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CONTROLE SOCIAL DO CORPO

Alexandre Felipe Oliveira Guimarães1


E-mail: alexandrephylipe@hotmail.com

RESUMO
O presente estudo trata das determinações do capital no
controle dos corpos, no atual estágio de reestruturação
produtiva do capital, com ênfase no sistema prisional do
Estado Brasileiro. Evidencia-se o controle dos trabalhadores
através do sistema penal em um momento de desemprego
estrutural, e deste modo, questionamos a função da prisão
como mecanismo de segurança social. Para tanto utilizamos
autores como: Antunes, (2017), Garland (1995), Giorgi
(2006), Foucault (1986), Zaffaroni (1989) entre outros.
Palavras-chave: Capitalismo. Corpo. Prisão.

ABSTRACT
The present study deals with the determinations of capital in
the control of bodies, in the current stage of productive
restructuring of the capital, with emphasis on the prison
system of the Brazilian state. It is evident the control of
workers through the penal system in a moment of structural
unemployment, and thus, we question the function of prison
as a mechanism of social security. We used authors such as:
Antunes, (2017), Garland (1995), Giorgi (2006), Foucault
(1986), Zaffaroni (1989), among others.
Keywords: Body. Capitalism. Prison.

As reflexões a seguir apresentam algumas


determinações do capital no que tange ao aprisionamento
dos corpos, no atual estágio do sistema capitalista, que vem
ao longo dos séculos introjetando-se nas razões do Estado e
direcionando suas políticas públicas, sobretudo no âmbito
penal.
Leis penais e instituições são sempre
propostas, discutidas, legisladas e operadas por
meio de códigos culturais definidos. Elas são
estruturadas em linguagens, discursos e num
sistema de signos que corporificam
significados culturais específicos (GARLAND,
1995, p. 1981).

1
Mestre em Educação pela Universidade Federal de Alagoas – UFAL.

1
Quando a punição saiu da esfera da vingança
privada para vingança pública, com exclusividade do
Estado, este passou a desempenhar a função de escolha das
prioridades de maior relevância para proteger, bem como,
quais medidas deveriam ser propostas em caso de violações.
Todavia, após o desenvolvimento do capitalismo industrial,
a atuação do Estado recebeu demasiada influência no
direcionamento de suas políticas sociais, de modo que se
distanciou de sua finalidade social e se aproximou dos
interesses mercantis, que tem o lucro como princípio.
O direcionamento do Estado Penal esteve atrelado a
interesses econômicos que penetram o Estado e determinam
o conjunto de saberes relativos à gestão da população, que
sai do suplício à prisão, de acordo com a política criminal
escolhida para gerir e disciplinar em favor do mercado de
cada tempo, já bem explicitados por Michel Foucault
(2008), em sua obra “Vigiar e Punir”.
Um breve retorno à origem da pena de prisão,
permite compreender que sua criação esteve inserida num
contexto de transformações mercantis entre os séculos XVII
e XVIII, período de escassez de mão de obra, o que elevava
os salários, e como alternativa o capital, agindo dentro do
Estado, impôs o trabalho obrigatório para os pobres,
enfrentando em um só ato dois problemas da época: a alta
dos salários e o controle dos vagabundos. Nessa lógica,
foram construídas as primeiras instituições de reclusão para
pobres (RUCHE, 2004).
A prisão foi uma das saídas encontradas pelo capital,
que agindo através do Estado concretizou as modificações
necessárias junto às populações pobres e desviantes, como
meio de padronizar regras e hábitos de disciplina.
Deve-se forjar na penitenciária uma nova
categoria de indivíduos, indivíduos
predispostos a obedecer, seguir ordens e
respeito aos ritmos de trabalho regulares, e,

2
sobretudo que estejam em condições de
interiorizar a nova concepção capitalista do
tempo como medida de valor e do espaço como
delimitação do ambiente de trabalho (GIORGI,
2006, p. 44).

O cárcere representa a materialidade desse modelo


de desconstrução para reconstrução contínua do corpo, o
pobre torna-se criminoso, que se torna prisioneiro, e
transforma-se em operário, não restando outra opção nesse
cenário, seja pela busca espontânea ou pela imposição legal,
o fim será o mercado de trabalho, e a aceitação da ordem e
lógica capitalista.
George Ruche e Otto Kirchheimer, na obra Punição
e estrutura social, publicada em 1939, contestaram a lógica
do Direito Penal e suas proposituras na organização da
sociedade. O sistema econômico determina a o sistema
penal, demonstram que do século XVIII ao XX a relação
entre trabalho, economia e punição sempre esteve presente.
Os autores sustentam que o sistema repressivo varia de
acordo com a situação do mercado de trabalho, ou seja, no
período em que há excedente de força de trabalho também
ocorrerá um agravamento nas penas, ou seja, sempre que o
desemprego aumenta, o rigor penal também recrudescerá.
O processo de criminalização e as razões para
selecionar determinados grupos foram tomando novas
roupagens,
A seletividade do sistema penal não é um
acidente de percurso e que não se deve a um
déficit de infraestrutura de seu funcionamento.
A equação minoria (pobre) regularmente
criminalizada x maioria (dos estratos sociais,
médio e alto) regularmente imune ou impune,
na qual venho sinteticamente traduzindo a
seletividade, indica sua impunidade, não é uma
disfunção do sistema, mas sua regra de
funcionamento (ANDRADE, 2003, p. 173).

As regras sociais não constituem a representação de


um corpo coletivo, pois são criadas por grupos sociais

3
distintos de classe, cor, profissão e cultura, ou seja, tem-se
uma legislação que não representa os reais interesses da
grande parcela da sociedade. Com maior ênfase, destaca-se
o direito penal, que não atinge a paz e harmonia social, que
deveria ser o último recurso de solução de conflitos sociais
mas tornou-se o primeiro. Zaffaroni (1989, p. 119) afirmou
que “as nações estão praticando genocídio contra seu povo”
ao adotar padrões culturais, leis, costumes e, sobretudo,
guerras contra os crimes que são tão nocivos quanto, de fato,
as políticas criminais demonstram.
As mudanças ocorridas no modelo de produção no
decênio de 1960 e seguintes, sobretudo, com adoção da
gestão de modelo Toyotista, culminaram na reestruturação
produtiva, tendo como efeito social a redução das políticas
de bem-estar “welfare state”, aplicadas em alguns países,
como os Estados Unidos, entre 1930 e 1970, a ampliação do
Estado penal e do desemprego estrutural, além do aumento
no número de aprisionamento.
Somente nos Estados Unidos, o efeito na população
prisional refletiu no aumento de 200 mil reclusos em 1970
para 850 mil em 1991 (WACQUANT, 2003, p. 28), “e mais
de 2 milhões e 300 mil reclusos em 2018” (IDDD.ORG,
2018). Não muito diferente, o Brasil acompanha as altas
taxas de aprisionamento de sua população, saindo de uma
população de 88 mil reclusos, em 1985, para 726 mil presos
em 2016 (DEPEN, 2017).
Nesse mesmo período, nos Estados Unidos, a
criminologia crítica promoveu um processo de renovação
do saber criminológico, ao investigar as condições de
criminalizações. A punição, antes vista como um progresso
contínuo da evolução jurídica em direção à racionalidade
humana, não passa de concatenações de estratégias nas
quais a ordem do capital impôs, no tempo, suas formas
peculiares de subordinação, repressão de classe, bem como,

4
dos meios de controle desempenhados pelo Estado em
relação às dinâmicas de funcionamento de mercado,
Todo modo de produção tende a descobrir
formas punitivas que correspondam às próprias
relações de produção. É, pois, necessário
analisar a origem e o destino dos sistemas
penais, o uso e o abandono de certas penas, a
intensidade das práticas punitivas, assim como
estes fenômenos foram determinados pelas
forças sociais, econômicas ou fiscais (GIORGI,
2006, p. 56).

A mudança de paradigmas, a partir da qual as


relações de produção em curso modificam a fisionomia da
força de trabalho, reconfiguram os dispositivos de controle
frente à produção capitalista. Nesse contexto, amplia-se o
potencial transnacional do Capital, em um movimento que
permitiu a saída do capital do interior das fábricas,
tornando-se volátil, estimulando a competividade entre
pessoas e países, ampliando a divisão internacional do
trabalho, entre produtores de bens imateriais nos países ditos
de “primeiro” mundo, que comandam os demais que, por
sua vez, produzirão os bens materiais.
As profundas diferenças que podemos
distinguir entre os regimes de produção que
prevalecem nas diferentes áreas geográficas do
império (bem como no interior de suas
províncias), não indicam de fato a coexistência
de estágios do desenvolvimento capitalista,
como se estivéssemos diante de um modelo
pós-fordista no “primeiro mundo”, fordista no
“segundo” e pré-fordista no “terceiro”. Essas
diferenças são acima de tudo, o efeito imediato
das estratificações hierárquicas impostas à
força de trabalho global pelo domínio
capitalista sobre a produtividade social
(GIORGI, 2006, p. 65).

O Cenário de comando imperial do capital altera as


subjetivações, incutido nas pessoas pelo controle
biopolítico, a meritocracia passa a ser a palavra-chave, uma
vez que transfere ao corpo/mente o encargo total para
ascensão social, capaz de alterar a realidade, na qual os

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sujeitos passam a ser responsáveis pelo sucesso ou fracasso
econômico e social, impulsionando a individualidade e
competição como condição de sobrevivência e escalada do
mercado global.
No novo cenário do capital, nasce uma contradição,
por não existir mais uma base material, a dinâmica se
desvincula do produto em sua relação histórica, para o
trabalho imaterial, o controle também se reinventa no
domínio dos corpos, e se concretiza por fora das redes
produtivas, ou seja, por fora das fábricas.
Um exemplo atual de trabalho imaterial pode ser
encontrado no aplicativo Uber, em que uma empresa sediada
nos Estados Unidos coordena, por meio informático,
milhares de operários (Uberistas) em todo mundo. A
referida empresa ressignificou o serviço de transporte de
passageiros, com o surgimento de uma nova classe de
trabalhadores precarizados, como no caso citado, recebendo
25% de toda arrecadação do operador, que assume a
integralidade dos riscos, bem como, é responsável por todo
insumo material e humano para execução da atividade, sem
nenhuma garantia e sem vínculos, ao passo que precariza
outra classe de trabalhadores já existentes, que executavam
tal atividade, estimulando a competitividade e mudança nos
paradigmas do trabalho.
As tecnologias passam, assim, a dominar o mundo
do trabalho, alienando, criando novos mecanismos de
controle e aproveitamento das horas de trabalho
intermitente, a exemplo do que ocorre com a nova
modalidade de contratação, denominada por Antunes (2017)
de “Zero hour contract (...)”. Essa nova forma de contratos
não tem determinação de horas – daí sua denominação”, já
regulamentada no Reino Unido e em expansão em outros
países da Europa, sob outros nomes.

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No Brasil, foi apelidada de “Uber da educação”,
iniciada por alguns aplicativos, a exemplo Upper Professor,
Eduqi Professores e do “Comeia”, este modelo de trabalho
intermitente está em expansão para outras diversas áreas de
atuação, a exemplo de: cuidadores de idosos e crianças,
serviços de limpeza, manutenção, entre tantas outras
possibilidades.
Este modelo de trabalho reduz o vínculo
empregatício, a estrita demanda, como uma medida de
ampliação da eficiência e expansão da precarização do
trabalhador, que além de perder as garantias existentes na
legislação trabalhista, passa a figurar nesse novo cenário
como “empreendedor, uma mescla de burguês-de-si-
próprio e proletário-de-si-mesmo” (ANTUNES, 2017, p.5).
Situando-se na instabilidade do mercado, oscila numa triste
hipótese entre o desemprego e “o privilégio da servidão”
(ANTUNES, 2017, p.5).
O sentimento de insegurança criado pela nova
dinâmica social, ampliado pelo potencial midiático,
aumenta a sensação de medo e impotência. Assim, através
de reportagens de crimes, demonizando suspeitos, e
condenando-os antecipadamente, amplia-se outros medos
para que exista o sentimento constante de insegurança,
como bem escreveu Galeano (2001) na poesia acerca dos
nossos diferentes medos:

Os que trabalham têm medo de perder o


trabalho. Os que não trabalham têm medo de
nunca encontrar trabalho. Quem não tem medo
da fome, tem medo de comida. Os motoristas
têm medo de caminhar e os pedestres têm
medo de serem atropelados. A democracia tem
medo de lembrar e a linguagem tem medo de
dizer. Os civis têm medo dos militares, os
militares têm medo da falta de armas, as armas
têm medo da falta de guerras. É o tempo do
medo. Medo da mulher da violência do
homem e medo do homem da mulher sem
medo. Medo dos ladrões, medo da polícia.

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Medo da porta sem fechaduras, do tempo sem
relógios, da criança sem televisão, medo da
noite sem comprimidos para dormir e medo do
dia sem comprimidos para despertar. Medo da
multidão, medo da solidão, medo do que foi e
do que pode ser, medo de morrer, medo de
viver (GALEANO, 2001, p. 83).

O medo impõe uma atenção constante, uma


desconfiança generalizada, de maneira que o perigo pode
estar em todo lugar e que, além das paranoias de violência
propagadas, acaba por inverter a responsabilidade pela
ocorrência de um crime, transferindo a culpa à vítima, que
só se fez vítima por estar em determinado lugar escuro ou
sozinha em determinado horário,

Alguns objetivos atraentes; distrai e desvia


aquele de outros problemas sociais, sem
dúvidas prioritários, que passam a um segundo
plano, projeta agressividade e emoções
coletivas sobre minorias e marginais coletivos
(bodes expiatórios) com o consequente reforço
da coesão e solidariedade social (função
integradora do delito) e, sobretudo propicia
reações hostis e passionais, que darão impulso
a uma polícia criminal rigorosa. A experiência
demonstra, ademais, que a espiral do temor
infundado prejudica sempre os mesmos: as
classes sociais deprimidas (D’ELIA FILHO,
2017, p. 103).

A espetacularização do medo amplifica o senso


comum de que para se proteger é necessário recrudescer as
penas, fornecendo elementos para ampliação do direito
penal e da prevenção situacional, que trabalha no sentido de
lançar o crime como uma opção do delinquente, sem
nenhuma análise sobre os processos de criminalização, em
que o delinquente é conduzido ao crime, e segundo essa
teoria, por uma escolha simples e puramente racional,
desprezando qualquer outro contexto social e afirmando que
a escolha dos criminosos se direciona de acordo com o
menor nível de dificuldade.

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O capital, mais uma vez, tira proveito disso, pois,
com a insegurança cresce o mercado de seguros, de
tecnologias de vigilância e controle, impulsionando a
ampliação dos lucros.
Desconectados de outras formas de organização e
sobrevivência, as pessoas passam a considerar as relações
capitalistas naturais, e não compreendem o status que
ocupam dentro dessa organização, e ainda corroboram para
a naturalização do controle da vida e ritmos ditados pelo
Capital.

CONSIDERAÇÕES
No presente estudo, demonstramos a influência do
capitalismo no direcionamento das políticas públicas, de
forma que tem ampliado o controle dos corpos, dentro e fora
das prisões, seja pelo trabalho, falta dele, pelo medo ou
mesmo pela inversão da responsabilidade da ocorrência do
fato criminoso.
Argumentamos as razões do Estado na atuação do
Direito Penal, que não atinge a finalidade proposta e, mesmo
assim, amplia os rigores penais como medida para alcançar
as modificações necessárias para o controle social,
sobretudo, nas populações pobres e desviantes.
Ficou evidente a urgência na busca por alternativas
ao modelo de gestão da violência adotado, pois,
compreende-se que, as escolhas atuais, baseadas no modelo
estadunidense, apenas têm ampliado o número de
aprisionados, assim como os números da violência e o
sentimento de insegurança.
Por fim, é necessária a união de esforços e pesquisas
voltadas à problemática da criminalização e encarceramento,
a fim de nortear as políticas públicas de segurança,
abandonando o percurso legislativo midiático como resposta
ao medo. Faz-se necessário desprender-se das amarras

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engendradas pelo capital que aprisionam os corpos e mentes,
através dos seus diversos mecanismos de vigilância,
disciplinamento dos corpos e no controle da mente.

REFERÊNCIAS

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Jurídica: do controle da violência à violência do controle
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10
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