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20/02/2019 Occupational Exposure to Noise and Industrial Chemicals and Their Effects on the Auditory System: Revision of Literature

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285 

Ano: 2004  Vol. 8   Num. 3  ­ Jul/Set ­ (8º) Print:

Seção:

Exposição Ocupacional ao Ruído e Químicos Industriais e seus Author(s):
Efeitos no Sistema Auditivo: Revisão da Literatura Andréa Pires de Mello*, William
Waismann**.
Occupational Exposure to Noise and Industrial Chemicals and Their Effects on the
Auditory System: Revision of Literature
Como citar este Artigo

Key words:
perda auditiva, ruído, exposição ocupacional, solventes, hearing loss, noise, occupational exposure, chemicals
produtos químicos. products, solvents.

Resumo:

Introdução: Por sua inegável importância, o ruído tem recebido exclusividade quase absoluta nas
abordagens relacionadas á saúde auditiva dos trabalhadores. Entretanto, ao se considerar perda
auditiva ocupacional, é importante que se reconheça a potencialidade de outros agentes e sua
possível interação com o ruído sobre a saúde auditiva dos trabalhadores. Há evidências de que
os produtos químicos podem provocar perda auditiva independentemente da presença do ruído e
de que a interação ruído / produtos químicos pode ocasionar uma perda auditiva mais importante
do que aquela resultante da exposição isolada ao ruído ou ao produto químico, ou seja, haveria
um sinergismo entre estes dois agentes. Os produtos químicos citados seriam os solventes,
asfixiantes e os metais. Objetivo: Revisar o assunto e alertar sobre as falhas nos Programas de
Conservação Auditiva em ambientes de trabalho que focalizam suas preocupações
exclusivamente no ruído ocupacional. Conclusões: No Brasil a legislação trabalhista específica
não recomenda a realização de audiogramas periódicos em trabalhadores expostos a produtos
químicos, exceto para aqueles expostos a níveis de ruído acima dos limites permitidos.
Instituições como o NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health), ACGIH
(American Conference of Governmental Industrial Hygienists) e o Exército Americano
recomendam, desde 1998, que a audição dos trabalhadores expostos a certos produtos químicos
seja monitorada. Mais recentemente o Parlamento Europeu também recomendou que os
Programas de Conservação Auditiva fossem modificados para atender às necessidades dos
trabalhadores expostos a riscos químicos.

Abstract:

Introduction: On account of its undeniable importance, noise has been dealt with almost
exclusively in the approaches relating to the auditory health of workers. However, when
considering occupational hearing loss, one ought to recognize the potential of other agents and
their possible interaction with noise, thus affecting the auditory health of workers. There is
evidence not only that chemical products may lead to hearing loss, regardless of the presence of
noise, but also that the interaction between noise and chemical products might lead to a greater
hearing loss than that which results from the exposure to either noise or the chemical product
alone. In other words, there could be a synergism between both agents. Among these chemical
products one finds solvents, asphyxiants and metals. Objective: This study aims to review the
subject under discussion as well as draw attention to failures in Hearing Conservation
Programmes which focus exclusively on occupational noise. Conclusion: In Brazil, the specific
labor legislation does not require that workers exposed to chemical products should be submitted
to periodic audiograms, unless they are exposed to levels of noise above the limits of exposure
allowed. Institutions such as NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health),
ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) and the American Army
have recommended, since 1998, monitoring the hearing ability of workers exposed to certain
chemical products. More recently the European Parliament has also suggested that Hearing
Conservation Programmes should be modified to meet the needs of workers exposed to chemical
risks.

INTRODUÇÃO
   
Apesar  dos  esforços,  a  perda  auditiva  induzida  pelo  ruído  (PAIR)  permanece  como  um  importante  problema
em todo o mundo, principalmente nos países mais industrializados. Nos EUA, a PAIR é a doença ocupacional

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mais comum. Aproximadamente 30 milhões de trabalhadores, tanto na Europa como nos EUA, encontram­se
expostos  a  um  nível  de  ruído  potencialmente  lesivo  no  seu  ambiente  de  trabalho  (1).  Uma  demonstração
indireta de seus efeitos é o aumento progressivo de ações indenizatórias cíveis e trabalhistas ocasionadas pela
PAIR. As razões para a falha na proteção dos trabalhadores contra a PAIR são muitas. Além do preponderante
desrespeito  à  proteção  do  trabalhador,  comum  em  nosso  meio,  há  que  se  destacar  diferenças  individuais
(susceptibilidade)  e  o  pouco  estudado  fenômeno  de  potencialização  da  PAIR  pela  co­exposição  a  certos
produtos  químicos.  Existem  evidências  de  que  produtos  químicos  podem  levar  à  perda  auditiva
independentemente da presen ça do ruído.
   
A  interação  ruído­produto  químico  pode  produzir  perda  auditiva  muito  maior  do  que  aquela  resultante  da
exposição  isolada  ao  ruído  ou  ao  produto  químico.  Essas  interações  representam  importante  papel  neste
processo, pois o controle da exposição, tanto ambiental quanto ocupacional, em geral considera apenas o ruído
ou a toxicidade isolada de cada agente. 
   
REVISÃO DE LITERATURA
   
Efeitos do ruído sobre a audição
   
Os efeitos do ruído sobre a audição podem variar desde uma alteração passageira até a perda irreversível da
mesma.  De  um  modo  geral,  podem  ser  divididos  em  3  categorias:  mudança  temporária  no  limiar  (TTS:
Temporary threshold shift), trauma acústico e mudança permanente no limiar (PTS:Permanent threshold shift)
(2). A TTS ocorre depois de exposição a ruído intenso, mesmo que por um curto período de tempo, e tende a
regredir espontaneamente em minutos ou semanas, após repouso auditivo.
   
Para GLORIG (3), o termo trauma acústico deve restringir­se à perda auditiva de instalação súbita, provocada
por  um  som  de  alta  intensidade,  como  no  caso  de  uma  explosão.  Já  o  PTS  resulta  da  exposição  contínua,
diária,  a  níveis  de  pressão  sonora  elevados,  compreendidos  entre  85  e  120  dBA.  Sua  instalação  ocorre  de
forma lenta e gradativa e sua lesão é irreversível. As principais características da PAIR são (4): a) ser sempre
neurossensorial, afetando as células ciliadas da orelha interna, e quase sempre bilateral (os audiogramas são
geralmente similares, bilateralmente); b) em geral não produz perda auditiva profunda (não ultrapassa 40 dB
nas  freqüências  baixas  e  75  dB  nas  altas  freqüências);  c)  não  é  progressiva  após  a  cessação  do  estímulo
sonoro;  d)  exposição  continuada  ao  ruído  por  longos  períodos  é  mais  lesiva  do  aquela  descontínua,  com
períodos  de  descanso  auditivo;  e)  existência  de  PAIR  prévia  não  torna  o  ouvido  mais  sensível  a  futuras
exposições ao ruído; f) o dano inicial no ouvido interno reflete uma perda auditiva em 3.000, 4.000 e 6000 Hz.
Sempre existe uma perda maior nestas faixas do que em 500, 1.000 e 2.000 Hz.
   
O maior dano geralmente ocorre em 4.000 Hz. As freqüências mais altas e mais baixas levam mais tempo para
serem afetadas do que a faixa entre 3.000 e 6.000 Hz.
   
Ototoxicidade por produtos químicos industriais
   
A  ototoxicidade  é  conhecida  desde  o  século  XIX,  quando  foi  publicado  que  certas  drogas  como  o  quinino  e  o
ácido salicílico poderiam produzir mudança temporária no limiar auditivo bem como tonteiras e zumbidos (5).
Porém,  ela  só  foi  reconhecida  como  um  verdadeiro  problema  médico  nos  anos  40  (século  XX),  quando  se
verificou  lesão  permanente  do  órgão  vestibular  e  coclear  em  vários  pacientes  tratados  com  estreptomicina,
medicamento  utilizado  na  terapêutica  da  tuberculose  (6).  Não  serão  consideradas,  aqui,  as  chamadas
ototoxicoses  iatrogênicas  (lesões  do  sistema  auditivo  provocada  no  paciente  por  droga  utilizada  em  seu
tratamento), principalmente aquelas decorrentes, por exemplo, do uso de antibióticos aminoglicosídeos.
   
Serão tratadas ototoxicoses em decorrência da exposição a produtos químicos relacionados aos processos de
trabalho.  Uma  infinidade  de  substâncias  é  lançada  a  cada  ano  nos  diversos  processos  produtivos  e  a
velocidade de introdução no mercado não é acompanhada pelo conhecimento de sua toxicidade. Acrescente­se
o fato de que os efeitos crônicos a baixas doses são praticamente desconhecidos para a quase totalidade das
substâncias.  Por  isso  as  fontes  de  risco  de  origem  química  adquirem  importância  crucial  para  avaliação  e
intervenção.  Existem  atualmente  mais  de  750.000  substâncias  químicas  conhecidas.  Cerca  de  85.000  são
utilizadas  rotineiramente  e  comercialmente,  embora  os  seus  riscos  e  efeitos  para  o  homem  sejam  somente
conhecidos,  ainda  que  parcialmente,  para  cerca  de  7.000  destas  substâncias  (7).  O  enfoque  que  vem  sendo
dado à saúde auditiva dos trabalhadores tem sido quase que exclusivamente atribuído ao ruído. Entretanto, a
literatura  apresenta  inú­  meros  trabalhos  que  comprovam  lesão  auditiva  em  decorr  ência  da  exposição
ocupacional  a  produtos  químicos,  mesmo  na  ausência  do  ruído  e  outros  que  intentam  demonstrar  interação
entre  ruído  e  produtos  químicos  (1,8,9).  Alguns  estudos  sugerem  que  a  exposição  simultâ­  nea  a  ruído  e
produtos  químicos  produzem  efeito  sinérgico,  ou  seja,  a  perda  auditiva  resultante  é  maior  do  que  aquela
produzida  pela  soma  da  ação  isolada  de  cada  um,  ruído  ou  produtos  químicos  (5,6,8,10).  Isso  é  relevante
porque,  isoladamente,  ruído  e  produtos  químicos  podem  estar  dentro  dos  limites  de  exposição  definidos  em
legislação, porém, quando em exposição combinada, aumentariam o risco de perda auditiva.
   
Mesmo faltando ainda tal comprova ção no homem, reconhecida essa ação sinérgica, ela imporá alterações nos
limites  que  hoje  norteiam  a  preven­  ção  da  perda  (8,10).  Os  achados  audiológicos  da  perda  auditiva  por
exposição  ocupacional  a  substâncias  químicas  não  diferem  muito  da  PAIR  no  que  diz  respeito  à  configuração
audiométrica.
   
Em  geral  esta  perda  se  caracteriza  por  ser  coclear,  bilateral,  simétrica,  progressiva  e  irreversível,  com  início
nas freqüências altas do audiograma. Talvez essa configuração praticamente idêntica à da PAIR possa justificar
o porque deste assunto tão importante ter sido negligenciado por tantos anos. A partir do momento em que há
perda  auditiva  com  estas  características,  em  um  ambiente  ruidoso,  tem­se  atribuído  a  causa  como  sendo
exclusivamente  devida  ao  ruído,  não  se  valorizando  possí­  vel  exposição  química.  Isto  também  faz  refletir
sobre  a  possibilidade  de  um  ambiente  com  elevado  nível  de  ruído  nem  sempre  ser  aquele  que  apresenta  o
maior  número  de  perdas  auditivas,  podendo  ser  superado  por  ambiente  que  expõe  o  trabalhador  a  produto
químico ototóxico (9,10). Quase não se valoriza o fato da perda auditiva induzida por químicos poder progredir
mesmo após o término da exposição ao agente químico, o que não é observado em relação ao ruído (1,6). A
inserção  de  um  químico  na  categoria  de  alta  prioridade  para  estudos  leva  em  consideração  primeiramente  o
número de trabalhadores expostos ocupacionalmente a ele e a evidência da sua toxicidade geral, ou seja, sua
nefro e neurotoxicidade.
   
Propriedades ototóxicas somente foram investigadas para um número muito reduzido de químicos industriais
(11). Da literatura se conclui que existem 3 grupos principais de químicos considerados como alta prioridade
nas  pesquisas  de  ototoxicidade  ocupacional:  solventes,  asfixiantes  e  metais.  Mais  recentemente,  foram

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incluídos neste grupo os pesticidas (organofosforados) (12).
   
Ototoxicidade ocupacional de solventes orgânicos
   
Os  solventes  orgânicos  são  os  agentes  ototóxicos  ocupacionais  mais  estudados,  sendo  citados,  em  especial:
tolueno, xileno, estireno, n­Hexano, dissulfeto de carbono e tricloroetileno (11). Cerca de 50% dos solventes
são utilizados na fabrica­ ção de vernizes, tintas, colas, cosméticos; 20% na fabrica ção de sapatos; 10% nas
indústrias  de  agrotóxicos  e  10%  são  usados  na  limpeza  de  metais,  lavagem  a  seco,  indústria  têxtil  e
farmacêutica. Também são utilizados como matéria prima na fabricação de plásticos e na indústria de combust
íveis (13). São classificados de acordo com a sua estrutura molecular ou grupo funcional.
   
Classes  de  solventes  orgânicos  incluem  hidrocarbonetos  alifáticos  e  aromáticos,  alguns  deles  halogenados;
álcoois;  éteres;  ésteres;  amidas,  aminas;  aldeídos;cetonas  e  complexo  de  misturas.  A  toxicidade  de  um
solvente orgânico em uma mesma classe pode variar dramaticamente.
   
Da mesma forma, diferenças súbitas na estrutura do químico podem corresponder a diferenças dramáticas na
toxicidade  do  solvente.  Os  efeitos  dos  solventes  orgânicos  a  altas  exposições  são  similares:  desorientação,
euforia, atordoamento e confus ão, progredindo para inconsciência, convulsão e morte por parada respiratória
ou  cardíaca.  A  rapidez  de  desenvolvimento  destes  sintomas  demonstra  que  os  efeitos  narcóticos  de  vários
solventes devem­se aos solventes em si, e não aos metabólitos.
   
Na  maioria  dos  indivíduos,  a  recuperação  dos  efeitos  no  sistema  nervoso  central  é  rápida  e  completa  após  a
remoção  do  local  de  exposição  (14).  Estudos  sugerindo  a  ototoxicidade  de  solventes  orgânicos  foram
publicados  desde  os  anos  60,  mas  sua  ototoxicidade  não  foi  claramente  demonstrada  até  os  anos  80  (11).
BARREGARD  E  AXELSSON  (15)  observaram,  na  década  de  1980,  perda  auditiva  neurossensorial  mais
acentuada do que o habitual pela exposição isolada ao ruído, sugerindo uma possível interação ototraumática
entre o ruído e os solventes.
   
BERGSTRÖN  E  NYSTRÖM  (9)  avaliaram  a  audição  de  319  trabalhadores  de  diferentes  setores  da  indústria
durante 20 anos. Observaram 23% de incidência de perda auditiva em trabalhadores do setor químico, contra
5  a  8  %  de  outros  setores  não  expostos  a  químicos,  porém  expostos  a  um  nível  de  ruído  de  95  a  100  dBA,
superior ao do setor químico, de 80 a 90dBA. Avaliando trabalhadores de uma indústria de fibras de viscose­
rayon em São Paulo, expostos a dissulfeto de carbono, MORATA (16) verificou alta incidência de perda auditiva
neurossensorial,  sugerindo  a  possibilidade  do  dissulfeto  de  carbono  estar  associado  à  ocorrência  de  perda
auditiva. Os resultados publicados por MORATA et al (17) são ainda mais preocupantes, já que sugerem que os
solventes,  mesmo  em  concentração  dentro  dos  limites  recomendados  de  exposição,  podem  ser  ototóxicos.  A
exposição combinada entre tolueno e ruído parece causar lesão mais severa do que a verificada pela exposição
isolada  a  cada  agente.  JOHNSON  et  al  (5)  foram  os  primeiros  a  demonstrar  que  a  exposição  seqüencial  ao
ruído,  seguida  de  tolueno,  provocaria  perda  auditiva  mais  acentuada  do  que  a  verificada  após  exposição  ao
ruído  ou  ao  tolueno  isoladamente.  Um  estudo  em  190  trabalhadores  de  uma  indústria  gráfica  em  São  Paulo
avaliou a exposição ocupacional a ruído e tolueno.
   
A função auditiva e vestibular de um grupo exposto simultaneamente a ruído (88­98 dBA) e tolueno (100­365
ppm) foi comparada com um grupo exposto a ruído isoladamente (88­97 dBA), a um grupo exposto à mistura
de  solventes,  onde  o  maior  componente  desta  mistura  era  o  tolueno,  e  ainda  a  um  grupo  controle,  não
exposto a nenhum destes agentes.
   
Verificou­se  maior  risco  de  perda  auditiva  nos  grupos  expostos  simultaneamente  a  ruído  e  tolueno,  seguido
pelo grupo exposto à mistura de solventes e, por último, pelo grupo exposto somente a ruído (10). A partir do
momento em que a disfunção auditiva causada pelo tolueno foi identificada, vários pesquisadores passaram a
examinar  outros  solventes  que  poderiam  tamb  ém  ser  ototóxicos.  O  xileno  e  o  estireno  foram  selecionados
pela sua similaridade estrutural com o tolueno.
   
Ratos  foram  expostos  à  mistura  de  xileno  e  estireno  e  ambos  causaram  significativa  perda  auditiva  nos
animais  experimentais.  Ambos  pareceram  ser,  inclusive,  potencialmente  mais  ototóxicos  que  o  tolueno  (18).
As propriedades narcóticas e neurotóxicas do estireno representam os principais efeitos na saúde reconhecidos
em  seres  humanos.  Esses  efeitos  têm  sido  observados  em  casos  de  curtas  exposições  a  altas  concentrações
e/ou longas exposições a baixas concentrações.
   
O processo neurofisiológico induzido pelo estireno é desconhecido. Entretanto, hidrocarbonetos voláteis como o
estireno são altamente lipofílicos e facilmente absorvidos pelo sistema nervoso (19).
   
Estudos  de  revisão  indicam  que  exposição  a  estireno  causa  lesão  permanente  e  progressiva  do  sistema
auditivo  do  rato  (19).  Cabe  ressaltar,  entretanto,  que  como  os  estudos  de  toxicidade  foram  realizados  com
animais,  deve­se  sempre  relativizar  a  avaliação  da  susceptibilidade  ototóxica  quando  baseada  em  estudos
animais.
   
A susceptibilidade aos solventes é espécie­dependente.
   
O metabolismo dos solventes aromáticos, por exemplo, é inerente a cada espécie e isto pode ser a origem da
diferente susceptibilidade inter­espécies.
   
Verificou­se, para o estireno, que o sistema auditivo das cobaias não é lesado, nem há agravamento de perda
auditiva, como no caso dos ratos (1,19). Infelizmente, porém, o metabolismo do solvente no homem é similar
ao do rato, conseqüentemente este se torna o melhor modelo animal para o estudo dos efeitos ototóxicos dos
solventes (1). Com as mesmas condições de inalação, a concentra­ ção sanguínea do solvente nas cobaias é
bem menor do que nos ratos.
   
Isto  foi  verificado  para  o  estireno  e  p­xileno,  enquanto  o  o­xileno  e  m­xileno  parecem  não  ser  ototóxicos.
Desta forma deve ser mais difícil alcançar uma concentra­ ção tóxica nas cobaias em relação aos ratos (20).
MORATA et al observaram que o tempo necessário de exposição ocupacional a solventes para desenvolvimento
da perda auditiva seria de 2 a 3 anos, bem menor do que o tempo observado em relação ao ruído (21).
   
Para JACOBSEN et al, seriam necessários 5 anos de exposição para que se observassem efeitos significativos
dos solventes sobre a audição (22).
   
Ototoxicidade ocupacional de asfixiantes

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O  monóxido  de  carbono  (CO)  é  um  gás  incolor  e  inodoro.  As  principais  fontes  de  intoxicação  resultam  da
combustão incompleta do carvão, motores a explosão e gás de iluminação. Outras fontes seriam a fumaça de
cigarros, fornos de temperaturas elevadas nas indústrias metalúrgicas. É provável que o número de indivíduos
potencialmente expostos a CO no ambiente de trabalho exceda qualquer outro agente físico ou químico (1). O
cianeto  de  hidrogênio,  também  conhecido  como  gás  cianídrico,  era  a  substância  classicamente  usada  para
matar condenados nas câmaras de gás.
   
O principal risco ocupacional é o manuseio de sais de cianeto em locais próximos ao de ácidos, especialmente
em  galvanoplastias  que  usam  cianeto  de  sódio,  como  desengraxantes  alcalinos  e  ácidos  fortes  (clorídrico,
crômico, sulfúrico). Também é utilizado como fumigante para matar ratos em porões de navios (13). Existem
evidências  demonstrando  que  exposições  a  níveis  baixos  a  moderados  de  asfixiantes,  como  o  monóxido  de
carbono e o cianeto de hidrogênio podem potencializar a perda auditiva induzida pelo ruído.
   
Eles,  isoladamente,  não  seriam  ototóxicos,  mas  ocorreria  efeito  de  potencialização  (diz­se  que  há
potencialização quando um agente, mesmo não tóxico por si, potencializa a toxicidade de outro agente) à ação
do ruído. O cianeto de hidrogênio parece ter apenas efeito súbito sobre a audição, quando a exposição ocorre
de  forma  isolada.  Observou­se  altos  níveis  de  radicais  livres  na  cóclea  com  a  exposição  combinada  de  CO  e
ruído.
   
O mesmo não acontecendo em exposições isoladas ao CO e ao ruído, quando não há produção de níveis tão
elevados de radicais livres (1,23). Como dito, intervalos de repouso auditivo são importantes para evitar danos
permanentes. Estes intervalos de repouso auditivo seriam importantes para a “recupera ção” da cóclea.
   
O ruído intermitente parece, assim, causar menor alteração no limiar auditivo do que o ruído contínuo, de igual
intensidade.
   
Porém, quando a exposição ao ruído se dá em combinação com o CO, não se verificam diferen­ ças entre os
efeitos do ruído intermitente e contínuo (23). Ototoxicidade ocupacional de metais O chumbo é o metal mais
estudado quanto à ototoxicidade (11).
   
A produção de baterias chumbo­ácidas representa o segmento industrial responsável pelo maior consumo de
chumbo nos países em desenvolvimento.
   
Em razão das propriedades tóxicas do chumbo e das condições de trabalho prevalentes nestas indústrias, os
trabalhadores  encontram­se  freqüentemente  expostos  a  elevadas  concentra  ções  desse  elemento  e,
conseqüentemente,  sujeitos  à  intoxicação  (24).  Este  quadro  é  principalmente  observado  em  países  em
desenvolvimento.
   
Estudos realizados em indústrias de baterias chumbo­ácidas observaram diferença significativa entre os níveis
de chumbo em sangue (Pb­S) em trabalhadores de países desenvolvidos, quando comparados com aqueles de
países em desenvolvimento.
   
Enquanto 28% dos trabalhadores desse segmento industrial na Jamaica e 38% na Coréia apresentavam níveis
de  Pb­S  acima  de  60mg/dl,  nos  EUA  apenas  6%  apresentavam  nível  acima  deste  valor  (24).  A  literatura
mundial  é  rica  em  estudos  sobre  os  efeitos  da  intoxicação  pelo  chumbo  no  organismo,  o  mesmo  não  sendo
observado em relação aos efeitos do chumbo sobre o sistema auditivo, principalmente em relação à exposição
ocupacional.
   
Em  relação  à  exposição  simultânea  com  o  ruído  e  possíveis  interações,  os  trabalhos  são  praticamente
inexistentes. Em 183 trabalhadores expostos ao chumbo, observou­ se correlação estatisticamente significante
entre  o  nível  de  chumbo  no  sangue  e  perda  auditiva  na  freqüência  de  4000  Hz.  Nenhuma  outra  freqüência
demonstrou tal correlação.
   
Entretanto,  neste  estudo  não  foi  considerado  o  nível  de  exposição  ao  ruído  a  que  estes  trabalhadores
encontravam­se  expostos  (25).  FARAHAT  et  al  (26)  avaliaram  os  limiares  auditivos  de  45  trabalhadores  de
uma gráfica expostos a elevados níveis de chumbo.
   
Observaram  correlação  significativa  entre  os  níveis  de  chumbo  no  sangue  e  alteração  nos  limiares  auditivos,
principalmente  na  freqüência  de  8000  Hz.  Conclu  íram  que,  em  virtude  do  nível  médio  de  ruído  ao  qual  os
trabalhadores  estavam  expostos  ser  de  42  dB,  houve  significativa  associação  entre  os  níveis  de  chumbo  no
sangue e elevação dos limiares auditivos. Em um estudo com 220 trabalhadores de uma indústria de baterias,
em Taiwan, expostos a elevados níveis de ruído e chumbo, foram mensurados o nível de chumbo no sangue, a
concentração  de  chumbo  no  ar,  o  nível  de  ruído  no  ambiente  de  trabalho  e  os  limiares  auditivos  desses
trabalhadores.
   
Observou­se  significativa  correlação  entre  os  índices  de  exposição  crônica  elevados  e  limiares  auditivos.  Em
contraste, não foi observada correlação entre exposição por curtos períodos ao chumbo e perda auditiva.
   
Da  mesma  forma,  não  foi  observada  correlação  entre  exposição  ao  ruído  e  alteração  dos  limiares  auditivos,
bem como nenhuma interação entre o ruído e o chumbo (27). Indivíduos expostos ocupacionalmente a níveis
elevados  de  chumbo  por  longos  períodos  foram  testados  através  de  audiometria  tonal,  potenciais  evocados
auditivos de tronco encefálico e o nível de chumbo no sangue para avaliar neuro­ototoxicidade.
   
Concluíram  que  a  exposi  ção  isolada  ao  chumbo  não  é  a  causa  de  disacusia  neurossensorial,  porém  que  a
combinação  entre  a  intoxica­  ção  ao  chumbo  e  a  exposição  ao  ruído  poderia  induzir  a  neuro­ototoxicidade,
principalmente em indivíduos suscept íveis (28). Apesar de estar estabelecido que o chumbo é neurotóxico, os
níveis e parâmetros de exposição necess ários a induzir a neuro­ototoxicidade ainda não foram estabelecidos
(28). O mercúrio é um metal líquido tóxico em temperatura e pressões usuais, utilizado muitos anos antes de
Cristo, para extração de ouro.
   
A  alta  toxicidade  decorre  de  suas  várias  formas  químicas  (metálica,  iônica  e  compostos  orgânicos),  elevada
volatilidade e solubilidade em água e líquidos, o que facilita a transposição através dos alvéolos pulmonares e
da  barreira  hemato­encefálica  (29).  Atualmente  o  mercúrio  (Hg)  é  utilizado  em  metalurgia,  produção  de
chapéus  de  feltro,  equipamentos  médicos  e  ambientais,  indústria  química  e  nuclear,  refinarias  de  petróleo,
indústria de papel e de cloroálcalis.
   

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Também  tem  sido  usado  em  amálgamas  na  odontologia.  No  Brasil,  com  a  industrialização,  o  uso  do  metal
difundiu­se e foram detectadas situações com elevadas concentrações de Hg nos locais de trabalho, como no
garimpo na região da Amazônia e em águas e organismos aquáticos, no litoral Sudeste. Entre os ambientes de
trabalho  que  podem  ser  classificados  como  altamente  perigosos  destacam­se  a  produção  de  ouro  em
garimpos.
   
Este  processo  produtivo  causa  a  exposição  direta  dos  trabalhadores  ao  mercúrio  metálico  nos  ambientes  de
trabalho  e  a  exposição  indireta  de  populações  que  estejam  próximas  às  áreas  garimpeiras.  O  mercúrio
metálico pode sofrer processo de metilação em sedimentos dos rios, contaminando os peixes e causando um
perigo potencial de exposição ao metil­mercúrio para toda a população (30). O hidrargirismo ou mercurialismo
metálico  crônico  ocupacional  (MMCO)  manifesta­se  de  forma  aguda  ou  crônica  após  exposição  intensa  ou
prolongada a vapores de Hg no processo de trabalho (29). Apesar de menos pronunciada do que as alterações
causadas  pelo  chumbo,  alterações  significativas  no  ABR  têm  sido  observadas  em  casos  de  exposição
ocupacional  ao  mercúrio  (18).  Na  década  de  50,  uma  grave  desordem  neurológica  foi  primeiramente
reconhecida entre pessoas que viviam nas vizinhanças de Minamata, Japão.
   
Na  ocasião,  mercúrio  em  sua  forma  orgânica  (metilmercúrio)  foi  lançado  ao  mar  por  uma  indústria  química
japonesa. A contaminação da fauna da baía de Minamata foi a causa direta da intoxicação humana, já que as
comunidades vizinhas tinham como principal dieta, peixes e frutos do mar.
   
Os habitantes contaminados desenvolveram um distúrbio neurológico que se tornou conhecido como “doença
de  Minamata”.  Mais  de  80%  dos  pacientes  portadores  de  Doença  de  Minamata  apresentavam  perda  auditiva
(31). Estudos em animais revelaram perda de células ciliadas externas na espira média da cóclea.
   
Em  humanos,  em  estágios  iniciais  e  médios  da  intoxicação  pelo  mercúrio  pode  haver  lesão  coclear
comprometendo  a  região  apical  da  cóclea,  enquanto  em  estágios  mais  avançados  a  perda  auditiva
provavelmente  resulta  de  lesão  neurológica  (5).  Em  casos  sérios  de  intoxicação  pelo  mercúrio,  a  perda
auditiva  pode  ser  profunda  (18).  SHLOMO  et  al  (32)  avaliaram  trabalhadores  assintomáticos  expostos  a
mercúrio e compostos organoclorados como tricloroetileno, percloroetileno e tricloroetano, expostos a níveis de
exposição  considerados  seguros,  com  tempo  de  exposição  média  de  15  anos.  Foram  avaliados  através  da
pesquisa dos potenciais evocados auditivos de tronco encefálico (ABR).
   
Verificaram  prolongamento  anormal  do  intervalo  interpicos  I­III,  sugerindo  comprometimento  das  vias
auditivas centrais. O objetivo era verificar a utilidade do ABR em detectar efeitos subclínicos do mercúrio e de
organoclorados  no  sistema  nervoso  central  de  trabalhadores  assintomáticos,  expostos  a  níveis  seguros,  ou
seja, abaixo dos limites de exposição permitidos. Foram descritos 3 casos clínicos de trabalhadores expostos
ao mercúrio e os autores concluem que a lesão auditiva e vestibular já se encontrava instalada, mesmo que os
níveis biológicos do metal não tivessem atingido valores significativos de intoxicação.
   
Nestes casos, o exame clínico neurológico encontrava­se normal, com ausência dos sintomas e sinais clássicos
do hidrargirismo, tais como tremores. Concluíram que o comprometimento da audição e equilíbrio aconteceria
de forma precoce, numa fase subcl ínica, na qual os parâmetros biológicos não são considerados críticos (33).
   
DISCUSSÃO
   
No Brasil, a caracterização das condições de seguran ça e saúde no trabalho tem sido realizada pelo Minist ério
do  Trabalho  através  das  Normas  Regulamentadoras.  De  acordo  com  estas  normas,  existem  agentes  físicos
(ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes,
infrasom e ultra­som), químicos e biológicos (bactérias, fungos, vírus etc.) no ambiente de trabalho, capazes
de  provocar  danos  à  integridade  física  dos  trabalhadores  e  passíveis  de  produzir  condições  insalubres  ou
perigosas no trabalho (NR­ 9) (34). A NR­15 (34) regulamenta as “Atividades e opera­ ções insalubres”.
   
A exposição ao ruído é considerada inadequada se ocorrer em níveis acima dos limites de tolerância prescritos
na  própria  norma.  O  Anexo  I  da  NR­  15  estabelece  os  Limites  de  Tolerância  (LT)  para  ruídos  contínuos  ou
intermitentes  e  o  Anexo  II  estabelece  o  limite  de  tolerância  para  ruídos  de  impacto.  Entretanto,  no  Brasil,  a
legislação  trabalhista  especí­  fica  não  recomenda  a  realização  de  audiogramas  periódicos  em  trabalhadores
expostos a produtos químicos, exceto para aqueles trabalhadores expostos ao ruído, listados nos anexos I e II
da NR­15. O Decreto 3080 (35), do Ministério da Previdência Social permite, apenas, que se reconheça o nexo
causal em caso de exposição a alguns solventes.
   
É  patente  a  necessidade  de  estudos  voltados  ao  tema  na  realidade  brasileira.  Em  seu  Guia  da  Conservação
Auditiva de 1998 (36), o Exército Americano instituiu uma série de modificações relacionadas à prevenção das
perdas  auditivas.  Dentre  elas  pode­se  citar  que  exposições  químicas  deveriam  ser  consideradas.  O  novo
padrão  estabelecido  pelo  GCA  determina  que  trabalhadores  expostos  a  certos  químicos  (cianido,  n­hexano,
estireno, tricloroetileno, tolueno, entre outros) deveriam ser incluídos no Programa de Conservação Auditiva,
independentemente do nível de pressão sonora ao qual estivessem expostos. Instituições de pesquisa como o
NIOSH (National Institute of Occupational Safety and Health) e ACGIH (American Conference of Governmental
Industrial  Hygienists)  desde  1998  também  recomendavam  que  audiogramas  fossem  realizados  em
trabalhadores  expostos  a  certos  produtos  químicos  (37,38).  Mais  recentemente,  em  fevereiro  de  2003,  o
Parlamento Europeu publicou a nova diretriz relacionada ao ruído, exigindo que os empregadores valorizem os
efeitos na saúde e segurança dos trabalhadores que sejam resultantes de interações entre ruído e substâncias
ototóxicas.
   
Esta diretriz deixa implícito que os programas de prevenção de perdas auditivas deverão ser modificados para
atender as necessidades dos trabalhadores expostos a riscos químicos (39). A falta de guias ou padrões para
exposições combinadas a ruídos e produtos químicos em relação à perda auditiva impõe estudos adicionais.
   
Para  isso,  criouse  na  Europa  a  NoiseChem,  que  é  uma  comissão  europ  éia  voltada  ao  estudo  dos  efeitos  de
solventes e ruídos no sistema auditivo e vestibular.
   
Esta comissão conta com colaboradores de diversos países Europeus e com os EUA (8).
   
COMENTÁRIOS FINAIS
   
Novas  pesquisas  são  necessárias  para  que  se  possa  melhor  conhecer  efeitos  conjuntos  de  ruído  e  produtos
químicos sobre a audição, almejando inclusive o alcance de padronizações de maior segurança.
   

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Neste  sentido,  as  interações  devem  ser  consideradas,  pois  o  controle  da  exposição  tanto  ambiental  quanto
ocupacional tem sido realizado considerando­se a toxicidade isolada de cada agente.
   
Maior  compreensão  dos  efeitos  das  exposições  combinadas  é  necessária  para  desenvolver  estratégias  de
prevenção mais efetivas em relação à perda auditiva. Em geral, estudos sobre perdas auditivas ocupacionais
têm se baseado na audiometria tonal e simples aferição dos limiares tonais, como forma de estimar os efeitos
do ruído sobre a função auditiva.
   
Para  investigação  dos  efeitos  das  exposições  combinadas,  esta  típica  abordagem  parece  não  ser  suficiente,
nem  adequada  (12).  No  caso  brasileiro,  de  acordo  com  a  NR­15,  85  dB  é  o  limite  de  tolerância  para  ruído.
Será  este  valor  seguro  para  exposições  combinadas  a  ruído  e  produtos  químicos,  ou  ainda,  somente  para
produto químico em relação à perda auditiva?
   
Como se pode garantir a segurança em ambientes contendo múltiplos agentes? Sob estes pontos de vista, a
legislação  parece  inadequada.  Outro  dado  que  merece  atenção  é  que  o  único  teste  exigido  pela  Organização
para  Economia  Coopera­  ção  e  Desenvolvimento  (OECD)  para  teste  de  toxicidade  na  bateria  de  observação
funcional é a avaliação qualitativa do reflexo de startle após clique de 115 dBNPS (Nível de Pressão Sonora).
   
Este teste não é suficientemente sensível para detectar perda auditiva induzida por químicos, o que reforça a
necessidade  de  revisão  destas  recomendações  (40).  Produtos  neurotóxicos  podem  levar  a  problemas  tão  ou
mais sérios do que a perda auditiva.
   
Porém  há  evidências  de  que  a  perda  auditiva  possa  ser  uma  manifesta  ção  precoce  de  intoxicação.  Cabe
lembrar  que  um  composto  neuro­ototóxico  pode  lesar  não  só  o  componente  periférico  da  audição,  mas
também  o  componente  central.  Portanto,  o  conhecimento  de  que  esses  produtos  químicos  podem  afetar  a
audição  seria  mais  um  argumento  para  fortalecer  a  luta  pela  melhoria  das  condições  de  trabalho,  o  que
deveria ser o objetivo maior de quem trabalha nesta área.
   
Compreender  os  efeitos  múltiplos  sobre  a  audição  pode  representar  uma  mudança  no  paradigma  da
conservação auditiva, retirando o foco quase exclusivo que tem sido dado ao ruído.
   
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