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1. 1.

Introduçao

Neste capítulo é apresentada a origem da automação industrial e u m a série


histórica de fatos científicos e tecnológicos que contribuíram para
o atual nível de desenvolvimento da automação industrial.
Complementando o capítulo são apresentadas as classificações
relacionadas a automação industrial e uma breve discussão sobre a
relação automação industrial, o homem e a sociedade.

1. 1. 1. Automação x Mecanização
Automação é diferente de mecanização. A mecanização consiste
simplesmente no uso de máquinas para realizar um trabalho,
substituindo assim o
esf or ço f ís ico d o h omem . J á a au t omaç ão p os s ib il it a f az er u m t rab
al h o p or meio d e máquinas controladas automaticamente, capazes
de se auto regularem.

1. 1. 2. Conceito d e Automação
Au tom ação é u m sis t em a d e equ ip amen tos el et rôn icos e/ ou m ecân icos
qu e
cont rolam seu p róp rio funcionamento sem a intervenção do h omem.

1. 2. Desen vo l vi men to d a Aut o mação


As primeiras iniciativas do homem para m ecanizar atividades
manuais ocorreram na pré-história. Invenções como a roda, o
moinho movido por vento ou
f orç a an im al e as rod as d ’ águ a d emon str am a c riat ivid ad e d o h omem p
ar a p oup ar
esf or ço. P orém , a au tom ação s ó g an h ou d est aqu e n a socied ad e qu
and o o sis t ema
d e p rodu ç ão ag r ário e ar t esan al t r an s f orm ou - se em in du st rial , a p art
ir d a s egu nd a metade d o sécul o XVIII, inicialmen te n a In gl aterra.
Os sistemas in t eirament e au tomáticos su rg iram no início d o sécu l o XX.
En tr et ant o, b em an t es d is so f or am in v en t ad os d is p os it ivos s imp l
es e sem i-
aut omát icos. Por vol ta d e 1788, J am es W at t d esen vol veu u m m ecan
ism o d e r eg ul ag em d o fluxo de vapor em máquinas. Isto pode ser
considerado um dos primeiros sistemas
d e c on t r ol e c om r eal im en t aç ão. O reg u l ad or c on s ist ia n u m eixo ver
t ical com d ois
b r aços p r óxim os a o top o, t en d o em cad a ext r emid ad e u ma b ol a p es
ad a. Com iss o, a
máq u in a f un cion ava d e mod o a se r egul ar soz in h a, au tom at icam en t e,
p or meio d e u m equ il íb rio d e f or ças .
A p art ir d e 18 70, t amb ém a en erg ia el étr ica p assou a ser u til izad a e a
est im u l ar indú s t r ias c omo a d o aço, a qu ímic a e a d e m áqu in as-f er ram
en t a.
No séc u l o XX, a t ec n ol og ia d a au t omaç ão p as sou a con tar com
com p u tad ores, s erv om ecan ismos e c on t rol ad ores p r og r amáveis. O s
com p u tad ores são os al icerc es d e tod a a t ec n ol og ia d a au tom ação c on
t em p or ân ea. E n c on t r amos
exem p l os d e su a apl ic ação p rat ic amen te em t od as as ár eas d o con h
ecimen to e d a
at ivid ad e hu m an a.
A or ig em d o c omp u t ad or est á rel ac ion ad a à n ec ess id ad e d e aut om at
izar
cál cul os , evid en ciad a in ic ial m en t e n o u s o d e áb acos p el os b ab il ôn
ios, en t r e 2000 e
3000 a. C.
O marco seguinte foi a in venção da régua de cálculo e,
posteriormente, da
máquina aritmética, que efetuava somas e subtrações por
transmissões de
en g ren ag en s. G eorg e Bool e d esen vol veu a ál g eb ra b ool ean a, qu e con
tém os
p r in c íp ios b in ários , p ost erior men te apl icad os às op erações in t er n as d
e
com p u tad ores. Em 1880, Herm an Hol l er it h c riou u m n ovo mét od o, b
asead o n a u t il ização d e
car t ões p erf u r ad os, p ara au tom at izar al gu mas t ar ef as d e tab ul ação d
o cen s o n ort e-
amer ican o. O s res u l t ad os d o cen s o, qu e an tes d em or avam ma is d e
d ez an os p ar a ser em t ab ul ad os , f oram ob t id os em ap en as seis sem
an as! O êxito in ten sif icou o u so
3
desta máquina que, por sua vez, norteou a cr iação da máquina
IBM, bastante
p ar ecid a com o c omp ut ad or .

Herman Ho lle rith M áqui na IBM

Em 1946, f oi d es en vol vid o o p rim eir o com p u tad or d e g rand e p ort e,


com p l etam en t e el etr ôn ic o. O E n iac , com o f oi ch amad o, oc u p ava
mais d e 1 80 m² e
p es ava 30 ton el ad as . F u n cion ava c om vál vu l as e r el ês q u e con s u
m iam 150. 000
watts de potência para realizar cerca de 5.000 cálculos aritméticos
por segundo.Esta
in ven ção c arac t eriz ou o q u e ser ia a p rim eir a g eraç ã o d e q u e u til izava
t ec n ol og ia d e
vál vu l as el etr ôn ic as.

V álv ula E let ro ni ca O E niac

A s eg u nd a g er ação d e c om p u t ad or es é m arc ad a p el o u s o d e tr an s
is t ores .
Estes componentes não precisam se aquecer para funcionar,
consomem menos
energia e são mais confiáveis. Seu tamanho era cem vezes menor
que o de uma
vál vu l a, p ermit in d o qu e os c omp utad ores oc up as sem mu ito m en os
esp aço.

Em 197 5, s u r g ir am os ci rc u it os in t eg rad os em es c al a mu ito g ran d e


(VLS I). O s
ch amad os ch ip s c on st it u íram a q u art a g er ação d e comp u t ad ores qu
art a g er ação d e
com p u tad ores F or am en t ão c riad os os c omp utad ores p essoais , d e t am
an h o
reduzido e baixo custo de fabricação. Para se ter idéia do nível de
desenvolvim ento
d es ses com p ut ad ores n os úl tim os qu aren ta an os, enqu an to o En iac f az
ia ap en as 5
mil cál cu l os p or s egun d o, u m c h ip at u al faz 50 milh ões d e c ál c ul os n
o m es mo t em p o.
. 3. Out ras T ecn o l o g i as Rel aci o n ad as a Au t o mação
Em 1948, o am erican o Joh n T. P ars on s d es en vol veu u m m ét od o d e
emp r eg o
d e cart ões p erfu rados com in f ormações para con t rolar os mo viment os de
u ma
máq u in a- f err amen t a. Demon st rad o o in ven to, a F or ç a Aér ea p at r oc
in ou u ma s érie d e
projetos de pesquisa, coordenados pelo laboratório de
servomecanismos do Instituto
Tecnológico de Massachusetts (MIT). Poucos anos depois, o MIT
desenvol veu um
p r ot ót ip o d e u ma f r esad ora c om t r ês eix os d otad os d e s ervomecan
ismos d e p osiç ão.
A partir desta época, fabricantes de máquinas-ferramenta
começaram a
d es en vol ver p r oj et os p ar t icul ares . Es sa at ivid ad e d eu orig em ao com
an d o n u mér ico,
q u e impl em en t ou u ma f orm a p r og r amável d e au tom aç ão com p r oces
so c on t r ol ad o
p or n ú meros ,l et r as ou símb ol os. Com es se eq u ip am en t o, o M IT d esen
vol veu u ma
l ing u ag em d e p rog r am ação q u e au xil ia a en t r ad a d e coman d os d e tr
aj etór ias d e
ferramentas na máquina. Trata-se da linguagem APT (do inglês,
Automatically
Programmed Tool s, ou “F erramen tas Programadas Au t omat icamen te”).
O s r ob ôs (d o tch ec o rob ota, qu e sig n ific a “es cr avo, tr ab al h o f orç ad o”
)
su b st it u ír am a m ão- d e- ob r a n o tr an sp or t e d e mat eriais e em at ivid ad
es p er ig os as. O
rob ô p rog ramável f oi p r oj etad o em 1954 p el o americ an o G eor g e Devol , q
u e mais
t ard e fu nd ou a f áb rica d e rob ôs Un im at ion . P ou c os an os d ep ois, a G
M in st al ou rob ôs
em s u a l in h a d e p rodu ç ão p ar a sol d ag em d e carr ocer ias.

Imagem do ro bô R2D 2 Ro bô para so lda gem el étri ca

Ain d a n os an os 50, su rg e a id éia d a com pu t aç ão g r áf ic a in t er at iva: f


or ma d e
en t r ad a d e d ad os p or meio d e símb ol os g r áf icos com r esp ost as em t
emp o real . O
MIT produziu figuras simples por meio da interface de tubo de
raios catódicos
(idêntico ao tubo de imagem de um televisor) com um computador.
m 195 9, a G M com eçou a e xp l orar a c omp u taç ão g r áf ica. A d écad a d
e 196 0
f oi o p er íod o mais cr ític o d as p es q u isas n a ár ea d e c omp utaç ão g r áf
ica in ter at iva. Na
ép oc a, o g r and e p asso d a p esqu is a f oi o d es en vol vim en to d o sist em a
sk et ch p ad,
q u e tornou p ossível criar desenh os e al t eraçõ es de obj etos d e man eir a
in t erat i va,
num tubo de raios catódicos.
No in íc io d os an os 6 0, o t er m o C A D (d o in g l ês Com p ut er Aid ed D es
ig n ou
“Projeto Au xil iad o p or Comp u tad or”) começou a ser u t ilizado p ara ind
icar os
sis t emas g r áf icos or ien t ad os p ar a p r oj et os
Nos anos 70, as pesquisas desenvolvidas na década anterior
começar am a dar
frutos. Setores governamentais e industriais passaram a
reconhecer a importância
d a c ompu taç ão g r áf ica c omo f orma d e au ment ar a p r od ut ivid ad e.
Na d éc ad a d e 1980, as p es q u isas visar am à in teg ração e/ ou au t omat iz
açã o
d os d iversos el em en t os d e p roj eto e m anu f atu r a com o obj et ivo d e cr
iar a f áb ric a d o
futuro. O foco das pesquisas foi expandir os sistemas CAD/CAM
(Projeto e
Man u f at u r a Au xil i ad os p or Comp u t ad or ). Des en vol veu -se t am b ém
o m od el amen t o
g eom ét ric o t rid imen s ion al com ma is ap l icaç ões d e en g en h aria ( C AE
– En g en h aria
Au xil iad a p or Com p u t ad or ). Al gu n s exem p l os d es sas ap l icações s
ão a an ál ise e
sim u l ação d e m ecan ism os, o p roj et o e an ál is e d e in j eção d e mol d es e
a ap l ic ação
do métod o d os el emen tos finitos.
Hoj e, os con ceit os d e in t eg raç ão t ot al d o amb ien te p rodu t ivo com o u
so d os
sistemas de comunicação de dados e novas técnicas de
gerenciamento estão se
disseminando rapidamente. O CIM ( Manufatura Integrada por
Computador) já é uma
real id ad e.
Autom ação In dustri al

UFSM – CTISM – Prof . Rodri go Cardozo Fuentes

1. 4. Cl assi fi caçõ e s da Au t o mação


A au tom açã o p od e s er c l assif ic ad a d e acord o com s u as d iv er sas ár
eas d e
ap l icação. P or exemp l o: au t om ação b an cár ia, com erc ial , in du st r ial, ag
rícol a, d e
comun icações, t ransp ortes.
A automação industrial pode ser desdobrada em automação de
planejamento,
de projeto, de produção.
A au tom ação d e p rodu ção p od e ser cl as sif ic ad a t amb ém qu anto ao g rau
de
f l exib il id ad e. A f l exib il id ad e d e u m sis t ema d e au t om ação d e p rodu ção d
ep end e d o
tipo e da quantidade do produto desejado. Isto significa que quanto
mais variados
f orem os p rod u tos e m en or a s u a q u an t id ad e, m ais f l exí vel ser á o
s ist em a d e
au t om ação.

1. 4. 1. Cl assi f i caç ão d e t i p os d e p r oce ss o d e p r odu çã o e re sp ecti


v os sist e mas
de produçã o.

CATEGORIA DESCRIÇ ÃO
Processo de fluxo contínuo Sistema de produção contínua de
grandes
quantidades de produto, normalmente pó ou
líquido. Exemplo: refinarias e indústrias
q u ímicas.

Pr od u ção em m ass a ( ser iad a) Sis t ema d e p rodu ção d e u m p r odu t o c


om p ou c a
var iaçã o. E xem p l o: au t om óveis e
el et r od om ést ic os.

Pr od u ção em l otes Sis t ema d e p rodu ção d e u m a qu ant id ad e méd ia


de um produto que pode ser repetido
p er iod ic amen te. E xem p l o: l ivros e rou p as .

Produção individualizada
(ferramen t aria) Sis t ema d e p rodu ção f r eqü en te d e cad a t ip o d e
p r odu t o, em p ou ca qu an t id ad e. Exem p l o:
p r ot ót ip os , f err amen tas e d i sp osit ivos .
1. 5. Out ras Ap l i caçõ e s
O desenvolvim ento de elementos sensores cada vez mais
poderosos e o baixo
cu st o d o h ard war e com pu t ac ion al vêm p os sib il it and o apl icar a au tom
ação n u m a
vas t a g am a d e eq u ip am en t os e sis t emas . Por exem p l o:
- Produ t os d e con su mo el etroel etrôn icos, como vid eocassetes, tel
evisores e
mic roc omp u t ad ores.
- Carros com sist em as de inj eção microp rocessad a, q u e aumen t am o d
esempenho
e reduzem o consumo de combustível.
Indústrias mecânicas: Robôs controlados por computador,
CAD/CAM que
in t eg ram am b ient es d e p roj eto e m anu f atu r a.
- Bancos: Caixas automáticos.
- Comu n icaç ões: Ch aveamen t o d e c h am ad as t el ef ôn icas, c omun
icações via
satélite, telefon ia celul ar.
- Tran s p or t es: Con t rol e d e t r áf eg o d e veícu l os, s ist em as d e rad ar ,
p i l ot os
aut omát icos, sistemas au tomát icos d e segu ran ça.
- Medicina: Diagnóstico e exames.

1. 6. O Imp act o d a Au to mação n a S o ci ed ad e


O p r oces so d e au t omaç ão em d i versos s etor es d a ati vid ad e h u m an a t
r ou xe
u m a sér ie d e b en ef ícios à s ocied ad e. A au t om açã o g eral men te r ed u z
cu st os e
au m en t a a p rod ut ivid ad e d o tr ab alh o. A au tom ação p od e l ivrar os t rab
al h ad ores d e
ativid ad es mon ótonas, rep etitivas ou mesmo perigosas.
O esq u ad r ão an t i- b omb a d a p ol ícia am er ican a, p or e x emp l o, d isp
õe d e rob ôs
p ar a d et ec t ar e d esarm ar b omb as e r ed u zir r isc os d e acid en tes com
exp l os ões
inesperadas.
Ap esar d os b en ef ícios , o au men t o d a au t om ação vem c au s an d o t
amb ém
sér ios p rob l emas p ar a os t r ab al h ad ores :
- Aumento do nível de desemprego, principalmente nas áreas em
que atuam
p r of iss ion ais d e b aixo n ível d e qu al if icaç ão;
- A experiência de um trabalhador se torna rapidamente obsoleta;
- Muitos empregos que er am importantes estão se extinguindo: é
o que vem
ocorrendo com as telefonistas, perfeitamente substituíveis por
centrais de
tel efonia au tomáticas;
- Au men to d as au s ên c ias n o tr ab alh o, f alt a d e c ol egu ismo, al cool is
mo ou con s u m o
de drogas, que alteram o comportamento dos indivíduos no
ambiente de
t rab alh o. De cer t a f orm a, es s e p r oces so d e al ien ação d er i v a d o s en
t im en t o d e
su b mis são d o t r ab alh ad or à m áqu in a, d a f al ta d e d es af ios .
Esses prob l emas, n o en t an t o, p odem ser sol u cionad os com p rog
ramas
con tín u os d e ap rend iz ag em e r ecic l ag em d e t r ab alh ad ores p ar a n
ovas f u n ções.
Al ém disso, as indústrias de computadores, máquinas
automatizadas e serviços vêm
criando um número de empregos igual ou superior àqueles que
foram eliminados no
setor p rodu tivo.

1. 7. Co n cl u são
O universo da automação se expande em grande velocidade.
Devido
principalmente aos avanços da m icroeletrônica, eletrônica de
potência e da
in f or mát ic a. Cab e ao p rof is sion al d est a área o d esen vol vim en t o d a
visão
mu ltid iscipl in ar e d o con st an t e ap erf eiçoam en t o t ec n ol óg ic o. A val or
izaç ã o d o
conhecimento e da capacidade autodidata passam a ser
primordiais.

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