Introdução O Hospital Colônia de Barbacena, hospital psiquiátrico fundado em 1903, foi cenário de uma série de atrocidades ocorridas na década de 1960 e ficou conhecido como uma das maiores tragédias institucionalizadas do Brasil e pela forma brutal como eram tratados os internos. Nesse hospital psiquiátrico não eram internados apenas pessoas com o psicológico afetado, eram internadas também pessoas que as autoridades da época desejavam, foram internadas mães solteiras, prostitutas, pessoas sem documentação, etc., pessoas consideradas “desajustadas” pela sociedade da época. Os pacientes sofriam maus tratos e torturas, eram submetidos à eletrochoque, dormiam em corredores forrados por capim, não havia infraestrutura para a quantidade de pessoas internadas, não havia saneamento básico, não havia alimentação digna e roupas. Desse modo, os internos eram desumanizados naquele ambiente caótico, vivendo em condições degradantes, o que levou a 60 mil mortes e vidas marcadas por traumas irreversíveis. Ações jurídicas e efetivação da justiça Tendo em vista os relatos das séries de maus tratos, torturas e privação de direitos que os pacientes sofreram, fica evidente que se deve haver justiça para os pacientes que sobreviveram e para as memórias dos que já faleceram. O que houve no hospital psiquiátrico tem responsabilidade das autoridades, como também da sociedade local da época. A culpa da sociedade condiz com os juízos de valor da sociedade da época, os internos eram considerados pessoas fora do padrão social correto. A responsabilidade das autoridades diz respeito às autoridades médicas e os políticos e pessoas envolvidas na internação dos pacientes. De acordo com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à liberdade, como também o direito previsto no artigo 5ª que diz que “ninguém será submetido à tortura nem a penas ou tratamentos cruéis, desumanos ou degradantes”, são direitos inerentes à pessoa humana, devendo o Estado respeitá-los e protegê-los independentemente de sua ideologia. Portanto, os crimes ocorridos no hospital psiquiátrico têm como principal responsável o Estado. Assim, a responsabilidade do Estado deve ser de reparar tal atrocidade, de acordo com os atos comissivos e omissivos dos agentes estatais, devendo o Estado indenizar as vítimas sobreviventes e familiares das vítimas mortas, reparando os danos físicos e morais que os internos sofreram. Acrescento ainda que seria justo as autoridades médicas e estatais, responsáveis pelas internações e torturas, serem responsabilizados e sofrerem as devidas punições, seja por multa, penas restritivas de direito ou privativas de liberdade, tendo em vista as milhares de vidas ceifadas e vidas marcadas em decorrência dos atos desumanos de tais responsáveis.