
I killed the tzar and his ministers
Matei o czar e seus ministros
Anastasia screamed in vain
Anastácia berrou em vão
I rode a tank held a general's rank
Dirigi um tanque, mantive o posto de um general
When the blitzkrieg raged
Quando a guerra-relâmpago alastrava-se
And the bodes stank, oh...
E os corpos fediam, oh...
Please to meet you
Prazer em conhecê-la
Hope you guess my name, oh yeah
Espero que você adivinhe meu nome, oh yeah
but what's puzzling you
Mas o que está te confundindo
Is the nature of my game
É a natureza do meu jogo
I watched with glee
Observei com júbilo
As your kings and queens
Enquanto seus reis e rainhas
Fought for ten decades
Lutaram por dez décadas
For the Gods they made
Pelos deuses que eles criaram
Is houted out: "Who killed lhe Kennedys?"
Eu gritei: "Quem matou os Kennedys?"
When after all it was you and me
Quando, afinal, tinha sido você e eu
So let me please introduce myself
Então deixe-me, por favor, apresentar-me
I'm a man of Wealth and taste
Sou um homem de riquezas e bom gosto
And I lay traps for troubadours
E armo ciladas para trovadores
Who get killed before they reach Bombay
Que são mortos antes de alcançarem Bombaim
Please to meet you
Prazer em conhecê-la
Hope you guess my name, oh yeah
Espero que você adivinhe meu nome, oh yeah
but what's puzzling you
Mas o que está te confundindo
Is the nature of my game
É a natureza do meu jogo
Just as every cop is a criminal
Assim como cada tira é um criminoso
And all the sinners, saints
E todos os pecadores, santos
As the heads is tails just call me Lucifer
Como a coroa é cara, apenas chame-me Lúcifer
Cause I'm in need of some restraint
Pois preciso de um pouco de privacidade
To meet me, have some courtesy
Para conhecer-me, tenha um pouco de cortesia
And have some sympathy and some taste
E tenha alguma simpatia e um pouco de bom gosto
Use all your well-learned politics
Use toda a sua política bem aprendida
Or I lay your soul to waste
Ou devastarei sua alma
Please to meet you
Prazer em conhecê-la
Hope you guess my name, oh yeah
Espero que você adivinhe meu nome, oh yeah
But what's puzzling you
Mas o que está te confundindo
Is the nature of my game
É a natureza do meu jogo

Incentivo ao suicídio
O grupo de rock Pink Floyd faz apologia do suicídio como
alternativa para a "saída triunfal" desta vida. A letra de uma de suas
músicas mais tocadas diz o seguinte:

Adeus mundo cruel, estou te abandonando hoje,


Adeus, adeus, adeus,
Adeus a todos vocês;
Não há nada que possam fazer
Para fazer-me mudar de parecer;
Adeus, adeus, adeus...

A literatura, o teatro, o cinema e a televisão entram também com


boa parcela de responsabilidade no aumento do número de suicídios no
mundo. Há séculos que os adolescentes vêm sendo seduzidos pelo grande
amor de Romeu e Julieta, de Shakespeare, demonstrando que a única
saída para um amor não correspondido é o suicídio.
A Bíblia nos informa que Satanás entrou em Judas, o Iscariotes, e o
seu fim foi o suicídio. Os demônios que possuíam o menino, no texto de
Marcos 9.14-26 ou Mateus 17.14-18, desejavam, sem dúvida, levá-lo ao
suicídio, pois, pelo que diz ali o pai dele a Jesus, eles o lançavam, ou o
faziam cair, no fogo e na água, para matá-lo.
"O suicídio demonstra ausência de mudança de atitude para com
Deus, para consigo mesmo e para com outras pessoas, principalmente
familiares", aponta José de Souza Gama. 29 Se Satanás veio para matar,
roubar e destruir, não seria de espantar sua atuação nos suicídios que
acontecem a cada minuto.
Alguns homens marcaram a história dos tempos modernos com
suas teorias de depreciação da vida, insistindo em afirmar que a vida é
um estado de decadência. Para tais autores, não existe praticamente nada
de positivo para se experimentar. Podemos citar o nome de alguns deles:
Darwin, Marx, Freud e Sartre. Para Jean-Paul Sartre, o diríamos:
"Aprendi o segredo de estar contente em toda e qualquer situação".
Em conformidade com os quatro evangelhos, a vinda de Jesus traz
um tempo de alegria. O efeito da Sua obra e da Sua pregação é trazer
alegria: "Então ele desceu rapidamente e o recebeu com alegria" (Lc
19.6). Mesmo quando Jesus Cristo seja para nós um "tropeço", e o nosso
caminho, o caminho daqueles que andam em Seus passos, possa levar ao
sofrimento e à perseguição, não devemos perder jamais a certeza da
alegria em Sua salvação.
• Por causa da falta de amor: do amor de Deus (ágape), na sua
forma mais elevada e bela, o amor que O levou a dar o Seu Filho, Jesus
Cristo, e Este a se entregar, para a salvação do homem pecador:
"Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar
uns aos outros" (l Jo 4.11). A ordem de amar não é opcional; devemos
amar, estejamos com vontade ou não. De fato, podemos dizer que o amor
pelos outros é o primeiro sinal de que nascemos de novo e que o Espírito
Santo está atuando em nós. Deus derramou esse amor em nosso coração,
pelo Espírito Santo que nos foi dado, e esse amor deve ser orientado para
Deus e para o próximo. O amor é a base de todo o relacionamento
perfeito no céu e na Terra.
• Por causa da falta de paz: de uma atitude de serenidade, calma,
força, tranqüilidade e quietude de espírito, produzida pelo Espírito
Santo, mesmo na adversidade e nas tribulações.
Há diferentes tipos de paz: a paz de um cemitério, a paz trazida por
tranqüilizantes. Mas, para o cristão, a paz não é simplesmente ausência
29
GAMA, José de Souza. A derrota do suicídio. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1987, p. 155.
de conflito ou qualquer outro estado artificial que o mundo possa
oferecer; é a paz profunda e permanente que Jesus Cristo traz ao nosso
coração. Ele a descreve em João 14.27: essa paz pode vir somente pelo
Espírito Santo. Essa paz deriva da nossa perfeita confiança em Deus,
guarda o nosso coração da ansiedade (Fp 4.6,7), vem pela Palavra de
Deus (Sl 119.165) e devemos buscá-la (Sl 34.14).
A terapia psiquiátrica mais eficiente está em apropriar- se da
promessa de Jesus: "... e eu lhes darei descanso", ou paz (Mt 11.28). O rei
Davi é uma prova viva da terapia espiritual para a alma que o Espírito
Santo aplica, quando diz: "... me faz repousar" (Sl 23.2). Isto é descansar
em paz. Mas Davi continua: "Ele refrigera a minha alma". Isto é receber
novas forças, cheio de paz. Mesmo procurando paz sem parar, os homens
não a acharão enquanto não chegarem a esta simples conclusão: "Cristo
é a Paz"

Louvação a demônios
A televisão continua infestando muitas mentes sem que as pessoas,
e até muitos cristãos, se apercebam disso. Creio que quase todo o nosso
país esteve se valendo da expressão "Não é brinquedo", dita por uma
personagem, em uma novela de grande audiência. Mas você sabe a
origem dessa frase? A atriz que representou a personagem foi a um
terreiro de macumba, antes de começar a novela, e pediu a uma das
entidades que lhe garantisse sucesso; a entidade fez um pacto com ela:
"Se você proferir esta frase: "Não é brinquedo", eu estarei sendo louvado,
e você, na mesma proporção, estará fazendo sucesso. Assim, de norte a
sul, de leste a oeste, do Brasil, todos ou quase todos que acompanharam
aquela novela prestaram, sem o saber, culto freqüente àquela entidade,
ao repetirem constantemente tal frase.
Quantos brasileiros, crianças principalmente e seus pais, já se
renderam ante um grande sucesso de Xuxa, a conhecida música cujo
refrão diz: "Ilari, Ilariê, hô, hô, hô, é a turma da Xuxa que vai dando o
seu alô..." Você sabe quem é Ilariê? É uma das entidades do mundo
satânico. Assim, milhares e milhares de crianças brasileiras e seus pais,
que cantam isso até hoje com bastante freqüência, continuam prestando
culto a essa entidade.
E quantos bruxos são iniciados por meio do adolescente Harry
Potter? A edição especial da revista de sete anos da Sky apresenta uma
matéria sobre o novo filme do bruxo. A matéria se intitula "O bruxo está
de volta" e faz os seguintes comentários:
Hogwarts não é mais um lugar seguro. Em Harry Potter e
a câmara secreta, adaptação do segundo livro sobre o
bruxinho criado pela escocesa J. K. Rowland, uma terrível
criatura desconhecida ameaça alunos e professores da escola
de magia.
Agora com 12 anos, Harry volta para seu segundo ano na
escola de magia Hogwarts depois das férias na casa dos tios
"trouxas" (como são chamados os não-bruxos), contrariando
os avisos de Dobby, um elfo criado por computação gráfica
que faz tudo para impedir a viagem do bruxinho.
Nesta seqüência da superprodução sobre o bruxo
adolescente que tem conquistado uma legião de fãs em todo o
mundo, somos apresentados a novos personagens...

Contudo, como foi que Deus mandou os israelitas tratarem os


bruxos e os adivinhos dos povos cananitas? Êxodo 22.18: "Não deixem
viver a feiticeira". Levítico 20.27: "Os homens ou mulheres que, entre
vocês, forem médiuns ou consultarem os espíritos, terão que ser
executados. Serão apedrejados, pois merecem a morte". Deuteronômio
18.10-14 diz:

Não permitam que se ache alguém entre vocês que queimem


em sacrifício o seu filho ou a sua filha; que pratique adivinhação,
ou se dedique à magia, ou faça presságios, ou pratique feitiçaria
ou faça encantamentos; que seja médium, consulte os espíritos
ou consulte os mortos. O SENHOR tem repugnância por q uem
pratica essas coisas, e é por causa dessas abominações que o
SENHOR, o seu Deus, vai expulsar aquelas nações da presença
de vocês. Permaneçam inculpáveis perante o SENHOR, o seu
Deus. As nações que vocês vão expulsar dão ouvidos aos que
praticam magia e adivinhação. Mas, a vocês, o SENHOR, o seu
Deus, não permitiu tais práticas.

Em 1 Samuel 28.3-9, lemos:

Samuel já havia morrido, e todo o Israel o havia pranteado e


sepultado em Ramá, sua cidade natal. Saul havia expulsado do
país os médiuns e os que consultavam os espíritos. Depois que os
filisteus se reuniram, vieram e se acamparam em Suném,
enquanto Saul reunia todos os israelitas e acampava em Gilboa.
Quando Saul viu o acampamento filisteu, teve medo; ficou
apavorado. Ele consultou o SENHOR, mas este não lhe
respondeu nem por sonhos nem por Urim nem por profetas.
Então Saul disse aos seus auxiliares: "Procurem uma mulher que
invoca espíritos, para que eu a consulte". Eles disseram: "Existe
uma em EnDor". Saul então se disfarçou, vestindo outras roupas,
e foi à noite, com dois homens, até a casa da mulher. Ele disse a
ela: "Invoque um espírito para mim, fazendo subir aquele cujo
nome eu disser". A mulher, porém, lhe disse: "Certamente você
sabe o que Saul fez. Ele eliminou os médiuns e os que consultam
os espíritos da terra de Israel. Por que você está preparando uma
armadilha contra mim, que me levará à morte?"

Primeiro Crônicas 10.13 lembra: "Saul morreu dessa forma porque


foi infiel ao SENHOR; não foi obediente à palavra do SENHOR e chegou
a consultar uma médium em busca de orientação".
A mediunidade é desobediência gravíssima, abominada, castigada
por Deus e confirmada na Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse. Portanto,
recuso-me a acreditar que Alan Kardec e qualquer médium ou mãe-de-
santo tenha sido ou seja capaz de receber de Deus o poder de conversar e
se relacionar com os mortos. Teria Deus mudado de opinião com o
passar do tempo? Estaria Deus se adequado a uma nova era, um novo
século, para o novo milênio? Não, não, não; mil vezes não. Deus jamais
muda, e não há sombra sequer de mudança nele!
Quando lemos sobre a consulta de Saul a uma médium, vem-nos,
no entanto, uma pergunta: teria de fato Samuel aparecido naquele
momento?
Respondo: se Samuel tivesse aparecido, ele estaria se rebelando
contra o Deus que definira como abominação o relacionamento dos vivos
com os mortos. Mas a vida de Samuel sempre foi de obediência
inconteste às ordens de Deus. Sem falar que Deus teria permitido a
Samuel desobedecer, errar gravemente contra os Seus princípios que são
eternos.
Creio que por sermos rodeados por demônios, e por eles infestarem
todos os lugares, onde quer que estejamos, somos acompanhados por
seres que conhecem todo o nosso gestual, nossas expressões diárias; e
são esses demônios, justamente, que são convocados por Satanás a
estarem presentes no momento em que uma pessoa deseja conversar
com o seu parente morto. Observe que esta é também uma forma de
Satanás enganar e manter tais familiares cativos. Na parábola narrada
por Jesus, Abraão responde ao homem rico, que jazia no Hades, que
tanto o inferno quanto o céu são lugares finais e que, conseqüentemente,
ninguém pode sair tanto de um lugar quanto do outro.
Consultar os mortos ou os falsos mortos é pecado de desobediência,
igual ao de feitiçaria ou de idolatria: "Samuel, porém, respondeu [a Saul]
[...] 'Porque a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a arrogância como
o mal da idolatria. Assim como você rejeitou a palavra do SENHOR, ele o
rejeitou a ti, para que não sejas rei' "(1 Sm 15.22,23). É um pecado, e
como tal Deus não permitiria, como exceção, que alguém viesse a
cometê-lo, nem mesmo o segundo dos profetas quanto à importância,
depois de Moisés, no Antigo Testamento, conforme narra o profeta
Jeremias (15.1): "Então o SENHOR me disse: 'Ainda que Moisés e
Samuel estivessem diante de mim, intercedendo por este povo, eu não
lhe mostraria favor. Expulse-os da minha presença! Que saiam!"'.
Concluímos, pois, que o fim da infestação não se dá mediante a
força humana, mas da troca de senhores. Jesus Cristo precisa ter toda a
preeminência na vida de uma pessoa para que esta desfrute da
abundância prometida e vazada nas Sagradas Escrituras. Compete a
você, como servo, reconhecer o que nos espera na nossa jornada rumo à
maturidade em Cristo Jesus.

Declarando o Fim da Infestação


Quando Jesus declara, em Mateus 12.39-42, que não fará sinal
miraculoso algum (supostamente expulsando demônios), está nos
ensinando que só o exorcismo tem pouca valia na vida da pessoa
dominada. Ao exorcismo, deve-se seguir o processo de libertação. É
necessário quebrar todos os pactos que perseguem aquele que foi vítima
de tal infestação.
Não sei se você conhece ou já ouviu falar de pessoas que "fazem a
cabeça" ou "o santo", nos rituais afro, ofertando alguém para ser
possessão de determinadas entidades. O Senhor Jesus nos adverte
dizendo que, antes de dominarmos uma casa, precisamos amarrar o
homem valente: "Ninguém pode entrar na casa do valente para roubar-
lhe os bens, sem primeiro amarrá-lo; e só então lhe saqueará a casa" (Mc
3.27; ARA).
Quais seriam, então, esses "bens" do "homem valente"? Se
recorrermos ao texto anteriormente referido, verificaremos que Jesus
expulsara antes um demônio de cegueira e mudez de uma pessoa, e os
fariseus e escribas pareciam querer incluir outros casos de expulsão.
Podemos deduzir, então, que os "bens", no caso, são vidas que se
encontram sob o domínio de Satanás e seus anjos.
Em Atos 26.18, encontramos: "para abrir-lhes os olhos e convertê-
los das trevas para a luz, e do poder de Satanás a Deus, a fim de que
recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados
pela fé em mim'". Esta passagem nos dá a clara visão de quem realmente
domina e quem é o dominado. Precisamos minar o poder de Satanás
sobre a vida de uma pessoa, se desejamos levá-la a ser salva.
Por que devemos amarrar "o homem valente"? Paulo, depois do
Mestre, foi quem mais nos abriu os olhos quanto a essa verdade
relacionada ao reino das trevas. Ao escrever sua segunda carta aos
Coríntios, capítulo 4, faz menção de por que devemos "amarrar o homem
valente". Vejamos o que nos diz o versículo 3: "Mas se o nosso evangelho
está encoberto, para os que estão perecendo é que está encoberto. O deus
desta era cegou os entendimentos dos descrentes, para que não vejam a
luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus". Satanás
cega os homens para que não vejam o poder transformador de Cristo e a
sua própria triste condição de estarem aprisionados por ele. Se esta
verdade não o apavora, o que mais poderia apavorá-lo?
O inimigo é tão perigoso que pode invadir a mente do homem,
direta ou indiretamente. Essa verdade é externada pelo Senhor na
interpretação de Sua própria parábola do semeador: "Algumas pessoas
são como a semente à beira do caminho, onde a palavra é semeada. Logo
que a ouvem, Satanás vem e retira a palavra nelas semeada" (Mc 4.15).
Note que a Palavra já está na mente e no coração do homem, quando
Satanás, então, chega e a arrebata. É por isso que devemos amar a Deus
de todo o nosso coração, de toda a nossa alma e de todo o nosso espírito;
só assim conseguiremos nos manter firmes contra as investidas, sempre
constantes, do nosso adversário.
A infestação pode acontecer de diversas maneiras, em diversos
lugares e nos mais diferentes momentos da vida. O cristão não é
chamado para exercer a função de caça-demônios, mas de ser um
soldado sempre preparado e alerta para o combate. Jesus nos chama
para que sejamos semelhantes à pomba e à serpente. Da pomba,
devemos nos apropriar da simplicidade nos relacionamentos, e da
serpente, da prudência e prontidão quanto aos perigos que nos rodeiam.
O cristão deve ser um obreiro aprovado, pois estará lutando com
Satanás pelo domínio territorial.
Satanás colocou seus asseclas e aliados em todos os segmentos da
sociedade; aonde você for, onde estiver, pode crer que, não raro, existem
pessoas dominadas pelos seres cósmicos do mal. Você já se imaginou
entrando em um ônibus e saber que o motorista está possesso? Isso, no
entanto, já aconteceu, tendo sido relatado pelo próprio motorista. Eu fui
testemunha desse relato. Conversei com o motorista, depois de ele passar
pelo processo de libertação. Contou- me que não apenas durante uma,
mas muitas viagens que fizera, na linha do ônibus que dirigia, esteve sob
o domínio de entidades. Ele me relatou o seguinte:
— Pastor, um dia, quando eu saía de casa, percebi que uma força
sobrenatural se apossou de mim. E o que aconteceu naquele e nos dias
seguintes, não sei explicar porque não vi coisa alguma.
O que vou dizer, você talvez já esteja cansado de ouvir: existem
mais pessoas possuídas do que imaginamos. Isso porque não nos damos
conta do que nos diz claramente a Palavra: "... o mundo todo está sob o
poder do Maligno" (1 Jo 5.19). O que mais me preocupa é saber que há
muitos chamados "cristãos", "irmãos", que foram batizados em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo e, contudo, são possessos ou cativos pelo
Diabo; podem fazer parte do rol de membros da sua igreja e causar um
grande estrago no corpo do qual você faz parte. Esta verdade, pude
experimentar no meu ministério. Pessoas que cantavam, liam a Bíblia,
participavam de muitas celebrações, mas eram dominadas por espíritos
demoníacos.
Dentre as muitas mentiras apregoadas por Satanás, quero destacar
uma frase que certa feita ouvi de uma personagem do filme Os suspeitos.
"A maior mentira que o Diabo pregou foi a revelação de que ele não
existia; porém, o mais triste de tudo é que o homem acreditou". Muitos
livros têm sido escritos sobre o assunto. Todavia, muitos profissionais na
área da Psicologia, da Medicina, da Sociologia e outras ciências tratam
essa realidade como se fora um ataque histérico, que pode ser resolvido
com uma sessão de regressão, com psicanálise, medicação, terapia
ocupacional, etc. Essa situação, no entanto, não é tão simples quanto
parece!
Conhecer e saber qual é a atuação dos seres espirituais em cada
área é uma tarefa que requer vida aos pés do Senhor Jesus Cristo.
Contudo, tenha cuidado! Quando os seres percebem que você está
encontrando o seu ninho, isso pode ser o início da batalha para
demarcação de terreno. Esses seres devem ser destronados; mas, quando
destronamos um grupamento, novos grupamentos são convocados para a
batalha espiritual. Jesus disse que, para cada demônio expulso, novos
sete são convocados. A utilização do número não foi para que criássemos
uma matemática espiritual, mas, sim, para fins de um ensinamento vital:
os demônios não se rendem facilmente. Ainda que saibam que a nossa
guerra já foi ganha por Cristo e em Cristo, continuarão tentando infestar
os lugares de onde foram expulsos.
Li de um pastor que era perito em mandar os demônios para o
inferno e amarrá-los lá. Se isso fosse uma verdade bíblica, poderíamos,
em um final de semana, fazer um arrastão e varrer as nossas cidades,
estados, países e até o Universo dos seres espirituais da maldade.
Quando Satanás vê que seu grupamento está em perigo, novos seres são
enviados com um poder ainda maior; contudo, se isso não for o bastante,
ele próprio estará comparecendo para impedir o avanço da obra de Deus:
"Quisemos visitá-los. Eu mesmo, Paulo, o quis, e não apenas uma vez,
mas duas; Satanás, porém, nos impediu" (1 Ts 2.18); "E ele prosseguiu:
'Não tenha medo, Daniel. Desde o primeiro dia em que você decidiu
buscar entendimento e humilhar-se diante do seu Deus, suas palavras
foram ouvidas e eu vim em resposta a elas'" (Dn 10.12); "Contudo, nem
mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o Diabo acerca
do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse:
O Senhor o repreenda!" (Jd 9).
Deduzimos que não existe outro meio para sairmos vencedores se
não pela conexão com o Jesus da fé. Pois é nessa relação servo — Senhor
que detectaremos as manifestações e ameaças, nítidas e veladas, da ação
de Satanás e seus demônios na vida de todas as pessoas aprisionadas por
eles. Lembremos que nossa luta não é contra a carne, mas, sim, contra o
Mal. Como servo, essa será sua responsabilidade dia a dia. Que Deus o
abençoe e o revista do Seu poder!
Conclusão

Ao chegar ao final deste livro, quero deixar claro que minha


proposta não foi a de esgotar o assunto; antes, sim, aguçar o espírito do
leitor para questão tão atual e real. Vale ressaltar que a "ilha Dominação"
está mais próxima de todos nós do que imaginamos. Convém relembrar
as palavras proferidas como verdadeiro vaticínio por C. S. Lewis, em As
cartas do inferno: "Há dois erros iguais e opostos em que podemos cair
acerca dos demônios. Um é não crer em sua existência. O outro é crer e
ter um interesse excessivo e não saudável neles. Eles se deleitam
igualmente pelos dois erros e saúdam ao materialista e ao feiticeiro com
o mesmo entusiasmo".
Isso nos desafia a termos uma visão holística, mas, ao mesmo
tempo, específica, das nossas experiências empíricas. Você não precisa
estar diante de situações como as que foram narradas ao longo dos
capítulos deste livro para estar alerta acerca das tramas das hordas
contra as quais pelejamos.
A infestação pode acontecer de diversas maneiras, em diversos
lugares e nos mais diferentes momentos da vida. Como já disse
anteriormente, o cristão não precisa exercer a função de caça-demônios,
mas ser um soldado preparado e alerta para o combate. Jesus nos alerta
para que sejamos semelhantes à pomba e à serpente (Mt 10.16): da
pomba, nos apropriando da simplicidade nos relacionamentos; e da
serpente, da prudência e prontidão quanto aos perigos que nos cercam (1
Pe 5.8). Deve ser um obreiro aprovado (2 Tm 2.15), pois estará lutando
com Satanás pelo domínio territorial.
O cristão não escolhe se deverá ou não entrar nessa batalha
espiritual. Quer se comprometa quer não, estará diante e dentro dessa
situação. Para tanto, devemos conhecer o nosso inimigo, porquanto
estamos em uma batalha. Precisamos de um espírito de discernimento
para entender o que acontece ao nosso redor. Como já foi dito, onde quer
que estejamos, em um passeio, fazendo compras, na escola, no local de
trabalho, etc., todos esses locais podem estar infestados de demônios,
com uma estratégia para aquele lugar e ocasião; e eles não se ausentarão
dali, porquanto têm uma função e metas preestabelecidas, a menos que
sejam expulsos em nome do Senhor Jesus. Os demônios podem ter sido
chamados para estabelecer parte de uma estratégia de Satanás a fim de
monopolizar situações ali vivenciadas.
É importante sabermos que a libertação dos conflitos espirituais e
da escravidão satânica não deriva de um choque de poderes, mas de um
encontro com a Verdade. Cristo Jesus é a Verdade, e, com base nesta
assertiva absoluta, prossigamos para a carreira que nos está proposta,
que é a de anunciarmos o Ano Aceitável do Senhor. A Ele toda a honra e
toda a glória para sempre.
Amém!
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