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FACULDADE DE CIÊNCIAS DE SAÚDE CURSO

DE MESTRADO EM SAÚDE PÚBLICA

Tema: O papel da participação e envolvimento comunitário na prevenção e combate a


epidemias: Caso de estudo da COVID 19 em Moçambique de 2020 a 2021

The role of community participation and involvement in preventing and combating


epidemics: Case study of COVID 19 in Mozambique from 2020 to 2021

Discente: André José Paulo Perengue

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Moçambique 2022

Resumo1

Este trabalho versa sobre o papel da participação e envolvimento comunitário na prevenção e


combate a epidemias, no caso concreto do estudo da COVID-19 em Moçambique de 2020 a
2021 no bairro da Matola rio, província de Maputo. O método usado para elaboração deste
trabalho é o Indutivo. Quanto a método de procedimento, optou-se pelo método descritivo e
estatístico. Foi inquerido um total de 160 respondentes. O instrumento de colecta de dados
utilizado foi o questionário. Para que o combate ao coronavírus seja eficaz, é necessário que
haja mobilização social para a prevenção da covid-19. Assim, as informações corretas
chegam às pessoas e melhoram nossa resposta à pandemia. Isso ocorrerá não somente no
sentido de acabar com doença, mas sim, de sobreviver a ess1e período da melhor forma
possível. E, é claro, continuar mantendo as medidas de protecção como máscaras e higiene é
fundamental.

Palavras-chaves: Participação, envolvimento comunitário, prevenção, combate, COVID 19 e


Moçambique

Abstract

This article referred to the role of community participation and involvement in preventing
and combating epidemics: Case study of COVID 19 in Mozambique from 2020 to 2021 in
the Matola rio-Maputo neighborhood. The method used for the elaboration of this work is the
Inductive. As for the method of procedure, we opted for the descriptive and statistical
method. A total of 160 respondents were surveyed. The data collection instrument used was
the questionnaire. For the fight against coronavirus to be effective, there must be social
mobilization for the prevention of covid-19. So the right information gets to people and
improves our response to the pandemic. This will occur not only in the sense of ending the
disease, but of surviving this period in the best possible way. And, of course, continuing to
maintain protective measures such as masks and hygiene is essential.

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Keywords: Community, participation, involvement, prevention, combat, COVID 19 and
Mozambique.

1. INTRODUÇÃO

A COVID-19, considerado o maior problema sanitário global deste século I, desafia


autoridades científicas e políticas a identificar as abordagens mais adequadas do ponto de
vista clínico, epidemiológico, económico e social. A infecção pelo novo coronavírus, cuja
origem foi identificada no final de 2019, em Wuhan, China, espalhou-se a nível global de
forma acelerada, ocasionando um acentuado número de óbitos (WHO, 2020). Após o
surgimento do novo coronavírus, denominado COVID-19, na China, e sua disseminação fora
da China, em 30 de Janeiro de 2020, o Director Geral da Organização Mundial da Saúde
(OMS) declarou o COVID-19 como Emergência de Saúde Pública de Preocupação
Internacional, com base no parecer do Comité Internacional de Emergência, e como
pandemia no dia 11 de Março do mesmo ano. Esta Declaração implica que todos os países
devem aumentar a sua preparação para a detecção e contenção de casos, incluindo vigilância
activa, detecção precoce, isolamento e gestão de casos, contactos de acompanhamento e
prevenção da propagação da COVID-19 (Direcção Nacional de Saúde Pública, 2020).

A transmissão do COVID-19 pode ocorrer pela emissão de gotículas geradas através de


espirro, tosse, assoar o nariz e fala que podem contaminar as superfícies, mãos e objectos de
uso pessoal (talheres, pratos, copos e garrafas). Segundo o MISAU, o COVID-19 apresenta
um espectro clínico que varia de infecções assintomáticas a quadros graves. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, a maioria (cerca de 80%) dos pacientes com COVID-19
podem ser assintomáticos ou oligossintomáticos (poucos sintomas), e aproximadamente 20%
dos casos detectados requerem atendimento hospitalar por apresentarem dificuldade
respiratória, desses, aproximadamente 5% poderão vir a necessitar de suporte ventilatório
obrigatório em todas as cidades capitais e distritos, a redução do horário de funcionamento
dos restaurantes, supermercados, instituições públicas, entre outros (Scott, 2020, p.71).

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No caso de Moçambique, foi reportado o primeiro caso no dia “22 de Março de 2020, e foi
decretado o primeiro estado de emergência no dia 01 de Abril do mesmo ano, e a 07 de
Setembro de 2020 foi decretado o estado de calamidade pública. Só nos primeiros 15 dias do
mês de Julho de 2021, Moçambique contava com 406 pessoas internadas, 179 mortes e
18.329 casos positivos de COVID-19, o que levou o Governo de Moçambique a incrementar
as medidas para conter a propagação da COVID-19, que incluíram o encerramento das
escolas a todos os níveis de ensino presencial, a interdição de realização de cultos religiosos,
o reajuste do horário do recolher obrigatório em todas as cidades provinciais e vilas, a
redução do horário de funcionamento dos restaurantes, supermercados, instituições públicas,
entre outros” (Ministério da Saúde, 2019).

Consequentemente, governo traçou medidas de prevenção e combate a COVID-19


nomeadamente higienização, uso de máscaras, distanciamento social, uso de etiquetas da
tosse, isolamento social, assim como a inclusão da sociedade no combate a COVID-19. O
envolvimento da população sempre foi um elemento basilar para a resposta a surtos e epide-
mias. “A participação comunitária é fundamental, além do envolvimento das comunidades é
necessário incorporar as suas necessidades nos planos de saúde e compreender as questões
culturais e antropológicas para o sucesso das diferentes intervenções de saúde pública. É
importante que as comunidades possam compreender as vantagens do seu envolvimento em
actividades de promoção da saúde, e que este objectivo pode ser atingido através de uma
maior consciencialização, empenho e mudanças positivas no comportamento” (Scott, 2020,
p.74).

Assim sendo, o presente artigo tem como objectivo principal analisar o papel da
participação e envolvimento comunitário na prevenção e combate a epidemias: Caso de
estudo da COVID 19 em Moçambique de 2020 a 2021. Em termos estruturais, o trabalho
apresenta Introdução, Contextualização, delimitação e formulação da pergunta de partida e
Objectivos da investigação; Metodologia da Investigação (patentes todos os meios usados
para o alcance do objectivo final); Resultados e Discussão; Conclusões e Referências
bibliográficas.

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2- METODOLOGIA

O estudo foi realizado na Matola-Rio. “Matola rio é uma vila moçambicana situada no
distrito de Boane na província de Maputo. Administrativamente é uma localidade, sede de
um posto administrativo do mesmo nome. Em 2012 o posto tinha uma população de 45 425
habitantes, a qual subiu para 104 000 no censo de 2017 e atingiu 139 000 em 2022. Matola-
Rio está separada da cidade da Matola pelo Rio Matola. Devido ao seu grande crescimento
económico, especialmente industrial, nomeadamente com a instalação da fundição de
alumínio da Mozal e do Parque Industrial de Beluluane, a povoação sede foi elevada à
categoria de vila em 18 de Maio de 2022” (Ministério de Administração Estatal, 2014). Para
poder ter um grande êxito, este trabalho vai se focalizar no método Indutivo, pois foi
observado o comportamento dos entrevistados, e encontrar uma determinada conclusão que
define as observações feitas no passado.

No mesmo âmbito, quanto ao método de actuação, optou-se pelo método descritivo e


estatístico. Porque o “método descritivo visa descrever as características conhecidas ou
componentes de facto, fenómenos ou representações” (Teixeira, 2001, p. 118). Na base desta,
descreveu-se e analisou-se os resultados obtidos. “permitindo obter, de conjuntos complexos,
representações simples e constatar se essas verificações simplificadas têm relações entre si; e
tem como papel, fornecer uma descrição quantitativa da sociedade considerada” (Idem, p.
183).

A melhor maneira de obter sustento teórico de uma pesquisa, recomenda-se o uso da revisão
bibliográfica onde é consultado obras que abordam o assunto relacionado com o tema
pesquisado. Desta forma, este trabalho não fugiu da regra, recorreu-se a livros, artigos e
outros meios de informação periódica entre outras pesquisas que puderam ser encontradas,
sites da internet (de preferência o Google académico entre outros servidores da academia),
para a recolha de informações que suportasse cientificamente o tema em análise. Durante a
elaboração deste trabalho foram usadas técnicas de pesquisas, tais como: pesquisa descritiva
e exploratória, onde foram observados e analisados os dados colectados, pesquisa
bibliográfica que consistirá em fazer leitura e levantamento de informações inerentes a

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motivação em diversas obras referenciadas, com o objectivo de confrontar as diversas
ideologias dos autores em torno do tema. Outro instrumento de colecta de dados utilizado foi
o questionário.

Com foi mencionado anteriormente, a área definida para o estudo foi Maputo em concreto na
Matola-rio e os grupos alvo estudado foram os profissionais de saúde e a comunidade que
vivem na Matola-rio a uma amostra de 160 pessoas, onde a probabilidade foi o tipo de
amostragem escolhida, porque a “amostragem probabilística, baseia-se na escolha aleatória
dos pesquisados, significando o aleatório que a selecção se faz de forma que cada membro da
população tenha a mesma probabilidade de ser escolhido” (Marconi & Lakatos, 2003, p.
224).

Para a presente pesquisa, o tamanho da amostra foi obtido com uso de 5% de erro amostral.
Segundo Triola (1999, p. 40), “erro amostral (ɛ) é a diferença entre um resultado amostral e o
verdadeiro resultado populacional”. Os dados foram processados usando o Excel (Data
Analysis) e pacote estatístico SPSS. Foram inquiridos 50 indivíduos. Após a coleta de dados,
procedeu-se a análise e interpretação dos mesmos, que posteriormente foram transcritos a
partir dos resultados encontrados. Este processo deu se através da selecção, categorização e
tabulação dos dados colectados. Os quais foram classificados de acordo com seus atributos.

Transformando os resultados em gráficos e quadros, para facilitar a sua verificação e


entendimento, sendo tratados de forma quantitativa e qualitativa para sua classificação e
análise, levando em conta o tema problema e os objectivos da pesquisa, a fim de conhecer
toda a organização, através do seu histórico, identificação do perfil biográfico e profissional
dos servidores e da análise dos aspectos motivacionais em relação ao trabalho. De uma forma
conclusiva, esta pesquisa também é classificada como quantitativa, na qual utilizou-se do
programa Microsoft Excel, de forma que as informações foram analisadas por meio de
gráficos e quadros através do levantamento de dados mensuráveis. Por meio do Microsoft
Excel foi elaborada a tabela de distribuição de frequências, os cálculos de medidas de
tendência central e de dispersão e a elaboração do gráfico de Pareto.

3.RESULTADOS E DISCUSSÃO

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i. Distribuição percentual de respondentes por faixa etária, sexo e
nacionalidade

As características são descritas em proporções de uma amostra final de 160 respondentes. A


maior parte das respondentes estava na faixa etária dos 18-34 anos de idade (44%), mas
indivíduos do sexo masculino responderam ao questionário (61%), quase todo o universo são
de nacionalidade moçambicana (68%), e entre aqueles de nacionalidade estrangeira,
predominaram as nacionalidades Portuguesa (16%), Brasileira (8%) e China (8%) (

ii. As principais causas da COVID-19

Durante a pesquisa foram colocadas algumas perguntas aos entrevistados a respeito das
caudas da pandemia COVID-19. No total dos que foram entrevistados a maior parte
demostrou que tinha um conhecimento básico sobre a causa da pandemia, isso foi revelado
por uma percentagem de 90% das pessoas que disseram que, o que causa a pandemia
COVID-19 é um vírus (SARS-CoV-2) que causa doenças respiratórias. E o restante
identificaram como causa da COVID19 um fungo,

iii. Medidas de prevenção individual e comunitária

As medidas de prevenção encontram-se divididas em individuais e comunitárias. As medidas


de prevenção individuais incluem: etiqueta da tosse (9%), lavagem das mãos (21%), distância
de segurança (27%), desinfecção das mãos (14%) e uso das máscaras (28%). As medidas
comunitárias incluem: presença em locais de aglomeração (mercados, salão de beleza,
ginásio, restaurantes, funerais, igreja, reunião com mais de 10 pessoas e o uso do transporte
público), partilha de loiça com familiares e fora de casa, viagens e auto-avaliação da
adaptação as medidas de prevenção. Todavia, O uso das máscaras e distanciamento social são
as medidas mais praticadas pelos respondentes como ilustra o gráfico 5.

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iv. As vantagens e o papel da participação e envolvimento comunitário na
prevenção e combate a epidemias: COVID-19

Para combater o coronavírus SARS-CoV-2, “é preciso o esforço conjunto da sociedade por


meio de uma mobilização social para a prevenção da covid-19. O envolvimento da
população sempre foi um elemento importantíssimo para a resposta a surtos e epidemias.
Frente ao risco de disseminação de novas ou conhecidas doenças, os sistemas de saúde, com
frequência, recorrem à estratégias de mobilização da população para a contenção ou
mitigação de problemas sanitários. Em tempos recentes, a mobilização da sociedade foi
utilizada em diversos países para o controle de doenças como influenza A (H1N1) 7, ébola 8,
dengue 9, Zika 10, dentre outras” (Texeira, 2001, p. 211).

“Envolvimento Comunitário para a Saúde - significa envolvimento activo de pessoas de todos


os extractos sociais, (homens, mulheres, jovens, crianças e velhos) que vivem juntas, de
forma organizada e coesa, na planificação e implementação dos Cuidados de Saúde
Primários, usando recursos locais, nacionais ou outros” (Reis (2002, p. 35). A participação
comunitária é fundamental, além do envolvimento das comunidades é necessário incorporar
as suas necessidades nos planos de saúde e compreender as questões culturais e
antropológicas para o sucesso das diferentes intervenções de saúde pública. É importante que
as comunidades possam compreender as vantagens do seu envolvimento em actividades de
promoção da saúde, e que este objectivo pode ser atingido através de uma maior
consciencialização, empenho e mudanças positivas no comportamento.

1. CONCLUSÃO

O presente artigo referia-se ao papel da participação e envolvimento comunitário na


prevenção e combate a epidemias: Caso de estudo da COVID 19 em Moçambique de 2020 a
2021 no bairro Matola rio, província de Maputo. A maior luta que a sociedade poderá
desencadear contra o coronavírus e traga resultados positivos, é importante que haja
mobilização social. Assim, as informações corretas chegam às pessoas e melhoram nossa

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resposta à pandemia. Isso ocorrerá não somente no sentido de acabar com doença, mas de
sobreviver a esse período da melhor forma possível. E, é claro, continuar mantendo as
medidas de protecção como máscaras e higiene é fundamental.

No caso concreto da comunidade de Matola rio, a maioria acatou as advertências dos agentes
da saúde e observaram as medidas impostas pelo governo no âmbito da mitigação e
minimização das contaminações pela corona vírus SARS-COV-2. A pesar de que algumas
pessoas movidas por pobreza e fome viram se obrigadas a saírem para procurar alimentos
para as suas famílias mesmo com o decreto presidencial de lockdown. Mas esta situação veio
a ser minimizada na medida em que o governo Moçambicano com a ajuda dos seus parceiros
disponibilizou fundos para ajudar as famílias mais carentes. Na Matola Rio, concretamente
no quarterão “A”, este fundo foi canalisado de uma forma justa e equitativa segundo a chefe
do quarteirão, apesar de que existiram alguns casos insolados, como é o caso que foi
identificado, onde duas famílias teriam se registado duas vezes para a receção do valor em
causa. Mas com a atenção das estruturas locais conseguiram detetar os infratores e afastaram-
lhes da tentativa de burla ao estado.

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2. Revisão Bibliográfica
1. Direção Nacional de Saúde Pública (2020). Manual de Protecção do Covid-19.
Maputo: Ministério da Saúde.

2. Marconi, M. A. & Lakatos, E. M. (2003). Fundamentos de metodologia científica


(5ª.ed.). São Paulo: Atlas.

3. Ministério da Saúde. Boletim epidemiológico-SVS. Infecção Humana pelo novo


Coronavírus (N COV-2019). Ministério da saúde, Brasília.
4. Ministério de Administração Estatal. 2014. Disponível em:
http://apps.gov.int/gho/data/node.cco. Acessado em 12 de junho de 2022.

5. Organização Pan-Americana da Saúde. COVID-19. Disponível em


https://www.paho.org/. Acessado em 12/06/2022.

6. Reis, L. F. S. S. D. e Queiroz, S. M. P (2002). Gestão Ambiental em Pequenas e


Médias Empresas. Rio de Janeiro: universidade Press.

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7. Scott, J. (2020). The economic, geopolitical and health consequences of COVID-
19.
8. Texeira, H (2001). Cultura organizacional e projecto de mudança em escolas
públicas, (Ed). São Paul.
9. Triola, M.F (2006). Introdução a Estatística. Rio de Janeiro: auditora Municipal.
10. World Health Organization (2020). 2019 Novo Coronavirus (2019-nCoV).
Disponível em: https://www.paho.who.org. . Acessado em 11/06/2022.

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