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Universidade federal do Amapá –Unifap

Licenciatura em História

Disciplina: História Medieval

Professor doutor Dorival da Costa dos Santos

Discentes: Paulo Victor da Graça Batista (2020010966), Ramiro Queiroz Dias Jr


(2020010895), Riquelme Miranda dos Santos (202000614)

Turma: 2020.2

Considerações Iniciais

O presente trabalho tem por objetivo analisar de uma forma diacrônica os eventos
históricos, possibilitando a compreensão das estruturas das sociedades medievais. Logo,
faz-se necessário observar o estamento, uma vez que, não ocorre ascensão social
perpetua as discrepâncias, no qual os opressores mantêm seu poder sobre os oprimidos.

Nesse contexto, a sociedade está dividida em quatro estamentos: O rei, clero,


nobreza (que obtém privilégios) e o camponês, que concentra a maior parte da
população, desprezada, pobre, utilizando do trabalho braçal nos feudos para sua
subsistência.

A seguir, será abordado a diferença social que se tem dentro dos grupos sociais, e
como isso se torna um fator potencial para a morte de milhões de pessoas com a
chegada da peste bubônica, visando salientar a higiene dos tempos medievais.

A estrutura das sociedades medievais:

Dentro do sistema feudal cada estamento exercia sua função social, no qual estão
o clero, nobreza e o clero. Segundo Jaguaribe, em sua síntese de pensamento haviam
“Os que rezavam (oratores), os que lutavam (Bellatores) e os que trabalhavam
(laboratores)”, cada estamento prestava serviços indispensáveis umas às outras.
O clero estava no topo do triângulo, no qual estavam os homens da igreja, que
desempenhavam um papel de suma importância nesse recorte temporal. A idade média
deu lugar ao teocentrismo, sua tradução do grego é “Deus como centro do mundo”,
ocorrendo uma mudança política, desde a legitimação dos reis que, seu poder advinha
de Deus, social e econômica. O mundo medieval estava sob o domínio da igreja, logo,
os membros dessa instituição exerciam até mesmo o poder maior que a nobreza.

A nobreza era composta por reis, cavaleiros, senhores feudais, e sua função era
voltada para a proteção do clero e do povo, além disso, era da alta nobreza que eram
escolhidos os membros da corte. De modo geral, esse estamento tinha regalias do rei
como pensões e isenções de impostos, tornando ainda mais importante o papel do
último estamento, que era composto por camponeses que tinham como obrigação o
trabalho nos campos feudais para gerar a estabilidade dos estamentos.

Por último, está o camponês, que desempenhava o papel mais árduo e mais
importante dentre os citados anteriormente, pois, sem esse estamento jamais seriam
mantidas as regalias das elites, era o grupo social oprimido que servia de base da
sociedade feudal, realizavam todo o trabalho agrícola que sustentou por muito tempo os
feudos. Logo, o camponeses além de trabalhar nos campos do senhor feudal produzindo
para o mesmo, tinha que produzir também para sua subsistência, não satisfeito, o dono
exigia parte da produção do servo e dentre outras taxações que eram chamadas
obrigações feudais.

Nesse sentido, percebe-se que o sistema feudal não permitia que o último
estamento tivesse meios para melhorar sua vida, e os fatores políticos do clero com o
ideal teocêntrico possibilitaram a falta de higiene dentro da sociedade, e com a vinda de
uma bactéria que é encontrada em pulgas que ficam em ratos contaminados que
entrando em contado com o ser humano ocorre a contaminação, gerando uma das
pandemias que entraram para a História como a que até o momento tem o maior
percentual de vítimas.

A insalubridade dos tempos medievais e a vinda da peste bubônica

O Clero era o estamento que obtinha o maior poder dentre os grupos sociais, e
como no período era a crença que estava acima da ciência, foi espalhado que o banho
enfraquecia o corpo, os músculos e gerava doenças. Assim, foi difundido que a sujeira
era benéfica à saúde, médicos diziam que a água abria os poros da pele que possibilita a
proliferação de doenças nos indivíduos, e para ser uma pessoa limpa segundo eles,
bastava lavar as mãos e o rosto.

Além disso, o clima frio e a falta de saneamento básico, e a água sendo


considerada maléfica à saúde contribuíram para que não existissem condições
favoráveis de vida e de higiene e básica, foram estes fatores que possibilitaram a vinda
da pandemia da peste bubônica, que ficou popularmente conhecida como “peste negra”,
em meados do século XIV, porque ela causava manchas negras na pele das pessoas,
fruto das infecções.

A peste bubônica causou a morte de aproximadamente um terço da população


europeia morta, afetando diretamente a mão de obra e possibilitando maiores opressões
dos senhores feudais sobre os servos que trabalhavam nos campos, e isso levou a
diversas revoltas camponesas, no qual destacam-se jacquerie (1358) e a revolta
camponesa de 1381. Ambas revoltas reivindicavam mudanças urgentes na sociedade
por conta da devastação da peste, os líderes revoltosos foram derrotados por membros
da nobreza, mas, mesmo com a derrota, isso possibilitou o enfraquecimento ainda maior
do sistema feudal.

O Início Da Crise Do Feudalismo

Diversos fatores contribuíram para a crise do sistema feudal vigente nos tempos
medievais, tais como, as guerras, a fome, e sobre tudo a peste, e podemos dizer que este
último afetou de forma significativa dada a insuficiente produção agrícola e a
estagnação do comércio, a fome se alastrou pela Europa, a desnutrição e as más
condições de higiene propiciaram a ocorrência de sucessivos surtos epidêmicos da
peste, Conforme afirma FRANCO JUNIOR “Como todas as demais manifestações da
crise geral do Feudalismo, a peste deve ser vista como um fator interno a ele.” (O
feudalismo, 1991, p. 81).

A Peste Bubônica matou diversas pessoas que mantinham “a roda do feudalismo”


girar, agravaram-se as contradições entre o campo e a cidade, a produção agrícola não
respondia às exigências das cidades em crescimento. Nos séculos XI, XII e primeira
metade do século XIII, a utilização de novas terras e as inovações técnicas permitiram
uma ampliação da produção, mas na última década do século XIII já não restavam terras
por ocupar, e as utilizadas estavam cansadas, gerando uma baixa produtividade. As
inovações técnicas anteriores já não respondiam às novas necessidades no período em
que os feudos concentravam a maior parte das atividades, tudo girava em torno do
trabalho agrícola.

Transição do Feudalismo para o Capitalismo

A partir do século XIV, o sistema feudal entrou em profunda crise no século XIV
em razão de fatores como a ascensão da burguesia nas cidades medievais, que passaram
a ter uma intensa movimentação comercial nesse período com mais rapidez em algumas
regiões e menor em outras, as obrigações feudais foram se extinguindo. A nova
configuração mudou não somente os vínculos de trabalho, mas todas as relações sociais
e mudança das relações econômicas.

O processo de urbanização que gerou a expansão do comércio, promoveu novas


relações de trabalho, como o regime assalariado e, principalmente, o surgimento de uma
nova camada social chamada burguesia. Essas mudanças ocorreram, em grande parte,
nas regiões da Europa Ocidental, que aderiram com mais facilidade às transformações
relacionadas ao aumento das atividades comerciais e ao aumento populacional.

As mudanças econômicas no lado Ocidental se deram em razão da pouca terra


disponível e da alta densidade demográfica, que eram características menos propícias
para as relações feudais e mais favoráveis para o desenvolvimento do comércio. Assim,
diante das poucas terras disponíveis nessas regiões, o comércio tornou-se uma
alternativa econômica para os burgueses em relação à comercialização de produtos
manufaturados, uma vez que o crescimento urbano aumentou o número de mercados
consumidores.

O aumento das atividades comerciais contribuiu para a utilização da moeda na


economia e para o aumento da produtividade, visando uma maior margem de lucros. O
espírito empreendedor influenciou as relações comerciais rumo a mudanças econômicas
mais profundas, que foram dando origem ao capitalismo, que tinha por objetivo
o aprimoramento nas técnicas de produção, a organização do trabalho e a ampliação dos
negócios. Assim se deu origem às práticas capitalistas que introduziram novas relações
econômicas, gerando mais mudanças e mais transformações a partir do século XII, que
impulsionou a passagem da Idade Média para a Idade moderna.
REFERÊNCIAS

 BRASIL ESCOLA. A sociedade estamental: as funções de cada estamento.


Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/sociologia/a-sociedade-estamental-as-
funcoes-cada-estamento.htm. Acesso em: 12 out. 2021.
 EDUCA + BRASIL. CRISE DO FEUDALISMO. Disponível em:
https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/crise-do-feudalismo. Acesso em: 5
out. 2021.
 EDUCA + BRASIL. Fase da História que vai da Alta Idade Média até a Idade
Moderna. Disponível em: https://www.educamaisbrasil.com.br/enem/historia/historia-
medieval. Acesso em: 12 out. 2021.
 FRANCO JUNIOR, Hilario. O Feudalismo. 4. ed. São Paulo: Brasiliense, 1983.
p. 79-81.
 HISTÓRIA DO MUNDO. Transição do Feudalismo para o Capitalismo.
Disponível em: https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/transicao-
feudalismo-para-capitalismo.htm. Acesso em: 5 out. 2021.
 HOBSBAWM, Eric; DOBB, Maurice.  Do feudalismo para o capitalismo. In:
SWEEZY, PAUL et al. (Aut.). A TRANSIÇÃO DO FEUDALISMO PARA O
CAPITALISMO: Um Debate. Tradução: Isabel Didonnet. 5 ed. v. 18, Rio de Janeiro:
Paz e Terra, 1977. p. 201-209, Título original: The transition from Feudalism to
Capitalism. ISBN: 85-219-0447-9.
 MUNDO EDUCAÇÃO. Servos. Disponível em:
https://mundoeducacao.uol.com.br/historiageral/servos.htm. Acesso em: 1 out. 2021.
 PREPARA ENEM. Crise do sistema feudal. Disponível em:
https://www.preparaenem.com/historia/crise-sistema-feudal.htm. Acesso em: 5 out.
2021.
 SUPER INTERESSANTE. Como eram os hábitos de higiene na Idade Média.
Disponível em: https://super.abril.com.br/historia/medieval-mas-limpinho/. Acesso em:
1 out. 2021.
 SÓ HISTÓRIA. Dicionário de História. Disponível em:
https://www.sohistoria.com.br/dicionario/palavra.php?id=98. Acesso em: 12 out. 2021.

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