Você está na página 1de 7

4FACULDADE DE DIREITO DE FRANCA

TRABALHO DE DIREITO ADMINISTRATIVO – 4º BIMESTRE

ANA BEATRIZ PARRA ULIAN – NÚMERO 01 – 4º ANO B DIURNO

FRANCA

2021
INTRODUÇÃO

As comissões de assuntos econômicos e de agricultura do Senado


aprovaram, com emendas, o Projeto de Lei que regulamenta aquisição de
terras em todo o território nacional por pessoas físicas e jurídicas estrangeiras.
Por consequência, O PL Nº 2963, de 2019, tem como objetivo a adequação da
legislação brasileira, para possibilitar a aquisição e o uso de imóvel rural por
estrangeiros no Brasil.

O projeto é conhecido entre os parlamentares da Frente Parlamentar de


Agricultura como “terra para mais empregos e mais alimentos”. A Frente
Parlamentar da Agricultura considera a iniciativa legislativa um princípio de
melhora econômica para o setor alvo.

O PL 2963/2019: SEUS OBJETIVOS E INOVAÇÕES.

De acordo com o entendimento da frente governista e o presidente da


casa legislativa, o projeto tem por objetivo criar um novo ambiente de negócios
tendo os investidores estrangeiros como aliados, sendo capaz de estimular a
produção de alimentos e gerar oportunidades a milhões de brasileiros.

A toda nova medida que compõe o texto normativo do PL 2963/19, é


atribuída uma exceção benéfica àqueles que serão os destinatários do futuro
texto legal, como nitidamente explanado a seguir.

Referente à “tomada” da posse e sua regularização, o PL dispensa a


autorização ou licença para a aquisição de qualquer modalidade de posse por
estrangeiros, quando se tratar de imóveis com áreas não superiores a 15
módulos fiscais.

Com relação ao limite de terras possibilitadas ao domínio estrangeiro, o


texto estipula que a soma das áreas rurais pertencentes e arrendadas a
pessoas estrangeiras não poderá ultrapassar 25% da superfície dos municípios
onde se situem. A aquisição de terras na região do bioma amazônico e áreas
de fronteiras dependerão do aval do Conselho de Defesa Nacional. Em suma,
cada nacionalidade não poderá ter mais do que 40% da área prevista para a
somatória de estrangeiros. No caso de pessoa física, é excepcionado o
estrangeiro que for casado pelo regime de comunhão total de bens com
brasileiro, quando não se aplicará o critério de proporcionalidade.

Contudo, importante ressaltar que tendo como prioridade o


desenvolvimento do país concedente das terras, no referido caso, o Brasil, o
projeto de lei prevê que o Congresso Nacional poderá, mediante decreto
legislativo e com prévia manifestação do Poder Executivo, autorizar a aquisição
de imóvel por estrangeiros ultrapassando os limites previstos em lei.

O Projeto de lei em questão neste trabalho também disciplinou quanto


às empresas brasileiras controladas direta ou indiretamente por estrangeiros,
as quais passam a ter o mesmo tratamento, independentemente de sua
origem.

Frente ao disciplinado acima, a diretora da SNA aduz: “Assim, poderão


adquirir livremente, desde que atendam às informações sobre composição do
capital social e nacionalidade dos sócios no Sistema Nacional de Cadastro
Rural, SNCR, e no cadastro ambiental rural”.

A alienação dessas terras depois de adquiridas também é objeto de


redação inovadora no contexto do PL 2963/19. É permitida a
arrecadação/adjudicação da instituição financeira, dos imóveis garantidores de
empréstimos, no caso da insolvência do devedor/produtor rural. No entanto,
esses imóveis deverão ser alienados pela instituição financeira, no prazo
máximo de dois anos, prorrogados por mais dois.

Explana a diretora também acerca desta temática: “Caso não haja a


alienação do imóvel pela instituição financeira, a adjudicação ficará sem efeito,
retornando o imóvel ao proprietário rural e, consequentemente, a
desconstituição da garantia”.
Dentre as inovações da elaboração do PL 2963/19, algumas outras
legislações sofreram alterações e outras até mesmo foram revogadas pelos
novos dispositivos que pretendem vigorar o presente PL.

O projeto altera a Lei 5.868/72, que cria o Sistema Nacional de Cadastro


Rural (SNCR), para estabelecer que os cadastros serão informatizados e,
ressalvadas as informações protegidas por sigilo fiscal, serão publicados na
internet, garantida a emissão gratuita de certidões das suas informações com
autenticação digital.

O texto modifica a Lei 4.131/62, que disciplina a aplicação do capital


estrangeiro e as remessas de valores para o exterior. Conforme o projeto, os
recursos financeiros ou monetários introduzidos no Brasil por pessoas físicas e
jurídicas estrangeiras, ou quando objeto de reinvestimento para a aplicação em
atividades econômicas que envolvam a aquisição e o arrendamento de áreas
rurais em território nacional, estarão sujeitos à legislação que regula a
aquisição de imóveis rurais por pessoas estrangeiras.

A proposta revoga a Lei 5.709/71, que regula a aquisição de imóvel rural


por estrangeiro residente no País ou pessoa jurídica estrangeira autorizada a
funcionar no Brasil. Por outro lado, convalida as aquisições e os arrendamentos
de imóveis rurais celebrados por pessoas físicas ou jurídicas brasileiras
constituídas ou controladas, direta ou indiretamente, por pessoas privadas,
físicas ou jurídicas, estrangeiras, durante a vigência dessa lei.

OS LIMITES ESTABELECIDOS PELO PL 2963/2019

De acordo com a proposta, estarão sujeitas a aprovação do Conselho de


Defesa Nacional (CDN) a aquisição de imóveis rurais ou de qualquer
modalidade de posse quando as pessoas jurídicas forem organizações não
governamentais, fundos soberanos, fundações e outras pessoas jurídicas com
sede no exterior.

Também terão de passar pelo conselho pessoas jurídicas brasileiras


constituídas ou controladas direta ou indiretamente por pessoas, físicas ou
jurídicas, estrangeiras, quando o imóvel rural se situar no Bioma Amazônia e
sujeitar-se a reserva legal igual ou superior a 80%.

As aquisições por estrangeiros de imóveis situados em área


indispensável à segurança nacional também deverão obter o consentimento
prévio do Conselho de Defesa Nacional.

Ficam vedados a estrangeiros: qualquer modalidade de posse por tempo


indeterminado, arrendamento ou subarrendamento parcial ou total por tempo
indeterminado e habilitação à concessão de florestas públicas destinadas à
produção sustentável. Essa concessão, no entanto, é permitida para pessoa
jurídica brasileira constituída ou controlada direta ou indiretamente por pessoa
física ou jurídica estrangeira.

Essas proibições não se aplicam quando a aquisição de imóvel rural se


destinar à execução ou exploração de concessão, permissão ou autorização de
serviço público, inclusive das atividades de geração, transmissão e distribuição
de energia elétrica ou de concessão ou autorização de bem público da União.

CRITICAS AO PL 2963/19 E AO SEU AMPLO ALCANCE FRENTE


A CF/88.

Alguns juristas partilham da ideia de que o referido projeto deve ser


analisado para muito além de sua superficialidade, ou seja, além do
entendimento de maiores investimentos ao território brasileiro.
A primeira questão controvertida é justamente sobre os limites para a
aquisição. De fato os limites que o Projeto de Lei estabelece, existem da forma
que se apresentam? Os limites de fato existem? Para pessoas físicas, não, de
acordo com o que é absorvido do texto normativo:

"Artigo 8º — A soma das áreas rurais pertencentes e arrendadas a


pessoas estrangeiras não poderá ultrapassar ¼ (um quarto) da
superfície do Município onde se situem.
Parágrafo 1º. Pessoas da mesma nacionalidade não poderão ser
proprietárias ou possuidoras, em cada Município, de mais de 40%
(quarenta por cento) do limite fixado neste artigo"

Dessa forma, conclui-se que poderão as pessoas estrangeiras, ser


proprietárias ou possuidoras de 100% das terras de cada município, desde que
sejam estrangeiras de nacionalidades diferentes.

A respeito da revogação integral da Lei nº 5.709/1971, a mesma


decorria dos trabalhos da CPI da Venda de Terras a Estrangeiros (1967) e até
hoje regula o sistema de venda de terras a não nacionais, pessoas físicas ou
jurídicas, tendo sido recepcionado pela Carta Política de 1988, que em seu
artigo 190 [1] diz que a lei deve "limitar" a aquisição por estrangeiros — o que,
segundo muitos juristas, o atual projeto de lei não faz.

Ademais, para os críticos, o Projeto, ao admitir pessoas jurídicas


estrangeiras constituídas e estabelecidas fora do território nacional, afeta a
regra de competência das ações judiciais eventualmente decorrentes dessa
mudança prevista no PL em comento. De fato, em caso de necessidade de
ação judicial, estas serão movidas no exterior, salvo nas ações cuja
competência seja por lei definida como a da localidade do imóvel ou no caso de
haver foro de eleição, em cada caso.

O Código de Processo Civil estabelece tais circunstâncias nos seu artigo


53, inciso III, sendo competente o foro do lugar onde está a sua sede, "para a
ação em que for ré a pessoa jurídica", ou onde haja agência ou sucursal (inciso
"b").

Você também pode gostar