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CÂMARA TÉCNICA

ORIENTAÇÃO FUNDAMENTADA Nº 025/2017

Assunto: Prescrição de medicamento por Enfermeiro


para compra em farmácia ou drogaria.

1. Do fato

Solicitação de esclarecimentos quanto a prescrição de medicamentos por Enfermeiro


ser menos válida para compra em farmácias ou drogarias particulares em comparação com a
dispensação realizada gratuitamente pelas farmácias, e se há algum regulamento do Conselho
Federal de Farmácia ou outra normatização nacional que proíba a venda. Questionamento
sobre o que se pode fazer para garantir o direito do exercício profissional e acesso do paciente
ao tratamento caso seja negada venda do medicamento prescrito pelo Enfermeiro nas
farmácias ou drogarias privadas.

2. Da fundamentação e análise

A Enfermagem segue regramento próprio, consubstanciado na Lei do Exercício


Profissional (Lei no 7.498/1986) e seu Decreto regulamentador (Decreto 94.406/1987), além
do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem (CEPE). Neste sentido, a Enfermagem
atua na promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde humana, com autonomia e
em consonância com os preceitos éticos e legais.

Sendo assim, conforme o questionamento realizado, bem como em relação à


legislação, entendemos que a Lei do Exercício Profissional nº 7.498/86, em seu art. 11, inciso
II, alínea “c”, dispõe que, como integrante da equipe de saúde, caberá ao enfermeiro a
“prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina
aprovada pela instituição de saúde”, deste modo, é obrigatório que os medicamentos estejam
discriminados nos programas de saúde pública e nas Rotinas/Protocolos aprovados pela
instituição de saúde.

A Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011, que aprova a Política Nacional de


Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção
Básica, para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de
Saúde (PACS), resolve:

[...]
Das atribuições específicas
Do enfermeiro:
[...]
II - realizar consulta de enfermagem, procedimentos, atividades em grupo e
conforme protocolos ou outras normativas técnicas estabelecidas pelo gestor federal,
estadual, municipal ou do Distrito Federal, observadas as disposições legais da
profissão, solicitar exames complementares, prescrever medicações e encaminhar,
quando necessário, usuários a outros serviços; [...] (BRASIL, 2011). Disponível em:
< http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/prt2488_21_10_2011.html>.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), autoridade reguladora


brasileira, publicou a RDC n° 20/2011, e explicitou no seu art. 4º que a prescrição
medicamentosa é de atribuição de todo e qualquer profissional regularmente habilitado, não se
tratando, portanto, de ato exclusivamente médico. Disponível em:
<http://www.anvisa.gov.br/sngpc/Documentos2012/RDC%2020%202011.pdf?jornal=1&pagi
na=174&data=01/07/2010>.

Os gestores de cada unidade de dispensação não podem negar-se a fornecer o


medicamento prescrito pelo Enfermeiro vinculado a instituição que contenha programa,
protocolos de saúde pública ou rotinas aprovadas pela instituição de saúde (Ministério da
Saúde, Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde) desde que o medicamento conste nestes
protocolos.

Nesse sentido, todo usuário que tenha sido atendido por Enfermeiro em algum
programa de saúde e esteja portando um receituário com pedido/receita de medicamentos que
prescreva antimicrobianos, não pode ter negada a venda ou entrega do medicamento pois a
nova Resolução RDC nº 20/2011 da ANVISA está em plena conformidade com a Lei do
Exercício Profissional de Enfermagem.
Cabe ressaltar que o Enfermeiro deverá seguir os procedimentos corretos para a
prescrição e controle dos antimicrobianos contidos na RDC nº 20/2011, para evitar que os
usuários ao se dirigirem às farmácias/drogarias particulares tenham o receituário prescrito
pelo enfermeiro rejeitado por inconformidades.

Entendemos que não compete ao Conselho Regional de Enfermagem, intervenção


junto aos estabelecimentos de dispensação/venda de medicamentos privados ou públicos nesta
questão normatizada pela ANVISA. Sugerimos que, ao constatar a recusa das
farmácias/drogarias particulares em vender o medicamento prescrito pelo Enfermeiro
(respeitadas todas as normas citadas), que o profissional comunique ao gestor da Assistência
Farmacêutica e Vigilância Sanitária do município, para ciência e providências no que couber.

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