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CENTRO UNIVERSITÁRIO DA FUNDAÇÃO DE ENSINO OCTÁVIO BASTOS

UNIFEOB
2021

A Psicologia em intersecção com a


Justiça

Discente: Maria Beatriz da Silva Oliveira- 19002008


Docente: Danilo Ciconi de Oliveira
Módulo: 6º módulo
Disciplina: Psicologia Jurídica
I. TÍTULO
Intervenção do Psicólogo Jurídico no caso de Maeve, adolescente que
padece de negligência parental, do abandono afetivo e de suas implicações .

II. INTRODUÇÃO
A série “Sex Education”, Educação Sexual, original da Netflix, que se passa
na fronteira entre Inglaterra e o País de Gales, ou seja, no Reino Unido aborda de
forma central as descobertas, curiosidades e questionamentos referentes à
puberdade dos adolescentes do colégio Moordale Secondary School. Ao passo que,
simultaneamente, retrata as vivências pessoais de determinados estudantes e as
dificuldades que lhes acometem na vida de uma maneira realista.
Dessa forma, a vida de uma das personagens principais, Maeve Wiley, é
evidenciada na série para além das questões sobre sexualidade. Uma vez que, é
uma adolescente vítima de negligência parental, de ambos pais, e de abandono
afetivo, pois é filha de uma mãe viciada, irmã de um homem em conflito com a lei e
o paradeiro de seu pai nem é sequer mencionado.
A personagem representa a realidade de crianças e adolescentes do mundo
todo e expõe a necessidade de uma solicitação interventiva de um psicólogo jurídico
em conjunto com uma equipe multidisciplinar, acionada pela escola ou pelos pais de
seus colegas, para que seja assistida judicialmente, pois possui apenas 16 anos.
Por conta do abandono afetivo e da negligência de sua mãe, teve de
trabalhar para se sustentar e vive, a maior parte de sua vida, sozinha lidando com
suas próprias questões familiares e existenciais. No entanto, apesar de todas as
adversidades, é uma excelente estudante que vende trabalhos escolares para
manter-se economicamente e que alcança êxito escolar conseguindo uma bolsa de
estudos nos Estados Unidos (EUA) no final da última temporada.
Com isso, o presente relatório visa fazer uma intersecção entre Psicologia e
Justiça por meio de uma retratação simulando um chamado para que, enquanto
profissional formada de Psicologia, atue no caso de Maeve como Psicóloga Jurídica.
III. DESENVOLVIMENTO
Maeve Wiley, 16 anos, estudante do colégio Moordale Secondary School, do
Reino Unido, é filha de Erin Wiley, uma dependente química que abandonou-a
juntamente com seu irmão quando era criança fazendo com que ambos fossem
vítimas de abandono afetivo e negligência parental.
Sean, irmão de Maeve, envolve-se frequentemente em confusão com a
justiça o que lhe leva à prisão, que é onde encontra-se atualmente, fazendo com
que ela tenha de criar-se totalmente sozinha sendo sua própria responsável. Maeve,
tem uma irmã pequena por parte de mãe. No colégio é caracterizada como uma
adolescente malvada e rebelde, mas ninguém a enxerga como a vítima de sua
própria realidade que ela é, sofrendo de negligência também das pessoas que
fazem parte de seu convívio ante sua realidade.
Para tanto, fui chamada para avaliar e intervir no caso da alienação parental
de Maeve como Psicóloga Jurídica atuando como perita e promovendo sua
avaliação psicológica. Vale destacar que o psicólogo jurídico na alienação parental
também pode atuar executando o acompanhamento psicológico ou ainda a
mediação.
O abandono afetivo materno de Maeve se caracteriza pelo fato de sua mãe,
sua responsável legal, não cumprir seu dever que é cuidar dela e criá-la. E ao fazer
isso, acarreta, como consequência a negligência, pois é omissa quanto ao dever
geral do que abarca o ato de cuidar e pode, com isso, responder judicialmente por
ter causado danos morais a ela e seus irmãos.
O primeiro passo, enquanto perita judicial, que devo realizar é promover uma
avaliação psicológica onde irei coletar dados, estudarei seu caso, suas questões
biopsicossociais, culturais e emocionais para interpretar as informações a respeito
dos seus fenômenos psicológicos, provenientes de sua relação com a sociedade em
que vive, pois só então terei subsídio para redigir o laudo técnico de Maeve, minha
cliente.
Em seu laudo psicológico irei documentar o que ela está vivendo neste
momento, questões internas e externas, descrevendo as análises que irei coletar
durante o processo de diagnósticos obtidas através da aplicação de testes como o
da Bateria Fatorial de Personalidade (BFP), que utilizarei para avaliar sua
personalidade a partir do modelo dos Cinco Grandes Fatores (CGF) e dos
resultados obtidos do Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, que usarei para
avaliar os aspectos de natureza afetivo-emocionais de sua personalidade para
entender os traumas que o abandono, a negligência e a ambivalência de sua mãe
acarretam. Sucessivamente farei a análise documental, vou realizar entrevistas com
seus amigos próximos, com sua mãe que apareceu novamente, com os membros
institucionais de sua escola e as demais pessoas de seu convívio. E, por fim, irei
anotar no laudo as observações sistemáticas atreladas ao contexto que ela vive.
Para estruturar legalmente esse laudo farei uso do Manual de Elaboração de
Documentos Decorrentes de Avaliações Psicológicas, Nº 007/2003 do Conselho
Federal de Psicologia – CFP, que está presente em diversos países, inclusive no
Reino Unido.
Ele descreve os passos que devo seguir, o primeiro é a minha Identificação,
pois, enquanto perita, devo apresentar minha qualificação, o modo interventivo que
irei realizar, número do processo, nome das partes, depois irei promover a descrição
da demanda, narrando as problemáticas do caso de Maeve, os motivos, as razões e
as expectativas que tenho ao produzir esse laudo, de forma que justifique o
procedimento adotado. Logo depois, vem o item Finalidade, que encontra-se depois
do sumário, em que descrevo brevemente o porquê do laudo.
Em seguida, apresentarei o procedimento utilizado, ou seja, os instrumentos
para atingir os pontos salientados na Descrição da Demanda, sendo eles os testes
psicológicos apontados acima, com a finalidade de compreender Maeve para
melhor solucionar suas necessidades, traumas e desejos. Sucedendo-a farei a
Análise, em que irei descrever metodológica e objetivamente os dados colhidos, as
situações vividas por ela, a demanda que a complexidade do caso possui por meio
de um olhar singular, atento e de uma escuta ativa e uma assistência acolhedora e
humanizada.
E no item da Conclusão irei expor os resultados obtidos e as considerações a
respeito da minha investigação por meio das referências que assistiram ao meu
trabalho, e então encerrarei o laudo colocando a minha assinatura e as informações
referentes a data e ao município. Vale ressaltar que o trabalho do perito judicial não
realiza-se sozinho, é promovido junto de uma equipe multidisciplinar atenta e
acolhedora capaz de motivar-se e auxiliar-se mutuamente.
Por fim, irei escutar Maeve ativamente, analisarei seus anseios, medos,
traumas, sentimentos, emoções a fim de acolhê-la, solucionar e suprir suas
necessidades para que ao encaminhá-la ao judiciário ela esteja ciente do processo
e do que irá acontecer.

IV. CONCLUSÃO
Assim sendo, enquanto psicóloga jurídica no âmbito da perícia irei planejar e
executar políticas de cidadania e de Direitos Humanos, prevenir da violência física e
psíquica e fornecer subsídios ao processo judicial de Maeve. A fim de solucionar
suas questões acerca do abandono, principalmente, maternal, de negligência e de
manipulação que sua mãe exerce sobre si quando aparece, com o intuito de tirar-lhe
dinheiro.
E por meio da avaliação psicológica e da estruturação do laudo objetivo
compreender sua realidade, o contexto em que vive, a sua interrelação com os
demais e consigo mesma e a forma como essencialmente enxerga-se, ou seja,
como vivência suas experimentações na vida, por meio dos resultados obtidos
pelos testes. E juntamente com a equipe multidisciplinar objetivo causar menos
impactos e encaminhá-la a profissionais que visam abordar os seus sentimentos,
desejos, medos, emoções reprimidos para que sejam externalizados.

V. BIBLIOGRAFIA

MASSIMINA, Luzia. Avaliação Psicológica no Contexto Forense: tudo que você


precisa saber. Editorial DALMASS, 1 de outubro de 2020. Disponível em:
https://dalmass.com/avaliacao-psicologica-o-contexto-forense-tudo-que-voce-
precisa/. Acesso em: 21 de novembro de 2021.

RUI, Juliano. Perícia judicial de psicologia e como elaborar laudo psicológico.


Roteiro de Perícias, 17 de julho de 2021. Disponível em:
https://roteirodepericias.com.br/2019/07/17/pericia-judicial-de-psicologia-e-como-
elaborar-laudo-psicologico/. Acesso em: 21 de novembro de 2021.

ACS. Abandono afetivo. Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios,


2018. Disponível em: https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-
produtos/direito-facil/edicao-semanal/abandono-afetivo. Acesso em: 21 de outubro
de 2021.

FONSECA, Hivana Raelcia Rosa; FERREIRA, Maria D'Alva Macedo. Cuidados


parentais hipossuficientes versus negligência parental: discussões e
proposições teóricas. Revista Família, Ciclos de Vida e Saúde no Contexto Social,
vol. 7, núm. 4, pp. 534-541, 2019. Universidade Federal do Triângulo Mineiro.
Disponível em: https://www.redalyc.org/journal/4979/497962778021/html/. Acesso
em: 21 de outubro de 2021.

CHEFER, Beatriz de Souza; RADUY, Flora Duarte Raymundo; MEHL, Thais Ghisi.
A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JURÍDICO NO CONTEXTO DA
ALIENAÇÃO PARENTAL. Revista Orbis Latina, vol.6, nº2, Foz do Iguaçu/ PR
(Brasil), Julho-Dezembro de 2016. ISSN: 2237-6976 Disponível no website
https://revistas.unila.edu.br/index.php/orbis e ou
https://sites.google.com/site/orbislatina/. Acesso em: 21 de outubro de 2021.

VI. ANEXOS

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