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O Parvo (Joanne)

1- Adereços/símbolos cénicos que o caracterizam:


- Não traz símbolos cénicos pois estes, na obra em estudo, estão relacionados com o
estatuto social/actividade profissional das personagens e como tal o parvo, pelas suas
limitações mentais, não pode ser responsabilizado em nenhum destes aspectos. Todavia,
para muitos estudiosos, a linguagem e o vestuário funcionam como elementos cénicos,
sugerindo facilmente a sua origem social - o povo.

2- Personagem tipo: representa o povo (uma pessoa pobre de espírito).

3- Argumentos de defesa:
- Anjo: tudo o que fez foi sem maldade e é simples.

4- O Parvo não usa qualquer tipo de argumento para convencer o Anjo a deixá-lo
entrar no Paraíso porque:
- A sua entrada naquela barca foi autorizada, por isso não teve necessidade em
apresentar qualquer argumento.
-O Anjo disse-lhe que se ele quisesse, poderia entrar, pois ele não havia feito nada de
mal na sua vida, tudo o que fez foi sem maldade, mas disse-lhe para esperar para ver se
vinha alguém que merecesse entrar na barca divinal. A sua humildade é o seu verdadeiro
valor, por isso é conduzido ao Paraíso.
“Quem és tu? / Samica alguém”
A resposta
- Revela a sua simplicidade.
- Justifica o seu destino - o Paraíso.
5- A movimentação da personagem em cena:
Cais - Barca do Inferno - Barca da Glória - cais

6- Crítica/objectivo de Gil Vicente nesta cena:


-Quebrar a monotonia da peça, elogio dos simples de alma, divertir com o discurso ilógico da
personagem.
7- Recursos de estilo:
Cómico:
Linguagem: por ser toda a linguagem desconexa, injuriar e ser devassa (com palavrões). Ex:
“Samicas de caganeira.” “De cagamerdeira,”.
Carácter: revelado pelas atitudes da personagem. “De pulo ou de vôo?”.

8- Outras notas:
Não existe referência ao passado do parvo porque:
- não agiu com maldade.
- não tem pecados.
Caracterização desta personagem:
- não traz símbolos cénicos com ele porque não tem qualquer tipo de pecado.
- com simplicidade, ingenuidade e graça, auto-caracteriza-se perante o Diabo como “tolo”.
- as suas atitudes ao longo da cena são descontraídas, o que irrita o Diabo que o quer na sua barca.
- o Diabo é insultado pelo parvo.
- esses insultos revelam a sua pobreza de espírito.
- apresenta-se ao Anjo como “Samica alguém” e este diz-lhe que entrará na sua barca, porque tudo o que
fez foi sem maldade.
Uma opinião sobre esta cena:
- Tem uma intenção lúdica: divertir quem está a assistir a esta peça.
- Tem uma intenção crítica: dizer que os parvos são pobres de espírito e não têm intenção de fazer mal.
- Ajuda na crítica a outras personagens que entrarão em cena, produzindo efeitos cómicos.
9- Desenlace: - Fica no caís e entra com os Quatro Cavaleiros que virão mais tarde.
ac-nunes@

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