Você está na página 1de 13

PP

b) Marca de certificação: identifica o modo de produção do produto ou que o método


é conforme determinadas especificações técnicas. Somente pode ser requerida por
pessoa que não tenha interesse comercial no produto;
c) Marca coletiva: permite a identificação de produtos de uma determinada
coletividade. Apenas pode ser requerida por pessoa jurídica representativa da
coletividade;
d) Marca notoriamente conhecida: sinais designativos de produtos ou serviços muito
conhecidos em determinado ramo de atividade. Ainda que não registrada, goza de
notoriedade, a ponto de o INPI indeferir pedido de marca que a reproduza naquele
ramo de atividade;
e) Marca de alto renome: é reconhecida no mercado, mas precisa estar registrada. O
INPI confere proteção em razão do registro, mas não apenas em relação ao seu ramo
de atividade, mas em face de todos os demais ramos.

A marca poderá ser nominativa, figurativa ou mista. Nominativa é a marca formada


apenas por letras ou algarismos. Figurativa é a que possui apenas desenhos ou símbolos.
Mista é a que possui ambas.
Como requisito, a marca precisa ser original, de modo que não poderá reproduzir
sinais distintivos de outra na mesma classe de atividade, com exceção da marca de alto
renome, cuja proteção é realizada em todos os ramos de atividade a ponto de impedir a
utilização por qualquer outro agente.
O registro assegura o direito de utilização exclusiva da marca em todo o país a partir
dele. Garante-se a precedência de terceiros, entretanto, desde que de boa-fé e desde que
se utilize, há pelo menos seis meses antes da prioridade ou do pedido de registro, da
marca. A prioridade é o direito assegurado pela lei daquele que fez o pedido de registro
da marca em país que mantenha acordo com o Brasil.
O registro da marca vige por 10 anos a contar da concessão do registro e o prazo
é prorrogável indefinidamente.

■ 7.4. Indicação geográfica


É o sinal designativo de procedência ou de origem do produto. Indica a área
geográfica que se tornou conhecida pela produção de determinado produto ou serviço.
Essa indicação é protegida pelo ordenamento jurídico para garantir a identificação do
produto e de suas características pelos consumidores.

■ 8. TÍTULOS DE CRÉDITO
É definido como o documento necessário para o exercício do direito literal e
autônomo nele incorporado. O título representa um crédito em face de determinada
pessoa.
São atributos do título a negociabilidade, que permite ao titular transferir o crédito
para obter seus valores, e a executividade, pois a cobrança do título poderá ocorrer
diretamente pela via da execução judicial em face do devedor principal ou dos
coobrigados.
Suas características são:

a) Literalidade: o título confere exatamente o valor expresso no documento.


b) Cartularidade: o título se materializa numa cártula. O titular é aquele que detém
o documento. Exceção: o Código Civil permitiu a emissão de título de crédito com
base em caracteres criados por computador e que prescindem de cártula. A duplicata
também poderá ser eletrônica, virtual ou escritural, não exigindo a cártula (Lei n.
13.775/2018).
c) Autonomia: as obrigações do título são independentes entre si. O vício de uma
das obrigações não contamina a outra.
d) Abstração: o título se desvincula do negócio que motivou sua emissão. A
abstração não é característica de todos os títulos de crédito. Há títulos causais, que
somente podem ser emitidos a partir de determinado negócio jurídico. A duplicata é
um título causal, que só pode ser emitido em razão da compra e venda de mercadorias
ou de um contrato de prestação de serviços. A letra de câmbio, o cheque e a nota
promissória são títulos abstratos, que independem da causa que os originou.
e) Inoponibilidade das exceções pessoais: as exceções pessoais dos contratantes
entre si não podem ser opostas ao terceiro. O devedor ou os coobrigados não podem
recusar o pagamento do título em razão de exceções pessoais que tinham em face de
um terceiro.

■ 8.1. Classificação
Os títulos de crédito podem ser classificados de diversas formas.

■ 8.1.1. Quanto à natureza


Os títulos podem ser causais ou abstratos. Causal é o que somente pode ser emitido
em razão de determinado negócio. Abstrato é aquele cujo negócio subjacente é
irrelevante. É causal a duplicata mercantil. É abstrato a letra de câmbio, a nota promissória
e o cheque.

■ 8.1.2. Quanto à tipicidade


Podem ser os títulos de crédito típicos ou atípicos. Típicos são os definidos em lei,
como a nota promissória, o cheque, a duplicata, a letra de câmbio, o conhecimento de
depósito etc. O Código Civil permitiu a criação de títulos de crédito atípicos.

■ 8.1.3. Quanto ao modo de circulação


Podem ser ao portador, nominativos ou à ordem.
Os títulos ao portador são transferidos pela mera tradição ou entrega da cártula. Foram
proibidos no Brasil porque não permitiam a identificação de todos os que transferiam os
títulos. Única exceção é o cheque emitido com valores de até R$ 100,00.
Nominativo é o título que identifique o credor beneficiário, cujo nome conste no
registro do emitente. A transferência ocorre mediante termo no registro do emitente. Não
basta apenas o endosso.
O título pode ser à ordem. Nesse, não se exige termo de transferência. O título é
emitido em benefício de determinada pessoa, que poderá endossá-lo a terceiro. A
transferência faz-se por mero endosso.
O título pode ser não à ordem. Essa cláusula inserida no título de crédito impede a
transmissão por endosso. O título é transferido apenas por cessão civil. O Código Civil
proíbe a cláusula “não à ordem”, de modo que ela é inaplicável aos títulos de crédito
atípicos. Os títulos de crédito típicos, como a letra de câmbio, nota promissória, cheque,
duplicata são regidos por leis especiais que admitem a cláusula.

■ 8.1.4. Quanto ao emissor


Os títulos podem ser públicos ou privados, caso o Emissor seja pessoa jurídica de
direito público ou por qualquer pessoa de direito privado.

■ 8.1.5. Quanto à estrutura jurídica


Podem ser ordens de pagamento, em que o título é emitido pelo sacador para
pagamento pelo sacado ao beneficiário. São exemplos a letra de câmbio, a duplicata e o
cheque. Podem ser promessas de pagamento, em que o sacado é o próprio emitente ou
sacador do título. É exemplo a nota promissória.

■ 8.2. Letra de câmbio


A letra de câmbio é ordem de pagamento, à vista ou a prazo. O sacador emite letra de
câmbio para que o sacado pague ao beneficiário o valor de uma determinada obrigação.
É título abstrato e consiste em ordem de pagamento.
Sua disciplina é feita pelo Decreto n. 57.663/66, que internalizou a Lei Uniforme das
Letras de Câmbio e Notas Promissórias estabelecida na Convenção de Genebra.
A letra se forma a partir do saque, que é o ato de emitir a ordem de pagamento a
uma pessoa, o sacado. Pelo saque, o sacador se obriga do pagamento da letra caso o
sacado não pague. O sacado, por seu turno, tem de concordar em se vincular à obrigação
de pagar. Ele concorda com a obrigação ao pôr o aceite na cártula, de modo que se
torna o devedor principal a partir de então.
Nada impede que o sacador saque o título contra si mesmo, de modo que seja o
próprio sacado da cártula.
São requisitos da letra: a palavra letra de câmbio, a ordem de pagamento
incondicionada, o nome do sacado, o nome do beneficiário ou tomador, a indicação da
data em que a letra é sacada, a assinatura do sacador. Toda cláusula que exonere o sacador
da garantia do pagamento da obrigação é considerada não escrita. Na falta de algum dos
requisitos, nada impede que a cambial seja completada pelo credor de boa-fé antes da
cobrança ou do protesto.
Não são requisitos essenciais a época do pagamento, pois na omissão o título é a vista;
o local de pagamento, pois será o lugar designado ao lado do nome do sacado ou o
domicílio desse; o local em que a letra foi sacada, pois na ausência se presume que seja
ao lado do nome do sacador ou no domicílio do emitente.
Caso nada seja indicado na letra de câmbio, ela é considerada à vista. Deverá ser paga
por ocasião de sua apresentação ao sacado, o que deve ocorrer no prazo de um ano da
data da emissão.

O aceite não é obrigatório na letra de câmbio. O sacado somente se obriga se quiser


e, caso aponha o aceite, torna-se devedor principal. A mera assinatura do sacado vale
como aceite. O aceite é irretratável após a devolução da letra.
A letra poderá ser apresentada para aceite até a data do vencimento. Se a letra de
câmbio for à vista, ela não precisa ser apresentada ao sacado para o aceite. A apresentação
já provoca o vencimento da obrigação e a necessidade de pagamento.
Caso haja recusa no aceite, ocorre o vencimento antecipado das obrigações. O
beneficiário poderá cobrar o sacador.

O endosso é forma de transferência do título de crédito à ordem. Presume-se, na


omissão do título, que esse possa ser transmissível por endosso ou, de outra forma, que
possui cláusula à ordem, o que significa que poderá ser transmitido por endosso.
O endosso não pode ser condicionado e o endosso parcial é nulo. O endosso é aposto
no verso do título mediante a assinatura. Caso seja feito no anverso, exige que conste
“endosso”. O endosso implica a transmissão do título e que o endossante se responsabiliza
pelo pagamento em face do endossatário, caso o devedor principal (sacado) não satisfaça
sua obrigação.
Poderá estipular o endossante que não se obriga nem pelo aceite nem pelo pagamento.
Trata-se de cláusula de “endosso sem garantia”. Pela referida cláusula, o endossante
apenas transfere a propriedade do título, mas não se responsabiliza pelo pagamento da
cártula pelo devedor principal ou pelo aceite.
A responsabilidade também não ocorrerá se o endosso for efetuado após o protesto
por falta de pagamento da letra ou após o prazo para a realização do protesto. É o
conhecido como endosso póstumo. O endosso póstumo tem os efeitos apenas de uma
cessão de crédito, em que não há autonomia das obrigações e o cessionário apenas poderá
exigir a satisfação da obrigação do devedor principal. O cedente apenas se obriga pela
existência da obrigação, mas não pelo adimplemento.
O endosso poderá ser em branco, em que o beneficiário não é identificado, ou em
preto, em que ele o é.
Poderá ser próprio, em que é transmitida a titularidade do crédito, ou impróprio. São
impróprios o endosso-mandato, em que são transmitidos poderes apenas de cobrança (o
endossatário é mandatário do endossante), e o endosso-caução, que transfere a
titularidade apenas para garantir uma obrigação.
Possível a aposição de cláusula de proibição de novo endosso na letra de câmbio. A
cláusula de proibição de novo endosso impede que o endossante que apôs a cláusula seja
responsabilizado em face de outras pessoas diversas daquele endossatário imediato a
quem transferiu a cártula.
A cláusula de proibição de endosso não impede, propriamente, novos endossos
na letra de câmbio. Os novos endossatários do título, entretanto, apenas não poderão
cobrar o endossante que apôs a cláusula de proibição de endosso na cártula.
A cláusula de proibição de endosso é diferente da inserção de uma cláusula não à
ordem.Essa última determina que o título de crédito apenas poderá ser transferido por
cessão de crédito, e não endosso, de modo que o cedente apenas se responsabiliza perante
o cessionário pela existência da obrigação do sacado, mas não por seu adimplemento.
As obrigações poderão ser garantidas por aval. O aval deverá ser incluído no anverso
da letra pela mera assinatura do avalista. Se no verso, deverá constar a palavra aval. Deve
indicar o avalizado, sob pena de, no silêncio, ser em benefício do sacador. É o chamado
aval em branco.
O aval poderá ser concedido antes ou depois do vencimento do título. Nos termos do
art. 900 do Código Civil, o aval posterior ao vencimento produz os mesmos efeitos do
anteriormente dado.
A obrigação do avalista é a mesma do avalizado. É autônoma em relação às
obrigações dos demais e, inclusive, em face do avalizado. Subsiste a responsabilidade do
avalista ainda que nula a obrigação daquele a quem se equipara.
O Código Civil, no art. 897, parágrafo único, proibiu o aval parcial. Nas letras de
câmbio, contudo, prevalece a norma especial, uma vez que a Lei Uniforme de Genebra
permite o aval parcial do título.
Pagando o título, tem o avalista ação de regresso contra o seu avalizado e demais
coobrigados anteriores.

O pagamento poderá ser total ou parcial. Feito pelo sacado, extingue a obrigação dos
demais. Feito pelos coobrigados, extingue as obrigações dos coobrigados posteriores da
relação cambial, mas permite a ação de regresso em face dos anteriores.
Para que possa executar os devedores, o beneficiário terá o prazo prescricional de três
anos a contar do vencimento do título para cobrar o aceitante e seus avalistas; um ano a
contar do protesto, para cobrar os endossantes, sacador e seus avalistas; seis meses a
contar do dia em que o endossante pagou a letra para a ação de regresso em face dos
demais endossantes ou do sacador.

■ 8.3. Nota promissória


A nota promissória consiste em uma promessa de pagamento pelo sacador ou
promitente de quantia determinada ao beneficiário. O sacador é o próprio devedor
principal do título, de modo que não há aceite por inexistir ordem de pagamento.
A nota promissória é disciplinada pelos arts. 75 a 78 do Decreto n. 57.663/66 e, em
sua omissão, aplicar-se-á a disciplina da letra de câmbio.
Dentre os seus requisitos, precisa constar a expressão nota promissória, a promessa
pura e simples de pagar quantia determinada; o nome do beneficiário; a data de emissão
e a assinatura do sacador. Caso não seja indicada a data do pagamento, o título será
considerado à vista.
Aplicam-se às notas promissórias as mesmas disposições da letra de câmbio quanto
ao endosso, aval, pagamento, ressaque, ação cambial e prescrição.

■ 8.4. Cheque
O cheque é título de crédito disciplinado pela Lei n. 7.357/85. Consiste em ordem de
pagamento à vista.
Consiste na ordem emitida pelo sacador, correntista de uma instituição financeira,
para que ela, sacada, pague uma determinada quantia em benefício de terceiro ou dele
próprio.
É título de forma vinculada, pois a cártula é fornecida pela própria instituição
financeira. Exige também a celebração de um contrato prévio entre o emitente e a
instituição financeira de modo que sejam depositados fundos. Diante do requisito do
prévio depósito, não há propriamente um crédito a ser realizado pela instituição
financeira, pois ela simplesmente paga o montante com os recursos do emitente, o que
torna o cheque um título de crédito impróprio.
Não há aceite e considera-se não escrita qualquer declaração em contrário. A
instituição financeira não precisa aceitar a ordem. Ela é obrigada a pagar desde que haja
recursos disponíveis.
A falta de recursos não prejudica a validade do cheque, mas o pagamento não se
efetuará se não houver créditos na conta corrente, saldo exigível de conta-corrente ou
soma proveniente de abertura de crédito.
São requisitos essenciais ao cheque: a denominação “cheque”; a ordem incondicional
de pagar quantia determinada; o nome do sacado e a instituição financeira; a data da
emissão e a assinatura do emitente. Caso a instituição financeira não pague a cártula, o
emitente é responsável pelo pagamento.
Não são requisitos essenciais o local de pagamento e o local de emissão. Caso não
seja indicado, o local de pagamento é o local junto ao nome do sacado. Caso não haja
menção do local em que emitido, considera-se que o cheque foi emitido no local junto ao
nome do emitente.

■ 8.4.1. Endosso e cessão de crédito


Pode ser ao portador, se até R$ 100,00, e circula por mera tradição. O cheque também
poderá ser com cláusula à ordem ou não à ordem.
A cláusula à ordem é presumida no cheque e implica que o título será transmitido
mediante endosso. Apenas o sacado não pode endossar o título, sob pena de ser nulo. O
endosso deve ser feito no cheque, no verso, ou na folha de alongamento.
O endosso poderá ser feito em preto, quando o endossatário é identificado pelo
endossante, ou em branco. No caso de endosso em branco, o endossante apenas assina a
cártula e não identifica o endossatário. Nesse caso, o título circula da mesma forma que
o cheque ao portador, mas poderá ser completado a qualquer momento.
O endosso não poderá ser condicionado, nem poderá ser parcial. O endosso parcial
é nulo.
O endossante garante o pagamento do título ao endossá-lo. Apenas não garantirá o
pagamento se endossar com a cláusula “sem garantia”.
Endosso póstumo é o realizado após o protesto ou após o prazo de apresentação. Tem
efeitos da cessão civil, de modo que não garante a autonomia das obrigações ou o
pagamento da cártula ao cessionário. O cedente é responsável apenas pela existência
do crédito, mas não se torna coobrigado.
O endosso próprio transfere o crédito ao beneficiário. O endosso impróprio, que não
transfere o crédito simplesmente, poderá ser classificado em endosso-mandato, em que o
endossatário deve cobrar o valor da cártula, mas não recebe a titularidade do crédito; o
endosso-caução, em que o título é transferido como penhor, garantia ou caução de
uma obrigação, não é admitido no cheque, pois o cheque é ordem de pagamento à
vista.
Não há limitação para a qualidade de endossos.
A cláusula não à ordem impõe que o crédito somente será transmitido por cessão
civil.

■ 8.4.2. Aval
O aval é garantia cambiária fornecida pelo avalista ao avalizado. Pode ser total ou
parcial e é feito no anverso do cheque. Apenas o sacado não pode ser considerado
avalista.
O avalista é coobrigado e possui a mesma obrigação do avalizado. Como obrigação
cambial, sua obrigação é autônoma, inclusive em relação a esse.

■ 8.4.3. Pagamento
O cheque é ordem de pagamento à vista. Qualquer cláusula que exige sua
apresentação em momento posterior é considerada não escrita. O cheque pós-datado, ou
conhecido como pré-datado, é pagável antes da data convencionada. Entretanto, por
descumprimento de convenção, o contratante poderá ser condenado a indenizar o
emitente se na data apresentada não houver fundos e o pagamento tiver sido recusado
pelo banco sacado.
O prazo de apresentação é de 30 dias, se tiver sido emitido no mesmo lugar em que
houver de ser pago, e de 60 dias, se emitido em local diverso. Decorrido o prazo de
apresentação sem que tenha sido feita, o cheque não poderá ser cobrado dos endossantes
e avalistas, mas continua a ser exigido do sacado até a prescrição.
Caso tenha sido apresentado na data de apresentação e não pago, o beneficiário poderá
executar os coobrigados, os quais respondem solidariamente pela obrigação da cártula.
São coobrigados o emitente e seus avalistas e os endossantes e seus avalistas. Contra
os endossantes e avalistas, o tomador deverá demonstrar que o cheque foi apresentado no
prazo de apresentação e que não fora pago. A prova é feita com o protesto do título ou
pela declaração escrita por câmara de compensação. O protesto poderá ser dispensado
para a cobrança desses apenas se houver o endossante aposto cláusula sem despesa ou
sem protesto.
Em face do emitente e seus avalistas, o protesto é dispensado, mas o tomador poderá
perder o direito de executar se o emitente não tiver mais fundos disponíveis em razão de
fato que não lhe possa ser imputável.

■ 8.4.4. Prescrição
Para a execução do emitente e dos avalistas, o cheque prescreve em 6 meses do
término de sua data de apresentação, ou seja, 6 meses do decurso do prazo de 30 dias,
se emitido na mesma praça, e de 60 dias, se emitido em praça diversa. O prazo de regresso
para os coobrigados exigirem o pagamento dos demais coobrigados anteriores prescreve
em 6 meses da data do pagamento.
Caso o prazo decorra, não mais haverá a possibilidade da execução. Entretanto,
poderá ser promovida ação de locupletamento indevido contra o emitente no prazo de
dois anos da data em que se consumou a prescrição executiva.

■ 8.4.5. Tipos de cheque


Cheque pós-datado: cheque que possui data futura de apresentação. A cláusula é
considerada não escrita e o cheque poderá ser apresentado, pois ordem de pagamento à
vista. Embora deva ser pago se apresentado antes da data, o descumprimento da
convenção entre o emitente e o beneficiário caracteriza dano moral.
Cheque cruzado: possui duas linhas paralelas na transversal do anverso do cheque.
Implica que o cheque somente será pago a um banco ou a um cliente do sacado, mediante
depósito em conta.
O cruzamento poderá ser especial ou geral. No cruzamento especial, inclui-se o nome
do banco entre os dois traços. O pagamento pelo sacado somente poderá ocorrer ao
banco indicado ou, se esse banco for o próprio sacado, a cliente seu mediante crédito em
conta.
No cruzamento geral, nada é incluído, de modo que o sacado somente poderá pagar a
banco ou a cliente do sacado mediante crédito em conta.
Caso sejam vários os cruzamentos especiais, o cheque apenas poderá ser pago pelo
sacado no caso de dois cruzamentos, um dos quais para cobrança por câmara de
compensação.
Cheque visado: o sacado assegura a disponibilidade de fundos do emitente e garante
o pagamento do título. O banco lança visto no cheque para tanto.
Cheque administrativo: é o cheque emitido pelo próprio banco contra ele mesmo
em benefício do tomador. É um autossaque.

■ 8.5. Duplicata
A duplicata é título de crédito causal disciplinado pela Lei n. 5.474/68 e pela Lei n.
13.774/2018 e consiste em ordem de pagamento. Poderá ser emitida na forma cartular,
materializada em documento, ou poderá ser emitida na forma escritural, eletrônica ou
virtual.

Ela é sacada a partir da fatura ou notas fiscais faturas. A emissão de duplicata que não
corresponda à fatura é crime de emissão de duplicata simulada. O vendedor da mercadoria
ou o prestador do serviço sacam a duplicata em face do sacado, que é o adquirente da
mercadoria ou dos serviços, para que esse pague o beneficiário, o qual é o próprio
vendedor.
São seus requisitos a denominação duplicata, a data de sua emissão e o número de
ordem, o número da fatura, a data do vencimento, o nome do vendedor e do comprador,
o montante a ser pago e o local, a cláusula à ordem e a assinatura do emitente.
O aceite na duplicata é obrigatório. O sacado somente poderá recusar o aceite se
não recebeu a mercadoria, se há vícios na mercadoria ou divergência de prazo e preço.
Recebida a duplicata, o sacado deverá devolvê-la em 10 dias com o aceite ou sem o aceite
e com a justificativa da razão do não aceite.
Se a duplicata não for devolvida, o sacador poderá extrair a triplicata.

■ 8.5.1. Aval e endosso


A duplicata pode ser garantida por aval. O aval deverá identificar o avalizado e, caso
não o faça, será considerado como avalizado o sacado. O aval posterior ao vencimento
produz os mesmos efeitos do anterior.
Poderá a duplicata ser endossada a terceiro e os endossantes se tornam coobrigados
pelo título, conforme a disciplina análoga da letra de câmbio.

■ 8.5.2. Protesto
O protesto pode ser por falta de aceite, por falta de devolução da cártula e por
falta de pagamento.
O protesto deverá ser realizado no prazo de 30 dias do vencimento. O protesto por
falta de devolução da cártula e o protesto por falta de aceite são facultados ao beneficiário,
pois a ausência não impedirá o protesto por falta de pagamento.
Se a duplicata não tiver sido aceita, o protesto é obrigatório inclusive para a cobrança
do devedor principal, além dos coobrigados.
A ação poderá ser proposta em face desses com a demonstração de que a duplicata ou
triplicata foram protestadas, de que há documento hábil comprobatório da entrega e
recebimento das mercadorias, e deverá ser demonstrado que o sacado não recusou de
modo legítimo o aceite.
Se a duplicata tiver sido aceita, o protesto é imprescindível apenas para a execução
dos coobrigados. Na sua ausência, permite-se a execução apenas do sacado e dos
avalistas, pois já se obrigaram pela assinatura como devedores principais.

■ 8.5.3. Prescrição
Prescreve em 3 anos, do vencimento do título, a ação contra o sacado e os avalistas;
1 ano, contado do protesto, a ação contra os endossantes e seus avalistas; em 1 ano,
contado da data do pagamento, a ação promovida pelo coobrigado contra o sacador ou os
endossantes anteriores e avalistas.

■ 8.5.4. Duplicata escritural, eletrônica ou virtual


A duplicata poderá ter a forma escritural, eletrônica ou virtual, conforme disciplina a
Lei n. 13.775/2018.
A emissão dessa forma de duplicata será feita mediante lançamento em sistema
eletrônico de escrituração, administrado por qualquer entidade que exerça a atividade de
escrituração de duplicata escritural.
Para a constituição da duplicata escritural, no sistema deverão ser escriturados, pelo
menos, apresentação, aceite, devolução e formalização da prova do pagamento;
controle e transferência da titularidade; prática de atos cambiais sob a forma
escritural, tais como endosso e aval; inclusão de indicações, informações ou
declarações referentes à operação com base na qual a duplicata foi emitida ou ao
próprio título; e inclusão de informações a respeito de ônus e gravames constituídos
sobre as duplicatas. A prova de pagamento também deverá ser informada no
sistema eletrônico de escrituração.
Do sistema eletrônico, os gestores deverão expedir extratos do registro eletrônico da
duplicata a pedido de qualquer solicitante. A duplicata sob a forma escritural e seu extrato
serão considerados títulos executivos extrajudiciais e também poderão ser protestados.
Às duplicatas escriturais aplicam-se subsidiariamente as normas para a duplicata
cartular. Para a duplicata escritural, de forma especial em relação à cartular, exige-se a
apresentação de forma eletrônica no prazo de dois dias úteis contados de sua emissão,
caso não tenha sido determinado prazo diverso pela entidade da administração federal
competente. A recusa de sua aceitação, entretanto, deverá também ser realizada por meio
eletrônico, no prazo e pelos motivos da recusa da duplicata cartular, ou seja, apenas nas
hipóteses de avaria ou não recebimento das mercadorias, vícios, defeitos e diferenças na
qualidade ou quantidade ou divergência nos prazos ou preços, desde que a recusa ocorra
no prazo de dez dias. Poderá, entretanto, no prazo de 15 dias aceita-la.
Por fim, nos termos do art. 10 da Lei n. 13.775/2018, são nulas de pleno direito as
cláusulas contratuais que vedam, limitam ou oneram, de forma direta ou indireta, a
emissão ou a circulação de duplicatas emitidas sob a forma cartular ou escritural.

QUESTÕES

(XIX Exame de Ordem Unificado / FGV) Xerxes constituiu uma Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI) com sede na zona rural do município de Vale Real para
fabricação de laticínios, cuja matéria-prima será adquirida de produtores rurais da região ou
de cooperativas de produtores rurais. A pessoa jurídica será administrada por sua cunhada
Ceres e seu instituidor pretende adotar como nome empresarial a espécie denominação.

Com base nessas informações e na disciplina legal da EIRELI, assinale a afirmativa correta.
A) A administração da EIRELI deverá ser exercida em caráter privativo por Xerxes, que
poderá designar mandatário em ato separado.
B) Para a constituição da EIRELI não há capital mínimo, no entanto esse deve estar
previamente integralizado.
C) A EIRELI em questão adquire personalidade jurídica com a inscrição do ato de
constituição no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas
Comerciais.
D) A EIRELI deverá adotar firma como espécie de nome empresarial, formada pelo
patronímico do titular, acrescido do objeto da empresa e da expressão “EIRELI”.

RESPOSTA

Você também pode gostar