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Diretora:
Professor: RILDO OLIVEIRA
Aluno(a):
Série: 2º Turno: Turma:
Data:
Matéria: História
Assunto: Primeiro Reinado
costurar um acordo com os políticos da província, mas é recebido com frieza. Alguns
setores da elite mineira fazem questão de ligá-lo ao assassinato do jornalista. Os
portugueses instalados no Rio de Janeiro promovem uma manifestação pública em
desagravo ao imperador. Isso desencadeia uma retaliação dos setores anti lusitanos. Há
tumultos e conflitos de rua na cidade. Dom Pedro fica irado e promete castigos. Mas não
consegue sustentação política e é aconselhado por seus ministros a renunciar ao trono
brasileiro. Ele abdica em 7 de abril de 1831 e retorna a Portugal.
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Temendo as possíveis pretensões políticas de D. Pedro I, as Cortes de Portugal
enviaram um documento em que ameaçavam o envio de tropas que trariam o príncipe
regente à força para o Velho Mundo. Mediante a represália, os membros do partido
brasileiro aconselharam D. Pedro I a proclamar a independência imediatamente.
Dessa forma, percebemos que a elite agrária e os demais membros das classes
dominantes do Brasil conduziram habilmente o nosso processo de independência. Mesmo
alcançando a condição de nação soberana, boa parte da população se viu atrelada às
mesmas práticas e instituições que garantiam os privilégios dos mais poderosos. Sendo
assim, o nosso “7 de setembro” se transformou em uma ruptura cercada por uma
continuidade de problemas.
O Partido Português, era uma das correntes políticas que dividiam o nascente
império. Constituído essencialmente por militares e comerciantes com vínculos ainda
fortes com a península, defendia o bom entendimento com Portugal e talvez – porque não
– o retorno à unidade lusitana. Não era essencialmente monárquico nem absolutista.
Muitos dos seus integrantes – especialmente nos primeiros tempos – partilhavam do
ideário liberal e propugnavam o apoio e a obediência aos decretos das Cortes.
Provavelmente não teriam chegado ao confronto com os brasileiros se os interesses
econômicos e as rixas políticas não levassem a um afastamento cada vez maior entre as
Cortes e o Brasil.
Entre uns e outros, existia um setor moderado, agrupado inicialmente em torno ao
imperador. Eles também buscavam a independência – ou, ao menos, a igualdade de
diretos com Portugal – mesmo que isso dependesse da continuidade da monarquia ou da
aceitação de uma nova, desde que fosse sediada no Brasil e pudesse estar mais perto do
seu controle. Destacavam, nesse grupo, os paulistas, que, ainda no período colonial,
chegaram a experimentar um considerável crescimento com escasso apoio ou até mesmo
à revelia da Coroa de Portugal, e, dentre eles, os três irmãos Andrada: José Bonifácio de
Andrada e Silva, Martim Francisco Ribeiro de Andrada e Antônio Carlos Ribeiro de
Andrada Machado e Silva.
A independência do Brasil, enquanto processo histórico, desenhou-se muito tempo
antes do príncipe regente Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais “às
margens do rio Ipiranga”. De fato, para entendermos como o Brasil se tornou uma nação
independente, devemos perceber como as transformações políticas, econômicas e sociais
inauguradas com a chegada da família da Corte Lusitana (portuguesa) ao país abriram
espaço para a possibilidade da independência .
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi episódio de grande
importância para que possamos iniciar as justificativas da nossa independência. Ao pisar
em solo brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firmados com a Inglaterra,
que se comprometera em defender Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte
Portuguesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar à capital da colônia, o
rei português realizou a abertura dos portos brasileiros às nações amigas do Brasil.
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista como um primeiro “grito
de independência”, onde a colônia brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio
comercial imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os grandes produtores
agrícolas e comerciantes nacionais puderam avolumar os seus negócios e viver um tempo
de prosperidade material nunca antes experimentado em toda história colonial. A
liberdade já era sentida no bolso de nossas elites.
Para fora do campo da economia, podemos salientar como a reforma urbanística
feita por Dom João VI promoveu um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca
antes vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma simples zona de exploração para
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GUERRAS DE INDEPENDÊNCIA
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A CONSTITUIÇÃO DE 1824
No dia 12 de novembro de 1823, o imperador Dom Pedro I impôs a dissolução da
Assembleia Constituinte que iria discutir e elaborar a primeira carta magna do Brasil.
Entre outras razões, o imperador executou tal ação autoritária temendo que a nossa
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primeira constituição limitasse seus poderes excessivamente. Em seu decreto oficial sobre
o assunto, o imperador estranhamente alegava que os constituintes não defendiam a
autonomia e a integridade da nação.
Após tal ato, D. Pedro I formou um Conselho de Estado composto por dez
membros e presidido por sua própria figura. Esse pequeno grupo de apoiadores do rei foi
responsável por discutir e elaborar a primeira Constituição do Brasil, outorgada (imposta)
no dia 25 de março de 1824. Sem qualquer tipo de participação política mais ampla ou a
observância de outro poder, o país ganhou uma carta constitucional claramente
subordinada aos interesses do imperador.
Visando oferecer uma aparência liberal, a Constituição de 1824 empreendeu a
divisão de poderes políticos entre Legislativo, Executivo e Judiciário. Entretanto, a
mesma lei que oficializava essas esferas de poder autônomo, também instituiu a criação
do chamado Poder Moderador. Exercido unicamente pela figura do imperador, esse
poder tinha a capacidade de desfazer e anular as decisões tomadas pelos outros poderes.
Desse modo, nosso governo combinava ambíguos traços de liberalismo e absolutismo.
O sistema eleitoral era organizado por meio de eleições indiretas, onde os eleitores
de paróquia votavam nos chamados eleitores de província. Esses, por sua vez, votavam
na escolha dos deputados e senadores. Para exercer tais direitos, o cidadão deveria
pertencer ao sexo masculino e ter mais de 25 anos de idade. Além disso, deveria
comprovar uma renda mínima de 100 mil-réis anuais para
poder votar. Desse modo, percebemos que o sistema eleitoral
do império excluía grande parte da população.
Tomada por suas desigualdades, a Constituição de
1824 estava longe de cumprir qualquer ideal de isonomia
entre a população brasileira. O imperador tinha amplos
poderes em suas mãos e poderia exercê-lo segundo suas
próprias demandas. Não por acaso, vemos que essa época foi
tomada por intensas discussões políticas e revoltas que iam
contra essa estrutura de poder fortemente centralizada.
GUERRA DA CISPLATINA
Anexada ao Brasil em 1820, a Cisplatina foi invadida como parte das ações
políticas do imperador Dom João VI. Na época, o imperador realizou essa invasão com o
objetivo de se atender aos anseios de Carlota Joaquina, sua mulher, que desejava se
transformar em “Rainha do Prata”, sendo regente daquele território no lugar de seu irmão
Fernando VII, rei da Espanha. Além disso, tal anexação cumpriria determinações
militares que evitariam a ocorrência de levantes liberais que influíssem o território
brasileiro.
Com o processo de independência do Brasil, essa região acabou sendo palco de
uma das revoltas contra o reconhecimento do Estado Brasileiro. Nesse caso, os revoltosos
daquela região procuravam aproveitar a situação para que a anexação feita por Dom João
VI perdesse sua validade. Entretanto, as expedições militares que lutaram contra as
províncias insurgentes conseguiram manter esse espaço de colonização hispânica sob o
controle do governo brasileiro.
No ano de 1825, o general Juan Antônio Lavalleja, com o apoio de lideranças
políticas argentinas, organizou um movimento de emancipação da Cisplatina do julgo
imperial brasileiro. Inicialmente, declararam sua anexação à República das Províncias do
Rio da Prata, que integrava o território argentino. Ameaçado por tal evento, Dom Pedro I
declarou guerra aos revoltosos e investiu recursos para estabelecer a reintegração do
território à sua autoridade política.
Do ponto de vista político, a ação do governo pode ser vista como uma medida
interessada em reafirmar a autoridade do imperador e a unidade do território. Contudo, o
fato da região da Cisplatina não contar com nenhum traço de unidade histórica ou cultural
com o restante do Brasil enfraqueceu o investimento em tal conflito. Além disso, vale
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