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4.

PROCEDIMENTO ADOTADO
Esse trabalho foi realizado em uma indústria metalúrgica de médio porte, com 3.950 m2
de área construída, localizada no Nordeste do Estado do Rio Grande do Sul e cujas
atividades estão classificadas como grau de risco 3. O modelo dos protetores auriculares
que os trabalhadores utilizam a empresa é do tipo plug, de inserção, com quatro abas de
silicone, ligados por uma corda de algodão. O número do CA é 5362, com atenuação de
25,1 dB para frequências de 125 Hz e chegando a valores de 47,3 dB para frequências de
8000 Hz.
As medições foram realizadas durante o turno diurno nos setores de preparação dos
materiais, montagem interna, solda, limpeza, pintura e almoxarifado. Foram selecionados
qualitativamente os pontos de medição em que os trabalhadores ficam mais próximos aos
equipamentos que geram ruído, com o microfone mantido na posição de 70o em relação
à fonte sonora e próximo ao ouvido do trabalhador, com leituras efetuadas no circuito de
compensação “A” e circuito de resposta lenta (Slow). Conforme pode ser verificado no
Quadro 1, existem diferentes recomendações de metodologia com relação aos parâmetros
e limites dos níveis de ruídos avaliados, que dependem da finalidade da aplicação. Como
o objetivo principal desse trabalho é verificar o conforto acústico, seguiu-se o que
estabelece a NR17.

A NBR 10151 (ABNT, 2000) recomenda a determinação do nível sonoro equivalente


(Leq) para ambientes que apresentam grande variação os níveis ao longo do tempo, bem
como determina as condições para a instalação do aparelho de medição.
Quando a exposição ao ruído é composta de dois ou mais períodos de exposição de
diferentes níveis, devem ser considerados seus efeitos combinados, sendo que os mesmos
podem ser obtidos com maior precisão utilizando-se o dosímetro, que é um instrumento
capaz de fornecer o nível equivalente de ruído.
Segundo Grandjean (1998), esse indicador consiste na mais importante medida para a
caracterização da carga sonora. O Leq apresenta a exposição ocupacional ao ruído durante
o período de medição e representa a integração dos diversos níveis instantâneos de ruído
ocorridos nesse período. Com isso, o efeito perturbador do ruído intermitente é
comparado ao efeito de um nível sonoro constante no espaço de tempo analisado.
Em cada ponto de coleta foram realizadas duas medições com duração de quatro horas
(metade da jornada de trabalho), sendo a temperatura ambiente de aproximadamente
34oC. Todas as medidas foram realizadas com tempo ensolarado e a umidade relativa do
ar entre 65% e 80%.
De acordo com Saliba (2000) a dosimetria pode ser feita em parte da jornada de trabalho
quando o ciclo de trabalho se mostra regular e se repete durante todo o período. As
medições foram efetuadas nas segundas e quartas-feiras, totalizando um mês de medição.
Foi elaborado um questionário objetivo, com questões de múltipla escolha relacionadas à
história ocupacional de exposição ao ruído e dados sobre o estado geral de saúde do
trabalhador. O mesmo está descrito no apêndice A e foi baseado no questionário proposto
por Silva (2006).
O trabalho teve como objetivo avaliar 100% dos trabalhadores envolvidos no chão de
fábrica, totalizando 54 questionários, que foram respondidos fora do ambiente de
trabalho, de forma individual e sem a necessidade de identificação. Solicitou-se aos
funcionários que respondessem da forma mais sincera possível, possibilitando demonstrar
o sentimento do grupo com relação ao seu local de trabalho. As repostas similares foram
agrupadas e suas respectivas porcentagens foram calculadas. O equipamento utilizado
para a realização das medições foi um dosímetro da marca INSTRUTHERM, modelo
DOS-450, N° Série 030502969, O.S. N°53800. A escala de medição é de (40 a 140) dB,
detector RMS verdadeiro, escala de pulso de 63 dB. Microfone de 8 mm de alta
impedância. O aparelho segue as normas ANSI S1. 25-1991, ANSI S1 4-1983, IEC651-
1979 e IEC804-1985.
A calibração do equipamento é realizada periodicamente pelo laboratório de calibração
INSTRUTHERM, que contrata profissionais qualificados para tal tarefa, com a data da
última calibração em 05/10/2007. O procedimento de calibração usado foi o PCI-002-
Rev 0, através do processo de comparação com um padrão rastreado. A parametrização
do dosímetro foi realizada conforme padrões estabelecidos pela NBR 10151 (ABNT,
2000).
5. RESULTADOS DO ESTUDO DE CASO
5.1 Avaliação quantitativa
Os resultados obtidos através das medições dos níveis de ruídos nos diferentes setores da
indústria metalúrgica estão apresentados na Tabela 1.
Os valores destacados em negrito são os maiores resultados obtidos entre as duas
medições. Como a NBR 10152 (ABNT, 1987) não apresenta os níveis de ruído para as
atividades desempenhadas em pavilhão industrial, a NR17, no item 17.5.2.1, recomenda
que para as atividades que não apresentam equivalência ou correlação com aquelas
relacionadas na NBR 10152 (ABNT, 1987), o nível de ruído aceitável para efeito de
conforto será de até 65 dB (A).
A Figura 1 mostra os resultados das medições do ruído nos diferentes setores e o limite
aceitável para efeito de conforto acústico conforme a NR17.

Pode-se perceber que os níveis de ruído da grande maioria dos setores está acima do nível
estabelecido pela NR17, que é de 65 dB(A).
Além disso, foram constatados níveis de pressão sonora que ultrapassaram 100 dB(A), o
que é altamente prejudicial à saúde e à integridade física do ser humano que permanece
durante um longo tempo nesse ambiente. Os altos níveis de ruído são decorrentes das
diferentes atividades desempenhadas nos setores, em que as tarefas de corte, solda,
furação, limpeza, etc., geram atritos entre ferramentas e peças, resultando em ruídos
altíssimos.
5.2 Avaliação qualitativa
A Tabela 2 apresenta os resultados obtidos através dos questionários respondidos pelos
funcionários dos diferentes setores da indústria metalúrgica.

Entre os 54 trabalhadores entrevistados, 57,4% retornaram o questionário para a


compilação dos dados, como apresentado na Figura 2.

Dentre os temas abordados, os níveis de ruído inadequados para a atividade e a


dificuldade de comunicação obtiveram os maiores percentuais, uma vez que grande parte
dos trabalhadores acredita que estes itens são os que mais prejudicam o ambiente de
trabalho. Outros danos como dores de cabeça, zumbido no ouvido, perda de concentração
e influência sobre o humor, também foram associados aos elevados índices de ruído
percebidos pelos trabalhadores.
Percebe-se que, mesmo que o questionário apresente resultados subjetivos, 67% dos
trabalhadores entrevistados acreditam que o nível de ruído do ambiente de trabalho é
inadequado para a atividade, o que se confirmou através das medições.
QUESTIONÁRIO
1 – Com base no texto acima, responda as questões abaixo:
A). Qual a diferença entre avaliação qualitativa e quantitativa?
B). Com base no texto (aula 01 e aula 02), quais seriam as considerações finais sobre o
estudo? Quais recomendações poderiam ser feitas?

As respostas devem ser enviadas para o e-mail: sergioricardo.eng@gmail.com até a data


informada. Bons estudos.

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