Você está na página 1de 59

Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

SUMÁRIO

Introdução ...................................................................................................................... 02
Epidemiologia: Definições – Histórico – Conceitos e Princípios ...................................... 03
Epidemiologia Moderna ................................................................................................... 06
Epidemiologia e os Serviços de Saúde ........................................................................... 11
Epidemiologia Aplicada .................................................................................................. 12
Toxicologia ...................................................................................................................... 18
História da Toxicologia .................................................................................................... 20
Especificações da Toxicologia ........................................................................................ 23
Terminologia.................................................................................................................... 25
Toxicocinética.................................................................................................................. 27
Causas mais frequentes de intoxicações ........................................................................ 35
Precauções a serem adotadas no manuseio de inseticidas ............................................ 36
Tratamento e sintomatologia de alguns ingredientes ativos ............................................ 40
Parâmetros Toxicológicos ............................................................................................... 42
Toxicodinâmica ............................................................................................................... 45

Referências Bibliográficas ............................................................................................... 49

Técnico em Segurança do Trabalho 1


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

INTRODUÇÃO

Muitas doenças profissionais ou do trabalho, poderiam ser prevenidas ou


combatidas com mais eficiência se fossem precedidas por estudos epidemiológicos ou
toxicológicos.
A Epidemiologia e a Toxicologia, portanto, por sua capacidade de estudar e
compreender circunstâncias atuais ou passadas para antecipar-se a problemas futuros,
prevenir eventos relacionados à saúde das populações, contribuindo para o acúmulo do
conhecimento ao longo do tempo, formulando e sugerindo hipóteses para direcionar e
orientar as políticas públicas e de higiene, segurança e medicina nos ambientes de
trabalho.
Baseado nos estudos das professoras: Profa. Edna Maria Alvarez Leite e Profa.
Leiliane Coelho André Amorim, da UFRGS, o aparecimento da Epidemiologia permitiu o
estudo da distribuição e dos determinantes de estados ou eventos relacionados à saúde
em populações específicas, e suas aplicações no controle de problemas de saúde (Last
JM. - A dictionary of epidemiology. New York/Oxford/Toronto: Oxford University Press,
1995.).
Classicamente, o enfoque primordial do trabalho epidemiológico se centrou nas
doenças infecciosas, mas hoje, esta ciência se aplica ao amplo espectro de eventos
relacionados à saúde. Uma das características mais importantes da Epidemiologia é o
fato de abranger grupos de pessoas em lugar de casos individuais. Os dados gerados
pelos estudos orientam decisões de Saúde Pública e contribuem para o
desenvolvimento e avaliação de ações de prevenção e de controle de problemas de
saúde.
É importante lembrar que os trabalhadores compartilham os perfis de
adoecimento e morte da população geral, em função de sua idade, gênero, categoria
social e grupo específico de risco. Além disso, podem adoecer ou morrer
por causas relacionadas ao trabalho, como consequência do seu nível de inserção no
processo de trabalho e da área de produção em que exercem e exerceram suas
Técnico em Segurança do Trabalho 2
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

atividades. Assim, o perfil de morbi-mortalidade dos trabalhadores resulta da


combinação desses fatores e vai gerar um conjunto de doenças relacionadas com o
trabalho.

Definições, histórico, conceitos, princípios...

História da Epidemiologia

Contribuições da epidemiologia

 Circunstâncias atuais ou do passado (Determinantes ambientais, biológicos,


culturais, demográficos, socioeconômicos) terão consequências no futuro;
 Prevenção, Vigilância e Controle dos Eventos Relacionados a Saúde nas
populações;
 Contribui para o acúmulo do conhecimento ao longo do tempo;
 Formula e sugere hipóteses;
 Submete estas hipóteses a testes e refutação

Aspectos Históricos

DEFINIÇÕES :

 Campo do conhecimento da Saúde Coletiva/Saúde Pública;


 Disciplina básica, para o entendimento do processo saúde-evento
relacionado à saúde nas populações e nos indivíduos;
 Ciência que estuda a ocorrência dos eventos relacionados a saúde, e seus
determinantes, nas populações;
 Doenças/eventos não ocorrem ao acaso.
Técnico em Segurança do Trabalho 3
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Origem do termo Epidemiologia


 Hipócrates usou a palavra "epidemion", para distinguir doenças que
"visitam", episódicas, daquelas "endemion", "Ares, águas e locais"
"... aquele que deseje compreender a ciência médica, deve considerar os
efeitos das estações do ano, as águas e suas origens, o modo de vida
das populações..."

Século XVII e XVIII

 A Epidemiologia, ainda não estabelecida enquanto corpo do


conhecimento, mas sim práticas discursivas sobre a dimensão coletiva
das doenças;
 Saúde Pública e Desigualdades das Taxas de Mortalidade
 JohnGraunt: “Natural andpolitical observations made upon the
BillsofMortality” (1662)
 Maior mortalidade em homens;
 Maior número de nascimentos de crianças do sexo feminino;

O início do Século XIX

 O Paradigma dominante era a Teoria Miasmática: as doenças são


causadas por emanações, originando-se do solo, água e ar, resultando em
aumento da morbidade e mortalidade;
 Gripe, Cólera, Febre Amarela ocorrendo em forma epidêmica com grande
velocidade e dispersão geográfica: os miasmas;
 Operacionalização da estratégia preventiva: Engenharia sanitária, com
enorme impacto, mas “reducionista”, no sentido de abranger apenas um
Nível de Complexidade e Organização.

Técnico em Segurança do Trabalho 4


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O fim do Século XIX

 Conferência Sanitária Internacional, 1851: teoria miasmática e o


confronto com o contagionismo. Inglaterra vs Espanha e barreiras
industriais.
 Neste cenário consolida-se a teoria da unicausalidade -para cada
doença um agente específico -Paradigma do Contagionismo
 Pouca atenção as doenças não infecciosas
 Estratégias de prevenção: quarentena, controle dos animais e
extermínio de ratos.

Século XX

 Transição, da epidemiologia de doenças infecciosas para


epidemiologia das doenças crônicas, ocupacionais, avaliação de
serviços de saúde
 Novos problemas de Saúde Pública nos Países Desenvolvidos após
a II Guerra Mundial: Úlcera péptica, Doenças Cardiovasculares, e
Câncer de Pulmão
 Desenvolvimento de Metodologias para Estudos Epidemiológicos
Observacionais, Prospectivos e Caso-controle (Caso-comparação) e
Análises Multivariadas.
 O modelo de CAUSA ÚNICA, advindo do paradigma do
contagionismo não é mais adequado, daí resultando um novo
conceito e teoria multicausal, a “teia de causalidade”, na qual
diversos “fatores de risco” ou características individuais,

Técnico em Segurança do Trabalho 5


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

comportamentais, e “estilos de vida” presumivelmente interagem


independentemente para a causa das doenças.

Os novos questionamentos

 CAUSA é algo que resulta em mudança


 Em Epidemiologia, CAUSA incluí todos os determinantes de
eventos/doenças, isto é: Intervenções, características das
pessoa, tempo e lugar, etc...
 Qualquer desenho de estudo isola em determinado momento ou
período, a estrutura demográfica de uma população de base, de
modo a demonstrar os determinantes e eventos em estudo.

Epidemiologia Moderna

 Epidemiologistas foram confrontados com doenças com longos períodos de


latência, causas múltiplas, e aparentemente de natureza não infecciosa
 O desenvolvimento da doença é um fenômeno biológico individual.
Entretanto, é possível que certos determinantes não são capazes de
operacionalizar (o processo causal) somente e inteiramente, ao nível
individual”.
 O CONTEXTO (e as variáveis de grupo) são Unidades de Análise tão
legítimas quanto o INDIVÍDUO (e as variáveis individuais).
 Macro -Organização Repressão social, epidemiologia Social legal e policial
ao uso de injetáveis.
 Exclusão social Indivíduo Comportamentos Empobrecimento, e exposições
prostituição, reutilização, compartilhamento de seringas, “shooting -
galleries”= exposição ao HIV.
 Micro -Biologia Diminuição de células T (CD4) epidemiologia Molecular
Evento AIDS Relacionado à saúde Níveis de organização (SusserM.)

Técnico em Segurança do Trabalho 6


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ETMOLOGICAMENTE:

EP I = SOBRE
DEMOS = POPULAÇÃO
LOGOS = TRATADO

Epidemiologia é portanto, o estudo de alguma coisa que aflige (afeta) a


população.

 Epidemiologia clássica: fatores de risco - prevenir e retardar a mortalidade


 Epidemiologia clínica: melhoria do diagnóstico e tratamento, bem como o
prognóstico de pacientes doentes

Maneiras como os estudos científicos de doenças podem ser abordados:

1) Nível submolecular ou molecular (biologia celular, bioquímica e imunologia)


2) Nível dos tecidos e órgãos (anatomia patológica)
3) Nível individual dos pacientes(clínica)
4) Nível de populações (epidemiologia)

“A epidemiologia é o campo da ciência médica preocupada com o


interrelacionamento de vários fatores e condições que determinam a
frequência e a distribuição de um processo infeccioso, uma doença ou
um estado fisiológico em uma comunidade humana” (1951)

Técnico em Segurança do Trabalho 7


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

“Ramo das ciências da saúde que estuda, na população, a ocorrência, a


distribuição e os fatores determinantes dos eventos relacionados com a
saúde” (1978)

“Ciência que estuda o processo saúde-doença em coletividades


humanas, analisando a distribuição e os fatores determinantes das
enfermidades, danos à saúde e eventos associados à saúde coletiva,
propondo medidas específicas de prevenção, controle, ou erradicação de
doenças, e fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, administração e avaliação das ações de saúde”
(Rouquayrol, 1999)

 Descrever as condições de saúde da população


 Investigar os fatores determinantes da situação de saúde
 Avaliar o impacto das ações para alterar a situação de saúde
 Comparar: uma obsessão fundamental da epidemiologia
 A epidemiologia se estrutura no conceito de RISCO.
 RISCO: é o grau de probabilidade dos membros de uma população
desenvolverem uma determinada doença ou evento relacionado à saúde,
em um período de tempo.

Indicadores que medem o risco de adoecer

 Incidência e prevalência

Indicadores que medem o risco de morrer

 Coeficientes e taxas de mortalidade.

População de risco:

Técnico em Segurança do Trabalho 8


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 pessoas que correm o risco de desenvolver uma doença ou agravo à


saúde.

Cálculo do risco

 Risco absoluto (ou taxa de incidência): mostra quantos casos novos da


doença aparecem no grupo, em um dado período.
Ex:
- 15 óbitos anuais por coronariopatias por mil adultos com colesterol
sérico elevado
- 5 casos de coronariopatias por mil adultos com colesterol sérico baixo

 Risco relativo: informa quantas vezes o risco é maior em um grupo,


quando comparado a outro. É a razão entre duas taxas de incidências.
Exemplo: RR = 15/5 = 3
Interpretação: risco 3 vezes maior de mortalidade por coronariopatia
entre os que têm colesterol sérico elevado, quando comparado aosque
tem colesterol sérico baixo

 Risco atribuível (à exposição): indica a diferençade incidência entre dois


grupo (ou seja, entre duas taxas de incidência)
Exemplo: RA=15-5= 10 óbitos anuais por coronariopatia por 1000
adultos com colesterol sérico elevado .
Interpretação: são os óbitos em excesso, atribuídos a presença de
colesterol sérico elevado, nas pessoas integrantes no grupo
considerado
*Todos os achados devem se referir à população

Técnico em Segurança do Trabalho 9


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

As doenças ou problemas de saúde não ocorrem ao acaso: a distribuição destes


problemas é produto dos fatores causais, ou determinantes que se distribuem
desigualmente na população – a comparação de subgrupos populacionais é essencial
para a identificação de determinantes das doenças
Fatores causais estão associados, ao nível populacionais, com a ocorrência de
doenças:
- Fator de risco: é qualquer fator associado à ocorrência de uma doença ou
problema, isto é, mais frequente entre os doentes do que não doentes.

O conhecimento epidemiológico é essencial para a prevenção de doenças

1. Diagnóstico de saúde comunitária


2. Monitoramento das condições de saúde
3. Identificação dos determinantes de doenças ou agravos
4. Validação de métodos diagnósticos
5. Estudo da história natural das doenças
6. Avaliação epidemiológica de serviços de saúde

Os princípios metodológicos da epidemiologia têm aplicação


direta no manejo clínico dos doentes e no planejamento,
gerenciamento e avaliação dos serviços de saúde

Leva em conta o acesso da população aos serviços e a cobertura oferecida (p.ex:


% de crianças vacinadas, proporção de indivíduos que são atingidos por determinada
doença que são tratados e acompanhados; proporção de gestantes inscritas e
acompanhadas pelo programa, etc.) – proporção da população coberta por diferentes
programas – diretamente relacionada ao acesso...

Passos:
Técnico em Segurança do Trabalho 10
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

- Selecionar os indicadores mais apropriados, levando em conta os que se deseja


avaliar
- Quantificar metas a serem atingidas com referência aos indicadores
selecionados
- Coletar as informações epidemiológicas necessárias
- Comparar os resultados alcançados em relação às metas estabelecidas
- Revisar as estratégias, reformulando o plano quando necessário

*As ilustrações, a seguir, mostram a influência dos estudos epidemiológicos na


estruturação das políticas públicas dos serviços de saúde:

EPIDEMIOLOGIA E OS SERVIÇOS DE SAÚDE

Estuda a distribuição dos


problemas em
Saúde em populações

Avalia vacinas
Testes diagnósticos Investiga
Tratamentos EPIDEMIOLOGIA As Causas
Serviços de saúde destes problemas
Mudanças de
comportamento

Aponta quem é mais


propenso a adquirir e
morrer destes problemas

*Por que esta pessoa/população ficou vulnerável a este problema/evento neste momento?

Técnico em Segurança do Trabalho 11


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

RESUMINDO:

Técnico em Segurança do Trabalho 12


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Epidemiologia aplicada

A aplicação ao planejamento de serviços de saúde tem sido o maior uso da


epidemiologia em função dessa aplicação tem-se desenvolvida a legislação e estratégia
da Vigilância epidemiológica e organização dos sistemas de informação em saúde no
âmbito governamental.
No Brasil o Sistema de Vigilância Epidemiológica foi instituído pela lei nº 6.259 de
1975 que articula o Ministério da Saúde à setores específicos das Secretarias Estaduais
de Saúde, organizando o sistema nacional de informações de saúde que constitui, hoje,
o DATASUS.
Em função da utilização institucional e particularidades do objeto de análise e/ ou
compartilhamento de metodologias específicas de análise, podemos destacar ainda: as
avaliações de impacto ambiental, ou seja, o aspecto da saúde ambiental e interpretação
distinta que os ecologistas dão à exposição, dano ambiental etc.; a epidemiologia
genética com suas distinções dos clássicos estudos da frequência de genes mutantes e
genética de populações; a epidemiologia molecular com suas distinções da
ecotoxicologia e análise dos fenômenos biológicos ao nível atômico ou celular, entre
outros. Uma relação sem dúvida incompleta é a que se segue:

Usos da epidemiologia

 Epidemiologia molecular
 Epidemiologia genética
 Epidemiologia veterinária
 Epidemiologia das doenças infecciosas e parasitárias
 Epidemiologia das doenças não transmissíveis
 Neuroepidemiologia
 Epidemiologia da violência
 Epidemiologia e controle da poluição
 Epidemiologia aplicada à administração de serviços de saúde e à
Segurança do trabalho

Técnico em Segurança do Trabalho 13


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Epidemiologia das Infecções hospitalares

Vejamos os principais conceitos para uma melhor compreensão da


EPIDEMIOLOGIA

 Saúde: estado de completo bem estar físico, mental e social.


 Doença: é o conjunto de sinais e sintomas expressão de alterações físicas,
psicológica e social.
 Surto: ocorrência epidêmica restrita a um espaço extremamente
delimitado. Ex. Colégio, prédio.

 Epidemia: contaminação em grande numero de pessoas ao mesmo tempo


no estado de saúde de uma população por uma elevação
progressivamente crescente, inesperada e descontrolada de uma doença
 Pandemia: doenças epidêmicas de grandes proporções, largamente
distribuída manifestada ao mesmo tempo. Ex. AIDS.
 Endemia: ocorrência de uma doença por um longo período dentro dos
limites esperados geográficos. Ex. D. Chagas.
 Hospedeiro: Organismo passível que abriga ou sofre influência dos fatores
causais, danos a saúde.
 Agentes: substancia, elemento ou força, cuja a presença inicia ou prolonga
o processo de doença.
 Fatores determinantes do estado saúde doença fatores de risco: Água
não tratada e diarreia grupo de risco : criança exposta a água não tratada.
 Fatores de proteção: consumo de fibras/ prev. Câncer de intestinal.
 Fatores sociais: Socioeconômicos, Ex. pobreza, Sócio político, Ex.
Decisão políticas
 Fatores ambientais : Ex. uso de pesticida e sua toxicidade. Historia
natural da doença descrição da evolução de uma doença sua estrutura
epidemiológica. Fases da história natural da doença

Técnico em Segurança do Trabalho 14


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Pré-Patogênese: antes do envolvimento do hospedeiro, período anterior


ao surgimento dos sinas e sintomas. Período de patogênese: Momento em
que o mal já foi instalado agente . Período clinico ou desfecho: estão
presentes os sinais e sintomas pode ter três desfechos: a cura, a invalidez
ou seqüela e a morte.
 Prevenção saúde pública: ciência e arte evitar doenças, prolongar a vida
e desenvolver saúde física e mental da população.
 Ação antecipada: anula a evolução da doença.
 Prevenção 1ª: Existência apenas estímulos desencadeantes modificar
condições favoráveis 1.Promoção de saúde Ex. escola, moradia 2.proteção
especifica (imunização)
 Prevenção 2ª: Após estimulo desencadeado, com ou sem sintomas;
1.Diagnostico precoce 2.Limitação da incapacidade
 Prevenção 3ª: No desfecho da doença 1.reabilitação : fisioterapia, terapia
ocupacional metodologia epidemiológica método cientifico de investigar
ventos na saúde da população com um fim determinado reconhecer a
existência do problema. definir sua natureza - definir sua causalidade
Investigação Epidemiológica - etapa descritiva e exploratória. Quem?
Quando? Onde?

- Etapas analíticas, dando-se continuidade a investigação partindo de uma


hipótese buscando responder: - Causalidade medidas de prevenção Avaliação de
procedimentos diagnósticos (prescrição). Coeficiente e índices Epidemiológicos - avaliar
quantitativamente a ocorrência de doenças nas populações; Comparar valores obtidos
em grupo ou populações diferentes; A simples apresentação numérica nem sempre
expressa a magnitude do problema epidemiológico.

Indicadores epidemiológicos, Instrumentos para avaliar quantitativamente a


frequência da ocorrência da doença numa determinada população, em um período.

Técnico em Segurança do Trabalho 15


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Coeficiente Expressa o risco a que o indivíduo esta exposto de apresentação de


doença Coeficiente = Principais Coeficientes - Natalidade letalidade Mortalidade
morbidade

Índices - Expressão de frequência entre duas series de valores sem associação


probabilística. Principais Índices -Densidade populacional Mortalidade Proporcional Vital
Pearl. Ex: Indicadores Epidemiológicos (de saúde) Coeficientes e índices
epidemiológicos - Abrangência - Gerais: restrições de tempo e espaço; -Específicos: as
citadas, sexo, raça, faixa etária, causa especifica Incidente: frequência estão surgindo os
casos novos da doença.

Prevalente: frequência casos da doença existentes numa pop num momento ou


intervalo de tempo. Índices gerais: de maior significado: demográfico ou de vital pearl.
Índices específicos: Densidade populacional; Mortalidade proporcional Indicadores
epidemiológicos (de saúde) Analise situação sanitária de uma pop, como as decisões
em relações a preservação da saúde, a cura ou tratamento de doenças são possíveis
pela disponibilidade de informações validas e confiáveis. Variáveis relacionadas ao
tempo Subdivisão - Distribuição Cronológica Ex. distribuição cronológica frequência de
óbitos.

Verifica a ação da doença num grupo voltando ao passado (historia da Doença)


num intervalo cronológico

- Variação Cíclica: Ex. mensal anual. Variação repetido de intervalo a intervalo,


Alternando -se valores mínimos e máximos.

- Variação Sazonal: Repete-se sempre na mesma estação do ano ou certos dias


esperados.

- Tendência secular: Apresenta certa estabilidade, intensificação ou decréscimo


de valores. Variáveis relacionadas ao espaço Subdivisões:

Técnico em Segurança do Trabalho 16


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

- Variáveis geopolíticas: Ex. paises da América, comparações internacionais -


variáveis geográficas. Espaço geográficos. - variáveis Político - Administrativas. Ex.
território nacionais, republica federativa do Brasil. Fatores Ambientais - naturais,
Localização, relevo , hidrografia, solo. - Artificiais, modificação ou destruição da
paisagem natural. Fatores populacionais ligados ao conjunto socialmente organizado. -
Demográficos ; pop diverge composição por idade, sexo - Sociais; Cultura, religião.
Variáveis urbano rural - Urbana; residente cidades. - Rural; Residente fora dos limites da
cidade Mobilidade espacial Movimento pessoas ou pop de uma área geográfica para
outra. - Circulação; movimento temporal - lugares pré-definidos ou não. - Migração;
mudança de residência permanente ou razoavelmente durável. Variável relacionada à
pessoa Independe do tempo e espaço e não deve ser confundida com variáveis
populacionais.

Tipos de variáveis:

1.Características gerais: idade e sexo


2.características familiares: estado civil idade dos pais, morbidade familiar
3.características étnicas: raça, cultura, local de nascimento
4.Nível socioeconômico: ocupação, nível de instrução, residência Vigilância
epidemiológicas Procedimento sistemáticos permanente pelo qual toma-se
conhecimento dos eventos relacionados coma doença e respectivos meios de controle
em um local especifico. conjunto de ações que proporciona o conhecimento, a detecção
ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de
saúde individual e coletiva coma finalidade de recomendar ou adotar as medidas de
prevenção e controle de doenças e agravos.

- Obter Informações; processar as informações. Coleta de dados e Informações


Cumprimento das funções da vigilância epidemiológica depende de dados para fomentar
processo produção de informações para intervenção. Tipos de dados e informações
necessários ao sistema de vigilância epidemiológica são: Demográficos, Ambientais e
sócio-econômicos.

Técnico em Segurança do Trabalho 17


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Notificação Comunicação de ocorrência de determinada doença ou agravo á


saúde feita a autoridade sanitária por profissionais de saúde ou qualquer cidadão para
adoção de medidas de intervenção pertinentes.

Notificação negativa: informando a não ocorrência de casos no período


considerado.

Registro dos eventos vitais - nascimentos, casamentos e dissolução e óbitos, na


área da saúde: nascimento e óbito. Registradas oficialmente em cartórios.
Classificação Internacional de Doenças Estatísticas seguem regras com objetivo
de padronizá-las e conferir consistência aos dados. Quase todos os países do mundo
utilizam a classificação Internacional de doenças (CID). Cada lesão, doença ou causa de
óbito recebe seu código, são agrupados para facilitar o preparo de estatísticas.

TOXICOLOGIA

Através do domínio desta disciplina, poderemos identificar substâncias


potencialmente tóxicas ao organismo humano, como também reconhecer seus efeitos
sobre o trabalhador.
Vários conceitos e informações importantes serão transmitidos para vocês, além
da associação com muitas outras disciplinas servirão de embasamento teórico essencial
para um bom aproveitamento. Bons estudos!

“O oxigênio, que é essencial para manter a vida de qualquer organismo


aeróbio, puro na atmosfera, é danoso para qualquer mamífero, já que se
consome rapidamente o ácido aminobutírico, moderador da transmissão
nervosa cerebral, e como consequência, se produzem graves alterações
nervosas que levam a convulsões e à morte (REPETTO, 1981 apud
BARBOSA, 2005).

Técnico em Segurança do Trabalho 18


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A Toxicologia

Devido ao grande desenvolvimento maquinário após a Revolução Industrial, o


homem deparou com um ambiente de trabalho totalmente artificial. Tal mudança nos
expôs a várias substâncias tóxicas provenientes de tais ambientes, como fumaça,
poeiras e gases.

A ciência denominada Toxicologia vem


ajudar a nos prevenir de tais substâncias
nocivas. Ela pode ser definida como uma
disciplina que se dedica a estudar os efeitos
das toxinas sobre o organismo humano, como
também o devido tratamento de tais
intoxicações.

Lembramos que as toxinas ou “venenos” acima citados podem ter origem:

 vegetal;
 animal;
 mineral;
 sintética (produzida pelo homem).

Como a maioria das ciências modernas, a toxicologia é uma ciência


multidisciplinar, ou seja, há várias especialidades dando suporte para seu
desenvolvimento e formação.

Técnico em Segurança do Trabalho 19


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

São elas:

Curiosidade:
A palavra toxicologia deriva do grego toxikon, que significa “veneno das
flechas”. Na antiguidade, os caçadores, com intuito de acelerar a morte
dos animais, preparavam as pontas das flechas com material
bacterialmente contaminado, como pedaços de cadáveres ou venenos
vegetais.

História da toxicologia

Nós podemos dizer que a história da toxicologia remonta ao aparecimento do


homem na terra. O homem primitivo tinha conhecimento de quais alimentos ele poderia
consumir. Esse conhecimento era primordial para a manutenção de sua vida como
também de seus dependentes. Já as substâncias tóxicas (venenos), principalmente de
origem vegetal, eram utilizadas pelo homem para o abate de presas como também
contra seus inimigos.

Técnico em Segurança do Trabalho 20


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Um dos preconizadores da toxicologia foi Shen Nung


(2696 a.C.). Tido como o “Pai da medicina chinesa”, ele testou
mais de 365 ervas.

Já no Egito Antigo, foi encontrado um


documento médico perfeitamente preservado,
contendo mais de 800 registros sobre princípios
ativos toxicológicos. Contendo mais de 110
páginas sobre anatomia, fi siologia, toxicologia,
“encantamentos” e tratamentos para cura, foi
denominado “O Papiro de Eberes” (1500 a.C.).

Os sumérios referem-se à “Gula” (1400 a.C.),


que seria uma divindade feminina, também
chamada de “Deusa da Cura” ou a “Grande
Médica”, como uma figura mitológica que está
associada à aplicação de encantamentos e
venenos.

O “Pai da Medicina”,
Hipócrates (400 a.C.), do qual
falamos na aula 1, contribuiu
para o conhecimento de um
grande número de substâncias
tóxicas.

Técnico em Segurança do Trabalho 21


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Theophrastus (370 – 286 a.C.) contribuiu significativamente


para o desenvolvimento da toxicologia, abordando um grande
número de plantas tóxicas no livro de sua autoria, “História da
Planta”

O Governante Mitríades (120 – 63


a.C.) testava em seus escravos vários
tipos de venenos com a intenção de
descobrir algum antídoto que
neutralizasse os efeitos do veneno.
Devido ao seu grande temor em ser
envenenado por aqueles que cobiçavam
seu reino, a toxicologia deve a Mitriades os primeiros experimentos toxicológicos
A Grécia, berço da civilização antiga, também teve
importante contribuição para o desenvolvimento da toxicologia.
Discorides (40 – 90 a.C.) classificou alguns agentes tóxicos de
acordo com sua origem. Assim temos:
TIPOS DE VENENOS
ANIMAIS VEGETAIS MINERAIS
Chumbo Cicuta Víboras
Cobre Ópio Salamandras
Arsênio Acônito Sapos

Por volta do ano 82 a.C., os romanos


eram assolados com verdadeiras epidemias
de intoxicações, então necessariamente surgiu
a primeira lei contra envenenamento de

Técnico em Segurança do Trabalho 22


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

pessoas, incluindo prisioneiros. A “Lex Cornelia de sicariis venificis” proibia a venda


indiscriminada de venenos.

Entre 69 – 30 a.C., Cleópatra testava “estriquinina” em


prisioneiros e pessoas pobres. Ela também utilizava o veneno de
cobras em execuções.

As famílias nobres de Roma praticavam a


intoxicação comumente durante os séculos XIV e XV.

Paracelsus (1493 – 1541) deu uma


grande contribuição para o desenvolvimento
da ciência toxicológica como a conhecemos
hoje. Ele desmistificou as populares “porções
mágicas”, construindo assim um conceito
mais acadêmica sobre a toxicologia.

Mateu Joseph Bonaventure Orfila (1787 - 1853),


considerado o “Pai da Toxicologia”, foi o primeiro cientista que,
durante uma autópsia, identificou a presença de agentes químicos
no cadáver através de conceitos químico-biológicos.

Técnico em Segurança do Trabalho 23


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Na atualidade, a toxicologia está mais voltada para a utilização de substâncias


químicas pelo homem, assim as autoridades de vários países decidiram realizar testes
toxicológicos nos medicamentos, antes dos mesmos serem postos à venda.

Especificações da toxicologia

Devido ao seu vasto campo de atuação, a toxicologia pode ser diferentemente


abordada. Assim temos:

 Toxicologia Clínica – explica o diagnóstico clínico e introduz o tratamento


nos casos indicados como intoxicação. O organismo e a substância tóxica
são os alvos de sua atuação.
 Toxicologia Analítica – responsável pela identifi cação das substâncias
químicas dentro de áreas específicas. Apenas a substância tóxica é seu
alvo de atuação.
 Toxicologia Experimental – analisa as concentrações de agentes
químicos contidos nos organismos infectados. Preocupa-se com a resposta
do organismo à toxina.

Especificando-nos mais ainda, podemos subdividir a toxicologia de acordo com


seu respectivo campo de atuação:

Toxicologia Ambiental (Ecotoxicologia): estuda os


efeitos nocivos causados por substâncias químicas
presentes no macroambiente (ar, água, solo).

Toxicologia Forense: estuda os aspectos


médicos legais da intoxicação.

Técnico em Segurança do Trabalho 24


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Toxicologia Social: estuda os efeitos adversos causados


pelo uso de drogas, decorrente da vida em sociedade.

Toxicologia de Alimentos: estuda efeitos nocivos


decorrentes da utilização de aditivos e da presença de
resíduos de contaminantes em alimentos.

Toxicologia Ocupacional: estuda os efeitos nocivos causados


por substâncias químicas presentes no ambiente laboral (ambiente
de trabalho).
Devido à crescente preocupação dos governos e da sociedade
com a saúde do trabalhador, vemos um quadro positivo figurando num futuro próximo.
A Toxicologia Ocupacional, como ciência, vem dando uma importante
contribuição para tal mudança em relação à saúde do trabalhador, já que estes são a
mola-mestra da produção e desenvolvimento de qualquer nação.
Há um comitê misto formado pelas três principais organizações internacionais
voltadas para a área toxicológica que são:

*Comunidade Européia, NIOSH – Nacional Institute for Ocupational safety and health (USA) e
OHA – Ocupational Safetu and health Administration

Técnico em Segurança do Trabalho 25


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Recentemente, esse comitê definiu a Toxicologia Ocupacional como:

“Atividade sistemática, contínua ou repetitiva, relacionada à saúde


e desenvolvida para implantar medidas corretivas sempre que se
façam necessárias.”

Terminologia

Será importante assimilarmos os termos técnicos abaixo selecionados. Eles


servirão de base para nossas próximas aulas. Assim temos:

 Agente tóxico – toda substância química que, ao atuar sobre um


organismo, produz um algum efeito nocivo (efeito tóxico).
 Toxicante – termo relacionado para indicar o agente tóxico.
 Xenobiótico – usado para indicar substâncias estranhas ao organismo.
 Toxina – alguma substância tóxica produzida naturalmente por alguns
organismos, como algumas espécies de vegetais e animais.
 Veneno – especifica exclusivamente substâncias produzidas por animais,
cujas funções seriam de defesa ou arma para conquista de uma possível
presa.
 Toxicidade – é a capacidade que alguns compostos químicos têm de
causar um efeito nocivo ao atuar com alguns organismos vivos. Este efeito
depende da dose, da via de exposição, do tempo de exposição e
frequência da exposição. Este assunto será abordado nas próximas aulas.
 Antídoto – substância que possui a capacidade de neutralizar os efeitos
tóxicos das substâncias químicas.
 Risco – é a probabilidade de uma substância produzir um dano ao
organismo, em condições específicas de exposição.
 Segurança – é a probabilidade de uma substância não produzir danos em
condições específicas de exposição.

Técnico em Segurança do Trabalho 26


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

RESUMO:
Nesta disciplina, observamos que a Toxicologia ajuda-nos a entender
melhor os efeitos nocivos causados pelas substâncias químicas ao
interagirem com os organismos vivos, tendo por objetivo a avaliação do
risco de intoxicação e, dessa forma, estabelecer medidas de segurança
na utilização e consequentemente prevenir a intoxicação, antes que
ocorram alterações da saúde.

Continuaremos estudando a toxicologia. Para entendermos essa grandiosa


ciência, veremos no curso da aula como a toxina penetra em nosso organismo, seu
comportamento após esse contato e sua eliminação - Estudaremos os fatores
toxocinéticos das substâncias após contato com o organismo.

“Todas as coisas são um veneno e nada existe sem veneno, apenas a


dosagem é razão para que uma coisa não seja um veneno.”
Paracelso (1493-1541)
Phillipus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, conhecido pelo
pseudônimo de Paracelso, ou seja, “superior a Celso (médico romano)”. Astrólogo,
Alquimista, Físico e Médico, nasceu na Suíça. Ainda jovem, viajando com seu pai, teve
os primeiros contatos com a Teologia, Alquimia e Latim. Seus conhecimentos em
medicina tornaram-no famoso, ele rejeitava os tratamentos convencionais.

Toxicocinética

Podemos definir a Toxicocinética como a parte da Toxicologia que se dedica ao


estudo do deslocamento das substâncias tóxicas dentro do organismo vivo, a maneira
como é absorvido, distribuído, metabolizado e excretado, assim como a relação entre a
dose que entra no organismo e a concentração das substâncias no sangue, tecidos ou
líquidos corporais.

Técnico em Segurança do Trabalho 27


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Absorção

Podemos definir a absorção como a passagem do agente tóxico para a corrente


sanguínea através das membranas celulares. A velocidade de absorção de um tóxico
depende de alguns fatores, como o grau de concentração da substância e sua
solubilidade .
Veremos, a seguir, os principais meios de absorção de agentes tóxicos pelo
organismo humano.

Via dérmica ou cutânea

Alguns contaminantes podem penetrar na corrente sanguínea através dos poros


da nossa pele. Uma toxina em contato com a pele pode apenas provocar uma irritação
ou ser absorvido e desencadear uma infecção.
Como citado em Vendrame (2007), vários materiais ou situações no ambiente de
trabalho podem causar moléstias ou lesões. O trabalho mecânico em que realiza
fricções, pressão e outras formas de força podem produzir calos, bolhas, lesões nos
nervos, cortes, etc.
É importante salientar que a absorção de toxinas pela pele não é sempre
acompanhada de dor ou irritação, afinal, muitos produtos tóxicos podem penetrar no
organismo através desta via de absorção sem que nos dermos conta.
A pele representa uma capa protetora do corpo humano, que após a perda de sua
integridade (lesão), abre uma grande brecha para a passagem de toxinas para o
organismo.
A pele humana:

 Área: ±17m2
 Espessura: ±0,5 a ±4mm;
 ±18% do peso corpóreo.

Técnico em Segurança do Trabalho 28


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

De acordo com Barbosa (2005), podemos ainda subdividir a absorção de agentes


tóxicos através da pele em três tipos de mecanismos, são eles: absorção
transepidermal, absorção transfolicular e absorção pela pele lesionada.

Absorção transepidermal
Constituída por uma membrana lipídica, a epiderme
poderá ser responsável pela absorção do agente tóxico na
via cutânea. Algumas substâncias como inseticidas,
benzeno, fenol, cetonas, nitroglicerina, chumbo e mercúrio
penetram facilmente através da pele.

Absorção transfolicular
As peles que contêm pêlos podem absorver facilmente
através das raízes desses pêlos qualquer agente tóxico presente
na superfície pele. (BARBOSA, 2005).

Absorção através da pele lesionada (ferimento)

A corrente sanguínea poderá ser atingida, facilmente, por


alguma toxina, se a proteção do nosso corpo, a pele, estiver com
algum dano / ferimento. Não importando se o ferimento foi
originado por meio mecânico, físico ou químico.
(BARBOSA, 2005).

Via gastrintestinal

Técnico em Segurança do Trabalho 29


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Compreende a absorção por meio da cavidade oral, cavidade gástrica


(estômago), intestino delgado e intestino grosso. Apesar de ter sido desacreditada
ultimamente, a via gastrintestinal ainda é responsável por sérios envenenamentos
laborais. A entrada das toxinas através da via gastrintestinal poderá ser através de:

 Cavidade oral
É a absorção de toxinas diretamente pela
mucosa bucal. Nesta condição teremos uma
concentração mais elevada do agente tóxico
no sangue, pois devido à alta vascularização
da boca (língua), tais toxinas podem ir
diretamente ao coração e em seguida serem
distribuídas a todo o organismo.
 Intestino delgado
É no intestino delgado onde há maior
absorção de agentes tóxicos, pois ele é
especializado em absorção de nutrientes. Sua
absorção é influenciada por alguns fatores,
como o pH do meio (intestino) e a velocidade
do esvaziamento gástrico.

Assim temos que a diarreia diminui o tempo de exposição do agente tóxico no


intestino delgado, diminuindo consequentemente a absorção. Já a constipação intestinal
prolonga o tempo de exposição da toxina no intestino delgado aumentando assim a
absorção.

 Intestino grosso
Ao contrário do intestino delgado, o intestino grosso tem uma baixa capacidade
de absorver as toxinas, por isso, para a Toxicologia Ocupacional, essa via de absorção é
considerada irrelevante.

Técnico em Segurança do Trabalho 30


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Já para a administração de medicamentos, a região retal é considerada de grande


importância devido ao seu alto grau de vascularização. Igualmente à boca, as
substâncias ali absorvidas não são drenadas pelo fígado e sim para a veia cava superior
e, posteriormente, para o coração.

ATENÇÃO!
Um exemplo de envenenamento através da via gastrintestinal ocorreu em
Franca/SP, onde funcionários de uma sapataria tinham o costume de
colocar pregos para sapato na boca, ingerindo assim uma quantidade
elevada de chumbo presente nos pregos. Devido a tal envenenamento,
alguns trabalhadores faleceram.

Via respiratória (Inalação) A via respiratória é o mais importante canal de


entrada dos agentes tóxicos no organismo humano. Ela é considerada, pela Toxicologia
Ocupacional, a via de maior importância na penetração de agentes tóxicos no
organismo, devido a maioria das intoxicações ocupacionais serem ocasionadas pela
aspiração das toxinas dispersas no ar ambiente.

Sua importância se deve:


 Ao grande volume de ar inalado durante a jornada de trabalho (5 a 6 L/min em
repouso, e 15, 20 ou 30L/min em condições de esforço);
 À ampla área alveolar ricamente vascularizada.
 Devido ao pequeno tamanho das partículas contaminantes presentes nos gases
ou vapores, há uma maior facilidade de contato com a mucosa respiratória.

Após a inalação, as toxinas podem ficar retidas no aparelho respiratório,


desencadeando a intoxicação apenas no trato respiratório, ou podem ser absorvidas
intoxicando assim diferentes partes do nosso organismo.

Técnico em Segurança do Trabalho 31


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Os agentes tóxicos inalados através da via respiratória podem interagir com as


vias superiores (narinas, faringe, laringe, traqueia, brônquios e bronquíolos) e pulmões
(alvéolos pulmonares).
Os agentes tóxicos dispersos no ar do ambiente de trabalho são encontrados
basicamente na forma de: Gases, Vapores e Partículas.

Gases e Vapores

Como vimos anteriormente, a maior parte dos contaminantes químicos está


dispersa na atmosfera na forma de gases e vapores (estado gasoso).

 Vapor é a fase gasosa de uma substância que nas condições normais de


pressão e temperatura (25ºC e 760mmHg) é líquida ou sólida.
Exemplo: vapores de gasolina ou água.

Técnico em Segurança do Trabalho 32


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Gás é a denominação dada a uma substância que nas condições normais


de pressão e temperatura (25ºC e 760mmHg) está no estado gasoso.

O ar que respiramos, por exemplo, é uma mistura de vários gases como podemos
observar em valores aproximados logo abaixo:

Gases e vapores irritantes


Há uma grande variedade de gases e vapores do tipo irritante, mas há uma
característica em comum entre todos eles: produzem inflamação dos tecidos com que
entram em contato direto, como pele, olhos e vias respiratórias.
Ex.: ácido clorídrico, hidrocarbonetos aromáticos e gás sulfídrico.
Gases e vapores asfixiantes

Podem agir simplesmente deslocando o oxigênio, tornando o ambiente laboral


deficiente em oxigênio, ou podem impedir a utilização pelo organismo do oxigênio
adequadamente fornecido.
O nitrogênio (N2), o hidrogênio (H2), o metano (CH4), o hélio (He) e o dióxido de
carbono (CO2) são os chamados asfixiantes simples, ou seja, apenas deslocam o
oxigênio presente no ar.

Técnico em Segurança do Trabalho 33


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Já o monóxido de carbono (CO), a anilina (C6H5NH2) e o ácido cianídrico (HCN)


são exemplos de asfixiantes químicos, ou seja, se eles forem inalados, impedem que o
oxigênio seja aproveitado por nosso organismo.

Gases e vapores anestésicos

Também conhecidos como gases e vapores narcóticos, possuem uma


propriedade comum, tais substâncias têm uma ação depressiva sobre o sistema nervoso
central.
O butano, propano, etano, tolueno e xileno são alguns exemplos de substâncias
anestésicas.

Partículas

Algumas características físico-químicas das substâncias, como o diâmetro, a


forma, a densidade e a carga elétrica infl uenciarão na chegada ou não das partículas
aos pulmões.
De acordo com Barbosa (2005), as partículas mais lesivas à saúde pulmonar são
as de menor diâmetro, aproximadamente 1μ. Partículas grandes não permanecem no ar
por muito tempo (sedimentam), diminuindo a possibilidade de inalação e, mesmo
quando inaladas, ficam retidas nas partes superiores do aparelho respiratório. Além
disso, as partículas menores são mais difíceis de serem removidas do pulmão e por isso
são mais prejudiciais.
As fossas nasais, que têm a função de aquecer e umidificar o ar inspirado, são
consideradas um filtro natural que permitem a retenção de cerca de 50% das partículas
de diâmetro superior a 8mμ(nas mesmas condições, a respiração pela boca retém no
máximo 20%). (BARBOSA, 2005).

Técnico em Segurança do Trabalho 34


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

A tosse é quase essencial para a vida, pois é o meio pelo qual


as vias aéreas pulmonares se mantêm livres de matéria estranha. Os
brônquios e a traqueia são tão sensíveis que qualquer corpo
estranho, ou agente irritante, desencadeia o reflexo de tosse.
(BARBOSA, 2005).

Excreção

Até agora vimos apenas como os agentes tóxicos penetram no organismo, mas,
como as toxinas são eliminadas?
Nosso organismo pode excretar as toxinas através dos rins, pulmões, bile, fezes,
saliva e suor.

Eliminação renal

Se a substância for hidrossolúvel, o organismo pode utilizar o rim para excretar a


toxina através da urina. O rim é o órgão mais importante na eliminação de substâncias.

Eliminação pulmonar

Alguns vapores e gases podem ser eliminados por essa via, sem que haja
nenhuma absorção dos agentes tóxicos.
Quanto maior for a facilidade da toxina em ser absorvida pelo organismo, menor
será a sua eliminação por essa via.

Excreção biliar e fezes

Técnico em Segurança do Trabalho 35


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Os produtos formados pela absorção das toxinas pelo fígado são transportados
para a circulação sanguínea e bile, de onde, posteriormente, são eliminados através das
fezes.

Excreção através do suor e saliva

Os agentes tóxicos excretados pela saliva e suor são geralmente deglutidos. Esse
tipo de excreção ocorre com baixa frequência para a maioria das toxinas e os
mecanismos envolvidos na excreção de tóxicos são similares para a saliva e o suor.

RESUMO:
Vimos que a Toxicocinética estuda as formas de absorção dos agentes
tóxicos pelo organismo, como também sua eliminação. Seu
conhecimento é bastante importante, pois através dele podemos saber e
orientar ações mais eficazes junto à proteção do trabalhador.

Causas mais frequentes de Intoxicações

 Falhas de técnicas, como vazamentos dos equipamentos, preparação e


aplicação dos produtos sem a utilização de equipamento adequado de
segurança, aplicação contra o vento. Trabalhadores que não trocam
diariamente de roupa e não tomam banho diário. Trabalhadores que
tomam banho em água quente, que dilata os poros facilitando a absorção
do produto. Trabalhadores que nos horários de descanso se alimentam
sem lavar as mãos, armazenamento inadequado dos produtos.

 Outras causas, aplicação de produtos nas horas de maior temperatura,


onde o calor intenso dilata os poros e facilita a absorção da pele,
trabalhadores que voltam a trabalhar após uma intoxicação, ou em
Técnico em Segurança do Trabalho 36
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

períodos de repouso de ouras doenças, trabalhadores com baixa


resistência física são mais suscetíveis, trabalhadores que fazem aplicações
sozinhos e em caso de intoxicação não recebem ajuda imediata, crianças e
animais que tem contato com produtos químicos. As esposas dos operários
que se intoxicam ao lavar as roupas utilizadas na aplicação e muitas outras
formas.

Precauções a serem adotadas no Manuseio de Inseticidas

 Seguir sempre a orientação de um técnico.


 Ler o rótulo com atenção, seguindo rigorosamente asinstruções do
fabricante.
 Utilizar produtos químicos somente quando necessário.
 Não aplicar produtos químicos sozinho, pois ema caos de intoxicação o
operador pode necessitar de ajuda.
 Utilizar equipamentos para aplicação em boas condições de uso sem
vazamentos e bem calibrados.
 Abrir as embalagens com cuidado, para evitar respingos, derramamento do
produto, ou levantamento de pó.
 Ao preparar e aplicar produtos químicos utilizar macacão ou camisa de
manga comprida, chapéu de abas largas e botas impermeáveis, utilizando
também luvas, óculos, e mascaras adequadas, de acordo com a
recomendação do rótulo.
 Não efetuar misturas de produtos sem orientação técnica.
 Não retirar os defensivos de suas embalagens originais.
 Guardar os defensivos em depósito fechado, isolado do acesso de
crianças, animais domésticos, alimentos, rações e medicamentos.
 Não permitir a presença de crianças, animais ou pessoas estranhas ao
trabalho, durante a aplicação de produtos químicos.
 Não aplicar defensivos quando houver ventos fortes, nem contra o vento,
dando preferência as horas de temperatura mais amena.

Técnico em Segurança do Trabalho 37


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Nas aplicações aéreas use somente produtos e formulações permitidas


para esta finalidade, tomando o máximo cuidado para evitar a
contaminação de rios, lagos, fontes, casas, depósitos ou propriedades
vizinhas.
 Observar rigorosamente o intervalo recomendado entre a última aplicação
e a colheita, conforme indicação no rótulo.
 Nunca utilize as embalagens vazias dos produtos para outro fim.
 Ao terminar o trabalho, tome banho frio com bastante água e sabão. A
roupa de serviço deve ser trocada e lavada diariamente.
 Não fume, não beba e nem se alimente durante a aplicação de qualquer
produto químico.
 Não lance restos de produtos, nem limpe equipamentos ou embalagens de
produtos em cursos d’água ou junto a poços de água potável.
 Evite a entrada de animais ou pessoas desprotegidas na área tratada
durante 7 dais após a aplicação.
 Nunca transporte alimentos, rações, animais ou pessoas junto ou sobre
produtos químicos.
 No caso de intoxicação procure imediatamente um médico, levando a ele o
rótulo do produto.
 Durante a época de aplicação de produtos químicos, providencie exames
médicos periódicos em todos os que estiverem envolvidos nessa operação
 Normas para armazenamento de produtos químicos
 Os depósitos para o armazenamento de produtos químicos devem reunir
as seguintes condições:

1. Estar devidamente cobertos de maneira a protegerem os produtos contra as


intempéries.
2. Ter boa ventilação.
3. Estar localizados o mais distante possível de habitações ou locais onde se
conservem ou se consumam alimentos, bebidas, drogas ou outros materiais, que
possam entrar em contato com pessoas ou animais.

Técnico em Segurança do Trabalho 38


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

4. Propiciar a separação de diferentes produtos.


5. As embalagens dentro do depósito não devem estarem contato direto com o
piso, evitando assim a ação da umidade.
6. As embalagens para líquidos devem ser armazenadas com o fecho voltado
para cima.
7. O empilhamento das embalagens ou recipientes não deve exceder as
recomendações técnicas do fabricante.

 Não utilizar os veículos que transportam produtos químicos antes da


descontaminação dos mesmos.
 Deve-se evitar que o veículo de transporte tenha pregos e ou parafusos
sobresalientes nos espaços onde serão colocadas as embalagens.

Providências no caso de Vazamentos

 Suspenda todo tipo de manobras, feche o veículo e isole a área


contaminada, vigie para que ninguém entre na área contaminada.
 Espere instruções e chegada de pessoal especializado para a
descontaminação.
 Em depósitos os funcionários encarregados da manipulação dos produtos
devem estar equipados com equipamentos de segurança correspondentes.
 Em todos os casos em que as embalagens não estejam visíveis devem ser
colocados, em lugares visíveis, etiquetas cujo desenho e texto se ajustem
à categoria toxicológica do defensivo.
 Em casos de emergência estacionar o veículo em local onde o vazamento
não possa atingir riachos, rios, lagoas ou fontes de água. Em seguida
munido de equipamento de segurança isolar o vazamento com terra ou
serragem evitando que o produto se espalhe e afastar os curiosos.
 Notificar o fabricante ou representante mais próximo e pedir intrusões.

Técnico em Segurança do Trabalho 39


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Em caso de incêndio sinalizar o acidente e afastar curiosos, ficar longe da


carga incendiada e fora do alcance de fumaça, comunicar ocorpo de
bombeiros e o fabricante.

Equipamentos de Proteção

 Máscara, luvas, botas, galochas, chapéus, camisas de mangas compridas,


calça de tecido pouco absorvente e avental impermeável
 Após a utilização, todo e qualquer equipamento de proteção deverá ser
recolhido, descontaminado, cuidadosamente limpo e guardado.
 Se alguma pessoa apresentar sintomas de intoxicação retirá-la
imediatamente da área contaminada e seguir as instruções de primeiros
socorros. Em seguida, encaminhar a pessoa ao serviço médico mais
próximo, juntamente com o rótulo completo do produto.

Primeiros Socorros

 Retirar a vítima de intoxicação do local de trabalho, banhar a vítima com


água fria e sabão, trocar sua roupa, procurar imediatamente assistência
médica, juntamente com o rótulo completo do produto.
 Em caso de ingestão acidental só provoque vômito com recomendação e
instruções constantes no rótulo do produto. Caso seja recomendado
observar se a pessoa está consciente, lúcida, com capacidade para
deglutir e se realmente está intoxicada por ingestão.
 Em casos de contato com os olhos, caso isto aconteça, lave-os
imediatamente com água corrente durante 15 minutos e se houver
irritação, procure um médico.
 Para casos de inalação do produto, leve a pessoa para um local arejado,
se houver sinais de intoxicação procure um médico.
 Em contatos com apele, lave as partes atingidas imediatamente com água
e sabão em abundância e se houver sinais de irritação procure o médico.

Técnico em Segurança do Trabalho 40


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Não fazer fricções ou massagens, a excitação pode vir a agravar o quadro


clínico facilitando a absorção do produto pela pele.
 Todo sistema sensorial do intoxicado está ativo, evitar despertar o paciente
com tapinhas na face ou com chamados. Mantê-lo em local escuro, evitar
ruídos, evitar movimentações desnecessárias do intoxicado.
 Afastar curiosos.
 Não dar leite, pois em muitos casos ele agrava o quadro de intoxicação. Os
organoclorados absorvem-se com facilidade em presença de leite.
 Para inseticidas fosforados e carbonatos, quando houver demora de
atendimento médico, aplicar sulfato de atropina intramuscular, subcutânea
ou endovenosa.

Tratamento e Sintomatologia de alguns Ingredientes Ativos

Inseticidas clorados

São substâncias que se caracterizam pela ação crônica nos organismos, longa
persistência e efeito residual no ambiente, com grande solubilidade em lipídeos onde se
armazenam nos organismos, causam sérias lesões hepáticas e renais, atuando
principalmente sobre o sistema nervoso central e no de defesa do organismo.
Os sintomas gerais apresentados são: dilatação da pupila e fotofobia; pálpebras
trêmulas; dores de cabeça, cefaleia, alucinações; intumescimento da língua;
agressividade; convulsões e coma; se forem absorvidos por inalação apresentam tosse
e edema pulmonar; por ingestão, cólicas e diarreia; por via dérmica dermatites.
Tratamento - se a pessoa não respira ou respira com dificuldade, fazer respiração
artificial utilizando um pano fino; induzir ao vômito; se o veneno for ingerido proceder
uma lavagem gástrica; se a pele está contaminada, lavar com água e sabão; se há
convulsão, administrar diazepínicos; se está inconsciente, transportá-la ao centro
médico mais próximo, juntamente com a embalagem ou rótulo do produto.
Inseticidas fosforados

Técnico em Segurança do Trabalho 41


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

São ésteres do ácido fosfórico e seus derivados, constituem substâncias químicas


que atuam bloqueando ou inibindo a colinesterase. Os efeitos são de maneira geral os
seguintes: espasmos intestinais; estimulação das glândulas salivares e lacrimais e
convulsões.
Os sintomas gerais apresentados são: redução do diâmetro das pupilas;
lacrimejamento e rinite aguada; sudação intensa; vômito e tonturas; dores musculares e
caibras; pressão arterial instável; confusão mental, cólicas e diarreias, o aparecimento
dos sintomas de intoxicação ocorre, em média, nas primeiras doze horas; a morte ocorre
geralmente nas primeiras 48 horas; a recuperação normalmente é completa se não
ocorre falta de oxigenação no cérebro.
Tratamento - descontaminação do paciente; injetar inicialmente de 4 a 6 mg de
sulfato de atropina; nunca aplicar oxinas em caso de intoxicação com carbamatos; são
contra indicados tratamentos com morfina, teofilina, aminofilina, succinilcolina,
fenotiazina, reserpina e tranquilizantes; não utilizar atropina como preventivo; dar
especial atenção ao pulmão, pelo risco de secreções pulmonares; se a intoxicação for
muito forte e passar de 5 dias é necessário traqueotomia; para lavagem estomacal, é
recomendada uma solução a 5% de carbonato de sódio mais 15 a 30 g de sulfato de
sódio em 0,51 de água. Entubar o paciente antes da lavagem.

Piretro e Piretróides
O piretro é um produto de origem vegetal, extraído da flor do Chrysanthemum
cinerariefolium, tem basicamente dois grupos de princípios ativos as piretrinas e
cinerinas. Estas substâncias são pouco tóxicas por via inalatória. Por ingestão, oferecem
algum risco, porém são rapidamente excretadas pela urina. Podem exercer irritações de
pele dependendo da sensibilidade de cada pessoa. Pessoasmais sensíveis podem
apresentar dores abdominais, naúseas, vômitos e algumas vezes diarréias.
Em casos de ingestão principalmente por crianças ocorre cefaléia, incoordenação
motora, excitação, convulsões e morte por paralisia respiratória. os principais sintomas
destes produtos são: dermatites e conjuntivites; parestesias periorbitais e labial; espirros,
desânimo, tosse, febre, secreção nasal cerosa e obstrução nasal; eritema leve; reações
de hipersensibilidade; broncoespasmos; excitação dos sistema nervoso; convulsão.

Técnico em Segurança do Trabalho 42


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

O tratamento prevê: descontaminação do paciente; tratamento sintomático; anti-


histamínicos para processos alérgicos; vitaminas A, B e C; compostos diazepínicos para
crises neurotóxicas.

Parâmetros Toxicológicos

 Toxicidade aguda - É aquela produzida por uma única dose, seja por via
oral, dermal ou pela inalação dos vapores.
 Toxicidade crônica - É aquela que resulta da exposição contínua a um
defensivo, sendo que este não pode causar não causa toxicidade aguda
por apresentar-se em baixas concentrações. A toxicidade crônica é mais
importante que a toxicidade aguda, pois normalmente ocorre pela
contaminação de alimentos ou lentamente no seu ambiente de trabalho.
 Veneno - É todo e qualquer produto natural ou sintético, biológicamente
ativo, que introduzido no organismo e absorvido, provoca distúrbios da
saúde, inclusive morte, ou, se aplicado sobre tecido vivo e capaz de
destruído.
 Toxicidade - É a capacidade de uma substância química produzir lesões,
sejam elas físicas, químicas, genéticas ou neuropsíquicas, com
repercussões comportamentais.
 Intoxicação - É um estado deletério manifestado pela introdução no
organismo de produto potencialmente danoso.
 DL50 (Dose Letal) - É a dose letal média de um produto puro em mg/Kg do
peso do corpo. Esta terminologia pode ser empregada para intoxicação
oral, dermal ou inalatória.
 Dosagem Diária Aceitável (DDA) - Quantidade máxima de composto que,
ingerida diariamente, durante toda a vida, parece não oferecer risco
apreciável à saúde.
 Carência - Compreende o período respeitado entre a aplicação do
agrotóxico e a colheita dos produtos.

Técnico em Segurança do Trabalho 43


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

 Efeito Residual - Tempo de permanência do produto nos produtos, no solo,


ar ou água podendo trazer implicações de ordem toxicológica.
 Antídoto - Toda substância que impede ou inibe a ação de um tóxico é
chamada antídoto.
 Toxicidade Aguda - O processo tóxico em que os sintomas aparecem nas
primeiras 24 horas após a exposição às substâncias.
 Toxicidade Crônica - Processo tóxico em que os sintomas aparecem após
as primeiras 24 horas, ou mesmo de semanas ou meses após a exposição
as substâncias.
 Toxicidade Recôndita - É o processo tóxico em que ocorrem lesões, sem
manifestações clínicas.

Vamos rever algumas Noções Básicas de Toxicologia

Toxicologia é a ciência que tem como objeto de estudo o efeito adverso de


substâncias químicas sobre os organismos vivos, com a finalidade principal de prevenir
o aparecimento deste efeito, ou seja, estabelecer o uso seguro destas substâncias
químicas. A toxicologia se apoia, então, em 3 elementos básicos:
1) O agente químico (AQ) capaz de produzir um efeito;
2) O sistema biológico (SB) com o qual o AQ irá interagir para produzir o efeito;
3) O efeito resultante que deverá ser adverso para o SB.

Toxicologista é o profissional treinado ou capacitado a estudar os efeitos nocivos


produzidos pelos agentes químicos e avaliar a probabilidade do aparecimento destes
efeitos. As tarefas principais do toxicologista são:
a) Avaliar o risco no uso de substâncias químicas.
b) Estabelecer os limites de segurança para o uso das mesmas.
c) Realizar análises toxicológicas que permitam a monitorização e o controle dos
limites de segurança estabelecidos.
Risco tóxico é a probabilidade de uma substância produzir um efeito adverso,
um dano, em condições específicas de uso.
Técnico em Segurança do Trabalho 44
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Nem sempre a substância de maior toxicidade é a demaior risco, ou seja, de


maior “perigo” para o homem. Dependendo das condições de uso, uma substância
classificada como muito tóxica (elevada toxicidade intrínseca) pode ser menos “perigosa”
do que uma praticamente não-tóxica. Existindo um risco associado ao uso de uma
substância química, há a necessidade de estabelecer condições de segurança. Portanto
define-se como segurança, a certeza prática de que não resultarão efeitos adversos
para um indivíduo exposto a uma determinada substância em quantidade e forma
recomendada de uso. Ou seja, quando se fala em risco e segurança, significa a
possibilidade ou não da ocorrência de uma situação adversa.
Um problema sério, no entanto, é estabelecer o que é um Risco aceitável no uso
de substância química. Esta decisão é bastante complexa e envolve o binômio Risco-
Benefício, ou seja, altos riscos podem ser aceitáveis no uso das chamadas Life Saving
Drugs, ou seja, os fármacos essenciais à vida e não serem aceitáveis no uso de aditivos
de alimentos, por exemplo.

Alguns fatores a serem considerados na determinação de um Risco aceitável são:

⇒ Necessidade do uso da substância;


⇒ Disponibilidade e a adequação de outras substâncias alternativas para o uso
correspondente;
⇒ Efeitos sobre a qualidade do ambiente;
⇒ Considerações sobre o trabalho (no caso dela ser usada no meio ocupacional);
⇒ Avaliação antecipada de seu uso público (ou seja, o que ela poderá causar
sobre a população em geral, onde existe, por exemplo, crianças, velhos, doentes, etc.);
⇒ Considerações econômicas.

Geralmente associado ao conceito de Risco tem-se o conceito de Segurança


(probabilidade de uma substância química não provocar um efeito adverso, em
condições específicas de uso) e ao conceito de Agente Tóxico (AT), o de Xenobiótico
(qualquer substância química, quali ou quantitativamente estranha ao organismo) e o de
Toxicante (agente químico que está exercendo a ação tóxica noorganismo).
Técnico em Segurança do Trabalho 45
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

ELIMINAÇÃO
Aceita-se, atualmente, que a eliminação é compostade dois processos
distintos: a biotransformação e a excreção. A biotransformação pode
ocorrer em qualquer órgão ou tecido orgânico como por exemplo no
intestino, rins, pulmões, pele, etc. No entanto, a grande maioria das
substâncias, sejam elas endógenas ou exógenas serão biotransformadas
no FÍGADO.

Esta é a terceira fase da intoxicação e envolve a ação do agente tóxico sobre o


organismo. O AT interage com os receptores biológicos no sítio de ação e desta interação
resulta o efeito tóxico. O órgão onde se efetua a interação agente tóxico-receptor (sítio de ação)
não é, necessariamente, o órgão onde se manifestará o efeito. Além disto, de um AT apresentar
elevadas concentrações em um órgão, não significa obrigatoriamente, que ocorrerá aí uma ação
tóxica.
Geralmente os AT se concentram no fígado e rins (locais de eliminação) e no tecido
adiposo (local de armazenamento), sem que haja uma ação ou efeito tóxico detectável.
Quando se considera a complexidade dos sistemas biológicos (do ponto de vista químico
e biológico), pode-se imaginar o elevado número de mecanismos de ação existentes para os
agentes tóxicos.

Síntese letal
Técnico em Segurança do Trabalho 46
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Neste tipo de mecanismo de ação, o agente tóxico é, também, um antimetabólito. Ele é


incorporado à enzima e sofre transformações metabólicas entrando em um processo bioquímico,
dando como resultado um produto anormal, não funcional e muitas vezes tóxico. Em outras
palavras, há a síntese de substâncias que não são farmacologicamente úteis e, dependendo da
concentração deste produto anormal, pode haver morte celular, tecidual ou de sistemas
biológicos.

Interferência com o sistema genético


Ação citostática
Alguns agentes tóxicos impedem a divisão celular e, consequentemente, o crescimento
do tecido. Esta ação pode ser desenvolvida através de distintos mecanismos, tais como a
inibição enzimática (já estudada) ou o encaixe entre as duplas hélices do DNA. Neste último
caso estão as substâncias denominadas de Alquilantes, que ao se intercalarem entre as base de
cada hélice, inibem o crescimento celular. São usadas no tratamento do câncer, mas não tem
ação seletiva.

Ação mutagênica e carcinogênica


Certas substâncias químicas têm a capacidade de alterarem o código genético, ou seja,
de produzirem um erro no código genético. Se esta alteração ocorrer nos genes de células
germinativas, ou seja, que serão enviadas à próxima geração (células hereditárias), pode ocorrer
um efeito mutagênico. Este efeito possui um período de latência relativamente grande,se
manifestando apenas algumas gerações após a ação. Isto porque, geralmente, a mutação
ocorre em genes recessivos e só será manifestada se houver o cruzamento com outro gen
recessivo que tenha a mesma mutação. Logicamente, os estudos que comprovam esse efeito (e
não a ação, que é relativamente frequente) são bastante difíceis de serem realizados e
avaliados, o que faz com que, atualmente, poucas substâncias provoquem, comprovadamente, o
efeito mutagênico. O mais comum existir substâncias com ação mutagênica mas incapazes de
provocarem o aparecimento de mutações.
A ação carcinogênica vem sendo mais intensamente estudada nos últimos anos. Nesta
ação os xenobióticos provocam alterações cromossômicas que fazem com que as células se
reproduzam de maneira acelerada. Esta reprodução incontrolável não produzem células
harmônicas e perfeitas. Embora o mecanismo exato de desenvolvimento do câncer não seja
totalmente conhecido, aceita-se que esta ação ocorra em duas fases distintas: a conversão
neoclássica ou fase de iniciação e o desenvolvimento neoclássico ou promoção. Na fase de
Técnico em Segurança do Trabalho 47
EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

iniciação, um xenobiótico ou produto de biotransformação promove a alteração a nível do DNA.


Esta lesão origina a chamada célula neoplástica, que através da interferência de outras
substâncias químicas e/ou fatores, muitas vezes desconhecidos, sofre processo de crescimento,
originando o neoplasma e o câncer instalado. Entre as duas fases do processo carcinogênico
existe, geralmente, um período de latência que pode variar de meses a anos.
A teratogênese resulta de uma ação tóxica de xenobióticos sobre osistema genético de
células somáticas do embrião/feto, levando ao desenvolvimento defeituoso ou incompleto da
anatomia fetal. (NOTA: neoplasma: massa ou colônia anormal de células. A neoplasia pode ser
benigna (tumor não invasivo) ou maligna).

Irritação direta dos tecidos


Os xenobióticos que tem ação irritante direta sobre os tecidos, reagem quimicamente, no
local de contato, com componentes destes tecidos. Dependendo da intensidade da ação pode
ocorrer irritação, efeitos cáusticos ou necrosantes. Os sistemas mais afetadossão pele e
mucosas do nariz, boca, olhos, garganta e trato pulmonar. Destaca-se neste grupo, a ação dos
gases irritantes (fosgênio, gás mustarda, NO2, Cl) e lacrimogênicos (acroleína, Br, Cl). Outra
ação irritante de tecidos é a dermatite química. Os xenobióticos que apresentam esta ação
tóxica (substâncias vesicantes como as mustardas nitrogenadas ou agentes queratolíticos como
o fenol), lesam a pele e facilitam a penetração subsequente de outras substâncias químicas.

Reações de hipersuscetibilidade
Corresponde ao aumento na suscetibilidade do organismo. Aparece após exposição
única ou após meses/anos de exposição; os efeitos desta ação diferem essencialmente
daqueles provocados pelo xenobiótico originalmente. Os principais tipos de reações de
hipersuscetilidade são:

Alergia química (sulfonamidas)


Este tipo de ação tóxica, só é desenvolvida após absorção do xenobiótico pelo organismo
e ligação com a proteína formando o antígeno (o agente tóxicofunciona como hapteno). Com a
formação do antígeno, ocorre, consequentemente, o desenvolvimento de anticorpos e do
complexo antígeno/anticorpo. Este complexo se liga às células teciduais ou basófilos circulantes,
sensibilizando-as, ou seja desenvolvendo grânulos internos, contendo histamina, bradicinina,etc.

Técnico em Segurança do Trabalho 48


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Quando ocorre uma segunda exposição do organismo ao mesmo xenobiótico, os


anticorpos previamente desenvolvidos promovem a alteração da superfície celular com
conseqüente desgranulização celular. Estes grânulos secretam na corrente sangüínea histamina
e bradicinina, que são os responsáveis pela sintomatologia alérgica. Esta sintomatolgia é
bastante semelhante, independente do tipo de xenobiótico que a desencadeou. Os órgãos mais
afetados são pulmões e pele.
Fotoarlegia ( prometazina, sabões, desodorante hexaclorofeno)
As características deste tipo de ação tóxica são bastante semelhantes às da alergia
química. A diferença primordial entre os dois é que, na fotoarlegia, o xenobiótico necessita reagir
com a luz solar (reação fotoquímica), para formar um produto que funciona como hapteno. Após
a sensibilização, sempre que houver exposição ao sol, na presença do xenobiótico, haverá o
aparecimento dos sintomas alérgicos. É importante ressaltar que a fotoalergia só aparece após
repetidas exposições.

Fotossensiblização (agentes branqueadores, furocumarinas)


Estes xenobióticos, quando em contato com a luz solar, formam radicais altamente
reativos que produzem lesões na pele, muito semelhante às queimaduras de sol. Esta reação
pode aparecer logo na primeira exposição. As lesões resultantes da fotossensibilização podem
persistir sempre que houver contato com o sol, mesmo sem nova exposição ao agente químico.

Técnico em Segurança do Trabalho 49


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Almeida Filho, Naomar; Rouquayrol Maria Zélia. Introdução à epidemiologia


moderna. BR, BA, COOPMED/ APCE/ ABRASCO. 1992

Almeida Filho, Naomar. A clínica e a epidemiologia. BR, Salvador, APCE-ABR


ASCO, 1992

AMDUR, M. O.; DOULL, J.; KLAASEN, C. D. - Casareth and Doull's Toxicology-The


basic science of poison. 4º ed.,New York:Pergamon Press, 1991.

ANGELIS, Derlene Attili. Introdução a toxicologia ambiental. Campinas: Centro Superior


de Educação Tecnológica da Unicamp - CESET – Saneamento Ambiental, [s.d].

ARIËNS, E.J.; LEHMANN,P.A.; SIMONIS,A.M. - Introduccion a la Toxicologia General


. Ed. Diana, México, 1978

BARBOSA, Maria de Fátima Pedrosa Pinto. CEST: Toxicologia ocupacional. Natal, 2005.

DEUS, Rosângela Barbosa. Noções básicas de toxicologia ocupacional. Ouro Preto:


Escola de Farmácia/UFOP, [s.d.].

ERNEST HOGGSON & PATRICIA E. LEVI - Introduction to Biochemical Toxicology


. 2º ed. Appleton & Lange Norwalk, Connecticut, 1992

FERNÍCOLA,N.A.G.G. - Nociones basicas de Toxicologia,


ECO/OPAS, México, 1985

Fletcher, R. H.; Fletcher, S.W.; Wagner, E.H. Epidemiologia clínica, bases


científicas da conduta médica. BR, Porto Alegre, Artes Médicas, 1989

Técnico em Segurança do Trabalho 50


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

FREDDY HAMBURGUER; JOHN A. HAYES; EDWARD W. PELIKAN - A guide to


general Toxicology., Karger Continuing Education series, V.5, 1983

Granda, E.; Breilh, J. Investigação da saúde na sociedade: guia pedagógico sobre


um novo enfoque do método epidemiológico. BR, SP, Cortez Ed, Instituto de Saúde/SP,
ABRASCO, 1989

GUERRA, M. S.; SAMPAIO, D. P. DE A. Receituário Agronômico. Editora Globo. Rio de


Janeiro, 1988. 436 p.

LIMA, A. F; RACCA FILHO, F. Dicionário de Pragas e Praguicidas; aspectos legais,


toxicológicos e recomendações técnicas. Edição dos Autores. Rio de Janeiro, 1987.
122p.
LARINI, L. – Toxicologia - 2ª Ed., Editora Manole, 1993.

MacMahon, B.; Pugh, T. F. Princípios y métodos de epidemiologia. México, La


Prensa Médica Mexicana, 1975

MARICONI, F. A. M. Inseticidas e seu emprego no combate às pragas; como uma


introdução sobre o estudo dos insetos. Tomo I, 3a edição. Editora Nobel. São
Paulo,1977. 305 p.

OGA, S. (Ed.) - Fundamentos de Toxicologia. Atheneu:São Paulo, 2a. edição, 2003

Organizacion Mundial Salud Preparacion de indicadores para vigilar los progressos


realizados em logro de La Salude para todos em El ano 2000. Genebra, OMS, 1981

Pereira, Maurício Gomes. Epidemiologia, teoria e prática. BR, Rio de Janeiro,


Guanabara Koogan, 2005

Técnico em Segurança do Trabalho 51


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Escola Estadual de Educação Profissional [EEEP] Ensino Médio Integrado à Educação Profissional

Rouquayrol, M.Z; Almeida Filho, N. Epidemiologia e Saúde. BR, Rio de Janeiro: MEDSI,
2003.

SALIBA, Tuffi Messias. Manual prático de avaliação e controle de gases e vapores –


PPRA. 2. ed. São Paulo: LTR, 2003.

TOXICOLOGIA OCUPACIONAL – TOXNET. Disponível em: <www.toxnet.com.br>.


Acesso em: 6 mar. 2009.

VENDRAME, Antônio Carlos. Agentes químicos: reconhecimento, avaliação e controle


na higiene ocupacional. São Paulo: Edição do Autor, 2007.

VERNALHA, M. M.; DA SILVA, R. P; GABARDO, J. C.; RODRIGUES DA COSTA, F. A.


Toxicologia dos inseticidas. Volume 7. Universidade Federal do Paraná, Setor de
Ciências Biológicas. Curitiba - PR, 1977. 55 p.

Técnico em Segurança do Trabalho 52


EPIDEMIOLOGIA E TOXICOLOGIA
Hino Nacional Hino do Estado do Ceará

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas Poesia de Thomaz Lopes


De um povo heróico o brado retumbante, Música de Alberto Nepomuceno
E o sol da liberdade, em raios fúlgidos, Terra do sol, do amor, terra da luz!
Brilhou no céu da pátria nesse instante. Soa o clarim que tua glória conta!
Terra, o teu nome a fama aos céus remonta
Se o penhor dessa igualdade Em clarão que seduz!
Conseguimos conquistar com braço forte, Nome que brilha esplêndido luzeiro
Em teu seio, ó liberdade, Nos fulvos braços de ouro do cruzeiro!
Desafia o nosso peito a própria morte!
Mudem-se em flor as pedras dos caminhos!
Ó Pátria amada, Chuvas de prata rolem das estrelas...
Idolatrada, E despertando, deslumbrada, ao vê-las
Salve! Salve! Ressoa a voz dos ninhos...
Há de florar nas rosas e nos cravos
Brasil, um sonho intenso, um raio vívido Rubros o sangue ardente dos escravos.
De amor e de esperança à terra desce, Seja teu verbo a voz do coração,
Se em teu formoso céu, risonho e límpido, Verbo de paz e amor do Sul ao Norte!
A imagem do Cruzeiro resplandece. Ruja teu peito em luta contra a morte,
Acordando a amplidão.
Gigante pela própria natureza, Peito que deu alívio a quem sofria
És belo, és forte, impávido colosso, E foi o sol iluminando o dia!
E o teu futuro espelha essa grandeza.
Tua jangada afoita enfune o pano!
Terra adorada, Vento feliz conduza a vela ousada!
Entre outras mil, Que importa que no seu barco seja um nada
És tu, Brasil, Na vastidão do oceano,
Ó Pátria amada! Se à proa vão heróis e marinheiros
Dos filhos deste solo és mãe gentil, E vão no peito corações guerreiros?
Pátria amada,Brasil!
Se, nós te amamos, em aventuras e mágoas!
Porque esse chão que embebe a água dos rios
Deitado eternamente em berço esplêndido, Há de florar em meses, nos estios
Ao som do mar e à luz do céu profundo, E bosques, pelas águas!
Fulguras, ó Brasil, florão da América, Selvas e rios, serras e florestas
Iluminado ao sol do Novo Mundo! Brotem no solo em rumorosas festas!
Abra-se ao vento o teu pendão natal
Do que a terra, mais garrida, Sobre as revoltas águas dos teus mares!
Teus risonhos, lindos campos têm mais flores; E desfraldado diga aos céus e aos mares
"Nossos bosques têm mais vida", A vitória imortal!
"Nossa vida" no teu seio "mais amores." Que foi de sangue, em guerras leais e francas,
E foi na paz da cor das hóstias brancas!
Ó Pátria amada,
Idolatrada,
Salve! Salve!

Brasil, de amor eterno seja símbolo


O lábaro que ostentas estrelado,
E diga o verde-louro dessa flâmula
- "Paz no futuro e glória no passado."

Mas, se ergues da justiça a clava forte,


Verás que um filho teu não foge à luta,
Nem teme, quem te adora, a própria morte.

Terra adorada,
Entre outras mil,
És tu, Brasil,
Ó Pátria amada!
Dos filhos deste solo és mãe gentil,
Pátria amada, Brasil!

Você também pode gostar