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ANÁLISE DA PRÁTICA NACIONAL COM RELAÇÃO À CARACTERIZAÇÃO DE

GEOMANTAS E BIOMANTAS:

RESUMO: Neste trabalho apresenta-se uma análise de geomantas disponíveis no


Brasil, com ênfase nas propriedades requeridas para aplicação desses materiais para
controle de erosão. Inicialmente foi feito um levantamento de produtos comercializados
no país a fim de identificar as especificações técnicas disponibilizadas por cada
fabricante. Na sequência, realizou-se uma compilação das principais propriedades
necessárias para aplicação de geossintéticos para controle de erosão segundo a literatura
especializada. Esse estudo foi procedido com base no manual do ECTC (Erosion
Control Technology Council), identificando-se os métodos de ensaio recomendados
para verificação de cada uma das propriedades apontadas pelo ECT. Uma análise
comparativa entre as características requeridas para os produtos segundo a ECT e as
propriedades disponibilizadas pelos fabricantes nacionais foi então efetuada. Os
resultados obtidos para os produtos comercializados no Brasil foram ainda comparados
com a prática de especificação de produtos para controle de erosão em outros países.
Utilizando como base de estudo os catálogos de produtos apresentados pelas empresas
fabricantes, foi possível verificar como resultado final, uma baixa disponibilidade de
informações dos produtos nacionais quanto às propriedades necessárias para controle de
erosão segundo a ECT. Menos de 50% das propriedades necessárias para projeto
apresentadas pelo ECTC estavam disponíveis nos catálogos nacionais. No cenário
internacional, identificou-se a existência de ensaios específicos disponíveis em normas
técnicas para avaliar a capacidade de uma geomanta na redução da erosão dos solos.
Entretanto, nenhum resultado de ensaios específicos para controle de erosão foi
encontrado nos manuais ou catálogos dos fabricantes, o que dificulta a seleção e a
comparação de produtos.

PALAVRAS-CHAVE: Geomantas, Geossintéticos, Erosão, Especificação de


Produtos.

1. Introdução já haviam sido enfrentados no início dos


anos 90, com a rápida evolução do
Nos últimos anos, o mercado de mercado de geossintéticos nos EUA, o
utilização de geossintéticos no Brasil que levou, em julho de 1992, visando
vem crescendo exponencialmente, com cobrir essa necessidade da indústria
cada vez mais empresas encontrando crescente de geossintéticos quanto à
possíveis aplicações dos seus produtos e padronização dos protocolos de teste
estudos feitos acerca de sua dos produtos, especificação de projeto e
caracterização. Vários artigos já foram uniformidade na instalação de produtos,
escritos considerando as suas aplicações a formação do Erosion Control
no combate à erosão em encostas e Technology Council (ECTC),
demais aplicações na construção de organização sem fins lucrativos que
rodovias ou caracterizações de suas visou o desenvolvimento desses
propriedades, mas devido ao fato de sua protocolos de padronização, e promover
utilização ser relativamente recente em o contínuo crescimento dessa indústria.
território nacional, poucas empresas Para garantir o foco nesses objetivos, a
apresentam uma boa representação em ECTC estabeleceu 2 subcomitês: o
catalogo dos produtos existentes ou de ECTC’s Marketing Committee, focado
sua caracterização. Problemas quanto a na comunicação de dados, educação e
falta de uma padronização de produtos promoção do uso de geossintéticos, e o
ECTC’s Product Testing and de produtos de variadas empresas
Specifications Committee, que foca nacionais e internacionais, comparar os
todas as tarefas envolvendo inspeção e valores obtidos através dos mesmos
desenvolvimento de métodos de teste catálogos e avaliar a prática de
padronizados, guias de aplicação, e apresentação de produtos e suas
especificação de produtos. características no tocante a qualidade
dos produtos nacionais em comparação
Usando como base a caracterização aos internacionais no mercado e de
formada pelo ECTC’s Product Testing dados apresentados ao consumidor.
and Specifications Committee, dentre os A terminologia padrão para RECPs
principais tipos de geossintéticos, será apresenta uma divisão dos produtos em
dada ênfase aos RECPs (Rolled Erosion 4 principais classes de acordo com as
Control Products), materiais ou suas características físicas¹: (1) OWTs
elementos, degradáveis ou não (Open Weave Textiles), RECP
degradáveis de longo termo, fabricados degradável composto de fibras naturais
com o intuito de auxiliar na redução da ou polímeros processados tecidos numa
erosão do solo e seus efeitos, matriz, usado para prover controle de
estabilização e proteção da vegetação, erosão e facilitar o estabelecimento de
impedindo a passagem e retendo o solo vegetação; (2) MCNs (Mulch-control
e sedimentos na sua estrutura, netting), uma trama plana de fibras
minimizando a erosão causada pelo naturais ou malha geossintética
impacto da precipitação e fluxos de incorporada, usada como um RECP
água, apresentando alto desempenho ao degradável para reter coberturas de
longo do tempo em comparação com fibras soltas; (3) TRM (Turf
outros métodos tradicionais¹ (A reinforcement mat), um RECP
Technical Guidance Manual: composto de fibras sintéticas não
Terminology, Index, & Performance degradáveis, filamentos, redes, fios e/ou
Testing Procedures for Rolled Erosion outros elementos, processados numa
Control Products, 2005). matriz tridimensional permanente de
espessura suficiente. Podem ser
Vários fatores contribuem para a suplementadas pela adição de
complexidade da natureza desses componentes degradáveis, e são
produtos, com materiais variando em projetados para dar proteção à erosão
composição e apresentando produtos imediata, melhorar o estabelecimento de
feitos de fibras naturais biodegradáveis, vegetação e providenciar funcionalidade
como fibras vegetais, à estruturas a longo prazo através do permanente
poliméricas tridimensionais, e diferentes reforço da vegetação durante e após a
classes de produto, de modo que a maturação. São geralmente utilizados
ECTC, em conjunto com a ASTM, em aplicações hidráulicas como valetas
reduziu a confusão associada a e canais de fluxo, cujas forças erosivas
performance de campo do RECPs e podem exceder os limites da vegetação
variabilidade dos dados apresentados natural não reforçada; e (4) ECB
com a criação de manuais de (Erosion control blanket), um RECP
padronização de terminologia, degradável composto de fibras naturais
categorização, aplicação, e processadas ou fibras de polímeros
procedimentos de teste. Esse trabalho mecanicamente, estruturalmente ou
visa evidenciar as características quimicamente ligadas para formar uma
necessárias aos geossintéticos segundo a matriz continua que fornece controle de
bibliografia técnica existente, evidenciar erosão e facilita o estabelecimento de
os valores apresentados pelos catálogos vegetação (A Technical Guidance
Manual: Terminology, Index, &
Performance Testing Procedures for
Rolled Erosion Control Products, 2005).

O foco desse artigo será no comparativo


dos diferentes ECB, especificamente as
geomantas, biomantas existentes no
mercado brasileiro em relação aos
vendidos no mercado americano de
acordo com as propriedades
apresentadas pelos respectivos
fabricantes.

2. Metodologia

Inicialmente fez-se uma listagem dos


produtos a terem suas características
comparadas. Para isso foram
selecionadas 5 empresas nacionais e 4
empresas internacionais, do ramo de
geossintéticos, e foi feito um
levantamento, entre seus catálogos de
RECPs, de onde foram selecionados 40
produtos, metade do mercado nacional e
a outra metade do mercado americano,
mais formal e consolidado na utilização
desses produtos, de características
variadas, visando manter um espaço
amostral heterogêneo, para comparação.
As empresas do mercado nacional e
internacional selecionadas não terão
seus nomes ou de seus produtos
apresentados, visando a privacidade da
marca, apresentando somente
informações pertinentes a sua
identificação, com produtos nacionais
apresentando a nomenclatura “N” e
internacionais a “I”. Os produtos
Fig. 1. Empresas e produtos nacionais
selecionados de cada empresa são
apresentados nas Fig. 1 e Fig. 2:
utilizações indicadas aos produtos de
uma mesma empresa e uma utilização
base, comum aos produtos de todas as
empresas.
É observável que todas as empresas
apresentam como função padrão de seus
produtos, sejam nacionais ou
internacionais, o controle de erosão em
taludes de variadas inclinações, função
primária apresentada pelos RECP’s e
vigente para os ECB’s em estudo nesse
trabalho. É possível observar também,
como apresentado nas figuras 3 e 4 a
seguir, que os produtos internacionais
apresentam menos representações das
variadas atividades possíveis a
empregar os seus produtos, se atendo a
uma categorização padrão de utilização
dada aos seus ECB’s apresentados em
catalogo conjunto, enquanto que os
produtos nacionais apresentam grande
variação entre atividades, até dentre os
produtos de uma mesma empresa, de
acordo com a evolução das
características técnicas do produto em
relação aos demais apresentados,
visando apresentar possíveis vantagens
entre selecionar um produto que
possivelmente é mais caro, mas que
apresentaria mais versatilidade ao
comprador, independente de ser uma
necessidade:

Fig. 2. Empresas e produtos internacionais

Cada um dos produtos selecionados


também apresentava, em seus próprios
catálogos ou nos sites de suas
respectivas empresas produtoras,
possíveis indicações de sua utilização
em campo. Nisso é possível observar
certa homogeneidade entre as possíveis
Fig. 3. Indicações de Utilização dos Produtos Nacionais
Fig. 4. Indicações de Utilização dos Produtos Internacionais
Para obter os parâmetros de comparação ECBs. Nesse procedimento, deve-se
entre as características apresentadas garantir que as amostras, além dos
pelos catálogos de produtos das requeridos equilíbrios de umidade e
empresas consideraram-se as temperatura da amostra, alcancem o
características apontadas pelo manual equilíbrio em condição de estresse,
da ECTC de utilização de geossintéticos deixando a amostra em depósito num
sobre as principais características estado livre de estresse ou
necessárias e que fornecem ao projetista carregamento, desdobrado ou
os meios de avaliar a qualidade do desenrolado, por um período de 24
produto e garantir sua conformação com horas, o que permite o relaxamento do
as especificações. Essas propriedades material comprimido. Após isso, faz-se
devem ser testadas pelas empresas a medição da sua espessura nominal.
donas do produto em amostras padrão
2.1.3. Alongamento
definida de acordo com método
Alargamento expresso como uma
padronizado presente no mesmo
porcentagem do comprimento original,
manual.
podendo ser tomado à ruptura ou à
2.1. Propriedades em Estudo máxima força aplicada. O método de
teste padrão é controlado pela ASTM
Definidas as amostras, a ECTC aponta D5035 para OWTs, MCNs e ECBs, e
que as empresas devem testar seus ASTM D6818 para TRMs.
produtos quanto as seguintes
propriedades relacionadas pelo manual 2.1.4. Absorção de Umidade
técnico como importantes ao projetista Mecanismo pelo qual o fluido é
que utilizará o geossintético: assimilado pelo material constituinte do
geossintético. O método de teste padrão
2.1.1. Gramatura é controlado pela ASTM D1117/ECTC
Relação de massa por unidade de área, para OWTs, MCNs, ECBs e TRMs. O
apresenta importância pois expressa o equipamento e procedimento necessário
peso final apresentado pelo produto de à verificação envolvem duas grades de
acordo com sua área de ocupação. O aço galvanizado com medidas 230 mm
método de teste padrão é controlado x 230 mm moldadas em fio No. 17, um
pela ASTM D6475 para OWTs, MCNs recipiente leve com dimensões de
e ECBs, e a ASTM D6566 para TRMs. abertura de 254 mm x 254 mm e
profundidade de 76 mm, e um
2.1.2. Espessura
recipiente gradeado leve e largo o
Representação da distância entre as
suficiente para suportar a grade de aço
superfícies superior e inferior do
galvanizado. Faz-se a preparação da
geossintético, medida
amostra, com medidas 203 mm x 203
perpendicularmente à superfície e sob
mm, e colocação sobre a grade de aço
pressão específica. O método de teste
galvanizado de modo que se preserve a
padrão é controlado pela ASTM D5199
integridade da amostra, evitando perda
- Método de teste para medição da
de materiais componentes. Coloca-se
espessura nominal de geotéxteis e
outra grade de aço sobre a amostra e
geomembranas, para OWTs, MCNs e
coloca-se o conjunto no recipiente
contendo 64 mm de altura de água a envolve o uso de duas telas, em material
uma temperatura de 21 ± 2°C. Permite- não corrosivo, e medindo 127 mm x 127
se que a amostra seja saturada na água mm, um reservatório raso com
por um período de 24 ± 0,25 horas. dimensões 305 mm x 305 mm e
Após o período de saturação, retira-se o contendo 2 blocos rígidos de 76 mm, e
conjunto de grades e amostra da água e uma balança de precisão, com o
coloca-se sobre o recipiente, preso por procedimento onde separam-se 10
suportes, permitindo que o mesmo vá amostras de 102 mm x 102 mm com o
perdendo água por pingos durante 10 ± cuidado para que não ocorra perda de
0,1 minutos. Após esse período, retira- material componente, e coloca-se cada
se a amostra e as grades, as coloca-se no amostra na chapa de compressão em
recipiente gradeado, pesando-se o descanso por 5 segundos, deixando a
conjunto: amostra plana. Mede-se a espessura
inicial (Ti) e coloca-se a amostra entre
as duas telas, que devem ter sido
encharcadas em água por no mínimo 1
hora, de modo que as mesmas
sustentem a amostra sem comprimi-la.
Imerge-se o conjunto em água
deionizada por um período de 24 ± 0,5
horas, depois removendo o conjunto e
deixando que seque por gotejamento
sobre os blocos rígidos do reservatório
durante 10 minutos. Após a secagem,
retira-se a amostra de entre as telas e
Fig. 5. Amostra saturada sobre o recipiente mede-se sua espessura (Tf).
de coleta [1] o inchamento se dá por:

Calcula-se a quantidade de água contida


pela amostra subtraindo o total dos
% Expansão=100 x ( (Tf Ti−Ti ) )
pesos da amostra, grades e recipiente
gradeado secos, do peso obtido pelo 2.1.6 Rigidez (Flexibilidade)
conjunto saturado, e define-se a Capacidade do material de se alongarem
capacidade absortiva como a razão entre sob ação de forças sem formação de
massa de água contida pela amostra e o danos ao produto final. O método de
peso da amostra seca. teste padrão é controlado pela ASTM
D1388 para OWTs, MCNs, ECBs e
2.1.5. Expansão (inchamento) ASTM D6575 para TRMs. O
Expansão do volume do material do equipamento necessário trata-se de uma
geossintético devido a absorção de bancada de teste de rigidez (stiffness
umidade. O método de teste padrão é tester), como representada na Fig. 8 [1],
controlado pela ECTC Guidelines para com fixador de amostra e plano com
OWTs, MCNs, ECBs e não é aplicável inclinação de 41,5°, onde, utilizando-se
para TRMs. O equipamento necessário o método do balanço, fixa-se a amostra
no equipamento de teste com parte do comum (lâmpada), vidro dissipador de
seu comprimento pendendo em balanço luz e um fotodetector, como
e permitindo que a mesma se dobre representado na Fig. 9. O procedimento
devido à ação do próprio peso à medida de teste envolve a colocação da amostra
que o comprimento do trecho em a ser testada na parte interna da caixa,
balanço vai aumentando. Mede-se então fixada ao vidro dissipador de luz, e faz-
o comprimento do trecho livre em se a medição da porcentagem da luz
balanço que dobra, sob ação do próprio emitida que é absorvida pelo
peso, o suficiente para que a sua borda fotodetector.
toque o plano inclinado em 41,5°.

Fig. 7. Representação do equipamento de


Fig. 6. Representação do equipamento de teste da penetração de luz
teste de rigidez.
2.1.9. Resistência ao Calor
2.1.7. Resiliência (elasticidade) Capacidade do material de resistir ao
Propriedade de alguns materiais, de aumento de temperatura do meio sem se
acumular energia, quando exigidos ou romper ou ter grande redução nas suas
submetidos a estresse sem ocorrer propriedades. O método de teste padrão
ruptura. Após a tensão cessar poderá ou é controlado pela ECTC Guidelines
não haver uma deformação residual. O para OWTs, MCNs e ECBs, e não é
método de teste padrão é controlado aplicável para TRMs.
pela ASTM D1777/ECTC para OWTs,
2.1.10. Resistencia à Tensões
MCNs, ECBs e ASTM D6524 para
Capacidade do material de resistir aos
TRMs.
esforços/forças solicitantes atuantes de
2.1.8. Penetração de Luz tração. O método de teste padrão é
Medida de quanto da luz incidente sobre controlado pela ASTM D5035 para
o material é capaz de penetra-lo. O OWTs, MCNs e ECBs, e ASTM D6818
método de teste padrão é controlado para TRMs.
pela ECTC Guidelines para OWTs,
MCNs, ECBs e ASTM D6567 para 2.2. Relação entre Propriedades
TRMs. Sua verificação é feita com o em Estudo e Produtos
uso de uma caixa de teste composta de
uma caixa fechada, uma fonte de luz
Definidas as propriedades em estudo e Produtos Internacionais
as amostras, foi feita a verificação da % de produtos
frequência com que cada uma das Propriedade apresentando
propriedades era evidenciada nos dados
catálogos de produtos nacionais e Gramatura 100
internacionais, como apresentado pelas Espessura 95
tabelas 8 e 9 a seguir: Alongamento 100
Absorção de
Produtos Nacionais 55
Umidade
% de produtos Inchamento 0
Propriedade apresentando Flexibilidade 0
dados Elasticidade 0
Gramatura 90 Penetração
Espessura 25 70
de Luz
Alongamento 40 Resistência ao
Absorção de 0
10 Calor
Umidade Resistência à
Inchamento 0 100
Tensões
Flexibilidade 0 Fig. 9. Porcentagem dos produtos em
Elasticidade 0 estudo apresentando as propriedades em
Penetração de estudo.
0
Luz
Resistência ao Para estudo dos resultados foram
15 desprezadas as informações
Calor
Resistência à apresentadas em menos que 15% dos
100 produtos, uma vez que apresentam um
Tensões
Fig. 8. Porcentagem dos produtos em espaço amostral insuficiente para
estudo apresentando as propriedades em comparação, com menos que 3 produtos
estudo. entre os selecionados de cada grupo
(nacionais e internacionais).

3. RESULTADOS E
DISCUSSÃO

Selecionados os produtos, e definidas as


propriedades a serem estudadas, fez-se
uma verificação se todos apresentavam
o método de ensaio de controle de
qualidade dos seus produtos e
verificação dos valores obtidos e
apresentados em catálogo, de acordo
com os indicados para esse tipo de
material, seja pela ASTM ou pela NBR.
Anotaram-se os valores e propriedades
apresentadas em todos os catálogos
estudados e foi observado que dentre as resistência ao calor só são apresentados,
10 principais propriedades listadas pelo entre as empresas selecionadas,
manual do ECTC como necessárias para novamente nos produtos das empresas
elaboração de projeto e utilização de de atuação nacionais e internacional, C
geossintéticos, os catálogos brasileiros, e E. O foco observável das empresas
em geral, apresentaram prioritariamente brasileiras, portanto, se mostra
somente duas: a gramatura do material e apresentar informações que seriam mais
sua resistência à tração. Informações úteis ao consumidor médio comum, não
sobre propriedades como focado nas necessidades de projeto, mas
permeabilidade, elasticidade e taxa de buscando informações como área
penetração de luz, por exemplo, são ocupada pelo material, peso do material,
sumariamente desprezadas pelas largura e comprimento, e longevidade,
empresas nacionais em preferência de para verificação da quantidade
informações pouco úteis ao projetista necessária a se compra de acordo com a
como espaçamento entre linhas da sua necessidade e por quanto tempo
malha do geossintético, não considerada aquele material não vai precisar ser
somente nos catálogos de empresas resposto.
nacionais com braço de atuação
internacional, como é o caso das Os valores obtidos entre os produtos
empresas C e E, que tentam manter uma nacionais testados, para as propriedades
conformidade entre a apresentação de consideradas em estudo, se apresentam
seus produtos. Valores como a taxa de nas figuras 10 e 11 a seguir:
alongamento dos produtos, espessura e

Gramatura (g/m²)
900.00
800.00
700.00
600.00
500.00
400.00
300.00
200.00
100.00
0.00
N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 N10 N11 N12 N13 N14 N15 N16 N17 N18
to to to to to to to to to o o o o o o o o o
odu odu odu odu odu odu odu odu odu dut dut dut dut dut dut dut dut dut
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 10. Valores Obtidos para Gramatura dos Produtos Nacionais


Resistência à tração (KN/m)
700.00
600.00
500.00
400.00
300.00
200.00
100.00
0.00
N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to N to N to N to N to N to N to N to N to N to N to N
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 11. Valores Obtidos para Resistência à Tração dos Produtos Nacionais

No tocante a resistência à tração, as conformidade entre seus catálogos de


empresas entre as nacionais com braço produtos lançados aqui e fora do Brasil.
de ação internacional também
apresentam como diferencial a distinção Para as empresas C e D, os valores
entre resistência a tração longitudinal e apresentados para a propriedade de
transversal, informação que não é alongamento, e resistência ao calor são
apresentada pelas demais empresas apresentados nas figuras 12 e 13 a
nacionais escolhidas em nenhum dos seguir, para critério comparativo com os
produtos selecionados. Novamente, isso produtos internacionais, uma vez que
deve ser uma ação das mesmas são as únicas entre as estudadas a
empresas visando manter uma apresentar valor em catálogo:

Resistência ao calor (°C)


180
150
120
90
60
30
0
Produto N12 Produto N13 Produto N14
Fig. 12. Valores Obtidos para Resistência ao Calor dos Produtos Nacionais
Alongamento (%)
55.00
50.00
45.00
40.00
35.00
30.00
25.00
20.00
15.00
10.00
5.00
0.00
Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto
N12 N13 N14 N15 N16 N17 N18 N19

Fig. 13. Valores Obtidos para Alongamento dos Produtos Nacionais

Considerando os produtos das empresas material e dimensões dos rolos


internacionais, os mesmos apresentam vendidos. Também é observável uma
grande superioridade em comparação maior conformidade entre os catálogos
aos nacionais quanto à quantidade de de diferentes empresas, apresentando
informações úteis apresentadas, onde, em geral as mesmas informações e de
dentre as 10 propriedades necessárias à maneira semelhante, facilitando
projeto, os catálogos estudados possíveis comparações feitas pelo
apresentam 6: gramatura, espessura, comprador entre produtos. Os valores
alongamento e resistência à tração com apresentados pelos produtos em estudo
diferenciação entre direção transversal e para as propriedades indicadas pelo
longitudinal, taxa de absorção de manual do ECTC são apresentados nas
umidade, e taxa de penetração de luz, figuras 14 a 21:
além das propriedades interessantes ao
comprador comum, como peso do
Gramatura (g/m²)
800
700
600
500
400
300
200
100
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 14. Valores Obtidos para Gramatura dos Produtos Internacionais

Espessura (cm)
1.4
1.2
1
0.8
0.6
0.4
0.2
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 15. Valores Obtidos para Espessura dos Produtos Internacionais

Absorção de Umidade (%)


500
450
400
350
300
250
200
150
100
50
0
Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto Produto
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 I10 I11

Fig. 16. Valores Obtidos para Absorção de Umidade dos Produtos Internacionais
Penetração de luz (%)
30
25
20
15
10
5
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I9 I1
0
I1
1
I1
7
I1
8
I1
9
I2
0
to to to to to to to to o o o o o o
u u u u u u u u ut ut ut ut ut ut
od od od od od od od od od od od od od od
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr P r P r P r P r P r P r

Fig. 17. Valores Obtidos para Penetração de luz dos Produtos Internacionais

Alongamento MD (%)
60
50
40
30
20
10
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 18. Valores Obtidos para Alongamento Longitudinal dos Produtos Internacionais

Alongamento TD (%)
60
50
40
30
20
10
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 19. Valores Obtidos para Alongamento Transversal dos Produtos Internacionais
Resistência à tração MD (KN/m)
20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 20. Valores Obtidos para Resistência à Tração Longitudinal dos Produtos
Internacionais

Resistência à tração TD (KN/m)


20
18
16
14
12
10
8
6
4
2
0
I1 I2 I3 I4 I5 I6 I7 I8 I9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20
uto uto uto uto uto uto uto uto uto to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I to I
od od od od od od od od od du du du du du du du du du du du
Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pr Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro Pro

Fig. 21. Valores Obtidos para Resistência à Tração Transversal dos Produtos
Internacionais

Observa-se, portanto, que tanto os projetista visando utilizar


produtos nacionais quanto os geossintéticos, mas com os produtos
internacionais falham ao apresentar nacionais apresentando uma
todas as propriedades necessárias, representação ínfima de informações, o
segundo o manual da ECTC, ao que se deve relacionar ao mercado ser
relativamente recente no Brasil, com ocasiona uma variação de carga de
poucas empresas atuando e com ainda utilização dos geossintéticos de 154,77
menos estudos e normas nacionais sobre g/m² a ser considerada no projeto. No
a caracterização dos materiais. tocante ao alongamento, no entanto, é
Considerando, por sua vez, os valores possível perceber valores semelhantes
médios obtidos entre os produtos entre os produtos nacionais e
nacionais e internacionais nas internacionais, com uma variação de
propriedades em estudo que permitem apenas 0,39% entre o valor médio das
comparação, que no caso são a amostras estudadas. Em resumo, temos
gramatura, resistência à tração e que a produção nacional de geomantas e
alongamento. Considerando os valores biomantas apresenta falhas alarmantes
médios dos produtos estudados, temos quanto à especificação de propriedades
uma diferença considerável entre os necessárias ao projeto de utilização de
valores de resistência à tração, com os geossintéticos, e que a produção
produtos internacionais apresentando nacional ainda apresenta produtos de
uma diferença de 2,25 KN/m, ou seja, qualidade inferior aos vendidos no
aproximadamente 125% mais mercado exterior. O comparativo entre
resistentes que os nacionais. valores médios nacionais e
A gramatura média dos produtos internacionais pode ser visto nas figuras
nacionais é em geral 46,4% superior à 22, 23 e 24 a seguir:
dos produtos internacionais, o que

Resistência à Tração Média (KN/m)


4.053

1.8

Resistencia à tração nacional Resistência à tração internacional


Fig. 22. Comparativo Entre Valores Médios de Resistência à Tração dos Produtos
Nacionais e Internacionais

Alongamento Médio (%)


29.35 29.05

Alongamento Nacional Alongamento Internacional


Fig. 23. Comparativo Entre Valores Médios de Alongamento dos Produtos Nacionais e
Internacionais

Gramatura Média (g/m²)


488.33

333.5595

Gramatura Nacional Gramatura Internacional

Fig. 24. Comparativo Entre Valores Médios de Gramatura dos Produtos Nacionais e
Internacionais

[4] ASTM D4354 - Standard Practice


for Sampling of Geosynthetics and
4. REFERÊNCIAS Rolled Erosion Control Products
(RECPs) for Testing
[1] A Technical Guidance Manual:
Terminology, Index, & Performance [5] ASTM D6475 - Standard Test
Testing Procedures for Rolled Erosion Method for Measuring Mass Per Unit
Control Products, ECTC, 2005.
Area of Erosion Control Blankets
[2] ASTM D6459 – Standard Test
[6] ASTM D5199 - Standard Test
Method for Determination of Rolled
Method for Measuring the Nominal
Erosion Control Product (RECP)
Thickness of Geosynthetics
Performance in Protecting Hillslopes
from Rainfall-Induced Erosion. [7] ASTM D5035 - Standard Test
Method for Breaking Force and
[3] ASTM D6460 - Standard Test
Elongation of Textile Fabrics (Strip
Method for Determination of Rolled
Method)
Erosion Control Product (RECP)
Performance in Protecting Earthen [8] ASTM D1117 - Standard Guide for
Channels from Stormwater-Induced Evaluating Nonwoven Fabrics
Erosion.
[9] ASTM D1388 - Standard Test
Method for Stiffness of Fabrics

[10] ASTM D1777 - Standard Test


Method for Thickness of Textile
Materials
[11] ASTM D6567 - Standard Test [12] ASTM D7101 - Standard Index
Method for Measuring the Light Test Method for Determination of
Penetration of a Turf Reinforcement Unvegetated Rolled Erosion Control
Mat (TRM) Product (RECP) Ability to Protect Soil
from Rain Splash and Associated
Runoff Under Bench-Scale Conditions

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