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EXCELENTÍSSIMO DESEMBARGADOR DO TRIBUNAL REGIONAL DO

TRABALHO DA 3ª REGIÃO – RELATOR DO PROCESSO Nº 0010101-


10.2021.5.03.0001

PATRULHA MINEIRA LTDA., já qualificada na presente Reclamação


Trabalhista movida por ANTÔNIO QUEIROZ, observando a omissão e
contradição no acórdão, vem, perante o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho
da 3ª Região, interpor o presente

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

Nos termos do art. 897-A da CLT, pelos seguintes fatos e fundamentos


jurídicos:

I. TEMPESTIVIDADE

A intimação para as partes tomarem conhecimento do teor do acórdão


decidido pelo Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 3ª Região foi publicada
no dia 07 de junho de 2021, segunda-feira. Dessa forma, o prazo para
interposição de Embargos de Declaração iniciou-se em 08 de junho de 2021,
terça-feira, e findou-se em 14 de junho de 2021. Sendo assim, fica evidente a
tempestividade dos Embargos de Declaração.

II. MÉRITO
II.1 OMISSÃO – ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

Com a devida permissão, há alguns pontos que merecem atenção no


acórdão proferido pelo douto Juízo, entre eles, citemos a omissão referente ao
adicional de periculosidade suscitado em favor do polo ativo quando ingressara
uma ação reclamatória no âmbito ordinário (primeiro grau). Segundo o art. 897
CLT, nestes casos, por exemplo: omissão; A melhor maneira de atacar
evidentes problemas será opondo embargos de declaração.
Em sede de Recurso Ordinário, a ora Embargante aduziu que a
sentença merece reforma também no que tange à condenação ao pagamento
de adicional de periculosidade.

II.2 ADICIONAL DE PERICULOSIDADE

A decisão de primeiro grau também condenou a Reclamada ao


pagamento de adicional de periculosidade. O fundamento utilizado foi de que o
Reclamante estava exposto à violência física pelo fato de exercer as funções
de porteiro.
A r. sentença não faz a correta interpretação do inciso II do art. 193 da
CLT. Avançando, o ora reclamado não tem obrigações legais para efetuar
pagamento ante exposto, isto porque, vigia difere de vigilante este último
podendo defender patrimônio utilizando armas enquanto aquele possui mera
administração patrimonial visualizando qualquer imprevisto ocorrido na
empresa. Abaixo segue-se entendimento jurisprudencial:

EMBARGOS REGIDOS PELA LEI Nº 13.015/2014, PELO


CPC/2015 E PELA INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 39/2016 DO
TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO. VIGIA. ADICIONAL DE
PERICULOSIDADE PAGO ESPONTANEAMENTE PELO
EMPREGADOR. SUPRESSÃO POSTERIOR. ATIVIDADE NÃO
INSERIDA NO ANEXO 3 DA PORTARIA Nº 1.885/2013 DO
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Discute-se se o
reclamante, no exercício da função de vigia, contratado
diretamente pela Administração Pública Indireta, tem ou não
direito ao adicional de periculosidade previsto no inciso II do artigo
193. Consta no acórdão regional transcrito na decisão embargada
que o reclamante nunca laborou como vigilante nos moldes
previstos na Lei nº 7.102/83, mas, a reclamada, diante da edição
da Lei nº 12.740/2012, em razão da existência de dúvida quanto à
extensão do direito aos vigias, passou a pagar o adicional de
periculosidade ao reclamante a partir de dezembro de 2013 e em
setembro de 2015 suprimiu o pagamento da parcela em razão da
uniformização da jurisprudência a respeito da matéria. A Súmula
nº 453 do Tribunal Superior do Trabalho estabelece que "o
pagamento de adicional de periculosidade efetuado por mera
liberalidade da empresa, ainda que de forma proporcional ao
tempo de exposição ao risco ou em percentual inferior ao máximo
legalmente previsto, dispensa a realização da prova técnica
exigida pelo art. 195 da CLT, pois torna incontroversa a existência
do trabalho em condições perigosas" . Todavia, no caso em
exame, não há falar em contrariedade ao citado verbete, pois,
conforme registrado no acórdão regional transcrito na decisão
embargada, o pagamento do adicional de periculosidade não se
deu de forma espontânea ou por mera liberalidade da empresa,
como alega o reclamante, mas sim em razão do entendimento
conferido à época ao Anexo 3 da Portaria 1.885/2013 do MTE,
que regulamentou a Lei nº 12.740/2012, considerando-se a
condição de ente público da reclamada e a incerteza acerca do
enquadramento do vigia em atividade profissional de segurança
pessoal ou patrimonial. Ademais, esta Subseção firmou o
entendimento de que o vigia, ao contrário do vigilante, não
está exposto a risco de roubo ou violência física, não se
enquadrando, pois, nas atividades descritas no Anexo 3 da
Portaria nº 1.885/2013 do Ministério do Trabalho. Isso porque
a atividade exercida pelo vigilante demanda o uso de arma de
fogo e treinamento específico, além dos demais requisitos
previstos em lei, ao passo que o vigia desenvolve suas
funções sem o risco acentuado a que alude o artigo 193,
inciso II, da CLT, não havendo previsão legal de pagamento
do adicional de periculosidade para esta atividade. Grifo
nosso. Assim, diante do entendimento de que o vigia não exerce
atividade em condições de risco acentuado, conclui-se que a
supressão da parcela não configurou alteração contratual lesiva,
tampouco redução salarial, na medida em que a interrupção no
pagamento decorreu da ausência de direito ao seu percebimento.
Com efeito, uma vez superada a interpretação que enquadrava o
vigia no artigo 193, inciso II, da CLT, não há mais falar em
concessão do adicional, que se configura como salário-condição.
Nesse contexto, os arestos colacionados ao cotejo estão
superados pela iterativa e notória jurisprudência do Tribunal
Superior do Trabalho, não havendo falar em divergência
jurisprudencial, nos termos do artigo 894, § 2º, da CLT. Embargos
não conhecidos.

(TST - E: 111092220155030181, Relator: Jose Roberto Freire


Pimenta, Data de Julgamento: 09/09/2021, Subseção I
Especializada em Dissídios Individuais, Data de Publicação:
17/09/2021)

Diante do exposto, requer sejam os Embargos de Declaração


conhecidos e providos, a fim de que seja analisada a fundamentação acerca do
adicional de periculosidade, julgando improcedente o pleito.

II.2 CONTRADIÇÃO – HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS

Analisando o acórdão regional, verifica-se contradição no que tange aos


honorários advocatícios. Inicialmente, a decisão Embargada aduz que a
sentença deve ser mantida no que tange aos honorários advocatícios de
sucumbência, porém, também, fora dado provimento ao recurso ordinário.
Dessa forma, requer sejam os Embargos de Declaração conhecidos e
providos, a fim de que seja sanada a contradição, dando-se provimento ao
Recurso Ordinário.

III. PEDIDO

Diante do exposto, requer sejam os Embargos de Declaração


conhecidos e providos, a fim de sanar a omissão e a contradição apontada.
Tendo em vista o efeito modificativo solicitado, requer a intimação da
Embargada para que se manifeste no prazo de cinco dias úteis.

Termos em que pede e espera deferimento.

Uberlândia/MG, 14 de junho de 2021.

Advogado OAB/UF

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