Apostila Das Aulas

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Apostolado do Oratório

“Maria, Rainha dos Corações”

Curso de Consagração a Nossa Senhora


segundo o método de
São Luís Maria Grignion de Montfort

Parte I: Aulas
Apostila exclusiva do expositor
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Esta apostila pertence a: __________________________________

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Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Sumário
Oração da Restauração ............................................................................... 9
Apresentação ............................................................................................ 10
Cronograma, desenvolvimento e metodologia .......................................... 12
Orientações iniciais .............................................................................. 12
De quantas aulas constará o Curso de Consagração? ............................ 12
Modo normal e modo rápido ................................................................ 12
Trinta e três dias de preparação ............................................................ 12
Duas apostilas ...................................................................................... 12
Uma apostila que se constituirá durante a formação ............................. 12
Tarefa de casa ....................................................................................... 13
Cronogramas ........................................................................................ 13
Cronograma do Curso no modo normal ................................................ 13
Cronograma do Curso Rápido (Duração em torno de 40 dias) .............. 16
Orientações para a comissão de expositores ......................................... 19
Como se desenvolverão as aulas? ......................................................... 19
Modo alternativo de cada aula ser ministrada ....................................... 20
Arquivos auxiliares .............................................................................. 20
Orientações para os participantes.......................................................... 21
Período que antecede o curso ............................................................... 22
Inscrições ............................................................................................. 22
Sugestões para o que deve ser feito após a realização do curso de
consagração .......................................................................................... 23
1ª Aula: Por que a consagração a Nossa Senhora? .................................... 24
Precisamos do amparo de Nossa Senhora para termos forças para
praticarmos a Lei de Deus e não desanimarmos. .................................. 24
Qual é a razão pela qual sentimos certa antipatia pela palavra
“escravidão”? ....................................................................................... 25
No que consiste a escravidão de amor? ................................................. 26
Quais as consequências da escravidão de amor .................................... 28
Tarefa de casa ....................................................................................... 30

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

1ª Aula: Por que a consagração a Nossa Senhora? (Esquema) .............. 31


2ª Aula: Nossa Senhora no plano da Criação ............................................ 32
Deus criou todas as coisas com um plano ............................................. 32
A importância de conhecermos o papel de Maria no plano da Criação . 32
Qual a finalidade da Criação? O que Deus teve em vista criando?........ 33
A Criação dos Anjos e queda de uma parte deles.................................. 38
No conjunto de todos os seres criados por Deus, cinco graus ou estágios,
em ordem crescente de perfeição .......................................................... 39
Por que Deus escolheu um Homem para encarnar-Se n’Ele? ................ 40
Entre Deus e nós .... Jesus.... Entre Jesus e nós ... Maria ....................... 41
Relação de Maria Santíssima com a Santíssima Trindade: o “grampo de
ouro” .................................................................................................... 42
Recapitulando a ordem da Criação ....................................................... 42
Tarefa de Casa ...................................................................................... 42
2ª Aula: Nossa Senhora no plano da Criação (Esquema) ...................... 44
3ª Aula: Papel de Nossa Senhora na História da Salvação ........................ 46
Como foi a Anunciação do Anjo? ......................................................... 46
Decadência e degradação do mundo antigo. ......................................... 46
Nossa Senhora foi criada por Deus para que d’Ela viesse o Messias .... 46
Mãe de Cristo, Ela tornou-se Mãe de todos aqueles que nascem pela
Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo. .................................................... 48
Conclusão de S. Luís Grignion: a Escravidão de Amor como o meio reto
e seguro para se alcançar a união com Deus. ........................................ 50
Tarefa de casa ....................................................................................... 51
3ª Aula: Papel de Nossa Senhora na História da Salvação (Esquema) .. 52
4ª Aula: Necessidade que temos da devoção à Santíssima Virgem ........... 53
1º Princípio: Deus quis servir-se de Maria na Encarnação .................... 53
Os Mistérios de nossa Fé: não são contrários à razão, mas estão acima
dela....................................................................................................... 53
Um Deus em Três Pessoas: quem pode compreender? ......................... 53
Como é a Vida Divina entre as Três Pessoas? ...................................... 55
Um “impasse” entre as Três Pessoas Divinas. ...................................... 55

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Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Maria a solução desse “impasse” .......................................................... 56


Maria, a solução do “impasse”: tornou-se Filha de Deus Pai, Mãe de
Deus Filho e Esposa do Espírito Santo ................................................. 57
2º Princípio: Deus quer servir-se de Maria na santificação das almas. .. 57
Maria é Mãe de Jesus e Mãe da Igreja. ................................................. 58
Consequência: Maria é necessária para a salvação de nossas almas ...... 58
Tarefa de casa ....................................................................................... 59
4ª Aula: Necessidade que temos da devoção à Santíssima Virgem
(Esquema) ............................................................................................ 61
5ª Aula: Necessidade da devoção a Maria especialmente nesses Últimos
Tempos .................................................................................................... 63
O alcance profético desse trecho do Tratado......................................... 63
O objeto da aula de hoje: a relação do Tratado com a Mensagem de
Fátima .................................................................................................. 63
“Últimos tempos” não é o mesmo que “fim dos tempos”. .................... 64
As Aparições de Fátima - A Mensagem de Fátima ............................... 65
Por que Nossa Senhora quis aparecer? As três razões ........................... 66
A decadência moral da Cristandade Medieval ...................................... 68
O desejo de Nossa Senhora ao aparecer em Fátima: deter o processo de
decadência da humanidade ................................................................... 71
A grande Promessa de Nossa Senhora em Fátima: anúncio do advento do
Reino de Maria ..................................................................................... 71
Tarefa de casa ....................................................................................... 71
Orientação para o expositor: ................................................................. 72
5ª Aula: Necessidade da devoção a Maria especialmente nesses Últimos
Tempos (Esquema) ............................................................................... 73
6ª Aula: Verdades fundamentais da devoção a Maria ............................... 75
Verdades que nos servem como base para formar convicções sólidas. . 75
Primeira verdade: Jesus Cristo é o Fim Último da devoção a Maria. .... 75
Segunda verdade: Pertencemos a Jesus e a Maria na qualidade de
escravos ................................................................................................ 77
Terceira verdade: Devemos esvaziar-nos do que há de mal em nós. ..... 80

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Quarta verdade: Precisamos de um mediador junto ao próprio Mediador


............................................................................................................. 81
Quinta verdade: Para nós é muito difícil conservarmos as graças e os
tesouros recebidos de Deus. .................................................................. 82
Orientação para o expositor .................................................................. 82
Tarefa de casa ....................................................................................... 82
6ª Aula: Verdades fundamentais da devoção a Maria (Esquema) ......... 84
7ª Aula: Sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria .......... 86
Falsos devotos e falsas devoções à Virgem Santa ................................. 86
Os sete tipos de falsos devotos. ............................................................ 87
Um momento para exame de consciência ............................................. 88
Sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem .............................. 89
Os cinco sinais de verdadeira devoção apresentados por São Luís
Grignion ............................................................................................... 92
Tarefa de casa: ..................................................................................... 93
7ª Aula: Sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem Maria:
(Esquema) ............................................................................................ 94
8ª Aula: A perfeita prática de devoção a Maria ......................................... 96
Principais práticas de devoção a Maria ................................................. 96
A perfeita prática de devoção a Maria .................................................. 96
Um pouco de Catecismo ....................................................................... 96
Somos concebidos no pecado original .................................................. 97
A grande promessa feita por Deus: “Ela te esmagará a cabeça...” ......... 98
Jesus e Maria: a realização da grande promessa ................................... 98
Batismo: o primeiro de todos os Sacramentos ...................................... 99
As obrigações de quem é batizado ...................................................... 100
Renovação das promessas do Batismo com algo a mais: a essência da
perfeita consagração a Jesus por Maria ............................................... 101
O que se acrescenta nessa renovação? ................................................ 101
Se formos fiéis a essa devoção, que prêmio receberemos? Participar no
Céu da glória de Maria ....................................................................... 102
Tarefa de casa ..................................................................................... 103

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Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

8ª Aula: A perfeita prática de devoção a Maria (Esquema) ................. 105


9ª Aula: Nosso fim: a santidade .............................................................. 108
O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus, e assim
salvar a sua alma ................................................................................ 108
O desejo do infinito do coração do ser humano .................................. 110
O Pecado: desejo do infinito voltado para as criaturas ........................ 110
O que, no pensamento de Santo Inácio, significam o louvor, a reverência
e o serviço .......................................................................................... 111
Nosso prêmio: a salvação eterna ......................................................... 112
Santidade: plenitude da vida cristã e perfeição da caridade................. 112
A vida do homem sobre a terra é uma luta: estamos em estado de prova
........................................................................................................... 112
Nossos inimigos ................................................................................. 113
Como combater inimigos tão poderosos? ... ....................................... 114
São Luís Grignion nos dá a fórmula certa para revestirmos a armadura de
Deus ................................................................................................... 115
As práticas piedosas propostas por São Luís Grignion........................ 118
Práticas exteriores .............................................................................. 118
Práticas interiores ............................................................................... 119
Conclusão........................................................................................... 121
Tarefa de casa ..................................................................................... 122
9ª Aula: Nosso fim: a santidade (Esquema) ........................................ 123
10ª Aula: O Sacramento da Penitência ou Reconciliação ........................ 126
Recordando alguns pontos .................................................................. 126
Um fato de Santa Teresa ..................................................................... 127
As condições para uma boa confissão ................................................. 128
1º) Exame de consciência: uma diligente investigação ....................... 128
2º) Contrição ou arrependimento: dor de alma pelo pecado cometido,
com resolução de não mais pecar........................................................ 130
3º) Confissão ...................................................................................... 131
4º) Absolvição .................................................................................... 134

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

5º) Satisfação: necessidade de reparar o mal cometido contra Deus e o


próximo .............................................................................................. 134
Orientação para o expositor ................................................................ 135
Tarefa de casa ..................................................................................... 135
10ª Aula: O Sacramento da Penitência ou Reconciliação (Esquema) .. 137
Tema final .............................................................................................. 139
Em relação à Sagrada Comunhão, o que será mais importante: a
preparação ou a ação de graças? ......................................................... 139
Obras consultadas................................................................................... 142

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Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Oração da Restauração

H
á momentos, minha Mãe, em que minha
alma se sente no que tem de mais fundo,
tocada por uma saudade indizível. Tenho
saudades da época e que eu Vos amava, e Vós
me amáveis, na atmosfera primaveril de minha
vida espiritual.
Tenho saudades de Vós, Senhora, e do paraíso
que punha em mim a grande comunicação que
tinha convosco.
Não tendes também Vós, Senhora, saudades
desse tempo? Não tendes saudades da bondade
que havia naquele filho que eu fui?
Vinde, pois, ó melhor de todas as mães, e por
amor que desabrochava em mim, restaurai-me:
recomponde em mim o amor Vós, e fazei de
mim a plena realização daquele filho sem
mancha que eu teria sido, se não fosse tanta
miséria.
Dai-me, ó Mãe, um coração arrependido e
humilhado, e fazei luzir novamente aos meus
olhos aquilo que, pelo esplendor de vossa graça,
eu começara a amar tanto e tanto!…
Lembrai-Vos, senhora, deste David e de toda
doçura que nele púnheis. Assim Seja!

Plinio Corrêa de Oliveira.

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Apresentação
No século XVIII vemos brilhar no firmamento da Santa Igreja um
fulgurante sol de santidade, um profeta no verdadeiro sentido do termo. Seu
nome: São Luís Maria Grignion de Montfort. Ora, é sabido que a missão do
profeta consiste em apontar os desígnios de Deus para o seu tempo, e
prever muitos acontecimentos futuros. Foi o que fizeram os profetas do
Antigo Testamento; é o que fazem, também, os profetas no Novo
Testamento.
São Luís Grignion foi um ardoroso pregador e grande sacerdote,
devotíssimo da Mãe de Deus. Percebendo com acuidade de espírito tantos
desvios morais estabelecidos na sociedade de seu tempo, sabia ele
vislumbrar, apesar disso, uma futura instauração do Reinado de Cristo
pelas mãos de Maria na face da terra. Não fez ele na introdução da sua
principal obra, o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, o
seguinte vaticínio: “Foi por intermédio da Santíssima Virgem que Jesus
Cristo veio ao mundo, e é também por meio d’Ela que Ele reinará no
mundo”?
Com efeito, é fácil perceber o quanto tal profecia de São Luís Grignion
teve uma perfeita ressonância na Mensagem de Fátima, pois, ao anunciar o
triunfo de Seu Sapiencial e Imaculado Coração, Nossa Senhora não
prenuncia outra coisa senão o advento do Reinado de Jesus Cristo por Sua
onipotente intercessão.
Uma vez que foram os próprios virginais e sapientíssimos lábios de Maria
que fizeram uma tal promessa, é certo que isto irá acontecer. Nossa
Senhora não colocou nenhuma condição para cumpri-la. Simplesmente fez
uma peremptória afirmação: “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará
e será dado ao mundo algum tempo de paz!”
Entretanto, por que esse triunfo do Imaculado Coração não acontece logo?
Já faz mais de cem anos que essa promessa foi feita!
Afirma São Luís Grignion no Tratado que para que o Reino de Jesus por
meio de Maria se estabeleça na terra, faz-se necessário que este comece no
âmago da alma de cada ser humano. É necessário que Jesus e Maria sejam
reconhecidos por cada coração como seus verdadeiros Reis e Senhores.
Isso depende, também, do livre-arbítrio humano.
Por conseguinte, foi esta a principal intenção com a qual São Luís Grignion
quis escrever o seu famoso Tratado: o de preparar os corações para o
advento do Reinado de Cristo por meio de Maria. Este é, podemos afirmá-
10
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

lo, o principal objetivo do presente curso de consagração promovido pelo


Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”.
Deseja, ainda, auxiliar as Dioceses e Paróquias a possuírem membros que
mais plenamente estejam imbuídos do espírito de Maria e, por
consequência, tenham maior disposição de atuar com renovado dinamismo
nos diversos movimentos e pastorais, promovendo assim, uma maior
comunhão eclesial e um mais profundo espírito missionário, tendo em vista
tantas ovelhas desgarradas e um tão grande número de irmãos que sofrem
misérias físicas e espirituais, em meio a tantas periferias, que não são só de
corpo, mas sobretudo, de alma.
* * *
Observação importante:
O presente curso de consagração a Nossa Senhora segundo o método de
São Luís Maria Grignion de Montfort não pretende fazer um estudo
exaustivo e muito menos acadêmico do “Tratado da Verdadeira Devoção à
Santíssima Virgem”. O seu principal objetivo consiste em tornar as
doutrinas contidas nesse livro acessíveis para o público em geral,
procurando ressaltar suas ideias mestras e mais essenciais numa linguagem
próxima à coloquial, a fim de tornar mais fácil sua compreensão e
exposição. A finalidade do presente curso é, portanto, didática e pastoral.

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Cronograma, desenvolvimento e
metodologia
Orientações iniciais
De quantas aulas constará o Curso de Consagração?
O presente Curso de Consagração constará de dez aulas e
um tema final que desembocarão na solene consagração a Nossa Senhora.
Sugerimos duas maneiras de realizar esse curso: o modo normal e o modo
rápido.
Modo normal e modo rápido
No modo normal, cada aula será ministrada uma vez por semana. Para cada
aula, sugerimos a duração de uma hora
No modo rápido, serão realizados encontros semanais que constarão de
duas aulas. Uma vez que serão duas aulas por encontro, aconselha-se que
cada aula não ultrapasse o tempo máximo de uma hora.
Trinta e três dias de preparação
Como São Luís Grignion ensina uma preparação de 33 dias para se realizar
a consagração, no modo normal, o início dessa preparação se dará no dia
seguinte após a quinta aula.
Por sua vez, no modo rápido, o início da preparação se dará no dia seguinte
após o primeiro encontro.
Duas apostilas
Para subsidiar o curso, serão fornecidas aos expositores duas apostilas: a
primeira, referente às aulas e a segunda, referente aos trinta e três dias de
preparação – com as meditações para cada dia e as orações.
Ponto importante:
A apostila que contém as aulas na íntegra pertencerá exclusivamente ao
expositor. Para os participantes, serão distribuídos, em cada aula, somente
os esquemas referentes aos assuntos tratados.
Com relação às meditações, serão distribuídas ao longo do tempo para os
participantes, de acordo com o cronograma que vem abaixo.
Uma apostila que se constituirá durante a formação
A apostila do participante será constituída aos poucos, isto é, serão
distribuídas as partes da apostila durante a formação. Terminado o curso,
sugerimos que o participante faça uma encadernação de todo o material
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Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

fornecido pelo Apostolado do Oratório através dos expositores. Aconselha-


se que cada participante guarde todo o material, pois poderá ser para o
futuro de grande proveito espiritual.
Tarefa de casa
Como o estudo que será feito terá como base o Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssima Virgem, da autoria de São Luís Maria Grignion de
Montfort, é muito louvável que esta obra seja lida em sua íntegra pelos
participantes durante o curso. Sugerimos aqui um sistema metódico de
leitura. Neste sistema, o expositor apresentará, após as aulas que serão
especificadas no cronograma, os tópicos do Tratado dos quais os
participantes procederão à sua leitura à maneira de tarefa de casa.
A tarefa de casa, também, constará nos momentos oportunos, das
meditações e orações referentes aos 33 dias de preparação.
Cronogramas
Abaixo, vem o cronograma do curso no seu modo normal. Estão inseridos
os momentos em que serão distribuídas as meditações e apresentadas as
tarefas de casa.
Cronograma do Curso no modo normal
(Duração: em torno de 2 meses e meio)
Aulas semanais:
1ª Aula: Por que a consagração a Nossa Senhora?
Antes de tudo, deverá ser distribuído a cada um dos participantes um
calendário com o cronograma de todo Curso de Consagração.
• Tarefa de casa: Ler o Tratado do N. 1 ao N. 48 (explicar que não são as
páginas)
2ª Aula: Nossa Senhora no plano da Criação.
• Tarefa de casa: Ler o Tratado do N. 49 ao N. 89
3ª Aula: Papel de Nossa Senhora na história da salvação.
• Tarefa de casa: Ler no Tratado do N. 90 ao N. 114.
4ª Aula: Necessidade da devoção à Santíssima Virgem.
• Tarefa de casa: Ler o Tratado do N. 115 a até o final. (Dar uma especial
atenção à história de Jacó e Rebeca, que é muito interessante e não poderá
ser tratada em aula por falta de tempo)

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

5ª Aula: Necessidade da devoção a Maria especialmente nos Últimos


Tempos.
Serão distribuídas as meditações referentes aos seis primeiros dos doze dias
preliminares que devem ser empregados no desapego do espírito do mundo.
 Tarefa de casa:
a) Fazer as meditações diárias distribuídas após esta aula (do 1º ao 6º
dia)
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para os doze dias preliminares, que vêm abaixo:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar.
6ª Aula: Verdades fundamentais da devoção a Maria.
Serão distribuídas as meditações referentes aos seis últimos dias (do 7º ao
12º), dos doze dias preliminares, que devem ser empregados no desapego
do espírito do mundo.
A fim de que sejam cumpridos perfeitamente os prazos relacionados à
preparação proposta por São Luís Grignion no Tratado, aconselha-se ao
expositor distribuir, também após esta aula, as meditações referentes à
primeira semana, que deve ser empregada no conhecimento de si mesmo.
 Tarefa de casa:
a) Fazer as meditações diárias distribuídas após esta aula (do 7º ao 12º
dia)
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para os doze dias preliminares, que vêm abaixo:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar”.
7ª Aula: Escolha da Verdadeira devoção à Santíssima Virgem.
Caso as meditações referentes à primeira semana não tenham sido
distribuídas após a 6ª aula, dever-se-á fazê-lo após o término desta 7ª aula,
aconselhando-se que se distribua, também, as meditações relacionadas à
segunda semana, que deve ser empregada no conhecimento de Nossa
Senhora.
 Tarefa de casa:

14
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser


empregada no conhecimento de si mesmo
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ladainha de Nossa Senhora
8ª Aula: A perfeita prática da devoção à Maria.
A mesma regra que foi seguida nas aulas anteriores com relação às
meditações, deverá ser posta em prática após esta 8ª aula, a fim de que os
prazos estipulados sejam adequadamente cumpridos, sem nenhum atropelo.
Portanto, conviria muito que fossem distribuídas já, de um modo
antecipado, as meditações relacionadas à terceira semana, que deve ser
empregada no conhecimento de Jesus Cristo.
 Tarefa de casa:
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de Nossa Senhora
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Um Rosário ou ao menos um Terço.
9ª Aula: Nosso fim, a santidade
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de Jesus Cristo
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Oração de Santo Agostinho
 Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
 Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.
10ª Aula: Penitência ou Reconciliação.
15
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Distribuir para os participantes os excertos da obra “Apelo ao amor”,


referente às revelações privadas do Sagrado Coração de Jesus à religiosa
espanhola Ir. Josefa Menendez e o livrinho contendo o exame de
consciência e orações eucarísticas. Este material tem como finalidade
auxiliar o participante a preparar-se mais adequadamente para a uma boa
confissão, tema desta aula.
Tema final: Em relação à Sagrada Comunhão, o que será mais importante:
a preparação ou a ação de graças?
Este tema final consistirá numa aula mais curta, na qual simplesmente far-
se-á a leitura do texto, o qual tem como finalidade preparar devidamente os
participantes para a Sagrada Comunhão. Se houver oportunidade, porém,
de uma aula mais longa, com comentários e explicações, poder-se-á fazê-la.
Tal tema final poderá ser abordado no mesmo dia do encontro final, antes
da cerimônia de consagração a Nossa Senhora.
Se o expositor quiser utilizar-se de algum arquivo auxiliar contido na pasta
relacionada ao tema final, também poderá fazê-lo.
Encontro final: Solene cerimônia de consagração, que deve ser realizada
numa Celebração Eucarística. (Sábado ou Domingo)
Observação importante: Deve-se dar aos participantes um período de 5 a
7 dias de intervalo entre a última aula e a consagração solene para que estes
possam ter um tempo hábil a fim de que possam fazer uma boa confissão.
Cronograma do Curso Rápido (Duração em torno de 40 dias)
O curso, também, pode ser ministrado de maneira rápida, conquanto tenha-
se preferência pelo cronograma normal, evidentemente por possibilitar um
melhor aproveitamento, e por essa razão uma superior preparação. Abaixo,
vem, em forma de tabela, o cronograma do curso mais rápido:
Por que a consagração a Nossa
1º Encontro 1ª Aula
Senhora?
2ª Aula Nossa Senhora no plano da
Criação
Serão distribuídas as meditações referentes aos seis primeiros dos doze dias
preliminares que devem ser empregados no desapego do espírito do mundo.
 Tarefa de casa:
a) Ler o Tratado do N. 1 ao N. 48 (explicar que não são as páginas)

16
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

b) Fazer a meditação referente aos seis primeiros dias, dos doze,


que devem ser empregados para no desapego do espírito do
mundo.
c) Rezar as orações referentes a esse período, a saber:

 Vem, ó Espírito Criador


 Ave, Estrela do mar.

Papel de Nossa Senhora na


2º Encontro 3ª Aula
história da salvação
4ª Aula Necessidade da devoção à
Santíssima Virgem
Serão distribuídas as meditações referentes aos seis últimos dias (do 7º ao
12º), dos doze dias preliminares, que dever ser empregados no desapego do
espírito do mundo.
A fim de que sejam cumpridos perfeitamente os prazos relacionados à
preparação proposta por São Luís Grignion no Tratado, aconselha-se ao
expositor distribuir, também após este segundo encontro, as meditações
referentes à primeira semana, que deve ser empregada no conhecimento de
si mesmo.
 Tarefa de casa:
a) Ler o Tratado do N. 49 ao N. 89
b) Fazer a meditação referente aos seis últimos dias, do 7º a 12º, dos
doze, que devem ser empregados para no desapego do espírito do
mundo.
c) Rezar as orações referentes a esse período, a saber:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar.
Necessidade da devoção a Maria
3º Encontro 5ª Aula
especialmente nos Últimos Tempos
6ª Aula Verdades fundamentais da devoção a
Maria
Caso as meditações referentes à primeira semana – que deverá ser
empregada no conhecimento de si mesmo – não tenham sido distribuídas
após o segundo encontro, dever-se-á fazê-lo após o término deste 3º
Encontro, aconselhando-se que se distribua, também, as meditações

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Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

relacionadas à segunda semana, que deve ser empregada no conhecimento


de Nossa Senhora.
 Tarefa de casa:
a) Ler no Tratado do N. 90 ao N. 114.
b) Fazer as meditações diárias referentes à 1ª semana, que deve ser
empregada no conhecimento de si mesmo
c) Rezar as orações proposta para essa 1ª semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ladainha de Nossa Senhora

7ª Escolha da Verdadeira Devoção à


4º Encontro
Aula Santíssima Virgem Maria
8ª A perfeita prática de devoção a Maria
Aula
A mesma regra que foi seguida nos encontros anteriores com relação às
meditações, deverá ser posta em prática após este 4º Encontro, a fim de que
os prazos estipulados sejam adequadamente cumpridos, sem nenhum
atropelo. Portanto, conviria muito que fossem distribuídas já, de um modo
antecipado, as meditações relacionadas à terceira semana, que deve ser
empregada no conhecimento de Jesus Cristo.
Tarefa de casa:
a) Ler o Tratado do N. 115 a até o final. (Dar uma especial atenção à
história de Jacó e Rebeca, que é muito interessante e não poderá ser
tratada em aula por falta de tempo)
b) Fazer as meditações referentes à segunda semana, que deve ser
empregada no conhecimento de Nossa Senhora.
c) Rezar as orações propostas para esta segunda semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Um Rosário ou ao menos um Terço.
5º Encontro 9ª Aula Nosso Fim, a santidade
10ª Aula Penitência ou
Reconciliação
Distribuir o texto com excertos da obra “Apelo ao Amor” e o livrinho de
orações.
 Tarefa de casa:

18
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

a) Fazer as meditações referentes à 3ª semana, que deve ser


empregada no conhecimento de Jesus Cristo.
b) Rezar as orações relacionadas a esta 3ª semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Oração de Santo Agostinho
 Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
 Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

6º Encontro Tema Final: Sacramento da Eucaristia


Este encontro poderá ser Treino do Cerimonial de Consagração
realizado no mesmo dia da
consagração, ou em qualquer
data que se queira, desde que
haja prévia combinação com
cada um dos participantes.

7º Encontro Solene cerimônia de consagração


a Nossa Senhora

Orientações para a comissão de expositores


Como se desenvolverão as aulas?
Para que as aulas sejam ministradas de um modo adequado,
responsabilizar-se-á por elas uma comissão de fiéis de três ou quatro
pessoas, para os quais damos o nome de expositores.
Cada aula, é claro, será ministrada somente por um expositor. No modo
normal, o mesmo expositor poderá ministrar várias aulas.
Como no modo rápido cada encontro constará de duas aulas, aconselha-se
que cada aula ministrada no mesmo encontro seja conduzida por um
expositor diferente.
Cada aula deverá iniciar-se com as orações que vêm indicadas em seu
início, logo após o título.
As aulas foram preparadas em forma de texto. O expositor não deverá
limitar-se somente à leitura do texto, mas deve ter a preocupação de que

19
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

todos estejam atentos, e de que assimilem corretamente o assunto tratado,


tendo em vista, sobretudo, o bem espiritual de cada um dos participantes.
Portanto, aconselha-se ao expositor que procure ater-se sobretudo à
concatenação das ideias, procurando explicá-las, o máximo que puder, com
suas próprias palavras.
Também, procurar não fazer a exposição de uma maneira fria, mas com
todo calor, amor e vida.
Para tanto, que o expositor tenha todo o empenho em estudar atentamente o
texto de cada aula a ser ministrada. Mais aconselhável ainda é a comissão
de expositores reunir-se em círculo de estudos, a fim de conversar sobre as
matérias tratadas, procurando dirimir as dúvidas que possam surgir, e
tornar mais explícitos os pontos de menor clareza. Para uma tal finalidade,
sugerimos os expositores que, ao menos um dia na semana, reúnam-se a
fim de preparar adequadamente a próxima aula a ser dada e para troca de
experiências.
Modo alternativo de cada aula ser ministrada
Em cada aula, se o desejar, o expositor poderá tecer comentários sobre os
trechos do Tratado que mais o encantaram. (Evidentemente que suas
reflexões deverão restringir-se aos tópicos do Tratado que serão estudados
naquela aula – e que foram objeto de tarefa de casa na semana anterior –
bem como ao esquema que será distribuído).
Se o tema referido estiver fazendo parte de alguma das meditações dos 33
dias de preparação, o expositor, também poderá urdir aprofundamentos e
comentários.
Ponto importante:
Se os expositores não tiverem feito ainda a sua própria consagração a
Nossa Senhora, não há impedimento para que, ao mesmo tempo que
ministrem o curso, preparem-se eles mesmos para a sua própria
consagração, também na qualidade de participantes.
Uma outra opção seria os expositores fazerem o seu curso a parte, no modo
rápido.
Arquivos auxiliares
A fim de facilitar o desenvolvimento das aulas, para cada uma delas estão à
disposição o que denominamos arquivos auxiliares, que deverão subsidiar
cada expositor a fim de aprofundar cada ponto e abrilhantar suas
exposições.

20
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Observação:
Os expositores deverão entregar na primeira aula o calendário de todas as
aulas, das meditações, das orações e o dia da cerimônia de consagração.
Para que, desta forma, os participantes possam organizar-se devidamente.
Na pasta dos expositores tem um planejamento de um curso realizado numa
paróquia como modelo".
Orientações para os participantes
Procurarão participar de todas as aulas, sem perder nenhuma, para bem se
prepararem para a Consagração.
Fazer a leitura e rezar as orações prescritas no tempo da Preparação à
Consagração.
Uma vez consagrados a Nossa Senhora, sugerimos rezar com frequência a
fórmula da “Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, a Sabedoria
Encarnada, pelas mãos de Maria”.
Uma vez que a Consagração a Nossa Senhora é um ato que representa um
momento ímpar para a vida do católico, este deverá estar devidamente
preparado para receber uma tão importante graça. Para tanto, aconselha-se
que na semana anterior à cerimônia de consagração cada participante faça
uma boa confissão. É por esta razão que a última aula terá como tema: “O
Sacramento da Penitência ou Reconciliação”, onde se dará uma explicação
sobre este importantíssimo Sacramento. Os participantes terão alguns dias
para confessar-se antes da cerimônia.
Todos os participantes consagrar-se-ão solenemente a Jesus Cristo pelas
mãos de Maria como escravos de amor durante a celebração solene da
Santa Eucaristia:
 No modo normal, no 11° Encontro.
 No modo rápido, no 7º Encontro
Os participantes marcarão um encontro para o treino do cerimonial e para
lerem em conjunto o texto sobre a Eucaristia cujo título é: “Em relação à
Sagrada Comunhão, o que será mais importante: a preparação ou a ação de
graças?” (O texto deve ser impresso e distribuído para todos os
participantes). Pode-se passar o PPS sobre a comunhão e o vídeo do
Monsenhor João Clá, o fundador dos Arautos do Evangelho sobre a
Eucaristia.

21
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Rezarão a Oração Abrasada, composta por São Luís Maria Grignion de


Monfort, no período de 6 dias após a consagração.
Período que antecede o curso
Procedimentos de preparação para a comissão de expositores (o ideal é que
essa comissão tenha, no máximo, 4 pessoas):
1º) Evidentemente ler e estudar o Tratado;
2º) Ler todas as apostilas;
3º) Dividir os temas entre os expositores;
4º) Especializar-se no tema e pesquisar na pasta “arquivos
auxiliares” subsídios para a aula.
5º) Sugerimos que os expositores imprimam, para facilitar o estudo,
as duas apostilas e o tratado em formato de esquema.
6º) Informações e orientações no e-mail:
oratorio.consagracao@gmail.com
Inscrições
O ideal que é houvesse uma outra equipe fazendo a retaguarda, as
inscrições e a propaganda nas redes sociais com a finalidade de constituir a
turma de participantes. Evidentemente, é sumamente importante que o(a)
secretário(a) paroquial tenha consciência de toda a situação, podendo
também auxiliar o grupo. Sugerimos que o valor das inscrições não
ultrapasse o valor de 40 Reais, que deverá custear o material que será
distribuído para cada participante, a saber:
 Tratado da Verdadeira devoção a Santíssima Virgem (versão
ilustrada dos Arautos). Valor de 17 Reais.

 Pergaminho contendo a oração de consagração composta por São


Luís Maria Grignion de Monfort.1

 Meditações e livrinho de orações (a retaguarda auxiliará na


impressão deste material para os expositores distribuírem para os
participantes durante o curso)2.

 Também, opcionalmente, pode-se adquirir o medalhão de Nossa


Senhora, a medalha milagrosa com corrente e o livro de preces dos
Arautos.3
1
O material acima mencionado – Tratado e pergaminho – poderá ser adquirido no site da Lumen
Católica.
2
Este material já está contido na pasta “1.MATERIAL PARA O EXPOSITOR”
22
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Sugestões para o que deve ser feito após a realização do curso de


consagração
Os coordenadores de oratórios, após o curso de consagração devem
incentivar que os participantes do curso façam os seguintes propósitos:
 Adquirir um terço e recitar todos os dias o Rosário.

 Recitar diariamente a fórmula composta por São Luís Maria


Grignion de Montfort cujo título é “Consagração de si mesmo a
Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada pelas mãos de Maria”

 Participar da devoção da Comunhão reparadora dos primeiros


sábados de cada mês na paróquia (caso esta já possua).

 O material que foi fornecido para os expositores é bastante amplo e


tem matéria prima para outros encontros, para novos
aprofundamentos e, quiçá, para novas turmas de consagração.

 Encontros dos já consagrados na paróquia para Adoração


Eucarística.

 Portarem a Medalha Milagrosa e usarem continuamente o


escapulário.

 Rezarem a oração abrasada num período de sete dias após a


consagração.

 Na medida das possibilidades relacionadas ao contexto local


paroquial, é aconselhável que cada consagrado procure tornar-se
coordenador de um grupo do Apostolado do Oratório. O objetivo
disso é de que façam apostolado, estimulando a outros para que se
integrem mais perfeitamente à vida eclesial.
Sugestão de leitura: Os consagrados poderão ler em conjunto um livro
análogo ao Tratado: São José: Quem o conhece?, da Autoria de Mons.
João Clá Dias (procurar no site Lumen Catolica)

3
No mesmo site Lumen Catolica.
23
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

1ª Aula: Por que a consagração a Nossa


Senhora?
Orações iniciais:
Pai Nosso, Ave Maria, Oração da restauração
(contracapa do Tratado).
Precisamos do amparo de Nossa Senhora para termos forças para
praticarmos a Lei de Deus e não desanimarmos.
Na famosa oração composta por São Bernardo de Claraval que todos
conhecem - a Salve Rainha - tem esta passagem: “gemendo e chorando
neste vale de lágrimas...”. Quer dizer, a vida nesta terra tem lutas, desafios,
dores... E se nós contarmos com as nossas próprias forças não venceremos.
Precisamos de auxílio para afastar as tentações, vencer as dificuldades da
vida, etc.
Com nossas próprias forças, conseguiremos praticar estavelmente os Dez
Mandamentos?
Não! É necessário o auxílio de Deus, que nos vem através da graça. Para
isso rezamos. Daí a importância das orações e pedidos a Deus. Nada
melhor para alcançarmos essas graças, auxílios, do que pedir à nossa Mãe
de Misericórdia.
Qual é o papel de Nossa Senhora para a obtenção de graças tão
necessárias?
Para ilustrar, vou contar uma metáfora de São Luís Maria Grignion de
Montfort:
Imaginem um agricultor do século XVIII. Ele quer dar de presente uma
simples maçã, fruta tão comum na região. Ele limpa bem a maçã e vai
entregar ao rei. O rei recebe e fica agradecido.
Outro agricultor quer dar o mesmo presente. Ele pensa: “eu mesmo vou dar
este presente ao rei? Sou um simples agricultor e de repente o rei não
gosta?!”. Ele resolve o problema: “Vou pedir à rainha que entregue o meu
simples presente ao rei”. Ele vai, entrega à rainha e esta promete entregar
- no mesmo instante - ao rei.
Porém... a rainha lustra bem a maçã, coloca-a sobre uma bandeja de prata,
revestida de um lindo tecido bordado e chega diante do rei e diz: “Oh, meu

24
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

rei. Aqui entrego o presente de seu súdito que deseja homenagear-lhe: esta
linda maçã”.
Com qual dos presentes o rei ficará mais agradado?
Evidentemente com a maçã entregue pela rainha.
Assim também acontece com nossos pedidos: se pedimos através da
Rainha – Nossa Senhora – que também é a Mãe do rei, infalivelmente
Nosso Senhor atenderá. Coisa que se pedimos por nós mesmos
diretamente... provavelmente não conseguiremos, por nossas faltas,
misérias, insuficiências, etc.
Qual é a razão pela qual sentimos certa antipatia pela palavra
“escravidão”?
Nós nos tornaremos escravos de Jesus pelas mãos de Maria quando
terminarmos este curso. Mas a palavra “escravo” pode “arranhar” um
pouco nossos ouvidos.
Qual é a razão pela qual não é agradável aos nossos ouvidos, nós que
somos homens e mulheres modernos, a palavra escravidão?
1ª Razão: O conceito de escravidão segundo o mundo antigo
Em primeiro lugar pela ideia que nos vem à mente quando nos é
mencionada essa palavra. Tal ideia relaciona-se mais diretamente para nós,
brasileiros, à situação deplorável dos escravos negros em outros tempos da
história de nosso país.
Por extensão, se tivemos a oportunidade de estudar mais acuradamente a
História da Antiguidade, percebemos em que abismos e horrores soçobrou
o gênero humano no que se relaciona ao regime de escravidão.
Só para citar alguns exemplos:
Os assírios costumavam cegar os inimigos vencidos para transformá-los em
escravos.
Os fenícios colocavam os derrotados em galeras, remando até a morte.
Sempre quando dois povos entravam em guerra, o vitorioso escravizava o
vencido.
Era tal o barbarismo que existia entre esses povos antigos, que os escravos
eram usados para testar vários tipos de veneno. Obrigavam-nos a ingerir
certas quantidades para saber o tempo, o efeito e o tipo de morte
ocasionado pelo veneno.

25
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Tão grande era o número de escravos no mundo antigo, que a sociedade da


época não queria que eles usassem um traje diferente dos cidadãos comuns.
Qual o motivo? É que a maioria da população era de escravos e isso era
feito justamente para que os próprios membros dessa classe não
percebessem o seu número, a fim de evitar que, por sua aglutinação,
viessem a promover revoluções.
2ª Razão: Nossa mentalidade moderna, na qual impera a trilogia da
Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”
Uma segunda razão, e mais profunda, é que, por nossa formação moderna,
nos habituamos desde a infância com a trilogia da Revolução Francesa:
“Liberdade, Igualdade, Fraternidade”.
Desde a mais tenra idade, quando tomamos nossa mamadeira, já desde os
tempos da inconsciência, a formação que recebemos tem como base e
fundamento essa trilogia. Quando nos sentamos nos bancos do colégio, tal
trilogia vem para nós como uma enxurrada: “Todos somos iguais, somos
livres, somos irmãos! ”
Como consequência disso, também em nossa formação escolar – para não
dizer em todos os momentos de nossa vida permeada pela influência de
certos meios de comunicação social – nunca deixamos de ouvir certas
pessoas a deplorar aqueles tempos infelizes em que seres humanos
tornavam-se escravos de outros seres humanos.
Aqui não nos cabe debater o que tem de falso ou de verdadeiro na trilogia
da Revolução Francesa – isso daria lugar a um outro curso –, somente
estamos mencionando tal realidade para termos bem presente qual é a razão
de nossa mentalidade moderna ser tão desafeita ao conceito de escravidão.
Além do mais, afirmamos aqui, caso alguém fique com alguma dúvida a
respeito, que a instituição da escravidão em si mesma considerada é contra
a dignidade do ser humano, o qual é criado à imagem de Deus, sendo a
liberdade retamente considerada um direito de todo indivíduo descendente
de Adão e Eva.
Então, qual é o motivo pelo qual São Luís Grignion usa dessa figura tão
triste para dar o perfil de como deve ser o verdadeiro devoto da Santíssima
Virgem?
No que consiste a escravidão de amor?
Eis como responde a pergunta acima o Professor Plinio Corrêa de Oliveira,
mestre do fundador dos Arautos do Evangelho, Mons. João Clá Dias:

26
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

“É uma dependência de amor, não imposta pela força. É feito por amor,
um ato livre, de amor. Essa consagração não é um voto, não obriga sob
pena de pecado. É um ato livre que cada um faz livremente e vale na
medida em que for livre e a pessoa continua nessa consagração o tempo
que quiser; no momento infeliz que a pessoa não quiser mais esse vínculo a
Nossa Senhora, é só chegar e dizer: “Mãe de Deus, já não vos digo minha
Mãe, tudo entre nós acabou”. Mas o fato é que não há sequer pecado.
Cessado o amor, cessou o vínculo. Enquanto houver amor, existe o
vínculo!
É uma dependência de amor, não é imposta pelo despotismo, é imposta
pelo amor”.
Como fica patente nas palavras do Prof. Plinio, São Luís Grignion não
encontrou melhor figura para explicar a dependência que devemos ter para
com Nossa Senhora do que a da escravidão, visto que, como pudemos
perceber acima, na escravidão antiga o senhor tinha todo direito sobre o
escravo, inclusive o de tirar a vida. Por conseguinte, a existência inteira do
escravo dependia da vontade de seu senhor. É claro que tal regime trazia
como efeito uma repressão de todo ser do escravo, o qual tinha sua
existência muitas vezes marcada pelo medo e a instabilidade, pois a
qualquer momento poderia ver, sem nenhum motivo, sua vida debelada
pela crueldade e tirania daquele em cuja propriedade estava ele incluído.
A figura da escravidão, portanto, não deve ser compreendida segundo a
ótica do mundo antigo, a qual tinha como fundamento uma violenta
coerção da vontade – e do próprio ser – do escravo, mas, sim, de acordo
com um novo prisma: o da escravidão de amor, cujo conceito vimos ser
excelentemente explicado pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira. Em síntese,
tal conceito deve ser entendido como uma entrega total, inteiramente livre,
amorosa e confiante nas mãos da Rainha do Céu e da Terra.
A escravidão de amor tem como eixo a virtude da Obediência
Como se pratica essa escravidão de amor? Se nós procurarmos pensar
como Nossa Senhora pensaria, se nós procurarmos querer o que Nossa
Senhora quereria, se nós procurarmos fazer o que Nossa Senhora faria ao
longo de nossas vidas, estaremos praticando de modo exímio essa
escravidão. Para isso a verdadeira escravidão de amor tem como eixo
central a virtude da Obediência.

27
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Desobediência: causa de grandes desastres na História


O primeiro ato de desobediência a Deus foi o “non serviam” (“não
servirei”) de Lúcifer. Esse ato foi de uma violenta revolta contra Deus.
Qual foi a consequência para ele? De Anjo de Luz, vivendo na felicidade
eterna, tornou-se anjo de trevas e jogado nos tormentos eternos, o inferno.
No Paraíso, nossos primeiros pais desobedeceram a ordem de Deus: “Não
comerás do fruto daquela árvore” (Cf. Gn 2, 17). Qual foi a consequência
para eles de uma tal atitude errada? O pecado original e as misérias da vida
na terra.
Quem reparou esses pecados? Nosso Senhor Jesus Cristo, ao longo de Sua
Santíssima Vida e de Sua dolorosa Paixão: “Faça-se a Tua Vontade e não a
Minha” (Cf. Mt 26, 42). E... N. Sra!... A resposta ao arcanjo São Gabriel
exprime bem isto: “Ecce ancílla Domini” (“Eis aqui a Escrava do Senhor”)
(Lc 1, 38). Sublime ato de obediência!
Quais as consequências da escravidão de amor
A consequência do amor a Nossa Senhora – explica o Prof. Plinio – é a
admiração, a veneração, a ternura por tão boa Mãe. E o resultado disso será
o desabrochar na pessoa do desejo do serviço, da obediência e do
holocausto a favor de Nosso Senhor, de Maria e da Santa Igreja Católica.
Qual foi a atitude de Nossa Senhora depois da Encarnação do Verbo?
O que ocorreu depois que Maria Santíssima proclamou-Se escrava do
Senhor e a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade encarnou-se no Seu
seio puríssimo? Ela mesma narra no cântico do Magnificat: (Lc 1,46-55)
“Ele viu a pequenez de sua serva... O Poderoso fez em mim maravilhas....
Dispersou os orgulhosos.... Derrubou os poderosos de seus tronos e o
humilde exaltou...”.
Outro trecho importante em S. Lucas (Lc 18,14): “Pois quem se exalta será
humilhado, e quem se humilha será exaltado”.
Aí se compreende o que Jesus diz: “Não vos chamo mais de servos, mas
sim de amigos” (Cf. Jo 15, 15), ou seja, se a pessoa admira, ama, serve,
obedece, humilha-se e até, se for preciso, oferece-se em holocausto, Nosso
Senhor a exaltará no último dia e por toda a eternidade.
Entretanto, o que fará Deus com as pessoas que praticam – por princípio e
de modo aferrado - o contrário dessas virtudes??!!

28
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

A Obediência: a fina ponta do amor de Deus.


É pela virtude da Obediência nesse alto grau, ou seja, a escravidão de amor
à Santíssima Virgem, que se opera na alma do fiel uma das mais altas
operações místicas: As virtudes, os dons que vivem na alma de Maria
Santíssima começam a viver na alma do escravo.
Estas são as maravilhas que Deus fará na alma do fiel. É a “troca de
corações” com a Virgem Santíssima.
Aqui entendemos melhor a profundidade e o alcance das promessas de N.
Sra em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”, ou seja, o
mundo terá uma troca de corações com a Santíssima Virgem.
E assim o Espírito Santo poderá operar maravilhas na sociedade, na
civilização vindoura.
Vantagem ou desvantagem ao consagrar-se?
Pelos nossos atos bons ganhamos méritos. Ora, a partir dessa escravidão de
amor a Maria, os méritos já não ficam mais em meu poder e sim no poder
da Santíssima Virgem.
Ela poderá dispor desses méritos a meu favor ou a favor de quem Ela
queira. Alguém poderia objetar: “Mas, que vantagens terei eu com isso?
Pois Nossa Senhora poderá entregar meus méritos a quem Ela bem queira.
Sem méritos não entrarei no Céu. Logo, pode ser que eu vá para o inferno
para um outro se salvar! ...”
Então, a pergunta que podemos levantar, em síntese, é a seguinte:
“Isso traz consigo vantagens ou desvantagens? Porque pareceria que só
traria desvantagens”.
É evidente que uma tal entrega traz consigo vantagens, pois estando em
minhas mãos posso ser “roubado” pelo meus maiores inimigos: o demônio,
o mundo e a carne.
Estando nas mãos de Maria, Ela utilizará e fará “render” juros a meu favor
para o dia do Juízo Final.
Nossa Senhora é, antes de tudo, nossa Mãe, e nunca desejaria para nós a
perdição eterna, mesmo que isso contribuísse para a salvação de outros.
Pelo contrário, como ensina São Luís Grignion, entregando-nos a Maria
Santíssima como escravos de amor, Ela – como também foi explicado
anteriormente no tópico sobre a obediência (3e) – entregar-Se-á a nós,
fazendo-nos participar de Seus méritos e virtudes.

29
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

O que é superior: ter nossa própria santidade ou participar da santidade de


Maria? ...
Deus Pai não encontrou lugar mais seguro para Seu Filho.
Deus não encontrou lugar mais apropriado para Seu filho desenvolver-Se.
Maria Santíssima é a nossa Celeste Protetora que guarda os nossos méritos
sobrenaturais diante das investidas do demônio.
Se existem pessoas que, por desgraça, consagram-se ao demônio, porque
não devemos nós nos consagrarmos a Nossa Senhora, Mãe de Deus e Mãe
nossa?
Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal:
Ler e estudar o Tratado do N. 1 ao N. 48 (explicar que não são as páginas)

30
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

1ª Aula: Por que a consagração a Nossa Senhora? (Esquema)


* Precisamos do amparo de Nossa Senhora para termos forças
para praticarmos a Lei de Deus e não desanimarmos.
*
* Qual é o papel de Nossa Senhora para a obtenção de graças tão
necessárias?

* Qual é a razão pela qual sentimos certa antipatia pela palavra


“escravidão”?

* 1ª Razão: O conceito de escravidão segundo o mundo antigo


*
* 2ª Razão: Nossa mentalidade moderna, na qual impera a trilogia
da Revolução Francesa: “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”

* No que consiste a escravidão de amor?

* A escravidão de amor tem como eixo a virtude da Obediência

* Desobediência: causa de grandes desastres na História

* Quais as consequências da escravidão de amor

* Qual foi a atitude de Nossa Senhora depois da Encarnação do


Verbo?

* A Obediência: a fina ponta do amor de Deus.

* Vantagem ou desvantagem ao consagrar-se?

* Deus Pai não encontrou lugar mais seguro para Seu Filho.

* Tarefa de Casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
Ler estudar o Tratado dos tópicos 1 a 48 (explicar que não são as
páginas)

31
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

2ª Aula: Nossa Senhora no plano da


Criação
Deus criou todas as coisas com um plano
Deus, em sua Sabedoria e Providência, criou todas a coisas
com um plano, um projeto.
O exemplo do construtor
Imaginemos um construtor que fosse contratado para construir uma casa e
o fizesse sem nenhum plano, simplesmente colocando tijolo sobre tijolo
indefinidamente sem nenhum critério. O que aconteceria? Em pouco tempo
poderia na melhor das hipóteses fazer uma parede irregular, a qual
desmoronaria ao primeiro vento forte que batesse. Com efeito, para se
construir uma casa, até a mais simples, faz-se necessário um projeto, um
plano que delineie onde ficarão as portas, as janelas, com que medidas, etc.
Ora, se para construir-se uma casa, por mais elementar que seja, faz-se
necessário um plano, no qual cada coisa deve ser posta em seu devido
lugar, de acordo com a própria natureza ou função, quanto mais Deus no
que se refere à Criação. É evidente que Ele, em Sua Providência e
Sabedoria, estabeleceu um plano para o universo que haveria de criar, e
esse plano deveria ser o mais perfeito possível.
A importância de conhecermos o papel de Maria no plano da
Criação
Tendo em vista que estamos participando de um Curso de Consagração a
Nossa Senhora, um aspecto muito importante consiste em compreendermos
qual é o papel de Maria Santíssima no plano da Criação. Isso servirá,
também, de base, de fundamento, para conhecermos a importantíssima
função da Santíssima Virgem com relação a nós.
É de se notar que, para que compreendamos bem o papel de Nossa
Senhora, fazse necessário conhecermos adequadamente como foi a
organização empregada pelo Senhor em sua obra e com que finalidade.
Eis, portanto, em síntese o que será tratado nesta exposição:
A obra da Criação, sua finalidade, a criação dos anjos, a batalha no Céu, o
motivo desta batalha e – o que é nosso tema principal – o plano de Deus a
respeito de Maria Santíssima.

32
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Qual a finalidade da Criação? O que Deus teve em vista criando?


Deus criou todas as coisas tendo em vista a Sua glória
Para respondermos devidamente às questões acima, iremos fazer a seguinte
afirmação: Deus criou todas as coisas tendo em vista a Sua glória.
Pois bem, no que consiste a glória de Deus?
Imaginemos um grande artista – um Michelangelo – que esculpisse a
perfeita figura de um homem e lhe fosse dado o poder de incutir vida nessa
estátua. Isso criaria sem dúvida para aquele ser humano ex-escultura uma
autêntica obrigação de gratidão, pois este recebeu do artista um grande
benefício: o de possuir vida humana.
Ora, imaginemos que o artista tivesse uma tal capacidade que, além de
esculpir, soubesse incutir vida, mas não se utilizasse dessa capacidade. Tal
capacidade estaria nele latente e seria uma glória para ele – por ser um
talento verdadeiramente singular. A partir do momento em que esse talento
fosse posto em prática nós poderíamos afirmar que essa glória se
manifestou para fora dele.
Ora, foi esse o grande, o principal objetivo de Deus ao fazer todas as
coisas: manifestar, por assim dizer, externamente as qualidades que Ele
tinha guardado em Seu interior e que constituíam sua glória.
Daí, surgem os conceitos de glória intrínseca e extrínseca.
O que é a glória intrínseca? São os atributos, as qualidades que Deus possui
em seu interior: sabedoria, onipotência, onisciência, etc., as quais são Sua
própria substância. Não podemos, portanto, afirmar com propriedade ser
Deus sábio, todo-poderoso, santo, mas sim, que Ele é a própria Sabedoria,
o próprio Poder, a própria Santidade. Isto está na própria essência divina,
ou seja, está intrínseco n’Ele, é a Sua própria glória intrínseca.
Assim como a ex-escultura tornada homem constitui uma manifestação
externa das singulares qualidades do artista que a elaborou, do mesmo
modo a Criação constitui com relação a Deus uma manifestação externa,
enquanto ser, de Suas qualidades. Nisso constitui a glória extrínseca
(exterior) que todos os seres prestam ao Criador pelo simples fato de
existirem, glória essa que os seres inteligentes (homens e Anjos) são
obrigados a prestar de um modo consciente, louvando, reverenciando e
servindo ao Senhor.
Eis, por consequência, os dois tipos de glória extrínseca:

33
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

• A material, prestada por todas as criaturas pelo simples fato de existirem;


•A formal, que deve ser prestada pelos seres inteligentes de um modo
voluntário e amoroso.
Voltando ao exemplo da estátua acima. Enquanto ela não possui vida
humana, presta ao escultor a simples glória material, uma vez que exprime
perfeitamente seus dotes artísticos. A partir do momento em que a vida
humana lhe é dada, além da glória extrínseca material, deverá prestar-lhe
voluntariamente, por dever de justiça e gratidão, todo louvor, serviço e
reverência. Se não o fizer, estará sem dúvida ofendendo seu ilustre
benfeitor.
Abaixo vêm mais um exemplo elucidativo:
Consideremos o Santo Sudário de Turim, a face de Nosso Senhor
estampada no lençol que O envolveu no sepulcro, depois de ter passado por
toda a Paixão e compreenderemos que transparecia n'Ele uma glória. Essa
glória é a transparência externa de algo interno que residia n'Ele: é a glória
intrínseca d'Ele. A glória intrínseca, Deus a tem infinita, eterna, absoluta e
nenhuma criatura pode aumentar a glória intrínseca d'Ele. Ele não precisa
criar para isso.
A glória extrínseca é a glória que outros dão a Ele. Por exemplo, Nosso
Senhor ao entrar em Jerusalém, aclamado pelos judeus no Domingo de
Ramos, tinha glória extrínseca e intrínseca. Mas no alto da Cruz, Nosso
Senhor tinha apenas a glória intrínseca.
A glória extrínseca - quer dizer, a glória que lhe vinha de fora – as criaturas
que Ele criasse Lhe podiam dar: louvando, reconhecendo as qualidades
d'Ele, prestando homenagem a Ele, amando-O, servindo-O. Para isso Ele
criou tudo, para sua glória extrínseca.
Outro objetivo: o de comunicar a outros seres a participação de Suas
perfeições
Além da manifestação de Sua glória, Deus criou todas as coisas com um
outro objetivo: o de comunicar a outros seres exteriores a participação de
suas sublimes perfeições.
Qual a razão disso? É que o bem é eminentemente difusivo, como afirma o
grande Doutor da Igreja, São Tomás de Aquino.
Imaginemos o mais rico dos homens na face da terra. Suponhamos que
também fosse o de maior bondade. Não ficaria ele contente por ver outros

34
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

participarem de alguma forma de seus bens? A quantos não quereria ele


ajudar?
Também, uma pessoa dotada de muitos conhecimentos. Não se sentiria ela,
por assim dizer “enjaulada” se não pudesse comunicar a outros as
maravilhas que tem o dom de conhecer. De que lhe valeriam seus
profundos conhecimentos de todas as ciências se não pudesse ter a
oportunidade de manifestá-los, comunicando-os a outros?
Se isso acontece com uma criatura humana, limitada e cheia de defeitos,
não acontecerá com o Senhor, que é a própria Sabedoria, a Bondade, o
Amor, a Felicidade? Não quereria Ele comunicar tantas perfeições que
n’Ele se encerram a outros seres inferiores e exteriores a Ele?
Deus, em suas infinitas perfeições, em sua Bondade e amor infinito, viu
que era convenientíssimo justo e necessário a doação de Si mesmo, pois
possui a eficácia e virtude para realizar magníficas obras! Desta forma
manifestaria sua liberalidade e misericórdia, ao distribuir com
magnificência, fora de si, a plenitude dos infinitos tesouros encerrados na
Divindade.
Poderíamos imaginar ao nosso modo de entender, que Deus não se sentia
tranquilo nem em repouso em sua natureza, enquanto não estivesse entre as
criaturas, com as quais tem suas delícias (Pr 8,13), ao fazê-las participantes
de sua Divindade, de suas perfeições, de sua infinita felicidade e os
tesouros de sua glória! A grandeza de Deus em distribuir estas maravilhas
para as criaturas em nada diminuiria, continuando sempre infinito como se
nada tivesse dado.
Deus cria todas as coisas com Sabedoria e Amor
Como vimos anteriormente, Deus criou todas as coisas para manifestar sua
glória e fazer outros seres participarem de Suas magníficas perfeições. Para
uma tão grande finalidade, não poderia fazer as coisas “de qualquer jeito”.
Voltemos ao exemplo acima mencionado do construtor. Com efeito, antes
de colocar mãos à obra, este faz um plano, um projeto, muitas vezes
recorrendo a um outro profissional, o engenheiro ou arquiteto. Se isso
acontece com um construtor, não sucederá com Deus? Não faria Ele a
loucura de lançar todas as coisas ao acaso, pois negaria desse modo sua
absoluta Sabedoria. Portanto, Deus criou todas as coisas tendo em vista um
projeto, um plano e, podemos crê-lo, o mais perfeito dos planos.
Entretanto, Deus não faz as coisas como um relojoeiro, que, depois de
fabricar o relógio já não tem mais nenhuma relação com ele, fazendo dele,
35
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

inclusive, artigo de venda. Não! Se o Senhor cria e sustenta algo no ser, é


porque deseja relacionar-se com ele de alguma maneira, comunicando-lhe
seu Amor. Ora, se entre os seres humanos, quando uma pessoa quer
realmente bem a outra, deseja conviver com ela, relacionar-se com ela, isso
não acontecerá com Deus? Não quererá Ele relacionar-se conosco a fim de
cumular-nos de Seu infinito Amor, o Qual é de uma tal substância que dá
origem a uma outra Pessoa Divina, o Espírito Santo?
Para corroborar o que afirmamos, não resistimos em citar o seguinte trecho
proveniente do Catecismo da Igreja Católica (N. 295):
Cremos que Deus criou o mundo segundo sua sabedoria. O mundo não é
produto de uma necessidade qualquer, do destino cego ou do acaso.
Cremos que o mundo procede da vontade livre de Deus, que quis fazer as
criaturas de seu ser, de sua sabedoria e de sua bondade: "Porque criaste
todas as coisas. Por tua vontade é que elas existem e foram criadas"(Ap
4,11). "Como são numerosas, Senhor, tuas obras! Tu fizeste com
sabedoria!"(Sl 104,24). "O Senhor é bom para todos, compassivo com
todas as suas criaturas"(Sl145,9).
Porque Deus criou seres diversos e não apenas um só
Poderia Ele criar uma só criatura para lhe dar glória? Ou, ao criar, teria que
criar várias criaturas?
Absolutamente falando, Deus não precisa criar criatura nenhuma, porque
Deus não tem necessidade da glória extrínseca que nós lhe damos; ela
convém, mas não Lhe é necessária.
Pode haver uma só criatura que dê suficiente glória extrínseca a Deus?
Não. Nem mesmo Nossa Senhora, em sua indizível perfeição, seria
insuficiente para dar glória a Deus. Para dar glória a Deus é preciso que a
criação reflita todas as suas perfeições.
A criação precisa ser um reflexo total d'Ele. Portanto, seriam necessárias
várias criaturas para refletir todas as perfeições de Deus, pois uma só
criatura não as poderia conter.
O conjunto das criaturas forma uma coleção que reflete as perfeições
infinitas de Deus
Cada ser criado deve refletir de modo inconfundível um dos atributos de
Deus. De maneira que um atributo d'Ele pode ser refletido por dez milhões
de seres, pouco importa, mas cada um reflete de um modo inconfundível,
um aspecto daquele atributo divino. Por exemplo, o canário reflete certo

36
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

atributo de Deus. Mas todos os canários que existiram e existirão - essa


“coleção” - dá a visão total desse reflexo de Deus.
Isso que exemplificamos com os canários podemos fazê-lo com qualquer
ser criado. Por exemplo: os Anjos
Os anjos são incontáveis. Em seu todo, nessa “coleção-espelho” de Deus,
cada anjo não repete o outro porque Deus não “gagueja”.
Na hierarquia celeste todos os atributos de Deus estão devidamente
espelhados nos coros angélicos: Serafins, Querubins, Tronos, Dominações,
Virtudes, Potestades, Principados, Arcanjos e Anjos!
Mas se examinamos as várias ordens angélicas dentro de si, cada uma delas
é uma espécie de coleção dentro da coleção; é a representação de um
atributo dentro do atributo. E assim nós poderíamos ir contemplando a
vastidão insondável dos seres celestes refletindo a imagem perfeita de
Deus.
As criaturas refletem o todo, mas não totalmente as perfeições
infinitas de Deus
A Criação reflete a Deus totus sed non totaliter , ou seja, no todo, mas não
totalmente!
Um exemplo: Suponhamos um filho muito parecido com o pai e que tenha
todas as qualidades do pai. Ele reflete o pai, mas não totalmente.
O filho é da mesma natureza que o pai, pode ter qualidades como a do pai,
mas não é idêntico ao pai. O filho reflete o pai, mas não é o pai.
Assim, a Criação reflete a Deus. Deus, sendo um abismo infinito de todas
as perfeições, Ele, por algum lado é sumamente majestoso, mas por outro
lado ele é sumamente gracioso.
Há animais que refletem a majestade de Deus, por exemplo, o leão.
Outros refletem algo de indizivelmente gracioso que existe em Deus, por
exemplo, o beija-flor. Já é outro atributo.
O trovão reflete, por sua vez, Deus punindo. O cordeiro reflete Deus
enquanto capaz de perdoar, manso, pacífico.
Deus tem um número indizível de atributos, ou seja, de qualidades. E cada
criatura espelha uma qualidade e o conjunto delas espelha o conjunto das
qualidades divinas.

37
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

A Criação dos Anjos e queda de uma parte deles


A criação dos Anjos foi no primeiro dia. O Escritor Sagrado (Moisés)
descreve: “Disse Deus: faça-se a luz e a luz foi feita” (Gn 1, 3). Fala não só
da luz material como também das luzes angélicas e intelectuais.
Se Moisés não fez mais clara menção dos Anjos, designando-os apenas “e a
luz foi feita”, foi por causa da inclinação fortíssima dos hebreus em adorar
qualquer coisa que se assemelhasse à divindade.
A prova que os Anjos passaram e a consequente revolta dos demônios é
descrita nas Sagradas Escrituras: “Deus separou a luz das trevas, chamando
à luz, de dia, e às trevas, de noite” (Gn 1, 5). Isso não só se refere ao dia e à
noite naturais, mas também quanto aos Anjos.
Aos Anjos bons foi-lhes dada a “Luz do dia”, eterna no Céu. Enquanto que
os Anjos que se revoltaram contra a Verdadeira Luz – o próprio Deus –
foram lançados “nas trevas da noite” que não se extingue: o inferno!
Como foi esta prova e esta guerra entre os Anjos? Quais os motivos
principais desta batalha?
Os anjos foram criados em graça.
Não lhes fora dada a visão de Deus face a face, até que se mostraram
obedientes à Vontade Divina.
Lúcifer era o primeiro dos anjos. Seu nome significa “Aquele que porta a
luz”. Era o que possuía maiores dons, formosura e graça sobre os demais
Anjos.
Entretanto, deteve-se demasiado nesse conhecimento e na
autocontemplação. Enfraqueceu na gratidão que devia a Deus, seu Criador,
acabou por se apropriar delas, amando-as como suas.
Deus revelou aos Anjos o plano todo da criação. Que criaria os homens e
que a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade se encarnaria num homem,
elevando a natureza humana à união hipostática e Pessoa Divina.
Seria o Homem-Deus que os Anjos deveriam reconhecer por Cabeça não só
enquanto Deus, mas também enquanto homem.
Deveriam reverenciá-Lo e adorá-Lo, como seus servos, inferiores em
dignidade e graça.
Os Anjos bons submeteram-se com alegria, humildade e afeto.

38
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Lúcifer, ao contrário, resistiu com soberba e inveja, induzindo outros anjos


a desobedecer aos decretos divinos...
Foi também revelado que o Homem-Deus nasceria de uma mulher e que
Ela seria a Rainha de todo o universo, dos anjos, dos homens e que todos a
serviriam.
Com isto se consumou o “non serviam” (não servirei) de Lúcifer.
A revolta e desobediência dele estava consumada de modo irreversível.
No conjunto de todos os seres criados por Deus, cinco graus ou
estágios, em ordem crescente de perfeição
Os minerais
São seres inanimados, sem o menor rastro ou vestígio de vida, por muito
imperfeita que seja.
Os vegetais
Neles aparece a primeira manifestação de vida em sua forma mais
rudimentar: a vida puramente vegetativa. Entretanto, por ter alguma vida é
superior a qualquer mineral, mesmo o mais valioso que exista.
Os animais
A vida animal é muito mais perfeita que a puramente vegetativa. Busca por
si mesma o alimento para sua conservação, enquanto que os vegetais não.
Foge do perigo, defende-se de seus inimigos, vê, ouve, é sensível aos
odores, sabores e possui tato. Possui instintos que a ciência humana se
limita a admirar cheia de estupor e assombro. É o caso, por exemplo, da
colmeia fabricada pelas abelhas.
O homem: um resumo e compêndio da obra da Criação
Mil vezes acima dos animais, vegetais e minerais ergue-se o homem.
Mescla harmônica de matéria e espírito, o homem entende, aprende,
inventa, conhece a razão das coisas, adivinha sua finalidade, tende a um
fim longínquo, percebe as verdades invisíveis e se eleva até Deus,
conhecendo-O pelos reflexos na natureza criada por Ele.
Sua vontade não é menos poderosa que sua inteligência: por ela (vontade)
pode rejeitar o atrativo dos bens sensíveis, amar a dor purificadora,
sacrificar-se pelo bem de seus irmãos, trabalhar para a eternidade.
Com razão escreveu São Gregório Magno que o homem é, em seu ser
natural, uma espécie de micro-universo, um pequeno mundo, um resumo e

39
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

compêndio de toda a criação: existe, como os minerais; vive, como os


vegetais; sente, como os animais; e entende, como os anjos.
É muito importante guardarmos esta verdade…
Os Anjos
Sabemos, com toda certeza, por revelação divina, que acima do mundo
racional ou humano existe o mundo angélico, ou seja, uma multidão de
seres puramente espirituais, sem mistura alguma de matéria, dotados de
uma inteligência perfeitíssima.
Isso porque quanto mais afastada da matéria, a inteligência fica mais alta e
penetrante.
Por isso, a natureza angélica é incomparavelmente mais perfeita que a
humana, que está mesclada com a matéria.
Um universo hierárquico, com desigualdades proporcionadas e
ordenadas
Assim Deus fez a Obra da Criação de forma hierárquica, ou seja, há uma
desigualdade proporcionada e ordenada entre os diversos seres, formando
um conjunto arquitetônico admirável.
Um universo de criaturas iguais seria um mundo onde não se refletiria as
perfeições de Deus.
Por isso, devemos amar a desigualdade, pois quem é mais em algum ponto,
reflete melhor a perfeição de Deus.
Amando a perfeições nos outros, amamos indiretamente a Deus.
É o que leva S. João a afirmar: “quem não ama seu irmão, ao qual vê, como
pode amar a Deus que não vê? ” (1Jo5,20).
Por que Deus escolheu um Homem para encarnar-Se n’Ele?
A obra de Deus está cheia de subtileza.
Uma delas é que o homem sendo um microuniverso apresenta uma
qualidade especial: somos matéria e espírito.
Só o homem contém dentro de si os elementos da natureza material
(mineral, vegetal, animal) somado ao elemento espiritual que constitui sua
alma imortal, dotada de inteligência e vontade
O Anjo é um puro espírito.

40
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Deus, unindo-se a um Homem na Pessoa de Jesus Cristo, e não a um Anjo,


honrou de uma forma especial a todos os graus da Criação, pois como já foi
dito, o ser humano é um microuniverso.
Alegria do universo quando o Menino Jesus nasceu.
Os teólogos dizem que quando Nosso Senhor Jesus Cristo nasceu houve
uma grande alegria em toda a natureza.
Esta tomou um esplendor novo, os astros brilharam com mais força e o
universo tomou nova magnificência, porque veio ao mundo Aquele pelo
qual tudo foi criado.
Quando nós olharmos a menor das pedras, quando olharmos o menor dos
animais, qualquer ser humano, devemos pensar: O Homem-Deus nasceu
em Belém e tudo ficou com mais vida, pois foi o próprio Deus que veio ao
mundo para vivificá-lo. Por quê?
Porque Aquele que veio ao mundo, assumindo a natureza humana, uniu a
Si toda a natureza criada, fazendo uma ponte entre o Criador e a criatura,
elevando, dessa maneira a Criação ao Criador.
Eis a razão pela qual a própria natureza tomou novo esplendor com a vinda
de Jesus ao mundo.
Entre Deus e nós .... Jesus.... Entre Jesus e nós ... Maria
Deus é o Ser perfeitíssimo.
Entre Ele e nós há um abismo de superioridade. Jamais poderíamos
alcançá-Lo. Por isso, Deus Pai, por puro amor, nos enviou seu Filho
Único, para encarnar-Se num Homem e ser Ele o Mediador entre Deus e
nós.
Apesar disso, Nosso Senhor continua infinitamente superior a nós, pois é
Deus. Portanto fica como que um hiato, um espaço entre Ele e nós. Como
resolver? Deus em sua infinita Sabedoria criou Sua e Nossa Mãe, a Virgem
Maria.
Ela é, ao mesmo tempo, Rainha e Senhora por ser Esposa e Mãe do próprio
Deus, mas humana como nós.
Insondavelmente superior a qualquer ser humano fica Ela, portanto, com o
papel de intermediária, mediadora entre Jesus e nós.
Nossa Senhora, a maior das meras criaturas
Nossa Senhora representa o preenchimento deste vácuo. Ela foi colocada
numa plenitude de glória, de perfeição, de santidade, que ninguém pode
41
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

fazer ideia. Esta é Nossa Senhora, colocada numa plenitude acima de todas
as criaturas! Ela tem acima de si somente Deus.
Relação de Maria Santíssima com a Santíssima Trindade: o
“grampo de ouro”
Nossa Senhora teve a glória de ser a Filha predileta da Primeira Pessoa da
Santíssima Trindade: o Pai Eterno; Mãe da Segunda Pessoa da Santíssima
Trindade: Nosso Senhor Jesus Cristo; e Esposa da Terceira Pessoa da
Santíssima Trindade: Deus Espírito Santo.
Portanto está acima de qualquer criatura, acima dos próprios Anjos que são
seus súditos e servidores.
Assim, Nossa Senhora é o “grampo de ouro” que liga a Criação ao Criador.
Recapitulando a ordem da Criação
• Reino Mineral
• Reino Vegetal
• Reino Animal
• Reino Angélico
• Nossa Senhora (A maior das meras criaturas).
Tarefa de Casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal:
Ler o Tratado do N. 49 ao N. 89

Para quem estiver fazendo o curso no modo rápido


 Tarefa de casa:
a) Ler o Tratado do N. 1 ao N. 48 (explicar que não são as páginas)
b) Fazer a meditação referente aos seis primeiros dias, dos doze,
que devem ser empregados para no desapego do espírito do mundo.
c) Rezar as orações referentes a esse período, a saber:

 Vem, ó Espírito Criador


 Ave, Estrela do mar.

42
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Orientação para o expositor: Distribuir para os participantes todas as


meditações referentes aos doze dias preliminares, dedicados ao desapego
do espírito do mundo.

43
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

2ª Aula: Nossa Senhora no plano da Criação (Esquema)


* Deus criou todas as coisas com um plano

* O exemplo do construtor

* A importância de conhecermos o papel de Maria no plano da


Criação

* Qual a finalidade da Criação? O que Deus teve em vista


criando?

* Deus criou todas as coisas tendo em vista a Sua glória

* Outro objetivo: o de comunicar a outros seres a participação de


Suas perfeições

* Deus cria todas as coisas com Sabedoria e Amor

* Porque Deus criou seres diversos e não apenas um só

* As criaturas refletem o todo, mas não totalmente as perfeições


infinitas de Deus

* A Criação dos Anjos e queda de uma parte deles

* No conjunto de todos os seres criados por Deus, cinco graus ou


estágios, em ordem crescente de perfeição:

* Os minerais

* Os vegetais

* Os animais

* O homem: um resumo e compêndio da obra da Criação

* Os Anjos

* Um universo hierárquico, com desigualdades proporcionadas e


ordenadas
44
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

* Por que Deus escolheu um Homem para encarnar-Se n’Ele?

* Alegria do universo quando o Menino Jesus nasceu.

* Entre Deus e nós .... Jesus.... Entre Jesus e nós ... Maria

* Deus é o Ser perfeitíssimo.

* Nossa Senhora, a maior das meras criaturas

* Relação de Maria Santíssima com a Santíssima Trindade: o “elo


de ouro”
*
* Tarefa de Casa
Ler o Tratado do N. 49 ao N. 89

 Tarefa de casa:
a) Ler o Tratado do N. 1 ao N. 48 (explicar que não são as páginas)
b) Fazer a meditação referente aos seis primeiros dias, dos doze,
que devem ser empregados para no desapego do espírito do mundo.
c) Rezar as orações referentes a esse período, a saber:

 Vem, ó Espírito Criador


 Ave, Estrela do mar.

45
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

3ª Aula: Papel de Nossa Senhora na


História da Salvação
Como foi a Anunciação do Anjo?
Qual é a missão de Nossa Senhora na História, na história de
cada homem, na História da Santa Igreja Católica, ou seja,
no centro da História da Humanidade? Em primeiro lugar,
Nossa Senhora é a Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo.
O Evangelho nos conta que Ela estava em oração quando apareceu o
Arcanjo São Gabriel e lhe propôs ser a Mãe de Deus.
Ao propor a Encarnação, Deus quer o “fiat”, o “faça-se” da Virgem Maria.
Assim temos a realização do Mistério da Encarnação: em primeiro lugar,
Nossa Senhora estava rezando; em segundo, Deus perguntou-lhe se queria.
O mundo estava afundado no caos, no pecado, na desordem... enquanto
Nossa Senhora rezava!
Decadência e degradação do mundo antigo.
Desde a criação do mundo, há mais ou menos cinco mil anos, a história dos
povos se poderia resumir em uma sucessão de impérios onde os crimes, as
abominações, a tirania e uma sequência de fracassos, eram a ordem do dia.
Os poetas da Roma antiga cantavam que o mundo estava exausto, sentia-se
velho e o fardo pesava sobre todos.
Coisa que para nós não é nada estranho, pois parece a descrição do mundo
atual...
Nossa Senhora foi criada por Deus para que d’Ela viesse o
Messias
Nossa Senhora foi criada por Deus para que Ela mesma pedisse a
Encarnação do Verbo, a fim de que a humanidade pudesse ser resgatada do
pecado original.
Entusiasmo de N. Sra. para com a futura mãe do Messias. Encarnação
e Paixão.
Ela não pedia para ser a Mãe de Deus.
Em sua humildade julgava que nem de longe estava à altura da Mãe de
Deus.
Ela queria ser a escrava, a serva da Mãe de Deus.

46
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Este era o entusiasmo que Ela tinha por Aquela que viria a ser a Mãe do
Messias. Quando o anjo Gabriel disse-Lhe que Ela era A escolhida, com
certeza sentiu – por inspiração divina – ademais das alegrias, que deveria
suportar as dores e os padecimentos da Paixão.
Ela teria de sofrer junto com seu Divino Filho todas as dores da Redenção:
escárnios, injustiças, sofrimentos sem conta na Via Crucis.
E por amor aos homens, para que os homens pudessem ser salvos, Ela
consentiu em ser a Mãe de Deus e suportar este tremendo sofrimento que
foi a Paixão.
Para termos uma pálida ideia desse sofrimento, imaginemos qualquer mãe
vendo seu filho flagelado, coroado de espinhos, insultado, levando uma
cruz por um caminho pedregoso.
E que, pelo peso dessa cruz, caísse de joelhos por três vezes sobre as pedras
do caminho. E por fim, fosse cravado na cruz.
Qual o crime que esse seu filho cometeu? Que mal ele fez? Nenhum!!
Só fez o bem e por isso o crucificam.
O que aconteceria com essa mãe? Sua dor seria tal que certamente
morreria!
Com Nossa Senhora não foi assim.
Ela sofreu toda a Paixão com todas as dores possíveis – por isso tem o
título de Corredentora - e, entretanto, Ela quis sofrer todas essas
atrocidades de livre e espontânea vontade.
Por que? Por quem? Por nós!!!
Ela quis tudo isso para que a porta do Céu fosse aberta para todos nós.
Ela sofreu com serenidade, dor, resignação perfeitas estando de pé junto ao
Seu Filho Jesus pendente na Cruz.
Até o último momento ela dizia ao Padre Eterno: “Eu consinto, eu permito
que isto aconteça ao meu Filho para que todos os homens se salvem. E
desta maneira, oh meu Pai, seja dada a Vós toda glória”.
Sofrimento de Nosso Senhor tendo em vista cada homem em
particular
Nosso Senhor, cuja inteligência era infinita, conhecia todos os homens
pelos quais deveria derramar seu preciosíssimo Sangue.

47
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Ele via individualmente todos os nossos pecados e sofria para nos resgatar.
Do alto da Cruz Ele viu, a mim, com minhas imperfeições, com meus
defeitos, com minhas ingratidões.
Ele conheceu nominalmente, particularmente a cada um e sofreu por cada
um de nós. O amor de Nosso Senhor é tal que Ele morreria na Cruz
somente para salvar o único homem que existisse sobre a face da terra.
Morreria só por mim!
Nossa Senhora, nossa Advogada: conheceu e intercedeu
individualmente por cada um
Misticamente Nossa Senhora. nos conheceu a cada um de nós. E ia pedindo
perdão a Nosso Senhor por nossos pecados.
E Nosso Senhor ia perdoando a cada um a pedido d’Ela.
Ademais, foi pelos pedidos d’Ela que alcançamos a graça de ser batizados,
pertencer à Igreja Católica, única e verdadeira, de receber os Sacramentos,
de termos devoção a Ela e amor a Nosso Senhor.
Este foi e é o papel de Nossa Senhora a nosso favor junto ao Seu Divino
Filho.
Mãe de Cristo, Ela tornou-se Mãe de todos aqueles que nascem
pela Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Mãe de Nosso Senhor Jesus Cristo, Ela tornou-se Mãe dos pecadores.
Ela desempenhou um papel que de algum modo o próprio Deus não
poderia desempenhar.
Deus é o ofendido, Deus é o ultrajado, Deus o é juiz e, portanto, tem que
punir.
Mas Ela é Mãe!
Os senhores sabem que as mães não têm papel de julgar, elas são
advogadas.
A mãe é naturalmente advogada do filho, por mais miserável que seja o
filho. Mesmo se o filho é um crápula em relação a ela, a mãe perdoa, a
mãe pede a Deus que perdoe também.
A mãe está com o filho até mesmo quando o pai o rejeita.
Nossa Senhora pede a Nosso Senhor: “Meu Deus, meu Filho, pela minha
inocência, pela minha pureza, pelo amor que Vós sabeis que Vos tenho! E

48
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

pelo amor que tenho às Vossas Divinas Chagas, eu Vos peço em nome
destas Chagas, que perdoeis a este meu filho! ” Este é o papel de Maria,
como intercessora, junto a Deus nosso Senhor.
Nossa Senhora como intercessora nunca abandona homem algum.
Exemplos: São Pedro e Judas.
Nossa Senhora nunca abandona ninguém.
Um exemplo conhecido: São Pedro e Judas, o traidor.
São Pedro, como todos sabemos, abandonou, fugiu e negou Nosso Senhor
na Paixão.
Entretanto, depois de negar, Nosso Senhor ao passar diante dele olhou para
São Pedro.
Este começou a chorar e, segundo a Tradição, foi correndo procurar Nossa
Senhora.
Ela teve pena dele, pediu por ele e com isto São Pedro não se desesperou e
se salvou.
Judas, o traidor, vendeu Nosso Senhor – o próprio Deus - por trinta
moedas... Dizem os teólogos que se Judas tivesse procurado Nossa
Senhora para pedir perdão e ajuda a Ela, Nossa Senhora o teria recebido
com toda bondade, com toda misericórdia.
Inclusive afirmam que Ela rezou por Judas, mas este recusou, enforcando-
se na maldita corda que o precipitou no abismo eterno.
Embora Judas tenha recusado, a tal ponto chega a misericórdia da
Santíssima Virgem, que Ela estava inteiramente disposta a perdoá-lo. A
culpa de Judas não estava em não haver sido objeto de misericórdia, mas
em tê-la recusado.
Nossa Senhora presente na História da Igreja e na vida particular de
cada fiel
Nossa Senhora desde o início da História da Igreja teve um papel
importantíssimo: foi em torno d’Ela que os Apóstolos receberam o
Pentecostes; Ela acompanhou os primeiros passos da Igreja.
Ao longo da História, Nossa Senhora vai ajudando e protegendo os bons e
o bem, inclusive em batalhas contra os inimigos de seu Divino Filho, que
ameaçam a Igreja e a Cristandade (como se viu na Batalha de Lepanto,
ocorrida no ano de 1571).

49
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Na vida de cada homem, Ela está presente, ajudando a vencer os seus


defeitos. A Virgem Santíssima desde o alto do Céu nos acompanha, nos
protege, nos ajuda a praticar a lei de Deus e a caminhar rumo à eternidade
feliz.
Para isto basta invocá-La, basta pedir.
Nossa Senhora é chamada pela Igreja de “ a Porta do Céu”.
E é por esta Porta que Deus quer derramar suas graças, ouvir nossas
orações e atender nossos pedidos.
Deus quer servir-se de Maria para nos auxiliar em todas nossas
necessidades.
Conclusão de S. Luís Grignion: a Escravidão de Amor como o
meio reto e seguro para se alcançar a união com Deus.
Eis aí o caráter de mediação de Maria entre Deus Nosso Senhor e os
homens. Assim como Jesus veio ao mundo por meio d’Ela, Deus quer que
o mundo vá até Ele através de Maria.
Quanto mais unidos estivermos a Ela, mais graças receberemos de Deus,
podendo assim praticar com mais facilidade as virtudes, tornando-nos mais
agradáveis a Deus. Como consequência dessa união nós devemos querer o
que Ela quer, fazer o que Ela faz e viver em inteira consonância com a
Virgem.
E São Luís Grignion chega à conclusão de que o caminho mais reto e
seguro para se alcançar essa união com Maria, é a Escravidão de Amor a
Ela.
Consequências dessa escravidão de amor.
São Luís descreve as transformações que Maria opera na alma do escravo:
torna esses homens e mulheres almas fervorosas, retas, com força de
vontade, com potência na ação e verdadeiros filhos de Deus cheios de Fé.
Esses são aqueles aos quais a Virgem prepara para formar o seu reino, o
Reino de Maria.
Uma objeção: será que N. Sra. me atenderá? N. Sra. é Mãe de
misericórdia. Não recua diante de nada e não recusa ninguém
Nós devemos pedir a Nossa Senhora que Ela use dessa misericórdia para
conosco e para com aqueles que querem servi-La, fazendo de todos
verdadeiros, sinceros e generosos escravos d’Ela.

50
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Quem pede com ardor recebe com fervor as graças de Deus, e se


transforma.
Sejamos destes.4
Orientação para o expositor: Para concluir essa aula com um exemplo
ilustrativo, contar a bela história de Nossa Senhora de Coromoto. Ela está
na pasta de arquivos auxiliares para a 3ª Aula
Tarefa de casa
Para quem estiver fazendo o curso no modo normal
Ler o Tratado do N. 90 ao N. 114

Obs: Caso haja tempo, pode-se - no final da aula - passar o áudio visual “E o nome da Virgem era
4

Maria”.
51
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

3ª Aula: Papel de Nossa Senhora na História da Salvação


(Esquema)
* Como foi a Anunciação do Anjo?

* Decadência e degradação do mundo antigo.

* Nossa Senhora foi criada por Deus por Deus para que d’Ela
viesse o Messias

* Entusiasmo de N. Sra. para com a futura mãe do Messias.


Encarnação e Paixão.

* Sofrimento de Nosso Senhor tendo em vista cada homem em


particular

* Nossa Senhora, nossa Advogada: conheceu e intercedeu


individualmente por cada um

* Mãe de Cristo, Ela tornou-se Mãe de todos aqueles que nascem


pela Graça de Nosso Senhor Jesus Cristo.

* Nossa Senhora como intercessora nunca abandona homem


algum. Exemplos: São Pedro e Judas.

* Nossa Senhora presente na História da Igreja e na vida


particular de cada fiel

* Conclusão de S. Luís Grignion: a Escravidão de Amor como o


meio reto e seguro para se alcançar a união com Deus.

* Consequências dessa escravidão de amor.

* Uma objeção: será que Nossa Senhora me atenderá? Nossa


Senhora é Mãe de misericórdia. Não recua diante de nada e não
recusa ninguém.

* Tarefa de casa:
Para quem estiver fazendo o curso no modo normal
Ler o Tratado do N. 90 ao N. 114
52
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

4ª Aula: Necessidade que temos da devoção


à Santíssima Virgem
(Tratado: N. 1 a N. 48)
Na presente palestra vamos tratar sobre a necessidade da
devoção a Nossa Senhora segundo o pensamento de São
Luís Maria Grignion de Montfort.
São Luís se utiliza do seguinte raciocínio:
1º Princípio: Deus quis servir-se de Maria na Encarnação.
2º Princípio: Deus quer servir-se de Maria na santificação das almas.
3º Consequência dos dois princípios: A devoção a Nossa Senhora é
necessária para nossa santificação.
1º Princípio: Deus quis servir-se de Maria na Encarnação
Vamos começar, então, como é lógico, pela exposição do primeiro
princípio, mas antes, neste mesmo tópico, a fim de que ele seja mais bem
compreendido, daremos uma introdução sobre os Mistérios de nossa fé,
especialmente o da Santíssima Trindade, pois é a partir desse Mistério que
desenvolveremos o restante da argumentação.
Os Mistérios de nossa Fé: não são contrários à razão, mas estão
acima dela
Os Mistérios de nossa Fé são verdades reveladas que de tal maneira estão
acima de nossa razão, que não somos capazes de compreendê-las. Não são
contrários à razão humana, mas estão acima dela.
No Catecismo temos a oportunidade de conhecer quais são os principais
Mistérios de nossa Fé.
Os principais Mistérios de nossa Fé
Os principais Mistérios de nossa Fé Católica são dois:
1º Unidade e Trindade de Deus.
2º A Encarnação, Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo.
Um Deus em Três Pessoas: quem pode compreender?
Agora, voltemos nossa atenção para o Primeiro Mistério de nossa Fé
Católica.

53
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Primeiro exemplo: uma aula animada.


Imaginemos uma animada aula de catequese para um conjunto de crianças.
Vem o professor e pergunta:
- Deus Pai é Deus?
As crianças respondem:
- Sim!
Depois, o mesmo professor pergunta:
- Deus Filho é Deus?
Os alunos novamente respondem:
- Sim!
E o professor, então, faz uma terceira pergunta:
- E o Espírito Santo. Também Ele é Deus?
A resposta das crianças não deixa de ser:
- Sim!
Por fim, pergunta o mestre:
- Então, são três deuses?
Se os alunos não estiverem muito atentos, poderão responder novamente:
“Sim!”.
Entretanto, a resposta correta é: “Não!” Por que não?
Aí está o mistério: três Pessoas em um só Deus: este é o Mistério da
Unidade e Trindade de Deus.
Segundo exemplo: João, Pedro e Maria, três pessoas, três seres
humanos diferentes.
Entre os homens existem o Pedro, o João e a Maria. São eles três pessoas
distintas: um é o Pedro, outro é o João e outra é a Maria: são três pessoas
distintas, mas não um único ser humano. São eles seres humanos
diferentes.
Isso não acontece com a Divindade.
Mesmo sendo Três Pessoas, é um único Deus. É um Mistério.

54
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Quem afirmar compreender esse Mistério está mentindo, pois ninguém é


capaz disso. Está acima da razão humana.
Como é a Vida Divina entre as Três Pessoas?
O Pai gerou o Filho por um ato de inteligência, conhecendo-se a Si mesmo.
O Pai contemplando o Filho e o Filho contemplando o Pai, amam-se com
amor tão eterno e infinito, que daí procede o Espírito Santo.
Esta é a Vida Eterna e a Felicidade de Deus: conhecer-Se e amar-Se
infinitamente, eternamente, no eterno convívio das Três Pessoas.
Um “impasse” entre as Três Pessoas Divinas.
O Patriarca Hesíquio de Jerusalém concebe de um modo alegórico,
imaginativo, um “impasse” na Santíssima Trindade.
Imaginemos as Três Pessoas inteiramente iguais convivendo mutuamente.
O “problema” do Pai
E o Pai vira-Se para o Filho e diz: “Meu Filho. Sois inteiramente igual a
Mim. Já dei-Vos tudo. Nada mais teria para Vos dar. Mas amo-Vos com
um amor tão grande que esse Amor é uma Pessoa: o Espírito Santo. Por
causa desse Amor, gostaria de dar-Vos algo a mais...”
O “problema” do Filho.
E o Filho olhando para o Pai diz:
- “Meu Pai, Eu também quereria retribuir tudo o que Me destes e não
consigo, porque Vós Me destes tudo já, e Eu também já Vos dei tudo.
Então, Nós estamos num relacionamento de igual para igual.
Gostaria muito de “sentir-me” um Filho Vosso, submetendo-me
inteiramente à Vossa Santíssima Vontade, entregando-Me inteiramente em
Vossas Mãos, “sentindo-me” totalmente de Vós dependente. Mas não
posso, pois somos inteiramente iguais.
Como Vos amo muitíssimo e esse Amor é o Espírito Santo, gostaria,
também, de dar-Vos algo a mais...”
O “problema” do Espírito Santo
Também quis o Espírito Santo fazer uso da palavra:
- “Ó Pai! Ó Filho! Eu sou o Amor que Vos une. O Meu “problema” é o
mesmo que o Vosso. Que Vos poderia dar em retribuição? Pois tudo já Vos

55
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

dou continuamente. Também não sei como retribuir... Como gostaria de


dar-Vos algo a mais!...”
Maria a solução desse “impasse”
O “decreto” do Pai
Então, o Pai decretou na Eternidade:
- “Irei fazer uma criatura toda bela e formosa, através da Qual Meu Filho
assumirá uma natureza inferior, para que Ele realmente “sinta-Se” Meu
Filho, inteiramente dependente de Mim em Sua humanidade.
Mas, também, darei de presente a Ele tal criatura como um verdadeiro
Paraíso, na Qual Ele muito se regozijará.
A essa criatura, o Espírito Santo comunicará todo o Seu amor.
Tendo em vista essa criatura, farei outras de menor importância, as quais
constituirão um universo cheio de unidade e variedade, e que espelharão
nossas absolutas perfeições”.
A exultação do Filho por ter ganhado uma Mãe e por poder “sentir-
Se” realmente Filho de Pai
Então, o Filho disse cheio de alegria:
- “Está perfeito, Ó Pai! Melhor, não poderia ser! Dessa maneira “sentir-Me-
ei” ainda mais Filho Vosso, “sentir-Me-ei” realmente dependente e
submisso a Vós. Sendo Homem, por esse aspecto, serei inferior a Vós.
Como este é Meu mais entranhado desejo: manifestar-Vos o meu Amor não
somente de igual para igual enquanto Deus, mas também como uma
Criatura saída de Vossas Mãos!
Agradeço-Vos, também, ó Pai, pois vós me dareis uma Mãe que será uma
criatura extraordinária, a mais bela e perfeita de todas, cujo nome será
Maria.
Eu sei, ó Pai, que os homens que ireis criar para fazer surgir Minha Mãe
Imaculada, irão pecar.
Mas, de antemão, manifesto-Vos o desejo de oferecer-Me como Vítima de
Expiação por esses pecados, derramando todo Meu Preciosíssimo Sangue
no alto de um Monte por meio de uma Cruz dolorosa!
Entretanto, peço-Vos, que tal pecado não atinja Minha Santíssima Mãe
nem de leve! ”

56
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

A gratidão do Espírito Santo por ter recebido uma Esposa.


E, por Sua vez, disse o Espírito Santo:
- “Eu Vos agradeço, ó Pai, porque me dareis uma Esposa que será uma
criatura extraordinária, a Qual Eu santificarei e darei a graça de ser a Mãe
de Vosso Filho, formando no ventre castíssimo Dela o Corpo e a Alma
santíssima Dele. Como Ele deseja salvar os homens dos pecados que irão
cometer, ser-Lhe-á dado o nome de Jesus, que significa: “Senhor
Salvador”.”
Maria, a solução do “impasse”: tornou-se Filha de Deus Pai, Mãe
de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo
Assim, a Santíssima Trindade resolveu esse “impasse”: através da criação
de Maria, em cujo claustro virginal o Filho de Deus assumiria a natureza
humana, por obra do Espírito Santo.
Foi dessa maneira, enfim, que o Senhor quis servir-se da Santíssima
Virgem no Mistério da Encarnação.
Levando isso em consideração podemos afirmar com propriedade ser Maria
a Filha Bem-Amada de Deus Pai, a Mãe admirável de Deus Filho e a
Esposa fidelíssima do Espírito Santo.
Agora, iremos passar para o Segundo Princípio.
2º Princípio: Deus quer servir-se de Maria na santificação das
almas.
Uma coisa espantosa
Imaginemos uma coisa espantosa: que alguém dos que estão aqui presentes
estivesse conversando com uma pessoa.
De repente, lhe ocorresse de perguntar a essa pessoa o nome de sua mãe.
E esta pessoa respondesse:
- Depende. Se você estiver perguntando o nome de quem gerou minha
cabeça, ela é Fulana de Tal. A mãe de meu corpo chama-se Sicrana.
O que pensaríamos?
“Realmente estou conversando com um louco ou uma louca, porque, onde
já se viu?
Uma pessoa cuja cabeça tem uma mãe e o corpo outra mãe”.
Que susto isso não nos causaria?

57
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Maria é Mãe de Jesus e Mãe da Igreja.

Com efeito, Nossa Senhora é Mãe de Jesus.


Ora, Jesus, é a Cabeça da Igreja, e esta é Seu Corpo.
Por acaso a Cabeça e o Corpo teriam origens diferentes?
Jesus, Filho de Maria e Igreja, Filha de Fulana?
É esta a pergunta que São Luís, no fundo, acaba levantando nesse segundo
princípio.
Se Jesus, Cabeça, é Filho de Maria, logo, a Igreja, Seu Corpo, também, é
filha de Maria.
Maria, Mãe da Igreja e de seus membros, nossa Mãe.
Nós, como membros da Igreja, somos membros desse Corpo.
Se Cristo é Filho de Maria, cada um de nós também o é.
Fomos, por assim dizer, gerados com Cristo no seio de Maria.
Maria é nossa Mãe, não sob o ponto de vista físico como o é Jesus, mas sob
o aspecto da graça.
Pois, Maria gerando Cristo em Seu Corpo, estava gerando Aquele que
traria para nós a libertação do pecado, e com isso, todas as graças
necessárias para nossa santificação e salvação.
Por Maria, Deus nos deu a Grande Graça, Jesus Cristo, e nos dará por
Ela as outras graças
Ora, se por Maria, o Pai concedeu para nós a Grande Graça que é Seu
próprio Filho não nos concederia por meio dela todas as outras graças?
Razão pela qual Deus quer servir-se de Maria em nossa santificação.
É por isso que Deus quer servir-Se de Maria na santificação das almas:
dando-A a elas como Mãe de Misericórdia e Medianeira de todas as graças.
Consequência: Maria é necessária para a salvação de nossas almas
Para alcançarmos a salvação é necessária a santidade
A condição para se obter a salvação é alcançarmos a santidade.
Só os santos entrarão no Reino dos Céus. E ser santo significa estar
revestido de toda perfeição moral e espiritual.

58
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Quanta gente não fica assustada quando ouve estas palavras? Qual a razão
disso? É que fazem um exame de consciência e pensam: “Hum!!!
Escorreguei aqui, fiz o que não devia lá, quebrei um pote acolá.
Realmente, jamais irei para o Céu, pois mesmo que quisesse, não teria
forças. Sei que - por desgraça – posso pecar mais vezes ainda”.
Há em nós, uma forte tendência para o mal.
Realmente, somos concebidos no pecado original.
Por esse motivo, nós temos em nós uma forte tendência a praticar atos
contra a Lei de Deus.
Sabemos que para ser santos, devemos ser semelhantes a Jesus, praticando
o que Ele ensina no Evangelho. Mas, não sentimos forças - por nós mesmos
- para cumprir todos os preceitos.
Deus não nos deixa abandonados: concede-nos Sua bondosa Mãe
como caminho necessário para a santidade
Entretanto, Deus não nos deixa abandonados: está disposto a conceder-nos
todas as graças necessárias para nos tornarmos santos e nos salvarmos.
Contudo, essas graças nós só receberemos desde que rezemos e
invoquemos a intercessão de Sua Santíssima Mãe, que Deus quis que fosse
a Medianeira de todas as graças.
Uma vez que Deus quis servir-se Dela na Encarnação para nos salvar, quer
servir-Se Dela também para nossa santificação.
Portanto, não é somente um conselho que São Luís Grignion nos dá no
Tratado, não é uma simples recomendação: para nos santificarmos e nos
salvarmos é necessário que sejamos devotos de Maria.
Todos os santos que estão no Céu e todos os justos que vivem aqui na terra,
somente são esses heróis de virtude porque são devotos de Nossa Senhora.
Sejamos destes
Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
Ler o Tratado dos N. 115 até o final. (Dar uma especial atenção à história
de Jacó e Rebeca, que é muito interessante e não poderá ser tratada em
aula por falta de tempo)

59
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Para os que estiverem fazem o curso no modo rápido


 Tarefa de casa:
a) Ler o Tratado do N. 49 ao N. 89
b) Fazer a meditação referente aos seis últimos dias, do 7º a 12º, dos
doze, que devem ser empregados para no desapego do espírito do
mundo.
c) Rezar as orações referentes a esse período, a saber:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar.

60
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

4ª Aula: Necessidade que temos da devoção à Santíssima Virgem


(Esquema)
(Tratado: N. 1 a N. 48)

* 1º Princípio: Deus quis servir-se de Maria na Encarnação

* Os Mistérios de nossa Fé: não são contrários à razão, mas estão


acima dela

* Os principais Mistérios de nossa Fé?

* Um Deus em Três Pessoas: quem pode compreender?

* Primeiro exemplo: uma aula animada.

* Segundo exemplo: João, Pedro e Maria, três pessoas, três seres


humanos diferentes.

* Como é a Vida Divina entre as Três Pessoas?

* Um “impasse” entre as Três Pessoas Divinas.

* O “problema” do Pai

* O “problema” do Filho.

* O “problema” do Espírito Santo

* Maria a solução desse “impasse”

* O “decreto” do Pai

* A exultação do Filho por ter ganhado uma Mãe e por poder


“sentir-Se” realmente Filho de Pai

* A gratidão do Espírito Santo por ter recebido uma Esposa.

* Maria, a solução do “impasse”: tornou-se Filha de Deus Pai, Mãe


de Deus Filho e Esposa do Espírito Santo

* 2º Princípio: Deus quer servir-se de Maria na santificação das


almas.

61
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

* Uma coisa espantosa

* Maria é Mãe de Jesus e Mãe da Igreja.

* Maria, Mãe da Igreja e de seus membros, nossa Mãe.

* Por Maria, Deus nos deu a Grande Graça, Jesus Cristo, e nos
dará por Ela as outras graças

* Razão pela qual Deus quer servir-se de Maria em nossa


santificação.

* Consequência: Maria é necessária para a salvação de nossas


almas

* Para alcançarmos a salvação é necessária a santidade

* Há em nós, uma forte tendência para o mal.

* Deus não nos deixa abandonados: concede-nos Sua bondosa Mãe


como caminho necessário para a santidade

* Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal

Ler o Tratado dos N. 115 até o final. (Dar uma especial atenção à
história de Jacó e Rebeca, que é muito interessante e não poderá ser
tratada em aula por falta de tempo)

Para os que estiverem fazem o curso no modo rápido


 Tarefa de casa:
d) Ler o Tratado do N. 49 ao N. 89
e) Fazer a meditação referente aos seis últimos dias, do 7º a 12º, dos
doze, que devem ser empregados para no desapego do espírito do
mundo.
f) Rezar as orações referentes a esse período, a saber:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar.

62
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

5ª Aula: Necessidade da devoção a Maria


especialmente nesses Últimos Tempos
(Tratado : N. 49 ao N. 59)
O alcance profético desse trecho do Tratado
Esse trecho do Tratado revela o alcance profético do
pensamento de São Luís Maria Grignion de Montfort.
Com efeito, esse santo, após tratar da necessidade da devoção a Nossa
Senhora na vida espiritual de todo verdadeiro cristão, vai mostrar que essa
devoção também se faz necessária tendo em vista a situação da humanidade
em sua época e no futuro próximo.
A necessidade de reforma nos costumes já na época de São Luís
Grignion
Lendo sua obra, é fácil perceber que a realidade na qual vivia São Luís
Grignion estava já marcada por uma profunda decadência moral. As
pessoas já viviam extremamente afastadas de Deus e de Seus
Mandamentos, e havia uma grande necessidade de reforma nos costumes.
A grande força motriz para uma tal reforma nos costumes: a devoção a
Nossa Senhora
Para uma tal reforma nos costumes de toda a humanidade, nosso santo
colocou como grande força motriz a devoção a Nossa Senhora.
A necessidade de uma grande intervenção divina para a instauração do
Reino de Maria
São Luís vaticinou, também, que essa situação de decadência só viria a
piorar, e que haveria a necessidade de uma grande intervenção divina para
que novamente se estabelecesse o Reino de Deus na face da terra. Tal
intervenção divina teria como foco principal uma verdadeira glorificação
da Santíssima Virgem Maria com o consequente estabelecimento do
Reinado de Cristo por meio de Nossa Senhora.
São Luís falava, igualmente, de uma grei de verdadeiros discípulos de
Cristo, cuja vocação será justamente a instauração desse Reino de Maria.
O objeto da aula de hoje: a relação do Tratado com a Mensagem
de Fátima
Se formos analisar, tais profecias feitas por nosso santo têm uma profunda
relação com as Aparições e a Mensagem de Fátima, e é isto o que

63
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

tentaremos demonstrar na aula de hoje. Antes disso, vamos tentar entender


o que significa a expressão “últimos tempos” na linguagem de São Luís
Grignion e se é o mesmo que “fim dos tempos”, e após isso falaremos
sobre quais são as causas mais profundas da presente decadência da
humanidade, a fim de que entendamos por que se faz tão necessária a
devoção a Maria nos tempos atuais.
As quatro partes da exposição de hoje
Assim, a nossa exposição poderá ser dividida em quatro partes:
1ª Parte: O significado de “últimos tempos”;
2ª Parte: A relação entre o Tratado e Fátima;
3ª Parte: As causas mais profundas da crise da humanidade nos dias atuais;
4ª Parte: A devoção a Nossa Senhora, a qual foi apresentada por Ela mesma
em Fátima, como principal instrumento para deter essa crise.
“Últimos tempos” não é o mesmo que “fim dos tempos”.
Na linguagem desse santo mariano “últimos tempos” não é o mesmo que
“fim dos tempos”.
Para São Luís Grignion, os últimos tempos relacionam-se aos
acontecimentos que já estão se dando em sua época e os que se darão no
futuro próximo, ao passo que fim dos tempos significa propriamente a
época em que se realizarão os fatos que precederão de um modo mais
próximo a Segunda Vinda de Cristo.
Quer dizer, para nosso santo, fim dos tempos é o mesmo que Fim do
Mundo. E os “últimos tempos” são o período que precede e que prepara
para o “Fim dos Tempos”.
É justamente nessa época, “últimos tempos”, que estamos vivendo
atualmente.
Nestes “últimos tempos”, qual é o papel da devoção a Nossa Senhora?
São Luís Grignion, demonstrando profundo ardor de alma, expõe isso no
Tratado.
Com efeito, tais profecias de São Luís Grignion facilmente podem
relacionar-se às Aparições e à Mensagem da Santíssima Virgem em
Fátima.

64
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

As Aparições de Fátima - A Mensagem de Fátima


1ª Aparição.
13 de maio de 1917. Esta foi a data em que pela primeira vez Nossa
Senhora apareceu a Lúcia, Francisco e Jacinta (estes eram os nomes dos
pastorzinhos de 10, 9 e 7 anos respectivamente), nas cercanias do então
vilarejo de Fátima, num local chamado Cova da Iria.
Nessa aparição Nossa Senhora prometeu a essas crianças que apareceria ali
nos outros cinco meses seguintes. Pediu a elas que rezassem o terço e que
fizessem penitência pelos pecadores.
Não iremos aqui nos alongar sobre todas as aparições de Fátima. Somente
sobre os pontos principais que se relacionam à Mensagem trazida pela
Rainha do Céu.
O que Nossa Senhora quis transmitir ao mundo?
3ª Aparição de Fátima: a comunicação da Mensagem aos
pastorzinhos.
Com efeito, no dia 13 de julho de 1917, isto é, na Terceira Aparição, Nossa
Senhora comunicou aos pastorzinhos uma mensagem em forma de segredo,
dividida em três partes:
Primeira parte do Segredo:
Após haver mostrado os terríveis tormentos do Inferno aos três
pastorzinhos, Nossa Senhora explicou-lhes:
“Vistes o inferno, para onde vão as almas dos pobres pecadores. Para as
salvar, Deus quer estabelecer no mundo a devoção ao Meu Imaculado
Coração. Se fizerem o que Eu vos disser, salvar-se-ão muitas almas e terão
paz”.
Segunda parte do Segredo:
Palavras da Santíssima Virgem:
“A guerra vai acabar. Mas, se não deixarem de ofender a Deus, no reinado
de Pio XI começará outra pior.
“Quando virdes uma noite alumiada por uma luz desconhecida, sabei que é
o grande sinal que Deus vos dará que vai punir o mundo de seus crimes,
por meio da guerra, da fome e de perseguições à igreja e ao Santo Padre...
“A Rússia espalhará seus erros pelo mundo promovendo guerras e
perseguições à Igreja... Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará e será
dado ao mundo algum tempo de paz”.
65
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Terceira parte do Segredo


Foi a visão de um “Bispo vestido de branco” assassinado, após ter
atravessado uma cidade em ruínas cheia de cadáveres, por um conjunto de
soldados aos pés de um monte sobre o qual havia uma grande cruz de
troncos toscos.
Por que Nossa Senhora quis aparecer? As três razões
Como é fácil perceber, Nossa Senhora quis aparecer em Fátima por três
razões:
1º) Para manifestar o desgosto de Deus pela situação do mundo;
2º) para profetizar a terrível intervenção divina que haverá por causa dos
pecados;
3º) para anunciar o futuro triunfo de Seu Imaculado Coração.
É simples, portanto, compreender o quanto a Mensagem de Fátima tem
relação com esse trecho do Tratado no qual São Luís Maria fala sobre a
necessidade da devoção à Santíssima Virgem nos Últimos Tempos.
O triunfo do Imaculado Coração de Maria sobretudo no coração dos
homens
Ora, se o Imaculado Coração de Maria triunfará sobre o mal, essa vitória de
Nossa Senhora deverá ocorrer, sobretudo, no coração de cada ser humano.
O coração considerado enquanto símbolo da vontade
O coração pode ser considerado símbolo da vontade. Nossa Senhora não
quer reinar, por assim dizer, nos obrigando, mas deseja que nós A
aceitemos livremente e por amor. É somente dessa maneira que poderemos
dizer que Maria estará efetivamente reinando: quando todos os seres
humanos, ou pelo menos a generalidade (pois pessoas ruins sempre
haverá), aceitarem com verdadeiro afeto e entusiasmo o suave jugo de
Maria.
O coração considerado enquanto símbolo da mentalidade
O coração, ainda, pode representar a mentalidade ou aquilo que São Luís
Grignion define como o espírito de Maria.
Para compreendermos no que consiste a mentalidade, um bom exemplo a
ser mencionado relaciona-se ao tema profissões. Com efeito, cada pessoa
assume um determinado modo de ser de acordo com a profissão que
exerce. Assim, quem tem certa experiência da vida saberá intuir qual
deverá ser a profissão da pessoa só por vê-la andando de costas, de tal

66
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

maneira muitas vezes o feitio da profissão está expresso em sua


exterioridade. Nisso consiste a mentalidade: num certo feitio, num certo
modo de ser próprio de cada indivíduo.
(Aliás a própria mídia atual tem essa capacidade de difundir uma
mentalidade que lhe é peculiar, de tal maneira que muitas pessoas – senão a
grande maioria – hoje em dia, e muitas vezes sem o perceberem – ou
fazendo de conta que não percebem – amoldam suas vidas com base nos
tipos humanos, nos modos de ser e de pensar transmitidos pela TV, pelo
rádio, pela Internet...)
Assim como existe uma mentalidade particular a cada homem ou mulher,
do mesmo modo há uma mentalidade da Igreja ou de Nossa Senhora. Aliás,
não há como distinguir a mentalidade de uma e de outra, visto que são as
mesmas. Tal é o espírito de Maria que, conforme São Luís Grignion, é o
mesmo espírito de Deus.
O Reino de Maria se dará quando toda a humanidade estiver imbuída
da mentalidade ou espírito de Nossa Senhora
No momento histórico em que essa mentalidade de Maria estiver difundida
para toda a humanidade, em que todos estiverem inteiramente imbuídos de
Seu modo de ser, de pensar e de viver, nós poderemos afirmar que o
Imaculado Coração de Maria já triunfou, ou seja, já estaremos no Reino de
Maria.
Agora, vamos passar para a terceira parte da exposição:
Qual a razão da decadência da humanidade? Terá havido uma época
em que a humanidade estivesse bem espiritualmente?
No ano de 1917, a humanidade já estava num auge de decadência moral e
religiosa.
Por que razão terá o mundo chegado a esse apogeu de pecados e ofensas a
Deus, o qual vem piorando cada dia mais?
Tendo em vista a questão anterior, talvez seja necessário levantar uma
outra:
Terá havido uma época em que a humanidade estivesse bem
espiritualmente?
A resposta é: sim! Sim! Houve um tempo em que, senão toda a
humanidade, mas uma faixa bem grande dela, esteve com os olhos voltados

67
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

para Deus e seus Mandamentos. Essa época recebeu o nome de Idade


Média.
Ora, na Encíclica Immortale Dei, o Papa Leão XIII descreveu nestes termos
a Cristandade medieval:
“Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados.
Nessa época, a influência da sabedoria cristã e a sua virtude divina
penetravam as leis, as instituições, os costumes dos povos, todas as
categorias e todas as relações da sociedade civil. Então a Religião instituída
por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é
devido, em toda parte era florescente, graças ao favor dos Príncipes e à
proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império
estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa
de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a
toda a expectativa, cuja memória subsiste e subsistirá, consignada como
está em inúmeros documentos que artifício algum dos adversários poderá
corromper ou obscurecer”.
A decadência moral da Cristandade Medieval5
Entretanto, lá pelo século quatorze (entre os anos 1301 e 1400), iniciou-se
um processo de decadência da Cristandade Medieval. Hoje em dia fala-se
muito mal da Idade Média, chamando-a de Idade das Trevas. Mas, como
pudemos perceber acima no trecho do Papa Leão XIII, foi a época em que a
Luz de Cristo mais brilhou no mundo, pois, na Europa Cristã, todas as
instituições políticas e sociais, toda a cultura e toda a civilização estavam
orientados pela inspiração da Igreja Católica.
Foi a época, também, em que a Santa Igreja atingiu o seu maior esplendor.
Havia, é claro, erros, falhas humanas, e isso é natural que haja, pois, como
diz o ditado popular: “errar é humano”, ou outro ditado: “Onde está o
homem, está o pecado”.
Entretanto, como foi dito acima, chegou um momento em que se iniciou
uma decadência moral e religiosa dessa ordem medieval, a qual era antes
inteiramente voltada para Deus.
As pessoas começaram de um modo progressivo a se afastar dos
ensinamentos da Igreja e a se paganizar.

5
O processo de decadência descrito aqui consiste numa glosa do que vem extraordinariamente bem
exposto pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira – mestre de Mons. João Scognamiglio Clá Dias (Fundador
dos Arautos do Evangelho) – em sua obra Revolução e Contra-Revolução
68
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Deus progressivamente foi sendo retirado do centro de seus pensamentos e


de suas atitudes.
Isso se deveu, a uma explosão de orgulho e sensualidade, que foi
crescendo, crescendo, e, no século dezesseis (entre 1501 e 1600), essa
explosão chegou ao seu primeiro auge no Humanismo, na Renascença e na
“Reforma” Protestante.
1º auge da explosão: “Deus, sim. Jesus Cristo, sim. Igreja, não!”
Esse primeiro auge da explosão de orgulho e sensualidade voltou-se
especialmente contra a autoridade e a hierarquia da Igreja Católica dizendo,
conforme denuncia Pio XII: “Deus, sim! Jesus Cristo, sim! Igreja, não!”.
Era isso o que afirmavam com seus ensinamentos e atitudes os membros da
“Reforma” Protestante.
2º auge da explosão: “Deus, sim. Jesus Cristo, não. Igreja, não!” .
Esse processo de decadência continuou crescendo até o século dezoito
(entre 1701 e 1800), quando ele chegou a mais um de seus auges, que foi a
Revolução Francesa, com o seu famoso lema Liberdade, Igualdade,
Fraternidade.
Na verdade, Liberdade para eles significava pecar à vontade; Igualdade:
que não deveriam aceitar nenhuma hierarquia, nem aquela estabelecida por
Deus na criação; Fraternidade: que todos seriam irmãos no sentido de se
revoltarem contra toda lei e contra toda autoridade.
Não rejeitavam explicitamente a Deus, mas o aceitavam de um modo
distante.
Deus para eles não intervinha, até mesmo não se importava com os atos
humanos.
Por isso, um lema que seria próprio para eles poderia ser enunciado assim:
“Deus, sim! Jesus Cristo, não! Igreja, não!”
3º auge da explosão: “Deus não existe!”.
Mas essa explosão de decadência moral e religiosa não parou por aí.
Na segunda década do século XX, mais exatamente no ano de 1917, que foi
justamente o ano das Aparições de Fátima, estalou mais um “fogo de
artifício” macabro dessa explosão cujo processo perdura mais de
quinhentos anos: foi a Revolução Comunista na Rússia. Essa Revolução era
ateia e materialista.

69
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Nessa Revolução ninguém mais tinha direito de praticar a religião, de


constituir família, de possuir propriedade. Todos eram iguais.
De que modo iguais?
Todos tornaram-se escravos do Estado, e eram constantemente vigiados a
fim de não se rebelarem contra ele. Se não procedessem bem, não
trabalhassem direito, iriam para os campos de concentração localizados no
meio do gelo da Sibéria, cujas baixas temperaturas e o trabalho forçado os
fariam sofrer e morrer de um modo miserável.
O horroroso lema dessa Revolução poderia bem ser simplesmente: “Deus
não existe”.
Cumpre-se a profecia de Fátima sobre a Rússia: que esta espalharia
seus erros pelo mundo.
Mas essa Revolução Comunista não permaneceu somente nos limites da
Rússia. Basta ver a legislação dos países e as vidas das pessoas, cada vez
mais ateias e materialistas.
Dessa maneira se cumpriu a profecia feita por Nossa Senhora na Terceira
Aparição de Fátima: “A Rússia espalhará seus erros pelo mundo,
promovendo guerras e perseguições à Igreja”.
4º auge da explosão: “É proibido proibir! ”; “Se Deus existisse nós
iríamos destruí-lo! ”.
Mas o último estalido dessa Revolução não foi o comunismo da Rússia.
No mês de maio de 1968 estourou uma outra Revolução na famosa
Universidade da Sorbonne, na França.
Foi uma Revolução cultural, que tinha como lemas principais: “É proibido
proibir! ” e “se Deus existisse nós iríamos destruí-lo!”.
Segundo o pensamento de seus promotores, até a Revolução de Sorbonne
poder-se-ia admitir que o ser humano deveria guiar-se pela razão.
A partir dela, a natureza humana foi virada de ponta-cabeça: os instintos
mais baixos é que devem dominar o ente humano.
Uma Revolução que também se espalhou pelo mundo.
Não pensem que essa Revolução ficou fechada nos muros da Sorbonne.
Ela pode até estar muito próxima de nós e convivendo conosco, fazendo
parte de muitos de nossos hábitos e até de um modo bastante profundo.

70
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

O desejo de Nossa Senhora ao aparecer em Fátima: deter o


processo de decadência da humanidade
O que devemos, sobretudo, guardar em nossa memória de tudo o que foi
exposto acima?
Que a humanidade hoje está no auge de um processo de decadência moral e
religiosa iniciado há mais de quinhentos anos, e que Nossa Senhora quis
aparecer em Fátima para convidá-la à conversão a fim de deter esse
processo.
A grande Promessa de Nossa Senhora em Fátima: anúncio do
advento do Reino de Maria
Levando em consideração os pressupostos acima enunciados, poderemos
levantar a seguinte questão: Foi somente para fazer à humanidade um apelo
à conversão e deter seu processo de decadência moral que Nossa Senhora
quis aparecer em Fátima?
Não! Foi por uma razão muito maior do que essa! Nossa Senhora fez uma
promessa em Fátima: “Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará e será
dado ao mundo algum tempo de paz”.
E que era de paz será essa?
Nada mais, nada menos, do que a época prenunciada por São Luís Maria
Grignion de Montfort em seu Tratado.
Uma época de santos como nunca houve na história; santos que, em
comparação aos anteriores, serão carvalhos em comparação com
graminhas.
Qual a razão de tão grande santidade?
É que esses santos serão, também, os maiores devotos de Nossa Senhora
que haverá na história da humanidade.
Por causa dessa grande devoção, Nossa Senhora dará a eles, de um modo
inédito uma profunda comunicação de sua própria mentalidade, a qual nada
mais consiste do que no esplendor de Suas virtudes, na grandeza de Sua
santidade.
Essa era nova de paz, de esplendor e de santidade terá o belíssimo nome de
“Reino de Maria”.
Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal

71
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

a) Fazer as meditações diárias distribuídas após esta aula (do 1º ao 6º


dia)
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para os doze dias preliminares, que vêm abaixo:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar.
Orientação para o expositor:
No modo normal, distribuir para os participantes todas as meditações
referentes aos doze dias preliminares, dedicados ao desapego do espírito do
mundo.

72
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

5ª Aula: Necessidade da devoção a Maria especialmente nesses


Últimos Tempos (Esquema)
(Tratado : N. 49 ao N. 59)
* O alcance profético desse trecho do Tratado

A necessidade de reforma nos costumes já na época de São Luís


Grignion

* A grande força motriz para uma tal reforma nos costumes: a


devoção a Nossa Senhora

* A necessidade de uma grande intervenção divina para a


instauração do Reino de Maria

* O objeto da aula de hoje: a relação do Tratado com a Mensagem


de Fátima

* As quatro partes da exposição de hoje

* “Últimos tempos” não é o mesmo que “fim dos tempos”.

* As Aparições de Fátima - A Mensagem de Fátima

* 1ª Aparição.

* 3ª Aparição de Fátima: a comunicação da Mensagem aos


pastorzinhos.

* Primeira parte do Segredo:

* Segunda parte do Segredo:

* Terceira parte do Segredo

* Por que Nossa Senhora quis aparecer? As três razões

* O triunfo do Imaculado Coração de Maria sobretudo no coração


dos homens

73
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

* O coração considerado enquanto símbolo da vontade

* O coração considerado enquanto símbolo da mentalidade

* O Reino de Maria se dará quando toda a humanidade estiver


imbuída da mentalidade ou espírito de Nossa Senhora

* Qual a razão da decadência da humanidade? Terá havido uma


época em que a humanidade estivesse bem espiritualmente?

* A decadência moral da Cristandade Medieval

* 1º auge da explosão: “Deus, sim. Jesus Cristo, sim. Igreja, não!”

* 2º auge da explosão: “Deus, sim. Jesus Cristo, não. Igreja, não!” .

* 3º auge da explosão: “Deus não existe!”.

* Cumpre-se a profecia de Fátima sobre a Rússia: que esta


espalharia seus erros pelo mundo.

* 4º auge da explosão: “É proibido proibir! ”; “Se Deus existisse


nós iríamos destruí-lo! ”.

* Uma Revolução que também se espalhou pelo mundo.

* O desejo de Nossa Senhora ao aparecer em Fátima: deter o


processo de decadência da humanidade

* A grande Promessa de Nossa Senhora em Fátima: anúncio do


advento do Reino de Maria

* Tarefa de casa:
a) Fazer as meditações diárias distribuídas após esta aula (do 1º ao
6º dia)
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para os doze dias preliminares, que vêm abaixo:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar.
74
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

6ª Aula: Verdades fundamentais da


devoção a Maria
(Tratado: N. 60 ao N. 89)
Na presente palestra vamos tratar sobre as cinco verdades
fundamentais da devoção a Maria.
Verdades que nos servem como base para formar convicções
sólidas.
O que são verdades fundamentais?
São as verdades que nos servem como base para compreendermos bem
como deve ser a devoção a Nossa Senhora.
A devoção não deve somente basear-se em sentimentos ou interesses, mas
nos princípios da razão iluminada pela Fé.
Para sermos perfeitos devotos de Maria, devemos construir um conjunto de
convicções sólidas.
Essas convicções devem servir como base, como fundamento, de nossa
devoção a Nossa Senhora.
Jesus diz no Evangelho que devemos construir nossa casa sobre a rocha
(Cf. Mt 7, 24).
Com efeito, para construirmos em nossa vida espiritual uma perfeita
devoção a Nossa Senhora, devemos ter convicções firmes que sustentem
essa devoção.
Essas convicções são as verdades fundamentais postas em evidência por
São Luís Grignion em seu Tratado. Do contrário estaremos construindo
sobre a areia.
O que acontece com uma casa construída sobre a areia? Vem o primeiro
vento forte, a primeira tempestade e destrói aquela casa (Mt 7, 26-27).
Primeira verdade: Jesus Cristo é o Fim Último da devoção a
Maria.
Maria, o grande e caudaloso Rio que desemboca no Oceano Jesus
Cristo.
A primeira convicção firme que devemos ter é de que Jesus Cristo é o fim
último da devoção a Nossa Senhora.

75
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Para compreendermos bem isso vamos nos utilizar da seguinte figura:


O Brasil é um país imenso, de dimensões continentais, e em seu grandioso
território correm também cursos de água imensos.
Um deles – e o maior de todos – é o Rio Amazonas.
Este é o maior rio do mundo tanto em comprimento como em volume de
água. É um rio tão imenso e caudaloso que, quando suas águas
desembocam no mar, é tão grande seu volume, que ele tem a capacidade de
penetrar mar adentro por centenas de quilômetros, sem misturar sua água
doce com a água salgada do mar.
O choque das águas do Amazonas com as ondas do mar é tão forte e causa
tanto ruído, que dá origem a um fenômeno cujo nome é “Pororoca”.
Pois bem, esse rio gigantesco inicia-se como um pequeno filete de água na
Cordilheira dos Andes, na região do Equador (país sul-americano).
No seu curso, ele vai sendo alimentado por outros rios, vai crescendo, vai
crescendo, até atingir as enormes proporções que ele adquire no encontro
das águas dos rios Negro e Solimões, localizado na região de Manaus,
continuando seu caminho tortuoso por centenas de quilômetros, até
desembocar no Oceano Atlântico.
Por que estamos aqui dando essa como que aula de geografia?
Porque o Rio Amazonas é um símbolo.
Símbolo de quê?
De Maria Santíssima.
Os outros rios que desembocam nele podem significar as devoções aos
outros santos, que sempre vão ter seu termo em Nossa Senhora, a
Medianeira de todas as graças. Agora, as águas do Amazonas não
permanecem nele: correm em direção ao Oceano Atlântico.
O que, então, simboliza o Oceano?
Nada mais nada menos que Jesus Cristo, Nosso Senhor!
É Ele o Divino Oceano no Qual desembocam toda a nossa devoção, seja
tendo como intercessores os santos, seja por meio de São José, seja,
sobretudo, por intermédio de Nossa Senhora.
Ela é o grande rio para o qual convergem as águas de todas as outras
devoções que lhe estão abaixo.
76
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Esse grande rio chamado Maria nunca deixará de despejar suas águas
caudalosas nesse mar infinito chamado Jesus Cristo.
Segunda verdade: Pertencemos a Jesus e a Maria na qualidade de
escravos
A segunda verdade que devemos conhecer, a segunda convicção que temos
obrigação de possuir é a seguinte: pertencemos a Jesus e a Maria na
qualidade de escravos.
Como? É o que vamos tentar explicar, com base no Tratado de São Luís
Grignion.
O que significa “escravo” na linguagem de São Luís Grignion.
O que significa a palavra “escravo” na linguagem de São Luís Maria
Grignion de Montfort?
Muitos se assustam com essa palavra, pois faz lembrar daqueles infelizes
escravos de épocas passadas da história de nossa nação, ou dos mais
infelizes ainda que viveram nos tempos do paganismo.
De fato, a condição de escravo é contra a dignidade da natureza humana e a
Santa Igreja batalhou durante séculos para que esta chaga fosse extirpada
de dentro dos povos.
Segundo São Luís Grignion, servo é o mesmo que chamamos hoje de
empregado.
São Luís Grignion faz uma distinção entre servo e escravo.
Servo, para ele, é o mesmo que chamaríamos de empregado. Este, com
efeito, é contratado por algum tempo, recebendo um salário, gozando de
inteira liberdade, dispondo de sua vida como bem entende, mas, é claro,
com o dever de cumprir o que foi estipulado no contrato.
O Escravo no Direito Romano e no Paganismo.
A condição do escravo já é bem outra.
Não tem direito algum, nada possui, não pode dispor nem de sua vida, a
qual pertence inteiramente ao seu senhor. No Direito Romano escravo é
tratado como “res”, que em latim significa “coisa”.
Nesse conjunto de leis pagãs, o escravo está na mesma categoria dos
animais, ou de objetos inanimados, desde que estes se prestem a ser
propriedade de alguém.
Bem se vê o quanto há de barbarismo nessa antiga legislação!

77
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Entretanto, esmiuçando melhor o assunto, São Luís Grignion faz a


distinção entre três tipos de escravidões as quais ele aplica na relação de
Deus com as criaturas:
1º Tipo: escravidão por natureza.
Todas as criaturas são escravas de Deus.
Qual é a razão disso? É o que vem exposto abaixo, tendo como base um
pensamento de Santo Inácio de Loyola.
O homem é criado.
Todos já devem ter ouvido falar de Santo Inácio de Loyola.
Ele é o Fundador da Companhia de Jesus, cujos membros sacerdotes são
chamados de padres jesuítas. Ele compôs um Retiro denominado
“Exercícios Espirituais”.
Esse Retiro, ele inicia com a seguinte frase:
“O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus e, dessa
maneira, salvar sua alma”.
Vamos, por ora, nos fixar à primeira expressão: “O Homem é criado”. Um
observador esperto, contemplando essa frase, poderia perguntar: “Por que
Santo Inácio não escreveu: ‘o homem foi criado’, mas ‘o homem é criado’?
Talvez isso tenha uma razão mais profunda. Qual será ela?
Deus nos sustenta, nos “recria continuamente”.
A razão é a seguinte: Deus criou a cada um de nós num dado momento, e
não nos abandonou depois dizendo: “Ele não precisa mais de Mim!”. Se
Deus fizesse isso, nós automaticamente deixaríamos de existir.
Se continuamos a existir é porque Deus nos sustenta em nosso ser, como
que nos “recriando” continuamente.
Isso não se dá somente com a natureza humana, mas com toda a ordem da
criação, desde os minerais até a natureza humana de Nosso Senhor.
Assim é que todas as criaturas, por assim dizer, são escravas de Deus, pois
sua dependência com relação a Ele é total e absoluta, não tendo como dela
escapar.
2º Tipo: Escravidão forçada.
O segundo tipo de escravidão tem o nome de forçada, porque é praticada
obrigatoriamente por aqueles que a rejeitam.

78
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

É o que acontece com os demônios e réprobos no inferno, que rejeitam a


Deus e são obrigados a se submeterem a Ele contra a vontade.
3º Tipo: Escravidão voluntária.
Por que o homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus?
Voltemos às palavras de Santo Inácio. “O homem é criado para louvar,
reverenciar e servir a Deus, e desse modo, salvar sua alma”.
Por que o homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus?
Escravidão voluntária: um dever de justiça e gratidão para com o
Criador...
Como Deus criou e sustenta o ser humano no seu ser a todo instante, o
homem tem uma obrigação de justiça e gratidão de louvar, reverenciar e
servir seu Criador e Soberano Senhor.
É nisso que consiste a escravidão voluntária preconizada por São Luís
Maria Grignion de Montfort.
... para com o Redentor...
Mais ainda! Para termos uma ideia de como somos amados pelo Senhor:
havendo o gênero humano caído em pecado na pessoa de Adão, por meio
de Maria veio ao mundo o Deus feito homem, Jesus Cristo Nosso Senhor.
Sendo Ele por direito nosso Senhor e Rei, também quis conquistar-nos
oferecendo-Se em sacrifício ao Pai no alto do Calvário.
É isso o que também comenta São Luís Grignion no seu Tratado.
Entretanto, Ele pede um consentimento de nossa vontade para que nos
tornemos escravos d’Ele. Não deseja forçar-nos.
... e para com Sua Mãe Santíssima.
E, Maria... em que sentido devemos ser considerados escravos d’Ela?
Conforme São Luís Maria Grignion de Montfort, “tudo o que convém a
Deus por natureza, convém a Maria por graça, dizem os santos; de sorte
que, segundo eles, tendo ambos apenas a mesma vontade e o mesmo poder,
têm ambos os mesmos súditos, servos e escravos” (Tratado: N. 74).
Isso significa que já somos, como toda a Criação, escravos de Maria
queiramos ou não.
Entretanto, se o quisermos, estaremos escolhendo o caminho mais perfeito
que nos conduzirá sem nenhum engano, para a nossa salvação eterna.

79
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Terceira verdade: Devemos esvaziar-nos do que há de mal em


nós.
Esse tópico do Tratado é tão claro que dispensa maiores explicações, basta
lê-lo que iremos facilmente compreendê-lo.
São Luís Grignion compara os vícios humanos com certos animais.
Todavia, vamos chamar a atenção aqui para as comparações utilizadas por
São Luís Grignion, a fim de exprimir quão grande é nosso fundo de
maldade.
Com efeito, ao mesmo tempo que há animais que representam aspectos de
Deus, há outros, horrendos, ferozes ou com outras características que
exprimem certos vícios e pecados que o homem pode cometer.
Então, São Luís Maria Grignion de Montfort dá uma lista de animais e sua
correlação com vícios humanos.
O desejo do nosso santo nada mais é do que incutir horror ao pecado.
Então, aparece a figura do pavão, que representa nosso orgulho e vaidade,
nosso desejo desenfreado de chamar a atenção sobre nossas pessoas, assim
como faz esta espécie de animais.
Uma outra figura que aparece é a do sapo, o qual representa nosso apego a
essa terra de exílio em que vivemos e a falta de desejo que temos de
alcançar o Céu.
Em seguida, vem a figura do bode, o qual se caracteriza por uma grande
feiúra e um mal cheiro horripilante: para São Luís Grignion, somos mais
nojentos do que esse animal, pelos nossos pecados.
A figura da serpente é mencionada logo em seguida, a qual representa para
nós a inveja, pois que foi por inveja que o demônio escolheu esse animal
para tentar Eva e, depois, Adão.
Para dar continuidade, menciona o porco, dando-lhe como péssimo
exemplo de glutoneria, ou gulodice, representando-nos, quando não
sabemos portarmo-nos bem diante dos alimentos.
Aliás, para São Luís, somos ainda mais gulosos do que os suínos, visto que
tais animais agem por instinto, inconscientemente, e nós, com toda
consciência.

80
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Somos ainda, conforme nosso santo, mais coléricos que os tigres, mais
preguiçosos que tartarugas, mais fracos que caniços, mais inconstantes que
cata-ventos.
Quarta verdade: Precisamos de um mediador junto ao próprio
Mediador
Reconhecendo em si um tal fundo de maldade, quem ousaria aproximar-se
de Jesus com toda segurança?
Realmente, uma pessoa contemplando as fortes afirmações de São Luís
Grignion sobre nosso fundo de maldade, poderá ter duas reações: ou de
orgulho, afirmando serem exageradas; ou de humildade, dizendo que ainda
nosso santo estaria comparando mal, pois somos muito piores.
Ora, diante de um tal fundo de maldade, alguém ousaria aproximar-se de
Jesus, a própria Santidade e Grandeza feita Homem, com toda a segurança?
Não correria o risco de ser rejeitado?
Não seria mais seguro, por assim dizer, apelar para Sua Mãe que é,
também, nossa Mãe?
Conforme São Luís Grignion, quando São Paulo afirma ser Jesus o único
Mediador entre Deus e os homens (IITim 2, 5), refere-se a Nosso Senhor
enquanto Mediador de Redenção, pois somente um Deus feito homem
poderia oferecer ao Pai um sacrifício perfeito, capaz de perdoar todo
pecado.
Qual é a razão disso?
Jesus: o Mediador de Redenção.
É que o objeto do pecado é Deus, um ser infinito.
Mesmo que seja um ato passageiro cometido por um ser limitado, por ser
contra Deus, o pecado adquire uma dimensão infinita, e só pode ser
reparado por um sacrifício de valor infinito.
Esse sacrifício foi adequadamente oferecido por Cristo no alto do Calvário.
Os mediadores de intercessão junto ao de Redenção.
De acordo com o mesmo São Luís Grignion, sendo somente Jesus o
Mediador de Redenção, podem haver outros mediadores, esses de
intercessão.
Mas sua mediação só tem verdadeiro poder em união com o único
sacrifício consumado por Nosso Senhor no alto do Calvário.

81
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Quem mais do que Nossa Senhora para cumprir esse objetivo?


Assim, podemos concluir com São Luís Grignion que, devido a nosso
fundo de maldade e porque assim Deus o quer, precisamos de outros
mediadores junto ao único Mediador, Jesus Cristo.
A que mais pode cumprir esse objetivo é Maria Santíssima, por ser Mãe
Dele e Mãe nossa.
Quinta verdade: Para nós é muito difícil conservarmos as graças e
os tesouros recebidos de Deus.
Esta é uma verdade dura, mas que devemos, com toda humildade aceitar.
São três os nossos inimigos:
a) A carne, ou seja, nós mesmos e nosso fundo de maldade;

b) O demônio, o qual está constantemente atento para descobrir, com sua


aguda inteligência angélica, por onde nos pegar;

c) E o mundo, especialmente este mundo corrompido da atualidade, com


todos seus feitiços e estratégias de sedução, com todos os seus inumeráveis
meios para levar multidões ao pecado e à perdição eterna.
De que maneira venceremos esses inimigos?
Vigiando, rezando e sendo autênticos devotos de Maria.
Orientação para o expositor
Distribuir para os participantes a 2ª Reunião sobre o desapego do espírito
do mundo
Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias distribuídas após esta aula (do 7º ao 12º
dia)
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para os doze dias preliminares, que vêm abaixo:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar”.
Para os que estiverem fazendo o curso no modo rápido
82
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

 Tarefa de casa:
a) Ler no Tratado do N. 90 ao N. 114.
b) Fazer as meditações diárias referentes à 1ª semana, que deve ser
empregada no conhecimento de si mesmo
c) Rezar as orações proposta para essa 1ª semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ladainha de Nossa Senhora

83
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

6ª Aula: Verdades fundamentais da devoção a Maria (Esquema)


(Tratado: N. 60 ao N. 89)
* Verdades que nos servem como base para formar convicções
sólidas.

* Primeira verdade: Jesus Cristo é o Fim Último da devoção a


Maria.

* Maria, o grande e caudaloso Rio que desemboca no Oceano


Jesus Cristo.

* Segunda verdade: Pertencemos a Jesus e a Maria na qualidade


de escravos

* O que significa “escravo” na linguagem de São Luís Grignion.

* Segundo São Luís Grignion, servo é o mesmo que chamamos


hoje de empregado.

* O Escravo no Direito Romano e no Paganismo.

* 1º Tipo: escravidão por natureza.

* O homem é criado.

* 2º Tipo: Escravidão forçada.

* 3º Tipo: Escravidão voluntária.

* Escravidão voluntária: um dever de justiça e gratidão para com


o Criador...

* ... para com o Redentor...

* ... e para com Sua Mãe Santíssima.

* Terceira verdade: Devemos esvaziar-nos do que há de mal em


nós.

84
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

* São Luís Grignion compara os vícios humanos com certos


animais.

* Quarta verdade: Precisamos de um mediador junto ao próprio


Mediador

* Jesus: o Mediador de Redenção.

* Os mediadores de intercessão junto ao de Redenção.

* Quem mais do que Nossa Senhora para cumprir esse objetivo?

* Quinta verdade: Para nós é muito difícil conservarmos as graças


e os tesouros recebidos de Deus.

Tarefa de Casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias distribuídas após esta aula (do 7º ao 12º
dia)
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para os doze dias preliminares, que vêm abaixo:
 Vem, ó Espírito Criador
 Ave, Estrela do mar”.

Para os que estiverem fazendo o curso no modo rápido


 Tarefa de casa:
a) Ler no Tratado do N. 90 ao N. 114.
b) Fazer as meditações diárias referentes à 1ª semana, que deve ser
empregada no conhecimento de si mesmo
c) Rezar as orações proposta para essa 1ª semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ladainha de Nossa Senhora

85
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

7ª Aula: Sinais da verdadeira devoção à


Santíssima Virgem Maria
(Tratado: do N. 90 ao N. 114)
Falsos devotos e falsas devoções à Virgem Santa
Na palestra anterior, sobre as Verdades fundamentais da
devoção a Nossa Senhora, comentamos a respeito de nossos três inimigos:
o demônio, o mundo e a carne.
Falaremos um pouquinho sobre o primeiro, ou seja, o demônio, e de como
é a sua ação junto às almas mais devotas.
O demônio pouco se ocupa das almas pecadoras: já são dele.
Existem no mundo almas de todos os tipos.
Algumas que não querem saber de nada, senão de viver uma vida de
prazeres em meio ao pecado.
Outras, que querem viver uma existência sem sentido, como “cortiças sobre
a água”, deixando-se arrastar gostosamente pelos fatos da vida, sem
frequentar os Sacramentos, sem preocupar-se com nada, nem com a morte
que lentamente se aproxima.
Outras, ainda, tomaram as vias do crime e da violência.
Todos esses tipos de almas vivem no pecado e, infelizmente, já estão nas
garras do inimigo de nossa salvação. O demônio nem se ocupa – ou se
ocupa muito pouco – delas.
O demônio está mais preocupado em perder aqueles que buscam sua
salvação.
De quem o demônio mais se ocupa?
Daquelas almas que, com uma centelha de fé, tomam-se de entusiasmo e
desejam correr atrás da salvação de suas almas.
É sobretudo dessas almas que o demônio mais especialmente se ocupa,
porque estão escapando de suas garras malignas.
Quando o maligno percebe que a alma está cheia de entusiasmo, cheia de
desejo de progredir no caminho da perfeição, distancia-se dela, esperando o
momento em que o entusiasmo baixe, para novamente se aproximar.

86
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

O demônio faz surgir as falsas devoções a fim de perder os bons.


Mas, muitas vezes o demônio não se aproxima propondo um pecado grave,
porque a alma se assusta e se afasta de suas armadilhas.
O que faz o demônio?
Engana a alma, propondo falsos caminhos de devoção, às vezes de um
modo velado, para tirá-la, um pouco que seja, da via reta que vinha com
tanto empenho seguindo.
Esse é o caminho através do qual o demônio, mediante sua ação entre os
homens, faz surgir as falsas devoções, que, segundo São Luís Grignion, são
o falso ouro que satanás apresenta para ser trocado pelo verdadeiro.
Os sete tipos de falsos devotos.
Dessa ação diabólica entre as pessoas de fé, surgem os sete tipos de falsos
devotos enumerados por São Luís Grignion:
• 1º) Os devotos críticos
Que, embora se digam realmente devotos de Nossa Senhora, possuem em
suas almas um profundo orgulho e uma grande falta de fé.
De tudo eles duvidam, desprezando as devoções do povo humilde,
tachando-as de fora da moda, porque é necessário ter uma devoção
esclarecida.
• 2º) Os devotos escrupulosos
Que temem desagradar a Jesus, louvando demasiadamente a Maria.
• 3º) Os devotos exteriores
Que se apegam a orações, às práticas religiosas. Muitos até rezam o terço
todos os dias – como papagaio – pouco se preocupando com meditar no
que têm o costume de rezar, tornando-se, por consequência, bastante
limitados na prática do bem e na busca da santidade.
O demônio as engana fazendo imaginar que o que fazem molemente já
satisfaz a Deus.
• 4º) Os devotos presunçosos
Esses quase se confundem com os anteriores.
A diferença é que imaginam que irão salvar-se continuando em seus
pecados, oferecendo a Nossa Senhora alguns terços ou algumas ladainhas.
• 5º) Os devotos inconstantes
São aqueles que hoje estão fervorosos, amanhã, já nem tanto assim.
87
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Quando sentem alguma desolação, insensibilidade, aridez em suas orações


e devoções, logo desanimam.
São como “cortiças sobre a água”.
• 6º) Os devotos hipócritas
São representados no Evangelho pela seita dos fariseus.
São orgulhosos, avarentos, sensuais, escondendo seus vícios horrorosos sob
a capa de práticas de devoção, desejando ainda pavonear-se de tais práticas.
• 7º) Os devotos interesseiros
Talvez sejam os mais comuns de todos.
São devotos de Nossa Senhora na medida em que esta atenda a seus
interesses de dinheiro, prazeres, vida cômoda.
A partir do momento em que vem a provação, já não querem saber de
Maria Santíssima, muitas vezes blasfemando contra Ela.
Esse é o tipo mais “pesado” de devoto interesseiro.
Existe, também, uma espécie mais sutil: reza muitos terços e até rosários
inteiros quando sente uma “cócega” de fervor na alma.
Quando a “cócega” passa, não quer saber de rezar mais.
Esta espécie se confunde com os inconstantes.
Um momento para exame de consciência
É a hora de cada um de nós aqui presente fazer um exame de consciência.
Nesse exame, cada um fará perguntas para si próprio, tendo em vista o que
acima foi descrito, a fim de saber em que classe de falsos devotos cada um
possa estar me encaixando.
Pode ser que até que alguém seja um misto, quer dizer, tenha as
características de vários.
Então, esse é o momento em que cada um de nós se voltará para si mesmo
a fim de levantar as seguintes questões, as quais cada um responderá
somente sobre sua pessoa, com a maior franqueza possível:
1) “Não serei eu um crítico orgulhoso que de tudo duvido?”
2) “Não serei eu um escrupuloso cheio de temores com relação à
devoção a Nossa Senhora, imaginando, como pessoas de outras

88
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

denominações cristãs, que o culto à Santíssima Virgem afasta de Jesus


Cristo? ”
3) “Não serei eu um devoto meramente exterior, sem nenhuma
interioridade, “papagaio” de orações? ”
4) “Não serei eu um presunçoso que penso que vou me salvar só porque
recito algumas magras Ave Marias sem muito amor, vivendo uma vida
relaxada?”
5) “Não serei eu como “cortiça sobre a água” em matéria de devoção e
espiritualidade?”
6) “Não serei eu um hipócrita, que pratica atos de devoção só para
aparecer, conduzindo uma existência na qual “convivo bem” com meus
pecados, que são muitos e graves?”
7) “Não serei eu um interesseiro?”
São as perguntas que devemos nos fazer nesse instante, para em seguida
passarmos a outro ponto, referente às características da verdadeira devoção.
(Aconselha-se um momento curto, de no máximo cinco minutos, de exame de consciência)

Sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem


Depois de haver tratado de como são as falsas devoções e os falsos devotos
de Nossa Senhora, vamos, agora, passar para o tema que foi enunciado no
início de nossa palestra, cujo título é “sinais da verdadeira devoção à
Santíssima Virgem”.
Com efeito, a palavra “sinais” pode ter o sentido de “características”.
Importa, portanto, para nós nesse momento explicitar quais as
características da verdadeira devoção.
Como saber quais são as características?
São elas, como é obvio, o contrário das falsas
Para compreendermos bem como deve ser a verdadeira devoção, basta
imaginar o que é o contrário da falsa.
É justamente isso o que tentaremos expor em seguida.
• 1º) O devoto humilde e cheio de fé
O que é o contrário do devoto crítico?
É evidentemente o devoto humilde e cheio de fé.

89
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

• 2º) O devoto confiante


O que é o contrário do devoto escrupuloso?
É o que não teme ofender a Deus louvando demasiadamente a Maria.
É o que tem a convicção plena de que, louvando, amando, servindo a
Maria, estará dando alegria ao Senhor. Poderíamos chamar “devoto
confiante”.
• 3º) O devoto interior, profundo e meditativo
O que é o contrário do devoto exterior?
É aquele que procura ser antes de tudo um devoto interior, imitando a
Nossa Senhora que, conforme o Evangelho, meditava todas as coisas em
seu coração.
É o “devoto interior”. E para dar outros nomes, seria “profundo” ou
“meditativo”.
• 4º) O devoto prudente
O que é o contrário do devoto presunçoso?
É aquele que deseja salvar sua alma e sabe que, por mais que seja devoto
de Nossa Senhora, sua devoção é pequena em comparação com o que Ela
merece.
Não imagina que irá se salvar simplesmente por recitar essa ou aquela
oração, ou por fazer um qualquer ato de piedade, até mesmo muitos atos
devocionais.
Sabe que sua salvação virá pela misericórdia de Maria. Mas, tem presente
também que deverá fazer todo o esforço para agradá-La, através das boas
obras e evitando o pecado.
Que nome daríamos para esse devoto? Talvez “devoto prudente”.
• 5º) O devoto sério e constante
O que é o contrário do devoto inconstante?
O que caracteriza o devoto inconstante, no fundo, é uma grande falta de
seriedade.
O que significa ser sério?
Um pai de família sério, por exemplo, é aquele homem que sabe que tem
uma missão importantíssima junto à sua esposa e filhos, e vai fazer de tudo
para cumprir sua missão, abraçando todo sofrimento ou contrariedade,

90
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

procurando, na medida do possível, afastar todo obstáculo que o impeça de


cumprir sua missão.
É assim que deve ser o verdadeiro devoto de Nossa Senhora.
Deve ser sério, deve ter presente que ser devoto de Maria não é uma
brincadeira, mas uma realidade altíssima da qual depende sua salvação
eterna.
É assim que ele vencerá sua inconstância, pois quando vierem as provações
e aridezes que fazem parte da vida de todo ser humano, ele saberá manter-
se firme e fiel em todas as suas práticas devocionais.
Para esse tipo de verdadeiro devoto daríamos, por contraposição, o nome
de “devoto constante”.
Poderíamos, também, dar-lhe o nome de “devoto sério”.
• 6º) O devoto autêntico
O que é o contrário do devoto hipócrita?
O hipócrita está pouco preocupado com o que Deus pensa a seu respeito.
Sabe que é um pecador e, na maior parte das vezes, grande pecador.
A sua grande preocupação é agradar à sociedade, chamando a atenção
sobre si, com aparências de devoção, para que os outros digam: “Vejam
como ele é devoto!”.
O contrário do hipócrita não é esconder a devoção, mas manifestá-la, pois
Nosso Senhor ensina no Evangelho que a luz não pode ser escondida
debaixo da cama, mas deve cumprir sua “vocação” de iluminar, sendo
posta no alto de um candelabro.
Entretanto, nesse manifestar, o verdadeiro devoto tem a obrigação de não
ceder à vaidade, tendo presente que tudo vem de Deus, e tudo deve voltar
para Ele.
Deve procurar ter, também, uma vida inteiramente pura de qualquer
pecado.
Como denominaríamos, por contraposição, esse tipo de devoto?
Um nome que poderia ser dado é: “devoto autêntico”.
• 7º) O devoto desinteressado
O que é o contrário do devoto interesseiro?

91
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Como é fácil perceber, é o devoto desinteressado.


Esse tipo de verdadeiro devoto não quer servir a Nossa Senhora só para
obter benefícios físicos, materiais, financeiros.
Pode até pedir graças nesse sentido, mas tendo presente que deve submeter-
se à vontade de Nossa Senhora, que é sobretudo Mãe, e sabe o que é
melhor para seu filho.
O devoto desinteressado sabe que Nossa Senhora quer para ele sobretudo a
sua santificação e salvação, acolhendo com ações de graças até mesmo as
piores provações.
A sua atitude com relação a Nossa Senhora é a mesma que a do patriarca Jó
com relação a Deus: “O Senhor deu, o Senhor tirou: bendito seja o nome do
Senhor”. “Se recebi de Deus os bens, não deveria também receber os
males?” (Jó 1, 21; 2, 10)
Tais são, portanto, as características do verdadeiro devoto de Maria. Em
contraposição aos falsos devotos ele deve ser humilde, cheio de fé,
confiante, interior, profundo, prudente, sério, constante, autêntico e
desinteressado.
Ao passo que pode haver diversas modalidades de falsos devotos, a
verdadeira devoção é uma só e deve possuir todas as qualidades acima
enumeradas.
Os cinco sinais de verdadeira devoção apresentados por São Luís
Grignion
Contudo, São Luís Maria Grignion de Montfort enumera cinco sinais para
se saber se alguém é verdadeiro devoto de Maria:
1º) A verdadeira devoção é interior
Para São Luís Grignion essa devoção “parte da mente e do coração, provém
da estima que se tem à Virgem Santa, da elevada ideia que se formou de
suas grandezas, do amor que Lhe devotamos.” (Tratado: n. 106)
2º) A verdadeira devoção é terna
Para o santo autor do Tratado, a verdadeira devoção deve ser terna, ou seja,
“cheia de confiança na Santíssima Virgem, como é a de um filho com
relação à sua boa mãe. Faz com que uma alma recorra a Ela em todas as
suas necessidades do corpo e do espírito, com muita simplicidade,
confiança e ternura”.

92
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

3º) A verdadeira devoção é santa.


Para São Luís Grignion, o verdadeiro devoto de Maria A tem como modelo
a ser imitado. E, no N. 108, dá uma lista das dez principais virtudes de
Nossa Senhora.
4º) A verdadeira devoção é constante.
Já demos nessa palestra a explicação do significado disso. Mas vale muito a
pena lerem o N. 109 do Tratado.
5º) A verdadeira devoção é desinteressada.
Também já explicamos anteriormente. É importante ler pelo menos o n.
110 do Tratado da Verdadeira Devoção.
Tarefa de casa:
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de si mesmo
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ladainha de Nossa Senhora

93
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

7ª Aula: Sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem


Maria: (Esquema)
(Tratado: do N. 90 ao N. 114)
* Falsos devotos e falsas devoções à Virgem Santa

* O demônio pouco se ocupa das almas pecadoras: já são dele.

* O demônio está mais preocupado em perder aqueles que buscam


sua salvação.

* O demônio faz surgir as falsas devoções a fim de perder os bons.

* Os sete tipos de falsos devotos.

* 1º) Os devotos críticos

* 2º) Os devotos escrupulosos

* 3º) Os devotos exteriores

* 4º) Os devotos presunçosos

* 5º) Os devotos inconstantes

* 6º) Os devotos hipócritas

* 7º) Os devotos interesseiros

* Um momento para exame de consciência

* Sinais da verdadeira devoção à Santíssima Virgem

* Como saber quais são as características?

* 1º) O devoto humilde e cheio de fé

* 2º) O devoto confiante

* 3º) O devoto interior, profundo e meditativo


94
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

* 4º) O devoto prudente

* 5º) O devoto sério e constante

* 6º) O devoto autêntico

* 7º) O devoto desinteressado

* Os cinco sinais de verdadeira devoção apresentados por São Luís


Grignion

* 1º) A verdadeira devoção é interior

* 2º) A verdadeira devoção é terna

* 3º) A verdadeira devoção é santa.

* 4º) A verdadeira devoção é constante.

* • 5º) A verdadeira devoção é desinteressada.

* Tarefa de casa:
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de si mesmo
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ladainha de Nossa Senhora

95
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

8ª Aula: A perfeita prática de devoção a Maria


(Tratado , N. 115 a N. 134)
Principais práticas de devoção a Maria
Todos já devem ter lido em casa os N. 115, 116 e 117 do
Tratado. Neles São Luís Maria Grignion de Montfort trata
sobre as principais práticas de devoção a Nossa Senhora.
São muitos claros e dispensam maiores explicações.
Como fazer nossas práticas devocionais?
Voltemos nossa atenção para o último parágrafo do n. 117, no qual São
Luís Grignion enumera as condições para que as práticas de devoção a
Nossa Senhora sejam perfeitas. Este é o principal ponto destes números
115, 116 e 117, e que devemos guardar profundamente em nossos
corações, e procurar colocar em prática, pois sem eles, nossas práticas
devocionais serão como um cadáver, um corpo sem alma.
Responde São Luís Grignion:
“1) com boa e reta intenção de só agradar a Deus e de se unir a Jesus Cristo
como Seu fim último, e de edificar o próximo;
“2) com atenção, sem distração voluntária;
“3) com devoção, sem precipitação nem negligência;
“4) com modéstia e compostura respeitosa e edificante do corpo”.
Ou seja, procurar estar bem trajado; se estiver sentado numa confortável
poltrona, não “afundar” nela, mas sim, procurar manter um porte digno.
Claro, devemos rezar sempre, inclusive deitados. Mas, as devoções mais
importantes de nossa vida, é importante praticá-las do modo mais digno
que nos for possível. Um exemplo disso: a oração do Terço.
Vamos entrar, agora, no principal tema de nossa exposição de hoje, que diz
respeito à perfeita prática de devoção a Maria.
A perfeita prática de devoção a Maria
Um pouco de Catecismo
Para tornar-se mais clara para nós essa perfeita prática de devoção a Maria,
a qual deve ser compreendida, como ensina São Luís Grignion,
primeiramente como uma renovação das promessas do Batismo, vamos
agora recordar alguns pontos que aprendemos no Catecismo.

96
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Somos concebidos no pecado original


Com efeito, todos fomos concebidos no pecado original, que tem sua
origem no ato de desobediência a Deus cometido por nossos primeiros pais,
Adão e Eva.
Os dons que possuíam nossos pais no Paraíso
No Paraíso, Adão e Eva possuíam diversos dons: eram imortais (dom de
imortalidade), não sofriam dores nem doenças (dom de impassibilidade),
não eram acometidos pelos delírios das paixões, as quais eram dominadas
inteiramente pela razão (dom de integridade); tinham domínio sobre os
animais e toda a natureza paradisíaca. Eram verdadeiros reis, e como tais
reconhecidos por toda a ordem da criação. Adão, além de tudo, possuía o
dom da ciência infusa, ou seja, tinha ele um conhecimento de toda a ordem
da criação. Mais do que isso, o próprio Deus vinha visitar Adão todas as
tardes a fim de, por assim dizer, conversar com ele!
A graça de Deus, o maior de todos os dons
Mas, acima de todos esses dons maravilhosos havia um: o homem e a
mulher estavam na graça de Deus. O que significa estar na graça de Deus?
O que é a graça de Deus? Participar da Vida do próprio Deus
Significa participar da Vida do próprio Deus, vida que já foi descrita numa
das reuniões anteriores: a Vida da Santíssima Trindade. Quando o ser
humano está na graça de Deus pode ser considerado um Templo da
Santíssima Trindade, pois o Deus Uno e Trino inabita, ou seja, mora dentro
de sua alma.
O Monsenhor João Clá, fundador dos Arautos do Evangelho, para explicar
isso, pensou na seguinte figura:
Imaginem um gato a quem aparecesse um Anjo e lhe dissesse: “Você vai
continuar sendo gato. Entretanto, dar-lhe-ei inteligência humana. Você,
continuando com aspecto de gato, terá uma alma imortal como um
homem”. De repente: “plim!...” e o gato começasse a falar fluentemente e a
comunicar-se conosco com toda a facilidade. Não seria um prodígio? Isso é
apenas uma pálida ideia do que acontece com uma pessoa humana quando
está na graça de Deus, pois participa da Vida do próprio Deus!
Que graça extraordinária essa que possuíam nossos primeiros pais: pela
graça de Deus terem a própria Vida de Deus dentro de si!
Pela graça, o ser humano recebe o título de filho de Deus e herdeiro da
felicidade eterna no Céu.

97
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

A consequência do pecado original consistiu na perda de todos os


dons
O que aconteceu quando Adão e Eva pecaram? Perderam todos esses dons,
e ficaram na pura natureza humana. Começaram a sofrer dores e
incômodos os mais diversos; sentiam em si os desregramentos das paixões;
a natureza não mais os servia como antes. Imaginem, por exemplo, a
seguinte cena: Adão, que se aproxima de um belo passarinho. Ao invés
deste vir em sua direção e cantar para ele como fazia o pássaro do Paraíso,
fugia espavorido, como se o homem representasse para ele alguma ameaça.
Imaginem, mal tendo saído eles do Paraíso, de repente Eva sente uma dor
aguda na planta de um de seus pés: é um espinho que nele penetrou. Ela
começa a chorar, enquanto Adão faz todo esforço para arrancá-lo. Mas já
saem algumas gotas de sangue.
A vida divina, o principal dom perdido por nossos primeiros pais
Todavia, o principal dom que eles perderam foi a vida divina da qual
participavam pela graça. Através de seu pecado expulsaram a presença de
Santíssima Trindade de suas almas. Deixaram de ser filhos de Deus por
participação e herdeiros do Céu.
A grande promessa feita por Deus: “Ela te esmagará a cabeça...”
Entretanto, Deus fez uma promessa em Gn 3, 15: “Porei inimizades entre ti
[serpente] e a mulher, entre a tua raça e a raça dela. Ela te esmagará a
cabeça”. “Inimicitias ponam... ipsa conteret caput tuum”.
Jesus e Maria: a realização da grande promessa
Essa promessa, dizem os grandes teólogos e doutores da Igreja, dizia
respeito ao Messias que viria e que nasceria de uma Mulher bendita entre
todas, Maria Santíssima. Tal Messias, com Sua Vida, Paixão, Morte e
Ressurreição esmagaria definitivamente a Satanás. Com efeito, foi Satanás
que possuiu a serpente que tentou Eva e Adão no Paraíso, fazendo-os
incorrer na culpa original.
Pelo sacrifício do Calvário, Jesus Cristo fundou a Igreja e instituiu os
Sacramentos
Através do supremo sacrifício do alto do Calvário, Jesus Cristo, Nosso
Senhor, comprou todas as graças necessárias para a fundação da Santa
Igreja Católica, a qual, principalmente através dos Sacramentos, distribuiria
a todos os que o quisessem os grandiosos benefícios alcançados pelos
méritos de Jesus.

98
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Batismo: o primeiro de todos os Sacramentos


Trataremos agora a respeito do primeiro de todos esses Sacramentos, na
ordem de recepção, pois sem ele ninguém pode chamar-se membro da
Igreja: o Sacramento do Batismo.
O que é o Batismo?
No que consiste o Sacramento do Batismo? Vamos encontrar a resposta no
Catecismo de São Pio X, cujos trechos que selecionamos e que se
relacionam de um modo mais próximo com nosso assunto, vou agora ler
para vocês.
“Questão 549. Que é o Sacramento do Batismo?
Resposta: “O Batismo é o Sacramento pelo qual renascemos para a Graça
de Deus e nos tornamos cristãos.
Efeitos do Sacramento do Batismo
“Questão 550. Quais são os efeitos desse Sacramento?
“O Sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, que apaga
o pecado original e também o atual, se o há; perdoa toda a pena por eles
devida; imprime o caráter de cristãos; faz-nos filhos de Deus, membros da
Igreja e herdeiros do Paraíso, e torna-nos capazes de receber os outros
Sacramentos.”
O Batismo restitui a graça de Deus, mas não os outros dons que tinha
Adão no Paraíso
Pelas respostas dadas às duas questões acima, torna-se fácil para nós
perceber que todos os dons sobrenaturais perdidos por nossos primeiros
pais pelo seu pecado, através do Batismo, são-nos concedidos novamente.
Digo os dons sobrenaturais, ou seja, aqueles que dizem respeito à Vida
Divina. Os outros dons – imortalidade, impassibilidade, integridade,
domínio sobre os animais, etc. – não nos são dados novamente. Apesar de
ainda sentirmos em nós os efeitos físicos, psicológicos, morais do pecado
original, através do Batismo somos reintegrados à participação da Vida
Divina, e, se soubermos ser pessoas de oração e vigilância, poderemos
vencer as nossas paixões desordenadas e alcançarmos a santidade. A
imortalidade, a impassibilidade, a integridade, só recobraremos
plenamente, e de um modo ainda mais extraordinário, quando nossos
corpos ressuscitarem para a glória, no Dia do Juízo Final, se, pela graça de
Deus e pela intercessão de Maria, obtivermos essa graça.

99
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Uma figura para tornar mais claro o assunto:


Imaginemos que alguém fosse para uma mesa de cirurgia e o médico se
aproximasse e começasse a extrair, por um lado, todo o seu sangue; e por
outro, injetasse Sangue Divino. O que aconteceria com essa pessoa?
Divinizar-se-ia. Mais do que injetar sangue físico, quando a pessoa é
batizada, é injetado sangue na alma. Que Sangue? O Sangue de Cristo, que
banha sua alma, lavando-a de todo o pecado para que ela seja santificada e
se torne cheia de luz.
Voltemos ao exemplo do gato. Ele recebe a vida humana, mas continua a
ter os instintos do gato. Vê um passarinho, e já quer pular em cima dele. Se
fizer isso estará tomando uma atitude de gato e não de homem. É o que
analogamente acontece com o batizado: tem a vida divina dentro de si de
um modo participado pela graça, mas continua tendo os instintos de
homem. A sua luta consiste justamente em vencer esses instintos no que
eles possam ter de desregrados, ou seja, no que eles possam conduzi-lo a
afastar-se da prática da Lei de Deus, a fim de que essa vida da graça seja
mais perfeitamente desenvolvida dentro de si.
Pelo Batismo, portanto, recebemos graças extraordinárias e dons
insondavelmente elevados da misericórdia do Senhor.
Entretanto, quem é batizado tem lá suas obrigações.
As obrigações de quem é batizado
1º) Professar a fé católica e observar a Lei de Jesus Cristo e da Igreja
A que fica obrigado quem recebe o Batismo?
Eis como responde essa pergunta o mesmo Catecismo de São Pio X na
resposta à questão 566:
“Quem recebe o Batismo fica obrigado a professar sempre a Fé e a
observar a lei de Jesus Cristo e da Sua Igreja”.
2º) A renúncia a Satanás, suas pompas e suas obras
Uma outra obrigação também se impõe a quem recebe o Batismo: a
renúncia a Satanás, suas pompas e suas obras.
O que se entende por obras e pompas do demônio? Esta é justamente a
questão 568 do Catecismo de São Pio X. Como a responde esse grande
Papa?

100
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

As obras e pompas do demônio consistem nos ensinamentos do


mundo
“Por obras e pompas do demônio entendem-se os pecados e as máximas
[ensinamentos] do mundo, contrárias às máximas [ensinamentos] do Santo
Evangelho”.
Os deveres dos que foram batizados são exatamente os votos e promessas
que fizeram os batizandos durante a recepção desse Sacramento. Com
efeito, no próprio ritual do Batismo, o batizando, ou aqueles que o
representem (padrinhos), faz uma profissão de fé e, em seguida, um ato de
renúncia.
Renovação das promessas do Batismo com algo a mais: a
essência da perfeita consagração a Jesus por Maria
Segundo São Luís Maria Grignion de Montfort, a essência da perfeita
consagração a Jesus Cristo pelas mãos de Maria consiste justamente na
renovação dos votos e promessas feitas por nós, ou por outros em nosso
favor, no momento do Batismo. Mas, conforme o mesmo santo afirma, por
essa consagração acrescenta-se algo a mais nesse ato de renovação. O que é
esse algo a mais?
O que se acrescenta nessa renovação?
Tal consagração é uma renovação voluntária das promessas do
Batismo, caso a pessoa tenha sido batizada antes de adquirir a luz da
razão.
Encontramos a resposta no N. 126 do Tratado, no qual comenta São Luís:
“No Batismo fala-se habitualmente pela boca de outrem, a saber, pelo
padrinho, pela madrinha, e não se dá a Jesus Cristo senão por um
procurador. Mas, nessa devoção, é por si mesmo, é voluntariamente, é com
conhecimento de causa”.
A doação a Jesus por Maria se faz de um modo expresso.
Continua São Luís Grignion:
“No Santo Batismo, não nos damos a Jesus Cristo pelas mãos de Maria,
pelo menos de uma maneira expressa, e não damos a Jesus Cristo o valor
de nossas boas ações. Mas, por essa devoção nos doamos expressamente a
Nosso Senhor pelas mãos de Maria, e Lhe consagramos o valor [mérito] de
todas as nossas ações”.
Nisso consiste exatamente a perfeita devoção mariana ensinada por São
Luís Maria Grignion de Montfort: renovar os votos e promessas do
101
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Batismo, renunciando a Satanás, suas pompas e suas obras e entregar-se


inteiramente a Jesus Cristo, pelas mãos de Sua Mãe Santíssima.
Por essa devoção, damos a Jesus por meio de Maria tudo o que somos
e temos
Esse entregar-se inteiramente a Jesus Cristo significa dar a Ele por meio de
Maria tudo o que somos e temos, tanto de corpo como de alma: nossa
inteligência, nossa vontade, nossa sensibilidade, nossa alma, nossos bens
sobrenaturais, todas as virtudes, todos os dons, todos os méritos pelas
nossas boas obras, todas as nossas orações; tudo entregamos a Nosso
Senhor Jesus Cristo pelas mãos de Maria.
Assim como no sistema de escravidão terrena, o escravo de nada tem
direito, nem mesmo à sua própria vida, por essa escravidão de amor
entregamo-nos inteiramente – e com quanta alegria! – Àqueles que
possuem todo o direito a isso: Jesus e Maria. Na reunião anterior tal
verdade ficou bem patente para nós: ou seja, Jesus, por Sua Divindade e
por conquista tem todo direito a nos ver sujeitos a Ele. O que se pode
afirmar de Jesus por natureza e direito, deve-se afirmar de Maria, pela
graça que Ela recebeu de ser Mãe do Senhor e nossa Mãe e Senhora.
Nossa Senhora terá a seu dispor todo valor de nossas orações e boas
obras
Uma consequência interessante que decorre dessa entrega total a Jesus por
Maria consiste em que Nossa Senhora irá dispor do valor de nossas orações
e boas obras como bem entenda, pois não serão nossas, mas Dela. Se
amamos a Deus e temos verdadeiro desejo de salvar almas, não poderia
haver situação melhor! Nós somos tão débeis que não sabemos o que fazer
de tudo isso. Mas, a Santíssima Virgem sabe, e o fará da melhor forma
possível.
Tornamo-nos membros separados de Maria
Mais um outro efeito poderemos acrescentar aqui: ao nos entregarmos a
Maria por esse método, tornamo-nos, por assim dizer, membros separados
Dela, participando de um modo profundo de Sua própria santidade. Agora,
perguntamos: não é um bom negócio fazer esse ato de consagração?
Se formos fiéis a essa devoção, que prêmio receberemos?
Participar no Céu da glória de Maria
Se formos fiéis a essa devoção: que prêmio receberemos? Participaremos
no Céu da própria glória de Maria, glória essa da qual não participam os

102
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

que não foram consagrados a Ela; dizemos até, por mais santos que tenham
sido.
É preciso ser fiel
Para tanto, é necessária, como foi dito anteriormente, a fidelidade, pois a
consagração não é uma “fórmula mágica”, uma “varinha de condão” capaz
de resolver todos os nossos problemas espirituais. Exige de nós um esforço
a mais para uma vida de perfeição no estado para o qual fomos chamados:
o religioso como religioso, a religiosa como religiosa, o sacerdote como
sacerdote, o homem solteiro como homem solteiro, a mulher solteira como
mulher solteira, o homem casado como homem casado, a mulher casada
como mulher casada, o viúvo como viúvo, a viúva como viúva, o pai como
pai, a mãe como mãe, o filho como filho, etc., porque em todos os estados
de vida somos chamados à santidade.
É importante frisar que o fato de termos sido chamados à prática dessa
perfeita devoção a Maria é um sinal de que Nossa Senhora nos ama
especialmente e deseja de nós uma correspondência ao seu profundo afeto.
Tendo isso em vista, cabe a nós procurar com todas as forças – e apoiando-
nos na divina graça – sermos fiéis a essa tão boa Mãe, colocando em
prática com todo entusiasmo o que Seu Divino Filho ensinou no Santo
Evangelho.
Fica aqui, então, um breve pensamento, à guisa de conclusão:
“Para dons muito elevados, deveres sérios”.
Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de Nossa Senhora
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Um Rosário ou ao menos um Terço.

103
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Para os que estiverem fazendo o curso no modo rápido:


a) Ler o Tratado do N. 115 a até o final. (Dar uma especial atenção à
história de Jacó e Rebeca, que é muito interessante e não poderá ser
tratada em aula por falta de tempo)
b) Fazer as meditações referentes à segunda semana, que deve ser
empregada no conhecimento de Nossa Senhora.
c) Rezar as orações propostas para esta segunda semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Um Rosário ou ao menos um Terço.

104
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

8ª Aula: A perfeita prática de devoção a Maria (Esquema)


(Tratado , N. 115 a N. 134)
* Principais práticas de devoção a Maria

* Como fazer nossas práticas devocionais?


*
* A perfeita prática de devoção a Maria

* Um pouco de Catecismo

* Somos concebidos no pecado original

* Os dons que possuíam nossos pais no Paraíso

* A graça de Deus, o maior de todos os dons

* O que é a graça de Deus? Participar da Vida do próprio Deus

* A consequência do pecado original consistiu na perda de todos os


dons

* A vida divina, o principal dom perdido por nossos primeiros pais

* A grande promessa feita por Deus: “Ela te esmagará a cabeça...”

* Jesus e Maria: a realização da grande promessa

* Batismo: o primeiro de todos os Sacramentos

* O que é o Batismo?

* Efeitos do Sacramento do Batismo

* O Batismo restitui a graça de Deus, mas não os outros dons que


tinha Adão no Paraíso

* Uma figura para tornar mais claro o assunto:

* As obrigações de quem é batizado


105
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

* 1º) Professar a fé católica e observar a Lei de Jesus Cristo e da


Igreja
* 2º) A renúncia a Satanás, suas pompas e suas obras

* As obras e pompas do demônio consistem nos ensinamentos do


mundo

* Renovação das promessas do Batismo com algo a mais: a


essência da perfeita consagração a Jesus por Maria

* O que se acrescenta nessa renovação?

* Tal consagração é uma renovação voluntária das promessas do


Batismo, caso a pessoa tenha sido batizada antes de adquirir a
luz da razão.

* A doação a Jesus por Maria se faz de um modo expresso.

* Por essa devoção, damos a Jesus por meio de Maria tudo o que
somos e temos

* Nossa Senhora terá a seu dispor todo valor de nossas orações e


boas obras

* Tornamo-nos membros separados de Maria

* Se formos fiéis a essa devoção, que prêmio receberemos?


Participar no Céu da glória de Maria

* É preciso ser fiel

Tarefa de casa

Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal


a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de Nossa Senhora
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
106
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

 Ladainha do Espírito Santo


 Ave, Estrela do mar
 Um Rosário ou ao menos um Terço.

Para os que estiverem fazendo o curso no modo rápido:


a) Ler o Tratado do N. 115 a até o final. (Dar uma especial atenção à
história de Jacó e Rebeca, que é muito interessante e não poderá ser
tratada em aula por falta de tempo)
b) Fazer as meditações referentes à segunda semana, que deve ser
empregada no conhecimento de Nossa Senhora.
c) Rezar as orações propostas para esta segunda semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Um Rosário ou ao menos um Terço.

107
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

9ª Aula: Nosso fim: a santidade


O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a
Deus, e assim salvar a sua alma
Para dar início à presente reunião, vamos nos recordar de
um conceito que aprendemos numa das reuniões passadas,
conceito esse derivado da obra de Santo Inácio de Loyola,
denominada “Exercícios Espirituais”. Com efeito, para
iniciar essa obra de espiritualidade, o fundador dos Jesuítas evoca o
seguinte princípio e fundamento:
“O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso Senhor,
e assim salvar a sua alma”.
Já tivemos a oportunidade de dar aqui, há alguns encontros atrás, uma
breve explicação dessa luminosa frase, mas, na presente reunião ela será
mais largamente comentada, tendo em vista o passo que iremos dar fazendo
nossa consagração como escravos de amor a Jesus Cristo pelas mãos de
Maria.
Antes de procedermos propriamente ao aprofundamento, vamos nos
recordar de alguns conceitos desenvolvidos aqui.
Por que o homem é criado e não foi criado?
Por que Santo Inácio afirma “o homem é criado” e não “o homem foi
criado”?
A resposta é: para dar a entender como somos, por assim dizer, “recriados”
por Deus a todo o instante. Com efeito, se continuamos a existir é porque
Deus sustenta o nosso ser. Se Ele deixasse de sustentá-lo, deixaríamos de
existir.
Certa vez, o fundador dos Arautos do Evangelho, Monsenhor João Clá
esteve conversando com um grande teólogo dominicano espanhol, e estava
perguntando-lhe exatamente a respeito desse assunto, ou seja, como
compreender esta sustentação que Deus faz de nosso ser a todo instante. O
teólogo disse-lhe:
“Imagine que Deus, por um absurdo, cochilasse. Tudo deixaria de existir
nesse mesmo momento”.
Exemplos: Imagens de Nosso Senhor com globo na mão; formiguinha
Para ilustrar, há diversas imagens de Nosso Senhor Jesus Cristo, inclusive
d’Ele enquanto Menino, nas quais é representado tendo o globo numa de

108
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Suas Mãos. O que representa o globo? Todo o universo, o qual é sustentado


por Sua Mão onipotente.
Imaginemos que uma formiguinha penetrasse por entre nossas mãos.
Como seria fácil esmagá-la!! Pois bem, nós somos menores que
formiguinhas nas mãos do Senhor todo-poderoso! Somos menos do que
átomos. Menores do que a menor partícula do átomo.
Se somos tão desprezíveis, qual a razão pela qual Deus nos cria e nos
sustenta em nosso ser?
Eis como responde a essa pergunta o Catecismo da Igreja Católica (N. 27):
“Se o homem existe, é porque Deus o criou por amor e, por amor, não
cessa de dar-lhe o ser, e o homem só vive plenamente, segundo a verdade,
se reconhecer livremente este amor e se entregar ao seu Criador”.
Como reconhecer o amor de Deus para conosco? Louvando-O,
reverenciando-O, servindo-O
O reconhecimento desse amor de Deus para conosco consiste exatamente
na segunda parte da afirmação de Santo Inácio acima mencionada:
“O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus Nosso
Senhor”.
Ora, de que maneira reconheceremos esse amor de Deus para conosco?
Louvando, reverenciando e servindo a Deus.
Exemplo do artista
Imaginemos que um grande artista esculpisse com toda a fidelidade a
estátua de um homem, depois tivesse o poder de soprar no interior dessa
estátua a fim de incutir-lhe vida humana. Qual não deveria ser a gratidão da
ex-estátua para com seu Criador? Deveria amá-Lo e servi-Lo em todos os
instantes de sua vida. E, se a ex-estátua ofendesse seu escultor, ou a ele
desobedecesse, isto não seria uma grande injúria, uma verdadeira injustiça?
Pois bem, Deus não é somente um escultor que simplesmente moldou o ser
humano do barro, mas foi Ele, o Senhor, que plasmou o universo do nada,
e, como vimos, “recria-o” a todo instante. Qual não deveria ser nosso dever
de gratidão para com Ele somente por esse fato?
E, de que maneira iremos exprimir nossa gratidão para com nosso Criador e
Soberano Senhor? Louvando-O, reverenciando-O, servindo-O. Eis aqui o
resumo da vida espiritual do cristão: o louvor, a reverência e o serviço a
Seu Criador.

109
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

O desejo do infinito do coração do ser humano


É por essa razão que o Senhor depositou no coração do ser humano um
profundo desejo do infinito. A fim de que seja atraído por Aquele que é o
próprio Infinito em Sua substância.
Exemplo: o heliotropismo das plantas
Um movimento que caracteriza os seres do reino vegetal tem o nome de
heliotropismo. Com efeito, “hélios”, de origem grega, significa “sol”, e
“tropismo”, “movimento”. É o movimento em direção ao sol que toda
planta possui.
Muitos devem ter feito, na infância, ou devem ter visto alguém fazer a
seguinte experiência: colocar um grão de feijão sobre algodão molhado
dentro de uma caixa fechada, exposta ao sol ou a alguma outra fonte de luz,
com um furo na lateral. Depois de alguns dias, já se pode perceber a ponta
da plantinha saindo pelo orifício. Se a caixa for aberta, se perceberá que a
planta fez uma curva para crescer em direção ao buraco do qual provinha a
luz. Como se explica isso? Através do heliotropismo, ou seja, desse
“instinto” que o vegetal tem para crescer em direção a alguma fonte de luz.
Esse, por assim dizer, “instinto” da planta é um símbolo de um outro, e
verdadeiro instinto que existe em nossos corações: a sede do infinito. Tal
sede do infinito deveria, se não houvesse o pecado, conduzir o homem, a
um verdadeiro “teotropismo”, isto é, a um autêntico “movimento para
Deus”.
O Pecado: desejo do infinito voltado para as criaturas
Entretanto, através do pecado, o ser humano inclina esse desejo de infinito
para as simples criaturas, procurando nelas a felicidade infinita que só
deveria encontrar em Deus. Não será feliz nesta vida, pois esse desejo
infinito de felicidade nunca será saciado num ser finito, nas coisas que
passam.
O exemplo clássico disso é o do homem rico que não está contente com sua
condição e deseja enriquecer-se ainda mais, insaciavelmente. Sua vida é
um verdadeiro tormento, visto que a todo momento pode crescer em
riqueza, mas pode, de uma hora para outra, tudo perder. Não é feliz, pois
sua sede infinita de riquezas nunca se extinguirá, a não ser com a morte.
Todos conhecem o ditado: “caixão não tem gaveta”.
O mesmo se pode dizer do gozador da vida, insaciável de prazeres, o qual
nunca está contente com sua condição atual e deseja sempre mais. Ou do

110
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

homem orgulhoso, que deseja honras, honras e mais honras, sem nunca
ficar satisfeito.
Nos três casos acima citados, as pessoas estão procurando construir sua
felicidade sobre a areia, ou seja, sobre criaturas instáveis, perecíveis, que
desaparecerão.
Imaginemos o caso de um ricaço que perde toda sua fortuna. É bem capaz
de suicidar-se, como já aconteceu com muitas pessoas ao longo da História.
Mas há, também, outros casos de pessoas ricas que, por não serem
verdadeiramente felizes em meio aos confortos e prazeres de uma vida
farta, acabaram por tirar sua própria vida.
O homem só encontrará sua felicidade em Deus: ser infinito
Por que estamos dizendo tudo isso? Para mostrar que a verdadeira
felicidade do homem, ele só a alcançará se realizar sua finalidade, cujo
objeto é um ser autenticamente infinito: Deus.
Exemplo: lamparina que arde ao lado do Sacrário
Uma outra figura, inclusive evocada por vários santos, é a da lamparina que
arde ao lado do Sacrário. Se ela tivesse capacidade de pensar, iria dizer:
“Como me alegra consumir-me para louvar, reverenciar e servir o Senhor
de todas as coisas, o qual está ali, por assim dizer, preso no sacrário! Que
cada gota de óleo que eu consuma seja um ato de amor por Aquele que me
criou através dos homens!”
Com efeito, somos mais do que lamparinas! Somos seres criados por Deus
com inteligência e vontade, com capacidade de agir, a fim de podermos
prestar a Ele livremente nosso louvor, reverência e serviço.
O que, no pensamento de Santo Inácio, significam o louvor, a reverência e
o serviço?
O que, no pensamento de Santo Inácio, significam o louvor, a
reverência e o serviço
Agora, tentaremos responder a seguinte questão: O que, no pensamento de
Santo Inácio, significam o louvor, a reverência e o serviço?
a) Louvor: um conhecimento enlevado dos atributos divinos
Louvar, para o fundador dos jesuítas, consiste, antes de tudo, num ato de
inteligência, por onde o ser humano reconhece os infinitos atributos de
Deus e os contrapõe à sua própria pequenez, o profundo amor de Deus para
consigo e a necessidade de amá-lo acima de tudo. O louvor não é um ato
frio de inteligência. Não é um simples conhecer. Mas, sim, um
111
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

conhecimento enlevado do que Deus é e, em contrapartida, o que eu não


sou.
b) Reverência: submissão total à vontade de Deus
Reverenciar é, sobretudo, um ato da vontade, que manifesta um profundo
desejo de submeter-se inteiramente à vontade divina, praticando Seus
Mandamentos e aceitando com alegria tudo quanto suceder na vida, mesmo
as circunstâncias mais angustiosas e as cruzes mais pesadas.
c) Serviço: produção de obras boas, que condigam com o louvor e
reverência
Servir significa agir, produzir obras que condigam inteiramente com os
dois atos anteriores: louvor e a reverência.
Nosso prêmio: a salvação eterna
Se, com toda a perfeição louvarmos, reverenciarmos e servirmos a Deus em
nossa vida, qual será o nosso prêmio? A salvação de nossas almas, que
consistirá sobretudo na visão de Deus face a face, e, também, no convívio
com os outros bem-aventurados.
Santidade: plenitude da vida cristã e perfeição da caridade
A santidade, com efeito, consiste exatamente nisso: no perfeito louvor, na
perfeita reverência, no perfeito serviço a Deus Nosso Senhor. Ora, como
esses atos têm como fundo o amor a Deus, podemos afirmar, com o
Catecismo da Igreja Católica ser a caridade “a alma da santidade”, ou seja,
sem a caridade, por mais que as atitudes do ser humano sejam perfeitas, é
como um corpo sem alma.
É por esta razão que o mesmo Catecismo da Igreja Católica comenta em
seu N. 2013:
“Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem, são chamados à
plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade. Todos são chamados à
santidade: ‘Deveis ser perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito’ (Mt
5,48)”.
Como alcançar a santidade?
É o que tentaremos responder na presente aula.
A vida do homem sobre a terra é uma luta: estamos em estado de
prova
“A vida do homem sobre a terra é uma luta” (Jó 7, 1), afirmam as Sagradas
Escrituras. Qual a razão disso?
112
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Isso deve-se ao fato de vivermos em estado de prova.


O exemplo do aluno
A vida do aluno num colégio não consiste somente em assistir às aulas e
depois ir para a casa. É necessário que ele seja testado, a fim de dar uma
demonstração de como foi o seu aprendizado. Daí a necessidade de ele ser
submetido a exames periodicamente. Se tirar boas notas, passará para o ano
seguinte. Se não, reprovará, tendo que repetir a mesma série, a fim de que
possa, de fato, ter um bom aprendizado da matéria.
Assim também, Deus deseja submeter-nos a uma prova: se passarmos por
ela, alcançaremos a felicidade eterna. Se não, seremos reprovados, iremos –
Deus nos livre disso – para o fogo eterno.
O exemplo do soldado
O exemplo do aluno é ainda fraco para compreendermos a prova da vida
de um cristão. É melhor compará-la à vida de um soldado que tenha de
combater poderosos inimigos em nome de seu Senhor e Rei Jesus Cristo.
Todo cristão deve ser um soldado de Cristo, cujos inimigos são três: ele
mesmo, o demônio e o mundo.
Nossos inimigos
a) 1º inimigo: nosso próprio fundo de maldade
Com efeito, esse inimigo é o que está no interior de cada um de nós. É
nosso fundo de maldade. Consiste nas consequências do pecado original,
que trazem como efeitos principais as três concupiscências citadas por São
João Evangelista em uma de suas cartas: da carne, dos olhos e da soberba
da vida (Cf. 1Jo 2, 16).
Recordemos as comparações que faz São Luís Maria Grignion de Montfort
no Tratado (N. 81) a respeito de nosso fundo de maldade:
“Não temos por herança senão o orgulho e a cegueira no espírito, o
endurecimento no coração, a fraqueza e a inconstância na alma, a
concupiscência, as paixões revoltadas e as doenças no corpo. Somos
naturalmente mais orgulhosos que os pavões, mais apegados à terra que
sapos, mais nojentos que bodes, mais invejosos que serpentes, mais gulosos
que porcos, mais coléricos que tigres e mais preguiçosos que tartarugas,
mais fracos que caniços e mais inconstantes que cata-ventos. Não temos em
nosso fundo senão o vazio e o pecado, e não merecemos senão a ira de
Deus e o inferno eterno”.

113
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

b) 2º inimigo: o demônio
Comenta São Luís Maria Grignion de Montfort (Tratado N. 88):
“Porque os demônios, que são finos ladrões, querem nos surpreender de
improviso para nos roubar e nos despojar. Espreitam dia e noite o tempo
favorável para isso, rondam incessantemente para nos devorar e nos tirar
num momento, por um pecado, tudo o que pudemos ganhar de graças e de
méritos em vários anos.
“Sua malícia, sua experiência, suas artimanhas e seu número devem nos
fazer temer imensamente essa infelicidade, visto que pessoas mais cheias
de graças, mais ricas em virtudes, mais fundadas na experiência e mais
elevadas em santidade, foram surpreendidas, roubadas e lamentavelmente
saqueadas.
Ah! Quantos cedros do Líbano e quantas estrelas do firmamento não se viu
cair miseravelmente e perder toda sua altura e claridade em pouco tempo!”.
c) 3º inimigo: o mundo
Vejamos o que dizia o santo autor do Tratado a respeito da corrupção do
mundo em sua época (século XVIII). O que ele diria, se vivesse no mundo
atual, ainda mais afundado no pecado?
“É difícil perseverar na justiça por causa da corrupção estranha do mundo.
O mundo está tão corrompido hoje, que é quase inevitável serem os
corações religiosos manchados, se não pela sua lama, pelo menos pela sua
poeira. Assim, é uma espécie de milagre alguém permanecer firme no meio
desta torrente impetuosa sem ser arrastado; no meio deste mar tempestuoso,
sem ser submergido ou saqueado pelos piratas e corsários; no meio deste ar
empestado, sem ficar contaminado”.
Como combater inimigos tão poderosos? ...
Somos soldados de Jesus Cristo. Como iremos combater inimigos tão
poderosos?
Por nosso fundo de maldade, nossa tendência para o mal, realmente não
temos forças. Não que seremos derrotados; já somos derrotados de
antemão!! Como poderemos adquirir forças para vencer?
... Revestindo-nos da armadura de Deus
Conforme São Paulo na Carta aos Efésios (6, 11-17): revestindo-nos da
armadura de Deus.

114
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

“Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do


demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar,
mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo
tenebroso, contra as forças espirituais do mal espalhadas nos ares. Tomai,
portanto, a armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e
manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à
cintura cingidos com a verdade, o corpo vestido com a couraça da justiça, e
os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da paz. Sobretudo,
embraçai o escudo da fé, com que possais apagar todos os dardos
inflamados do Maligno”.
São Luís Grignion nos dá a fórmula certa para revestirmos a
armadura de Deus
Com efeito, São Luís Maria Grignion de Montfort nos dá a fórmula certa
para nos revestirmos da armadura de Deus: consagrando-nos a Jesus por
meio de Maria
Santíssima como escravos de amor. Não é Nossa Senhora Aquela “que
surge como a aurora, bela como a lua, brilhante como o sol, terrível como
um exército em ordem de batalha?” (Ct 6, 10). Através dessa devoção, São
Luís Grignion nos mostra um caminho fácil, curto, perfeito e seguro para
vencermos nossos inimigos espirituais e chegar à união com Nosso Senhor,
nisto consistindo a perfeição do cristão. (Cf. Tratado N. 152).
1º) Um caminho fácil: nele não há nenhum obstáculo
“É um caminho que Jesus Cristo abriu quando veio a nós, e no qual não há
obstáculo que nos impeça de chegar a ele. Pode-se, é verdade, chegar a ele
por outros caminhos; mas encontram-se muito mais cruzes e mortes
estranhas, e muito mais empecilhos, que dificilmente se vencem. Será
preciso passar por noites obscuras, por combates e agonias terríveis, escalar
montanhas escarpadas, pisando espinhos agudos, atravessar desertos
horríveis. Enquanto que pelo caminho de Maria passa-se com muito mais
doçura e tranquilidade. Aí se encontram, sem dúvida, rudes combates a
travar, e dificuldades enormes para vencer. Mas, esta boa Mãe e Senhora
está sempre tão próxima e presente a seus fiéis servos, para alumiá-los em
suas trevas, esclarecê-los em suas dúvidas, encorajá-los em seus receios,
sustê-los em seus combates e dificuldades, que, em verdade, este caminho
virginal, para chegar a Jesus Cristo é um caminho de rosas e de mel, em
vista de outros caminhos. Houve alguns santos, mas em pequeno número,
como Santo Efrém, São João Damasceno, São Bernardo, São Bernardino,
São Boaventura, São Francisco de Sales, etc., que trilharam este caminho

115
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

ameno para ir a Jesus Cristo, porque o Espírito Santo, esposo fiel de Maria,
o indicou a eles por uma graça especial; os outros santos, porém, que são
em muito maior número, embora tenham tido devoção à Santíssima
Virgem, não entraram, ou entraram muito pouco, nesta via. E por isso
tiveram de arrostar provas bem mais rudes e mais perigosas”. (Tratado, N.
152)
2º) Um caminho curto: nele marchamos com mais alegria e facilidade
“Esta devoção à Santíssima Virgem é um caminho curto para encontrar
Jesus Cristo, seja porque dele não nos extraviamos, seja porque, como
acabo de dizer, nele marchamos com mais alegria e facilidade, e,
consequentemente, com mais prontidão. Avançamos mais, em pouco tempo
de submissão e dependência a Maria, do que em anos inteiros de vontade
própria e contando apenas com o próprio esforço: pois o homem obediente
e submisso a Maria Santíssima cantará vitórias (Prov 21, 28) assinaladas
sobre seus inimigos. Estes hão de querer impedi-lo de avançar, ou obrigá-lo
a recuar, ou derrubá-lo; mas, apoiado, auxiliado e guiado por Maria, ele,
sem cair, sem recuar, sem mesmo atrasar-se, avançará a passos de gigante
em direção a Jesus Cristo, pelo mesmo caminho, que, como está escrito (Sl
18, 6), Jesus trilhou para vir a nós em largos passos e em pouco tempo”.
(Tratado, N. 155)
3º) Um caminho perfeito, trilhado pelo próprio Cristo para se
aproximar de nós
“Esta prática de devoção à Santíssima Virgem é um caminho perfeito para
ir e unir-se a Jesus Cristo, pois Maria é a mais perfeita e a mais santa das
criaturas, e Jesus Cristo, que veio perfeitamente a nós, não tomou outro
caminho em sua grande e admirável viagem. O Altíssimo, o
Incompreensível, o Inacessível, Aquele que é, quis vir a nós, pequenos
vermes da terra, que nada somos. Como se fez isto? O Altíssimo desceu
perfeita e divinamente até nós por meio da humilde Maria, sem nada perder
de sua divindade e santidade; é por Maria que os pequeninos devem subir
perfeita e divinamente ao Altíssimo sem recear coisa alguma. O
Incompreensível deixou-se compreender e conter perfeitamente por Maria,
sem nada perder de sua imensidade; é também pela pequena Maria que
devemos deixar-nos conduzir e conter perfeitamente sem a menor reserva.
O Inacessível aproximou-se, uniu-se estreitamente, perfeitamente e até
pessoalmente à nossa humanidade por meio de Maria, sem perder uma
parcela de sua majestade; é também por Maria que devemos aproximar-nos
de Deus e unir-nos à sua majestade, perfeita e estreitamente, sem temor de
repulsa. Aquele que é quis, enfim, vir ao que não é, e fazer que aquele que
116
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

não é se torne Deus ou aquele que é. E ele o fez perfeitamente, dando-se e


submetendo-se inteiramente à Virgem Maria sem deixar de ser no tempo
aquele que é na eternidade; outrossim, é por Maria que, se bem que
sejamos nada, podemos tornar-nos semelhantes a Deus, pela graça e pela
glória, dando-nos a ela tão perfeita e inteiramente, que nada sejamos em
nós mesmos e tudo nela, sem receio de enganar-nos”. (Tratado, N. 157)

4º) Um caminho seguro: porque pertence à Santíssima Virgem e lhe é


próprio conduzir-nos a Jesus Cristo
“Esta devoção é um meio seguro para ir a Jesus Cristo, porque pertence à
Santíssima Virgem e lhe é próprio conduzir-nos a Jesus Cristo, como
compete a Jesus Cristo conduzir-nos ao Pai celestial. E não creiam
erroneamente as pessoas espirituais que Maria seja um empecilho no
caminho que conduz à união divina. Pois seria possível que aquela que
achou graça diante de Deus para o mundo todo em geral, e para cada um
em particular, fosse um empecilho a uma alma que busca a grande graça da
união com ele? Seria possível que aquela que tem sido cheia e
superabundante de graças, e tão unida e transformada em Deus, a ponto de
ele encarnar-se nela, impedisse uma alma de ficar perfeitamente unida a
Deus?
“É verdade que a vista de outras criaturas, ainda que santas, poderia,
talvez, em certos tempos, retardar a união divina; mas não Maria, como já
disse e direi sempre sem me cansar. Uma das razões por que tão poucas
almas atingem a plenitude da idade de Jesus Cristo, é que Maria, a Mãe do
Filho e a Esposa do Espírito Santo, não está suficientemente formada nos
corações. Quem quiser o fruto bem maduro e formado deve ter a árvore que
produz; quem quer possuir o fruto de vida, Jesus Cristo, deve ter a árvore
da vida, que é Maria. Quem quiser ter em si a operação do Espírito Santo,
deve ter sua Esposa fiel e inseparável, Maria Santíssima, que o torna fértil e
fecundo, como já dissemos alhures”. (Tratado, N. 164)
Levando em consideração o que acima foi exposto, torna-se fácil para nós
compreendermos como iremos dar passos largos em nossa batalha
espiritual, a fim de vencermos a nós mesmos, o mundo e o demônio, para
nos conformarmos inteira e totalmente a Jesus Cristo e atingirmos nosso
fim, isto é, a santidade e a salvação: a consagração como escravos de amor
a Nosso Senhor pelas mãos de Sua Santíssima Mãe.

117
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

As práticas piedosas propostas por São Luís Grignion


Para que possamos ter bom desempenho nesse caminho de salvação e
santificação, São Luís Maria Grignion de Montfort propõe práticas
piedosas exteriores e interiores através das quais obteremos de Deus por
meio de Maria todas as graças e todas as forças necessárias.
Práticas exteriores6
1ª) Exercícios preparatórios de trinta e três dias:
Doze dias para despegar-se do espírito do mundo, uma semana para obter o
conhecimento de si mesmo e a contrição dos pecados, uma semana para o
conhecimento de Nossa Senhora, mais uma semana para alcançar o
conhecimento de Jesus Cristo. Terminado esse período, faz-se solenemente
a consagração.
2ª) Rezar diariamente a coroinha da Santíssima Virgem
Três Pai-Nossos e doze Ave-Marias, em honra dos doze privilégios e
grandezas da Santíssima Virgem.
3ª) Uso das pequenas correntes de ferro
Estas serão uma sinal da sua Escravidão de Amor, e serão bentas com uma
bênção própria .
4ª) Devoção especial ao Mistério da Encarnação
Este é celebrado no dia 25 de março, no qual se pode ver Jesus em Maria,
encarnado no seu seio puríssimo.
5ª) Rosário e Ave-Maria: ter grande devoção
“A experiência tem mostrado que aqueles e aquelas que apresentam
grandes sinais de predestinação, [ou seja, pessoas que Deus deseja
especialmente salvar], amam, saboreiam e rezam com prazer a Ave-Maria e
que quanto mais são de Deus, tanto mais amam esta oração” (Tratado, N.
250)
“Rogo-te instantemente, pelo amor que tenho em Jesus e Maria, que rezes o
Terço todos os dias, e mesmo, se tiveres tempo, o Rosário. Se o fizeres,
bendirás na hora da morte o dia e o momento em que me acreditaste.
Depois de teres semeado nas bênçãos de Jesus e Maria, recolherás bênçãos
eternas no Céu: “Aquele que semeia nas bênçãos, bênçãos recolherá
também”. (2Cor 9, 6) (Cf. Tratado N. 254)

6
Cf. Tratado, N. 226-256
118
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

6ª) Recitação do Magnificat


As almas escolhidas dirão muitas vezes o Magnificat. É a única oração e a
única composição da Santíssima Virgem que nos foi revelada.
7ª) O desprezo do mundo
Os fiéis servidores de Maria devem desprezar, rejeitar e fugir muito do
mundo corrupto.
Práticas interiores
1º) Fazer tudo por Maria
Conduzir-se, em tudo, por seu espírito
“É preciso fazer todas as ações por Maria, quer dizer, em todas as coisas
obedecer à Santíssima Virgem, e em tudo conduzir-se por seu espírito, que
é o Santo Espírito de Deus. (…)
“Quão feliz é uma alma quando, a exemplo do bom irmão jesuíta
Rodríguez, falecido em odor de santidade, é toda possuída e governada
pelo espírito de Maria, que é um espírito suave e forte, zeloso e prudente,
humilde e corajoso, puro e fecundo!
“Para que a alma se deixe conduzir por este espírito de Maria, é mister:
“1) Renunciar ao próprio espírito, às próprias luzes e vontades, antes de
qualquer coisa. (…)
“2) É preciso entregar-se ao espírito de Maria para ser por ele movido e
conduzido como ela quiser. (…) E isto se faz simplesmente e num instante,
por um só olhar do espírito, um pequeno movimento da vontade, ou
verbalmente, dizendo, por exemplo: "Renuncio a mim mesmo, dou-me a
vós, minha querida Mãe". (…)
“3) É preciso, de tempo em tempo, durante uma ação ou depois, renovar o
ato de oferecimento e de união, e, quanto mais o fizermos, mais cedo nos
santificaremos. ” (Tratado, 258-259)
2º) Fazer tudo com Maria
Tomá-La em tudo como modelo
“É mister fazer todas as ações com Maria, isto é, em todas as ações olhar
Maria como um modelo acabado de todas as virtudes e perfeições, que o
Espírito Santo formou numa pura criatura, e imitá-lo na medida de nossa
capacidade. Cumpre, portanto, que, em cada ação, consideremos como
Maria a fez ou faria se estivesse em nosso lugar. Devemos, por isso,
119
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

examinar e meditar as grandes virtudes que ela praticou durante a vida,


especialmente
“1) sua fé viva, (…);
“2) sua humildade profunda (…);
“3) sua pureza divinal (…)
“Lembrai-vos, repito-o uma segunda vez, de que Maria é o grande e único
molde de Deus, próprio para fazer imagens vivas de Deus, com pouca
despesa e em pouco tempo; e que uma alma que encontrou este molde, e
que nele se perde, fica em breve mudada em Jesus Cristo, aí representado
ao natural”. (Tratado, N. 260)
3º) Fazer tudo em Maria:
Morar no interior desse Paraíso de Deus
“Para compreender cabalmente esta prática, é necessário saber que a
Santíssima Virgem é o verdadeiro paraíso terrestre do novo Adão, de que o
antigo paraíso terrestre é apenas a figura. Há, portanto, neste paraíso
terrestre, riquezas, belezas, raridades e doçuras inexplicáveis, que o novo
Adão, Jesus Cristo, aí deixou. Neste paraíso ele pôs suas complacências
durante nove meses, aí operou suas maravilhas e aí acumulou riquezas com
a magnificência de um Deus.
“Mas quão difícil é a pecadores, como somos, alcançar a permissão e a
capacidade e a luz para entrar em lugar tão alto e tão santo, guardado não
por um querubim, como o antigo paraíso terrestre, mas pelo próprio
Espírito Santo, que dele se tornou-O Senhor absoluto. (…)
“Depois que, pela fidelidade, obtivemos esta graça insigne, é com
complacência que devemos morar no belo interior de Maria, (…) a fim de
que neste seio virginal:
“1) a alma se alimente do leite de sua graça e de sua misericórdia maternal;
“2) aí fique livre de suas perturbações, de seus temores e escrúpulos;
“3) aí esteja em segurança, ao abrigo de todos os seus inimigos, o demônio,
o mundo e o pecado (…);
“4) para que a alma fique formada em Jesus Cristo e Jesus Cristo nela”.
(Tratado 261 e 263)

120
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

4o) Fazer tudo para Maria:


Tomá-la como fim próximo para alcançarmos o Fim Último, que é Jesus
Cristo
“É preciso fazer finalmente todas as ações para Maria. (…) Não a
tomamos, porém, como fim último de nossos serviços, que é somente Jesus
Cristo, mas como fim próximo, intermédio misterioso, e o meio mais fácil
de chegar a ele. A exemplo de um bom servo e escravo, é preciso que não
fiquemos ociosos, e sim que, apoiados por sua proteção, empreendamos e
realizemos grandes coisas para tão augusta Soberana”. (Tratado, N. 265)
Conclusão
O que iremos concluir do que aprendemos na presente reunião?
Para facilitar, vamos fazer um pequeno resumo do que hoje foi tratado.
Nosso fim é alcançarmos a santidade, ou seja, o perfeito louvor, reverência
e o perfeito serviço a Deus Nosso Senhor. Nisso consiste a perfeição da
caridade que é propriamente a definição de santidade.
É sendo santos que realizaremos plenamente nosso desejo de felicidade no
Céu.
Entretanto, como obstáculo à busca da santidade temos três inimigos: nós
mesmos, o demônio e o mundo.
Como cristãos, somos soldados de Cristo, soldados fracos e, para realmente
obtermos a vitória sobre inimigos tão poderosos, é necessário revestirmo-
nos da armadura de Deus.
O caminho fácil, curto perfeito e seguro para isso consiste justamente na
Consagração a Jesus Cristo por meio de Maria como escravo de amor.
Para sermos santos trilhando esse caminho é preciso – além de práticas
exteriores de devoção – fazer tudo por Maria, deixando-nos conduzir por
Seu espírito; com Maria, tomando-a como modelo; em Maria, fazendo-A
nosso Paraíso, como foi de Jesus Cristo; e para Maria, a fim de que Ela
conduza tudo a Jesus.
É dessa maneira que entraremos nesse Divino Molde chamado Maria,
Molde esse que imprimirá em nossas almas nada menos que a semelhança
com Jesus. É sendo fiéis a esse caminho que venceremos nossos inimigos
espirituais, e alcançaremos a santidade e a salvação eterna.

121
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de Jesus Cristo
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Oração de Santo Agostinho
 Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
 Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

122
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

9ª Aula: Nosso fim: a santidade (Esquema)


* O homem é criado para louvar, reverenciar e servir a Deus, e
assim salvar a sua alma

* Por que o homem é criado e não foi criado?

* Exemplos: Imagens de Nosso Senhor com globo na mão;


formiguinha

* Se somos tão desprezíveis, qual a razão pela qual Deus nos cria e
nos sustenta em nosso ser?

* Como reconhecer o amor de Deus para conosco? Louvando-O,


reverenciando-O, servindo-O

* Exemplo do artista

* O desejo do infinito do coração do ser humano

* Exemplo: o heliotropismo das plantas

* O Pecado: desejo do infinito voltado para as criaturas

* O homem só encontrará sua felicidade em Deus: ser infinito

* Exemplo: lamparina que arde ao lado do Sacrário

* O que, no pensamento de Santo Inácio, significam o louvor, a


reverência e o serviço

* Louvor: um conhecimento enlevado dos atributos divinos

* Reverência: submissão total à vontade de Deus

* Serviço: produção de obras boas, que condigam com o louvor e


reverência

* Nosso prêmio: a salvação eterna

* Santidade: plenitude da vida cristã e perfeição da caridade


123
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

* A vida do homem sobre a terra é uma luta: estamos em estado de


prova

* O exemplo do aluno

* O exemplo do soldado

* Nossos inimigos

* 1º inimigo: nosso próprio fundo de maldade

* 2º inimigo: o demônio

* 3º inimigo: o mundo

* Como combater inimigos tão poderosos? ...

* ... Revestindo-nos da armadura de Deus

* São Luís Grignion nos dá a fórmula certa para revestirmos a


armadura de Deus

* 1º) Um caminho fácil: nele não há nenhum obstáculo

* 2º) Um caminho curto: nele marchamos com mais alegria e


facilidade

* 3º) Um caminho perfeito, trilhado pelo próprio Cristo para se


aproximar de nós

* 4º) Um caminho seguro: porque pertence à Santíssima Virgem e


lhe é próprio conduzir-nos a Jesus Cristo

* As práticas piedosas propostas por São Luís Grignion

* Práticas exteriores7
1ª) Exercícios preparatórios de trinta e três dias:

7
Cf. Tratado, N. 226-256
124
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

2ª) Rezar diariamente a coroinha da Santíssima Virgem


3ª) Uso das pequenas correntes de ferro
4ª) Devoção especial ao Mistério da Encarnação
5ª) Rosário e Ave-Maria: ter grande devoção
6ª) Recitação do Magnificat
7ª) O desprezo do mundo

* Práticas interiores

* 1º) Fazer tudo por Maria


Conduzir-se, em tudo, por seu espírito

* 2º) Fazer tudo com Maria


* Tomá-La em tudo como modelo

* 3º) Fazer tudo em Maria:


* Morar no interior desse Paraíso de Deus

* 4o) Fazer tudo para Maria:


* Tomá-la como fim próximo para alcançarmos o Fim Último, que é
Jesus Cristo

Tarefa de casa
Para os que estiverem fazendo o curso no modo normal
a) Fazer as meditações diárias referentes à semana que deve ser
empregada no conhecimento de Jesus Cristo
b) Rezar as orações propostas por São Luís Maria Grignion de
Montfort para esse período de preparação, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Oração de Santo Agostinho
 Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
 Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

125
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

10ª Aula: O Sacramento da Penitência ou


Reconciliação
Recordando alguns pontos
Já tivemos a oportunidade de ver em uma das aulas
anteriores que a consagração a Jesus Cristo pelas mãos de
Maria consiste essencialmente na renovação dos votos e
promessas do nosso Batismo.
Relacionado a isso, uma das condições para que uma pessoa seja batizada é
a de que se comprometa – ou seus pais e padrinhos por ele, caso não tenha
o uso da razão – a crer em tudo o que ensina a Santa Igreja Católica e a
praticar, também, a moral ensinada pela mesma Santa Igreja com base no
Evangelho.
Para que o cristão de fato cumpra a finalidade acima, faz-se necessário,
também, um ato de renúncia. Renúncia a quê? A satanás, suas pompas e
suas obras.
Com efeito, renunciar a Satanás, suas pompas e obras significa, em última
análise, renunciar ao pecado, ou seja, àqueles pensamentos, palavras, atos e
omissões que ofendem a Deus, antes de tudo, mas também ao próximo e a
nós mesmos.
Quando a pessoa é batizada, ela é sobretudo perdoada do pecado original.
Mas se essa pessoa já tiver o uso da razão e for batizada, tendo cometido
outros pecados, essas faltas são também perdoadas na hora do Batismo.
A necessidade de um Sacramento que perdoe os pecados após o
Batismo
Contudo, a tendência ao pecado continua. Caso a pessoa torne novamente a
ofender a Deus, tão grande é a misericórdia desse Senhor e Pai que, por
meio de Seu Filho, Jesus Cristo, instituiu um outro Sacramento que tem
como finalidade perdoar os pecados cometidos após a recepção do
Batismo.
A instituição desse Sacramento
O Apóstolo São João narra em seu Evangelho o momento solene em que
Nosso Senhor instituiu tal Sacramento, o qual aconteceu após Sua gloriosa
Ressurreição: “[Jesus] soprou sobre eles [Apóstolos] dizendo-lhes:
‘Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-
lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, serlhes-ão retidos’” (Jo
20, 22-23).
126
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Esse é exatamente o Sacramento da Penitência ou Reconciliação, a respeito


do qual vamos tratar na presente reunião.
Quem perdoa é o próprio Deus, por meio de Seu ministro
Com efeito, através do Sacramento da Penitência ou Reconciliação, é o
próprio Deus que por meio de seu ministro, o sacerdote, perdoa os nossos
pecados. Quando o Bispo ou o padre levanta a mão traçando o sinal da cruz
e diz: “Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo”, Quem está pronunciando essas palavras não é a pessoa do
Bispo ou do padre, mas o próprio Jesus Cristo. Por isso, a teologia diz que
o padre, ao pronunciar a fórmula da absolvição age in persona Christi, ou
seja, na Pessoa de Cristo. Isso significa que o sacerdote, por assim dizer,
“empresta” seus lábios, sua língua, sua laringe, ao próprio Jesus Cristo para
que Ele pronuncie essas palavras.
A certeza do perdão... com algumas condições
Se é o próprio Cristo que pronuncia as palavras da absolvição pela boca do
sacerdote, é certo que o penitente irá receber o perdão... Desde que cumpra
algumas condições...
Que requisitos são esses para que a pessoa possa ser realmente perdoada de
seus pecados pelo Sacramento da Penitência ou Reconciliação?
Um fato de Santa Teresa
Antes de responder, vamos aqui contar um fato que aconteceu com Santa
Teresa de Ávila, e que vem relatada na obra “Confessai-vos bem” do Pe.
Luiz Chiavarino.
Estava a Santa rezando, quando, de repente, abre-se diante dos seus olhos
uma voragem profunda, cheia de fogo e de chamas; e nesse abismo
precipitam-se com abundância, como neve no inverno, as pobres almas
perdidas.
Assustada, a Santa levanta os olhos ao céu e:
— Meu Deus, exclama, meu Deus! O que é que eu estou vendo? Quem são
elas, quem são todas essas almas que se perdem? Com certeza devem ser as
almas dos pobres infiéis.
— Não, Teresa, não! Responde o Senhor. As almas que neste momento vês
precipitarem-se no inferno, são, todas elas, almas de cristãos como tu.
— Mas então devem ser almas de pessoas que não acreditavam, que não
praticavam a Religião, que não frequentavam os Sacramentos!

127
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

— Não, Teresa, não! Fica sabendo que essas almas pertencem todas a
cristãos batizados como tu, e, que, como tu, eram crentes e praticantes...
— Mas se assim é, naturalmente essa gente nunca se confessou, nem
mesmo na hora da morte...
— No entanto, são almas que se confessavam, e confessaram-se também
antes de morrer...
— Por qual motivo então, ó meu Deus, são elas condenadas?
— São condenadas porque se confessaram mal...
Vai Teresa, conta a todos esta visão e recomenda aos Bispos e Sacerdotes
que nunca se cansem de pregar sobre a importância da confissão e contra as
confissões malfeitas, a fim de que os meus amados cristãos não
transformem “o remédio em veneno; a fim de que não se sirvam mal desse
sacramento, que é o sacramento da misericórdia e do perdão”.
O fato que acabamos de relatar deve ter assustado muita gente. Mas nosso
desejo é, justamente, o de despertar em todos o desejo de se utilizarem bem
desse tão extraordinário Sacramento a fim de que possam obter o remédio
de seus pecados para alcançarem, enfim, a salvação de suas almas.
As condições para uma boa confissão
“Então” – perguntará alguém – “o que devo fazer para confessar-me bem?”
É o que tentaremos agora responder.
Ensina a Doutrina Católica que as condições para se fazer uma boa
confissão são cinco:
1º) Exame de consciência
2º) Contrição ou arrependimento
3º) Confissão
4º) Absolvição
5º) Satisfação
Neste momento, vamos dar uma explicação sumária de cada um desses
pontos.
1º) Exame de consciência: uma diligente investigação
No que consiste o exame de consciência?

128
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Vamos ver como responde esta questão o Papa São Pio X, em seu
Catecismo Maior:
“O exame de consciência é uma diligente investigação dos pecados que se
cometeram, desde a última confissão bem feita”.
Como fazer esse exame?
Responde o mesmo Catecismo Maior:
“Trazendo diligentemente à memória, na presença de Deus, todos os
pecados ainda não confessados, cometidos por pensamentos, palavras,
obras e omissões contra os Mandamentos de Deus e da Igreja, e contra as
obrigações do próprio estado” (...)
“Devemos examinar-nos também sobre os maus hábitos e sobre as ocasiões
de pecado” e sobre “o número de pecados mortais”.
Vamos dar um exemplo:
Imaginemos que alguém fosse fazer um exame de consciência.
Naturalmente iria começar pelo Primeiro Mandamento da Lei de Deus.
Procuraria se perguntar: “Quais são as espécies de pecado contra esse
Mandamento? Idolatria, sacrilégio, heresia, superstição e todo e qualquer
pecado contra a religião”. A pessoa conclui, pensando consigo: “É. Cometi
pecados de sacrilégio, comungando fora da graça de Deus, cinco vezes”.
Depois, passa para o Mandamento seguinte, sempre se perguntando a
respeito das espécies de pecado – pois não adianta dizer: “Pequei contra o
Primeiro Mandamento, pequei contra o Segundo Mandamento”; é preciso
dizer em que pontos foi infringido este ou aquele Mandamento – até dar a
volta, de um modo cuidadoso em todos os Mandamentos de Deus e da
Igreja.
O que é pecado mortal?
Alguém aqui presente poderá estar se perguntando: “O que é o pecado
mortal?”
Abaixo, vem a resposta dada pelo Compêndio do Catecismo da Igreja
Católica (Q. 395):
“Comete-se pecado mortal quando, ao mesmo tempo, há matéria grave,
plena consciência e deliberado consentimento. Este pecado destrói a
caridade, priva-nos da graça santificante e conduz-nos à morte eterna do
inferno, se dele não nos arrependermos. É perdoado ordinariamente
mediante os sacramentos do Batismo e da Penitência ou Reconciliação”.

129
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

O “tripé” do pecado mortal


Acima, estão as três condições, o “tripé” de todo pecado para que seja
considerado mortal: matéria grave, plena consciência e consentimento
deliberado. Se faltar uma dessas condições, dependendo da circunstância,
torna-se pecado venial ou nenhum pecado.
Por exemplo: alguém vê um homem andando na rua e caindo de seu bolso
uma carteira. Nessa carteira, esse alguém sabe que tem mil reais e sente a
atração de tomar a carteira para si e não entregar para o seu devido
proprietário. Sabe que tomar mil reais de outrem é uma atitude grave. Tem
consciência disso. Mesmo assim, consente em tomar a carteira para si. E a
leva. Está consumado o pecado. Neste exemplo estão preenchidos os três
requisitos: matéria grave (roubar mil reais é, por ser uma quantia já
considerável, fortemente contra o sétimo mandamento – não furtar); plena
consciência (a pessoa em questão conhece totalmente a gravidade do ato);
consentimento deliberado (mesmo assim, decidiu tomar tal atitude errada,
para obter um benefício material). Se morrer nesse estado, o que vai
acontecer com tal pessoa? Vai diretamente para o inferno, pois passou para
a outra a vida fora da graça de Deus.
2º) Contrição ou arrependimento: dor de alma pelo pecado
cometido, com resolução de não mais pecar
Para que possamos obter o perdão de nossos pecados, uma segunda
condição é o arrependimento.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica (N. 1451) “consiste ‘numa dor da
alma e detestação do pecado cometido, com a resolução de não mais pecar
no futuro’”.
Ponto importante: Propósito firme
Um ponto importante que deve ser salientado aqui é que faz parte da
essência do arrependimento, seja por amor a Deus, seja por temor, o
propósito firme de nunca mais vir a ofender a Deus e de fugir das ocasiões
próximas de pecado.
Fuga das ocasiões próximas de pecado
Aliás, uma vez que estamos falando de ocasiões próximas de pecado, vale
muito a pena recordarmos nesse momento no que elas consistem.
As ocasiões próximas de pecado são as pessoas, ambientes e objetos que
nos conduzem facilmente a ofender a Deus.
Vamos dar um exemplo.

130
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Imaginem um homem que tivesse o vício da bebida e desejasse abandoná-


lo, porque, além de estar pecando contra Deus – o que é o mais importante
– está destruindo sua vida e a de seus familiares. Tal homem confessa-se e
toma a deliberação de nunca mais beber. Entretanto, sente ainda ele uma
forte inclinação para este vício. Não adianta fazer somente o propósito de
não beber. Ele deve ir mais além. Deve tomar, também, a firme resolução
de passar longe de qualquer bar (ambiente), sobretudo daquele que ele
tinha mais costume de frequentar. Somente isso? Deve ele procurar o
máximo possível fugir das amizades que o conduziam ao pecado (pessoas).
Não deve ele ter diante de si nem sombra de latinha ou garrafa de cerveja e
de tudo o que recorde para ele uma bebida alcoólica (objetos).
3º) Confissão
É a declaração das faltas, que deve ser feita ao sacerdote. Acima, ao
explicarmos como deve ser o exame de consciência, ficou evidente a
maneira de procedermos com relação a ele. Confessar-se, com efeito,
significa dizer ao confessor com toda franqueza as faltas cometidas. Para
que tal declaração seja bem-feita, é necessário que todos os pecados
mortais sejam contados, acrescentando-se o número aproximado de vezes
que se cometeu e as circunstâncias que podem mudar a malícia do pecado.
Ser objetivo e claro. Caso seja necessário, o padre pedirá algum
esclarecimento.
E, os pecados veniais? Necessitam ser contados? Confissão é declarar todos
os pecados. Portanto, é muito aconselhável referir os pecados veniais, a fim
de que, pela graça sacramental, tenhamos mais força para combatê-los, e,
também, para se exercitar na humildade.
Não ter receio de contar pecados vergonhosos
É importante, também, não ter receio de contar os pecados mais
vergonhosos. Devemos ter presente que pior do que o mais vergonhoso
pecado é o fato de a pessoa não querer contá-lo em confissão a fim de obter
para si o perdão: a confissão torna-se inválida e a pessoa incorrerá em mais
um pecado, o sacrilégio, o qual, segundo o Catecismo da Igreja Católica
“consiste em profanar ou tratar indignamente os sacramentos e as outras
ações litúrgicas, bem como as pessoas, as coisas e os lugares consagrados a
Deus. O sacrilégio é um pecado grave, sobretudo quando cometido contra a
Eucaristia, pois neste sacramento o próprio Corpo de Cristo se nos torna
substancialmente presente” (N. 2120).

131
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Sacrilégio: um pecado horrível


Que pecado horrível é o sacrilégio! É muito pior do que qualquer pecado
que se costuma ter vergonha de contar em confissão, por exemplo, pecados
contra o Sexto Mandamento da Lei de Deus. Com efeito, o sacrilégio é um
pecado diretamente contra o Primeiro Mandamento, diretamente contra o
amor e o respeito que devemos ter a Deus sobre todas as coisas e aos
objetos ou pessoas sagradas, que a Ele se referem!
- Pergunta:
O que é pior? Não confessar por vergonha, cometendo mais um pecado, o
sacrilégio, ou se confessar e sair com a consciência tranquila por ver-se
livre do pecado?
Objeção: “E se o padre contar meus pecados a alguém?”
Alguém poderá levantar a seguinte objeção: “E, se o padre contar meus
pecados para alguém?”
A resposta é: o sacerdote tem proibição canônica de contar os pecados que
ele ouve em confissão. Se o fizer, estará fora da Igreja, será excomungado
automaticamente. É o famosos segredo de confissão.
Outra objeção: “Vou contar meus pecados a um ser humano tanto ou
mais pecador do que eu?!”
Como ficou claro acima, o sacerdote é um representante de Cristo, e, no
momento da absolvição, é o próprio Cristo que fala por seus lábios. O
perdão é concedido infalivelmente, desde que o penitente cumpra as
condições, ou seja, esteja realmente arrependido, tenha feito firme
propósito de não vir a ofender a Deus novamente e conte todos os pecados,
sem esconder nenhum. Não nos devemos importar com o fato de estarmos
sendo ouvidos por outro ser humano, mas o que deve encher nossas almas
de alegria é a segurança, a certeza, do perdão de Deus que receberemos.
Como era, nesse sentido, triste a situação dos seres humanos do Antigo
Testamento! Ofereciam sacrifícios pelos pecados, mas qual era a garantia
de que tinham sido perdoados?
Se o penitente se esquecer de algum pecado
- O que acontece com frequência:
“Ih! Esqueci de confessar um pecado grave!” Isto pode realmente
acontecer: a pessoa não confessar por esquecimento um pecado mortal. O
que fazer? O pecado já foi perdoado, mas a Santa Igreja aconselha que a
pessoa o declare, se recordar, na próxima confissão.

132
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Um fato sobre o esconder o pecado por vergonha


Um pequeno fato vamos contar agora para ilustrar o que foi exposto sobre
o esconder o pecado por vergonha:
Conta o Pe. Luiz Chiavarino em sua obra “Confessai-vos bem” que certa
vez estava Santo Antonino de Florença atendendo confissões. De repente,
ele percebeu que na fila da confissão estava um ente horroroso que ele logo
identificou como sendo o demônio. O nosso santo foi ao encontro dele e
lhe perguntou:
Pe. - Que fazes aí?
Dem. - Estou esperando para fazer a restituição.
Pe. - Qual restituição! Fala, ou ai de ti.
Dem. - Venho restituir aos pecadores a vergonha e o medo que lhes roubei
quando os fiz cometer os pecados.
Outro fato relacionado ao mesmo assunto
Não resistimos em contar outro fato, relatado na mesma obra “Confessai-
vos bem”, relacionado ao famoso fundador da família salesiana, São João
Bosco:
Certa noite, estava o santo confessando no coro da Igreja de São Francisco
de Sales em Turim; era grande o número de jovens ali reunidos, esperando
que chegasse a sua vez. Pelo confessionário passam dez, vinte, e chega
finalmente um que, tendo já feito uma parte da confissão, para de repente.
- Continue, diz-lhe D. Bosco, que por inspiração divina lia na
consciência dos seus filhos. - Continue! E o resto?
- Não há mais nada, Padre, mais nada!
- Não temas, meu filho, continua o Santo, o Confessor não ralha, não
castiga, perdoa sempre, perdoa sempre, perdoa tudo em nome de Deus; tem
coragem... confessate bem...
- Não há mais nada! Nada mais!...
- Mas por que, meu filho, queres, com uma confissão sacrílega, dar
prazer ao demônio... causar tristeza a Jesus, fazê-lo chorar?
- Garanto-lhe Padre, que não tenho mais nada a dizer!
D. Bosco que vê o perigo que o infeliz jovem corre, inspirado por Deus,
abandona a luta inútil e diz:

133
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

- Pois bem, olha só quem está atrás de ti!


O rapaz vira-se de repente, solta um grito agudo e, agarrando-se ao pescoço
de D. Bosco exclama:
- Sim Padre, eu tenho mais este pecado... - e conta o pecado que não
ousava confessar...
Os companheiros que estavam na igreja ouviram o grito; assim que saíram,
cercaram o rapaz, e, curiosos, queriam saber o que tinha acontecido. E ele
sorrindo, apesar de estar ainda um tanto assustado, disse:
- Se vocês soubessem.... Eu tinha cometido uma falta que não ousava
confessar. D. Bosco leu no meu coração... e eu vi o demônio que, sob a
figura de um gorila de olhos de fogo e garras afiadas, estava pronto para me
agarrar!
4º) Absolvição
A absolvição nada mais é do que a fórmula pronunciada pelo sacerdote:
“Eu te absolvo dos teus pecados, em nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo”, a qual é como dissemos acima, proferida in Persona Christi, ou
seja, na Pessoa de Cristo. Não é simplesmente uma oração que o padre faz
para encomendar o penitente à misericórdia de Deus: é a própria
misericórdia de Deus que atua através do sacerdote, absolvendo o pecador.
Exemplo: um tecido totalmente enlameado que, de um modo
milagroso, retorna à sua brancura original
Para entendermos bem, imaginemos um tecido completamente enlameado.
É impossível ser limpo por qualquer dona de casa. Deve ser atirado no lixo.
Chega uma pessoa com um líquido miraculoso que tem a capacidade de
tirar qualquer mancha, por pior que ela seja. Despeja esse líquido sobre o
tecido e esse torna-se branquíssimo, com uma alvura nunca vista
anteriormente. Isso é uma pálida imagem do que acontece com nossas
almas quando fazemos uma boa confissão, e recebemos com todo
arrependimento a absolvição sacerdotal. É realmente um milagre, um fato
extraordinário, o que acontece conosco.
5º) Satisfação: necessidade de reparar o mal cometido contra
Deus e o próximo
A penitência dada pelo confessor – a satisfação – deve ser compreendida de
um modo mais profundo. É o que, com efeito, vem descrito abaixo, pelo
Catecismo da Igreja Católica:

134
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

“Muitos pecados prejudicam o próximo. É preciso fazer o possível para


reparar esse mal (por exemplo restituir as coisas roubadas, restabelecer a
reputação daquele que foi caluniado ressarcir as ofensas e injúrias). A
simples justiça exige isso. Mas, além disso, o pecado fere e enfraquece o
próprio pecador, como também suas relações com Deus e com o próximo.
A absolvição tira o pecado, mas não remedeia todas as desordens que ele
causou. Liberto do pecado, o pecador deve ainda recobrar a plena saúde
espiritual.
Deve, portanto, fazer alguma coisa a mais para reparar seus pecados: deve
‘satisfazer’ de modo apropriado ou “expiar” seus pecados. Esta satisfação
chama-se também ‘penitência’.
“A penitência imposta pelo confessor deve levar em conta a situação
pessoal do penitente e procurar seu bem espiritual. Deve corresponder, na
medida do possível, à gravidade e à natureza dos pecados cometidos. Pode
consistir na oração, numa oferta, em obras de misericórdia, no serviço do
próximo, em privações voluntárias, em sacrifícios e principalmente na
aceitação paciente da cruz que devemos carregar. Essas penitências nos
ajudam a configurar-nos com Cristo, que, sozinho, expiou nossos pecados
uma vez por todas. Permitem-nos também tornar-nos coerdeiros de Cristo
ressuscitado, ‘pois sofremos com ele’” (N. 1459-1460).
É importante, por conseguinte, para que façamos uma boa confissão, que
cumpramos com profunda devoção e sentimento de arrependimento e
confiança no perdão, a penitência imposta pelo confessor, por mais simples
que esta seja. É isso o que trará a adequada satisfação por nossas faltas, as
quais já foram lavadas, pela absolvição sacramental, no Preciosíssimo
Sangue de Cristo.
Orientação para o expositor
Distribuir para os participantes os dez Mandamentos e o exame de
consciência a os excertos da obra “Apelo ao amor”, da Ir. Josefa
Menendez.
Tarefa de casa

Para os que estiverem fazendo o curso no modo rápido


a) Fazer as meditações referentes à 3ª semana, que deve ser
empregada no conhecimento de Jesus Cristo.
b) Rezar as orações relacionadas a esta 3ª semana, a saber:
135
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

 Ladainha do Espírito Santo


 Ave, Estrela do mar
 Oração de Santo Agostinho
 Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
 Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

136
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

10ª Aula: O Sacramento da Penitência ou Reconciliação


(Esquema)
* Recordando alguns pontos

* A necessidade de um Sacramento que perdoe os pecados após o


Batismo

* A instituição desse Sacramento

* Quem perdoa é o próprio Deus, por meio de Seu ministro

* A certeza do perdão... com algumas condições

* Um fato de Santa Teresa

* As condições para uma boa confissão

* 1º) Exame de consciência: uma diligente investigação

* O que é pecado mortal?

* O “tripé” do pecado mortal

* 2º) Contrição ou arrependimento: dor de alma pelo pecado


cometido, com resolução de não mais pecar

* Ponto importante: Propósito firme

* Fuga das ocasiões próximas de pecado

* 3º) Confissão

* Não ter receio de contar pecados vergonhosos

* Sacrilégio: um pecado horrível

* Objeção: “E se o padre contar meus pecados a alguém?”

* Outra objeção: “Vou contar meus pecados a um ser humano


tanto ou mais pecador do que eu?!”
137
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

* Se o penitente esquecer-se de algum pecado

* Um fato sobre o esconder o pecado por vergonha

* Outro fato relacionado ao mesmo assunto

* 4º) Absolvição

* Exemplo: um tecido totalmente enlameado que, de um modo


milagroso, retorna à sua brancura original

* 5º) Satisfação: necessidade de reparar o mal cometido contra


Deus e o próximo

* Tarefa de casa

Para os que estiverem fazendo o curso no modo rápido

a) Fazer as meditações referentes à 3ª semana, que deve ser


empregada no conhecimento de Jesus Cristo.
b) Rezar as orações relacionadas a esta 3ª semana, a saber:
 Ladainha do Espírito Santo
 Ave, Estrela do mar
 Oração de Santo Agostinho
 Ladainha do Santíssimo Nome de Jesus
 Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.

138
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Tema final
Em relação à Sagrada Comunhão, o que será mais
importante: a preparação ou a ação de graças?8
É claro que ambas são fundamentais, mas há razões para
distinguir, valorizar e hierarquizar cada uma das duas
situações.
O célebre e douto teólogo dominicano contemporâneo Frei Antonio Royo
Marín, nos dá a resposta. Em seu livro publicado pela Biblioteca de
Autores Cristianos (BAC) que leva o sugestivo título “Ser ou não ser
santo… Esta é a questão”, diz Royo Marín citando ao seu mestre, São
Tomás: “Para o grau de graça que nos aumentará o sacramento por si
mesmo (ex opere operato) é mais importante a preparação que a ação de
graças depois de tê-lo recebido; porque esse efeito ‘ex opere operato’ o
produz o sacramento uma só vez, no momento de recebê-lo e, por isso
mesmo, está diretamente relacionado com as disposições atuais da alma
que se aproxima para comungar, não pelas que possam se ter depois”.
O que a primeira vista poderia parecer demasiado sutil ou técnico, se
compreende facilmente dando um exemplo.
Quando vamos receber em nossa casa a um visitante importante, dispomos
as coisas da melhor maneira possível: a limpeza cuidadosa, a ordem da
sala, tudo organizado para que quem nos honra com a visita se sinta à
vontade, e tenha a melhor impressão. Devemos pensar nos detalhes, como
um bom presente floral e até, eventualmente, a concessão de um presente
para que a visita leve uma recordação indelével daquele dia.
Como receber em casa a um Chefe de Estado, por exemplo, com descuido e
precipitação? Não é possível! Pelo fato de chegar até nós, essa hipotética
pessoa ilustre nos privilegia. Se valorizamos o gesto de quem assim nos
dignifica, o hóspede ficará plenamente satisfeito… e o anfitrião também!
Agora, apliquemos o caso não a um soberano da terra ou a um presidente
eleito democraticamente… Pensemos no Rei dos reis e Senhor dos
senhores, criador e dono de tudo o que existe.
O encontro com Jesus se dá em plenitude durante a comunhão sacramental.
Também se realiza um encontro, ainda que de outra forma, na visita que se
faz em sua capela de adoração ou junto ao sacrário onde está sempre à

8
IBARGUREN, Pe. Rafael. Em relação à Sagrada Comunhão, o que será mais importante: a preparação
ou a ação de graças? In: http://oratorio.blog.arautos.org/2018/05/vinte-e-quatro-horas-eucaristicas/
139
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

nossa espera. As disposições para recebê-lo ou para visitar-lhe são


basicamente as mesmas; sim, porque é o mesmo Senhor que vem até mim e
ao qual vou à sua presença.
No fato de recebê-lo, serei o anfitrião e Ele será meu hóspede. E no tempo
em que vou adorar-lhe, o anfitrião será Ele, e eu o visitante a quem
condescende dar audiência. Em ambos encontros, sucede um
acontecimento de máxima transcendência. Daí, a importância de dispor-me
da melhor maneira possível para o encontro que será o mais importante do
dia… ou até da vida.
Quanto a ação de graças, é claro que será tanto melhor feita, quanto a
disposição prévia a recebê-la tenha sido cuidadosamente elaborada. É
lógico.
Lastimosamente, não é assim como habitualmente os fiéis percebem um
encontro com o Senhor na Eucaristia. Porque em geral, em relação à
comunhão sacramental, se dá mais importância à ação de graças que à
preparação. Com efeito, se chega junto ao Santíssimo apressadamente,
trazendo em nossa bagagem uma boa dose de agitação, afãs mundanos e
muita superficialidade.
E somente depois do maravilhoso momento do encontro, recomeçamos a
pensar (se é que verdadeiramente caímos em si…) no sucedido. Então, é a
hora em que chovem os pedidos ou de manifestar o que queremos dizer-lhe
ao Senhor; quase que valorizando mais nossas prioridades pessoais que o
fato de ter-lhe acolhido e de ser Ele quem é!
Se não preparamos devidamente o encontro e começamos a relação sem
dar-lhe todo o devido valor, provavelmente o colóquio será demasiado
pobre…
O valor da preparação e da ação de graças em relação ao encontro com o
Senhor na Eucaristia, nos faz pensar na imagem que usa Jesus, quando nos
ensina no Evangelho que devemos construir uma casa sobre a rocha e não
sobre areia (Lc. 6, 48-49).
Uma comunhão baseada sobre a rocha, é a que se vai preparando. Aquela
descuidada, sem delicadeza nem afeto, é a que se faz sobre areia: a Fé é
avarenta e não motiva a adoração. A humildade é superficial, nada
concorde com a aclamação “Senhor, não sou digno de que entreis em
minha casa”.

140
Apostolado do Oratório “Maria, Rainha dos Corações”

Não se mede o tamanho infinito do amor que aninha o Coração de Cristo.


E, claro, a pouca fome e sede de união e de comunhão, não somente
indispõem ao adorador, mas entristece ao que tanto amou aos homens e não
encontrou neles mais que ingratidão, segundo a queixa do Sagrado Coração
de Jesus a Santa Margarita Maria.
É claro que ninguém jamais estará à altura de um encontro com Nosso
Senhor. Mas já que Ele veio pelos pecadores e pelos enfermos (Lc 5, 31-
32), há que confessar-se doente e culpado, e dizer como o leproso do
Evangelho: “Senhor, se queres, podes limpar-me” (Lc 5, 12).
Ao acolher ao Senhor, digamos que lhe esperávamos com ânsias e que lhe
amamos muito. O que Ele nos diga ou obre, não depende de nós; isso é
coisa dEle.
Na realidade, a preparação e a ação de graças deveriam ocupar as vinte e
quatro horas do dia, fazendo assim de nossa vida uma homenagem
ininterrupta a Jesus presente na
Eucaristia. Não é outra coisa o que se pede ao Espírito Santo na Oração
Eucarística número III do Missal Romano: “Que Ele nos transforme em
oferenda permanente”.

141
Curso de Consagração a Nossa Senhora segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort
Parte I: Aulas

Obras consultadas

CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA. Edição revisada de acordo com o


texto oficial em latim. 11. ed. São Paulo: Loyola, 1999.
CHIAVARINO, Pe. Luís. Confessai-vos bem. s/d. Arquivo particular.
CLÁ DIAS, Mons. João Scognamiglio. Por fim, o meu Imaculado Coração
triunfará! Instituto Lumen Sapientiae. São Paulo, 2017.
CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Conferência. 07 fev 1971. Arquivo
particular
CORRÊA DE OLIVEIRA, Plinio. Revolução e Contra-Revolução. 5. ed.
São Paulo: Retornarei, 2002.
IBARGUREN, Pe. Rafael. Em relação à Sagrada Comunhão, o que será
mais importante: a preparação ou a ação de graças? In:
http://oratorio.blog.arautos.org/2018/05/vinte-e-quatro-horas-eucaristicas/
LOYOLA, Santo Inácio. Exercícios Espirituais. Apostolado da Imprensa.
Porto, 1966.
MENENDEZ, Ir. Josefa. Apelo ao amor – Mensagem do Coração de Jesus
ao mundo. Rio-São Paulo. 3 Ed. Rio de Janeiro, 1963.
MONTFORT, São Luís Maria Grignion de. Tratado da verdadeira
devoção à Santíssima Virgem. Retornarei. São Paulo, 2016.
SÃO PIO X. Terceiro Catecismo da Doutrina Cristã. Edições Santo
Tomás. Anápolis, 2005.

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