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Trabalho Federalismo (Ciência Política)
Trabalho Federalismo (Ciência Política)
São Leopoldo
2014
1
Introdução
Este trabalho tem como objetivo apresentar de forma sucinta o federalismo, uma
forma de Estado vigente em vários países, como o próprio Brasil. Visa apresentar o
conceito de federalismo, suas origens, comparar o federalismo estadunidense com o
federalismo brasileiro e mostrar os prós e os contras de se ter um sistema federalista
pleno.
1) O conceito de federalismo
expressas em sede constitucional. A federação criaria uma estrutura forte, uma unidade
poderosa, sem, todavia, destruir os particularismos e as peculiaridades próprias de seus
membros”3. Vale ressaltar que o poder central da União tem sempre a soberania em
relação a cada estado membro da federação.
2) As origens do federalismo
3) O federalismo estadunidense
3
STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria Geral do
Estado. Ed. Livraria do Advogado, 2003.
4
A origem da política – Federalismo. Disponível em:
<http://rhbjhistoria.blogspot.com.br/2012/02/origem-da-politica-federalismo.html> Acesso em 21 de nov
de 2014.
3
Talvez por ter instituído o federalismo como conhecemos (são a federação mais
antiga do mundo), os Estados Unidos seguem o modelo mais fiel ao conceito original de
federalismo, o federalismo pleno, com cada estado membro da União tendo autonomia
para possuir suas próprias leis, sua própria administração e seu próprio sistema
judiciário autônomo, como se cada distrito fosse uma mini-nação independente,
cabendo à União a verificação de que tudo esteja dentro dos limites impostos pela
Constituição e que mantenha-se uma subordinação ao Estado central.
Um exemplo de como isso influi na vida prática dos cidadãos americanos foi o
recente caso de uma jovem que descobriu que tinha um câncer cerebral em fase terminal
e que lhe restavam somente alguns meses de vida, e que sua morte seria lenta e
dolorosa. Com isso, a jovem decidiu recorrer ao suicídio assistido para evitar o
sofrimento que a morte pelo câncer lhe causaria. Porém, no estado onde ela residia,
Califórnia, o suicido assistido é proibido por lei. Portanto, ela teve de se mudar para o
estado de Oregon, onde o suicídio assistido é permitido, para realizar sua vontade5.
Como a população dos Estados Unidos é bastante numerosa (são mais de 300
milhões de habitantes distribuídos entre 50 estados e um distrito federal), essa forma de
federalismo a meu ver parece ser, se não a forma de Estado ideal para os
estadunidenses, pelo menos o mais próximo disso, afinal seria bastante complicado se o
poder central tivesse que cuidar de todas as questões administrativas, jurídicas etc. de
todos os municípios de todos os estados membros dessa enorme federação, além de ser
um sistema vigente desde que sua independência foi proclamada, em 4 de julho de
1776.
4) O federalismo brasileiro
5
Vítima de câncer cerebral, jovem americana morre nos Estados Unidos. Disponível em:
<http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/noticia/2014/11/vitima-de-cancer-cerebral-jovem-americana-
morre-nos-estados-unidos-4634627.html> Acesso em 21 de nov de 2014.
4
6
BARBOSA, Antônio José. O Federalismo Brasileiro. Disponível em: <
http://www12.senado.leg.br/jovemsenador/arquivos/o-federalismo-brasileiro> Acesso em 22 de nov de
2014.
5
autonomia que tiveram na “República café com leite”. Streck e Morais explicam isso no
livro “Ciência Política e Teoria Geral do Estado”: “(...) Com a Carta Constituicional de
05/10/88 permaneceu o modelo centralizador, sendo que a partilha de competências
tornou mais evanescente o modelo federalista”7.
único local centralizado, no meio do país, distante das grandes metrópoles. Portanto, a
primeira vista, parece bastante interessante a ideia de um federalismo pleno, aos moldes
do que ocorre nos Estados Unidos, como defende, por exemplo, o Partido Federalista,
citado no capítulo anterior.
Mas a verdade é que os Estados Unidos dão um banho de organização no Brasil,
além de, como já dito antes, o país mais notório da América do Norte já usar esse tipo
de sistema de Estado desde sua independência em 1776 (lá se vão 238 anos), sem jamais
ter mudado.
Já no Brasil a situação é completamente diferente. Desde a sua descoberta pela
civilização ocidental em 1500, o maior país da América Latina passou por diversos tipos
de sistemas políticos e estatais, fora a desorganização completa de sua estrutura
administrativa atual. Com essa desordem, se se der autonomia judiciária, tributária e
administrativa aos estados membros da federação corre-se o risco de o país virar um
completo pandemônio, com cada Unidade Federativa fazendo o que bem entende,
especialmente em alguns estados do Nordeste, onde algumas famílias (Sarney,
Magalhães) há tempos já controlam esses estados como se fossem quintais de suas
casas. Com a autonomia desses estados, essas famílias “fariam a festa”, controlando
esses distritos ainda mais do que já controlam.
Outro ponto perigoso seria a ascensão de figuras políticas extremistas, como Jair
Bolsonaro e Marco Feliciano, por exemplo. Com esses estados tendo autonomia
tributária, judiciária e administrativa, se teria menos impeditivos para esses legisladores
aprovarem leis extremistas e que soterrassem ainda mais grupos marginalizados como
os gays, os negros e os ateus. É claro que se porventura vier a ser implantado um
sistema federalista pleno no Brasil algum dia, mesmo assim nenhum estado membro da
federação jamais poderá criar alguma lei que vá de encontro a Constituição Federal.
Mas essas atuações legislativas locais tornariam mais fáceis a criação de leis
“mascaradas”, que se apresentam como defensoras dos bons costumes mas, na verdade,
só tiram direitos daqueles que já não têm muitos.
Conclusão
sociólogos e estudiosos da política. Talvez isso ocorra pelo federalismo ser um sistema
tão arraigado em diversos países, principalmente nos Estados Unidos, nação mais
potente e, consequentemente, mais influente do mundo, que muitos porventura nem
percebam mais como e de que forma se deu esse sistema estatal.
Creio a discussão da ideia de um federalismo pleno, posto em pauta várias vezes
aqui, não faça muito sentido em países de pouca extensão territorial e/ou de baixa
densidade demográfica, pois um poder político, administrativo e judiciário centralizado
na União em países como Espanha, Holanda, Uruguai, Gabão etc. não causaria um
milímetro do impacto do que causaria (ou causa) em países como Estados Unidos,
China, Índia ou Brasil. Afinal de contas, é infinitamente mais tranquilo um governo
central administrar, por exemplo, um país com um território de um pouco mais de
176.000 km² e com 3 milhões de habitantes do que administrar dessa forma um país
com um território de mais de 9.000.000 km² e com uma população de mais de 1 bilhão.
Nesse último caso, creio que seria mais válida uma discussão no sentido de um
federalismo pleno, mas não se pode deixar de se alertar para as possíveis consequências
negativas desse sistema se adotado em sua plenitude.
Mas o mais importante, para mim, é esse debate, essa troca de ideias e
contrapontos que acontecem nas discussões políticas, pois é somente através do diálogo
e das discussões de ideias que se pode alcançar o futuro que sonhamos e desejamos a
todos. Porquanto que historicamente a falta do diálogo e especialmente a falta da
participação popular nas decisões políticas sempre levaram a governos autoritários e
tiranos, onde só o que interessava era a concentração de poder nas mãos dos que
mandavam e o amordaçamento do povo (pode-se citar a Revolução Russa, o regime
nazista alemão, o regime fascista italiano e as ditaduras militares da América Latina
como os principais exemplos do que estou falando).
Por isso, creio que as ideias do Partido Federalista são extremamente válidas,
por mais que eu discorde de vários pontos, pois toda a proposta que vise à criação de um
país melhor é sempre bem-vinda, desde que, como dito antes, sempre se busque o
diálogo e a troca de ideias e, principalmente, nunca haja uma defesa ideológica
extremamente apaixonada, como ocorre muito nas redes sociais na modernidade, pois
daí as discussões políticas viram mais um Corinthians x Palmeiras ou um Gre-Nal do
que realmente trocas de ideias sobre de que forma podemos construir um mundo mais
justo e mais igualitário, onde todos possam prosperar e ter uma vida digna.
8
Mahatma Gandhi
9
Retirado do site: < http://pensador.uol.com.br/gandhi_textos/>.
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Referências:
STRECK, Lenio Luiz; MORAIS, José Luis Bolzan de. Ciência Política e Teoria Geral
do Estado. Ed. Livraria do Advogado, 2003.