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A IMPORTÂNCIA DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS

1. Valorizando pessoas, não coisas. Paulo finaliza sua carta primeiramente recomendando a irmã Febe,
membro da igreja de Cencréia. Foi através dela que o apóstolo enviou sua epístola à igreja que estava em
Roma. A recomendação vem acompanhada de uma observação na qual Paulo reconhece o serviço prestado
por ela à igreja de Cencréia: “[...] A qual serve na igreja que está em Cencréia, para que a recebais no
Senhor, como convém aos santos, e a ajudeis em qualquer coisa que de vós necessitar; porque tem
hospedado a muitos, como também a mim mesmo” (Rm 16.1,2). Ela servia à igreja. O vocábulo servir,
usado aqui, traduz o termo grego diakonos, o que tem levado muitos comentaristas a acreditar que ela era
uma diaconisa da igreja. O fato é que o apóstolo pôs em evidência a função em vez do ofício. Infelizmente,
hoje as coisas estão invertidas. O que vale mais hoje são os títulos e os cargos ao invés do desempenho do
serviço cristão.
2. O valor das mulheres. Paulo fala de Priscila e Áquila, como tendo exposto suas vidas na causa do
Evangelho (Rm 16.3). Esse casal era judeu e havia sido expulso de Roma pelo imperador Cláudio. Agora
haviam voltado à capital do império. Outras referências ao mesmo casal são encontradas em Atos
18.2,18,26; 1 Coríntios 16.19 e 2 Timóteo 4.19. Duas observações são importantes na vida desse casal.
Primeiramente, Paulo sempre cita Priscila em primeiro lugar. Muitos comentaristas concordam que isso
tinha uma razão de ser. Priscila se destacava na obra do Senhor, sendo auxiliada por Áquila, seu esposo.
Quem não conhece uma irmã em Cristo que se destaca mais do que o esposo na causa do Mestre? Paulo
não cita apenas Priscila, mas cita outras mulheres de igual destaque. No versículo 6, ele menciona uma
mulher de nome Maria: “Saudai a Maria, que trabalhou muito por nós”. Pouco se diz dessa Maria, e o que
se sabe é que ela “trabalhou muito” na obra de Deus. Trabalhar aqui traduz o termo grego kopiao, que
significa trabalho voluntário. Maria se deu voluntariamente para a obra de Deus. Precisamos de mais
“Marias”. Que o Senhor envie mais “Marias” para a sua obra.
3. Irmandade e companheirismo. Na saudação seguinte, sentimos o peso que tinha a comunidade cristã
para Paulo e o valor do seu companheirismo (Rm 16.7,8). A igreja é o Corpo de Cristo. Ela é uma grande
família. Conscientizemo-nos da importância que tem a fraternidade cristã para a saúde da igreja.
Infelizmente a nossa espiritualidade segue mais um modelo de condomínio, onde ninguém conhece
ninguém, do que de uma casa de família, onde todos se conhecem e se relacionam.

AS AMEAÇAS ÀS RELAÇÕES INTERPESSOAIS


1. Individualismo. No meio das saudações, o apóstolo Paulo, de forma abrupta, põe uma advertência: “E
rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes;
desviai-vos deles” (Rm 16.17). Alguns comentaristas acham que esse versículo se encontra deslocado do
restante dos demais. Mas, a verdade é que ele está no lugar onde deveria estar. Paulo via como uma
ameaça a quebra da koinonia cristã. Portanto, era um perigo às relações interpessoais, o individualismo
daqueles que promoviam dissensões. Esse individualismo está caracterizado no fato de que eles serviam ao
seu próprio estômago ou ventre. Viviam para si mesmos. O faccioso geralmente é um indivíduo solitário
até o momento em que arregimenta outros para compartilhar do seu pensamento doentio. A igreja deve
observá-lo e afastar-se dele.
2. Sensualismo e antinomismo. Esses irmãos facciosos não apenas provocavam dissensões, mas também
promoviam escândalos (Rm 16.17). A maioria dos comentaristas são de acordo que Paulo tinha em mente
o movimento herético do primeiro século conhecido como gnosticismo. Era um movimento sectário, que
tinha como prática o sensualismo e o antinomismo. Em outras palavras, como viam a matéria como algo
ruim, não tinham apreço pelo corpo, já que este era material. Isso os conduzia a uma vida sensual. Por
outro lado, outra consequência desse entendimento errado, estava na troca da doutrina bíblica por “palavras
suaves e lisonjas” (Rm 16.18). Não havia regras para obedecer. Esse ensino de sabor adocicado, porém
falso, tinha a capacidade de atrair os incautos.
A FONTE DAS RELAÇÕES INTERPESSOAIS
1. Existe em razão da sabedoria e soberania de Deus. Paulo queria que os Romanos se certificassem de
que ele lhes ensinara o Evangelho de Deus. O evangelho da graça faz parte do “mistério” que Deus deu a
conhecer no final dos tempos (Rm 16.25). Esse mistério, que esteve oculto, foi dado a conhecer à Igreja
através de revelação do Espírito Santo. Era sobre o desvendar desse mistério que Paulo acabara de
escrever. Deus, em sua soberania, permitiu que a sua sabedoria fosse revelada no evangelho da graça. O
resultado foi a salvação a todo aquele que crer. A igreja de Roma era fruto disso.
2. Existe em razão da graça de Deus. Paulo encerra a sua Epístola com uma uma razão de ser, a
revelação da graça de Deus, mediante o Evangelho: “Mas que se manifestou agora e se notificou pelas
Escrituras dos profetas, segundo o mandamento do Deus eterno, a todas as nações para obediência da fé, ao
único Deus, sábio, seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém!” (Rm 16.26,27). Essas
palavras de adoração nos fazem lembrar outra expressão de louvor do apóstolo: “Porque dele, e por ele, e
para ele são todas as coisas; glória, pois, a ele eternamente. Amém!” (Rm 11.36).

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