Você está na página 1de 121

1

2
3

Reitor

Prof. Me. Stefano Barra Gazzola

Gestão da Educação a Distância

Prof. Me. Wanderson Gomes de Souza

Design Instrucional e Diagramação

Amanda Alves Figueiredo

Revisão Ortográfica / Gramatical

Natáscia Destéfani
4

Armando Belato Pereira

Engenheiro Civil graduado pela Escola de Minas da Universidade Federal


de Ouro Preto (EM/UFOP) e Mestre em Geotecnia pela mesma instituição
(NUGEO/UFOP). Foi bolsista do Núcleo de Geotecnia Aplicada
(NGA/UFOP), entidade pela qual trabalhou em projeto de execução de
túnel (Túnel Bala) para transposição de córrego na cidade de Mariana - MG.
Também estagiou na Dinâmica Engenharia, onde prestou serviços ligados
a projetos e execução de obras. Participou do Programa Jovens Talentos
em estágio de férias na Construtora Norberto Odebrecht na obra da
Ferrovia Transnordestina. Atuou como Chefe do Departamento de Controle
do Plano Diretor e Coordenador de Projetos de Expansão Urbana na
Prefeitura Municipal de Mariana – MG. Atualmente é professor titular do
curso de Engenharia Civil do Centro Universitário do Sul de Minas – UNIS,
onde leciona disciplinas como: Introdução à Engenharia Civil, Desenho
Técnico I, Elementos de Geologia e Mineralogia, Mecânica dos Solos,
Engenharia de Transportes I e II e Fundações e é coordenador do curso de
Engenharia Civil modalidade ensino à distância (EaD) da mesma
instituição. Atua também como engenheiro projetista, desenvolvendo
projetos arquitetônicos, estruturais, de instalações elétricas e
hidrossanitárias e de prevenção e combate a incêndio e pânico.

http://lattes.cnpq.br/0338226167604541
5

PEREIRA, Armando Belato Pereira. Guia de Estudo – Teoria das

Estruturas I. Varginha: GEaD-UNIS/MG, 2016.

122 p.

1. Teoria das Estruturas 2. Análise Estrutural 3. Isostática

I. Teoria das Estruturas I

.
6

EMENTA DA DISCIPLINA _________________________________________________________ 11


ORIENTAÇÕES GERAIS DA DISCIPLINA ______________________________________________ 11
PALAVRAS-CHAVE ______________________________________________________________ 11
CONCEITOS BÁSICOS DE TEORIA DAS ESTRUTURAS ___________________________________ 13
OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 13
INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 13
1.1 CONCEITO PRÁTICO DE ESTRUTURAS ________________________________________________ 14
1.2 TIPOS DE ELEMENTOS ESTRUTURAIS ________________________________________________ 15
1.3 ESFORÇOS OU AÇÕES __________________________________________________________ 18
1.4 OBJETIVOS DA ANÁLISE ESTRUTURAL________________________________________________ 19
RESUMINDO ___________________________________________________________________ 21
CONCEITOS BÁSICOS DE ESTÁTICA DE ESTRUTURAS __________________________________ 23
OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 23
INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 23
2.1 GRANDEZAS FUNDAMENTAIS_____________________________________________________ 24
2.1.1 FORÇA __________________________________________________________________ 24
2.1.2 MOMENTO _______________________________________________________________ 25
2.2 EQUILÍBRIO DE CORPOS RÍGIDOS __________________________________________________ 27
2.3 MODELOS E SIMPLIFICAÇÕES DE CÁLCULO ____________________________________________ 29
2.3.1 SIMPLIFICAÇÕES GEOMÉTRICAS _________________________________________________ 29
2.3.2 REPRESENTAÇÃO DOS CARREGAMENTOS ___________________________________________ 29
2.3.3 REPRESENTAÇÃO DOS APOIOS __________________________________________________ 32
2.4 ESFORÇOS SOLICITANTES INTERNOS ________________________________________________ 38
2.5 RELAÇÕES FUNDAMENTAIS DA ESTÁTICA _____________________________________________ 42
2.5.1 RELAÇÕES ENTRE OS ESFORÇOS NORMAIS E CARGAS AXIAIS DISTRIBUÍDAS _____________________ 42
2.5.2 RELAÇÕES ENTRE OS ESFORÇOS CORTANTES E MOMENTOS FLETORES E CARREGAMENTO TRANSVERSAL __ 43
RESUMINDO __________________________________________________________________ 49
ESTUDO DAS VIGAS ISOSTÁTICAS _________________________________________________ 52
OBJETIVOS DESTA UNIDADE ________________________________________________________ 52
INTRODUÇÃO __________________________________________________________________ 52
3.1 VIGAS SIMPLES ______________________________________________________________ 55
7

3.1.1 VIGAS BIAPOIADAS __________________________________________________________ 55


3.1.1.1 VIGA BIAPOIADA COM CARGA CONCENTRADA ______________________________________ 55
3.1.1.2 VIGA BIAPOIADA COM MOMENTO CONCENTRADO ___________________________________ 59
3.1.1.3 VIGA BIAPOIADA COM CARREGAMENTO UNIFORMEMENTE DISTRIBUÍDO _____________________ 62
3.1.1.4 VIGA BIAPOIADA COM CARREGAMENTO TRIANGULAR _________________________________ 67
3.1.2 PRINCÍPIO DA SUPERPOSIÇÃO ___________________________________________________ 84
3.1.3 VIGAS ENGASTADAS E LIVRES ___________________________________________________ 90
3.1.4 – VIGAS BIAPOIADAS COM BALANÇOS _____________________________________________ 95
3.1.5 – VIGAS GERBER ___________________________________________________________ 99
3.1.6 – VIGAS INCLINADAS________________________________________________________ 107
RESUMINDO _________________________________________________________________ 120
8
9

O Engenheiro Civil é um grande protagonista na história de


desenvolvimento de um país, pois é ele quem cria a infraestrutura
necessária para a implantação de empreendimentos dos mais diversos
vultos e finalidades.

Em seu trabalho, o Engenheiro Civil projeta e executa todas as


etapas de obras civis. E, para tanto, ele estuda um grande conjunto de
áreas que são apresentadas em forma de disciplinas e compõem a grade
curricular do curso de Engenharia Civil.

No contexto de projetos é que surge a necessidade dos


conhecimentos apresentados na disciplina de Teoria das Estruturas I. Você
já parou para pensar em como edifícios e pontes são projetados? Você já
observou que um edifício ou uma ponte direcionam todo o carregamento
proveniente de suas lajes para as vigas, das vigas para os pilares e dos
pilares para a fundação? Como são obtidos tais carregamentos? Quais os
princípios para se determinar os esforços nos quais os elementos
estruturais estão submetidos?

Portanto, para o sucesso de um empreendimento na Engenharia


Civil, seja de pequeno ou de grande porte, é preciso, primeiramente, ter um
bom projeto. Para o desenvolvimento de um bom projeto estrutural, por
exemplo, o Engenheiro projetista precisará estimar todo o carregamento ao
qual o edifício estará submetido e assim determinar os esforços solicitantes
nas peças estruturais, dimensionar tais elementos de maneira que o edifício
tenha estabilidade, ou seja, respeitar as leis de equilíbrio da Estática e
detalhar os elementos estruturais. É importante observar que a incorreta
análise de esforços de um edifício pode ocasionar o seu
10

subdimensionamento, levando-o ao colapso ou ao seu


superdimensionamento, gerando custos elevados ao empreendimento.

A partir de agora, começaremos a compreender melhor os


procedimentos da análise estrutural: conheceremos os tipos de
carregamentos que atuam nas estruturas, desenvolveremos diagramas de
esforços solicitantes internos nos mais diversos modelos estruturais e
calcularemos os deslocamentos em peças estruturais. Enfim,
conheceremos os primeiros conceitos, mas não menos importantes que os
demais, acerca da grande área da Engenharia Civil conhecida como
Engenharia de Estruturas.

Bons estudos!

Forte abraço,

Prof. Armando Belato Pereira.


11

Ementa da disciplina

Conceitos gerais, carregamentos e idealizações. Estruturas isostáticas


simples e associadas (vigas, pórticos e arcos triarticulados, treliças,
grelhas). Princípio dos trabalhos virtuais. Cálculo de deslocamentos em
estruturas isostáticas: método da carga unitária.

Orientações gerais da disciplina

Ver Plano de Estudos da disciplina, disponível no ambiente virtual.

Palavras-chave

Teoria das Estruturas. Análise Estruturas. Estruturas Isostáticas.


12
13

Conceitos Básicos de Teoria das Estruturas

Objetivos desta unidade

 Conhecer o conceito de estruturas no âmbito da Engenharia Civil,


bem como os modelos estruturais.

 Compreender os conceitos de esforços ou ações nas estruturas.

 Conhecer os principais objetivos da análise estrutural e sua


aplicação no contexto da Engenharia Civil.

Introdução

A estrutura é um conjunto formado pelas partes resistentes que


garantem a estabilidade de um objeto de projeto, por exemplo, uma
edificação. Quando se projeta uma estrutura, a análise do comportamento
estrutural exige que sejam feitas algumas simplificações que conduzem a
modelos estruturais (Valle et al, 2009).

Conforme Almeida (2009), uma estrutura é, portanto, um conjunto


capaz de receber solicitações externas, denominadas ativas, absorvê-las
internamente e transmiti-las até seus apoios ou vínculos, onde elas
encontram um sistema de forças externas equilibrantes, denominadas
forças reativas.
14

A partir de agora, começaremos a estudar melhor como se dá esse


processo de distribuição de esforços ao longo dos elementos estruturais de
uma edificação.

1.1 Conceito prático de estruturas


Para a grande área da Engenharia Civil, as estruturas representam
os elementos resistentes de uma edificação, que podem ser facilmente
percebidos quando analisamos um edifício.

Em termos de análise estrutural podemos dizer que um edifício é um


sistema estrutural dividido em dois subsistemas principais: infraestrutura e
superestrutura. A Figura 1.1 nos auxiliará no desenvolvimento de tais
conceitos.

Figura 1.1 – Representação de um projeto estrutural de um edifício em 3D.

Fonte: O autor
15

Podemos dizer que a infraestrutura é representada pela fundação do


edifício, bem como seus elementos acessórios, ou seja, sapatas, estacas,
blocos de coroamento, vigas de equilíbrio, tubulões, etc.

A superestrutura, por sua vez, é representada pelas vigas, pilares,


lajes, escadas, etc. Tais elementos estruturais podem ser feitos dos mais
diversos materiais, sendo mais comumente: concreto armado, concreto
protendido, aço e madeira.

Os elementos estruturais, assim como toda e qualquer estrutura,


devem apresentar as propriedades de resistência e de rigidez, isto é, serem
capazes de resistir cargas, dentro de certos limites, sem romperem e sem
sofrer grandes deformações ou variações de suas deformações originais
(Almeida, 2009).

Analise algumas edificações e procure identificar


quais são os elementos estruturais que a compõem.

A atuação das forças externas aos elementos


estruturais provoca o surgimento de forças reativas
internas, que são traduzidas em esforços solicitantes
que caracterizam tensões transmitidas a cada seção
das peças estruturais. As solicitações são: força
normal, força cortante, o momento fletor e o momento
torçor.

1.2 Tipos de elementos estruturais

Conforme Valle et al (2009), os sistemas estruturais são modelos de


comportamento idealizados para representação e análise de uma estrutura
16

tridimensional. Estes modelos obedecem a uma convenção. Esta


convenção pode ser feita em função da geometria das peças estruturais
que compõem o conjunto denominado sistema estrutural. Quanto à
geometria, um corpo pode ser identificado por três dimensões principais
que definem seu volume. Quanto às dimensões e às direções das ações, os
elementos estruturais podem ser classificados em:

- Unidimensionais (ou reticulares): estruturas compostas por elementos de


barras (elementos unidimensionais), ou seja, em que uma das direções
(comprimento) prevalece sobre as outras duas dimensões. Temos como
exemplos de estruturas unidimensionais as vigas e pilares.

Figura 1.2 – Estruturas reticulares formadas por elementos de barra.

(Almeida, 2009).

- Bidimensionais: são estruturas que apresentam duas dimensões muito


mais significativas que a terceira. Como exemplo clássico de estruturas
bidimensionais, temos as lajes.
17

Figura 1.3 – Estruturas bidimensionais

(Almeida, 2009).

- Tridimensionais: são estruturas volumétricas (maciças) em que as três


dimensões são significativas. Como exemplos de estruturas tridimensionais,
temos os blocos de coroamento, blocos de fundação, etc.

Figura 1.4 – Estruturas tridimensionais.

(Almeida, 2009).
18

1.3 Esforços ou ações


O edifício está sujeito a um conjunto de forças ativas externas,
chamadas ações e divididas em: ações permanentes, variáveis e
excepcionais. Segundo a NBR 8681/2003 – “Ações e segurança nas
estruturas – procedimento”, temos:

a) Ações: causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas.


As forças e as deformações impostas pelas ações são consideradas como
se fossem as próprias ações.

b) Ações permanentes: ocorrem com valores constantes ou de pequena


variação, durante praticamente toda a vida da construção. Exemplos: peso
próprio dos elementos estruturais e de vedação.

c) Ações variáveis: ações que ocorrem com valores que apresentam


variações significativas em torno de sua média, durante a vida da
construção. Exemplos: efeitos do vento, variação de temperatura, etc.

d) Ações excepcionais: são as ações que têm duração extremamente curta


e muito baixa probabilidade de ocorrência durante a vida da construção,
mas que devem ser consideradas nos projetos de determinadas estruturas.
Exemplos: sismos, enchentes, etc.

As ações e sua quantificação, por sua vez, são


preconizadas em norma (NBR 6120) e obtidas pelo
engenheiro calculista (engenheiro de estruturas,
projetista da superestrutura do edifício – vigas, pilares,
etc.) que as repassa em forma de planta de cargas da
fundação para o engenheiro de fundações (projetista
de fundações).
19

Figura 1.5 – NBR 6120 – Cargas para o cálculo de estruturas de edificações


e NBR 8681 – Ações e segurança nas estruturas – procedimento.

Fonte: ABNT, 1980 e 2003, respectivamente.

1.4 Objetivos da análise estrutural

Em posse da concepção da estrutura desenvolvida e das ações que


sobre ela atuam, podemos dizer que os objetivos da análise estrutural são:

1 – Determinação das reações de apoio: necessárias na própria análise


estrutural, para a consideração da ação mútua entre os diversos elementos
estruturais. As recíprocas das forças reativas de uma dada estrutura (ou
elemento estrutural) são utilizadas como forças ativas nas estruturas sobre
as quais esta se apoia (Almeida, 2009).

2 – Determinação dos esforços solicitantes internos (ESI): necessários para


o posterior dimensionamento dos elementos estruturais, os quais,
dependendo dos materiais utilizados, irão requerer conhecimentos das
20

disciplinas: concreto armado, concreto protendido, aço, madeira, etc.


(Almeida, 2009).

3 – Determinação dos deslocamentos em alguns pontos: às vezes


necessária para a própria resolução da estrutura (método dos
deslocamentos para a análise das estruturas hiperestáticas). A limitação da
flecha máxima nas vigas é uma verificação exigida pelas normas para
evitar a deformação excessiva. Em algumas situações, tal limitação é
necessária por questões funcionais, como por exemplo: acima de janelas
com esquadrias, cujo empenamento comprometeria a utilização, podendo
levar as vidraças à ruptura (Almeida, 2009).
21

Resumindo

- Estrutura: conjunto capaz de receber solicitações externas, denominadas


ativas, absorvê-las internamente e transmiti-las até seus apoios ou vínculos.

- Edifício: sistema estrutural dividido em dois subsistemas principais:

a) Infraestrutura: representada pela fundação do edifício, bem como seus


elementos acessórios (sapatas, estacas, blocos de coroamento, etc.).

b) Superestrutura: representada pelas vigas, pilares, lajes, escadas, etc.

- Os sistemas estruturais são modelos de comportamento idealizados para


representação e análise de uma estrutura tridimensional.

- Quanto às dimensões e às direções das ações, os elementos estruturais


podem ser classificados em: unidimensionais (vigas e pilares);
bidimensionais (lajes) e tridimensionais (blocos de fundação).

- Ações: causas que provocam esforços ou deformações nas estruturas.


Revisar os conceitos fundamentais apresentados na NBR 8681/2003 –
“Ações e segurança nas estruturas – procedimento” e na NBR 6120 –
“Cargas para o cálculo de estruturas de edificações”.

- Objetivos da análise estrutural: determinação das reações de apoio;


determinação dos esforços solicitantes internos e determinação dos
deslocamentos dos elementos estruturais.
22
23

Conceitos Básicos de Estática de Estruturas

Objetivos desta unidade

 Revisar conceitos básicos da Estática.

 Compreender os modelos e simplificações de cálculo.

 Apresentar e analisar os esforços internos que uma estrutura está


submetida.
 Apresentar os principais tipos de carregamentos e de apoios.

Introdução

Para o bom andamento da disciplina de Teoria das Estruturas I faz-


se necessário revisar alguns conceitos básicos de análise estrutural que
foram aprendidos em disciplinas como Física I, Mecânica e Resistência dos
Materiais I.

Para conseguirmos desenvolver os diagramas de esforços


solicitantes internos (ESI) e calcularmos o deslocamento em um ponto
qualquer de um elemento estrutural (uma viga, por exemplo);
primeiramente, precisamos desenvolver a concepção dessa estrutura
graficamente, bem como avaliar suas condições de apoio e carregamento
e, então, calcular as suas reações de apoio.
24

Portanto, a presente unidade do guia de estudos versa sobre tais


conceitos e tem como função dar suporte ao desenvolvimento das análises
estruturais.

2.1 Grandezas fundamentais

2.1.1 Força

Podemos caracterizar força como sendo uma grandeza vetorial


caracterizada por: direção, sentido, intensidade e ponto de aplicação. A
Figura 2.1, a seguir, apresenta representações de forças no plano
cartesiano e no espaço.

Figura 2.1 – A) Forças no plano cartesiano; B) Representação da


força F no espaço.

(Almeida, 2009).

É válido lembrar que no espaço:


25

   
F  Fx  Fy  Fz

2.1.2 Momento
Podemos caracterizar momento como sendo também uma
grandeza vetorial caracterizada por: direção, sentido, intensidade e ponto
de aplicação. Na prática, o momento representa a tendência de giro, de
rotação, em torno de um ponto de referência, provocada pela ação de uma
força.

O momento M de uma força F em relação a um ponto O é função da


força F e da distância entre a aplicação da força (ponto P) e o ponto O,
dado pelo seguinte produto vetorial:

 
M  OP  F

Pela Figura 2.2 sabemos que α é o ângulo formado entre OP e F, portanto, o


módulo de M será dado por:

 
M  OP . F . sen

Sabemos que a distância entre P e O pode ser calculada como sendo:

d  OP . sen

Portanto, temos que:

M  F .d

Figura 2.2 – Momento M de uma força em relação ao ponto O


26

(Almeida, 2009).

A regra da mão direita também é um artifício muito utilizado para a


compreensão do sentido e do eixo de rotação. A direção e o sentido do
momento M são dados pelo polegar, quando a palma da mão direita é
direcionada para o ponto O, o polegar deverá estar perpendicular aos
outros quatro dedos, que, por sua vez, deverão apontar no sentido de F.
Para entender o princípio da regra da mão direita, basta visualizar a Figura
2.3 a seguir.

Figura 2.3 – Regra da mão direita

(Silveira, 2008).
27

2.2 Equilíbrio de corpos rígidos

Um corpo rígido está em equilíbrio quando todas as forças e


momentos externos que atuam sobre ele formam um sistema de forças e
momentos equivalentes a zero, isto é, quando o somatório de todas as
forças e momentos atuantes na estrutura se igualarem a zero.

F  0 M o 0

As expressões anteriores definem as equações fundamentais da estática.

Para corpos no espaço (três dimensões), temos o disposto na Figura 2.4


para garantir a estabilidade da estrutura.

Figura 2.4 – Condições de equilíbrio para estruturas espaciais

(Silveira, 2008).
28

Para análises estruturais em duas dimensões, temos o apresentado na


Figura 2.5 para garantir a estabilidade da estrutura.

Figura 2.5 – Condições de equilíbrio para estruturas em duas dimensões.

(Almeida, 2009, adaptado).

Observando as Figuras 2.4 e 2.5 e suas respectivas


equações de equilíbrio, fica claro a razão pela qual
procura-se idealizar modelos bidimensionais nos
problemas da análise de estruturas, uma vez que
teríamos o dobro de equações para solucionar, caso
adotássemos modelos tridimensionais.
29

2.3 Modelos e simplificações de cálculo

Para podermos “modelar” numericamente e graficamente os


problemas que envolvem a análise estrutural, algumas simplificações
fazem-se fundamentais:

2.3.1 Simplificações geométricas

Em termos geométricos, os elementos de barra passam a ser


representados como unidimensionais e passam a ser representados por
uma linha (eixo) que passa pelo centro de gravidade das infinitas seções
transversais que compõem esses elementos, conforme apresentado na
Figura 2.6.

Figura 2.6 – Representação geométrica de uma barra.

(Almeida, 2009).

2.3.2 Representação dos carregamentos

O carregamento atuante em uma estrutura pode ser classificado


quanto ao tipo: forças e momentos. Quanto às forças, estas podem ser
concentradas ou distribuídas (uniformemente, triangulares, etc.), já com
relação aos momentos, estes são considerados concentrados ou
distribuídos.
30

A Figura 2.7 apresenta a modelagem geométrica e a representação de


carregamentos a que um determinado modelo de telhado está submetido.

Figura 2.7 – Modelagem da estrutura de um telhado

(Almeida, 2009).

Agora faremos a análise dos vários tipos de carregamentos a que


uma estrutura poderá estar submetida:

- Cargas concentradas: neste quesito podemos enquadrar tanto forças


quanto momentos que são distribuídos em áreas de pequenas dimensões,
em comparação com as dimensões da estrutura em análise.

- Cargas distribuídas: forças e momentos podem ser, de maneira


simplificada, considerados distribuídos ao longo de um comprimento.
Neste caso, uma das dimensões da área sobre a qual a força se transfere é
pequena quando comparada com a outra dimensão. Em projetos
estruturais, as ações das lajes sobre as vigas são exemplos de
carregamentos distribuídos linearmente (Almeida, 2009). A unidade de força
distribuída mais usual é kN/m.
31

É importante ressaltar que podemos ter carregamentos distribuídos


de diferentes formatos, porém, é sabido que a resultante deste
carregamento é numericamente igual à área delimitada pela função que o
descreve. Desta forma, temos que a resultante (R) de uma carga distribuída
ao longo de um elemento de barra de comprimento L e expressa pela
função q (x), será:
L
R   q( x) . dx
0

Sendo que a resultante (R) será coincidente com o centro de


gravidade do diagrama de q (x).

A seguir (Figura 2.8) é apresentado um resumo dos carregamentos


distribuídos mais utilizados na prática, com as suas resultantes e
respectivos pontos de aplicação.
32

Figura 2.8 – Resumo dos carregamentos distribuídos.

(Almeida, 2009).

2.3.3 Representação dos apoios


Para o estudo do equilíbrio dos corpos rígidos, não basta apenas
conhecer as forças externas que agem sobre ele, mas também é
necessário conhecer como este corpo rígido está apoiado.
33

Apoios ou vínculos são elementos que restringem os movimentos


das estruturas e recebem a seguinte classificação:

- Apoio do 1° gênero (apoio simples): impede a movimentação da estrutura


na direção perpendicular (translação) ao plano de apoio; permite a
movimentação paralela (translação) ao plano de apoio e permite a rotação.

- Apoio do 2° gênero (rótula, apoio fixo ou articulação): impede a


movimentação (translação) na direção normal e paralela ao plano de
apoio; permite a rotação.

- Apoio do 3° gênero (engaste): impede a movimentação (translação) na


direção normal e paralela ao plano de apoio e impede a rotação.

A Figura 2.9 a seguir ilustra os três tipos de apoios descritos.


34

Figura 2.9 – Representação dos apoios em estruturas planas.

(Almeida, 2009).
35

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

01 – Dada a viga biapoiada a seguir, calcule as reações de apoio da


mesma.

Figura 2.10 – Modelo simplificado da viga biapoiada proposta para o exercício 01 .

Resolução

O primeiro passo para a resolução do exercício é adotar, conforme a Figura


2.11, um sistema de eixos ortogonais (x e y) e nomear os apoios.

Figura 2.11 – Sistema referencial para a resolução do exercício 01.


36

O segundo passo é indicar, nos apoios da estrutura, as forças reativas que


estes introduzem, arbitrando seus sentidos, conforme a Figura 2.12:

2.12 – Reações de apoio – sentidos arbitrados.

O terceiro e último passo é calcular as reações de apoio com base nas


equações de equilíbrio da estática:

F x  0   H A  20,0  0  H A  20,0 kN

M A  0  (20,0 x1,0)  (20,0 x4,0)  (30,0 x7,0)  8VB  0 VB  33,8 kN

F y  0 VA  20,0  20,0  30,0  33,8  0 VA  3,7 kN

O sinal negativo nas reações H e V indicam que o sentido correto é


A A

contrário àquele arbitrado. O sistema de forças externas, em equilíbrio,


pode finalmente ser observado na Figura 2.13.
37

Figura 2.13 – Reações de apoio da viga proposta no exercício 01.

02 – Dado o pórtico a seguir, calcule as reações de apoio do mesmo.

Figura 2.14 – Modelo simplificado do pórtico proposto para o exercício 02.


38

Resolução

Cálculo das reações de apoio:

F x  0  H A  20,0  20,0  0  H A  0,0

M A  0  (20,0 x2,0)  (15,0 x4,0 x2,0)  (20,0 x4,0)  4VB  0 VB  20,0 kN

F y  0 VA  (15,0 x4,0)  20,0  0 VA  40,0kN

Portanto:

Figura 2.15 – Reações de apoio do pórtico proposto no exercício 02.

2.4 Esforços solicitantes internos

Há a interação entre o corpo rígido de estudo e as forças externas


(ativas e reativas) que atuam sobre ele. Tal interação se dá através de
39

forças internas que são mobilizadas em todas as seções contíguas de um


corpo submetido à ação de um conjunto de forças externas.

Imaginemos um corpo rígido, conforme a Figura 2.16, submetido a


um sistema de forças externas em equilíbrio. Criando uma seção S
seccionando o corpo, dividindo-o em duas partes, fica evidente a
necessidade de introduzirmos um sistema de forças capaz de manter em
equilíbrio as duas partes citadas. Observar que estas forças internas variam
dependendo da posição da seção S. As forças internas correspondem à
interação entre as partículas do sólido, que se encontram nos dois lados da
seção imaginária S. Segundo o princípio da ação e reação, estas forças são
sempre recíprocas (iguais direções, intensidades e ponto de aplicação, mas
com sentidos opostos). A parte direita do corpo age sobre a parte esquerda
e vice-versa, de tal forma que as forças que aparecem em ambos os lados
formam também um sistema de forças, desta vez internas, em equilíbrio
(Almeida, 2009).

Figura 2.16 – A) Corpo submetido a um sistema de forças externas


em equilíbrio; B) Tensões internas em uma seção genérica S.

(Almeida, 2009).
40

Conforme Almeida (2009), a distribuição das forças internas no plano


da seção S se dá através das tensões. A resultante destas tensões
encontra-se reduzida ao centro de gravidade da seção, onde obteremos a
resultante das forças e momentos.

Considerando um sistema de eixos ortogonais, podemos obter as


três componentes das forças R: R , R e R ; e as três componentes do
x y z

momento resultante M: M , M e M . Estas componentes citadas são


x y z

denominadas esforços solicitantes internos (ESI) da seção S.

Em estruturas tridimensionais, os seis esforços solicitantes internos


podem ser observados, conforme a Figura 2.17. A componente R designará
x

o esforço normal, representado por N. As componentes R e R são esforços


y z

cortantes Q e Q . A componente do momento em torno do eixo x, ou seja, M


y z x

denomina-se momento torsor, representado por T. As componentes do


momento M, segundo os eixos y e z, são os momentos fletores,
respectivamente M e M .
y z

Figura 2.17 – A) Resultante do sistema de forças e momentos


atuando no centro de gravidade da seção S; B) Esforços solicitantes
internos na seção S de uma estrutura espacial.

(Almeida, 2009).
41

De maneira a padronizar o desenvolvimento dos diagramas de esforços


solicitantes, temos a Tabela 2.1 a seguir.

Tabela 2.1 – Convenções para esforços solicitantes internos.

(Almeida, 2009).

Em termos de estruturas planas, conhecendo-se as forças externas


que atuam nesta, podemos determinar os esforços solicitantes internos (N,
Q e M) em qualquer seção transversal e, desta forma, desenvolver os
diagramas de esforços solicitantes: DEN (diagrama de esforços normais),
DEC (diagrama de esforços cortantes) e DEM (diagrama de momentos
fletores).
42

2.5 Relações fundamentais da Estática

Conforme observado anteriormente, os ESI variam em função da


posição da seção de estudo, portanto, podemos dizer que tais esforços são
funções do eixo x da barra. Sabemos que os ESI dependem também do
carregamento a que a barra está submetida. A relação entre o
carregamento e os esforços solicitantes internos é o que chamamos de
relações fundamentais da estática.

2.5.1 Relações entre os esforços normais e cargas axiais


distribuídas
Dada a viga da Figura 2.18, para garantir o equilíbrio estático nestas
condições, temos que:

 0   N   p( x) . dx  ( N  dN )  0  p( x)  
dN
F x
dx

Portanto, a derivada da função N em relação à x é igual à função do


carregamento axial p (x), porém com o sinal trocado.

Integrando entre os pontos genéricos 1 e 2, temos o esforço normal


compreendido neste trecho:

x2 x2 x2

 dN    p( x)dx  N 2  N1    p( x)dx
x1 x1 x1
43

Figura 2.18 – A) Viga submetida a carregamento axial distribuído; B)


Equilíbrio de um elemento infinitesimal; C) Trecho 1-2

(Almeida, 2009).

2.5.2 Relações entre os esforços cortantes e momentos fletores e


carregamento transversal
Dada a viga da Figura 2.19, a relação entre os citados esforços é
obtida considerando o equilíbrio do elemento infinitesimal de comprimento
dx, portanto, fazendo-se o equilíbrio de forças na vertical, temos que:

 0  Q  q( x) . dx  (Q  dQ)  0  q( x)  


dQ
F y
dx

Fazendo-se o somatório de momentos em relação ao ponto 2 e


igualando a zero, temos:
44

  dx  
 0   M  (Q . dx)  q( x) . dx.   ( M  dM )  0  (Q . dx)  q( x) .
dx ²   dM  0
M 2
  2   2 

Sabemos que dx é um elemento infinitesimal e, elevado ao


quadrado se tornaria menor ainda, portanto, a parcela (dx)² da equação
acima pode ser considerada nula, então, reescrevendo a equação:

dM
Q
dx

Integrando a função q (x) que expressa o carregamento transversal


distribuído ao longo da viga, teremos a variação do cortante entre os
pontos 1 e 2:

x2 x2 x2

 dQ    q( x)dx  Q
x1 x1
2  Q1    q( x)dx
x1

De maneira análoga, temos que:

x2 x2 x2

 dM   Q( x)dx  M 2  M 1   Q( x)dx
x1 x1 x1

Figura 2.19 – A) Viga submetida a carregamento transversal distribuído q(x);


B) Equilíbrio de um elemento infinitesimal dx.

(Almeida, 2009).
45

EXERCÍCIO RESOLVIDO

03 – (Sussekind, 1981) Obter os esforços simples atuantes nas seções S1 e


S2 da estrutura da Figura 2.20, submetida ao carregamento indicado (em
toneladas força, t).

Figura 2.20 – Estrutura para análise, exercício 03.

(Sussekind, 1981).

Para obtermos os esforços simples, necessitamos inicialmente


calcular as reações de apoio. A partir das equações de equilíbrio, temos:

M A  0  (9 x2)  (9 x6)  9VD  0 VD  8t

F y  0 VA  VD  9

F x  0  H A  9t
46

Os sinais positivos encontrados no cálculo das reações de apoio indicam


que os sentidos arbitrados estão corretos.

a) Análise da seção S1:

Calculando pelas forças à esquerda, temos o esquema indicado na Figura


2.21, a seguir, a partir do qual, obtemos:

N = -1 t (compressão)
s1

Q =0
s1

M = +18 t.m (o sinal positivo indica que as fibras tracionadas são as do lado
s1

pontilhado)

Figura 2.21 – Análise da seção S1 pela esquerda

(Sussekind, 1981).
47

Os esforços poderiam também ser calculados pelas forças da direita,


obtendo-se os mesmos valores, evidentemente, conforme indica a Figura
2.22.

Figura 2.22 – Análise da seção S1 pela direita

(Sussekind, 1981).

b) Análise da seção S2:

Calculando pelas torças à esquerda temos, conforme o esquema da figura


ao lado:

N =0
s2

Q =1t
s2

M = 21 t.m
s2
48

Figura 2.23 – Análise da seção S2 pela esquerda

(Sussekind, 1981).
49

Resumindo

- Condições de equilíbrio de corpos rígidos no espaço:

F x 0 F y 0 F
z 0 M x 0 M y 0 M z 0

- Condições de equilíbrio de corpos em duas dimensões:

F x 0 F y 0 M o 0

- A resultante (R) de uma carga distribuída ao longo de um elemento de


barra de comprimento L e expressa pela função q(x), é:

L
R   q( x) . dx
0

- Apoio do 1° gênero: impede a movimentação da estrutura na direção


perpendicular (translação) ao plano de apoio; permite a movimentação
paralela (translação) ao plano de apoio e permite a rotação.

- Apoio do 2° gênero: impede a movimentação (translação) na direção


normal e paralela ao plano de apoio; permite a rotação.

- Apoio do 3° gênero: impede a movimentação (translação) na direção


normal e paralela ao plano de apoio e impede a rotação.

- Esforços solicitantes: esforço normal, esforço cortante, momento fletor e


momento torçor.

- Relações entre os esforços normais e cargas axiais distribuídas:


50

x2 x2
dN
p ( x)  
dx  dN    p( x)dx
x1 x1

- Relações entre os esforços cortantes e momentos fletores e carregamento


transversal:

x2 x2
dQ dM
q ( x)  
dx
Q
dx  dQ    q( x)dx
x1 x1
x2 x2

 dM   Q( x)dx
x1 x1
51
52

Estudo das Vigas Isostáticas

Objetivos desta unidade

 Conhecer e elaborar a concepção estrutural dos principais tipos de


vigas.

 Elaborar os diagramas de esforços solicitantes internos de vigas


isostáticas.

 Compreender o arranjo estrutural de vigas Gerber e desenvolver os


seus respectivos diagramas de esforços solicitantes internos.

Introdução

Podemos considerar uma viga (Figura 3.1) como um elemento


estrutural representado por uma barra, ou seja, um elemento em que uma
das suas dimensões é preponderante em relação às demais, permitindo
que a tratemos como unidimensional. Desta forma, a viga é um modelo
plano, sendo considerado que a estrutura e o carregamento a ela
submetidos são aplicados a um único plano.

Figura 3.1 – Processo executivo das vigas aéreas de uma edificação


53

Fonte: o autor

Em linhas gerais, podemos tratar as vigas como simples (biapoiada,


engastada e livre e biapoiada com balanços) ou compostas (vigas Gerber).
As vigas simples são compostas basicamente por um único elemento de
barra, enquanto as vigas compostas são formadas por associações de
vários elementos de barra, ou seja, por várias vigas simples.

Podemos generalizar e dizer que o estudo das vigas isostáticas


constitui a base de todo o aprendizado do comportamento das estruturas.
Os conceitos teóricos que serão apresentados se aplicam, em geral, aos
demais tipos de estruturas.

É através da análise do carregamento e do


desenvolvimento de diagramas de esforços
54

solicitantes de uma viga que podemos dimensioná-la


e detalhá-la (Figura 3.2), permitindo que, dessa
maneira, seja possível executá-la em obra.

Figura 3.2 – Detalhamento de uma viga

Fonte: o autor
55

3.1 Vigas simples

3.1.1 Vigas biapoiadas

As vigas biapoiadas são estruturas planas definidas por um único


elemento de barra, com dois apoios em suas extremidades. Como tratamos
de estruturas isostáticas, um destes apoios será do primeiro gênero e o
outro será do segundo gênero. Para entendermos o comportamento de
uma viga biapoiada, estudaremos vigas biapoiadas submetidas a diversos
tipos de carregamentos.

3.1.1.1 Viga biapoiada com carga concentrada


Dada a Figura 3.3 a seguir, vamos desenvolver os diagramas de
esforço cortante e momento fletor correspondentes.

Figura 3.3 – Viga biapoiada submetida a uma carga concentrada P

Fonte: Almeida, 2009


56

a) Cálculo das reações de apoio:

Para avaliarmos o comportamento estrutural dessa viga, precisamos


primeiramente calcular as reações em seus apoios:

- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção x (horizontal), temos:

Fx  0  H B  0  0  H B  0

- Desenvolvendo-se o somatório de momentos no apoio A, temos:

P. a
M A  0  ( P. a)  VB . L  0 VB 
L
- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção y (vertical), temos:

P. a P. L  P. a P.  L  a  P. b
Fy  0 VA  P  VB  0 VA  P  VA  VA  VA 
L L L L

b) Diagrama de momentos fletores:

Em posse das reações de apoio, podemos começar a desenvolver o


diagrama de momentos fletores:

- Estudando o trecho I da viga, que varia de A a C, temos:

Trecho I: 0 ≤ x ≤ a

Pb
M ( x)  V A . x  M ( x)  .x
L
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
0, M = 0 e quando x = a, M = Pba/L.

- Estudando o trecho II da viga, que varia de C a B, temos:

Trecho II: a ≤ x ≤ L

 Pb  PL 
M ( x)  VA . x  Px  a  M ( x) 
Pb
. x  P. x  P. a  M ( x)   . x  P. a
L  L 
57

Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =


a, M = M = Pba/L e quando x = L, M = 0.

- Com estes resultados é possível traçar o diagrama de momentos fletores


apresentados na Figura 3.4, a seguir. Observe que quando o momento fletor
for positivo, indicaremos que a viga estará sendo tracionada em suas fibras
inferiores. Desenharemos o diagrama de momentos fletores sempre para o
lado da região tracionada. Nos trechos onde não há carregamento na viga,
o diagrama de momentos fletores se comportará como uma reta e
apresentará um ponto anguloso no ponto de aplicação da carga
concentrada (ponto C).

Figura 3.4 – Diagrama de momentos fletores de uma viga biapoiada


submetida à carga concentrada

Fonte: Almeida, 2009

c) Diagrama de esforços cortantes:

Em posse das reações de apoio, podemos desenvolver também o


diagrama de esforços cortantes:

- Estudando o trecho I da viga, que varia de A a C, temos:

Trecho I: 0 ≤ x ≤ a
58

Pb
Q( x )  V A  Q( x ) 
L
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
0, Q = Pb/L e quando x = a, Q = Pb/L.

- Estudando o trecho II da viga, que varia de C a B, temos:

Trecho II: a ≤ x ≤ L

Pb
Q( x )  V A  P  Q( x )  P
L
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
a, Q = -Pa/L e quando x = L, Q = -Pa/L
d

- Com estes resultados é possível traçar o diagrama de esforços cortantes


apresentado na Figura 3.5, a seguir. Observe que consideraremos o esforço
cortante positivo quando o sentido de giro deste for horário e o
desenharemos na parte superior da viga. Em trechos onde não há
carregamento na viga, o diagrama de esforços cortantes será uma reta
horizontal. No ponto de aplicação do carregamento (ponto C) concentrado
haverá uma descontinuidade no diagrama com magnitude igual à força
aplicada (no caso, força P).

Figura 3.5 – Diagrama de esforços cortantes de uma viga biapoiada


submetida à carga concentrada

Fonte: Almeida, 2009


59

3.1.1.2 Viga biapoiada com momento concentrado

Dada uma viga biapoiada submetida a uma carga momento


concentrada, conforme apresentado na Figura 3.6 a seguir, vamos
desenvolver os seus respectivos diagramas de esforços cortantes e
momentos fletores.

Figura 3.6 – Viga biapoiada submetida a um momento concentrado


M

Fonte: Almeida, 2009

a) Cálculo das reações de apoio

- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção x (horizontal), temos:

Fx  0  H B  0  0  H B  0

- Desenvolvendo-se o somatório de momentos no apoio A, temos:

M A  0  M  VB . L   0 VB 
M
L
- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção y (vertical), temos:
60

M
Fy  0  VA  VB  0 VA  VB VA 
L
b) Diagrama de momentos fletores:

Em posse das reações de apoio, podemos começar a desenvolver o


diagrama de momentos fletores:

- Estudando o trecho I da viga, que varia de A a C, temos:

Trecho I: 0 ≤ x ≤ a

M
M ( x)  VA . x  M ( x)   .x
L
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
0, M = 0 e quando x = a, M = -Ma/L (momento fletor à esquerda de C).

- Estudando o trecho II da viga, que varia de C a B, temos:

Trecho II: a ≤ x ≤ L

M
M ( x)  VA . x  M  M ( x)   .xM
L
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
a, M = Mb/L (momento fletor à direita de C) e quando x = L, M = 0.

Para o traçado do diagrama de momentos fletores, devemos levar em


consideração alguns aspectos muito importantes: o momento fletor em
cada um dos apoios é nulo; a equação M(x) em cada um dos trechos (I e II)
é tipicamente do 1° grau, denotando que teremos duas retas; quando
avaliamos o momento fletor no ponto C pela esquerda e pela direita
obtivemos resultados diferentes, porém, a soma destes em módulo é
numericamente equivalente à carga momento concentrada aplicada no
ponto de análise, denotando claramente que este é um ponto de
descontinuidade no diagrama; unindo os pontos dos apoios aos seus
respectivos valores de momentos fletores no ponto C, teremos o diagrama
completo, conforme a Figura 3.7.
61

Figura 3.7 – Diagrama de momentos fletores de uma viga biapoiada


submetida a um momento concentrado.

Fonte: Almeida, 2009

c) Diagrama de esforços cortantes:

Em posse das reações de apoio, podemos começar a desenvolver o


diagrama de esforços cortantes e podemos estudar a viga toda como se
fosse em trecho único, visto que não há aplicação de forças entre os
apoios, portanto:

- Estudando o trecho que varia de A a B, temos:

Trecho AB: 0 ≤ x ≤ L

Equacionando o esforço cortante para um ponto intermediário qualquer,


temos:

M
Q( x)  VA  Q( x)  
L
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
0, M = -M/L e quando x = L, M = -M/L.

Para o traçado do diagrama de esforços cortantes, observamos que


teremos uma reta horizontal, representada abaixo do eixo da viga, visto que
em todos os pontos da viga o esforço cortante é constante, portanto, o
diagrama fica conforme representado na Figura 3.8.
62

Figura 3.8 – Diagrama de esforços cortantes de uma viga biapoiada


submetida a um momento concentrado

Fonte: Almeida, 2009.

3.1.1.3 Viga biapoiada com carregamento uniformemente


distribuído
Dada uma viga biapoiada submetida a um carregamento
uniformemente distribuído, conforme apresentado na Figura 3.9 a seguir,
vamos desenvolver os seus respectivos diagramas de esforços cortantes e
momentos fletores.

Figura 3.9 – Viga biapoiada submetida a um carregamento


uniformemente distribuído q

Fonte: Almeida, 2009.


63

a) Cálculo das reações de apoio:

- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção x (horizontal), temos:

Fx  0  H B  0  0  H B  0

- Desenvolvendo-se o somatório de momentos no apoio A, temos:

 L q. L² q. L
M A  0   (q. L)   VB . L  0 VB  VB 
 2 2L 2
- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção y (vertical), temos:

Fy  0 VA  q . L   VB  0 VA  q . L   VB VA  q . L  


q. L q. L
VA 
2 2
b) Diagrama de momentos fletores:

Em posse das reações de apoio, podemos começar a desenvolver o


diagrama de momentos fletores. Observe que como temos um único
carregamento, constante e uniforme, ao longo da viga, adotaremos um
único trecho de estudo.

- Estudando o único trecho da viga, que varia de A a B, temos:

Trecho AB: 0 ≤ x ≤ L

Equacionando o momento fletor para uma seção genérica S, temos:

 x
M ( x)  VA . x  q. x    M ( x) 
q. L . x q. x²

 2 2 2
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =
0, M = 0 e quando x = L, M = 0. Observamos, portanto, que uma viga
biapoiada submetida a um carregamento uniformemente distribuído
apresenta momentos fletores nulos em seus apoios, porém, é sabido que
esse momento não é nulo em toda a viga. Para tanto, estudaremos de
maneira mais detalhada como o momento fletor se comporta ao longo do
comprimento da mesma.
64

Como podemos descobrir o momento máximo a que


a viga estará submetida?

Derivando-se a equação genérica para M(x) e igualando-a a zero,


obteremos o ponto de máximo da função:

dM ( x) q. L 2 . q. x L
 0   0  x
dx 2 2 2
Ou seja, conclui-se que o momento será máximo no meio da viga, portanto,
em L/2. Aplicando tal valor para x na equação M(x), descobriremos a
magnitude de tal momento fletor:
2
L q.  L 
q. L .  
M ( x  L / 2)  2   2   M  qL²  qL²  M  qL²
máx
2 2 4 8 8
Portanto, o momento fletor máximo será da magnitude de qL²/8.

Em trechos onde há carregamento uniformemente distribuído em


vigas, o momento fletor é dado conforme uma parábola que fica
evidenciada pela equação do 2° grau apresentada para M(x),
anteriormente.

Para a representação gráfica do diagrama (Figura 3.10), faremos o


traçado de uma parábola que será desenhada no lado em que a viga está
tracionada. Conforme apresenta Almeida (2009), seguiremos o seguinte
roteiro: a partir da linha construtiva tracejada definida pelos valores de
momentos fletores nos apoios e no centro da viga, marca-se duas vezes o
valor de qL²/8. O primeiro ponto será o máximo da parábola e o segundo,
quando ligado aos valores de momentos fletores aos apoios, permite a
obtenção das tangentes à parábola.
65

Figura 3.10 - Diagrama de momentos fletores de uma viga biapoiada


submetida a carregamento uniformemente distribuído

Fonte: Almeida, 2009

c) Diagrama de esforços cortantes:

Da mesma forma como desenvolvemos o diagrama de momentos fletores,


desenvolveremos o diagrama de esforços cortantes.

- Estudando o trecho I da viga, que varia de A a B, temos:

Trecho I: 0 ≤ x ≤ L

Equacionando o esforço cortante para uma seção genérica S, temos:

Q( x)  VA  q. x Q( x)   q. x 


qL
2
Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise:
quando x = 0 e x = L, Q = qL/2, em ambos os casos. Observamos, portanto,
que uma viga biapoiada submetida a um carregamento uniformemente
distribuído apresenta esforços cortantes iguais às suas respectivas reações
de apoio nas extremidades, e no intermédio da viga ela se comportará
como uma reta, evidenciada pela equação apresentada acima.
66

Será que, em algum ponto ao longo do comprimento


da viga, o esforço cortante se anulará?

Para respondermos à questão proposta, basta


igualarmos a equação genérica para o esforço
cortante a zero, ou seja:

Q( x)  VA  q. x  0   q. x   q. x  x 


qL qL L
2 2 2
Portanto, observamos que exatamente no centro da viga, ou seja, em
L/2 teremos um esforço cortante nulo, o que faz todo sentido dada a
relação entre o momento fletor e o esforço cortante apresentada em outro
momento dos nossos estudos. Ou seja, onde o momento fletor é máximo, o
esforço cortante apresentou-se nulo.

Para o traçado do diagrama de esforços cortantes (Figura 3.11),


basta indicarmos as magnitudes das reações de apoio nas extremidades e
uni-las por uma reta. Observe que, exatamente em L/2, a reta cruza-se com
o eixo da viga, evidenciando que o esforço cortante naquele ponto é nulo.

Figura 3.11 - Diagrama de esforços cortantes de uma viga biapoiada


submetida a carregamento uniformemente distribuído

Fonte: Almeida, 2009.


67

3.1.1.4 Viga biapoiada com carregamento triangular

Dada uma viga biapoiada submetida a um carregamento triangular,


conforme apresentado na Figura 3.12 a seguir, vamos desenvolver os seus
respectivos diagramas de esforços cortantes e momentos fletores.

Figura 3.12 - Viga biapoiada submetida a carregamento triangular q(x)

Fonte: Almeida, 2009.

a) Cálculo das reações de apoio:

- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção x (horizontal), temos:

Fx  0  H B  0  0  H B  0

- A força resultante de um carregamento triangular é numericamente igual


à área do seu diagrama e seu ponto de aplicação é no centro de gravidade
do elemento geométrico que descreve esse carregamento, no caso, um
triângulo, localizando-se a 1/3 (um terço) da base. Desenvolvendo-se o
somatório de momentos no apoio A, temos:
68

 q. L   2 L  q. L
M A  0    x   VB . L  0 VB 
 2   3  3
- Desenvolvendo-se o somatório de forças na direção y (vertical), temos:

 qL   qL   q. L  3qL  2qL qL
Fy  0 VA     VB  0 VA       VA  VA 
 2   2   3  6 6
b) Diagrama de momentos fletores:

Em posse das reações de apoio, podemos começar a desenvolver o


diagrama de momentos fletores. Observe que como temos um único
carregamento - constante - ao longo da viga, adotaremos um único trecho
de estudo.

- Estudando o único trecho da viga, que varia de A a B, temos:

Trecho AB: 0 ≤ x ≤ L

Para equacionarmos o momento fletor para uma seção genérica S, temos


primeiramente que conhecer o valor da resultante R e para tanto, podemos
descobrir o valor de y através da semelhança entre triângulos:

Figura 3.13 - Viga biapoiada submetida a carregamento triangular q(x),


análise genérica.

Fonte: Almeida, 2009, adaptado.


69

y q qx
 y 
x L L
Dessa forma:

 2 x   qL   q x   x   x   qL   q 
M ( x)  V A . x   R.     x    .   .    M ( x)    x    x ³
 3   6   L   2   3   6   6L 

Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise:


quando x = 0, M = 0 e quando x = L, M = 0. Observamos, portanto, que uma
viga biapoiada submetida a um carregamento triangular apresenta
momentos fletores nulos em seus apoios, porém, é sabido que esse
momento não é nulo em toda a viga. Para tanto, estudaremos de maneira
mais detalhada como o momento fletor se comporta ao longo do
comprimento da mesma.

Como podemos descobrir o momento máximo a que


a viga condicionada a um carregamento triangular
estará submetida?

Derivando-se a equação genérica para M(x) e


igualando-a a zero, obteremos o ponto de máximo da
função:

dM ( x)  qL   3q  L 3
 0      x 2  0  x   x  0,577 L
dx  6   6L  3

É importante observar que obtemos na realidade duas raízes para a


equação desenvolvida acima, porém, somente a raiz positiva é coerente
70

com o exemplo apresentado, pois é a única que estará no intervalo de


validade da função, ou seja, 0 ≤ x ≤ L.

Portanto, conclui-se que o momento será máximo na posição 0,577L.


Aplicando tal valor para x na equação M(x), descobriremos a magnitude de
tal momento fletor:

 qL    q  
M ( x  0,577 L)   0,577 L    0,577 L ³  M máx  0,0642qL²
 6    6 L  
Portanto, o momento fletor máximo será da magnitude de 0,0642qL².

Em trechos onde há carregamento triangular em vigas, o momento


fletor é dado conforme uma curva do 3° grau apresentada para M(x),
anteriormente.

Para a representação gráfica do diagrama (Figura 3.14), seguiremos


o seguinte roteiro, apresentado por Almeida (2009): a partir da linha
construtiva tracejada que será definida pelos momentos fletores nos pontos
estudados (apoios) e a 1/3 da base do triângulo de carregamento, marca-
se em escala o valor auxiliar de qL²/9. O ponto obtido, quando ligado aos
apoios, permite a obtenção das tangentes à curva nestes trechos. O ponto
de máximo (x = 0,577L) fornece as informações adicionais necessárias ao
traçado da parábola do 3° graus representada pela equação de M(x).
71

Figura 3.14 - Diagrama de momentos fletores de uma viga biapoiada


submetida a carregamento triangular

Fonte: Almeida, 2009

c) Diagrama de esforços cortantes:

Da mesma forma como desenvolvemos o diagrama de momentos fletores,


desenvolveremos o diagrama de esforços cortantes.

- Estudando o trecho I da viga, que varia de A a B, temos:

Trecho I: 0 ≤ x ≤ L

Baseando-se na Figura 3.13 e equacionando o esforço cortante para uma


seção genérica S, temos:

 qL   q x   x   qL   q  2
Q( x)  VA  R  Q( x)       .     Q( x )      x
 6   L   2   6   2L 
72

Partindo da equação anterior, podemos fazer a seguinte análise: quando x =


0, Q = qL/6 e quando x = L, Q = qL/3. Observamos, portanto, que uma viga
biapoiada submetida a um carregamento uniformemente distribuído
apresenta esforços cortantes iguais às suas respectivas reações de apoio
nas extremidades, e no intermédio da viga ela se comportará como uma
parábola, evidenciada pela equação do 2° grau apresentada acima.

Será que, em algum ponto ao longo do comprimento


da viga, o esforço cortante se anulará?

Para respondermos à questão proposta, basta


igualarmos a equação genérica para o esforço
cortante a zero, ou seja:

 qL   q  2 L 3
0    x  x   x  0,577 L
 6   2L  3
Portanto, observamos que exatamente em x = 0,577L teremos um
esforço cortante nulo, o que faz todo sentido dada a relação entre o
momento fletor e o esforço cortante apresentada em outro momento nos
nossos estudos. Ou seja, onde o momento fletor é máximo, o esforço
cortante apresentou-se nulo.

Para o traçado do diagrama de esforços cortantes (Figura 3.15),


indicaremos as magnitudes das reações de apoio nas extremidades.
Observe que, exatamente em 0,577L, a curva cruza-se com o eixo da viga,
evidenciando que o esforço cortante naquele ponto é nulo. A tangente
horizontal acontecerá em A, pois dQ(x)/dx = - q = 0, portanto, desta maneira,
conhecendo-se também a concavidade da parábola, é possível
desenvolver o traçado final do diagrama de momentos fletores.
73

Figura 3.15 - Diagrama de esforços cortantes de uma viga biapoiada


submetida a carregamento triangular.

Fonte: Almeida, 2009.

EXERCÍCIOS RESOLVIDOS

01 - Dada a viga biapoiada a seguir (Figura 3.16), submetida a três cargas


concentradas distintas, desenvolva os diagramas de esforços cortantes e
momentos fletores da mesma.

Figura 3.16 – Viga biapoiada com cargas concentradas, referente ao exercício 01.
74

Resolução

O primeiro passo para resolvermos o problema proposto é organizá-lo e


discriminá-lo em trechos, conforme apresentado a seguir (Figura 3.17).

Figura 3.17 – Definição dos trechos e seções para a resolução do exercício 01.

O próximo passo é calcular as reações de apoio, conforme será feito a


seguir:

Fx  0  H A  0  0  H A  0

M A  0  (20,0 x3)  (40,0 x7)  (30,0 x10)  14VB  0 VB  45,7 kN


Fy  0 VA  20,0  40,0  30,0  45,71  0 VA  44,3 kN

Figura 3.18 – Reações de apoio da viga biapoiada proposta no exercício 01

.
75

Em posse de tais resultados, temos condições de traçar os


diagramas de esforços cortantes e momentos fletores.

Estudando a viga por trechos, iremos equacionar o esforço cortante


para cada uma das seções indicadas (S1, S2, S3 e S4). Observe que é
importante estudar separadamente cada trecho em que há variação do
carregamento, conforme desenvolvemos abaixo.

Trecho I (A a C ): 0 ≤ x < 3,0 m


esq 1

Q( x)  VA Q( x)  44,29kN
Trecho II (C a D ): 3,0 < x < 7,0 m
dir esq 2

Q( x)  VA  20 Q( x)  44,29  20,00 Q( x)  24,29 kN


Trecho III (D a E ): 7,0 < x < 10,0 m
dir esq 3

Q( x)  VA  20,00  40,00 Q( x)  44,29  20,00  40,00 Q( x)  15,71 kN


Trecho IV (E a B): 10,0 < x ≤ 14,0 m
dir 4

Q( x)  VA  20,00  40,00  30,00 Q( x)  45,71 kN


Da mesma forma, iremos equacionar o momento fletor para cada uma das
seções indicadas (S1, S2, S3 e S4):

Trecho I (A a C): 0 ≤ x ≤ 3,0 m 1

M ( x)  VA . x1  M ( x)  44,29 . x1
Trecho II (C a D): 3,0 ≤ x ≤ 7,0 m 2

M ( x)  44,29. x2  20,00x2  3,0 M ( x)  24,29. x2  60,00


Trecho III (D a E): 7,0 ≤ x ≤ 10,0 m 3

M ( x)  44,29. x3  20,00x3  3,0  40,00x3  7,0 M ( x)  15,71 . x3  340,00

Trecho IV (E a B): 10,0 ≤ x ≤ 14,0 m 4


76

M ( x)  44,29. x4  20,00x4  3,0  40,00x4  7,0  30,00x4  10,0


M ( x)  45,71. x4  640,00
Avaliaremos agora o comportamento de alguns pontos importantes para o
traçado dos diagramas:

Tabela 3.1 – Pontos de análise e seus respectivos esforços cortantes e momentos


fletores.
Ponto de Esforço Momento fletor
análise cortante (kN) (kN.m)
A 44,3 0,0
C esq 44,3
132,9
C dir 24,3
D esq 24,3
230,0
D dir -15,7
E esq -15,7
182,9
E dir -45,7
B -45,7 0,0

Desta maneira, podemos traçar os diagramas de esforços cortantes (DEC)


e momentos fletores (DMF):

Figura 3.19 – Diagrama de esforços cortantes (DEC) da viga biapoiada, proposta no


exercício 01.
77

Figura 3.20 – Diagrama de momentos fletores (DMF) da viga biapoiada, proposta


no exercício 01.

02 - Dada a viga biapoiada a seguir (Figura 3.21), submetida a um


carregamento uniformemente distribuído de 10,0 kN/m, desenvolva os
diagramas de esforços cortantes e momentos fletores da mesma.

Figura 3.21 – Viga biapoiada com carregamento uniformemente distribuído,


referente ao exercício 02.

Resolução

Como o carregamento ao longo da viga não varia, podemos trabalhar com


um único trecho de estudo, conforme será apresentado a seguir (Figura
3.22).
78

Figura 3.22 – Definição do trecho e seção para a resolução do exercício 02.

Cálculo das reações de apoio:

Fx  0  H A  0  0  H A  0

M A  0 (10,0 x7,0) x3,5  7VB  0 VB  35,0 kN


Fy  0 VA  10,0 x7,0  VB  0 VA  10,0 x7,0  35,0  0 VA  35,0 kN

Figura 3.23 – Reações de apoio da viga biapoiada, proposta no exercício 02.

Em posse de tais resultados, temos condições de traçar os diagramas de


esforços cortantes e momentos fletores.

Como trata-se de carregamento constante ao longo da viga, trabalharemos


com um único trecho de estudo para equacionarmos o esforço cortante e o
momento fletor em uma seção genérica S : 1

Trecho I (A a B): 0 ≤ x ≤ 7,0 m


79

Q( x)  VA  10,0 x Q( x)  35,0  10 x


Portanto, teremos um esforço cortante nulo quando x = 3,5 m, pois:

Q( x)  35,0  10 x  0  35,0  10 x  x  3,5 m


Tal situação implica em dizer que teremos o momento máximo atuante
nesta viga também em x = 3,5 m. Equacionando o momento fletor, temos
que:

 x
M ( x)  VA . x  10,0 x    M ( x)  35,0 x  5,0 x²
 2
É sabido que o momento máximo (qL²/8) ocorrerá na seção x = 3,5 m (0,5
L), portanto:

M ( x)  35,0 x  5,0 x²  M ( x  3,5)  35,0 . 3,5  5,0 . 3,5² M máx  61,3 kN.m
Organizaremos agora o comportamento de alguns pontos importantes para
o traçado dos diagramas (Tabela 3.2):

Tabela 3.2 – Pontos de análise e seus respectivos esforços cortantes e


momentos fletores.
Ponto de Esforço cortante Momento fletor
análise (kN) (kN.m)
A 35,0 0,0
x = 3,5 m 0,0 61,3
B -35,0 0,0

Valendo-se dos pontos obtidos na Tabela 3.2 e sabendo-se que, para


a situação apresentada no exercício 02, o esforço cortante é representado
por uma equação do 1° grau e o momento fletor é representado por uma
equação do 2° grau, temos condições de traçar os seguintes diagramas:
80

Figura 3.24 – Diagrama de esforços cortantes (DEC) da viga


biapoiada, proposta no exercício 02

.
Figura 3.25 – Diagrama de momentos fletores (DMF) da viga biapoiada,
proposta no exercício 02.

03 - Dada a viga biapoiada a seguir (Figura 3.26), submetida a um


carregamento triangular de 15,0 kN/m, desenvolva os diagramas de
esforços cortantes e momentos fletores da mesma.

Figura 3.26 – Viga biapoiada com carga triangular, referente ao exercício 03.
81

Resolução

Como o carregamento ao longo da viga não varia, podemos trabalhar com


um único trecho de estudo, conforme será apresentado a seguir (Figura
3.27).

Figura 3.27 – Definição do trecho e seção para a resolução do exercício 03.

Cálculo das reações de apoio:

Fx  0  H A  0  0  H A  0

 5,0   2 
M A  0  15,0 x  x x5,0   5VB  0 VB  25,0 kN
 2  3 
 5,0   5,0 
Fy  0 VA  15,0 x   VB  0 VA  15,0 x   25,0  0 VA  12,5 kN
 2   2 

Figura 3.28 – Reações de apoio da viga biapoiada, proposta no exercício 03.


82

Em posse de tais resultados, temos condições de traçar os


diagramas de esforços cortantes e momentos fletores.

Como trata-se de carregamento constante ao longo da viga,


trabalharemos com um único trecho de estudo para equacionarmos o
esforço cortante e o momento fletor em uma seção genérica S . Para tanto,
1

precisamos estudar o comportamento do carregamento triangular nesta


seção:

Figura 3.29 - Viga biapoiada submetida a carregamento triangular, análise


genérica.

Através de uma semelhança de triângulos, temos que:

y 15,0
  y  3x
x 5,0
Trecho I (A a B): 0 ≤ x ≤ 5,0 m

 x
Q( x)  VA  3x    Q( x)  12,5  1,5 x²
 2
Portanto, teremos um esforço cortante nulo quando x = 2,89 m (0,577 L),
pois:

Q( x)  12,5  1,5x² 12,5  1,5x²  0  x  2,89 m


83

Tal situação implica em dizer que teremos o momento máximo atuante


nesta viga também em x = 2,89 m. Equacionando o momento fletor, temos
que:

  x  1 
M ( x)  VA . x  3x   x   M ( x)  12,5 x  0,5 x³
  2  3 
É sabido que o momento máximo (0,0642qL²) ocorrerá na seção x = 2,89 m,
portanto:

M ( x)  12,5x  0,5x³  M ( x)  12,5 . 2,89  0,5 . 2,89³  M máx  24,1 kN.m


Organizaremos agora o comportamento de alguns pontos importantes para
o traçado dos diagramas (Tabela 3.3):

Tabela 3.3 – Pontos de análise e seus respectivos esforços cortantes e


momentos fletores.
Ponto de Esforço cortante Momento fletor
análise (kN) (kN.m)
A 12,5 0,0
x = 2,89 m 0,0 24,1
B -25,0 0,0

Em posse de tais dados, podemos desenvolver, de maneira análoga aos


exemplos anteriores, os diagramas de esforços cortantes (Figura 3.30) e
diagrama de momentos fletores (Figura 3.31):
84

Figura 3.30 – Diagrama de esforços cortantes (DEC) da viga biapoiada,


proposta no exercício 03.

Figura 3.31 – Diagrama de momentos fletores (DMF) da viga biapoiada,


proposta no exercício 03.

3.1.2 Princípio da superposição


Conforme apresenta Almeida (2009), se uma estrutura estiver
submetida a mais de uma carga ou carregamento, numa análise linear
elástica, então os esforços internos em qualquer seção, as reações de
apoio, os deslocamentos, enfim, todos os efeitos que surgem devidos aos
carregamentos, podem ser calculados como a soma dos resultados
encontrados para cada caso de carregamento. Este princípio é o que
chamamos de Princípio da Superposição dos Efeitos e tem fundamental
importância em análises estruturais, facilitando modelagens
computacionais de estruturas submetidas a complexos carregamentos.
85

Para maiores detalhes sobre a aplicação do Princípio


da Superposição dos Efeitos na análise estrutural, o
autor sugere que seja acompanhado o exercício 4.10,
apresentado no livro “Estruturas Isostáticas”, da autora
Maria Cascão Ferreira de Almeida.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

04 - Dada a viga biapoiada a seguir (Figura 3.32), submetida a um


carregamento que inclui cargas concentradas horizontal e vertical, carga
momento e carregamento uniformemente distribuído, desenvolva os
diagramas de esforços normais, cortantes e momentos fletores da mesma.

Figura 3.32 – Viga biapoiada com múltiplos carregamentos, referente ao


exercício 04.
86

Resolução

Como o carregamento ao longo da viga varia em diversos momentos,


adotaremos vários trechos de estudo, conforme será apresentado a seguir
(Figura 3.33).

Figura 3.33 – Definição dos trechos e seções para a resolução do exercício


04.

O próximo passo é calcular as reações de apoio conforme será feito a


seguir:

Fx  0   H A  20,0  0  H A  20,0kN

M A  0  (20,0 x1,0)  10,0  (15,0 x4,0) x6,0  8,0VB  0 VB  48,7 kN


Fy  0 VA  20,0  (15,0 x4,0)  48,7  0 VA  31,3 kN

Figura 3.34 – Reações de apoio da viga biapoiada, proposta no exercício 04.


87

Em posse de tais resultados, temos condições de traçar os


diagramas de esforços normais e cortantes e momentos fletores.

Observe que, a partir do ponto A, temos a reação de apoio horizontal


equivalente a 20,0 kN e que a mesma não sofre variações até o ponto C . esq

Portanto, neste trecho I (AC), a viga estará submetida a um esforço normal


de tração de 20,0 kN que irá se anular a partir da análise do ponto C , visto
dir

que neste momento temos a soma vetorial de +20,0 kN e – 20,0 kN. Desta
maneira, chegamos ao diagrama de esforços normais apresentado na
Figura 3.35.

Figura 3.35 – Diagrama de esforços normais (DEN) da viga biapoiada,


proposta no exercício 04.

Estudando a viga por trechos, iremos equacionar o esforço cortante para


cada uma das seções indicadas (S1, S2, S3 e S4). Observe que é
importante estudar separadamente cada trecho em que há variação do
carregamento, conforme desenvolvemos abaixo.

Trecho I (A a C ): 0 ≤ x < 1,0 m


esq 1

Q( x)  VA Q( x)  31,3kN
Trecho II (C a D ): 1,0 < x < 3,0 m
dir esq 2

Q( x)  VA  20,0 Q( x)  31,3  20,0 Q( x)  11,3 kN


Trecho III (D a E ): 3,0 < x < 4,0 m
dir esq 3
88

Q( x)  VA  20,0 31,3  20,0 Q( x)  11,3 kN


Trecho IV (E a B): 4,0 < x ≤ 8,0 m
dir 4

Q( x)  VA  20,0  15,0 . x4  431,3  20,0  15,0 . x4  4Q( x)  15,0 x4  71,3

Avaliando o ponto em que o esforço cortante se anula, temos que x = 4,75


m, pois:

Q( x)  15,0 x4  71,3 15,0 x4  71,3  0  x4  4,75 m


Da mesma forma, iremos equacionar o momento fletor para cada uma das
seções indicadas (S1, S2, S3 e S4):

Trecho I (A a C): 0 ≤ x ≤ 1,0 m


1

M ( x)  VA . x1  M ( x)  31,3 . x1
Trecho II (C a D ): 1,0 ≤ x < 3,0 m
esq 2

M ( x)  31,3. x2  20,0x2  1,0 M ( x)  11,3. x2  20,0


Trecho III (D a E): 3,0 < x ≤ 4,0 m
dir 3

M ( x)  31,3. x3  20,0x3  1,0  10,0  M ( x)  11,3 . x3  30,0


Trecho IV (E a B): 4,0 ≤ x ≤ 8,0 m
4

  x  4,0 
M ( x)  31,3. x4  20,0x4  1,0  10,0  15,0 . x4  4,0 4 
  2 

M ( x)  7,5x42  71,3x4  90,0


Avaliaremos agora o comportamento de alguns pontos importantes para o
traçado dos diagramas:
89

Tabela 3.4 – Pontos de análise e seus respectivos esforços cortantes e


momentos fletores.
Ponto de Esforço Momento fletor
análise cortante (kN) (kN.m)
A 31,3 0,0
C esq 11,3
31,3
C dir 11,3
D esq 11,3 53,7
D dir 11,3 63,7
Eesq 11,3
75,0
E dir 11,3
x = 4,75 m 0,0 79,2
B - 48,7 0,0

Desta maneira, podemos traçar os diagramas de esforços cortantes (DEC)


e momentos fletores (DMF):

Figura 3.36 – Diagrama de esforços cortantes (DEC) da viga biapoiada,


proposta no exercício 01.
90

Figura 3.37 – Diagrama de momentos fletores (DMF) da viga biapoiada,


proposta no exercício 01.

3.1.3 Vigas engastadas e livres

As vigas engastadas e livres são também comumente conhecidas


como vigas em balanço e são caracterizadas por um único apoio que tem
por função assegurar a estabilidade estática da estrutura. Para tanto, o
engaste ou apoio do terceiro gênero apresenta três reações (horizontal,
vertical e momento).

O procedimento de análise estrutural é similar ao apresentado


anteriormente para vigas biapoiadas. Para tanto, acompanhe o exercício
resolvido 5.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

05 - Dada a viga engastada e livre a seguir (Figura 3.38), submetida a um


carregamento que inclui cargas concentradas horizontal e vertical e
carregamento uniformemente distribuído, desenvolva os diagramas de
esforços normais, cortantes e momentos fletores da mesma.
91

Figura 3.38 – Viga engastada e livre, correspondente ao exercício 05.

Resolução

Como o carregamento ao longo da viga varia em diversos momentos,


adotaremos vários trechos de estudo, conforme será apresentado a seguir
(Figura 3.39).

Figura 3.39 – Definição dos trechos e seções para a resolução do exercício


05.

O próximo passo é calcular as reações de apoio, conforme será feito a


seguir:
92

Fx  0  H A  20,0  0  H A  20,0kN

M A  0  M A  (20,0 x1,0)  (15,0 x3,0) x3,5  (20,0 x5,0)  0  M A  277,5 kNm

Fy  0 VA  20,0  (15,0 x3,0)  20,0  0 VA  85,0 kN

Figura 3.40 – Reações de apoio da viga engastada e livre, proposta no


exercício 05.

Em posse de tais resultados, temos condições de traçar os


diagramas de esforços normais, cortantes e momentos fletores.

Em termos de esforços normais, podemos observar que entre os


pontos A e D não há variação de esforços normais, portanto, fazendo uma
análise a partir do ponto A, observa-se que a reação H tende a comprimir a
A

viga e esta fica submetida internamente a esforço normal de compressão


ao longo de todo o seu comprimento. Desta forma, traçamos o diagrama
de esforços normais, proposto na Figura 3.41.

Figura 3.41 – Diagrama de esforços normais da viga engastada e livre,


proposta no exercício 05.
93

Estudando a viga por trechos, iremos equacionar o esforço cortante para


cada uma das seções indicadas (S1, S2 e S3).

Trecho I (A a B ): 0 ≤ x < 1,0 m


esq 1

Q( x)  VA Q( x)  85,0kN
Trecho II (B a C ): 1,0 ≤ x < 2,0 m
dir esq 2

Q( x)  VA  20,0 Q( x)  85,0  20,0 Q( x)  65,0kN


Trecho III (C a D ): 2,0 ≤ x < 5,0 m
dir esq 2

Q( x)  VA  20,0  15,0x3  2,0Q( x)  15,0 x3  95,0


Reproduzindo a análise, porém, para momentos fletores, temos:

Trecho I (A a B ): 0 ≤ x ≤ 1,0 m
esq 1

M ( x)  M A  VA .x1  M ( x)  85,0.x1  277,5


Trecho II (B a C ): 1,0 ≤ x ≤ 2,0 m
dir esq 2

M ( x)  M A  VA .x2  20,0x2  1,0 M ( x)  65,0 x2  257,5


Trecho III (C a D ): 2,0 ≤ x ≤ 5,0 m
dir esq 2

  x  2,0 
M ( x)  M A  VA .x3  20,0x3  1,0  15,0x3  2,0 3  
  2 
 M ( x)  7,5x32  95,0 x3  287,5

Avaliaremos agora o comportamento de alguns pontos importantes para o


traçado dos diagramas:
94

Tabela 3.5 – Pontos de análise e seus respectivos esforços cortantes e


momentos fletores.
Ponto de Esforço Momento fletor
análise cortante (kN) (kN.m)
A 85,0 -277,7
B esq 85,0
-192,5
B dir 65,0
C esq 65,0
-127,5
C dir 65,0
D 20,0 0,0

Desta maneira, podemos traçar os diagramas de esforços cortantes (DEC)


e momentos fletores (DMF):

Figura 3.42 – Diagrama de esforços cortantes da viga engastada e livre,


proposta no exercício 05.

Figura 3.43 – Diagrama de momentos fletores da viga engastada e livre,


proposta no exercício 05.
95

3.1.4 – Vigas biapoiadas com balanços

As vigas biapoiadas podem apresentar trecho(s) em balanço, ou


seja, podem ser estendidas após o(s) seu(s) apoio(s), conforme é
apresentado na Figura 3.44.

Figura 3.44 – Exemplos de vigas biapoiadas, com um balanço e com


dois balanços, respectivamente.

(Silveira, 2008).

Como o nosso objetivo em Teoria das Estruturas I é estudar


estruturas isostáticas, as vigas biapoiadas terão um apoio simples e um
apoio do segundo gênero, portanto, sujeitas a três reações de apoio (duas
reações verticais e uma horizontal).

O procedimento de análise estrutural é similar ao apresentado


anteriormente para vigas biapoiadas. Para tanto, acompanhe o exercício
resolvido 06.

EXERCÍCIO RESOLVIDO

06 - Dada a viga biapoiada com balanços a seguir (Figura 3.45), submetida


a um carregamento que inclui cargas concentradas e carregamentos
uniformemente distribuídos, desenvolva os diagramas de esforços
cortantes e momentos fletores da mesma.
96

Resolução

Como o carregamento ao longo da viga varia, adotaremos trechos de


estudo, conforme será apresentado a seguir (Figura 3.46). Observe que a
viga é simétrica tanto em termos de geometria quanto em termos de
carregamento.

Figura 3.46 – Definição dos trechos e seções para a resolução do exercício


06.

O próximo passo é calcular as reações de apoio, conforme será feito a


seguir:

Fx  0  H A  0,0  0  H A  0,0


M A  0  (10,0 x2,0 x1,0)  (20,0 x1,0)  (20,0 x4,0 x2,0)  (10,0 x2,0 x5,0)  (20,0 x5,0)  4,0VB
VB  80,0kN
97

Fy  0 VA  20,0  (10,0 x2,0)  (20,0 x4,0)  VB  20,0  (10,0 x2,0)  0 VA  80,0 kN

Figura 3.47 – Reações de apoio da viga biapoiada com balanços, proposta


no exercício 06.

É importante observar que, devido à simetria descrita anteriormente,


as reações de apoio verticais foram de igual valor.

Estudando a viga por trechos, iremos equacionar o esforço cortante


para cada um destes.

Trecho I (C a D ): 0 ≤ x < 1,0 m


esq 1

Q( x)  10 x1
Trecho II (D a A ): 1,0 ≤ x < 2,0 m
dir esq 2

Q( x)  (10 x1,0)  20,0  10,0( x2  1,0)Q( x)  10,0 x2  20,0


Trecho III (C a D ): 2,0 ≤ x < 4,0 m
dir esq 3

Q( x)  (10 x2,0)  20,0  80,0  20,0( x3  2,0)Q( x)  20,0 x3  80,0


Reproduzindo a análise, porém, para momentos fletores, temos:

Trecho I (C a D ): 0 ≤ x ≤ 1,0 m
esq 1

x 
M ( x)  10,0 x1  1   M ( x)  5,0 x12
2
Trecho II (D a A ): 1,0 ≤ x ≤ 2,0 m
dir esq 2

  x 
M ( x)  20,0( x2  1,0)  10,0 x2  2   M ( x)  5,0 x22  20,0 x2  20,0
  2 
98

Trecho III (C a D ): 2,0 ≤ x ≤ 4,0 m


dir esq 3

  x  2,0 
M ( x)  20,0( x3  1,0)  20,0( x3  1,0)  VA x3  2,0  20,0x3  2,0 3  
  2 

 M ( x)  10,0 x32  80,0 x3  160,0

Avaliaremos agora o comportamento de alguns pontos importantes para o


traçado dos diagramas:

Tabela 3.6 – Pontos de análise e seus respectivos esforços cortantes e


momentos fletores.
Ponto de Esforço Momento fletor
análise cortante (kN) (kN.m)
C 0,0 0,0
D esq -10,0
-5,0
D dir -30,0
A esq -40,0
-40,0
A dir +40,0
E
esq 0,0 0,0

Levando em consideração a questão da simetria da estrutura, podemos


afirmar que a segunda metade da viga terá os esforços equivalentes nas
seções correspondentes. Desta maneira, podemos traçar os diagramas de
esforços cortantes (DEC) e momentos fletores (DMF):
99

Figura 3.48 – Diagrama de esforços cortantes da viga biapoiada com


balanços, proposta no exercício 06.

Figura 3.49 – Diagrama de momentos fletores da viga biapoiada com


balanços, proposta no exercício 06.

3.1.5 – Vigas Gerber

Conforme Sussekind (1973), uma viga Gerger (Figura 3.50) é uma


associação de vigas com estabilidade própria com outras apoiadas sobre
as primeiras, que dão a estabilidade ao conjunto. Para resolvê-la, basta
fazer sua decomposição nas vigas que a constituem, resolvendo
inicialmente aquelas sem estabilidade própria e, após, as dotadas de
estabilidade própria, para as cargas que lhe estão diretamente aplicadas,
acrescidas, para estas últimas, das forças transmitidas pelas rótulas.
100

Figura 3.50 – Viga Gerber de uma ponte, sua concepção estrutural e


decomposição.

Silveira, 2008

Tais vigas foram estudadas inicialmente pelo Engenheiro Civil Heinrich


Gerber (1832-1912) e surgiram por duas razões principais:

- Pelo aspecto estrutural, permitindo deformações e evitando o surgimento


de esforços internos devido a recalques dos apoios.

- Por questões construtivas, permitindo o lançamento de vigamentos pré-


moldados em locais de difícil acesso, por exemplo, sobre cursos de rios.

O processo de resolução de uma viga Gerber inicia-se com a


decomposição da mesma. Para tal, devemos destacar as vigas que já
possuem estabilidade própria, apoiando sobre elas as demais através das
101

rótulas, que indicam a transmissão de carga das vigas que não possuem
estabilidade própria para as que possuem (Sussekind, 1973). A seguir, são
apresentados alguns exemplos de decomposição de vigas Gerber (Figura
3.51).

Figura 3.51 – Exemplos de decomposição de vigas Gerber.

Sussekind, 1973

Queremos chamar a atenção para o fato de que um dos apoios da


viga Gerber deve ser capaz de absorver forças horizontais, que irão
diretamente para ele através das rótulas, provocando esforços normais na
viga, ao longo de sua trajetória. As cargas verticais somente serão as
responsáveis pelos momentos fletores e esforços cortantes atuantes na
viga Gerber, e para obtê-los necessitamos fazer a sua decomposição. É por
102

esta razão que, nesta decomposição, não nos preocupamos se o apoio é


do 1° ou 2° gênero, pois, para as cargas verticais, todos funcionarão como
se fossem do l° gênero (Sussekind, 1973).

A seguir será desenvolvido um exemplo apresentado na referência de


Sussekind (1973).

EXERCÍCIO RESOLVIDO

07 - Obter os diagramas solicitantes para a viga Gerber, apresentada a


seguir.

Figura 3.52 – Vigas Gerber, solicitada no exercício 07

Sussekind, 1973

Resolução

Conforme descrito anteriormente, o primeiro passo para a resolução do


problema proposto é organizar os trechos de estudo, realizar a divisão da
viga Gerber e indicar a hierarquia de resolução, conforme é feito a seguir.
103

Figura 3.53 – Organização dos pontos de estudo e divisão da viga Gerber.

Sussekind, 1973

O próximo passo é resolver os diagramas para cada uma das vigas


separadamente, conforme será apresentado a seguir.

Viga I

Figura 3.54 – Viga I: reações de apoio, DEC e DMF.


104

Viga II

Figura 3.55 – Viga II: reações de apoio, DEC e DMF.


105

Viga III

Figura 3.55 – Viga III: reações de apoio, DEC e DMF.


106

Viga IV

Figura 3.56 – Viga IV: reações de apoio, DEC e DMF.

Unindo todos os diagramas apresentamos anteriormente, teremos os


diagramas de esforços cortantes (Figura 3.57) e de momentos fletores (3.58)
da viga Gerber proposta.
107

Figura 3.57 – Diagrama de esforços cortantes da viga Gerber, proposta no


exercício 07.

Figura 3.58 – Diagrama de momentos fletores da viga Gerber, proposta no


exercício 07.

3.1.6 – Vigas inclinadas

O estudo das vigas inclinadas irá compor a última parte do nosso


estudo referente às vigas. É importante destacar que, para desenvolvermos
tal estudo, trabalharemos com dois eixos referenciais: um global (o qual
será utilizado para a determinação das reações de apoio) e um local (o
qual será utilizado para a determinação de esforços solicitantes internos).

Conforme Almeida (2009), o sistema local pode ser utilizado para a


determinação das reações de apoio, mas os esforços solicitantes internos
são, obrigatoriamente, referidos aos sistemas locais.
108

Que tal pesquisar um pouco e descobrir quais as


principais aplicações das vigas inclinadas?

A seguir analisaremos algumas situações de carregamentos ligados a vigas


inclinadas.

1 - Viga inclinada com carregamento uniformemente distribuído


verticalmente.

Dada uma viga inclinada submetida a um carregamento uniformemente


distribuído verticalmente (Figura 3.59), temos as seguintes análises:
109

Figura 3.59 – Viga inclinada submetida a carregamento uniformemente


distribuído e seção S de estudo.

Valle et al., 2009

É importante observar que as reações de apoio nesta situação não


dependerão do valor de b e possuem o seguinte valor:

q.a
VA  VB 
2
110

Equacionando os esforços internos em função da seção S, temos que o


esforço normal (N), o esforço cortante (Q) e o momento fletor (M) serão
dados pelas seguintes expressões:

 q.a 
N - - q.x .sen 
 2 

 q.a 
Q  - q.x .cos 
 2 

 q.a q.x 2 

M   .x - 
 2 2 

Desta maneira, podemos então traçar os diagramas de esforços


solicitantes:
111

Figura 3.60 – Diagramas de esforços normais e cortantes da viga inclinada


submetida a carregamento uniformemente distribuído.

Valle et al., 2009


112

Figura 3.61 – Diagramas de momentos fletores da viga inclinada submetida


a carregamento uniformemente distribuído.

Valle et al., 2009

2 - Viga inclinada com carregamento uniformemente distribuído


horizontalmente.

Dada uma viga inclinada submetida a um carregamento uniformemente


distribuído horizontalmente (Figura 3.62), temos as seguintes análises:
113

Figura 3.62 – Viga inclinada submetida a carregamento uniformemente


distribuído horizontalmente e seção S de estudo.

Valle et al., 2009

Calculando-se as reações de apoio, temos:

F x  0HA  q.b

F y  0VA  VB

b q.b 2
 MA  0  a.VB - q.b.
2
 0  VB 
2.a
 VA

Equacionando os esforços internos em função da seção S, temos que o


esforço normal (N), o esforço cortante (Q) e o momento fletor (M) serão
dados pelas seguintes expressões:
114

 q.b 2 
N  q.b - q.x .cos    . sen 
 2.a 

 
2
V  q.b - q.x .sen  - 
q.b
. cos 
 2.a 

q.x 2  q.b 2  q.x 2  q.b 2  a q.b.x q.x 2


M  q.b.x - -  .y  M  q.b.x - -  .x.  M  -
2  2.a  2  2.a  b 2 2

Desta maneira, podemos então traçar os diagramas de esforços


solicitantes:

Figura 3.63 – Diagrama de esforços normais da viga inclinada submetida a


carregamento uniformemente distribuído horizontalmente.

Valle et al., 2009


115

Figura 3.64 – Diagrama de esforços cortantes da viga inclinada submetida a


carregamento uniformemente distribuído horizontalmente.

Valle et al., 2009

Figura 3.65 – Diagrama de momentos fletores da viga inclinada submetida a


carregamento uniformemente distribuído horizontalmente.

Valle et al., 2009


116

3 - Viga inclinada com carregamento uniformemente distribuído ao longo


do eixo da viga.

Tal situação pode ser resolvida facilmente, dividindo o carregamento em


duas componentes: uma parcela distribuída verticalmente e a outra parcela
distribuída horizontalmente, o que recai nos dois casos apresentados
anteriormente. A Figura 3.66 ilustra bem essa situação.

Figura 3.66 – Viga inclinada com carregamento uniformemente distribuído


ao longo do eixo da viga.

Valle et al., 2009


117

EXERCÍCIO RESOLVIDO

08 - Obter os diagramas de esforços solicitantes para a viga inclinada


apresentada a seguir.

Figura 3.67 – Viga inclinada referente ao exercício 08

Resolução

A seguir são apresentadas as reações de apoio e diagramas de esforços


solicitantes.
118

Figura 3.68 – Reações de apoio e diagrama de esforços normais da viga


inclinada do exercício 08.

Figura 3.69 – Diagrama de esforços cortantes da viga inclinada do exercício


08.

]
119

Figura 3.70 – Diagrama de momentos fletores da viga inclinada do exercício


08.
120

Resumindo
A Figura 3.71 apresenta um resumo dos aspectos essenciais para o traçado
dos diagramas de esforços internos.

Figura 3.71 – Aspectos essenciais para o traçado dos diagramas de


esforços solicitantes.

Almeida, 2009
121

A partir da Figura 3.71, podemos concluir que:

- Quando um determinado trecho da viga não possui carregamento


distribuído, os diagramas de esforços cortantes e de momentos fletores
variam linearmente neste trecho (desenhos 1 e 4 da Figura 3.71).

- Quando determinado trecho da viga é submetido a carregamento


distribuído uniforme, o diagrama de esforços cortantes varia linearmente e
o de momentos fletores varia conforme uma parábola do 2° grau (desenhos
2 e 3 da Figura 3.71).

- O diagrama de momentos fletores deve ser, obrigatoriamente, sempre


desenhado para o lado em que a viga está sendo tracionada.

- O formato do diagrama de esforços cortantes estará sempre


condicionado ao carregamento que a viga estará submetida.

- O diagrama de momentos fletores possui trechos crescentes na região em


que o cortante é positivo e trechos decrescentes quando o cortante é
negativo (desenhos 1, 2, 3 e 4 da Figura 3.71).

- Nas seções onde o momento fletor é máximo ou mínimo, o cortante se


anula, pois basta recordar que a derivada do momento fletor é o esforço
cortante (desenhos 1, 2 e 3 da Figura 3.71).

- Uma força concentrada gera uma descontinuidade no diagrama de


esforços cortantes e uma mudança na tangente do diagrama de momentos
fletores (desenhos 1 e 3 da Figura 3.71).

- Uma carga momento (momento concentrado) gera uma descontinuidade


no diagrama de momentos fletores (desenho 4 da Figura 3.71).

Você também pode gostar