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IMPACTO DO COVID 19 NA PROCURA DE CUIDADOS DE SAÚDE: CASO DE

MOÇAMBIQUE – UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Cândido Victorino Manjate*


Mestrando em Monitoria e Avaliação de Projectos, Escola Superior de Gestão Corporativa e Social, Maputo
Email:cvmanjate07@gmail.com
Judite Ludovina Pinto*
Mestrando em Monitoria e Avaliação de Projectos, Escola Superior de Gestão Corporativa e Social, Maputo
Email:juditeludovinapinto@gmail.com
Júlio Nhamposse*
Mestrando em Monitoria e Avaliação de Projectos, Escola Superior de Gestão Corporativa e Social, Maputo
Email:julionhamposse4@gmail.com
Dionísio Luís Tumbo*
Orcid:https://orcid.org/0000-0001-8709-9952Lattes:http://lattes.cnpq.br/2139841637629869
Doutor em Ciências da Educação; docente e investigador do CBS – Maputo; email:detumbo78@gmail.com

RESUMO
Com surgimento dos primeiros casos do COVID-19 reportados na cidade chinesa de
Wuhan, que rapidamente se propagou mundialmente impondo reinvenções das estratégicas
em diferentes dimensões para mitigar o impato socioenconómico. A declaração do estado de
emergência e imposição de medidas restritivas e de prevenção da COVID-19 em
Moçambique visava responder a propagação rápida para vertente comunitário e desta forma
diminuir impato deste sobre a pobre. Nem com isso a propagação não foi intorrompida e
dessiminando facilmente por o resto do país. É do conhecimento de todos que a oferta dos
serviços de saúde em Moçambique constitui um grande desafio devido a escassez de unidades
hospitalares capazes de responder com densidade populacional em associação com número
reduzido de Profissionais de Saúde, e com restrições impostas para controle da propagação de
COVID-19, de alguma forma a procura de serviços de saúde possa ter sido impactado em
certa escala. Analisar o impacto da COVID-19 sobre os serviços de saúde baseado na revisão
bibliográfica de estudos existentes, documentos normativos (decreto) e reportagens norteam a
presente trabalho. Para este trabalho foi usado uma pesquisa bibliografica descritiva,
qualitativa e visa analisar da COVID-19 na procura dos serviços de saúde.

Palavras-chave: COVID-19; Impacto; Serviços de Saúde;

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1 INTRODUÇÃO

Os primeiros casos da nova doença começaram no final de 2019 na cidade chinesa de


Wuhan. Rapidamente os casos se alastraram e se constatou a transmissão comunitária em
diversos pontos do mundo no geral. Com isso, foram adotadas medidas de restrição de
viagens e circulação de pessoas, incluindo o controle de sintomas entre viajantes, e
consequentemente, foi decretado o bloqueio total (lockdown) em Wuhan, e províncias
próximas com restrição absoluta de entrada e saída de região.
Apesar das medidas de restrições, a desseminação da pandemia ocorreu rapidamente,
atingindo a Europa, provocando uma crise sanitária em diversos países, com muitos casos
graves e mortes, causando esgotamento de recursos do sistema de saúde. Isso acelerou a
adoção de medidas de controle, que, ao longo tempo, foram ampliadas e intensificadas.
Moçambique adoptou as medidas de controle antes de notificar o primeiro caso, mas mesmo
estas medidas adoptadas pelas autoridades de Saúde de Mocambique, não foi conter a
transmissão do vírus no país. Em 22 de março de 2020, o Ministro convocou a conferência de
imprensa para comunicar sobre o diagnóstico do primeiro caso positivo de COVID 19.
Segundo o comunicado do MISAU (2020, pag 1): “O nosso país reforçou as medidas de
resposta ao COVID -19, tendo como foco principal a prevenção que, à luz das experiências
internacionais, se apresenta como a melhor arma para o controlo da pandemia.”
Em Moçambique, a publicação do decreto presidencial nº 11/2020 de 30 de Março,
denominado Decreto de Estado de Emergência, definiu medidas de restrição, suspendendo
diversas actividades presenciais para evitar o contágio, permanecendo em funcionamento
apenas actividades indicadas como essenciais, garantindo a continuidade, por exemplo, de
serviços de diagnósticos agudos, tratamento de oncologia, atendimento de urgência e
emergência.
Seguindo as medidas e orientações de prevenção de contágio implementadas pelos
órgãos políticos, e tendo que prestar atendimento à paciente acometidos pelo COVID-19, as
instituições de saúde públicas e privadas, se adaptaram e priorizaram os casos de pacientes,
suspendendo os atendimentos presenciais de casos electivos como consultas, cirurgias e apoio
de diagnóstico.

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Iremos com o presente trabalho trazer informações sobre impacto da pandemia da
COVID-19 na procura de serviços básicos: movimentos de consultas externas, consultas
electivas, exames, internamentos, cirurgias, partos e procedimentos médicos realizados em
grandes hospitais do país, que foram durante o vigência de COVID-19 Centros de Referência
no atendimento à pacientes infectados pelo COVID-19.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Conceitos Chaves


Saúde
Organização Mundial da Saúde (OMS) conceitua saúde como um estado de completo
bem-estar físico, mental e social e não apenas pela ausência de doenças ou enfermidades.
Morbidade e Mortalidade
Morbidade é a variável característica das comunidades se seres vivos, refere-se ao
conjunto dos indivíduos que adquirem doenças (ou determinadas doenças) num dado
intervalo de tempo em uma determinada população.
A morbidade mostra o comportamento das doenças e dos agravos à saúde na população.
Mortalidade é a variável caracteística das comunidades de seres vivos, refere-se ao
conjunto dos indivíduos que morreram num dado intervalo do tempo.
Representa o risco ou propabilidade que qualquer pessoa na população
apresenta de poder a vir a morrer ou de morrer em decorrência de uma determinada
doença. Diversas vezes temos que medir a ocorrência numa população através da
contagem de óbito e para estudá-las correctamente; estabelecemos uma relação com a
população que está envolvida. É calculada pela taxa ou coeficiente de mortalidade.
Representa o “peso” que os óbitos apresentam numa certa população. OMS
(https://www.who.int/pt).

COVID-19
Segundo Brenda (2022, MSD Online): “Os coronavírus são vírus de RNA com
envelope que causam doença respiratória de gravidade variável, do resfriado comum à
pneumonia fatal”.
A própria Brenda descreve o seguinte em relação aos coronavírus:
Vários coronavírus, descobertos inicialmente em aves domésticas na
década de 1930, causam doença respiratória, gastrintestinal, hepática e neurológica nos
animais. Apenas 7 coronavírus sabidamente causam doença nos humanos.
Quatro de 7 coronavírus causam mais frequentemente sinais e sintomas
do resfriado comum. Os coronavírus 229E, OC43, NL63 e HKU1 são responsáveis por
cerca de 15 a 30% dos caos de resfriado comum. Em casos raros, pode haver infecção
grave do trato respiratório inferior, incluindo bronquiolite e pneumonia, principalmente
em crianças, idosos e pacientes imunocomprometidos.
Três dos 7 coronavírus causam infecção respiratórias nuito mais graves
nos humanos, por vezes fatais, do que os outros coronavírus e causam grandes surtos de
pnemonia fatal no século 21:
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O Sars-CoV-2 é o novo coronavírus identificado como agente etiológico
da doença causada pelo coronavírus (Covid-19) que começou em Wuhan, na China, no
final de 2019 e se espalhou por todo o mundo.
Mers-CoV foi identificado em 2012 como agente etiológico da síndrome
respiratória do Oriente Médio (mers).
O Sars-CoV foi identificado em 2003 como agente etiológico de uma
epidemia de síndrome respiratória agua grave (sars), que começou na China próximo do
fim do ano de 2002.

No dia 11 de março de 2020, a Organização Mundial de Saúde (OMS)


“classificou o novo coronavírus (SARS-CoV-2), como sendo uma doença respiratória aguda
grave, como uma pandemia”.
Tanto da Brenda no MSD como OMS podemos afirmar que coronavírus é uma
zoonose, isto é, um vírus de uma certa epóca e que o Sars-CoV-2 (Covid-19) tem alta
trasmissão de pessoa para pessoa e a escala mundial.
2.2. Estratégias de Enfrentamento ao Novo Coronavírus
As estratégias de enfrentamento ao novo coronavírus são medidas adoptadas pelos
países, províncias e municípios para conter o índice de contaminação do vírus. Na África,
cada país foi implementado essas medidas de prevenção segundo o seu contexto sociocultural
e político-histórico, associado com gravidade de infecções e condições sanitárias vigentes.
Segundo Govender et al. (2020, pag.), as estratégias de enfrentamento ao novo
coronavírus podem ser analisadas sob duas perspectivas: problemas de saúde existentes
e consequências de restrições e bloqueios impostos. A partir dessas perspectivas,
formulam-se 4 grupos de detecção precoce): estratégias baseadas na escola e na
comunidade; estratégias de nível de sistemas de saúde e estratégias de legislação ou
estratégias políticas.

Por outro, as estratégias baseadas na escola e na comunidade evitam a propagação


do índice de contaminação do vírus. Como considera Sunde, Júlio e Nhaguaga (2020, pag.8),
Com a pandemia, muitas instituições de ensino foram buscar estas técnicas apelidando
de ensino remoto, ou ainda por ensino à distância, como estratégias de resposta às novas
demandas do sistema educativo que exige o distanciamento social. O ensino remoto, ou
ensino à distância, como se apelida em muitos estudos, garante a continuidade do
processo de ensino e aprendizagem, constitui uma oportunidade para ampliar o uso
metodologia remotas no ensino. É modaldade que promove um ensisno mais dinâmico,
reflexivo e motivador, incorporando actividade de aprendizagem activa, centrado no
aluno.
Para o contexto de Moçambique todas as estratégias de enfrentamento proposto tanto pelo
Govender et al e Sunde et al. (2020) foram aplicadas. Sendo que vários foram aprovados pelo
Presidente da República como forma de conter o índice de contaminação do vírus: Covid-19.
O Sector foi bastante afectada pela tendência crescente de contaminação acabando por
acarretar escassez cama para internamento de pessoas vítimas de Covid-19, tanto no sector
público como no privado associado a escassez de material de proteção individual
principalmente no sector privado, houve cada vez mais casos de contaminação do vírus em
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Profissionais de Saúde e consequentemente maior de número de mortes nesta classe.
Dentrimento disso o MISAU adoptou o regime de trabalho em rotação de 15 em 15 dias para
reduzir a exposição ao vírus pelos Profissionais de Saúde (PS) e como consequência desta
redução de recursos humanos, diminui também a oferta dos serviços nas diferentes Unidades
Sanitárias e de outro lado o medo que toda a população tinha de ser infectado pelo vírus e
ouvindo das mídias do número de PS infectados reduziu de forma automatica a procura dos
serviços.

3 METODOLOGIA
Para o desenvolvimento deste estudo foi realizada uma revisão bibliográfica
descritiva, com abordagem qualitativa. Realizou-se uma pesquisa de busca bibliográfica na
base de dados: PubMed, Scientific Electronic Library Online (SciELO), Biblioteca Virtual em
Saúde (BVS), Cadernos Ibero-Americanos de Direito Sanitário (fiocruz.br) e Portal de
Governo de Moçambique.

Segundo Gil (2002, pag.42) “as pesquisas descritivas têm como objectivo
primordial a descrição das características de determina população ou fenômeno ou, então, o
estabelecimento de relações entre as variãveis.”

Baseado nesta definição que o grupo decidiu pela escolha da pesquisa descritiva
para trazer o impacto que o COVID-19 sobre a procura dos cuidados de saúde.

Como critério de inclusão utilizados, foram selecionados 23 artigos publicados


entre os anos de 2019 e 2023, com as palavras chave: Covid, Impato da pandemia,
Coronavirus, Pandemias, COVID-19 e Prevenção.

4 IMPACTO DA COVID-19 NA SAÚDE


A pandemia da COVID-19 teve um grande impacto durante o ano 2020 em diversos
sectores do país, e o sector da saúde foi um dos que mais foi afectado. As medidas de
confinamento adoptadas pelos governos em todo o mundo para a contenção da doença,
tiveram uma grande influência na redução da procura dos serviços de saúde por parte da
população.
O colapso dos serviços essenciais de saúde – incluindo a promoção da saúde, serviços
preventivos, diagnóstico, tratamento e serviços paliativos e de reabilitação, provavelmente

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trará sérios efeitos adversos à saúde, em especial nas populações mais vulneráveis, como
crianças, idosos, pessoas vivendo com doenças crónicas ou deficiências e grupos minoritários.
As medidas implementadas para o controlo e mitigação da pandemia resultaram em uma
diminuição simultânea da oferta e da demanda por serviços de saúde, com potenciais
consequências em termos de morbidade e mortalidade.

Segundo o Relatório do 1º Ano da COVID-19 em Moçambique, nota-se impacto maior


na procura dos seguintes serviços de saúde: 1ª Consultas Pré Natais, Consultas Externas, 1ª
Consulta de Criança Doente, Doentes Testados para malária com Testes de Diagnóstico
Rápido, Planeamento Familiar – Anos de Proteção do Casal. Tendo também na demanda dos
serviços de saúde com infectação e mortes nos Profissionais de Saúde.

4.1 1ª Consultas Pré Natais


A provisão de consultas pré-natais (CPN), apresentou um padrão muito parecido entre os
primeiros três meses de 2019 e 2020, mostrou uma redução significativa na provisão de
serviços pré-natais em Abril 2020, após a declaração do EEN (Figura 1). A recuperação
rápida nos meses de Maio, Julho e Junho, e finalmente o aumento dramático em comparação
com 2019, a partir de Agosto, sugere que algumas mulheres podiam ter adiado procurar os
serviços de CPN fase inicial da pandemia.

Figura 1: Análise temporal de 1ª consultas pré-natais, 2019 e 2020. Fonte: Relatório do 1º Ano de COVID-19

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4.2 Consultas Externas

As consultas externas, mostraram a maior associação com a epidemia nacional de


SARS-CoV-2. Após uma tendência de aumentar nos primeiros 3 meses de 2020, consultas
externas caíram de 4.500.000 de Março para Abril (apos a declaração de emergência) e
continuaram a cair até 2.000.000 em Junho. Até o fim do ano, apesar de um ligeiro aumento,
ainda não tinham recuperado os níveis de 2019. É necessário notar que em Abril de 2020
foram introduzidos novos registos que pediram ter resultados em sub-reportagem de consultas
externas, exacerbando a associação. Para compensar essa redução drástica, e à luz das
mudanças na situação epidemiológica e do aumento da preparação das unidades sanitárias, em
Agosto o MISAU recomendou estender o horário de serviço durante a semana e na manhã de
sábado, vide a figura 2.

Figura 2: Análise temporal de consultas externas para adultos, 2019 e 2020. Fonte: Relatório do 1º Ano de COVID-19

4.3 1ª Consulta de CriançasDoente

Semelhante às consultas externas para adultos, o número de consultas de criança


doente (CCD) em 2020, antes da declaração de emergência foi maior do que em 2019 e com
tendência de um aumento rápido. Esta tendência foi interrompida após a declaração de
emergência, com reduções de acima de 1.250.000 em Março 2020 para menos que 1.000.000
em Abril 2020. Uma redução a partir de Maio 2020, fez com que o número de consultas de
2020 estivesse abaixo do número de consultas externas de 2019. Essa redução continuou até

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quase 700.000 em Julho 2020 antes de estabilizar a um nível abaixo de 900.000, tal como se
verifica na Figura 3.

Figura 3: Análise temporal de 1ªs Consultas de criança doente, 2019 e 2020. Fonte: Relatório do 1º Ano de COVID-19

4.4 Doentes Testados para Malária com Testes de Diagnótico Rápido (TDR)

Tal como os demais indicadores, nota-se uma associação entre o total de doentes
testados para malária com testes de diagnóstico rápido (TDR) com a epidemia nacional de
SARS-CoV-2. É possível constatar uma tendência crescente nos primeiros 3 meses de 2020,
2.000.000 de Março para Abril (após a declaração do EEN) de doentes testados e uma queda
continuam ao longo dos restantes meses, tendo reduzido o número de testados no ano de 2020
para 1.200.000 em Dezembro. Em alguns casos, esta tendência de redução pode estar
associada a mudanças da situação epidemiológica, especialmente nas áreas urbanas, e não só
as mudanças no acesso aos serviços de saúde relacionadas com a pandemia (Figura 4).

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Figura 4: Análise temporal de Doentes testados para malária por TDR, 2019 e 2020. Fonte:Relatório do 1º Ano do COVID-
19

4.5 Planeamento Familiar: Ano de Proteção Casal

Anos de Protecção Casal (Couple Year Protection, CYP) é um indicador que estima a
protecção da gravidez fornecida por métodos contraceptivos durante o período de um ano.
Dependendo de quanto tempo podem ser usados, a probabilidade de desperdício e a eficácia,
os diferentes métodos correspondem a diferentes valores CYP (exemplo, 15 ciclos de pilula
são necessários para fornecer 1 CYP).
Assim, olhando para a análise de tendência temporal, nota-se um aumento de 2.2% no
primeiro trimestre do ano 2020 do CYP, e uma redução de 18.5% no trimestre seguinte tanto
dos métodos de longa como nos de curta duração e avaliando o último trimestre não se nota
uma variação significante. Quando se analisa a variação anual, nota-se uma redução de 5,6%
do uso de planeamento familiar no ano 2020, Vide as Figuras 5 e 6.

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Figura 5: Análise temporal por trimestre do Planeamento Familiar, Anos de Protecção Casal, 2019 e 2020. Fonte:Relatório
do 1º Ano do COVID-19

Figura 6: Análise temporal por ano do Planeamento Familiar, Anos de Protecção Casal, 2019 e 2020. Fonte: Relatório do
1º Ano do COVID-19

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4.6 Infecção pelo COVID-19 em Funcionários e Agentes do Sistema Nacional de Saúde
(FASNS)
Segundo o Relatório do 1º Ano de COVID-19, até 31 de Março de 2021 tinham sido
infectados pelo COVID-19 um total de 2.937 Funcionários e Agentes do Sistema Nacional de
Saúde (FASNS) infectados por SARS-CoV-2 (figura 56), o que corresponde a 5% do total de
FASNS existentes até Dezembro de 2020.
A maior parte das infecções foi registada durante a segunda vaga, com 2.451 casos reportados,
em comparação com a primeira vaga onde foram reportados apenas 486 casos.
Para além das infecções, o absentismo laboral de FASNS que tiveram contacto com casos de
COVID-19 e, portanto, tiveram de ficar em quarentena aumentou a sobrecarga no SNS.

Em relação as infecções
por SARS-CoV-2, para
os FASNS tanto na
primeira como na
segunda vagas, as
infecções foram mais
frequentes em indivíduos
do sexo feminino Figura 7: Distribuição de FASNS infectados por sexo na primeira vaga (N=486) e na segunda
vaga (N=2451). Fonte: Relatório do 1º Ano do COVID-19

A nível nacional constatou-


se que na primeira vaga, a
província de Nampula teve o
maior número de infecções
em FASNS, com 96 casos,
seguido das províncias de
Cabo Delgado e Maputo
com 80 casos cada uma
destas e Zambézia com 75
Figura 8: Distribuição de FASNS infectados por província (N=2937). Fonte:
casos. No entanto, durante a Relatório do 1º Ano do COVID-19

segunda vaga, registou-se maior número de casos na Cidade de Diferente do que se observou
na população moçambicana, no geral, em relação as infecções por SARS-CoV-2, para os
FASNS tanto na primeira como na segunda vagas, as infecções foram mais frequentes em
indivíduos do sexo feminino (figura 8).
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a pandemia da COVID-19 que ossolou o mundo e Moçambique em particular,


várias medidas foram tomas como forma evitar a propagação do vírus. Em Moçambique, a
primeira comunicação do Governo, sobre a COVID-19 foi feita no dia 14 de Março de 2020,
três dias após a declaração de pandemia pela OMS, tendo sido tomada como uma das
primeiras medidas a obrigatoriedade de quarentena de 14 dias para todos os cidadãos
provenientes de países com transmissão activa da COVID-19, a suspensão de eventos com
mais de 300 pessoas e de viagens de Estado ao estrangeiro. A 20 de Março de 2020, as
medidas foram agravadas, com o encerramento de todas as escolas em território nacional, com
efeitos a partir do dia 23 de Março de 2020.
Como forma de tomar decisões baseado em evidências foi criada a Comissão Técnico-
Científica de Prevenção e Resposta á Pandemia da COVID-19 como órgão de consulta e
assessoria do Governo com funcionamento no Ministério da Saúde (MISAU). Estas acções
mostravam de alguma forma a preocupação do Governo conter a propagação do coronavírus e
desta forma reduzir o impacto da COVID-19 sobre vários sectores.
A adopção destas não foram capazes de reduzir o impacto da COVID-19 na procura
dos Cuidados de Saúde, sendo que as Consultas Externas foram alargamento afectado pela
pandamia da COVID-19, consequentemente a oferta do diagnóstico do diagnóstico da malária
através do Teste de Diagnóstico Rápido (TDR) reduzido. As 1ª Consultas Pré Natais e as 1ª
Consultas de Criança Doente foram principalmente na primeira fase da pandemia.
As Consultas de Planeamento Familiar foram também impactados pela COVID-19,
com redução na oferta dos diferentes métodos numa ordem de 5.6% quando comparado com
ano de 2019. Esta redução na oferta dos métodos de planeamento pode ser que tenha
impactado na taxa de natalidade dos anos subsequentes.
Ainda que o estudo tenha proporcionado uma análise sobre os impacto da pandemia da
COVID-19 na procura de cuidados de saúde, algumas limitações foram identificadas como o
fato da revisão contemplar poucas bases e com poucos artigos talvez por ser um estudo muito
recente. No entanto, destaca-se a pertinência da pesquisa precisando mais estudos empíricos.

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6 REFERÊNCIAS

TESINI, Brenda L. Coronavírus e síndromes respiratórios agudos (MERS and SARS).


Manual MSD, Versão para Profissionais de Saúde, 2020.
https://www.msdmanuals.com/pt/profissional/doen%C3%A7as-infecciosas/v%C3%ADrus-
respirat%C3%B3rios/coronav%C3%ADrus-e-s%C3%ADndromes-respirat%C3%B3rias-
agudas-covid-19-mers-e-sars#top consultado há 14 de Maio de 2023.
 
MISAU. Comunicado diário de actualização de casos de coronavírus. Maputo, Março de
2020.
 
BOLETIM DA REPÚBLICA. Decreto Presidencial nº 11/2020 de 30 de Março.
Moçambique, 2020.

GOVENDER, Kaymarlin; et al. Beyond the disease: contextualized implications of the


COVID-19 pandemic for children and young people living in Eastern and Southern
Africa. Frontiers in Public Health. South Africa, 2020.

SUNDE, Rosário M.; JÚLIO, Ossula A.; NHAGUAGA, Mércia A.F. Ensiso remoto em
tempos da pandemia da COVID-19: Desfios e Perspectivas. Revista Epistemologo e Práxis
Educativa. Moçambique, Setembro de 2020.

OMS. Resena normativa de la OMS: Manejo clínico de la COVID-19. 2022.

OMS. Comunicado de Inprensa de 11 de Março de 2022. Site oficial da OMS:


https://www.who.int/pt consultado há 15 de Maio de 2023.

ONS – OBSERVATÓRIO NACIONAL DE SAÚDE. COVID-19 em Moçambique –


Relatório do 1º Ano 2020/2021. Moçambique, 2021.

GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projecto de pesquisa. Editora ATLAS 4ª Edição. São
Paulo, 2002.

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