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A Queda do Mundo Angelical

Sumariamente houve duas grandes quedas: a dos anjos e


a do homem (Gn 3.1 e ss; 2 Pe 2.4; Jd v.6).

Os anjos foram criados com a responsabilidade da


determinação. Este foi o ideal divino representado por eles na
criação. A possibilidade do mal não estava neles de maneira
nenhuma como necessidade.

Afirmar que Deus poderia ter evitado a sua queda uma vez
que tinha poder para fazê-lo, é dispor a vontade divina no
governo contra a vontade divina na criação; contra a vontade
divina representada na criação dos anjos. Eles foram feitos
como deviam ter sido.

O pecado dos anjos. Para a imaginação humana, o


presente assunto é difícil de ser elucidado, a não ser aquilo que
se pode depreender dos textos e contextos que focalizam o
significado do pensamento.

Billy Graham observa que a questão importante, porém,


não é "Quando foram criados os anjos", mas "Quando caíram
os anjos?" O Doutor Gerhart, citando Santo Agostinho, em seu
Institutes, I, 670, diz: "Embora os anjos quando criados
despertassem para a consciência em estado de santidade e
sem tentação alguma por solicitação externa, não obstante,
receberam a incumbência de querer e fazer aquilo que faz
parte da santidade. Como no caso do homem, Adão, parece
que os anjos passaram por um período de prova.
"O amor de Deus por eles era o do Criador por sua criatura;
mas eles tinham aquela liberdade de ação que é natural à
responsabilidade angélica. Essa liberdade foi concedida ao
primeiro homem mas com esta exceção importante: já havia em
existência um reino do mal com suas solicitações externas e
forçosas para o mal. Os anjos não foram desafiados por tal
influência externa quando começaram a sua existência
consciente. A multidão de anjos que pecaram sob a influência
do primeiro anjo pecador fica imediatamente eliminada do
problema. Eles caíram, cada um individualmente, mas pela
força das influências que surgiram depois que experimentaram
seu estado de santidade".

Quanto ao primeiro pecado cometido pelo primeiro anjo,


seria bom notar que o aspecto metafísico da origem do mal é
um problema em que os teólogos encontram certos pontos
difíceis de entender e, com referência a ele, apenas certos
aspectos dedutivos podem ser captados pela mente finita.

Mas segundo se depreende, há uma imaginação a ser


seguida: Sob as condições existentes ali, qualquer caminho
pelo qual o pecado avança era inexistente. Agressividade
contra Deus era a única direção na qual tal ser poderia pecar.
E, sem dúvida alguma, ela viria por meio do orgulho. Sobre
esta verdade óbvia Hooker escreveu o que segue: "Parece,
portanto, que não havia outro caminho para os anjos pecarem,
a não ser pelo reflexo do seu entendimento de si mesmos;
tomados de admiração de sua própria sublimidade e honra, a
lembrança de sua subordinação a Deus e sua dependência
dele ficou afogada em sua presunção; consequentemente, a
adoração, o amor e a imitação de Deus, não puderam
continuar existindo".
Devemos ter em mente três pontos importantes no que diz
respeito ao pecado original destes seres espirituais:

1. Muitos eruditos supõem que o pecado original dos anjos


foi terem seguido a Satanás, em sua revolta quando tentou
derrubar a Deus no passado (Is 14.12 e ss; Ez 28.2 e ss; Ap
2.4,7-9). Nesta interpretação não existe previsão de tempo e
espaço; foi na eternidade. O poeta Dante calculou que a
queda dos anjos rebeldes teve lugar vinte segundo após a
sua criação, originando-se do orgulho que tornou Lúcifer pouco
disposto a esperar a época em que teria conhecimento. Mas
isso é um tanto imaginário.

2. Os judeus tinham uma tradição da queda dos anjos com


base no trecho de Gênesis 6.2, supondo que os espíritos
angelicais desejaram mulheres humanas, e que lhes nasceram
filhos (os tais gigantes da Terra). Assim, pois, o pecado dos
anjos teria sido a "concupiscência" (1 Jo 2.16). Isto colocaria o
pecado original dos anjos depois da queda do homem. Mas
isso é um tanto improvável.

3. Outra possibilidade defendida por alguns se baseia no


terceiro capítulo de Gênesis, onde se narra a história da
tentação. Supostamente, os anjos, vinculados a Satanás,
tornando-se corrompidos assim, por haver ele tentado o
homem e sua mulher, e eles se tornaram subsequentemente,
agentes da corrupção humana. Isso se prende, segundo este
conceito, ao fato de que os anjos habitavam a esfera terrestre
e, por causa do pecado de Adão que, como diz Paulo: "Pelo
que, como por um homem entrou o pecado no mundo..." (Rm
5.12a), evidentemente, esse pecado indiretamente atingiu os
seres angélicos.

A verdade da questão provavelmente, se assemelha à da


primeira posição. Quanto ao tempo em que ocorreu a queda
angelical, é provavel que tenha ocorrido entre Gn 1.31- 23 .

Os anjos dividem-se em dois grupos

Os anjos decaídos se dividem em dois grupos distintos:

O primeiro grupo é composto daqueles que aderiram a


Satanás quando se rebelou contra Deus (Is 14.12 e ss; Ez 28.2
e ss); esses anjos estão sob a esfera de seu domínio e
consequentemente, não estão aprisionados (Ef 2.2; 6.12; Ap
12.7). Muitos e importantes textos paulinos falam dessas
organizações do mundo angelical, usando as palavras:
"autoridade", "potestades", "tronos", "principados" no sentido
invisível específico de entes invisíveis.

São tão numerosos que tornam o poder de Satanás muito


extenso. Paulo diz em Colossenses 2.15, que nosso Senhor
triunfou sobre estas hostes por meio de sua morte e
ressurreição. Veja: "E, despojando os principados e
potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si
mesmo"; quando se faz necessário para distinção do
significado do pensamento, a Bíblia distingue os anjos maus
dos anjos bons da seguinte forma: "potestades do ar" (anjos
decaídos) e "potestades nos céus" (anjos bons). Isto é muito
interessante! (Ef 2.2; 3.10). Os tais anjos maus, são agentes
maléficos e anjos guerreiros da ordem dos "principados".

O segundo grupo, prende-se aqueles anjos mais ferozes.


Esses seres não pecaram por serem induzidos ou tentados,
mas voluntariamente. Vejamos: "E aos anjos que não
guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria
habitação, reservou na escuridão, e em prisões eternas até
o juízo daquele dia" (Jd v.6).
"Porque, se Deus não perdoou aos anjos que pecaram,
mas havendo-os lançado no inferno, os entregou às cadeias
da escuridão, ficando reservados para o juízo" (2 Pe 2.4).

O autor sagrado e outras fontes paralelas, dizem que


algumas ordens angelicais caíram. Eles abandonaram o seu
estado original. O lugar de honra, de bem-estar e do domínio
que eles possuíam nos lugares celestiais, nas esferas
espirituais da existência. Antes, tais anjos contavam com o
favor divino, pois eram espiritualmente puros e tinham um
poder inconcebível. Mas caíram. Isso sucedeu
propositadamente. Fizeram uma louca escolha e má decisão. A
sua má escolha pode-se ver em inferência nas palavras de
Elifaz, o Tamanita, o amigo de Jó,"...e nos seus anjos encontra
loucura" (Jó 4.18b).

Esses não estão presentemente a serviço de Satanás, e


sim, aprisionados por expressa ordem de Deus, em cadeias
eternas, na escuridão exterior, esperando pelo julgamento do
grande dia.

Só unicamente durante a Grande Tribulação, durante o


toque da 5ª trombeta, eles ficarão por cinco meses sob o
domínio total de Satanás, depois, certamente, voltarão a ser
aprisionados e evidentemente comparecerão a Juízo (1 Co 6.3;
2 Pe 2.4; Jd v.6; Ap 20.12). Em Apocalipse 20.12 na palavra
"grandes" e (anjos) e "pequenos" (homens) fica subentendido
isso.

Em1 Pedro 3.19, fala-se de "espíritos em prisão", os quais


na época do dilúvio ouviram uma espécie de "evangelho da
justiça", pregado por Noé, mas que não ouviram o "evangelho
da graça de Deus" (1 Pe 3.20 e 4.6). Os poderosos de Assur
(Assíria) com todo o seu ajuntamento (sete nações) também
deviam estar ali, pois foram colocados "no mais interior da
cova" (Ez 32.22 e ss). O lugar habitado por esses espíritos
rebeldes, é chamado de "região tenebrosa e melancólica, onde
se passa uma experiência consciente, porém triste e inativa" (2
Sm 22.6; SI 9.17).
Existe uma tradição entre os judeus que diz: "Originalmente, o poço do abismo era
reputado como o lugar que abrigava 'os espíritos em prisão'; mas ali viviam apenas como
sombras a vaguearem ao redor".

Alguns eruditos pensam que esses "espíritos" das passagens de Pedro (1 Pe 3.19 e
4.6) são anjos caídos, que são seres espirituais. O termo grego "pneuma" pode significar
qualquer tipo de "espírito", ou a porção não-material do homem. Mas isso se prende,
segundo se diz, na literatura judaica-helenista, que até advogavam a restauração de anjos
caídos. Mas tanto o texto como o contexto de ambas as passagens, dizem respeito aos
"espíritos humanos desen-corporados", e, especialmente, àqueles que foram rebeldes nos
dias de Noé. Portanto, não devem ser anjos que estão em foco nestas passagens.

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