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Mas sem dúvida alguma o ponto central do texto está calcado nas relações de
poder. Clastres vê a ausência de um líder poder político com legitimidade para usar
a força em função de leis, principal motivo para não acreditarmos num processo de
evolução social, onde o trajeto se iniciaria numa vida “sem crença, sem rei e sem lei”
e caminharia para uma sociedade como a nossa, com um Estado coordenando a
dicotomia entre dominador e dominado. Para explicar essa ausência de um líder
fazendo o papel de um déspota ou do Estado é preciso entender esta dicotomia, até
pode haver uma divisão do trabalho, mas não há divisão classes sociais entre os
povos indígenas. Então se não há classes, também não pode haver algo ou alguém
com a função de remediar os conflitos de diferença econômica. Isto não significa
dizer que não há conflitos em sociedades indígenas ou que não há alguém que
exerça essa função de mediação. Esse poder é delegado a figura do Chefe da tribo.
Apesar de possuir tal denominação o “chefe” não representa uma figura de poder ou
liderança incondicional, como dito a cima sua função é mediar conflitos, não
podendo usar a forma com legitimidade, até mesmo porque a única legitimidade lhe
permitida em tal tarefa é a retórica.