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RELATÓRIO DE ACOMPANHAMENTO

Qualidade de Vida e Pandemia: o impacto de ações e procedimentos de saúde adiados por conta
da Covid-19
26 de agosto de 2021
Horário: 18h às 19h
https://www.youtube.com/watch?v=ENf8WBxJ3jc
Estagiário: João Paulo Derbli Marcowicz (Pós-Graduação).

Introdução

O objetivo do Webinar foi debater o quadro imposto pela pandemia, que priorizou o
enfrentamento da Covid–19 e adiou procedimentos que não são de urgência, mas que
afetam a qualidade de vida da população.

Os convidados foram: Faustino Garcia Alferez, Diretor de Saúde e Intercâmbio da Unimed


Paraná; Flaviano Ventorin, Presidente da Federação das Santas Casas de Misericórdia e
Hospitais Filantrópicos do Paraná e Vinícius Filipak, Diretor de Gestão em Saúde da
Secretaria de Estado da Saúde do Paraná.

Faustino Garcia Alferez – A retomada dos procedimentos eletivos

Afirmou que houve uma diminuição drástica do número de consultas, algo em torno de
24%, das realizadas pela Unimed - PR, entre março de 2019 e fevereiro de 2020, o mesmo
em relação aos procedimentos cirúrgicos. Exemplificou o cenário a partir das cirurgias
ortopédicas, nas quais houve uma redução de 70%, indicando que o paciente acaba se
acostumando com a dor, fazendo com que o corpo se adapte à situação.

Segundo Faustino, não foi apenas na Unimed - PR, mas também no SUS, que houve uma
redução significativa de exames, chegando quase aos 37%. Ou seja, fica claro como ocorreu
uma diminuição nos procedimentos médicos realizados.

Apresentou dados interessantes em relação as consultas preventivas oncológicas, para as


quais a redução faz com que muitos quadros só venham ser descobertos quando estiverem
em um estágio mais avançado.

Para Faustino pode haver uma explosão de casos das mais variadas doenças nesse cenário
pós pandemia, pois, diagnósticos que não foram feitos em algum momento vão ter que ser
realizados. A quantidade em que isso se apresentará, vai demandar uma estrutura boa do
sistema de saúde, que terá que absorver tudo isso.

Flaviano Ventorin

Afirmou que um dos principais problemas é a questão da oferta e demanda, já que a


indústria sempre produziu em um determinado volume os insumos médicos, que era a
média de consumo. Com a pandemia, o cenário mudou, e a demanda ficou gigante, o que
fez os países periféricos ficassem com tais insumos muito reduzidos. Contudo, mesmo com
a situação drástica, no Paraná houve uma boa junção entre o Poder Público e entes
privados, garantindo o mínimo de insumos médicos necessários para os atendimentos.

Sustentou que o cenário pós pandemia afetará muito o dia a dia dos hospitais,
exemplificando com a questão dos fechamentos das escolas, que fez cair drasticamente o
atendimento na pediatria, pois, as crianças não tinham as contaminações corriqueiras da
convivência escolar.

Outro aspecto é a questão econômica, tanto na parte privada como pública. Como o índice
de desemprego está muito alto, o número de beneficiários de plano de saúde caiu, já que a
grande parte da população só o tem como benefício dado pelo empresário. E no sistema
público, o impacto e a diminuição da arrecadação de impostos. Tudo isso, prejudicará
muito a retomada do que estava represado.

O dia a dia dos hospitais também mudou. Antes da pandemia existia dois tipos de paciente,
o de urgência e o eletivo. No momento crítico de emergência sanitária, o perfil da urgência
migrou dos problemas de acidentes traumáticos, para problemas crônicos fora de controle,
já que não houve o tratamento adequado.

Agora, com a diminuição dos casos de pacientes com Covid–19 , e maior circulação de
pessoas, o perfil volta a mudar, aparecendo novamente acidentes traumáticos, juntamente
com crônicos sem controle adequado de suas doenças. Além disso, os eletivos, antes
parados, expressam o desejo de voltar.

Sustentou que a pandemia melhorou as estruturas dos hospitais, não apenas na questão
dos equipamentos, mas também os trabalhadores, estando melhor preparados para
grandes cargas de trabalho.

Termina afirmando que houve uma grande quantidade de procedimentos represados e que
a retomada pode trazer impactos significativos no sistema de saúde.

Vinícius Filipak

Afirmou o apresentador que o Sistema Único de Saúde tem um subfinanciamento notório,


sendo em média 10 reais o valor referencial de cada consulta, o que mostra a dificuldade
de enquadrar todos os usuários.

O Estado do Paraná teve uma boa capacidade na ampliação de leitos, o que não ocorreu
com o sistema privado, pois, não havia condições estruturais.

Apesar de todo o ônus com a criação de leitos, afirmou que a estrutura pode ser bem
aproveitada. Embora muitos leitos serão desligados com a redução dos internamentos,
uma parte da estrutura ainda continuará ativa.

Informou que a partir de julho desse ano começou uma redução nos leitos de UTI para
pacientes Covid–19, porém, preocupa a tendência de aumento, o que é mostrado nesse
gráfico:
Mas uma coisa é clara, o Covid–19 é uma doença que veio para ficar. Assim como a criação
dos carros tornou o problema dos acidentes de trânsito algo cotidiano, a nova demanda
em relação ao Coronavírus, terá que ser absorvida.

E isso se junta à quantidade de procedimentos represados que não foram realizados no


pico da pandemia. As tabelas apresentadas identificam a diminuição desses números, que
vão impactar no cenário pós pandemia.
Sustentou que os números não podem assustar, já que o SUS vai ter que lidar com isso.
Pode - se pensar que se economizou dinheiro, mas é um dado falso, pois, toda essa sobra,
foi para o financiamento dos leitos Covid–19.

Afirmou que o Estado do Paraná já começou se organizar para que toda essa demanda seja
atendida. Ainda, alertou que um dos reflexos da pandemia é a educação da população e
dos profissionais, em relação a um excesso de intervenções médicas, que nem sempre são
necessárias, e a capacitação sobre o que é prioridade ou não. Tudo isso, terá que ser muito
bem pensado na organização pós pandemia.

Pergunta do Público

Como se vê a educação da população para os próximos problemas?

Segundo Vinicius Filipak é uma pergunta impossível de ser respondida. Mas que deve ser
feito um trabalho de base, passando principalmente na questão da educação e combate às
fake news. Contudo, isso não pode passar apenas pela esfera Poder Público, mas sim algo
feito no dia a dia. A imprensa tem papel primordial.

Os aprendizados em relação a Covid–19 vieram para ficar?

Faustino afirmou que os aprendizados devem ser incorporados na cultura, mas que duvida
que ocorra no Brasil. O fechamento das escolas fez com que fosse interrompida a educação
das crianças. Sustentou que os mesmos hábitos de higiene devem ser mantidos,
principalmente nas questões de doenças respiratórias.

Qual a relação desse cenário com as doenças mentais?

Vinícius Filipak afirmou que o principal problema é a questão do desemprego, pois, os


reflexos são destruidores para a saúde mental. Além disso, sustentou que com o fim da
pandemia, tendem a diminuir os problemas psicológicos, pois, com o fim do isolamento a
cabeça fica ocupada.

Curitiba, 31 de agosto de 2021.

João Paulo Derbli Marcowicz,

Estagiário de Pós-Graduação

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