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681/2020-4
RELATÓRIO
Transcrevo como parte do relatório a íntegra da última instrução elaborada pela Secretaria
de Fiscalização de Infraestrutura Portuária, Hídrica e Ferroviária – SeinfraHidroferrovia (peça 175),
documento que contou com a concordância do escalão dirigente da unidade (peças 176 e 177):
INTRODUÇÃO
Cuidam os autos de denúncia, com pedido de medida cautelar, em razão de possíveis
irregularidades contidas em decisão da Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários
(SNPTA) do Ministério da Infraestrutura (peça 5), por meio da qual foi indeferido pedido de
prorrogação do Contrato de Arrendamento DP/16.2000 (Processo 00045.002779/2016-57),
firmado entre a Marimex Despachos, Transportes e Serviços Ltda. (arrendatária) e a Companhia
Docas do Estado de São Paulo (Codesp), atual Autoridade Portuária de Santos S.A (SPA).
HISTÓRICO
2. Instrução acostada à peça 97 considerou preenchidos os requisitos de admissibilidade da
presente denúncia e examinou os argumentos trazidos aos autos em decorrência das oitivas da
SNPTA, SPA e Antaq, determinadas pelo Ministro Vital do Rêgo (peça 8, p. 5-6).
3. O exame preliminar, calcado nas normas vigentes e em avaliações ancoradas em premissas
coerentes, com suporte fático e metodológico, buscou avaliar se:
a) a aprovação em caráter preliminar do plano básico de investimentos vincula a administração
a prorrogar o contrato;
b) a alternativa adotada guarda correspondência com o PDZ e demais instrumentos de
planejamento do porto; e
c) existem estudos, projeções e avaliações indicando que a não prorrogação do contrato gera
resultados mais vantajosos para o interesse público, com a indicação de eventuais alternativas
para a transição.
4. Em relação ao item “a”, a instrução anterior concluiu que a prorrogação do contrato não é
direito subjetivo do arrendatário, mas está condicionada ao atendimento do interesse público,
ainda que tenham ocorrido etapas administrativas preliminares, com a aprovação de plano de
investimento apresentado pelo postulante.
5. No tocante ao item “b”, a instrução propôs realizar a oitiva do Ministério da Infraestrutura e
da Autoridade Portuária de Santos a respeito da previsão da elaboração e publicação do novo
PDZ, bem como se tal Plano terá previsão de compatibilização com as políticas de
desenvolvimento urbano e regional. Propôs, ainda, perquirir de que forma ocorrerá a
participação da comunidade portuária no processo de construção do novo planejamento, uma
vez que não há qualquer previsão nesse sentido na recém editada Portaria 61/2020.
6. No que diz respeito ao item “c”, a instrução propôs realizar a oitiva do Ministério da
Infraestrutura e da Autoridade Portuária de Santos para que apresentem a fonte dos recursos dos
investimentos pretendidos para a malha ferroviária do Porto de Santos, os quais justificariam a
decisão de não prorrogar o contrato de arrendamento em questão, bem como se há previsão para
a contratação do futuro operador ferroviário e também para a transição contratual da área
atualmente ocupada pela Marimex.
7. Assim, a instrução de peça 97 propôs:
[...] realizar a oitiva da Secretaria Nacional de Portos e Transporte Aquaviário do Ministério da
Infraestrutura (SNPTA) e da Autoridade Portuária de Santos (SPA), para que, no prazo de
quinze dias, informem:
a) a previsão de conclusão e publicação do novo PDZ de Santos, bem como se tal Plano terá
previsão de compatibilização com as políticas de desenvolvimento urbano (município de
Santos) e regional (Baixada santista);
b) de que forma ocorrerá a participação da comunidade portuária no processo de construção do
novo planejamento;
c) qual a fonte dos recursos dos investimentos pretendidos para a malha ferroviária do Porto de
Santos, os quais justificariam a decisão de não prorrogar o contrato de arrendamento da empresa
Marimex;
d) a eventual previsão para a contratação do futuro operador ferroviário da malha do Porto de
Santos; e
e) a previsão para a transição contratual da área atualmente ocupada pela Marimex.
8. Anuída pelas instâncias superiores (peças 98-99), a medida preliminar se concretizou por
meio dos ofícios 35006/2020-TCU/SEPROC e 35007/2020-TCU/SEPROC, enviados à SNPTA
e à SPA, respectivamente (peças 105-106).
9. Nova instrução, acostada à peça 157, foi enviada à Secretaria Nacional de Portos e
Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura (SNPTA/Minfra), em observância ao
art. 14 da Resolução-TCU 315/2020 (peças 160 e 162).
10. A Abratec solicitou cópia integral do processo, em especial da instrução juntadas aos autos
em 18/8/2020 (peça 161). Despacho da Unidade Técnica propôs ao Ministro Vital do Rêgo que
fosse indeferida cópia das peças não sigilosas do TC 018.681/2020-4 até que o pronunciamento
de mérito da Unidade Técnica fosse encaminhado ao Ministro Relator (peça 163).
11. A SNPTA/Minfra apresentou resposta em 24/8/2020 (peças 165-172).
EXAME TÉCNICO
Argumentos apresentados pela SNPTA e pela SPA
12. A Nota Técnica 9/2020/DGCO /SNPTA, de 15/7/2020 (peça 148), aduziu os seguintes
argumentos em relação aos questionamentos levantados, e foi assinada conjuntamente por
técnicos da SNTPA e da SPA:
a) previsão de conclusão e publicação do novo PDZ de Santos, bem como se tal Plano terá
previsão de compatibilização com as políticas de desenvolvimento urbano (município de
Santos) e regional (Baixada santista); e
b) de que forma ocorrerá a participação da comunidade portuária no processo de
construção do novo planejamento
13. A Secretaria Nacional de Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura
(SNPTA) apresentou o passo a passo do processo de elaboração do PDZ do Porto de Santos,
destacando que na terceira etapa foram realizadas consultas aos diversos atores instalados no
Porto para identificar, sob a ótica dos operadores, os gargalos por tipo de carga, validar
premissas de projeções de carga e de capacidades. Essa etapa foi considerada pela SNPTA o
momento inicial da participação da comunidade portuária na elaboração do PDZ.
14. A Secretaria alegou que o PDZ foi amplamente debatido com a comunidade portuária e
sociedade civil. Durante a fase de validação de premissas de projeção, aproximadamente 20
empresas teriam sido consultadas (players do setor). E durante a apresentação dos resultados do
PDZ e zoneamento proposto, destacando-se as impressões sobre os resultados e necessidades de
cada classe, informou que aproximadamente 35 empresas e entidades teriam sido consultadas
(peça 148, p. 3).
15. Consignou que a Lei 12.815/2013, o Decreto 8.033/2013 e a Portaria SEP 61/2020, ao
tratarem sobre o PDZ, não exigiram a realização de consulta ou audiência pública. Frisou que a
empresa Marimex faz parte de pelo menos três associações (SOPESP, ABTRA e ABTP) que
teriam participado de reuniões para apresentação do PDZ.
16. Destacou que seria injustificada qualquer argumentação de que a destinação da área para
uma nova tipologia de carga e para a implantação da pera ferroviária seja novidade ou que não
tivesse ocorrido debates sobre o tema.
17. Acrescentou que a Marimex, antes das reuniões para apresentação do PDZ, já estaria ciente
de que a Administração Pública planejava outra destinação à área que lhe foi arrendada, sendo
descabida a alegação de que fora surpreendida com a decisão de não renovação do Contrato de
Arrendamento DP 16.2000.
18. Aduziu que as ações propostas no PDZ visariam promover uma interação mais harmônica
com os munícipes, como por exemplo a concentração de terminais com atividade similares em
uma mesma região (clusterização), o que permitiria melhor gerenciamento de planos de
atendimento a emergências, bem como possibilitaria à Autoridade Portuária elaborar soluções
específicas para cada área e tipos possíveis de contingência. Haveria, ainda, o redirecionamento
de veículos pesados para bairros menos adensados localizados na entrada do município de
Santos, reduzindo a circulação de caminhões de grande porte nas vias internas do município,
reduzindo a poluição e o transtorno causado ao trânsito local.
19. O PDZ proporia a eliminação de passagens em nível, por meio da construção de viadutos, e a
supressão do cruzamento de pedestres, por meio da implantação de passarelas, reduzindo-se a
poluição sonora e o risco de atropelamentos.
20. As propostas de deslocamento dos terminais de contêineres de áreas altamente adensadas e
as melhorias na malha ferroviária interna do Porto de Santos levariam em conta os prognósticos
do Plano Nacional de Logística Portuária (PNLP) e do Plano Mestre, e a relação porto-cidade.
21. Frisou que a Constituição Federal atribuiu à União Federal competência privativa para
legislar sobre regimento dos portos (art. 22, inc. X), de modo que o zoneamento municipal não
constituiria impedimento às alterações de zoneamento portuário.
22. A SNPTA informou que, a partir de dados da Cetesb, as principais fontes de poluentes
acostada à peça 95, por meio da qual alegou ser uma entidade civil que congrega todas as
concessionárias privadas de ferrovias de carga que operam a malha brasileira. Discorreu acerca
da capacidade da malha ferroviária e da previsão de investimentos e expansão para os próximos
anos. Acrescentou ser necessária a ampliação da capacidade do Porto de Santos e sua
otimização para que não se torne um gargalo indesejado no escoamento de produtos e cargas
(peça 95, p. 5).
45. Discorreu acerca da operação ferroviária dentro do porto organizado, destacando que a
extensão da malha portuária é de 100 quilômetros, movimentando 27% das cargas do Porto.
Elencou problemas atuais da malha interna, como necessidade de diversas manobras e
fracionamento, além da existência de terminais não atendidos pela ferrovia (peça 95, p. 7).
46. Ressaltou que a Pera Ferroviária de Outeirinhos, conjugada com outras obras, aumentará a
capacidade de recepção de cargas. Ademais, as composições que atualmente retornam vazias
passarão a retornar com fertilizantes.
47. Em 2019 o Porto movimentou por meio das ferrovias 41,8 milhões de toneladas. Com a
projeção das demandas e capacidade, e considerando a renovação da Malha Paulista, MRS e
FCA, a movimentação ferroviária dentro do porto poderá atingir 86 milhões de toneladas (peça
95, p. 8).
48. Em 2019 aprovou-se novo Plano Mestre para o Porto de Santos. Alinhado a este, elaborou-se
novo PDZ, com a clusterização de áreas do porto. A movimentação de cargas em 2019 foi de
130 milhões de toneladas. A projeção para 2040 é de 215 milhões de toneladas.
49. O investimento para melhoria da ferrovia refere-se a um conjunto de investimentos para
ampliação e otimização de todo o porto e não apenas a construção da pera ferroviária de
Outeirinhos (peça 95, p. 11).
50. O debate para a construção da pera ferroviária teve início há mais de 10 anos. Trata-se de
tema amplamente estudado e debatido. A implantação da pera permitirá a circulação de trens em
sistema praticamente fechado, reduzindo a necessidade de fracionamento das composições e do
número de manobras. As obras devem ser executadas em, no máximo, 3 anos (peça 95, p. 12).
51. A ampliação da capacidade ferroviária proporcionará o funcionamento mais eficiente do
terminal e o frete de retorno associado à exportação de granéis sólidos vegetais. A ampliação é
considerada nas novas licitações de terminais portuários do STS14 e STS14A, com fundamento
no Plano Mestre vigente. Assim, as melhorias atendem ao interesse público, tanto pelo
alinhamento com as políticas públicas federais de fomento do setor ferroviário quanto pelos
ganhos de eficiência da logística nacional (peça 95, p. 13).
52. Por fim, a ANTF espera que seja reconhecida a necessidade de realização de investimentos
ferroviários no Porto de Santos, inclusive com a implantação da pera ferroviária na região de
Outeirinhos (peça 95, p. 14).
53. Em 30/7/2020 a ABRATEC solicitou cópia das peças juntadas ao processo após 24/7/2020
(peça 151). Em 3/8/2020, a Central de Atendimento ao Cidadão do TCU forneceu cópia
criptografada dos autos, TC 018.681/2020-4 (peça 156).
54. A ABRATEC informou que em 28/7/2020 o Desembargador Carlos Augusto Pires Brandão,
relator do Agravo de Instrumento 1022420-16.2020.4.01.0000, revogou cautelar que impedia a
conclusão do PDZ do Porto de Santos (peça 152, p. 1). Juntou a decisão (peça 153).
55. Destacou a necessidade de revogar, de imediato, a medida cautelar concedida pelo Acórdão
1200/2020-Plenário, e informou a conclusão do PDZ, publicado no Diário Oficial da União em
29/7/2020 (peça 152, p. 3). Tal plano impede a prorrogação do contrato da Marimex por
incompatibilidade do pleito com o planejamento setorial. Relembrou a necessidade de se
construir uma pera ferroviária na área atualmente ocupada pela Marimex, a fim de viabilizar
ganhos de capacidade (peça 152, p. 4). Juntou o PDZ do Porto Organizado de Santos (peças
154-155).
Análise da SeinfraPortoFerrovia
56. Inicialmente, cabe registrar que a Portaria-Minfra 1.620/2020, de 28/7/2020, que aprovou o
novo Plano de Desenvolvimento e Zoneamento (PDZ) do Porto de Santos, foi publicada no
Diário Oficial da União em 29/8/2020 (https://www.in.gov.br/web/dou/-/portaria-n-1.620-de-
28-de-julho-de-2020-269159201). As respostas apresentadas pela SNPTA, respaldada com os
registros de reuniões com representantes de diversos segmentos atuantes no complexo portuário
(peças 116 a 138), permitem concluir com houve discussão a respeito do planejamento do setor
com os principais interessados. Dessa forma, considera-se elididos os apontamentos referentes a
essa questão.
57. Quanto à compatibilização do referido Plano com as políticas de desenvolvimento urbano e
regional, não ficou evidenciado pelos respondentes que tenha havido escuta ou tentativa de
composição junto a representantes dos municípios e das comunidades diretamente afetadas pela
atividade portuária na Baixada Santista. Embora, como ressaltado pela SNPTA, a Constituição
Federal tenha atribuído privativamente à União legislar sobre o regime dos portos (art. 22,
inciso X da CF/1988), entende-se que o planejamento particularizado de cada porto não pode se
descuidar dos impactos gerados na vida citadina circundante, sob pena de infringência ao
interesse público, objetivo supremo da Administração.
58. Não obstante a falta de comprovação de atendimento às demandas locais, pode-se inferir que
os gestores consideraram, ainda que parcialmente, as externalidades negativas da movimentação
portuária nas áreas adjacentes, bem como buscaram atenuar alguns dos conflitos que afligem a
população da cidade de Santos. Entende-se, portanto, que o apontamento inicial a respeito dessa
questão foi mitigado.
59. Em relação à fonte de recursos para a implantação da pera ferroviária planejada,
resumidamente, o Ministério afirmou que os investimentos deverão ser rateados pelos usuários,
conforme a movimentação de cargas de cada um, à exceção dos valores passíveis de
individualização para usuários específicos, os quais seriam desconsiderados do valor do rateio
geral e direcionados para pagamento daquele que deu ensejo ao gasto.
60. No caso de investimentos nas vias de acesso aos clientes (interna às áreas de arrendamentos),
a responsabilidade dos investimentos seria dos arrendatários das áreas que receberiam as linhas
ferroviárias para movimentação de suas cargas.
61. Quanto ao futuro operador ferroviário da malha do Porto de Santos, a SNPTA e a SPA
propuseram novo modelo econômico-regulatório a ser adotado ante a provável extinção
antecipada do Contrato DP/25.2000, celebrado entre a SPA e a Portofer Transportes
Ferroviários Ltda. No entanto, informaram que tal modelo ainda será debatido em audiência
pública, prevista para ocorrer daqui a 5 meses (peça 148, p. 9).
62. A modelagem preliminar de contratação que se pretende adotar encontra-se na Nota Técnica
8/2020/DGCO /SNPTA, de 12/7/2020 (peça 139). Tal proposta contemplaria a infraestrutura
explorada pela Portofer (peça 139, p. 1).
63. A Nota consignou que a infraestrutura de acesso ferroviário ao Porto de Santos, ao invés de
um ambiente calcado na competição, fundada no binômio escassez/exclusividade, deveria
representar uma convergência cooperativa de interesses, em benefício de todos os agentes
envolvidos no ecossistema portuário santista, mediante a atração de robustos investimentos,
articulados sob um regime de não-lucratividade, amplo acesso e governança transparente e
aberta, buscando-se a construção de um ambiente de não-rivalidade e não-exclusividade, no
qual a oferta de um monopólio se mostraria inviável e indesejável. (peça 139, p. 10).
64. Acrescentou que a inserção de um novo agente na parte final da malha logística ferroviária
que chega ao Porto de Santos poderia possibilitar que o titular da parte residual da malha
nacional, sujeito a baixíssimos riscos de engenharia e implementação, sem nenhum incentivo
para a captação de novas cargas, tomasse decisões que vinculem as atividades dos agentes que
se comprometem a investir na malha que atualmente se conecta ao Porto de Santos (peça 139, p.
10).
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65. Assim, a Nota sustentou que a assunção do sistema ferroviário interno ao Porto de Santos
por terceiro dissociado das operações logísticas conduzidas no complexo portuário poderia
eventualmente produzir incentivo à captura de “last mile profits”, ou seja, lucros
extraordinários decorrentes da posição dominante própria à malha ferroviária próxima ao porto
de Santos, extraindo-se rendas tanto dos produtores, donos das cargas movimentadas quanto dos
terminais localizados no Porto, desincentivando a utilização do modal ferroviário (peça 139, p.
11).
66. A Nota consignou que a competição no desvio ferroviário santista não configuraria a melhor
solução para a gestão da infraestrutura de acesso ferroviário ao Porto de Santos, visto que o
último trecho da malha não poderia ser visto, isoladamente, como fonte de receitas e
remuneração de capitais privados, capturando todo o valor dos trechos anteriores (ferrovias) ou
posteriores (terminais portuários).
67. Asseverou que dadas as características jurídico-econômicas da infraestrutura de acesso
ferroviário ao Porto de Santos, seria possível concluir que o arranjo jurídico a ser adotado deve
observar os princípios da associatividade e colaboração (peça 139, p. 12, item 73).
68. Destacou que, contrariamente à atual dinâmica do contrato DP/25.2000, titulado por uma
sociedade limitada com baixo padrão de governança corporativa, seria desejável que o modelo
de gestão do acesso ferroviário ao Porto de Santos cristalizasse dinâmica com elevados padrões
de governança, como a independência da administração da Sociedade de Propósito Específico
(SPE), entre outros pontos (peça 139, p. 13).
69. Devido à natureza do ativo em comento, deveria haver vedação expressa de que a SPE
cobrasse qualquer espécie de tarifa que remunere seu capital ou que contenha qualquer espécie
de escopo lucrativo, devendo apenas promover o rateio dos custos associados à gestão da malha,
incluindo a amortização dos investimentos realizados.
70. No entendimento da SNPTA, deveria ser incentivado que as concessionárias ferroviárias
participassem da governança interna da SPE. Os operadores ferroviários deveriam ter livre e
amplo acesso na gestão ferroviária santista (peça 139, p. 14).
71. A Secretaria enumerou também alguns dos cuidados a serem tomados: a) adotar
instrumentos para evitar vantagens extraordinárias auferidas pelos operadores da malha santista,
visando-se o rateio proporcional conforme movimentações efetivamente realizadas, coibindo
comportamentos oportunísticos (free riding); b) impedir a obtenção de receitas extraordinárias
pelo “sobreinvestimento” na malha santista; c) impedir a captura de “margens ocultas” no
trecho final de Santos, por meio da transparência dos custos e da disputa de margens nos centros
produtores; d) evitar que a gestora da malha priorize as próprias cargas, em detrimento de
cargas de terceiros; e) exigir investimentos compulsoriamente; f) permitir o ingresso de
empresas envolvidas no setor ferroviário dentro do capital da SPE, desde que credenciadas
perante à ANTT; g) garantir a oferta, franco acesso à malha santista e compliance antitruste
(peça 139, p. 14-16).
72. Nota-se, assim, que o Ministério descreveu as características desejáveis que eventual
operador ferroviário da malha do Porto de Santos deverá possuir, sem que haja atualmente
qualquer previsão para a contratação, conforme demandado na oitiva encaminhada.
73. De modo análogo, mencionou que os investimentos deverão ser rateados pelos usuários, sem
nominar claramente quem seriam esses agentes, se está se referindo aos terminais portuários ou
aos operadores ferroviários, bem como não especificou de que forma ocorrerá esse rateio. Por
fim, não foi apresentada na resposta à oitiva qualquer definição acerca da transição contratual da
área ocupada atualmente pela Marimex.
74. Portanto, pode-se concluir que até o momento não há transparência por parte da SNPTA e da
SPA sobre quem arcará com os custos da pretendida remodelação da infraestrutura ferroviária
do Porto de Santos, de que forma esses valores seriam cobrados dos usuários e repassados ao
responsável pela obra, tampouco quem será o operador da malha interna, em substituição à
Portofer, a qual, conforme reconhecido pelos próprios gestores, vem operando com baixos
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d) Nos termos do art. 8º da Resolução-TCU 315, de 2020, fazer constar, na ata da sessão em que
estes autos forem apreciados, comunicação do relator ao colegiado no sentido de monitorar a
recomendação contidas no item “c”.
e) Arquivar os autos, com fundamento no art. 169, inciso V do RITCU.
É o Relatório.
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