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■ 8. TÍTULOS DE CRÉDITO
É definido como o documento necessário para o exercício do direito literal e
autônomo nele incorporado. O título representa um crédito em face de determinada
pessoa.
São atributos do título a negociabilidade, que permite ao titular transferir o crédito
para obter seus valores, e a executividade, pois a cobrança do título poderá ocorrer
diretamente pela via da execução judicial em face do devedor principal ou dos
coobrigados.
Suas características são:
■ 8.1. Classificação
Os títulos de crédito podem ser classificados de diversas formas.
O pagamento poderá ser total ou parcial. Feito pelo sacado, extingue a obrigação dos
demais. Feito pelos coobrigados, extingue as obrigações dos coobrigados posteriores da
relação cambial, mas permite a ação de regresso em face dos anteriores.
Para que possa executar os devedores, o beneficiário terá o prazo prescricional de três
anos a contar do vencimento do título para cobrar o aceitante e seus avalistas; um ano a
contar do protesto, para cobrar os endossantes, sacador e seus avalistas; seis meses a
contar do dia em que o endossante pagou a letra para a ação de regresso em face dos
demais endossantes ou do sacador.
■ 8.4. Cheque
O cheque é título de crédito disciplinado pela Lei n. 7.357/85. Consiste em ordem de
pagamento à vista.
Consiste na ordem emitida pelo sacador, correntista de uma instituição financeira,
para que ela, sacada, pague uma determinada quantia em benefício de terceiro ou dele
próprio.
É título de forma vinculada, pois a cártula é fornecida pela própria instituição
financeira. Exige também a celebração de um contrato prévio entre o emitente e a
instituição financeira de modo que sejam depositados fundos. Diante do requisito do
prévio depósito, não há propriamente um crédito a ser realizado pela instituição
financeira, pois ela simplesmente paga o montante com os recursos do emitente, o que
torna o cheque um título de crédito impróprio.
Não há aceite e considera-se não escrita qualquer declaração em contrário. A
instituição financeira não precisa aceitar a ordem. Ela é obrigada a pagar desde que haja
recursos disponíveis.
A falta de recursos não prejudica a validade do cheque, mas o pagamento não se
efetuará se não houver créditos na conta corrente, saldo exigível de conta-corrente ou
soma proveniente de abertura de crédito.
São requisitos essenciais ao cheque: a denominação “cheque”; a ordem incondicional
de pagar quantia determinada; o nome do sacado e a instituição financeira; a data da
emissão e a assinatura do emitente. Caso a instituição financeira não pague a cártula, o
emitente é responsável pelo pagamento.
Não são requisitos essenciais o local de pagamento e o local de emissão. Caso não
seja indicado, o local de pagamento é o local junto ao nome do sacado. Caso não haja
menção do local em que emitido, considera-se que o cheque foi emitido no local junto ao
nome do emitente.
■ 8.4.2. Aval
O aval é garantia cambiária fornecida pelo avalista ao avalizado. Pode ser total ou
parcial e é feito no anverso do cheque. Apenas o sacado não pode ser considerado
avalista.
O avalista é coobrigado e possui a mesma obrigação do avalizado. Como obrigação
cambial, sua obrigação é autônoma, inclusive em relação a esse.
■ 8.4.3. Pagamento
O cheque é ordem de pagamento à vista. Qualquer cláusula que exige sua
apresentação em momento posterior é considerada não escrita. O cheque pós-datado, ou
conhecido como pré-datado, é pagável antes da data convencionada. Entretanto, por
descumprimento de convenção, o contratante poderá ser condenado a indenizar o
emitente se na data apresentada não houver fundos e o pagamento tiver sido recusado
pelo banco sacado.
O prazo de apresentação é de 30 dias, se tiver sido emitido no mesmo lugar em que
houver de ser pago, e de 60 dias, se emitido em local diverso. Decorrido o prazo de
apresentação sem que tenha sido feita, o cheque não poderá ser cobrado dos endossantes
e avalistas, mas continua a ser exigido do sacado até a prescrição.
Caso tenha sido apresentado na data de apresentação e não pago, o beneficiário poderá
executar os coobrigados, os quais respondem solidariamente pela obrigação da cártula.
São coobrigados o emitente e seus avalistas e os endossantes e seus avalistas. Contra
os endossantes e avalistas, o tomador deverá demonstrar que o cheque foi apresentado no
prazo de apresentação e que não fora pago. A prova é feita com o protesto do título ou
pela declaração escrita por câmara de compensação. O protesto poderá ser dispensado
para a cobrança desses apenas se houver o endossante aposto cláusula sem despesa ou
sem protesto.
Em face do emitente e seus avalistas, o protesto é dispensado, mas o tomador poderá
perder o direito de executar se o emitente não tiver mais fundos disponíveis em razão de
fato que não lhe possa ser imputável.
■ 8.4.4. Prescrição
Para a execução do emitente e dos avalistas, o cheque prescreve em 6 meses do
término de sua data de apresentação, ou seja, 6 meses do decurso do prazo de 30 dias,
se emitido na mesma praça, e de 60 dias, se emitido em praça diversa. O prazo de regresso
para os coobrigados exigirem o pagamento dos demais coobrigados anteriores prescreve
em 6 meses da data do pagamento.
Caso o prazo decorra, não mais haverá a possibilidade da execução. Entretanto,
poderá ser promovida ação de locupletamento indevido contra o emitente no prazo de
dois anos da data em que se consumou a prescrição executiva.
■ 8.5. Duplicata
A duplicata é título de crédito causal disciplinado pela Lei n. 5.474/68 e pela Lei n.
13.774/2018 e consiste em ordem de pagamento. Poderá ser emitida na forma cartular,
materializada em documento, ou poderá ser emitida na forma escritural, eletrônica ou
virtual.
Ela é sacada a partir da fatura ou notas fiscais faturas. A emissão de duplicata que não
corresponda à fatura é crime de emissão de duplicata simulada. O vendedor da mercadoria
ou o prestador do serviço sacam a duplicata em face do sacado, que é o adquirente da
mercadoria ou dos serviços, para que esse pague o beneficiário, o qual é o próprio
vendedor.
São seus requisitos a denominação duplicata, a data de sua emissão e o número de
ordem, o número da fatura, a data do vencimento, o nome do vendedor e do comprador,
o montante a ser pago e o local, a cláusula à ordem e a assinatura do emitente.
O aceite na duplicata é obrigatório. O sacado somente poderá recusar o aceite se
não recebeu a mercadoria, se há vícios na mercadoria ou divergência de prazo e preço.
Recebida a duplicata, o sacado deverá devolvê-la em 10 dias com o aceite ou sem o aceite
e com a justificativa da razão do não aceite.
Se a duplicata não for devolvida, o sacador poderá extrair a triplicata.
■ 8.5.2. Protesto
O protesto pode ser por falta de aceite, por falta de devolução da cártula e por
falta de pagamento.
O protesto deverá ser realizado no prazo de 30 dias do vencimento. O protesto por
falta de devolução da cártula e o protesto por falta de aceite são facultados ao beneficiário,
pois a ausência não impedirá o protesto por falta de pagamento.
Se a duplicata não tiver sido aceita, o protesto é obrigatório inclusive para a cobrança
do devedor principal, além dos coobrigados.
A ação poderá ser proposta em face desses com a demonstração de que a duplicata ou
triplicata foram protestadas, de que há documento hábil comprobatório da entrega e
recebimento das mercadorias, e deverá ser demonstrado que o sacado não recusou de
modo legítimo o aceite.
Se a duplicata tiver sido aceita, o protesto é imprescindível apenas para a execução
dos coobrigados. Na sua ausência, permite-se a execução apenas do sacado e dos
avalistas, pois já se obrigaram pela assinatura como devedores principais.
■ 8.5.3. Prescrição
Prescreve em 3 anos, do vencimento do título, a ação contra o sacado e os avalistas;
1 ano, contado do protesto, a ação contra os endossantes e seus avalistas; em 1 ano,
contado da data do pagamento, a ação promovida pelo coobrigado contra o sacador ou os
endossantes anteriores e avalistas.
QUESTÕES
(XIX Exame de Ordem Unificado / FGV) Xerxes constituiu uma Empresa Individual de
Responsabilidade Limitada (EIRELI) com sede na zona rural do município de Vale Real para
fabricação de laticínios, cuja matéria-prima será adquirida de produtores rurais da região ou
de cooperativas de produtores rurais. A pessoa jurídica será administrada por sua cunhada
Ceres e seu instituidor pretende adotar como nome empresarial a espécie denominação.
Com base nessas informações e na disciplina legal da EIRELI, assinale a afirmativa correta.
A) A administração da EIRELI deverá ser exercida em caráter privativo por Xerxes, que
poderá designar mandatário em ato separado.
B) Para a constituição da EIRELI não há capital mínimo, no entanto esse deve estar
previamente integralizado.
C) A EIRELI em questão adquire personalidade jurídica com a inscrição do ato de
constituição no Registro Público de Empresas Mercantis, a cargo das Juntas
Comerciais.
D) A EIRELI deverá adotar firma como espécie de nome empresarial, formada pelo
patronímico do titular, acrescido do objeto da empresa e da expressão “EIRELI”.
RESPOSTA