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AOCP – 2016 - Professor do Ensino básico/Engenharia Civil IFBA

Pergunta:
Sabendo da importância e da grande utilização do concreto na construção civil, discorra acerca da
definição de concreto; das principais propriedades do concreto no estado fresco, tendo em vista a
qualidade do concreto no estado endurecido e suas principais características; das propriedades do
concreto no estado endurecido e suas principais características. Além disso, aborde os principais fatores
que afetam a resistência do concreto em ambos os estados.

Resposta ESPELHO:
O concreto é um material de construção heterogêneo resultante da mistura de um aglomerante hidráulico
(cimento Portland, embora possam ser empregados outros tipos de cimento), materiais inertes (agregados,
classificados conforme sua granulometria), água e uso de aditivos. A trabalhabilidade é a propriedade do
concreto no estado fresco que identifica sua maior ou menor aptidão para ser empregado com determinada
finalidade, sem perda de homogeneidade. Os principais fatores que afetam a trabalhabilidade são a
consistência, traço, granulometria dos agregados, utilização de aditivos, a adição de água (fator a/c). É
medida pelo ensaio de abatimento do tronco de Cone (Slump Test), ensaio de escorregamento (Flow test) ou
mesa de Graff. Outra propriedade do estado fresco é a exsudação, que é a tendência da água de
amassamento de vir à superfície do concreto recém-lançado (devido a sua densidade ser menor que a dos
agregados e a do cimento). A parte superior do concreto torna-se excessivamente úmida, tendendo a
produzir um concreto poroso e menos resistente, que, além disso, poderá estar sujeito à desintegração pela
percolação da água; e a segregação que é a tendência dos agregados graúdos se separarem da argamassa,
deixando o concreto não homogêneo e reduzindo sua resistência mecânica. Quando o concreto já se
apresenta no seu estado endurecido, suas principais propriedades passam a ser a resistência aos esforços
mecânicos, permeabilidade e absorção, as deformações e seu módulo de elasticidade. A resistência (tração
e compressão) pode ser afetada pela relação água/cimento, pela idade do concreto, sua forma e
granulometria dos agregados, o tipo de cimento utilizado, o formato e a dimensão dos corpos de prova, a
velocidade de aplicação da carga de ensaio, a duração da carga e a retração. O concreto é um material
permeável por sua própria constituição, pois não é possível preencher em sua totalidade os vazios do
agregado com uma pasta de cimento. O processo de “cura do concreto”, no qual ocorrem as reações
químicas de hidratação do cimento na mistura do concreto é de extrema importância e alguns cuidados
devem ser tomados, pois falhas nesse processo comprometerão a qualidade final do concreto, ou seja,
ocasionarão a perda de resistência. Para a realização de ensaio de resistência à compressão, os corpos de
prova de concreto devem ser armazenados em uma câmara úmida ou similar. As deformações apresentam-
se no seu interior, nos poros capilares tomados em parte por água e em parte por ar. Quando os poros estão
parcialmente cheios d'água em virtude das dimensões muito pequenas dos poros, aparecem tensões
capilares, que atribuem ao concreto algumas propriedades de deformações diferentes, como a retração e a
deformação devido à variação da umidade e da temperatura ambiente. O módulo de elasticidade é dado
pela relação tensão/deformação. Assim sendo, será um valor bastante variável, dependendo da sua
dosagem, da sua densidade, da sua idade e do valor da tensão.

Pergunta:
As vigas de concreto são armadas principalmente por armaduras longitudinais, projetadas para resistir à
flexão, e por armaduras transversais, que resistem às forças cisalhantes às quais a peça é submetida. No
entanto há outros tipos de armaduras utilizadas em situações especiais. Discorra sobre as definições e as
particularidades das armaduras para torção, armaduras de pele, armaduras de suspensão e armaduras de
ligação mesa-alma ou talão-alma, de acordo com o descrito na ABNT NBR 6118:2014 – Projeto de
estruturas de concreto – Procedimento.
Resposta ESPELHO:
A armadura para torção é destinada a resistir aos esforços de tração provocados por torção, deve ser
constituída por estribos normais ao eixo da viga, combinados com barras longitudinais paralelas ao mesmo
eixo e deve ser projetada como um elemento linear sujeito à torção. Os estribos para torção devem ser
fechados em todo o seu contorno, envolvendo as barras das armaduras longitudinais de tração e com as
extremidades adequadamente ancoradas por meio de ganchos em ângulo de 45°. Devem obedecer a
prescrições da norma relativas ao diâmetro das barras que formam o estribo e o espaçamento longitudinal
deste. As barras longitudinais da armadura de torção podem ter arranjo distribuído ou concentrado ao longo
do perímetro interno dos estribos, espaçadas no máximo em 350 mm. As seções poligonais devem conter,
em cada vértice dos estribos de torção, pelo menos uma barra.
A armadura de pele é destinada a minimizar a fissuração por tração de um elemento estrutural. Em vigas
com altura igual ou inferior a 60 cm, pode ser dispensada a utilização da armadura de pele. Ela deve ser
disposta de modo que o afastamento entre as barras não ultrapasse d/3 e 20 cm, em que d é a altura útil da
viga. As armaduras principais de tração e de compressão não podem ser computadas no cálculo da
armadura de pele.
As armaduras de Suspensão são armaduras destinadas às proximidades de onde há cargas concentradas
transmitidas à viga por outras vigas ou elementos discretos que nela se apoiem ao longo ou em parte de sua
altura, ou fiquem nela pendurados.
Por fim, armaduras de ligação mesa-alma ou talão-alma são armaduras necessárias para resistir às trações
decorrentes dos efeitos tangenciais nos planos de ligação entre mesas e almas, ou talões, causadas pela
variação de tensões normais ao longo do comprimento da viga. As armaduras de flexão da laje, existentes
no plano de ligação, podem ser consideradas parte da armadura de ligação, quando devidamente
ancoradas, complementando-se a diferença entre ambas, se necessário. A seção transversal mínima dessa
armadura, estendendo-se por toda a largura útil e adequadamente ancorada, deve ser de 1,5 cm² por metro

Pergunta:
Em um projeto geométrico de estradas, é necessário calcular e observar uma série de fatores mínimos e
máximos para sua realização. Um dos tópicos do projeto geométrico é a superelevação, existente em
curvas horizontais. Com base no exposto, responda o que é a superelevação, diferenciando e explicando
os três principais giros que a superelevação pode ter em uma curva horizontal (giro ao redor do eixo, giro
em torno do bordo interno e giro em torno do bordo externo), apresentando as vantagens e quando pode
ser utilizado cada giro, para rodovias de pista simples.

Resposta ESPELHO:
Denomina-se superelevação a inclinação transversal da pista na curva horizontal, feita com o objetivo de
criar uma componente do peso do veículo na direção do centro da curva que, somada à força de atrito,
produzirá a força centrípeta necessária para combater a força centrífuga gerada ao veículo entrar em uma
curva. Dá-se o nome também para superelevação, em um ponto da curva, ao valor da tangente do ângulo
formado pela reta de maior declive da seção com o plano horizontal. Usualmente a superelevação é
expressa em percentagem. Para obter a seção superelevada, deve-se girar cada faixa de tráfego ao redor de
um ponto fixo. Conforme o ponto da pista que é adotado como fixo, tem-se três maneiras de distribuir a
superelevação ao longo da curva: giro ao redor do eixo, giro ao redor da borda interna e giro ao redor da
borda externa. Normalmente, o eixo de rotação utilizado para implantação da superelevação coincidirá com
o eixo (linha de centro) da rodovia. Esse caso é chamado de giro ao redor do eixo. Nesse caso a borda
externa sobe, a borda interna desce e o eixo fica fixo em relação ao perfil de referência (linha de centro).
Essa solução resulta em menores variações altimétricas dos bordos e, consequentemente, em menores
diferenças entre rampas do eixo e dos bordos na transição da superelevação. Há casos, entretanto, em que é
mais vantajoso utilizar um dos bordos como eixo de rotação. No caso do giro ao redor da borda interna, a
borda interna, que é o ponto mais baixo, permanece fixa, o eixo sobe e a borda externa sobe mais ainda em
relação ao perfil de referência. A vantagem dessa distribuição é que nenhum ponto da pista desce em
relação ao perfil de referência e pode ser recomendável o uso do bordo interno nos seguintes casos: por
motivos de melhoria das condições de drenagem superficial; para aproveitar uma superfície de revestimento
primário, já consolidada pelo tráfego, deseja-se impedir cortes da superfície; o uso do solo adjacente
desaconselha a redução das cotas do bordo interno; após longa tangente em nível, deseja-se realçar o início
de uma curva, gerando uma boa condição estética, sendo a superelevação mais visível, o que dá maior
confiança ao motorista. No caso do giro ao redor da borda externa, a borda externa, que é o ponto mais
alto, permanece fixa e os outros pontos descem. Apesar de ser o pior processo quanto à drenagem, é o que
melhor se presta para ramos de interacesso em entroncamentos. Ainda pode ser recomendável quando: o
uso do solo adjacente desaconselha a elevação das cotas do bordo externo; uma forte rampa de bordo pode
ser esteticamente desaconselhável, principalmente se iniciar em uma estrutura de ponte ou viaduto. A
rampa resultante no bordo interno é menos perceptível para o motorista.
CESPE – 2016 – PC/PE

Pergunta:
Fissuras, devido a sua recorrência e a sua criticidade, figuram como as mais preocupantes
patologias apresentadas pelas estruturas de concreto armado. As tensões que atuam sobre o concreto
e que resultam no aparecimento das fissuras podem ser classificadas como originadas da distribuição das
cargas ou dos esforços espontâneos. Sob essa perspectiva, o trabalho do engenheiro civil perito consiste
na capacidade de identificar o tipo de fissura e, a partir daí, inferir sobre prováveis causas das rachaduras
e sugerir adequadas ações preventivas e corretivas.
Tendo o texto acima como referência inicial, elabore um texto dissertativo acerca das fissuras em
concreto armado.
Em seu texto, aborde os seguintes aspectos:

1. fatores que causam o aparecimento de fissuras; [valor: 7,00 pontos]

2. causas e características dos tipos de fissuras existentes em estruturas de concreto armado provocadas
por distribuição de cargas; [valor: 6,00 pontos]

3. esforços espontâneos. [valor: 6,00 pontos]

Resposta ESPELHO:
As fissuras mais comuns são originadas por falhas de projeto — por exemplo: recobrimento inadequado da
armadura, taxa excessiva de armadura, ausência ou localização de juntas de dilatação, recalques
diferenciais de fundação, sobrecargas não previstas etc. — ; por qualidade inadequada dos materiais; ou,
ainda, por falhas de execução da obra — tais como: retardamento do corte, falta de homogeneização do
concreto, falhas no adensamento, retração por secagem devido à ausência ou à má execução de cura etc. As
fissuras em concreto armado são provocadas pela distribuição de cargas superiores à resistência do concreto
ou pelos chamados esforços espontâneos, que provocam variação nas dimensões dos elementos. Entre as
fissuras provocadas pela distribuição de cargas, destacam-se as seguintes:

(1) as provocadas por esforços de compressão: são fissuras paralelas à direção do esforço;
(2) as provocadas por esforços de tração: são fissuras perpendiculares à direção do esforço;
(3) as provocadas por esforços de flexão: possuem traçado vertical e são mais frequentes na parte inferior de
vigas; também podem ser combinadas a esforços cortantes e ser encontradas próximas aos apoios com
ângulo de 45°;
(4) as provocadas por esforços cortantes: são fissuras de formato inclinado;
(5) as provocadas por esforços de torção: são fissuras que se desenvolvem em sentidos opostos a uma
direção da peça, ao longo do perímetro desta.

Com relação às fissuras provocadas por esforços espontâneos, destacam-se as seguintes:


 as que podem ser provocadas por retração hidráulica são consequência da evaporação da água; e
podem ser anteriores à pega (as podem ser distribuídas aleatoriamente em peças sem direções
preferenciais ou paralelamente a uma direção preferencial) ou posteriores à pega (quando o
movimento da peça está impedido)
 as provocadas por variação térmica: são fissuras derivadas da contração ou da dilatação da peça;
 as provocadas por expansão: são provenientes do excesso de expansor adicionado ao concreto ou
da oxidação da armadura (fissuras paralelas à armadura).
Resposta FERNANDA RAY E LADDYLA:
Os fatores que causam o aparecimento de fissuras podem ter sua origem por erros ou falhas na fase
de projetos, na fase de execução, ou ainda na fase de utilização. Os primeiros podem ser oriundos de
levantamento inadequado de cargas; peças mal dimensionadas, com seções inadequadas; falha no
detalhamento da armadura; especificação de cobrimento inadequado à exposição da estrutura, dentre
outros aspectos. No segundo caso, pode-se citar retração, assentamento plástico, movimentação de forma e
escoramento, exsudação, segregação, excesso de vibração, formas sem estanqueidade, entre outros. Por
último, as fissuras ligadas à utilização podem estar relacionadas a sobrecargas não previstas,
movimentações térmicas e ação de agentes agressivos sobre a estrutura.

As fissuras em estruturas de concreto provocadas por distribuição de carga tem seu o seu
comportamento descrito conforme o tipo de solicitação: esforços de compressão originam fissuras paralelas
à direção da solicitação, podendo levar ao esmagamento do concreto; esforços de tração, causam fissuras
perpendiculares ao esforço; esforços de flexão levam ao surgimento de fissuras perpendiculares ao esforço
na região tracionada da estrutura, e paralelas à solicitação na região de compressão; esforços de torção
provocam fissuras que contornam o perímetro da peça, ao longo do seu comprimento; esforços cisalhantes
originam fissuras em diagonal, normalmente próximas ao apoio; esforços de puncionamento geram fissuras
semelhantes às de cisalhamento, partindo do ponto de aplicação do esforço concentrado, formando uma
região de fissuras em formato de tronco de cone.

As fissuras originadas por ação de esforços espontâneos, a exemplo da retração hidráulica, retração
térmica e ação de agentes agressivos, como reação álcali-agregado, apresentam-se de forma distribuída
sobre a estrutura com padrão geográfico. As fissuras resultantes de oxidação da armadura, desenvolvem-se
pela expansão do aço em contato com CO2 e íons cloreto, localizando-se junto à armadura e promovendo a
perda de aderência do concreto com o aço, podendo levar, em algumas situações à desagregação do
concreto.
AOCP – 2013 – TEC/PA

Pergunta:
A elaboração do projeto de arquitetura de um empreendimento compreende fases que se caracterizam
como blocos sucessivos de coleta de informações, desenvolvimento de estudos/serviços técnicos e
emissão de produtos finais. Descreva quais são as fases de projeto arquitetônico e o que constitui cada
uma delas. 

Resposta ESPELHO:
As fases para elaboração do projeto de arquitetura, segundo a NBR 6492:1994, são: Estudo Preliminar,
Anteprojeto e Projeto Executivo.
O Estudo Preliminar é constituído do estudo de viabilidade e do partido arquitetônico a ser adotado, sendo
submetido à apreciação e aprovação preliminar do cliente. Devem ser apresentados nesta fase a planta de
situação, plantas, cortes, fachadas e um memorial justificativo.
No Anteprojeto é definido o partido arquitetônico e os elementos construtivos, considerando os projetos
complementares. Nesta etapa, o projeto deve receber a aprovação final do cliente e dos órgãos
oficiais.  Devem ser apresentados nesta fase a planta de situação, planta de locação, plantas, cortes,
fachadas, memorial com detalhes construtivos, discriminação técnica e lista preliminar de materiais. 
O Projeto Executivo deve apresentar, de forma clara e organizada, todas as informações necessárias à
execução da obra e todos os serviços inerentes. Devem ser apresentados nesta fase a planta de locação,
plantas, cortes, fachadas, detalhamento, discriminação técnica, especificações e lista de materiais. 

Pergunta:
Descreva, sucintamente, os cuidados que você tomaria na execução protensão em estrutura de concreto
protendido sem aderência, considerando as prescrições da norma ABNT NBR 14931 (Execução de
estruturas de concreto – Procedimento), abordando, necessariamente, os seguintes aspectos:
 Cuidados antes, durante e após a concretagem.
 Cuidados durante a operação de protensão.

Resposta ESPELHO:
Antes da concretagem, inspecionar todos os cabos e seus suportes para se detectar eventuais defeitos.
Durante a concretagem: o concreto deve possuir trabalhabilidade e diâmetro máximo do agregado
compatíveis com o espaçamento dos cabos, ancoragens de armaduras passivas. A equipe deve ter
conhecimento das posições onde devem ser introduzidos os vibradores, para que estes não danifiquem os
cabos. O diâmetro dos vibradores deve ser compatível com os espaçamentos entre cabos e a fôrma.
Após a concretagem, proteger as extremidades dos cabos para evitar sua deterioração, não permitir
dobramentos com curvaturas excessivas e pontos angulosos. Durante a operação de protensão: Verificar se
a sequência de protensão dos cabos está de acordo com o previsto no plano de protensão. Instalar os
macacos de protensão, perfeitamente ajustados na superfície de apoio da ancoragem, a fim de evitar o
tensionamento desigual dos elementos componentes do cabo. Marcar todas as cordoalhas junto às
ancoragens ativas e passivas, a fim de detectar eventuais deslizamentos diferenciais. A pressão nos
equipamentos deve ter aplicação progressiva, sem a necessidade de paradas.
AOCP – 2014 – MPE/BA

Pergunta:
Para uma estrutura de concreto armado, descreva os conceitos para dimensionamento de seções
retangulares sob flexão pura, abordando exclusivamente os seguintes itens:
 Hipóteses básicas;
 Distribuição de tensões no concreto (Diagrama retangular de tensões);
 Domínios de deformação possíveis na flexão e a sua forma de ruína.  

Resposta ESPELHO:
Para dimensionamento de seções retangulares sob flexão pura, admite-se como hipóteses básicas que: 
1. as seções transversais da seção permanecem planas até o estado limite último e as deformações
são proporcionais à distância da linha neutra da seção;
2. existe perfeita aderência entre o concreto e as armaduras;
3. a resistência à tração do concreto é desprezada.
A distribuição de tensões no concreto é baseada no diagrama tensão x deformação do concreto, e admite-se
que a distribuição de tensões do concreto seja determinada de acordo com o diagrama retangular, onde a
largura é fixada em função da tensão máxima do concreto como 0,85.fcd, e altura como 0,80 vezes a
profundidade da linha neutra.
Na flexão, a posição da linha neutra deve estar entre 0 e a altura útil da seção (d) e os Domínios de
deformações possíveis são o 2, 3 e o 4.
No Domínio 2, a ruína se dá por deformação plástica excessiva do aço, com alongamento de 1%, e o
concreto não alcança a ruptura.
No Domínio 3, a ruína se dá por ruptura do concreto, com encurtamento de 0,35%, e o aço está em
escoamento. Essa situação caracteriza uma seção subarmada.
No Domínio 4 a ruína se dá por ruptura do concreto, com encurtamento de 0,35%, e o aço não atingiu o
escoamento. Essa situação caracteriza uma seção superarmada.

Resposta FERNANDA RAY E LADDYLA:


- Material homogêneo e isotrópico;
- Considerar a hipótese de Bernoulli, em que as seções permanecem planas para qualquer deformação;
- Aderência perfeita entre o concreto e o aço;
- O concreto não apresenta resistência à tração;

Distribuição de tensões no concreto (Diagrama retangular de tensões):


O concreto quando solicitado à flexão pura e levado à beira da ruína apresenta um comportamento de
parábola retângulo, em que em seu trecho de comportamento elástico o diagrama é parabólico, e em seu
trecho plástico, é retilíneo, com deformações variando entre 0,2 % e 0,35 %. De maneira a simplificar o
modelo de cálculo, aproxima-se o diagrama parábola retângulo para um diagrama retangular, em que a
altura do diagrama corresponde a 0,8 da altura do diagrama parábola retângulo, mas com mesma
intensidade de tensões.
O diagrama parábola retângulo na seção da viga age a partir da linha neutra até o topo da seção
comprimida, em que, no topo da seção comprimida, a deformação no concreto é máxima.
Após a simplificação, o diagrama retangular age do topo à uma distância de 0,8 x LN na seção comprimida.
Domínios de deformação possíveis na flexão e a sua forma de ruína:
Os domínios de deformação possíveis na flexão pura são os domínios 2 3 e 4, uma vez que na seção
transversal há uma região comprimida e outra tracionada.
No domínio 2, o aço está com sua deformação limite enquanto que o concreto não apresenta tal
deformação e não está em solicitação limite/resistência limite, configurando uma ruína dúctil, que se dá por
meio da ruptura do aço.
No domínio 3, observamos que o concreto apresenta sua deformação máxima, enquanto que o aço
apresenta uma deformação maior que a deformação de escoamento, ou seja, na ruptura tanto o concreto
quanto o aço irão romper simultaneamente, apresentando características de ruptura simultânea.
No domínio 4, o concreto apresenta deformação máxima, o que não se verifica com o aço, o qual apresenta
deformação menor do que a deformação de escoamento, implicando em um comportamento elástico. A
ruína para este caso se dá de forma frágil, pela ruptura/ruína do concreto.
AOCP – 2018 – ITEP/RN

Pergunta:
Em função de uma decisão judicial, a execução de uma obra ficou paralisada por um período de 40 dias.
Ao retomar as atividades, observou-se a presença de processo de oxidação nas armaduras de arranque de
pilares.
Em relação às armaduras de arranque, aponte quais medidas são adequadas antes da retomada da
concretagem dos pilares. Cite também procedimentos que poderiam ter sido realizados para a proteção
das armaduras de arranque antes da paralisação da obra.
 
Resposta ESPELHO:
Armaduras que apresentem produtos destacáveis na sua superfície em função de processo de corrosão
devem passar por limpeza superficial antes do lançamento do concreto. Após a limpeza deve ser feita uma
avaliação das condições da armadura, em especial de eventuais reduções de seção. As recomendações
normativas dizem que armaduras levemente oxidadas por exposição ao tempo em ambientes de
agressividade fraca à moderada, por períodos de até três meses, sem redução de seção, podem ser
empregadas em estruturas de concreto. Caso a armadura apresente nível de oxidação que implique na
redução da seção, deve ser feita uma limpeza enérgica e posterior avaliação das condições de utilização, de
acordo com as normas de especificação do produto. Antes da paralisação da obra, a proteção das
armaduras de arranque poderia ter sido facilmente realizada por meio de pintura de nata de cimento sobre
a armadura, ou, alternativamente, poderiam ser aplicadas pinturas especiais desenvolvidas para a proteção
contra a oxidação de barras de aço.

Pergunta:
Em um certo município, no meio urbano, verificou-se que, para certas vazões em períodos de chuvas,
ocorre o transbordamento do canal natural de um dos rios. Foi solicitado a um engenheiro que ele
argumentasse quanto às possíveis adequações do canal para combater o processo de transbordamento.
Disserte, brevemente, sobre como a utilização de dragagem, a alteração de revestimento e a retificação
do canal podem contribuir para o aumento da capacidade de escoamento do canal.

Resposta ESPELHO:
A dragagem pode ser feita de maneira a eliminar os depósitos de fundo e das margens, aumentando assim a
área transversal da seção do canal. Esse aumento de área da seção contribui para o aumento da capacidade
do volume de escoamento. Já a alteração do revestimento pode ser para um revestimento com menor
rugosidade que o revestimento natural do canal, como a utilização de revestimento de concreto, o que
resulta em maior capacidade de vazão, ou menores alturas de vazão para um dado escoamento. Com
relação à retificação, esta pode permitir o aumento da declividade do canal com consequente aumento da
capacidade de escoamento e reduções de perdas de energia de escoamento devidas às irregularidades do
canal. Normalmente, a retificação deve ser seguida por revestimento ou consolidação das margens.
AOCP – 2013 – Analista em Ciência e Tecnologia Junior I – Engenharia Casa Rui Barbosa

Pergunta:
Um Engenheiro Civil de uma entidade pública foi convocado pela administração central para verificar
alguns problemas que estavam acontecendo no prédio do citado órgão. Durante a visita, foram
discorridas as seguintes situações para o Engenheiro:
1. Os banheiros apresentam mau cheiro, por mais bem limpos que sejam;
2. A vizinha de um dos lados do prédio reclama constantemente de um problema de infiltração em
suas paredes que fazem divisa com o terreno do prédio. Sabe-se que a edificação vizinha fica a
uma cota de dois metros abaixo, sabe-se, também, que nesta divisa não existe edificações e sim
um corredor para passagem de veículos com o piso em Paver e sem cobertura;
3. Há uma rachadura em uma das paredes do prédio, saindo do rodapé e subindo com ângulo de
aproximadamente 45o.
Discorra abaixo sobre quais devem ser as principais causas dos problemas apresentados pelo
administrador e as soluções técnicas para as mesmas.

Resposta ESPELHO:
Conforme enunciado da questão, existem três itens a seres analisados quanto as principais causas e as
soluções técnicas para os problemas apresentados: Assim sendo, tem-se:
Item 01 – Mau cheiro nos banheiros:
Principais causas do problema: Em casos de mau cheiro em banheiros em que a limpeza está descartada
como causa o problema se concentra geralmente nos ralos sifonados, que podem estar sem um nível mínimo
de água para a sifonagem funcionar ou problema com o dispositivo, pode-se citar também um mau
funcionamento do sistema de ventilação.
Soluções Técnicas: Colocar um pouco de água nos ralos para verificar o funcionamento do sistema de
sifonagem, em caso negativo, a substituição do dispositivo e verificação do sistema de ventilação dos ramais
de esgoto com possíveis desobstruções ou adequação do sistema.
Item 02 – Infiltração nas paredes da vizinha:
Principais causas do problema: Conforme enunciado a edificação vizinha está em cota mais baixa fazendo
divisa com um corredor de passagem de veículos, assim sendo, com certeza, ocorre um problema de
infiltração através do paver afetando as paredes vizinhas, que possivelmente não devem estar devidamente
impermeabilizadas.
Soluções Técnicas: Escavar o corredor da passagem dos veículos, com os devidos escoramento necessários,
até cota mais baixa que o problema de infiltração, verificar o estado do muro de contenção e efetuar a
impermeabilização com as técnicas usuais, rebocando com argamassa contendo aditivos
impermeabilizantes e executando impermeabilização com produtos a base de petróleo. Pode-se usar
também estacas drenantes para atenuar o efeito da água na parede vizinha.
Item 03 – Rachadura a 45°:
Principais causas do problema: Recalque diferenciado nas fundações da edificação, por consolidação
distintas do aterro carregado, ou por fundações assentadas sobre seções de corte e aterro, ou por falta de
homogeneidade do solo, ou por rebaixamento do lençol freático, por exemplo.
Soluções Técnicas: Após verificação detalhada das causas apontadas no item anterior, deve-se reforçar a
fundação com o uso de estaca raiz, por exemplo, alterar o nível do lençol freático e, após o devido bloqueio
da causa do problema, efetuar o reparo nas paredes como por exemplo substituir os blocos fissurados,
introdução de armadura vertical e grauteamento dos furos e obturação da junta com argamassa de traço
1:1:6 ou 1:2:9.
Resposta FERNANDA RAY E LADDYLA:
Acerca da presença de mau cheiro, por mais bem limpos que sejam os banheiros, levanta-se a hipótese de
duas causas principais: ausência de desconector ou mal funcionamento do seu fecho hídrico; ou ainda
ausência de ventilação na instalação de esgotamento sanitário, seja ela primária ou secundária.
Para a hipótese de ausência de desconector ou mal funcionamento do fecho hídrico recomenda-se empregar
na instalação hidrossanitária, dispositivos dotados de desconectores, a exemplo do sifão, para pias e
lavatórios; e ralo sifonado; que possuam fecho hídrico com altura de lâmina d’água de pelo menos 5 cm, de
modo a evitar o retorno de gases provenientes da tubulação primária de esgoto para o ambiente sanitário.
Para a hipótese de ausência de ventilação, deve-se dispor de sistema de ventilação, de modo a garantir a
saída dos gases da tubulação de esgoto primária, bem como a manutenção da pressão adequada no interior
da rede, de modo a evitar o surgimento de zonas de pressão negativa, que podem prejudicar o bom
funcionamento do fecho hídrico.
Com relação ao problema de infiltração de águas na parede da edificação vizinha ao prédio, supõe-se que
sua ocorrência esteja ligada à infiltração de águas pluviais incidentes sobre o trecho de corredor para
passagem de veículos, cujo pavimento, tipo Paver, sem cobertura, permite a livre infiltração de água no
terreno. A permeabilidade do solo da região pode permitir a ocorrência de um fluxo de água bidirecional,
atingindo a parede de divisa.
A solução técnica a ser empregada nessa patologia, seria (impermeabilização da parede de divisa) a
implantação de um sistema de coleta e direcionamento de águas pluviais no corredor de passagem de
veículos, composto de adequado abaulamento do piso em Pavel, direcionando as águas para valetas ou
sarjetas de coleta, permitindo a drenagem das águas de chuva e consequente diminuição da infiltração de
água no solo, recuperação da alvenaria, através de preenchimento da fissura com resina epóxi, argamassa...
No tocando à rachadura na parede do prédio com ângulo de 45 graus, sabe-se que rachaduras em sentido
ascendente diagonal, como a descrita, estão comumente relacionadas a problemas de recalque diferencial
de fundação. Tais recalques, podem ter sua origem relacionada a diversos fatores, como uso de solução de
fundação inadequada ao tipo de solo da região, e/ou carregamento, carreamento de material do solo em
decorrência da infiltração de água de chuva (rebaixamento de lençol freático, heterogeneidade do solo,
consolidação/adensamento de aterro e corte), presença de solo colapsível, dentre outros. Para os casos
listados acima, como o prédio já se encontra em plena utilização, recomenda-se a execução de reforço de
fundação, que pode ser feita adotando-se, por exemplo, a Estaca Mega ou Estaca Raiz como solução.

Pergunta:
Descreva o procedimento para execução de uma estaca tipo Strauss.

Resposta ESPELHO:
A estaca Strauss é executada utilizando equipamento mecanizado composto por um tripé, guincho, soquete
(pilão) e a sonda (balde). Inicia-se a perfuração utilizando o soquete. Após abertura inicial do furo com o
soquete, coloca-se o tubo de molde do mesmo diâmetro da estaca, o soquete é substituído pela sonda com
porta e janela a fim de penetrar e remover o solo no seu interior em estado de lama. Alcançado o
comprimento desejado da estaca, enche-se de concreto em trechos de 0,5 a 1,0 m que é socado pelo pilão à
medida que se vai extraindo o molde formando o bulbo. O procedimento acima se repete, exceto a formação
do bulbo, até completar o nível proposto pelo projeto.

Pergunta:
Descreva o processo de assentamento de soalho de tábua corrida.

Resposta ESPELHO:
Usa-se um tarugamento de caibros trapezoidais formando quadrados com dimensões de 50 cm x 50 cm,
apoiados na laje ou no contra piso, fixados e nivelados com argamassa de cimento e areia na proporção de
1:4 não muito plástica, tendo o cuidado de dar um abaulamento em sua superfície para evitar o contato
direto dessa argamassa com a outra face da tábua do soalho, evitando assim o apodrecimento da tábua,
devido à penetração da água ou mesmo condensação de ar retido. A fixação das tábuas se faz em um único
lado, e sempre na fêmea ou rebaixo com prego sem cabeça e rebaixado para que possa encaixar a tábua
seguinte. As tábuas são sempre pregadas em tarugos trapezoidais pintados com tinta à base de asfalto;
para melhor fixação desses tarugos passa-se ferro de 4 ou 6 mm de 50 em 50 cm, na parte superior, que é
cortada para que o ferro não fique saliente, e mergulha-se as extremidades na referida argamassa de
cimento e areia.
AOCP – 2018 – TRT 1° Região

Pergunta:
Foi realizada uma vistoria, em um edifício do Tribunal Regional do Trabalho, com o objetivo de verificar as
causas do descolamento de pastilhas cerâmicas da fachada da edificação. Na vistoria, verificou-se que:
a) as pastilhas cerâmicas se descolavam em grandes placas;
b) as áreas onde aconteceram os descolamentos situavam-se nas fachadas onde ocorre a ação mais
intensa da insolação direta ou nas regiões contíguas às juntas de dilatação;
c) outras áreas, além daquelas onde ocorreu o descolamento, apresentavam som cavo à percussão;
d) as pastilhas foram assentadas com papel perfurado colado à face interna das pastilhas, e a área
perfurada do papel corresponde a 50% da área total.
A partir da anamnese do caso, relatou-se que:
I. o edifício foi construído cerca de dez anos antes da vistoria; aproximadamente seis meses antes
da vistoria todo o revestimento da fachada foi refeito; um mês antes da vistoria, começaram a
ocorrer os descolamentos;
II. no manual do fabricante das pastilhas, encontra-se recomendação do uso de argamassa adesiva
quando a base é em emboço desempenado, situação constatada na edificação em análise.
III. Exames “in loco” de arrancamento de pastilhas demonstraram que, mesmo nos locais que
apresentavam som cavo, a força de arrancamento necessária foi relativamente grande devido ao
fenômeno de encunhamento das juntas.
Exames realizados em laboratório de caracterização de amostras de argamassa adesiva similar à usada na
obra e das pastilhas cerâmicas usadas demonstraram que elas eram de boa qualidade e que as pastilhas
apresentaram uma película de cola de amido sobre a superfície dos furos do papel perfurado colado à
face interna das pastilhas.
Ensaios de aderência, realizados em laboratório, a partir de materiais, componentes e técnica de
assentamento similares aos empregados na obra, utilizando-se a mesma base e empregando pastilhas
com e sem papel perfurado no verso, demonstraram ser adequada a aderência da argamassa adesiva
empregada. O mesmo não pode ser dito quanto à existência do papel perfurado entre a pastilha e a
argamassa, ocorrendo, no caso da existência do papel perfurado e da película de cola de amido, uma
sensível diminuição da aderência.
Com base na situação descrita, solicita-se a apresentação do diagnóstico e a indicação da conduta
recomendada.

Resposta ESPELHO:
A partir da vistoria, das constatações obtidas por meio da anamnese e dos resultados dos ensaios “in loco” e
em laboratório, pode-se concluir que o descolamento das pastilhas ocorreu nos locais nos quais,
concomitantemente, existiam uma aderência deficiente e esforços solicitantes de maior intensidade.
Os esforços solicitantes maiores ocorrem nas fachadas submetidas à insolação direta, fato este que pode
provocar dilatações e retrações dos materiais de acordo com a incidência solar, e nas áreas contígua às
juntas de dilatação da estrutura.
A aderência deficiente pode ser debitada a própria tecnologia de produção e assentamento das pastilhas.
Dois fatores podem ser ressaltados como básicos: (1) a diminuição da área máxima de contato para 50% da
área possível, devido à presença do papel perfurado; (2) a existência de uma película de cola de amido sobre
a pastilha na região dos furos, película esta que dificulta a aderência.
Conduta recomendada: indica-se a recuperação da fachada por meio do assentamento das pastilhas tanto
nas áreas nas quais houve o descolamento das pastilhas como nas áreas nas quais, por meio do resultado de
ensaio de percussão, concluiu-se pela existência de um grande potencial de descolamento.
Pode-se descartar a necessidade do reassentamento das pastilhas em todas as fachadas, apesar da possível
aderência inadequada, pela existência do efeito do encunhamento das pastilhas, o que dificulta o seu
descolamento. No processo de reassentamento das pastilhas, fica proibida a utilização de papel perfurado
na face de aderência. Caso haja a presença de película de cola de amido na face de aderência das pastilhas,
deve-se realizar a limpeza para não dificultar a aderência das pastilhas ao substrato.
Resposta FERNANDA RAY E LADDYLA:
O caso trata de patologia do tipo descolamento de pastilhas cerâmicas em fachada e existência de placas
apresentando som cavo à percussão. A partir das informações extraídas da vistoria de campo realizada, da
anamnese do caso e dos ensaios laboratoriais executados, é possível extrair as seguintes conclusões:
Pode se observar que o processo de desplacamento do revestimento em pastilha cerâmica não possui
relação com a idade do empreendimento, haja vista que o revestimento foi aplicado 6 meses antes da
vistoria, e apresentou problemas 5 meses após sua aplicação. Assim como, também não apresenta relação
com a qualidade dos materiais empregados, dado o fato de que ensaios laboratoriais apontaram boa
qualidade da pastilha cerâmica utilizada, bem como adequada aderência da argamassa adesiva aplicada,
favorecendo a hipótese de falha de execução do revestimento.
Observa-se, dos resultados dos ensaios laboratoriais de aderência, que a existência de papel perfurado
colado ao verso da placa cerâmica, com área perfurada correspondendo a 50% da área total, ocasionou
sensível diminuição da capacidade aderente da placa, o que pode estar relacionado à ocorrência de som
cavo nas pastilhas nos locais onde não ocorreram descolamento.
Soma-se à problemática da baixa aderência do revestimento, a incidência de insolação direta sobre a
fachada, que contribuiu para ocorrência de variação térmica, a qual causa dilatações diferenciais entre os
materiais constituintes da fachada e a formação de tensões conflitantes de expansão, favorecendo o
descolamento das pastilhas, também observada nas regiões contíguas às juntas de dilatação.
Para a conduta recomendada nessa situação, têm-se a eliminação da adoção de papel perfurado na parte
interna das pastilhas cerâmicas, permitindo a adequada aderência entre as mesmas e a argamassa adesiva,
sem formação de vazios e sons cavos à percussão, o que deverá garantir a fixação do revestimento mesmo
em face das solicitações decorrentes de dilatação térmica.
CESPE – 2013 – Perito Criminal Federal

Pergunta:
Uma equipe técnica designada para apurar falhas em prédio público recém-inaugurado verificou a
existência de vários problemas relacionados à construção do edifício, tais como os descritos a seguir. 
 
I. O pátio externo é descoberto, e o piso desse pátio corresponde à laje de cobertura do
estacionamento do prédio. Dadas as constantes infiltrações nessa laje durante as chuvas, foi feita
a remoção de parte do contrapiso para a verificação do problema, não tendo sido constatado
indício de impermeabilização. O construtor alegou que foram utilizadas argamassa
impermeabilizante e pintura asfáltica para a vedação, atribuindo o problema a erro de cálculo
estrutural da laje, que teria deformado além do previsto em norma.
II. Na entrada principal do prédio, há uma laje, em balanço, de cinco metros de comprimento, tendo
a equipe técnica apurado que os administradores do prédio, inseguros quanto à segurança da
obra, determinaram o escoramento da extremidade da laje e que, devido às trincas que
começaram a surgir no meio da laje, a entrada principal fora interditada. O construtor alegou que
não havia nenhum problema estrutural e que sua execução seguira o projeto.
III. Odores desagradáveis emanam dos lavatórios dos banheiros, ainda que estejam perfeitamente
limpos. O construtor alegou que o problema se devia à falta de exaustores, que não estavam
previstos no projeto.
IV. Após algumas horas do dia, a vazão nos chuveiros e torneiras começa a decair. O construtor
alegou como motivo o fato de a pressão da rede de água diminuir quando o reservatório superior
atingia a metade de seu volume, devendo, segundo ele, a administração do prédio manter o
reservatório plenamente cheio, durante todo o dia, para evitar o problema. Alegou, ainda, que,
dado o comprometimento do abastecimento de água municipal, o fornecimento só ocorria na
parte da manhã e que a construção de uma cisterna garantiria o perfeito funcionamento do
reservatório superior, o que, entretanto, estava fora do escopo do contrato.
V. Em um dos cantos do prédio, as janelas de correr não fecham corretamente e há fissuras em
diagonal próximas ao pilar, em direção ao seu topo, problema verificado em todos os andares. A
construtora comprometeu-se apenas a corrigir as fissuras, alegando que as janelas foram
construídas conforme a especificação do fabricante, e que, devido a indícios de recalque
diferencial, comum nesse tipo de obra, o problema seria do fabricante, que deveria prever
espaçamentos maiores nas esquadrias para que as folhas deslizassem livremente.
Com base na situação hipotética acima, redija texto dissertativo, abordando, necessariamente, os itens a
seguir.
 Possíveis causas técnicas dos problemas apresentados, consideradas as observações do
construtor;
 Responsabilização das falhas encontradas, com as respectivas justificativas;
 Os procedimentos para solução dos problemas levantados.

Resposta ESPELHO:
Após minuciosa análise dos problemas apresentados pela equipe técnica, verifica-se que o construtor, de
uma maneira geral, apresentou justificativas que não condizem com as boas práticas de engenharia.
     No caso I, a infiltração na laje de cobertura não pode ser atribuída à deformação excessiva. A referida
infiltração deve ser atribuída à escolha inadequada do sistema de impermeabilização. Aqui, a
responsabilidade é do construtor, que deveria ter adotado um sistema como a manta asfáltica, adequado à
situação em tela. Para solucionar, recomenda-se a adoção da manta.

 Já no problema II, a responsabilização deve ser atribuída à administração do prédio. Isso porque o
escoramento colocado na extremidade do balanço, deu origem às tensões normais de tração no bordo
inferior da laje, no centro do vão, que não foi previsto no projeto estrutural. Nesse caso, para resolver, o
escoramento deve ser retirado e as fissuras corrigidas.

Em relação ao caso III, a possível causa dos odores é a falta, ou mal dimensionamento, do desconector, que
é dotado de fecho hídrico de , no mínimo, cinco centímetros, justamente para evitar os gases da tubulação.
Nesse caso, a responsabilidade é do projetista de instalações e do construtor, que deve corrigir o problema
com a colocação ou substituição do desconector.

No problema IV, o construtor, mais uma vez, não tem razão. As instalações devem ser dimensionadas para
atender aos pontos de utilização, seja qual for a hora do dia, com vazões adequadas. Para solucionar, deve-
se regularizar as pressões nos pontos.

Por fim, no caso V, tem-se que realmente as fissuras apresentadas são indicativas de recalque diferencial.
Todavia, esses devem atender aos limites normativos para que não ocasionem problemas como o das
janelas em questão. Para a solução do problema, é necessário verificar se a fissura é ativa ou passiva. Se for
passiva, basta corrigi-la. Já se for ativa, é sinal de que o recalque diferencial ainda não se estabilizou,
devendo-se avaliá-lo quantitativamente para verificar a necessidade de uma intervenção estrutural.

Resposta FERNANDA RAY E LADDYLA:


Acerca da patologia de infiltração de água de chuva na laje de cobertura do estacionamento do
prédio, atribui-se o problema a aplicação de um sistema de impermeabilização inadequado à condição de
exposição da estrutura à ação de intempéries e variação térmica. O problema se deu por falha de execução
no sistema de impermeabilização, em que foi aplicado uma impermeabilização rígida em um sistema
estrutural passível de consideráveis deformações por variação térmica, apontando para responsabilização
do construtor. A solução técnica a ser empregada para correção do problema é a execução de uma nova
impermeabilização na laje de cobertura do tipo flexível, capaz de absorver as deformações as quais a
estrutura está suscetível.
Sobre o surgimento de trincas na laje em balanço da entrada do prédio, tem-se que a laje foi
dimensionada como uma estrutura em balanço, na qual está previsto somente a ocorrência de momento
fletor negativo. No instante em que se executou uma escora na extremidade em balanço da laje, alterou-se a
configuração da estrutura, gerando momentos fletores positivos que não estavam previstos em projeto.
Atribui-se à ocorrência dessa manifestação patológica à decisão dos administradores de alterar o projeto
previsto para a estrutura. Como solução, uma vez que a execução seguiu o projeto previsto de viga em
balanço, deve-se recuperar o monolitismo da peça corringindo a fissuração, e retirar o apoio, para
reestabelecer a condição prevista em projeto.
Acerca da presença de mau cheiro, por mais bem limpos que sejam os banheiros, levanta-se a
hipótese de duas causas principais: ausência de desconector ou mal funcionamento do seu fecho hídrico; ou
ainda ausência de ventilação na instalação de esgotamento sanitário, seja ela primária ou secundária. Para
os casos de ausência de desconector ou de sistema de ventilação, pode-se atribuir a falhas de projeto, caso
esses não tenham sido previstos. Já no caso de mal funcionamento do desconector, pode ter ocorrido falha
de execução.
Como solução, recomenda-se empregar na instalação hidrossanitária, dispositivos dotados de
desconectores, a exemplo do sifão, para pias e lavatórios; e ralo sifonado, e, para a hipótese de ausência de
ventilação, deve-se dispor de sistema de ventilação, de modo a garantir a saída dos gases da tubulação de
esgoto primária, bem como a manutenção da pressão adequada no interior da rede.
Em que pese o decaimento da vazão nos chuveiros e torneiras, a causa pode ser atribuída à
insuficiência de pressão disponível nos pontos de utilização do sistema. A responsabilidade desse problema
pode ser atribuída a erro de projeto e dimensionamento. A solução técnica envolve ou a elevação da cota do
reservatório ou a inserção de uma bomba no sistema, de modo a aumentar a pressão estática nos pontos de
utilização, para, no mínimo, 10 kPa, ou 1 m.c.a.
Em relação às fissuras em diagonal, próximo ao pilar, recorrente em todos os andares, sabe-se que
fissuras com essas características, estão comumente relacionadas a problemas de recalque diferencial de
fundação. Tais recalques, podem ter sua origem relacionada a diversos fatores, como uso de solução de
fundação inadequada ao tipo de solo da região, e/ou carregamento, carreamento de material do solo em
decorrência da infiltração de água de chuva, rebaixamento de lençol freático, heterogeneidade do solo,
dentre outras causas. Pode ter havido falha de projeto caso tenha sido adotada fundação inadequada ou
insuficiência de investigação geotécnica; falha de execução, caso a fundação não tenha sido executada
conforme solução prevista em projeto, ou ainda, causa fortuita, como em caso de rebaixamento de lençol
freático. Para os casos listados acima, como o prédio se encontra recém-inaugurado, recomenda-se a
execução de reforço de fundação, que pode ser feito adotando-se, por exemplo, a Estaca Mega ou Estaca
Raiz como solução, e recuperação das fissuras, com posterior reassentamento das esquadrias defeituosas.

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