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COMÉRCIO E INVESTIMENTOS INTERNACIONAIS

Prof.ª Marta Calmon Lemme


Monitor: Márcio Machado
LISTA 2 – ALUNA: LUANA ANDRADE LOBO – DRE: 114045908

1. Discuta as limitações dos modelos discutidos até o Modelo Padrão de Comércio do ponto
de vista da competição perfeita.
A partir dos anos 1970/80, há o surgimento de um novo conjunto de ideias que nascem a partir
dos questionamentos aos modelos existentes (Hecksher-Ohlin e modelo-padrão de comércio) e de
suas limitações, como a concentração, o comércio inter e intra indústria, o comércio entre países
em desenvolvimento. Os modelos anteriores são insuficientes para explicar o contexto de maior
integração e competitividade do cenário internacional, pois se baseiam em retornos constantes de
escala, nas vantagens comparativas. Todos esses questionamentos partem da hipótese da
competição perfeita, que é abandonada pelas novas teorias que surgirão. Os assuntos abordados
serão as economias internas e externas de escala, o papel da tecnologia e da diferenciação de
produtos.

2. Defina e diferencie economias de escala externas e internas.


As economias de escala (ou retornos crescentes na produção) ocorrem quando a produção cresce
proporcionalmente mais do que o aumento dos insumos empregados. Ou seja, o custo médio por
unidade cai à medida que a produção aumenta. As economias internas de escala são as que
dependem do tamanho da firma, remetendo ao contexto da concorrência imperfeita. Já as
economias externas são as que dependem do tamanho da indústria para reduzir o custo médio por
unidade, como no contexto da concorrência perfeita. AS economias externas de escala
apresentam três fatores pelos quais um conglomerado de firmas é mais eficiente que uma firma
isolada:
- fornecedores especializados: a partir de um conjunto maior de firmas, é possível formar e
sustentar um mercado grande o suficiente para manter uma vasta gama de fornecedores
especializados.
- mercado comum de trabalho: da mesma forma, a aglomeração provoca um mercado comum de
trabalhadores altamente especializados, o que é vantajoso tanto para as empresas quanto para os
trabalhadores.
- vazamento de conhecimento: quanto mais concentrado espacialmente o setor estiver, mais
provável é que ocorra a troca de informações e ideias de forma informal.
Assim, os custos do setor serão menores quanto maior ele for.

3. Considerando o modelo de concorrência monopolista, discuta os efeitos de um aumento


no tamanho do mercado.
No cenário da concorrência monopolista,
partimos do pressuposto de que as firmas estão
conscientes de que podem influenciar os
preços de seus produtos (são price-makers) e de
diferencia-los, porém nenhuma possui um
monopólio incontestável. Porém, embora elas
estejam num ambiente competitivo, se
comportam como se fossem monopolistas, pois toma
os preços dos concorrentes como dados. Nesse
contexto, um aumento no tamanho do
mercado e da demanda total aumentará a
demanda individual de cada firma, permitindo que cada empresa produza mais e, desse modo,
tenha um custo médio menor. Simultaneamente, ocorre um aumento no número de empresas e
redução do preço de cada bem. Quando o preço é maior que o custo médio, há incentivo para
entrada de novas firmas, e quando os custos estão acima do preço, há incentivo para firmas saírem
do mercado. O preço e o número de empresas de equilíbrio se dão quando o preço é igual ao
custo médio, na intersecção.
4. Conceitue comércio intra indústria e comércio inter indústria e discuta sua relevância na
problemática dentro do modelo de concorrência monopolista.
O comércio inter indústria é o que troca produtos entre setores diferentes, como tecidos por
alimentos, e que portanto refletem as vantagens comparativas. Esse comercio é determinado por
diferenças subjacentes entre os países. Já o comércio intra indústria é feito através da
diferenciação dos produtos e das economias de escala, pois é dentro do mesmo setor, e reflete as
preferências dos consumidores. Por isso, ele é imprevisível. Dentro do modelo de concorrência
monopolista, a importância relativa de cada um dos dois tipos de comércio depende do grau de
semelhança entre os países. Se eles forem semelhantes, haverá pouco comércio inter indústria e
mais intra indústria, e comércio intra indústria, que se baseia nas economias de escala, será
dominante.

5. Estabeleça uma comparação entre o comércio em um mundo sem retornos crescentes e


outro com retornos crescentes com concorrência monopolista.
Em um mundo sem economias de escala, com retornos constantes, como o do modelo H-O só
existirá o comércio inter indústria. Já em um mundo com economias de escala (retornos
crescentes), há diferenciação de produtos e vale a pena os países produzirem coisas diferentes,
para que cada um aproveite sua escala. Assim, há comércio inter e intra indústria, pois alguns
consumidores preferirão a variedade do outro país. A integração que o comércio intra indústria
proporciona, aumentando o mercado dos dois países, faz com que os dois sejam beneficiados. OS
ganhos desse comércio são grandes quando as economias de escala são fortes e os produtos
altamente diferenciados, como é o caso dos manufaturados.

6. Discuta o uso de dumping como uma medida de discriminação internacional de preços.


O dumping é a medida de discriminação internacional de preços mais comum. Ela parte de uma
diferenciação entre o preço doméstico e o preço de exportação do mesmo produto. Para que ele
ocorra, duas condições são necessárias: mercado segmentado (residentes domésticos não
compram facilmente bens que se pretende exportar) e concorrência imperfeita (empresas price-
makers). Assim, ao perceber que possui um poder de monopólio maior no mercado interno, e que
cada unidade vendida a mais nele exigirá uma queda de preços, o que não ocorre no mercado
internacional, o dumping parece lucrativo. Dessa forma, a empresa venderá no mercado interno a
um preço maior que no mercado internacional. Essa prática desfavorece os consumidores locais
em detrimento dos estrangeiros, proporcionando lucros às empresas.

7. Krugman faz em seu livro uma análise simplificada considerando dois países, Local e
Estrangeiro, com dois fatores de produção cada (terra e trabalho), os quais, inicialmente
produziriam um bem. Analise o modelo de um bem e a situação antes e após a
liberalização do movimento internacional do trabalho.
No modelo de um bem, não há oportunidade para troca, para comércio de bens. A única maneira
dos países se integrarem é pela mobilidade de terra ou trabalho (os dois fatores de produção). Por
definição, a terra não se move, apenas o trabalho. Os determinantes do nível de produção são
mostrados pela função de produção, que mostra como a produção varia de acordo com mudanças
na quantidade de trabalho empregada, caso a quantidade de terra, S, se mantenha fixa. Quanto
maior a oferta de trabalho, maior a produção. Porém, o produto marginal do trabalho diminui à
medida que mais trabalhadores são empregados. A área sob a curva de produto marginal é igual à
produção total. Dado o nível de emprego, o produto marginal determina o salário real, conforme
gráficos abaixo:
Agora suponhamos que os trabalhadores possam mover-se entre os países. Eles vão
migrar do Local para o Estrangeiro até que o produto marginal seja o mesmo nos dois

países, conforme gráfico:


As causas e efeitos da migração de trabalho são a convergencia salarial, o aumento do
produto mundial e a existência de grupos perdedores, pois a mobilidade abaixa salários e
reduz a oferta de trabalho.

8. Defina investimento externo direto e discuta o que diferencia esse tipo de investimento de
outras formas de internacionalização de capital.
O investimento externo direto (montagem de filiais, joint-ventures ou subsidiárias em outros
países) parte do princípio de que existem vantagens específicas à produção. Ele consiste em
uma das formas de internacionalizar a produção, através da internalização. Para internalizar,
pode-se fazer através das exportações ou do investimento externo direto. Já para externalizar,
a produção é feita por meio de relações contratuais com outras empresas locais dos outros
países. Essa primeira escolha referente à internalizar ou externalizar a produção deve ser feita
ao se comparar o benefício marginal (de se economizar com os custos de transação) com o
custo marginal da produção. Se o custo marginal de produzir for maior que o benefício, a
empresa externaliza. Caso contrário, ela internaliza a produção. Os fatores que levam as
empresas ao investimento externo direto são: existência de vantagens sobre as produtoras
locais do país que receberá o IED, que concederão lucros extras à firma entrante, que
compensarão a falta de conhecimento do novo ambiente de negócios, discriminação eventual
e outros tipos de riscos e incertezas. (Menor custo, técnica mais eficiente ou sistema de
distribuição ou produto diferenciado). Além disso, o IED pode ser feito como um investimento
defensivo, antecipando a competição de outras firmas. O IED também pode ser uma forma de
diversificação geográfica de riscos, os reduzindo em função da variedade no número de
mercados (fator mais relevante nos países em desenvolvimento).
Nesse caso do IED, fatores locacionais relevantes devem ser analisados, como mão de obra local,
rede de transportes e comunicação, estabilidade macroeconômica e política (principalmente taxa
de câmbio, devido às remessas de lucros/dividendos à matriz), crescimento e tamanho do
mercado, clima de investimentos e etc. Há grandes desafios relativos à internalização, que
implicam em custos de transação, como por exemplo práticas oportunistas advindas de
assimetrias de informação e institucionalidade frágil.

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