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Instalações Prediais

ÍNDICE
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................................3
I - INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA..............................................................................................................4
1) ABASTECIMENTO DA EDIFICAÇÃO E RESERVAÇÃO DE ÁGUA .......................................................................4
1.1) Abastecimento da Edificação ...............................................................................................................4
1.2) Reservação ...........................................................................................................................................5
2) BARRILETES E PRUMADAS DE DISTRIBUIÇÃO.............................................................................................15
2.1) Barriletes............................................................................................................................................15
2.2) Prumadas de Distribuição .................................................................................................................15
3) RAMAIS DE DISTRIBUIÇÃO INTERNA ....................................................................................................22
4) MATERIAIS EMPREGADOS ....................................................................................................................26
5) DIMENSIONAMENTO DE ENCANAMENTOS ............................................................................................27
5.1) Parâmetros de dimensionamento .......................................................................................................27
II - INSTALAÇÕES DE ÁGUA QUENTE ...................................................................................................40
1) MODALIDADES DE AQUECIMENTO .......................................................................................................40
2) TIPOS DE AQUECEDORES .....................................................................................................................43
2.1) Aquecimento Elétrico ........................................................................................................................43
2.2) Aquecimento à Gás ............................................................................................................................44
2.3) Aquecimento Solar ............................................................................................................................44
3) ARMAZENAMENTO E DISTRIBUIÇÃO ....................................................................................................45
3.1) Sistemas Individuais...........................................................................................................................45
3.2) Sistema Central Privado ....................................................................................................................45
3.3) Sistema Central Coletivo....................................................................................................................46
4) RAMAIS INTERNOS E DIMENSIONAMENTO DE ENCANAMENTOS ...........................................................46
5) MATERIAIS EMPREGADOS ....................................................................................................................47
III – INSTALAÇÕES DE PREVENÇÃO E COMBATE À INCÊNDIO E PÂNICO...............................53
1) INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................53
2) LEGISLAÇÃO ..............................................................................................................................................53
3) CLASSIFICAÇÃO DE EDIFICAÇÕES E DE ÁREAS DE RISCO .....................................................................55
4) EXIGÊNCIAS PARA MEDIDAS DE SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO CONFORME O TIPO DA EDIFICAÇÃO ......59
4.1) Edificações Residenciais (Grupo A)...................................................................................................67
4.2) Edificações Comerciais (Grupo C) ....................................................................................................67
4.3) Edificações Industriais (Grupo I).......................................................................................................67
5) DEFINIÇÕES E TERMINOLOGIAS .................................................................................................................68
6) PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS PARA APROVAÇÃO DE PROJETOS .....................................................70
7) ACESSO DE VIATURA NA EDIFICAÇÃO .......................................................................................................71
7.1) Características Mínimas das Vias de Acesso.....................................................................................71
7.2) Características Mínimas das Faixas de Estacionamento...................................................................72
8) SEPARAÇÃO ENTRE EDIFICAÇÕES ..............................................................................................................72
9) SEGURANÇA ESTRUTURAL DAS EDIFICAÇÕES ............................................................................................73
10) COMPARTIMENTAÇÃO HORIZONTAL E COMPARTIMENTAÇÃO VERTICAL ................................................76
11) SAÍDAS DE EMERGÊNCIA ..........................................................................................................................80
11.1) Acessos .............................................................................................................................................80
11.2) Rampas.............................................................................................................................................87
11.3) Portas Corta-Fogo ...........................................................................................................................87
11.4) Escadas Comuns e Enclausuradas...................................................................................................88
11.5) Corrimãos e Guarda-Corpo.............................................................................................................90
11.6) Elevadores de Emergência...............................................................................................................92
12) MEIOS DE PREVENÇÃO, PROTEÇÃO E COMBATE A INCÊNDIO ...................................................................92
12.1) Dispositivos e Equipamentos ...........................................................................................................93
12.1.1) Unidades Extintoras Manuais .......................................................................................................93
12.1.2) Unidades Extintoras Automáticas ...............................................................................................103
12.1.3) Outros Elementos Componentes do Sistema de Proteção Contra Incêndio................................104
13) MATERIAIS EMPREGADOS NA REDE HIDRÁULICA ..................................................................................104
14) SIMBOLOGIA ..........................................................................................................................................104
IV - INSTALAÇÕES DE GÁS COMBUSTÍVEL ......................................................................................110
1) TIPOS DE GÁS USADOS PARA CONSUMO DOMÉSTICO ................................................................................110
1.1) Gás encanado...................................................................................................................................110
1.2) Gás engarrafado ..............................................................................................................................110
Instalações Prediais

1.2.1) Composição do GLP .....................................................................................................................110


1.2.2) O Produto......................................................................................................................................111
2) APLICAÇÃO ..............................................................................................................................................114
3) TIPOS DE INSTALAÇÕES ............................................................................................................................115
3.1) Instalação Individual ou Simples .....................................................................................................115
3.2) Instalações Coletivas com Medição Individual................................................................................115
3.3) Instalações Coletivas sem Medição ou com Medição Única ...........................................................116
4) CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES .....................................................................................................116
4.1) Instalações Simples ......................................................................................................................116
4.2) Instalações Centralizadas ............................................................................................................117
4.3) Baterias ............................................................................................................................................117
5) LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DAS CENTRAIS DE GÁS GLP, DOS MEDIDORES DE CONSUMO E DAS
TUBULAÇÕES DE DISTRIBUIÇÃO...................................................................................................................118
5.1) Centrais de Gás GLP .......................................................................................................................119
5.2) Centrais de Medição do Consumo de GLP ......................................................................................119
5.3) Tubulações de Alimentação ou de Distribuição...............................................................................120
6) SEGURANÇA .............................................................................................................................................120
6.1) Localização do fogão .......................................................................................................................120
6.2) Localização dos recipientes .............................................................................................................120
6.3) Instalações Centralizadas ................................................................................................................121
6.4) Manuseio correto e segurança .........................................................................................................122
6.5) Trocando o botijão...........................................................................................................................122
6.6) Teste de vazamento ..........................................................................................................................123
6.7) Asfixia...............................................................................................................................................124
6.8) Queimaduras ....................................................................................................................................124
6.9) Incêndios ..........................................................................................................................................124
7) MATERIAIS EMPREGADOS PARA INSTALAÇÃO DE GÁS GLP .....................................................................124
V – INSTALAÇÕES DE ESGOTO SANITÁRIO......................................................................................128
1) SISTEMAS PÚBLICOS ..........................................................................................................................128
2) CONDIÇÕES GERAIS DE ESGOTAMENTO .............................................................................................128
2.1) Traçado das Redes ...........................................................................................................................128
2.2) Inclinação.........................................................................................................................................128
2.3) Vedação Contra Passagem de Gases e Animais ..............................................................................129
2.4) Ventilação ........................................................................................................................................129
2.5) Inspeções..........................................................................................................................................129
3) ESGOTOS PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS ...............................................................................................129
3.1) Definição..........................................................................................................................................129
4) FECHOS HÍDRICOS, CAIXAS SIFONADAS E CAIXAS DE GORDURA ......................................................130
5) VENTILAÇÕES NOS SISTEMAS DE ESGOTOS ........................................................................................133
6) RAMAIS DE DESCARGA, RAMAIS DE ESGOTO, TUBOS DE QUEDA, SUBCOLETORES E COLETORES
PREDIAIS ......................................................................................................................................................134
7) DIMENSIONAMENTO...........................................................................................................................139
8) MATERIAIS EMPREGADOS ..................................................................................................................141
VI – INSTALAÇÕES DE ESGOTO PLUVIAL.........................................................................................143
1) TIPOS DE SUPERFÍCIES A SEREM DRENADAS:......................................................................................143
1.1) Coberturas com Telhado..................................................................................................................143
1.2) Coberturas com Lajes Impermeabilizadas e Áreas ......................................................................143
Descobertas:............................................................................................................................................143
1.3) Varandas e Terraços Cobertos: .......................................................................................................143
1.4) Jardineiras: ......................................................................................................................................143
2) PRUMADAS E CONDUTORES HORIZONTAIS ........................................................................................144
2.1) Prumadas .........................................................................................................................................144
2.2) REDES HORIZONTAIS ............................................................................................................................144
3) DIMENSIONAMENTO DE CALHAS .......................................................................................................145

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
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INTRODUÇÃO
Conforto, funcionalidade e beleza estética. Sobre este tripé
deveriam se assentar as concepções das edificações em geral.
Infelizmente este foco foi perdido em inúmeras construções de
nossa época, marcadas pelo exagero da importância estética em
detrimento das demais necessidades dos edifícios.
A arquitetura do final de século procura resgatar estes
valores essenciais, aliando arte à técnica que envolve a complexa
rede de utilidades agregada aos edifícios, proporcionando hoje as
mais variadas facilidades aos usuários. Do perfeito casamento
entre os objetivos estéticos e funcionais nasce uma sociedade mais
feliz dentro dos espaços que ocupa, perfeitamente integrada aos
acessos à tecnologia moderna e que pode, ao mesmo tempo, desfrutar
da beleza criativa do artista.
Historicamente as instalações prediais têm sido consideradas
como de importância secundária no desenvolvimento dos projetos
arquitetônicos residenciais e comerciais. Esta visão levou-nos a
soluções improvisadas para os sistemas de utilidades gerais nos
edifícios, na maioria das vezes desconectadas da participação do
arquiteto. Se estes procedimentos eram de alguma forma aceitáveis
num passado próximo, hoje mostram-se totalmente inadequados às
construções modernas. O acelerado desenvolvimento tecnológico em
todo o mundo trouxe-nos uma avalanche de novos aparelhos e
equipamentos com necessidades bem específicas, que invadiram
nossas casas e nossos escritórios. Mais do que símbolos de status,
tornaram-se imprescindíveis para a vida do homem moderno. Os
antigos modelos arquitetônicos não mais condizem com esta
realidade que nos apresenta. Urge reconhecer essas novas
necessidades para que possamos criar espaços mais dinâmicos e
flexíveis, não sujeitos às deformações posteriores produzidas
pelas improvisações. Uma análise mais abrangente do mal que
acomete inúmeras instalações condenadas por mau funcionamento,
fatalmente apontará como causa original, defeitos em concepções
arquitetônicas que impediram as soluções ideais para as
instalações.
Este trabalho é destinado aos membros da comunidade técnica
que participam de quaisquer atividades relacionadas com as
edificações em geral. Pretende-se aqui, fornecer ao leitor uma
rápida compreensão dos sistemas de abastecimento de água fria e
quente, de prevenção e combate à incêndio, gás GLP e esgotos
sanitário/ pluvial que permitam ao profissional definir as
melhores opções para o seu projeto, prevendo espaços que atendam
às necessidades básicas de cada instalação.
O entendimento da importância destas redes no desempenho
final do edifício, é o primeiro passo no sentido de conciliar
soluções que sejam ao mesmo tempo esteticamente adequadas e
comprometidas com o bom funcionamento das instalações.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
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I - INSTALAÇÕES DE ÁGUA FRIA

1) Abastecimento da Edificação e Reservação de Água

1.1) Abastecimento da Edificação

Existem basicamente 3 maneiras de se abastecer as edificações:

‰ Abastecimento direto pela rede pública (fig. 01):


A tubulação de abastecimento da unidade consumidora se origina na rede pública e
segue diretamente para a alimentação dos aparelhos. Não há reservação de água
individual (para cada domicílio).
Sob o aspecto sanitário é o tipo de abastecimento ideal, já que não expõe a água
tratada pela Concessionária às contaminações que podem ocorrer nos reservatórios,
nem vincula a qualidade da água de consumo ao cuidado do usuário em manter o
reservatório permanentemente limpo e tampado. Exige porém dimensionamento
adequado da rede pública, que deverá atender aos horários de pico de demanda sem
sacrifício das vazões ou das pressões disponíveis.
As pressões também não podem ser muito altas para não danificar os dispositivos
hidráulicos internos.
Aplica-se à pequenas instalações , em locais onde haja regularidade no
abastecimento público. Muito pouco utilizado no Brasil.

‰ Abastecimento indireto com reservatório de água superior (fig. 02):


Utilizado para edificações de pequena altura (em geral para edifícios de até 4
pavimentos), ou onde a pressão disponível na rede pública, medida na entrada
d’água, mostre-se suficiente para atingir o nível máximo do reservatório localizado
acima da cobertura do edifício. Os pontos de consumo serão atendidos por
gravidade, através de tubulações que partem do reservatório superior e seguem em
direção às prumadas verticais, de onde os ramais internos são derivados. Ao
conjunto de tubulações horizontais de distribuição dispostas sobre a cobertura e
dispositivos de manobra (registros) na saída do reservatório, damos o nome de
barrilete.

‰ Abastecimento indireto c/ reservatórios de água inferior e superior (fig.


03):
Utilizado em edifícios altos ou onde a pressão disponível na rede pública não é
suficiente para uma alimentação direta do reservatório superior. Também pode ser
adotado em locais com abastecimento de água descontínuo, onde há possibilidade
de falta d’água por longos períodos. Neste caso os reservatórios inferior e superior
deverão ser dimensionados para garantir o abastecimento ininterrupto da
edificação. Quando enterrado, o reservatório inferior deverá ser inserido em
compartimento próprio, cujas paredes, fundo e tampa estejam afastadas no mínimo
60 cm das paredes do reservatório, criando assim um espaço para manutenções.
A água proveniente da rede pública é encaminhada para o reservatório inferior, de
onde será recalcada para o reservatório superior por intermédio de bombas. As
bombas devem ser localizadas preferencialmente em nível inferior ao do nível
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mínimo de água do reservatório. Diz-se nesse caso que elas trabalharão


“afogadas”. Esse procedimento evitará a entrada de ar nas tubulações de sucção
prejudicando o funcionamento das bombas. O comando liga-desliga das bombas é
automático, controlado pelos níveis de água nos dois reservatórios, ou seja, liga a
bomba quando o reservatório superior está vazio e o inferior está cheio e desliga
quando o superior está cheio ou quando o inferior está vazio.
Os locais para os dois reservatórios e para a casa de bombas devem estar
previstos nos projetos arquitetônicos.

1.2) Reservação

Existe hoje uma enorme gama de produtos e modelos de reservatórios elevados, para
escolha do arquiteto. O que proporcionou essa variedade foi o grande avanço
tecnológico no desenvolvimento de novos materiais mais leves, mais resistentes, mais
duráveis e com capacidade de preservar a água com excelente padrão de
potabilidade. A seleção do tipo mais adequado para ser aplicado em seu projeto
dependerá do volume necessário de reservação, do grau de pureza da água a ser
armazenada, do local de implantação, do efeito estético desejado e de outros fatores
condicionantes de projeto.
Como existem hoje alternativas de reservatórios pré-fabricados de volumes muito
maiores que os disponíveis antigamente, podemos adota-los inclusive em edifícios
residenciais multifamiliares ou comerciais, onde se exige uma reserva maior de água.
As soluções para implantação de reservatórios elevados podem passar pela simples
previsão de um espaço sobre as coberturas dos prédios, onde tenha-se fácil acesso e
área confortável para a circulação de pessoas em todo o contorno da caixa d’água,
tornando assim as visitas para inspeções gerais, manutenções e operações de
limpeza muito mais fáceis para os usuários.
É possível a previsão de duas ou mais caixas trabalhando em paralelo, interligadas
hidraulicamente através de tubulações. Essa solução pode ser conveniente quando se
tem muita disponibilidade de área e pouca de altura ou mesmo para facilitar o
trabalho de elevação do reservatório até a cobertura, pois é mais fácil içar mais de
uma caixa de tamanhos menores do que uma única de grande volume.
Recomendamos entretanto, que o número de reservatórios não seja excessivo pois
essa opção implica em soluções hidráulicas mais, complexas e mais caras, além de
dificultar as operações de limpeza e oferecer mais riscos de vazamentos, já que os
arranjos hidráulicos conterão um número muito maior de conexões e registros (deve-
se prever o isolamento de um reservatório para limpeza ou reparos sem a interrupção
de funcionamento dos outros).
Segue abaixo uma relação de alguns tipos de caixas d’água encontradas no
comércio.

‰ Caixas d’água em concreto armado ou estruturadas : são construídas “in loco”.


Muito utilizadas quando se necessita de um grande volume de reserva, sendo
portanto a escolha mais comum para os grandes edifícios comerciais e
residenciais. Cuidados do tipo, prever cantos arredondados para se evitar o
acúmulo de sujeiras ou providenciar uma boa impermeabilização interna, são
essenciais para garantir um bom desempenho. Deve-se sempre cuidar para que a
escolha de um determinado processo construtivo garanta a estanqueidade da
estrutura, principalmente nas passagens para saídas e entradas de tubulações.
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‰ Caixas d’água de fibrocimento : são constituídas basicamente de cimento e


fibras de amianto. Lideraram absolutas durante muitos anos o mercado das caixas
pré fabricadas, mas hoje vem perdendo espaço para os novos tipos,
principalmente para as caixas de materiais sintéticos. Têm sido acusadas de
serem prejudiciais à saúde, pelas características cancerígenas do amianto. São
encontradas nas formas retangulares e cilíndricas, em volumes que variam de 250
litros a 1.000 litros. O peso destas caixas é um fator limitante para a produção de
caixas de maior capacidade de armazenamento, visto que o transporte até o local
de instalação seria muito difícil. Apresentam excelente durabilidade e resistência,
além de total isolamento de luminosidade, garantindo água pura, livre de cheiro e
gosto.
‰ Caixas dágua de polietileno : a aprovação do uso de polietileno em reservatórios
de água potável é confirmada pelas autoridades de saúde pública, notadamente
por não apresentar qualquer forma de contaminação já que não registra
desprendimento de pigmentos. Suas principais vantagens são: são leves;
medianamente resistentes; duráveis; possuem baixa transferência e retenção de
calor – o que garante acondicionamento de água à temperatura ambiente -;
transporte e manuseio fáceis; facilidade de limpeza; preço baixo. São encontradas
no comércio em volumes de 500 e 1.000 litros. Existem fabricantes que fornecem
modelos de até 25.000 litros. Todo cuidado deve ser tomado no transporte e
assentamento das caixas, que só podem ser instaladas com a área de sua base
integralmente apoiada em superfície horizontal, plana, isenta de qualquer
irregularidade, sob pena de ser ter a caixa danificada. É comum a ocorrência de
casos em que a caixa chega ao local de implantação com trincas que a inutilizam,
em decorrência de um transporte mau feito. Pontas de fero, pedaços de madeira e
pedras podem danificar o fundo, que deverá ficar totalmente apoiado.
‰ Caixas d’água de poliéster : confeccionadas com poliéster insaturado de elevada
resistência mecânica e química, atóxico e com tratamento anti-crescimento de
algas. Sendo semi-exotérmica, reduz bastante a troca de calor com o ambiente
externo. Encontradas em volumes que variam de 2.500 a 20.000 litros, podendo
ainda ser adaptadas sobre colunas metálicas cilíndricas, em modelos tipo taça.
‰ Caixas d’água de fibra de vidro : são fabricadas em um monobloco de fibra de
vidro (fibra de vidro reforçado e resina de poliéster), possuindo superfície interna
lisa, evitando assim o acúmulo de sujeiras. São atóxicas, leves, higiênicas e
possuem estrutura reforçada, o que garante uma boa resistência mecânica. Os
reservatórios de PRFV (plástico reforçado com fibra de vidro) são bastante
duráveis e resistentes ao frio/calor, o que impede que apresentem trincas com o
tempo. São encontrados em formatos cônico, quadrado e cilíndrico, com volumes
que variam entre 750 a 10.000 litros.
‰ Caixas d’água em aço inox : o aço inox garante a qualidade da água contra
contaminações, não trinca, não descasca, é resistente e possui pelo menos 50
anos de durabilidade.São exigidos em indústrias de água mineral pela garantia de
potabilidade que oferecem à água. São encontrados no comércio em formas
cilíndricas, em volumes que variam entre 500 e 2.000 litros.
‰ Caixas d’água metálicas : são feitas em chapas metálicas revestidas com
eletrodos abrasivos. A pintura interna é uma tinta à base de epóxi poliamida e
acabamento com epóxi de alta espessura e resistência física e química. A pintura

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externa é um fundo com primer à base de cromado de zinco e acabamento com


esmalte sintético. São encontradas nos seguintes tipos: tipo taça com água na
coluna; tipo taça com coluna seca; tipo tubular alta; tipo cilíndrica vertical com
fundo cônico e tipo cilíndrica apoiada. São utilizadas para implantação externa,
principalmente em instalações industriais ou em situações onde se pretende elevar
o nível da água para garantir condições melhores de pressão na distribuição da
água ou na utilização de aparelhos.
Seguem algumas informações e recomendações importantes que auxiliarão os
projetistas a definir espaços para reservatórios, casa de bombas, barriletes e acessos:
‰ A reserva mínima a ser considerada para edifícios, pela NBR-5626, será para um
dia de consumo. Recomendamos um volume correspondente a 2 dias de consumo.
Em edifícios com um único reservatório superior, este deverá conter toda a reserva.
Nos casos onde estejam previstos reservatórios superior e inferior, pode-se
considerar 3/5 da reserva no reservatório inferior e 2/5 no superior.
Em ambos os casos deve-se verificar nas Normas do Corpo de Bombeiros local a
necessidade de reservação para combate à incêndio (ver tabela 2 do Tópico III, na
página 53). Os volumes exigidos dependem da natureza da edificação (risco a
proteger) e da área construída. O volume mínimo exigido pelo Corpo de Bombeiros
para armazenamento no reservatório superior é de 5 m³, para edifícios residenciais
com mais de 3 andares e área construída até 2.000 m². Esse volume, conforme o que
foi determinado no projeto de combate à incêndio (ver tab. 2 do Cap. III), deverá ser
somado ao volume previsto para consumo no reservatório superior ou inferior.
‰ Para efeito de dimensionamento dos reservatórios, deve-se consultar tabelas
específicas para os dados de consumo da população, nas mais variadas
edificações (ver Tabela 1). A título de exemplo, citaremos o consumo “per capta”
em edifícios residenciais, que varia entre 150 a 300 litros/pessoa/dia, dependendo
da construção ser do tipo mais popular ou mais luxuosa. Para edifícios de classe
média costuma-se adotar o valor de 200 litros/pessoa/dia. Num prédio de 10
apartamentos com população prevista de 6 pessoas por apartamento, teríamos
para 2 dias de consumo (sem reserva para incêndio):
Volume total nos dois reservatórios = (10 x 6 x 200) x 2 = 24.000 litros = 24m³
Volume útil do reservatório superior = 2/5 x 24 = 9,6 m³
Volume útil do reservatório inferior = 3/5 x 24 = 14,4 m³
Recomenda-se deixar borda livre de no mínimo 15 cm sobre a lâmina d’água.
‰ Reservatórios de maior capacidade devem ser divididos em dois ou mais
compartimentos para permitir operações de manutenção (ver fig. 04).
‰ As tampas para inspeção dos reservatórios devem ser projetadas de forma a não
permitir entrada de água de chuva ou de lavagem de pisos, insetos, poeiras e
animais para o interior do reservatório. O tamanho mínimo é de 60 x60 cm.
‰ As casas de bombas devem ter tamanho mínimo de 1,50 m x 1,50 m, com pé
direito suficiente para uma pessoa ficar em pé (aproximadamente 2,0 m). De
qualquer forma, o tamanho ideal deverá ser informado pelo projetista de
instalações, que determinará o tamanho necessário aos conjuntos elevatórios.
Quando projetadas acima do nível do 1º piso, as portas devem ser do tipo
veneziana, garantindo assim ventilação constante do ambiente. Quando forem
enterradas, cuidar para que as aberturas para acesso sejam bem vedadas. Nesse

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caso, a abertura para acesso ao reservatório poderá ser na parede lateral do


reservatório, com entrada pela casa de bombas. Prever um ralo para drenagem.
‰ Devem ser previstos espaços adequados para as manobras dos registros
instalados na saída do reservatório superior (barriletes). A altura necessária sob o
reservatório nunca poderá ser inferior a 1,50m e preferencialmente será o
suficiente para uma pessoa ficar de pé. Esta altura terá a dupla finalidade de
permitir conforto nas manobras e garantir uma pressão mínima nos aparelhos de
consumo localizados no último pavimento do edifício. Esta recomendação vale
também e principalmente para residências unifamiliares, onde este quesito
normalmente é desrespeitado, ocasionando condições de desconforto nos banhos
de chuveiro.
‰ Prever também espaços para a possibilidade de existirem saídas de tubulações
laterais da caixa d’água superior, tais como saídas para distribuição (exigência do
corpo de bombeiros para resguardar as reservas de incêndio), entrada d’água e
saída para extravasor. Quando não previstos, interferem esteticamente nas
fachadas, produzindo efeitos indesejáveis (ver fig. 04).
‰ Todos os acessos aos pontos de manobra, alçapões e casa de bombas, devem
ser previstos no projeto arquitetônico (escadas de marinheiro, portas, etc...).
Devem ser sempre seguros e protegidos. Dar preferência aos acessos feitos por
escadas comuns ao invés das clássicas escadas de marinheiro e das passagens
para o interior dos ambientes feitas através de portas e não de alçapões. Devemos
lembrar que as operações de manutenção dos sistemas serão feitas futuramente
pelo próprio usuário da edificação, que se encontrar dificuldade nos acessos se
sentirá desestimulado a executar essas operações, mesmo que delas dependa a
saúde das pessoas que ali habitam, como é o caso da operação de limpeza dos
reservatórios.
‰ Pelo menos duas vezes por ano (a cada seis meses) qualquer caixa d’água, seja
ela inferior ou elevada, deverá ser submetida a uma limpeza. O registro de entrada
d’água deve ser fechado na véspera do dia marcado para limpeza, de forma que o
reservatório seja esvaziado naturalmente pelo consumo dos usuários. Se no
momento da limpeza ainda houver quantidade razoável de água no reservatório,
abrir o registro da limpeza para esgotamento, tomando-se o cuidado de deixar
uma pequena lâmina d’água que será usada na limpeza, além de se evitar que a
sujeira depositada no fundo desça pelo cano. Essa sujeira deve ser retirada com
uma pá de plástico e depositada em baldes. Na limpeza usar apenas água
sanitária diluída na água e um pano. Nunca usar sabão ou detergente e evitar o
uso de escovas de aço e vassouras. A solução de água com água sanitária deve
ser aplicada nas paredes da caixa sempre que esta secar, num procedimento que
se repetirá por duas horas. Após esse tempo, esvaziar a caixa, abrindo-se o
registro de limpeza. Terminada a operação, fechar a limpeza e abrir novamente o
registro de entrada d’água.

Na página seguinte você poderá conferir alguns modelos dos reservatórios citados
neste tópico.

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CAIXA D’ÁGUA DE POLIPROPILENO CAIXA D’ÁGUA METÁLICA


TIPO TAÇA

CAIXA D’ÁGUA DE AÇO INOXIDÁVEL CAIXA D’ÁGUA DE POLIETILENO

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Tabela 1 – Estimativa de Consumo Diário de Água

Tipo de Prédio Unidade Consumo


(l/dia)

‰ Serviço doméstico
Apartamentos per capta 200
Apartamentos de Luxo por dormitório 300 a 400
por quarto de empregada 200
Residência de luxo per capta 300 a 400
Residência de médio valor per capta 150
Residências populares per capta 120 a 150
Alojamentos provisórios de obra per capta 80
Apartamento de zelador 60 a 1.000
‰ Serviço Público
Edifícios de escritórios por ocupante efetivo 50 a 80
Escolas, internatos per capta 150
Escolas, externatos por aluno 50
Escolas, semi-internato por aluno 100
Hospitais e casas de saúde por leito 250
Hotéis com cozinha e lavanderia por hóspede 250 a 350
Hotéis sem cozinha e lavanderia por hóspede 120
Lavanderias por kg de roupa seca 30
Quartéis por soldado 150
Cavalariças por cavalo 100
Restaurantes por refeição 25
Mercados por m2 de área 5
Garagens e postos serviços por automóvel 100
por caminhão 150
Rega de jardins por m2 de área 1,5
Cinemas, teatros por lugar 2
Igrejas por lugar 2
Ambulatórios per capta 25
Creches per capta 50
‰ Serviço Industrial
Fábricas (uso pessoal) por operário 70 a 80
Fábricas com restaurante por operário 100
Usinas de leite por litro de leite 5
Matadouros por animal abatido 300
(de grande porte)
Matadouros idem de pequeno porte 150

* Tabela extraída do livro “Instalações Hidráulicas Prediais e Industriais” – A. J. Macintyre

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2) Barriletes e Prumadas de Distribuição

2.1) Barriletes

A partir do reservatório superior, saem as tubulações que encaminharão a


água de consumo até as prumadas (tubulações verticais) de distribuição. Ao conjunto
de tubulações horizontais e registros de manobras denominamos barrilete. Os
barriletes podem ser superiores (quando localizados nas coberturas, abastecendo as
prumadas no sentido descendente) ou inferiores (quando localizados em tetos de
garagens ou de pilotis, nos edifícios onde é necessária a instalação de válvula
redutora de pressão, com abastecimento de prumadas no sentido ascendente). (ver
fig. 05)
As válvulas redutoras de pressão são dispositivos inseridos nas redes
hidráulicas com o objetivo de se reduzir pressões elevadas a valores menores. São
usualmente utilizadas em edifícios altos, onde as pressões estáticas podem atingir
patamares superiores aos admitidos pela norma brasileira (ver item 5.1.4.1). os
modelos maiores são próprios para atenderem a muitas unidades de consumo, com
inúmeras possibilidades de instalação. (ver fig. 05).
As válvulas individuais são usadas para redução de pressão somente no ramal
interno, sendo portanto prevista uma válvula para cada ramal. O maior diâmetro
encontrado comercialmente é o de ¾".
Quando superiores, as tubulações do barrilete podem passar sobre a laje de
cobertura, embutidas em enchimentos de piso (principalmente em apartamentos de
cobertura com áreas descobertas), ou sob a laje de cobertura, no entreforro do
apartamento de último andar. (ver fig. 06)
Em casos de reformas, nunca remanejar estas tubulações sem a orientação
prévia de um especialista. Todo cuidado é necessário no caso de tubulações
embutidas ou da necessidade de novas aberturas nas lajes, por causa das
impermeabilizações em áreas descobertas. As mantas jamais devem ser perfuradas
sem o acompanhamento de uma firma especializada em recomposição, mesmo que
em aberturas pequenas.
Tubulações no entreforro devem ser firmemente fixadas, para absorção das
trepidações e golpes a que estão sujeitas. Os forros devem ser de material isolante
acústico, pois é comum a ocorrência de ruídos hidráulicos nestas tubulações,
causando desconforto aos usuários do último andar.

2.2) Prumadas de Distribuição

As prumadas verticais de distribuição levam a água de consumo dos barriletes aos


ramais internos de distribuição. Em residências unifamiliares, atendem a um ou mais
pavimentos, dependendo das unidades de consumo (banheiros, lavabos, copas,
cozinhas, áreas de cozinha, etc), situarem-se de forma superposta ou não. Em edifícios,
as prumadas atendem ao conjunto vertical de unidades de consumo superpostas, com
derivações em todos os andares para alimentação dos ramais internos. No caso de
proximidade de dois ou mais cômodos com demanda hidráulica, pode-se projetar uma
única prumada para atendimento de todos eles. Em edifícios onde forem usadas válvulas

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de descarga, para as bacias sanitárias é recomendável prever-se uma prumada exclusiva


para atendê-las. Essa providência eliminará as variações de vazão nos outros pontos de
consumo do banheiro no momento da descarga, além de resguardar os demais
aparelhos contra o fenômeno da retrosifonagem (refluxo de água servida para dentro das
canalizações de água de consumo), que pode ocorrer não só nas bacias com válvulas,
mas também em bidês. Neste caso, o banheiro será alimentado por duas prumadas
independentes: uma para o vaso e outra para os demais aparelhos (chuveiro, lavatório,
ducha higiênica e banheira).
Seguem algumas recomendações importantes:
‰ Em residências, é sempre bom prever-se a nível de projeto arquitetônico os locais
para descida das prumadas hidráulicas e de esgoto, para evitar-se o lançamento
destas tubulações em paredes de quartos ou salas, antes de atingirem as
unidades de consumo de níveis inferiores. Deve-se procurar, posicionar os
ambientes hidráulicos uns sobre os outros.

‰ Em edifícios, o sistema ideal é o de “shaft’s” com acessos externos (portas em


veneziana p. ex.), onde podem ser concentradas todas as prumadas necessárias
a uma determinada bateria vertical de unidades de consumo. Estes espaços têm
que ser previstos a nível de projeto arquitetônico. Esta providência evita as
indesejáveis “bonecas” ou mesmo engrossamentos de alvenaria não previstos
inicialmente, além de facilitar futuras manutenções nos sistemas hidráulicos.

‰ Lançamentos de prumadas atrás de peças sanitárias, como vasos por exemplo,


dificultam a derivação para o ramal interno. Em posições onde haverá
inevitavelmente cruzamento de tubulações, pode-se ter que engrossar a alvenaria,
para cobri-las.

‰ Nas reformas de banheiros, cozinhas e áreas de serviço, é sempre importante ter-se


em mãos os projetos de instalações hidro-sanitárias, para localização exata das
prumadas. Esta medida evitará acidentes com perfurações de tubulações. Não se
deve remanejar prumadas alimentadoras sem o acompanhamento de um
especialista. Antes de qualquer intervenção o registro geral no barrilete deverá ser
fechado. Prumadas antigas em ferro galvanizado são particularmente problemáticas.
Com o tempo sofrem incrustrações que podem se desprender nas intervenções,
entupindo canalizações secundárias dos ramais internos de outras unidades de
consumo, ou mesmo válvulas de descarga, crivos de chuveiro e de torneiras.

‰ O ideal é ter-se um registro de manobra para cada prumada. Em caso de reparos


pode-se isolar apenas a prumada que sofrerá intervenção, não se necessitando
interromper todo o abastecimento hidráulico do edifício, o que acontecerá nas
instalações providas de um único registro na saída do barrilete. O inconveniente
dessa opção é o de aumentar bastante a quantidade de tubulações no barrilete, pois
os registros devem ser localizados em posição facilmente alcançável (de preferência
no espaço previsto para acesso sob a caixa d’água) e a partir de cada registro se
originará uma tubulação exclusiva para cada prumada.

As chamadas plantas técnicas, cujos exemplos mostramos a seguir, devem ser


preparadas pelos projetistas para fornecimento aos proprietários. São de muita utilidade
no caso das reformas pois indicam a posição de todas as tubulações verticais
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(prumadas) de uso comum do edifício, que passam dentro do imóvel. Paredes ou shaft´s
contendo essas tubulações não poderão ser demolidos.

VISTA FRONTAL DE UM SHAFT P/ TUBULAÇÕES PREPARAÇÃO P/ MONTAGEM DE


PAREDES TIPO “DRY WALL”

VISTA FRONTAL DA INSTALAÇÃO DE


VÁLVULA REDUTORA DE PRESSÃO

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3) Ramais de Distribuição Interna

Os ramais internos nascem nas derivações das prumadas alimentadoras em cada


andar (ver fig. 04). Para cada derivação instala-se um registro de gaveta, que permita
o fechamento geral do ramal. As tubulações de distribuição podem ser embutidas em
alvenaria (mais comum em instalações residenciais e comerciais) ou aparentes
(freqüente em instalações industriais).
Nos projetos hidráulicos o detalhamento dos ramais internos é feito com o uso de
perspectivas isométricas, que conseguem fornecer ao leitor uma visão precisa dos
traçados tridimensionais projetados. São os chamados detalhes isométricos, feitos
usualmente nas escalas 1:20 e 1:25. Eles podem ser complementados com vistas
hidráulicas das paredes, onde as informações sobre as locações exatas das
tubulações e das peças sanitárias podem ser fornecidas. As alturas de tomadas
d’água são padronizadas para atender ao design dos equipamentos e as melhores
condições de uso. Na página 24 você poderá obter alguns padrões de alturas usadas
nos projetos hidráulicos. Veja exemplos dos detalhamentos de ramais internos nas
páginas 25 e 26.
Sobre os ramais internos, observar as seguintes recomendações:

‰ Chuveiros do último pavimento devem ser alimentados com tubulação de ¾” de


diâmetro, com redução para ½” apenas no cotovelo de saída. Isto otimizará a
condição desfavorável em termos de pressão.

‰ As tubulações devem ter o traçado o mais retilíneo possível, evitando-se um


número excessivo de curvas. A execução de sifões invertidos nas tubulações
podem provocar a interrupção do fluxo d’água no caso de entrada de ar (em
ocasiões de falta d’água p. ex.).

‰ Pontos de tomada d’água previstos para equipamentos, tais como máquinas de


lavar louça e de lavar roupa, devem ser providos de registro ou torneira individual,
que permitam a retirada do aparelho para reparos, sem a necessidade de se
fechar todo o ramal interno através do registro geral.

‰ Cuidar para que não ocorram passagens de água quente para as tubulações de
água fria. Estas ocorrências danificam as tubulações plásticas utilizadas nos
sistemas de água fria, gerando vazamentos. Isto pode ser evitado com: projetos
que garantam pressões equilibradas nos dois sistemas de distribuição (água fria e
quente); o uso de registros para manobras de duchas higiênicas ao invés de
gatilhos; colocação de válvulas de retenção nas tubulações de água fria, próximas
aos pontos sujeitos à mistura.

‰ Os ramais internos devem sempre ser dimensionados de forma a permitir o uso


simultâneo de dois ou mais aparelhos, principalmente em se tratando de banheiros
públicos, suítes, cozinhas e áreas de serviço.

‰ Nos pontos previstos para alimentação de equipamentos, verificar os diâmetros


exigidos pelo fabricante de cada equipamento, antes da execução da instalação.

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4) Materiais Empregados

Os materiais mais comumente utilizados para instalações de água fria são o PVC
rígido, o cobre e os modernos tubos plásticos flexíveis.
Para as tubulações de PVC rígido, existe a opção das linhas soldável e roscável.
O PVC roscável só é indicado para instalações provisórias (canteiros de obra, por
exemplo) ou onde se necessite maior resistência a esforços mecânicos externos.
Tubulações de ferro galvanizado, muito utilizadas no passado, perderam espaço
para as tubulações plásticas, que possuem maior vida útil, além de serem resistentes
à corrosão, menos sujeitos à incrustações e terem um custo mais baixo. O cobre
também tem sido utilizado em instalações de água fria, principalmente em prumadas e
barriletes.
Os tubos plásticos flexíveis (tubos “Pex”) são o que há de mais avançado em
termos de materiais para distribuição de água fria e quente. Só são fabricados em
pequenos diâmetros, o que restringe sua aplicação apenas nos edifícios com caixas
de descarga nas bacias sanitárias. São próprios para utilização em instalações
aparentes (em paredes tipo “dry wall” e entreforros falsos, por exemplo). Possibilitam
soluções inovadoras para os ramais de distribuição interna, praticamente eliminando
os cortes em alvenarias para embutimento de tubulações conforme é feito nos
métodos convencionais de execução.
A pressão máxima de serviço admitida para os tubos de PVC das linhas prediais
é de 75 m.c.a.
É importante ressalvar que a NBR limita a pressão estática máxima para qualquer
ponto da rede de distribuição em 40 m.c.a.
O grande desafio da atualidade está na substituição das tradicionais bacias
sanitárias com válvulas de descarga, por bacias com caixas de descarga (acopladas
ou não). Existe no Brasil, uma questão cultural, que impede a adoção destas bacias
de forma maciça, como já acontece em países mais desenvolvidos. As vantagens da
caixa de descarga sobre as válvulas são inúmeras, podendo citar dentre elas:

‰ São mais recomendáveis do ponto de vista higiênico e sanitário, pois impedem a


contaminação da rede hidráulica através do fenômeno da retrosifonagem (refluxo
de água servida para dentro da canalização de água de consumo), comum em
instalações com válvulas de descarga convencionais.

‰ São tremendamente mais econômicas em matéria de consumo de água, pois


trabalham com volumes fixos de descarga. Os fabricantes têm sempre
desenvolvido novas tecnologias para redução destes volumes.

‰ Trabalham com pequenas vazões de entrada d’água, o que praticamente elimina


as situações de golpes e ruídos nas tubulações, muito freqüentes em instalações
com válvulas de descarga, principalmente em prédios altos.

‰ Proporcionam facilidade de manutenção, pois as partes internas onde estão


abrigados os componentes que necessitam reparos, são facilmente acessíveis
pelo lado externo.

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‰ Comparando-se o custo isolado das bacias com caixa acoplada com o custo da
bacia convencional + válvula de descarga, concluímos que são praticamente
iguais. Apesar disto, o custo inicial de implantação das instalações com caixas de
descarga são mais baixos, devido à redução significativa dos diâmetros das
tubulações de alimentação geral e distribuição.

A grande dificuldade no convencimento do usuário final das vantagens de


utilização de caixas acopladas, reside na ineficiência dos modelos de bacias
nacionais, que exigem mais de uma manobra para uma única descarga.
Os arquitetos têm, neste particular, a grande responsabilidade de pesquisar os
modelos de mercado, de forma a selecionar aqueles cujos designs mostrem-se tão
eficientes quanto o são os das bacias estrangeiras.
Os fabricantes, por sua vez, necessitam investir mais no desenvolvimento de
modelos realmente eficientes, que conquistem o mercado consumidor.
Do ponto de vista da previsão de espaços, é bom considerarmos como certa a
substituição das bacias a médio prazo, já que as bacias com caixa acoplada têm,
neste aspecto, uma necessidade diferenciada das bacias convencionais. Banheiros
de dimensões muito reduzidas não estarão adaptados para a adoção de bacias com
caixa acoplada.

5) Dimensionamento de Encanamentos

5.1) Parâmetros de dimensionamento

5.1.1) Vazão
V ⎡m3 ⎤ ⎡l⎤
Q= ⎢ ⎥ ou ⎢ ⎥
t ⎣s⎦ ⎣ s⎦

Onde: V = volume de líquido que passa por uma seção transversal da tubulação
t = intervalo de tempo transcorrido durante a passagem do líquido na
tubulação

Para alimentação de um grupo de aparelhos, a vazão a ser considerada é:

⎡l⎤
Equação 1 Q = 0,30 P ⎢s⎥ ,
⎣ ⎦

onde P = soma dos pesos correspondentes aos aparelhos a serem atendidos


(ver Tabela 2).

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5.1.2) Velocidade

A velocidade máxima permitida nas tubulações, de acordo com a NBR é de


3,0 m/s.
Recomenda-se que em tubulações de distribuição este valor não exceda 2,4 m/s.

Q = A . v (equação do continuidade), onde:

Q = vazão em m3/s
A = área da seção transversal do tubo em m2
v = velocidade em m/s.
Para uma dada vazão Q, teremos A . v = constante.

5.1.3) Perda de Carga

É a perda de energia no líquido em movimento num encanamento, resultante


do atrito interno do mesmo com as paredes da tubulação, em virtude de sua
rugosidade e das alterações de trajetórias das partículas líquidas.

5.1.3.1) Perda de Carga Normal

É a perda de carga referente ao atrito do líquido com as paredes do tubo.


Para determinação desta perda, usa-se, dentre outras fórmulas, a de Hanzen –
Willians, mostrada no item seguinte.

5.1.3.2) Perda de Carga Localizada

É a perda de carga associada às alterações de trajetória do líquido, impostas


pelas peças e dispositivos intercalados no encanamento (ver Tabela 3).
O valor da perda de carga unitária para cada conexão ou dispositivo
hidráulico, é obtido em tabelas.

Equação de Hanzen – Willians (aplicada para Ø > 2”)

Q = 0,27653 . C . d2,63 . J0,51 [ m3/s ]

v = 0,355 . C . d0,63 . J0,54 [ m/s ]


J = (Q / 0,27653.C.d2,63)1,96 ou J = (v / 0,355.C.d0,63)1,8519 [m/m]

Onde:

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Q = vazão [ m3/s ]
C = coeficiente de rugosidade
d = diâmetro interno [ m ]
J = perda de carga unitária [ m/m ]
v = velocidade [ m/s]

Equação de Fair – Whipple – Hsiao (aplicada para Ø < 2”)

(para cobre – água fria)


Q = 55,934.d2,714 x J0,571
J = 0,00086. Q1,75
d4,75

(para cobre – água quente)


Q = 63,281 x d2,714 x J0,571

Seguem abaixo alguns valores que poderão ser adotados para o coeficiente C:

C = 125 p/ PVC até φ 50 mm;


C = 135 p/ PVC de 75 a 100 mm.
C = 130 p/ aço novo;
C = 90 p/ aço com 20 anos de uso;

5.1.4) Pressão

Energia disponível num dado ponto da tubulação, expressa em m.c.a.


(metros de coluna d’água) ou em kgf/cm2 ou em Pa (Pascal)
1 kgf/cm2 = 10 m.c.a. = 105 Pa.

5.1.4.1) Pressão Estática

Pressão num ponto da tubulação com o líquido em repouso. Corresponde à


altura geométrica do ponto em relação ao NA do reservatório. De acordo com a NBR
a pressão estática máxima nas redes de distribuição prediais, é de 40 m.c.a.

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5.1.4.2) Pressão Dinâmica

Pressão num ponto da tubulação com o líquido em movimento. Corresponde ao


valor da pressão estática num ponto menos as perdas de carga (normal e localizada)
verificadas no trecho correspondido entre o NA do reservatório e o ponto considerado.
A pressão dinâmica mínima admitida por norma é:
1,00 m.c.a. para lavatórios, bidês, banheiras, chuveiros, pias, tanques e
máquinas de lavar
0,50 m.c.a. para vasos com caixas acopladas
1,50 m.c.a. para válvulas de descarga de bacias sanitárias
No caso de equipamentos, verificar pressão mínima requerida pelo fabricante.

5.1.5) Pesos

Grandeza associada aos aparelhos sanitários, que leva em consideração


fatores, relativos à simultaneidade de uso e o consumo do aparelho, a ser utilizada
para determinação da vazão.

5.1.6) Diâmetro das Tubulações


O objetivo final dos dimensionamentos é o de se obter o valor adequado para o
diâmetro das tubulações, de forma que conduzam a vazão desejada à velocidades
aceitáveis e disponibilizando as pressões convenientes para a boa utilização dos
aparelhos.
Para determinação do diâmetro de um certo trecho de tubulação, proceder da
seguinte maneira:
‰ Calcular a somatória dos pesos correspondentes aos aparelhos sanitários atendidos
pelo trecho de tubulação a ser dimensionado.
‰ Calcular a vazão no trecho, usando a equação 1 do item 5.1.1.
‰ Aplicar o valor da vazão encontrado na equação da continuidade, para obtenção do
diâmetro mínimo possível no trecho, fixando-se, para isto, o valor máximo desejado
para a velocidade. O diâmetro nominal a ser adotado, deverá ser o diâmetro
comercial maior ou igual ao calculado e, levado à equação de Hanzen-Willians ou de
Fair-Whipple-Hisao, nos permitirá obter o valor da perda de carga unitária (J).
Ao invés de se utilizar as equações apresentadas, pode-se optar pelo
dimensionamento através dos ábacos gerados a partir das mesmas, apresentados na
bibliografia em geral.

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Tabela 2 - Pesos, Vazões e Diâmetros Mínimos

APARELHO SANITÁRIO PESO VAZÃO (l/s) φ (Pol.)

Vaso c/ caixa acoplada 0,3 0,15 ½”


Vaso c/ válvula de descarga 32 1,70 1.1/2” ou 1 ¼”
Banheira 1,0 0,30 ¾”
Bebedouro 0,1 0,10 ½”
Bidê 0,1 0,10 ½”
Chuveiro 0,4 0,20 ½”
Lavatório 0,3 0,15 ½”
MLL e MLR 1,0 0,30 ¾”
Mictório c/ válvula descarga 2,8 0,50 ¾”
Mictório c/ registro de pressão 0,3 0,15 ½”
Pia 0,7 0,25 ½”
Tanque 0,7 0,25 ½”

Tabela 3 – Perda de Carga em Conexões e Registros, em


metros
Comprimento equivalente para tubo liso (tubo de plástico ou
cobre)

Diâmetro Diâmetro
Nominal Nominal Cot Coto Cur Cur Te Te Registro
Tubulação Tubulação ove velo va va passagem passagem de gaveta
PVC de cobre lo 45o 90o 45o direta lateral aberto
90o
20 15 1,1 0,4 0,4 0,2 0,7 2,3 0,1
25 22 1,2 0,5 0,5 0,3 0,8 2,4 0,2
32 28 1,5 0.7 0,6 0,4 0.9 3,1 0,3
40 35 2,0 1,0 0,7 0,5 1,5 4,6 0,4
50 42 3,2 1,0 1,2 0,6 2,2 7,3 0,7
60 54 3,4 1,3 1,3 0,7 2,3 7,6 0,8
75 66 3,7 1,7 1,4 0,8 2,4 7,8 0,9
85 80 3,9 1,8 1,5 0,9 2,5 8,0 0,9
110 100 4,3 1,9 1,6 1,0 2,6 8,3 1,0

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Tabela 4 - Conversão de Diâmetros de Polegadas para


Milímetros em Tubulações de PVC

φ Nominal (mm) φ Interno (mm) φ Nominal (pol)

φ 20 φ 17 φ 1/2”

φ 25 φ 22 φ 3/4”

φ 32 φ 28 φ 1”

φ 40 φ 35 φ 1. 1/4”

φ 50 φ 44 φ 1. 1/2”

φ 60 φ 54 φ 2”

φ 75 φ 66 φ 2. 1/2”

φ 85 φ 75 φ 3”

φ 110 φ 100 φ 4”

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Exercício:
a) Dimensionar a coluna de água fria da figura, que alimenta 1 vaso sanitário com
válvula de descarga em cada pavimento.

8m

Reservatório Superior

A
RG
T

3,0 m

1,20 m
B

VS

3,0 m

C
VS

3,0 m
D

VS

3,0 m

E
VS

3,0 m
F
VS

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Trecho ΣP Q (l/s) φ Int (m m) v (m/s) φ Nom (mm) φ Nom (pol)

AB 160 3,79 54 1,65 60

BC 128 3,39 44 2,23 50

CD 96 2.94 44 1,93 50

DE 64 2,4 44 1,58 50

EF 32 1,70 35 1,77 40

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EXEMPLO DE CAVALETE PARA HIDRÔMETRO

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II - INSTALAÇÕES DE ÁGUA QUENTE

1) Modalidades de Aquecimento

Os sistemas de água quente podem possuir uma das três modalidades de


aquecimento:

‰ Aquecimento individual (fig 05) : feito para suprir um ou mais aparelhos de um


setor, como por exemplo os chuveiros elétricos e aquecedores de passagem.

‰ Aquecimento central privado (fig 06) : feito para suprir vários aparelhos de
vários cômodos de uma mesma unidade consumidora, como por exemplo
aquecedores elétricos tipo boilers (reservatórios cilíndricos) ou aquecedores à gás
em apartamentos.

‰ Aquecimento central coletivo (fig. 07) : feito para suprir vários aparelhos em
mais de uma unidade consumidora, como por exemplo as caldeiras (elétricas, a
gás ou a vapor) e os sistemas coletivos de aquecimento solar, a partir de unidades
de aquecimento instaladas nas coberturas dos edifícios.

A definição do sistema de aquecimento a ser adotado numa determinada


edificação é de responsabilidade conjunta do arquiteto, do usuário e do projetista de
instalações. De qualquer forma, esta é uma decisão a ser tomada ainda na fase de
desenvolvimento do projeto arquitetônico, já que para cada uma das alternativas, há
uma exigência arquitetônica diferente.
Os sistemas individuais são os de mais fácil solução arquitetônica, por exigirem
espaços relativamente restritos para sua instalação.
Já nos sistemas centrais, seja o individual ou o coletivo, o estudo cuidadoso das
necessidades e dimensões dos equipamentos envolvidos, é fundamental para a boa
adaptação das unidades que compõem o sistema. A postergação da decisão sobre a
modalidade de aquecimento a ser adotada numa edificação, pode inviabilizar uma
determinada solução que se mostre como a mais favorável num determinado
empreendimento.
Os sistemas de aquecimento devem sempre funcionar de forma segura, não
podendo-se admitir soluções improvisadas, que coloquem em risco a integridade
física do usuário ou do patrimônio a que está agregado. Como exemplo, podemos
citar a clássica solução de se abrigar aquecedores elétricos centrais individuais,
dentro de maleiros nos armários de apartamentos ou residências. Além das
dificuldades de acesso na grande maioria, em casos de acidentes por excesso de
pressão interna ou de vazamentos nos cilindros, haverá fatalmente perda de objetos
acondicionados nas partes inferiores dos armários.

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2) Tipos de Aquecedores

Além da modalidade do sistema, o projetista deverá optar por um tipo de


aquecimento, dentre os muitos que o comércio oferece.
A preferência de um determinado sistema de aquecimento sobre outro, deve
levar em conta todos os fatores relativos a espaços exigidos, conforto, economia na
instalação, funcionalidade, facilidade de manutenção e principalmente consumos de
energia ou de gás.
As concepções gerais das instalações devem ser tais que garantam pressões de
água fria e quente bem equilibradas, como forma de manter o bom funcionamento dos
sistemas (equilíbrio na mistura, sem proporcionar a passagem de água quente para a
tubulação de água fria através dos misturadores, ou vice-versa.).
Seguem algumas das opções disponíveis, com suas exigências básicas.

2.1) Aquecimento Elétrico

Este é o tipo de aquecimento mais tradicional e largamente utilizado no Brasil.


Entretanto, os altos custos da energia e a necessidade atual de conservação e
economia, diante do eminente colapso do sistema elétrico que ameaça todo o país,
tem feito com que outras opções sejam adotadas em muitas edificações.
De qualquer forma, ainda é bastante adotado, principalmente pela facilidade de
manutenção, baixo custo de instalação e por não exigir espaços específicos para
abrigo dos equipamentos, como nos casos de aquecimentos individuais (chuveiros
elétricos, aquecedores de passagem e torneiras elétricas).
A opção de aquecimento central leva à previsão de um reservatório de água
quente, que pode ser individual para cada unidade/setor ou central para toda a
edificação (caldeiras elétricas, p. ex., comuns em hotéis e hospitais). Os volumes
necessários deverão ser calculados em função da população a ser atendida ou dos
equipamentos a alimentar. Em apartamentos com banheiras por exemplo, o volume
do reservatório deve ser tal que permita, no mínimo, o seu enchimento independente
da população. Existem à venda boilers de 50 a 500 litros.
Nos sistemas centrais coletivos, a caldeira poderá se situar nos andares
inferiores ou na cobertura do prédio. As únicas exigências são de que: os locais sejam
confortáveis para permitir eventuais manutenções, ou mesmo a retirada do
equipamento; a pressão de alimentação do equipamento seja suficiente para atender
a toda a distribuição; o equipamento seja locado o mais centralizado possível em
relação aos pontos de consumo, de forma que os caminhamentos das tubulações de
distribuição não sejam excessivamente longos, gerando grandes perdas de calor.
Nos sistemas centrais individuais, o local para acomodação do reservatório deve
ser cuidadosamente escolhido e indicado no projeto arquitetônico. Deve ser provido
de porta para inspeção e ter espaço suficiente para o cilindro e execução de todas as
manobras, tais como trocas de válvulas, reparos, manuseio dos registros, operação
de limpeza, etc..

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2.2) Aquecimento à Gás

À exemplo do aquecimento elétrico, o aquecimento à gás poderá ser individual


ou centralizado. Os aquecedores individuais são do tipo de passagem, mas ao
contrário dos elétricos, não podem ser localizados dentro de ambientes fechados,
como banheiros por exemplo. Devem ser sempre posicionados em áreas bem
ventiladas, onde a renovação de ar seja satisfatória. Os fabricantes recomendam uma
ventilação superior de no mínimo 400cm² de área útil e outra inferior de no mínimo
200cm². Admite-se também o uso de chaminés. Podem atender a um ou mais
ambientes, dependendo do consumo e do modelo do aparelho escolhido. São fixados
na parede, externamente, e não devem se situar muito distantes dos pontos de
consumo, mesmo porque haverá sempre muitos obstáculos físicos a transpor com as
tubulações de distribuição (elementos estruturais, portas janelas, etc..). A adoção
deste tipo de aquecedor exige soluções arquitetônicas adequadas e específicas.
Soluções convencionais podem dificultar de tal maneira as instalações, que
impossibilitem esta opção de aquecimento.
Já existem hoje no mercado, aquecedores com pilotos automáticos, que
oferecem bastante conforto e economia ao usuário, não necessitando acendimento a
cada uso ou o consumo excessivo de gás para manutenção da chama piloto acesa. O
queimador só é acionado quando o registro do chuveiro libera passagem de água. O
que aciona o queimador é a centelha liberada por uma pilha de 1,5 Volts. O
aquecimento é instantâneo assim como nos chuveiros elétricos, não existindo um
reservatório de água quente.
Em relação ao suprimento de gás, em cidades onde não há abastecimento
público, deverão ser previstas centrais de gás GLP, com cilindros de 45kg,
dimensionadas para um consumo no mínimo quinzenal. Os fabricantes fornecem o
consumo horário de gás no aquecedor, o que permitirá ao projetista uma estimativa
do consumo quinzenal e conseqüentemente do número de cilindros necessários na
central (prever também unidades reservas). O gás deverá ser canalizado a partir da
central até os aquecedores em cada unidade consumidora. Os aquecedores poderão
também ser alimentados com gás natural. Apesar do gás natural custar mais barato
que o GLP, seu consumo é maior, o que refletirá num gasto maior para o consumidor.
Os sistemas centrais coletivos devem obedecer às mesmas regras básicas
descritas para os aquecedores elétricos, acrescida a observação do parágrafo anterior
sobre a alimentação de gás.

2.3) Aquecimento Solar

Na atualidade, este mostra-se o sistema mais conveniente do ponto de vista de


aproveitamento energético. Possui um custo de implantação mais alto que os
anteriormente citados (já foi maior no passado). Sua grande vantagem está no baixo
custo no consumo de energia, uma vez que a principal fonte de abastecimento é a
energia solar, pela qual não se paga. Exige sempre uma fonte de energia alternativa
(eletricidade ou gás), acionada automaticamente por um termostato localizado dentro
do reservatório, que cobre os eventuais períodos de baixo aproveitamento da energia
solar. Os consumos de energia ou gás são no entanto bem mais baixos que das

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

outras modalidades, tornando este tipo de aquecimento bem atraente para o usuário
final.
O aquecimento solar é sempre do tipo central, seja individual ou coletivo,
exigindo assim um armazenador térmico. O dimensionamento do reservatório faz-se a
partir consumo por pessoa por dia e também nas vazões de cada aparelho de
utilização. O sistema se baseia no aquecimento da água fria que passa pelas placas
captoras da energia solar, normalmente localizadas nas coberturas dos edifícios, indo
em seguida para o reservatório. Cada m² de placa aquece em média de 100litros/dia.
Os seguintes consumos médios podem ser considerados:
‰ Uso em banheiro ................................................... 50 litros/ banho/ pessoa
‰ Banheira convencional (para 1 pessoa 1 vez por dia)...................150 litros
‰ Cozinha (uso moderado) ........................................................100 litros / dia
As posições das placas que levarão aos maiores aproveitamentos energéticos
variam de local para local, em função da orientação do norte geométrico (ou
verdadeiro). Em Belo Horizonte está a 18º a leste do Norte Magnético. A inclinação
ideal das placas é a da latitude local + 10º, sendo no mínimo de 10º.
Os desníveis entre os armazenadores térmicos e a caixa d’água variam entre
um mínimo de 20cm e um máximo 7m. Os desníveis entre a face inferior do
armazenador e a superior das placas variam entre 20cm e 4m.
Não demanda previsão de espaços internos, já que todos os componentes do
sistema localizam-se nas coberturas.

3) Armazenamento e Distribuição

3.1) Sistemas Individuais

Os sistemas individuais não necessitam de unidades de armazenamento de


água quente. A água é aquecida instantaneamente, enquanto passa pelo
equipamento de aquecimento. Neste caso, o equipamento é alimentado com água
fria, que aquecida dentro do equipamento, já sai para ser consumida.
As tubulações de distribuição, que seguem a partir do equipamento, devem ser
de material apropriado para as temperaturas envolvidas, devidamente isoladas para
evitar a perda de calor. No caso de torneiras e chuveiros elétricos, não existem
tubulações de distribuição, mas apenas de alimentação de água fria.
As recomendações para o traçado das tubulações de distribuição de água
quente, são basicamente as mesmas feitas para os ramais de água fria.

3.2) Sistema Central Privado

Na maioria dos casos, este sistema exigirá um reservatório de água quente,


como é o caso dos boilers elétricos e do aquecimento solar. O dimensionamento do
reservatório dependerá do tipo de aquecimento empregado. Em residências pode-se
considerar um consumo médio diário de 45 litros por pessoa.
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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

O sistema é alimentado por tubulação de água fria, originária do reservatório


superior de água. A tubulação de alimentação de água fria deve ser exclusiva para os
aquecedores.
A pressão mínima de alimentação deve ser consultada junto a cada fabricante
do equipamento, ainda na fase do projeto arquitetônico pois poderá ser fator decisivo
na determinação da altura mínima necessária para a caixa d’água superior.
Para a solução de aquecimento solar, por exemplo, deve-se prever no mínimo
20cm entre o fundo da caixa d’água e a geratriz superior do reservatório de água
quente, quando este último se situar na projeção da caixa d’água. Quanto mais
afastado o reservatório estiver da caixa, maior será o desnível exigido. Outra
preocupação no sistema de aquecimento solar diz respeito às coberturas, onde serão
dispostas as placas. Deve-se sempre consultar os fabricantes para verificação da
posição mais favorável em termos de insolação. O diagrama final de cobertura muitas
vezes é definido em função destes parâmetros.
Em qualquer caso, os reservatórios devem ser posicionados em locais
facilmente acessíveis, e com os dispositivos de manobra para limpezas e reparos
sempre ao alcance do usuário.
A partir do reservatório de água quente, seguem as tubulações do barrilete e de
distribuição que atenderão os diversos cômodos com demanda de água quente.

3.3) Sistema Central Coletivo

Nos sistemas centrais coletivos a produção de água quente é centralizada em


único local, assim como existe um único reservatório para atender a todas as
unidades de consumo.
Neste caso, a partir do aquecedor central cria-se um barrilete de distribuição
para alimentação das prumadas de água quente, que atenderão a cômodos
superpostos. Todas as tubulações devem ser previstas para suportar calor e corrosão.
Os circuitos das colunas de água quente são fechados, possuindo um retorno
para o sistema de aquecimento. Isto para evitar o acúmulo de água parada em
trechos da tubulação, com conseqüente perda de temperatura e causando
desconforto ao usuário, que deverá esperar a saída de toda a água fria acumulada até
a chegada da água aquecida.

4) Ramais Internos e Dimensionamento de Encanamentos

Os limites estabelecidos por Norma para as vazões e pressões nas instalações


de água quente, são os mesmos já mencionados para as instalações de água fria. Os
procedimentos de cálculo e dimensionamento também são os mesmos.
Os ramais internos devem seguir as mesmas recomendações expostas para os
ramais de água fria, cuidando-se para que os cruzamentos entre as duas tubulações
sejam o mínimo possível. Convencionalmente teremos os pontos de tomada d’água
de água quente à esquerda do eixo do aparelho e o ponto de água fria à direita.

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Cuidado especial deve ser tomado com relação ao retorno de água quente pela
tubulação de água fria, principalmente nos misturadores de aparelhos acionados por
gatilhos, como por exemplo, alguns tipos de duchas higiênicas.

5) Materiais Empregados

Os materiais mais utilizados nas tubulações de água quente são o cobre, o aço
galvanizado e mais recentemente o PVC para água quente.
O aço galvanizado possui vida útil curta pois é altamente corroído pela água
quente, não sendo recomendada a sua utilização.
As tubulações de PVC surgem como a grande revelação dos últimos tempos.
Ainda não têm sido amplamente utilizadas, até mesmo por serem as mais novas no
gênero. Do ponto de vista de vida útil, qualquer consideração é prematura tendo em
vista o próprio tempo de observação que ainda é curto.
O material mais utilizado continua sendo indiscutivelmente o cobre, que resiste
bem a altas temperaturas por muitos anos.
Seja qual for a opção de material, as tubulações devem ser sempre isoladas
termicamente, para se reduzir perdas de calor no transporte da água até os pontos de
consumo. O isolamento poderá ser feito, por exemplo, com calha de isopor ou
argamassa de vermiculita (em tubulações embutidas) ou com lã de vidro envolvida em
folha de alumínio (em tubulações aparentes).
Em trechos de tubulações muito longos, é recomendável a previsão de
dispositivos que permitam à dilatação térmica, evitando-se assim o aparecimento de
esforços mecânicos. Quando projetadas “liras” em prumadas verticais, as mesmas
devem ser executadas nos espaços de entreforro existentes nos banheiros.

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AQUECIMENTO SOLAR

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AQUECIMENTO SOLAR – ESQUEMA DE INSTALAÇÃO

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AQUECIMENTO SOLAR – INSTRUÇÕES PARA INSTALAÇÃO

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AQUECEDOR À GÁS CENTRAL

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AQUECEDOR À GÁS DE PASSAGEM

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III – INSTALAÇÕES DE PREVENÇÃO E COMBATE À


INCÊNDIO E PÂNICO
1) Introdução
Até um passado bem recente, as instalações de prevenção e combate à
incêndio no Brasil eram relegadas a um plano inferior, praticamente inexistindo na
maioria das edificações. A partir da legislação que exigiu a elaboração de um projeto
específico, que deveria ser aprovado pelo Corpo de Bombeiros local e ao qual ficava
atrelada a aprovação do projeto arquitetônico por parte das Prefeituras, as instalações
passaram a ser obrigatórias. Apesar disso, a comunidade técnica ainda rejeitava a
maioria das exigências, por considerar os elementos de extinção (extintores manuais
e hidrantes) agressivos do ponto de vista estético. Muitos arquitetos e construtores
procuravam esconder ao máximo as unidades extintoras, no intuito de preservar a
beleza das decorações de halls, acessos principais, etc.
Só agora estamos despertando para a importância destas instalações nas
edificações. Arquitetos e decoradores têm se empenhado para serem criativos nas
soluções que contemplam as unidades do sistema, procurando posicioná-las em
locais que sejam ao mesmo tempo visíveis e acessíveis ao público (como têm que
ser), sem que deixem de estar integradas esteticamente ao ambiente.
Nenhum apelo à beleza poderá justificar o sacrifício da segurança e preservação
da integridade de pessoas e patrimônios, pois este é o papel das instalações de
prevenção. É com este espírito de reverência que temos de tratá-las, mesmo
considerando a possibilidade de que nunca venham a ser efetivamente utilizadas ou
mesmo necessárias.

2) Legislação
Para o Estado de Minas Gerais, as instalações de prevenção e combate a
incêndio e pânico deverão estar de acordo com o previsto no Decreto 43.805 de 17
de maio de 2004, que regulamentou a Lei 14.130 de 19 de dezembro de 2001. O
Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais –CBMMG - é o responsável por garantir
o cumprimento das ações de trata o Decreto, que tem como objetivos:
1. Proporcionar condições de segurança contra incêndio e pânico aos
ocupantes das edificações e áreas de risco, possibilitando o abandono
seguro e evitando perdas de vida.
2. Minimizar os riscos de eventual propagação do fogo para edificações e
áreas adjacentes, reduzindo danos ao meio ambiente e patrimônio.
3. Proporcionar meios de controle e extinção do incêndio e pânico.
4. Dar condições de acesso para as operações do Corpo de Bombeiros
Militar.
5. Garantir as intervenções de socorro de urgência.
Basicamente o CBMMG analisa e aprova a documentação que contém os
elementos formais das medidas de proteção contra incêndio e pânico de edificações
ou áreas de risco (PSCIP – processo de segurança contra incêndio e pânico), planeja
e estuda medidas de proteção, faz vistorias para verificação do cumprimento das
exigências das medidas de segurança contra incêndio, fiscaliza, multa e interdita.
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Complementam o Decreto 43.805, 36 Instruções Técnicas (IT’s). Estas IT’s tem


por objetivo estabelecer as orientações e exigências específicas, tanto do ponto de
vista administrativo quanto técnico, que servirão como base para as ações do
CBMMG. Portanto, tanto os projetos como as instalações de prevenção e combate
contra incêndio e pânico devem estar de acordo com as Instruções Técnicas.

Arquitetos e Engenheiros devem estar muito atentos sobre as exigências


contidas nas IT’s pois estas afetam diretamente as concepções de projeto e
especificações de materiais. Recomendamos uma leitura atenta de seus conteúdos
antes do início do projeto, para evitar o transtorno de uma reprovação junto ao
CBMMG que implique em alterações no projeto arquitetônico. Dependendo da
natureza dos problemas apontados pela análise do CBMMG, pode acontecer do
profissional ver seu projeto inviabilizado. Apesar de ser obrigatória a consulta a todas
as instruções técnicas, especificamente para projetos arquitetônicos de menor
complexidade é fundamental a consulta às seguintes IT’s:

• Acesso de viaturas na Edificação e Área de Risco (IT-04)


• Isolamento de Riscos (IT-05)
• Segurança Estrutural (IT-06)
• Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical (IT–07)
• Controle de Material de Acabamento (IT-08)
• Saídas de Emergência (IT-09)
• Pressurização de Escadas de Segurança (IT-11)
• Sinalização de Emergência (IT-17)

Para garantir a observância das corretas instalações de Prevenção e Combate a


Incêndio nas edificações, o Prefeito de Belo Horizonte promulgou o Decreto
Municipal nº 11.998 de 21 de março de 2005, que prevê o seguinte:

“Art. 1º - Todas as edificações destinadas a uso coletivo, cuja finalidade seja


comercial, de serviço, industrial ou residencial multifamiliar deverão possuir Laudo
Técnico, emitido por profissional legalmente habilitado Juno ao Conselho Regional de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia – CREA, e respectiva Anotação de
Responsabilidade Técnica – ART, que ateste a eficiência do Sistema de Prevenção e
Combate a Incêndios e Pânico – SPCIP.

§ 1º - Na concessão do “Habite-se” e do Alvará de localização e Funcionamento


referentes às edificações citadas no caput, uma cópia daqueles documentos deverá
integrar o respectivo processo administrativo da Prefeitura de Belo Horizonte – PBH.

§ 2º - No processo de aprovação das edificações citadas no caput, será incorporada a


ART referente à elaboração do projeto do Sistema de Prevenção e Combate a
Incêndios e Pânico.

Art. 2º - Os profissionais que assumirem a responsabilidade técnica pelo projeto e


pela instalação do SPCIP deverão ser habilitados junto ao CREA.

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Art. 3º - O Laudo Técnico será elaborado de acordo com modelo de formulário


aprovado por meio de portaria do Secretário Municipal de Políticas Urbanas, fornecido
pela gerência responsável, e deverá ter caráter conclusivo.

§ 1º - O Laudo deverá ser assinado pelos profissionais responsáveis pelo projeto e


pela instalação do SPCIP, e pelo proprietário do imóvel, condomínio ou locatário,
quando for o caso.

§ 2º O responsável técnico que assinar o Laudo responderá integralmente pelo


mesmo.

Art. 4º - O Laudo Técnico deverá ser renovado:

I – a cada 05 (cinco) anos, para edificações e para o exercício de atividade


econômica;

II – a cada 06 (seis) meses, para circos e parques de diversões.”

3) Classificação de Edificações e de Áreas de Risco


Para efeito de aplicação do Decreto 43.805 de 17 de maio de 2004, as
edificações e áreas de risco são classificadas quanto à ocupação e quanto ao risco.
Quanto à ocupação, as edificações e áreas de risco são classificadas como:
A - Residencial
B - Serviço de Hospedagem
C - Comercial
D - Serviço Profissional
E – Educacional e Cultura Física
F – Local de Reunião de Público
G – Serviço Automotivo e Assemelhados
H – Serviço de Saúde e Institucional
I – Indústria
J – Depósitos
L – Explosivos
M - Especial
A classificação quanto à ocupação encontra-se na tabela 1 do Anexo I do
Decreto 43.805. Apenas para efeito de exemplificação reproduzimos abaixo parte da
tabela 1, que poderá ser obtida na íntegra pelo leitor no Anexo I do referido Decreto.

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Quanto ao risco, as edificações e áreas de risco são assim classificadas:


• Quanto ao nível de segurança, de acordo com a tabela 3 do Anexo 1 (ver
abaixo)
• Quanto à segurança contra incêndio, de acordo com a tabela 4 do Anexo
1 (ver na página seguinte)
• Quanto ao pânico, de acordo com a tabela 5 do Anexo 1 (ver na página
seguinte)

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4) Exigências para Medidas de Segurança Contra Incêndio


conforme o tipo da Edificação
De acordo com o Decreto n˚ 43.805, as medidas de proteção contra incêndio e
pânico das edificações e áreas de risco são as constantes abaixo:
1 – Acesso de viatura ao hidrante de recalque
2 – Separação entre edificações (isolamento de risco)
3 – Segurança estrutural nas edificações
4 – Compartimentação horizontal
5 – Compartimentação vertical
6 – Controle de materiais de acabamento
7 – Saídas de emergência
8 – Elevador de Segurança
9 – Controle de Fumaça
10 – Gerenciamento de risco de incêndio e pânico
11 – Brigada de Incêndio
12 – Iluminação de emergência
13 – Detecção de Incêndio
14 – Alarme de incêndio
15 – Sinalização de emergência
16 – Extintores
17 – Hidrantes ou Mangotinhos
18 – Chuveiros automáticos
19 – Resfriamento
20 – Espuma
21 – Sistemas fixos de gases limpos e dióxido de carbono – CO2
22 – Sistemas de proteção contra descargas atmosféricas – SPDA
23 – Plano de intervenção de incêndio
24 – Outros especificados em IT
As edificações, que pela sua concepção estrutural puderem ser classificadas
como nível I de segurança, com a característica de risco baixo para pânico e incêndio,
poderão ser dispensadas das exigências de equipamentos de combate a incêndio.
Ficam isentas das exigências do Decreto n˚ 43.805 as edificações residenciais
unifamiliares.
As exigências mínimas de medidas de segurança feitas pelo Decreto n˚ 43.805
para cada tipo de edificação / área de risco estão contidas nas tabelas 7 (7A, 7B
....7M-4) do Anexo 1. Nas páginas seguintes, poderemos ver uma amostragem destas
tabelas e, conseqüentemente, a maneira de identificarmos o mínimo exigido para
cada edificação.
Na tabela 6 estão apresentados os máximos comprimentos permitidos para
corredores, conforme o tipo de edificação.
As tabelas 8 e 8A do Anexo I do Decreto n˚ 43.805 referem-se às exigências
para edificações existentes. A título de exemplo, apresentamos na seqüência a tabela
8A a ser usada em edificações existentes com área menor ou igual a 1.200 m² e
altura menor ou igual a 12 m.

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Chuveiros Automáticos x x

NOTAS ESPECÍFICAS:
1 – A compartimentação vertical será considerada para as fachadas e selagens dos
shafts e dutos de instalações
2 – Poderá ser substituído por controle de fumaça e chuveiros automáticos, exceto
para as compartimentações da fachada e selagens dos shafts e dutos de instalações;
e
3 – Recomendado para acesso de viaturas do CBMMG ao hidrante de recalque;
4 – Obrigatório o uso de hidrantes.

NOTAS GENÉRICAS:
Os locais destinados a laboratórios devem ter proteção em função dos produtos
utilizados.
A área a ser considerada para definição das exigências é a “área total da edificação”,
podendo ser subdividida se os riscos forem isolados.

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Seguem abaixo algumas das exigências retiradas sinteticamente das tabelas


apresentadas, conforme a natureza de ocupação das edificações.

4.1) Edificações Residenciais (Grupo A)


• Nas edificações residenciais multifamiliares com até 1.200 m² de área e altura
até 6 m, será exigido apenas o uso de extintores de incêndio e saída de
emergência.
• Nas edificações residenciais multifamiliares com até 1.200 m² de área e altura
maior que 6m, será exigido apenas o uso de extintores de incêndio, sinalização
de emergência e saída de emergência.
• Nas edificações residenciais multifamiliares com área maior que 1.200 m² e
altura até 12 m, será exigido o uso de extintores de incêndio, hidrantes ou
mangotinhos e saída de emergência. Nas edificações residenciais
multifamiliares com área maior que 1.200 m² e altura entre 12 m e 30 m, serão
exigidos extintores de incêndio, hidrantes ou mangotinhos, sinalização e
iluminação de emergência, saídas de emergência e segurança estrutural
contra incêndio.

4.2) Edificações Comerciais (Grupo C)


• Nas edificações com área total construída igual ou inferior a 750 m² e altura até
6 m, será exigido o uso de extintores de incêndio e saída de emergência. Para
edificações com altura maior que 6 m será exigida também sinalização de
emergência.
• Nas edificações com área total construída superior a 750 m², com menos de 12
metros de altura, será exigido o uso de extintores de incêndio, hidrantes ou
mangotinhos, saídas de emergência. Recomenda-se o acesso de viaturas do
CBMMG ao hidrante de recalque. Para edificações com área maior que 2.000
m² exige-se também brigada de incêndio.
• Nas edificações com mais de 30 metros de altura e área total construída
superior a 750 m², serão exigidos:

a) Extintores de incêndio, hidrantes ou mangotinhos, sinalização e saída


de emergência;
b) Sistema de chuveiros automáticos (sprinkler’s);
c) Detecção e Alarme de Incêndio;
d) Brigada de incêndio e acesso de viaturas ao hidrante de recalque;
e) Segurança estrutural, compartimentação horizontal e vertical, controle
de materiais de acabamento.
f) Para shopping centers, plano de intervenção contra incêndio.

4.3) Edificações Industriais (Grupo I)


• Nas edificações de área total construída igual ou inferior a 750 m e altura até 6
m, será exigido o uso de extintores de incêndio e saída de emergência. Para
edificações com altura maior que 6 m será exigida também sinalização de
emergência.
• Nas edificações de risco baixo com área total construída superior a 750 m² e
altura até 12 m, será exigido o uso de extintores de incêndio, hidrantes ou
mangotinhos, brigada de incêndio, saídas e sinalização de emergência. Nas
edificações de risco médio exige-se também alarme de incêndio. Recomenda-

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se em ambos os casos o acesso de viaturas do CBMMG ao hidrante de


recalque.
• Nas edificações de baixo risco com área total construída superior a 750 m² e
altura maior que 54 m, será exigido o uso de extintores de incêndio, hidrantes
ou mangotinhos, chuveiros automáticos (sprinkler’s), brigada de incêndio,
saídas, iluminação e sinalização de emergência, detecção de incêndio,
compartimentação horizontal e vertical, acesso de viaturas ao hidrante de
recalque, segurança estrutural e controle de materiais de acabamento.

5) Definições e Terminologias
Para efeito do Decreto n˚ 43.805 e das Instruções Técnicas que o
complementam aplicam-se muitas definições. Selecionamos algumas para inserir
neste trabalho. Recomendamos, entretanto, que o leitor consulte o próprio Decreto e a
IT – 02 (Terminologia de Proteção Contra Incêndio e Pânico) que contempla 460
definições para os termos usados nas instruções.
• Altura da edificação – é a medida em metros entre o ponto que
caracteriza a saída ao nível de descarga (nível térreo, 2º pavimento ou
pilotis, desde que haja acesso dos usuários ao exterior da edificação),
sob a projeção do paramento externo da parede da edificação, ao piso do
último pavimento, excluindo o ático, casa de máquinas, barriletes,
reservatórios d’água, pavimento superior da cobertura (duplex) e
assemelhados.
• Área construída – é a somatória das áreas cobertas de uma edificação,
em metros quadrados.
• Área do pavimento – área calculada a partir das paredes externas, em
metros quadrados.
• Aspersor – dispositivo usado nos chuveiros automáticos ou sob
comando, para aplicação de agente extintor.
• Brigada de Incêndio – grupo organizado de pessoas, voluntárias ou não,
treinadas e capacitadas para atuar na prevenção, abandono da
edificação, combate a um primeiro incêndio e prestar os primeiros
socorros, dentro de uma área preestabelecida.
• Capacidade Extintora – medida do poder de extinção de fogo de um
extintor, obtida em ensaio prático normalizado.
• Carga de Incêndio – soma das energias caloríficas possíveis de serem
liberadas pela combustão completa de todos os materiais combustíveis
contidos em um espaço, inclusive o revestimento das paredes, divisórias,
pisos e tetos.
• Chuveiro automático – dispositivo destinado a projetar água em forma
de chuva, dotado de elemento sensível à elevação de temperatura.
• Como construído (“as buit”) – documentos, desenhos ou plantas do
sistema, que correspondem exatamente ao que foi executado pelo
instalador.

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• Compartimentação – característica construtiva, concebida pelo arquiteto


ou engenheiro, na qual se tem a divisão em nível (cômodos) ou em vão
vertical (pé direito), cujas características básicas são a vedação térmica e
a estanqueidade à fumaça, onde o elemento construtivo estrutural e de
vedação, possui resistência mecânica à variação térmica no tempo
requerido de resistência ao fogo – TRRF, determinado pela norma
correspondente, impedindo a passagem de calor ou fumaça, conferida à
edificação em relação às suas divisões internas.
• Compartimentação horizontal – medida de proteção, constituída de
elementos construtivos resistentes ao fogo, separando ambientes, de tal
modo que o incêndio fique contido no local de origem e evite a sua
propagação no plano horizontal. (exemplos de elementos de vedação:
paredes e portas corta-fogo)
• Compartimentação vertical – medida de proteção, constituída de
elementos construtivos resistentes ao fogo, separando pavimentos
consecutivos, de tal modo que o incêndio fique contido no local de origem
e dificulte a sua propagação. (exemplos de elementos de vedação:
entrepisos ou lajes corta fogo).
• Descarga – parte da saída de emergência de uma edificação que fica
entre a escada e o logradouro público ou área externa com acesso a
este.
• Entrepiso – conjunto de elementos de construção, com ou sem espaços
vazios, compreendidos entre a parte inferior do forro de um pavimento e a
parte superior do piso do pavimento imediatamente superior.
• Escada aberta – escada não enclausurada por paredes e porta corta
fogo.
• Escada aberta externa (AE) – escada de emergência precedida de porta
corta fogo (PCF) no seu acesso, cuja projeção esteja fora do corpo
principal da edificação, sendo dotada de guarda corpo ou gradil
(barreiras) e corrimãos em toda sua extensão (degraus e patamares),
permitindo desta forma eficaz ventilação, propiciando um segundo
abandono.
• Escada à prova de fumaça pressurizada (PFP) – escada à prova de
fumaça, cuja condição de estanqueidade à fumaça é obtida através de
pressurização.
• Escada enclausurada – escada protegida com paredes resistentes ao
fogo e portas corta fogo.
• Escada enclausurada à prova de fumaça (EPF) – escada cuja caixa é
envolvida por paredes corta fogo e dotada de portas corta fogo, cujo
acesso é por antecâmara igualmente enclausurada ou local aberto, de
modo a evitar fogo e fumaça em caso de incêndio.
• Escada enclausurada protegida (EP) – escada devidamente ventilada
situada em ambiente envolvido por paredes resistentes ao fogo e dotada
de portas corta fogo.

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• Escada não enclausurada ou escada comum (NE) - escada que,


embora possa fazer parte de uma rota de saída, comunica-se
diretamente com os demais ambientes como corredores, halls e outros,
em cada pavimento, não possuindo portas corta fogo.
• Isolamento de risco – característica construtiva, concebida pelo
arquiteto / engenheiro, na qual se tem a separação física de uma
edificação em relação às demais circunvizinhas, cuja característica
básica é a impossibilidade técnica de uma edificação ser atingida pelo
calor irradiado, conduzido ou propagado pela convecção de massas
fasosas aquecidas, emanadas de outra atingida por incêndio.
• Parede corta fogo – elemento construtivo que, sob a ação do fogo.
Conserva suas características de resistência mecânica, é estanque à
propagação das chamas e proporciona um isolamento térmico tal que a
temperatura medida sobre a superfície não exposta não ultrapasse 140ºC
durante um tempo especificado.
• Parede resistente ao fogo (parede de compartimentação): elemento
estrutural resistente ao fogo por um determinado período de tempo,
mantendo sua integridade e suas características de vedação contra
gases e fumaça.
• Plano de intervenção de incêndio – plano estabelecido em função dos
riscos da edificação para definir a melhor utilização dos recursos
materiais e humanos em uma situação de emergência.
• Registro de recalque – dispositivo hidráulico destinado a permitir a
introdução de água proveniente de fontes externas, na instalação
hidráulica de combate a incêndio das edificações.
• Reserva de Incêndio – volume de água destinado exclusivamente ao
combate a incêndio.

6) Procedimentos Administrativos para Aprovação de Projetos


As medidas de segurança contra incêndio nas edificações e áreas de risco
devem ser apresentadas ao CBMMG para análise, por meio de:
a) Projeto técnico;
b) Projeto técnico simplificado (PTS);
c) Projeto técnico para instalação e ocupação temporária;
d) Projeto técnico para ocupação temporária em Edificação Permanente.
O projeto técnico deve ser utilizado para apresentação dos sistemas de proteção
contra incêndio e pânico das edificações ou áreas de risco:
a) Com área de construção acima de 750 m²
b) Independente da área da edificação ou área de risco, quando esta
apresentar risco no qual necessite de sistemas fixos (hidrantes,
chuveiros automáticos, alarme e detecção, entre outros); e
c) Edificação e/ou área de risco que necessite de proteção de suas
estruturas contra a ação do calor proveniente de um incêndio.
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Fazem parte do projeto técnico o cartão de identificação, a pasta com os


desenhos do projeto, formulário de segurança (contendo os dados básicos do
projeto), ART, implantação, plantas de risco, planta das medidas de segurança contra
incêndio e memoriais de cálculo.
O projeto técnico simplificado (PTS) é um procedimento sumário que se aplica
às seguintes edificações e áreas de risco:
a) Edificações de uso coletivo de área construída até 750 m² com fator de
risco zero ou um.
b) Edificação e/ou área de risco na qual não exija proteção por sistema
hidráulico de combate a incêndio.
c) Posto de serviço e abastecimento cuja área construída mais áreas
utilizáveis não ultrapassem 750 m².
d) Locais de revenda ou com presença de gases inflamáveis cuja proteção
não exija sistemas fixos de combate a incêndio.
e) Locais de reunião de público, cuja lotação não ultrapasse 100 pessoas e
não exija sistema fixo de combate a incêndio.
f) Locais com carga de incêndio específica até 300 MJ/m² e área total
construída até 300 m², caracterizada como risco isolado, excetuando as
edificações do grupo F.
g) Edificações da divisão F8 (restaurantes, lanchonete, bares, cafés,
refeitórios, cantinas e assemelhados) com área construída de 300 m².
h) Não é permitida a apresentação de Projeto Técnico Simplificado (PTS)
onde na edificação ou na área de risco haja necessidade de
comprovação da situação de separação entre edificações e área de
risco, conforme instrução técnica (IT) específica.

7) Acesso de Viatura na Edificação


A instrução técnica que trata deste tema fixa as condições mínimas exigíveis
para o acesso e estacionamento de viaturas de bombeiros nas edificações e áreas de
risco, visando disciplinar o seu emprego operacional na busca e salvamento de
vítimas e no combate a incêndios.
Edificações com altura menor ou igual a 12,00 m, afastadas da via pública de
mais de 20,00 m a contar do meio fio, devem ter via de acesso e faixa de
estacionamento. Edificações com altura superior a 12,00 m que apresentarem
afastamento da via pública superior a 10,00 m, também devem ter via de acesso e
faixa de estacionamento.
Condomínios de residências unifamiliares devem possuir via de acesso.

7.1) Características Mínimas das Vias de Acesso


As principais exigências são:
• Largura mínima de 6,00 m.
• Desobstrução em toda a largura e com altura livre mínima de 4,50 m

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• Quando o acesso for provido de portão, este deverá ter no mínimo 4 m


de altura e 4,50 m de largura.
• Vias de acesso que excedam 45,00 m de comprimento devem possuir
retorno circular, ou em formato de “Y” ou em formato de “T”.

7.2) Características Mínimas das Faixas de Estacionamento


As principais exigências são:
• Largura mínima de 8,00 m.
• Comprimento mínimo de 15,00 m.
• Deve existir pelo menos uma faixa de estacionamento paralela a uma
das faces da edificação que possua aberturas (portas janelas).
• A distância máxima da faixa de estacionamento até a face da edificação
é de 8,00 m, medida a partir de sua borda mais próxima do edifício.
• A faixa de estacionamento deve estar livre de postes, painéis, árvores
ou qualquer outro elemento que obstrua a operação das viaturas.

8) Separação entre Edificações


A instrução técnica que trata deste tema fixa as condições mínimas exigíveis
para isolar externamente os riscos de propagação do incêndio por radiação de calor,
convecção de gases quentes e transmissão de chama, para evitar que o incêndio
proveniente de uma edificação se propague para outra, ou retardar a propagação
permitindo a evacuação do público.
Duas ou mais edificações em uma mesma propriedade devem ser projetadas de
forma a atender os requisitos mínimos de separação e isolamento contidos nesta
instrução técnica. Caso contrário, serão consideradas como uma única edificação
para o dimensionamento das medidas de proteção previstas no Decreto n˚ 43.805/04.
A propagação pode acontecer de várias maneiras. O tipo do isolamento
necessário dependerá, dentre outros fatores, de como a propagação se dá.
Basicamente, temos:
• Propagação entre fachadas de edifícios adjacentes.
• Propagação entre a cobertura de um edifício e a fachada de outro.
• Propagação entre duas edificações geminadas de mesma altura.
• Propagação entre duas edificações geminadas de alturas
diferentes.
O isolamento de risco pode ser obtido por distância de separação entre
fachadas, por distância de separação entre coberturas e/ou por paredes corta-fogo
entre edificações contíguas.
A distância de separação entre dois prédios ou entre o prédio e as divisas deve
ser calculada conforme o descrito na Instrução Técnica 05. Fatores como: existência
de compartimentação horizontal e vertical no prédio; carga de incêndio; área da
fachada e área total das aberturas ; altura e largura da fachada; existência ou não de
Corpo de Bombeiros com viaturas no Município, deverão ser considerados no cálculo.

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As características dos elementos de vedação (paredes e revestimentos


externos) e das aberturas das fachadas (janelas) também interferirão nas distâncias
mínimas recomendadas. Cuidados como prever janelas providas de vidro aramado e
ao mesmo tempo paredes externas com resistência superior a 90 minutos podem
reduzir a distância de segurança a apenas 1,50 m, mesmo que o valor calculado seja
maior.
O arquiteto deve estar sempre atento às recomendações desta instrução.
Cuidados com: a espessura e o tipo de material a serem adotados para as paredes
corta-fogo; a carga de incêndio dos materiais especificados para acabamentos
internos; a distância entre as aberturas de fachada ou simplesmente o tamanho dos
compartimentos, podem reduzir a severidade de um incêndio e, conseqüentemente,
as exigências de isolamento / distância de separação.

9) Segurança Estrutural das Edificações


A Instrução Técnica 06 trata deste tema, fixando as condições mínimas a serem
atendidas pelos elementos estruturais e de compartimentação que integram as
edificações para que, em situação de incêndio, seja evitado o colapso estrutural por
tempo suficiente para possibilitar o atendimento das prescrições contidas no Decreto
n˚ 43.805/04.
Elementos estruturais e de compartimentação deverão atender aos tempos
requeridos de resistência ao fogo (TRRF), constantes do Anexo A da Instrução
Técnica, que reproduzimos na página seguinte. A comprovação dos TRRF podem ser
obtidas através da execução de ensaios ou da utilização de modelos matemáticos
devidamente normalizados ou internacionalmente reconhecidos.
Para as escadas e elevadores de segurança, os elementos de
compartimentação, constituídos pelo sistema estrutural das compartimentações e
vedações das caixas, dutos e antecâmaras, devem atender, no mínimo, ao TRRF
igual ao estabelecido no Anexo A, não podendo ser inferior a 120 minutos.
Os elementos de compartimentação (externa e internamente à edificação,
incluindo as lajes, as fachadas, paredes externas e selagens dos shafts e dutos de
instalações) e os elementos estruturais essenciais à estabilidade destes elementos
devem ter, no mínimo, o mesmo TRRF da estrutura principal da edificação, sendo que
o TRRF mínimo para selagens dos shafts e dutos de instalações serão de 60 minutos.
As paredes divisórias entre unidades autônomas, para as ocupações dos grupos
A (A2 e A3), B, E e H (H2,H3, H5 e H6) devem possuir TRRF mínimo de 60 minutos,
independentemente do TRRF da edificação. Esta regra pode ser dispensada para as
ocupações que possuam sistemas de chuveiros automáticos, projetados conforme
normas técnicas.
No Anexo B são apresentados resultados de ensaios e outras características de
vários tipos de alvenarias.
A análise da conveniência de se adotar um dado material ou uma solução
estrutural para um projeto específico, deve ser feita pelo arquiteto em conjunto com o
engenheiro responsável pelo cálculo estrutural. Juntos eles avaliarão as exigências do
ponto de vista técnico / econômico / funcional, antes de fazer suas escolhas.

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10) Compartimentação Horizontal e Compartimentação Vertical

A compartimentação horizontal se destina a impedir a propagação de incêndio


no pavimento de origem para outros ambientes no plano horizontal. A
compartimentação vertical se destina a impedir a propagação de incêndio no sentido
vertical, ou seja, entre pavimentos elevados consecutivos.
Dentre as inúmeras exigências contidas na IT – 07 que trata deste quesito,
merece destaque a que diz respeito à compartimentação vertical na envoltória do
edifício, pelas limitações que impõe às fachadas, influenciando o projeto arquitetônico
em seus aspectos estéticos. Deve existir separação na fachada entre aberturas de
pavimentos consecutivos, que podem se constituir de vigas e / ou parapeitos ou
prolongamento dos entrepisos além do alinhamento da fachada. Quando a separação
for provida por meio de vigas e/ou parapeitos, estes devem apresentar altura mínima
de 1,20 m separando aberturas de pavimentos consecutivos (ver figura 2 do Anexo
A). Quando a separação for provida por meio de prolongamentos dos entrepisos, as
abas devem projetar-se no mínimo 0,90m além do plano externo da fachada (ver
figura 3 do Anexo A). Nas edificações com fachadas totalmente envidraçadas, atrás
dos vidros devem ser previstos parapeitos, vigas ou prolongamentos dos entrepisos,
conforme os descritos (ver figura 4 do Anexo A).
Outra exigência que merece destaque é a de que as aberturas (janelas) situadas
na mesma fachada, em lados opostos de uma parede de compartimentação horizontal
(interna), devem ser afastadas horizontalmente entre si, por um trecho de parede com
dois metros de extensão devidamente consolidada à parede de compartimentação e
apresentando a mesma resistência ao fogo (ver figura 1 do Anexo A).
As áreas máximas permitidas para as compartimentações internas, conforme o
tipo e a altura da edificação, estão indicadas no Anexo B da Instrução Técnica 07,
reproduzido a seguir.

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11) Saídas de Emergência


As saídas de emergência são tratadas na Instrução Técnica 08, que visa
estabelecer os critérios mínimos para que a população possa abandonar a edificação
em caso de incêndio ou pânico, completamente protegida em sua integridade física e
permitir o acesso de guarnições de bombeiros para combate ao fogo ou retirada de
pessoas.
As saídas de emergência compreendem:
ƒ Acessos.
ƒ Rotas de saídas horizontais e respectivas portas de acesso até o
espaço livre exterior.
ƒ Escadas.
ƒ Rampas.
ƒ Descarga.

11.1) Acessos
É o caminho a ser percorrido pelos usuários do pavimento ou do setor,
constituindo a rota de saída horizontal (rota de fuga), para alcançar a escada ou
rampa, área de refúgio ou de descarga para saída do recinto (ou do edifício).
Passagens, corredores, vestíbulos, antecâmaras, balcões, varandas e terraços podem
constituir os acessos.
Será proibido intercalar balcões, mostruários, bilheterias, pianos ou outros
móveis, orquestras, barreiras, correntes ou a existência de qualquer obstrução que
diminua a largura útil do trajeto nos corredores, passagens, salas, pátios, vestíbulos,
ou área de qualquer tipo, que sirva de saída para via pública.
A largura das saídas, isto é, dos acessos, escadas, descargas e outros, é dada
pela seguinte fórmula:

N = P/C

Onde:
N : número de unidades de passagem, arredondado para número inteiro maior.
P: população, conforme coeficiente da tabela 4 do Anexo
C: capacidade da unidade de passagem conforme tabela 4 do Anexo.

Uma unidade de passagem é igual a 55 cm.


As larguras mínimas das saídas de emergência, em qualquer caso (mesmo
que o cálculo leve a um número menor), devem ser as seguintes:

• Para ocupações do grupo H-2 e H-3, escadas e seus respectivos acessos


devem ter no mínimo 1,65 m (três unidades de passagem).
• Para ocupações do grupo H-2, rampas e seus respectivos acessos devem
ter no mínimo 1,65 m (três unidades de passagem).
• Para ocupações do grupo H-3, rampas e seus respectivos acessos devem
ter no mínimo 2,20 m (quatro unidades de passagem).
• Todas as demais ocupações devem ter acessos em geral com largura
mínima de 1,10 m (duas unidades de passagem).

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O pé direito mínimo dos acessos é de 2,50 m. Sob vigas e portas a altura


mínima é de 2,0 m.
As distâncias máximas a serem percorridas para atingir as portas de
acesso às edificações e o acesso às escadas ou as portas das escadas (nos
pavimentos) constam da tabela 5 e devem ser contadas a partir da porta de
acesso do compartimento mais distante, desde que o caminhamento interno deste
compartimento não seja maior que 15,0 m. Caso o caminhamento interno seja
maior que 15,0 m o excedente será contado na distância máxima a ser percorrida.
O número de saídas exigido para os diversos tipos de ocupação encontra-
se na tabela 6 do Anexo.
As portas das rotas de saída de emergência (e também a de salas com
capacidade acima de 50 pessoas), devem abrir no sentido do trânsito de
saída.(estão isentas desta exigência as edificações do grupo A1 e A2 que não se
comunicam diretamente com as caixas de escada). A largura mínima das portas
de saída será determinada em função do número de unidades de passagem,
calculado conforme a fórmula da página anterior. A partir do resultado do cálculo,
considerar para a largura das portas o seguinte:
• Largura = 0,80 m para N ≤ 1.
• Largura = 1,00 m para 1 ≤ N ≤ 2.
• Largura = 1,50 m em duas folhas para 2 ≤ N ≤ 3.
• Largura = 2,00 m em duas folhas para 3 ≤ N ≤ 4.

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11.2) Rampas

São obrigatórias nos seguintes casos:


• Para unir dois pavimentos de níveis diferentes em acesso a áreas de
refúgio em edificações com ocupações dos grupos H-2 e H-3.
• Na descarga de acesso de elevadores de emergência.
• Quando a altura a ser vencida não permitir o dimensionamento
equilibrado dos degraus de uma escada.
• Para unir o nível externo ao nível do saguão térreo das edificações em
que houver usuários de cadeiras de rodas (ver NBR-9050/94 –
“Adequação das edificações e do imobiliário urbano à pessoa deficiente”).
Seguem algumas recomendações.

• Não serão permitidas rampas externas com inclinação maior que 10% (1:10).
• As rampas internas devem ter inclinação máxima de 10% em edificações de
ocupações A, B, E, F e H. Nas ocupações D e G a inclinação é máxima de
10% quando a saída é em rampa ascendente. Saídas descendentes nas
ocupações D e G podem ter rampa de até 12,5% (1:8). Nas ocupações C, I e J
a rampa máxima admitida é de 12,5%.
• A largura mínima das rampas deve ser calculada como o já estabelecido para
os acessos (através do número de unidades de passagem). Quando em
ocupações em que sejam admitidas rampas de mais de 10% em ambos os
sentidos, o sentido da saída for ascendente, deve ser dado um acréscimo de
25% na largura calculada.
• O piso das rampas deve apresentar condições antiderrapantes e
permanecerem antiderrapantes com o uso.
• As rampas devem ser dotadas de guardas, corrimãos, sinalização e iluminação
de emergência.
• Os patamares devem ter comprimento mínimo de 1,10 m medidos na direção
do trânsito e são obrigatórios nas mudanças de direção ou quando a altura a
ser vencida ultrapassar 3,70 m.

11.3) Portas Corta-Fogo


Usadas para impedir ou retardar a propagação do fogo, calor e gases de um
local para o outro, um conjunto de folha de porta, marco e acessório, que deverão
estar de acordo com as normas brasileiras, resistirem ao fogo sem sofrer colapso, por
um tempo mínimo determinado.
Portas que dividem corredores que se constituem em rotas de saída devem ser
do tipo corta-fogo e possuir visor transparente, de área mínima de 0,07 m² e 25 cm de
altura mínima. Devem abrir no sentido do fluxo de saída ou nos dois sentidos, caso o
corredor possibilite saída nos dois sentidos.
As portas corta-fogo usadas em escadas enclausuradas devem abrir para dentro
da caixa de escada em todos os pavimentos, exceto no pavimento de saída do
edifício, onde deverá ter abertura para fora. Essa exigência é feita para facilitar a fuga
de pessoas no caso de ser necessária a evacuação do prédio.

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11.4) Escadas Comuns e Enclausuradas

11.4.1) Escada comum ou Não Enclausurada (NE)


Qualquer edificação que tenha pavimentos sem saída em nível para o espaço
livre exterior deve ser dotada de escadas, enclausuradas ou não.

Seguem abaixo algumas disposições da NBR 9077/93, que dispõe sobre os critérios
para escadas comuns.

Campo de Aplicação

• Em toda edificação com dois ou mais pavimentos, que dispuser de apenas


uma escada, esta será considerada como saída de emergência.
• Toda edificação em que houver a exigência de escada comum ou não
enclausurada, conforme a legislação municipal específica.
• Não se aplica a sobrelojas, mezaninos e jirau, desde que estes sejam de
acesso restrito a funcionários, exclusivamente pelo pavimento imediatamente
inferior, não havendo compartimentação e o número de usuários não
ultrapasse a 50 pessoas.

Conceitos

a) Condição antiderrapante:

• São considerados pisos antiderrapantes, aqueles cuja constatação no local


permita a percepção ao tato de sua rugosidade e/ou porosidade, a qual
possibilite boa aderência ao ser pisado, mesmo em condições adversas, tais
como sob ação de soluções saponáceas, água ou cera.
• Também é considerada condição antiderrapante, àquela em que o piso, apesar
de suas características de polimento e/ou baixa abrasão possuam elementos
que lhe confiram características de aderência ao ser pisado, tais como:
- Sulcos transversais ao sentido de deslocamento. A largura do somatório dos
sulcos não deve ser menor que 0,05 m, além de possuir profundidade e
espessura que permitam o aumento da superfície de contato mas não venham
a agredir a integridade do solado do calçado ou sola do pé do usuário;
- Colocação de um complemento em alumínio, borracha ou outro material que
aumente a superfície de contato como na forma anterior.

b) Largura:

• A largura da escada deve ser proporcional ao número de pessoas que por ela
devam transitar em caso de emergência, sendo o mínimo o previsto em
legislação municipal própria, podendo ter largura mínima de até 0,90 m se a
população usuária não exceder a 50 pessoas (de acordo com a IT-08, escadas
secundárias, não destinadas a saída de emergência atendendo a mezaninos e
áreas privativas de qualquer edificação, poderão ter no mínimo 80 cm de
largura, desde que a população seja inferior a 20 pessoas, com altura da
escada não superior a 3,70m);

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• A largura deverá ser medida no ponto mais estreito da escada ou patamar,


excluindo os corrimãos (mas não as guardas), podendo estes projetar até 0,10
m de cada lado, sem obrigatoriedade de aumentar a escada;

c) Dimensões das escadas:

• Altura “h” compreendida entre 0,16 m e 0,18 m, com tolerância de 0,05 cm;
A largura será dimensionada pela fórmula de Blondel: 63cm ≤ (2h +b) ≤ 64cm,
onde, h = altura do degrau (entre 16 e 18cm)
b= largura do degrau
• Pisos dos degraus e patamares serão revestidos com materiais
incombustíveis e antiderrapantes.
• Quando o lanço da escada for curvo (escadas em leque) ou em espiral
(admitidas apenas como escadas secundárias, não destinadas a saída de
emergência), os degraus deverão ser balanceados e ingrauxidos, possuindo
em sua parte mais estreita largura não inferior a 0,15 m.

d) Caixas das escadas:

• As paredes das caixas de escadas, das guardas, dos acessos e das descargas
devem ter acabado liso;
• As caixas de escadas não podem ser utilizadas como depósitos, mesmo por
curto espaço de tempo, nem para a localização de quaisquer móveis ou
equipamentos, que não sejam os específicos de prevenção e combate a
incêndio;
Nas caixas de escadas, não podem existir aberturas para tubulação de lixo,
passagem para rede elétrica, centros de distribuição elétrica, armários para medição
de gás e assemelhados.
As escadas devem ser projetadas conforme Norma Brasileira. Devem ser
construídas em concreto armado ou em material de equivalente resistência ao fogo.
(De acordo com a IT-08, escadas secundárias, não destinadas a saídas de
emergência, podem ser construídas de material combustível).

e) Escadas com lanços curvos:

• Não será permitida para edificações de recepção de público;


• Deverá possuir degraus ingrauxidos iguais, as linhas de bocéis convergindo
em um ponto (centro da circunferência), diâmetro entre 0,97 m (b= 0,32 m) e
1,375 m (b = 0,27 m), na parte central o degrau não poderá ter largura inferior
a 0,15 m e sua largura deverá estar entre (1,10 a 1,65) m, não contados os
corrimãos.

f) Escadas com lanços mistos.

• Não será permitida para edificações de recepção de público;


• Deverá possuir degraus ingrauxidos iguais na parte curva e na parte central o
degrau não poderá ter largura inferior a 0,15 m.

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11.4.2) Escada Enclausurada Protegida (EP)


Escada cuja caixa é ventilada e envolvida por paredes corta-fogo e dotada
de porta corta-fogo.
As EP’s devem ser dotadas, em todos os pavimentos (exceto no da
descarga, onde isto é facultativo), de janelas abrindo para o espaço livre exterior.
As janelas devem estar junto ao teto, ou, no máximo, a 15cm deste, estando o
peitoril , no mínimo, a 1,10m acima do piso do patamar ou degrau adjacente e
tendo largura mínima de 0,80m. A área de ventilação efetiva mínima é de 0,80 m².

11.4.3) Escada Enclausurada à Prova de Fumaça (EPF)


Escada cujo acesso é por antecâmara ventilada e cuja caixa é envolvida
por paredes corta-fogo e dotada de porta corta-fogo.
A iluminação natural das escadas enclausuradas, recomendável, mas não
indispensável, quando houver, deve ser guarnecida com vidro aramado,
transparente ou não, malha de 12,5 mm e espessura mínima de 6,5 mm. Em
paredes dando para o exterior, a área máxima de iluminação deve ser de 0,50 m².
Em paredes dando para a antecâmara ou varanda, pode ser de até 1,00 m².
As antecâmaras para ingresso nas escadas enclausuradas devem, entre
outras exigências:
• Ter comprimento mínimo de 1,80m.
• Ser dotadas de porta corta-fogo na entrada e na comunicação da caixa de
escada.
• Ser ventiladas por dutos de entrada e de saída de ar.
• Ter a abertura de entrada de ar do duto respectivo situada junto ao piso ou
no máximo a 15cm deste; ter abertura de saída de ar do duto respectivo
junto ao teto ou no máximo a 15cm deste.
Os dutos de ventilação natural devem, dentre outras exigências:
• Ter aberturas que dão somente nas paredes que dão para as antecâmaras.
• Ter seção mínima calculada pela seguinte expressão: s = 0,105 . n , onde s
é a seção mínima em m² e n é o número de antecâmaras ventiladas pelo
duto. Em qualquer caso, a área não pode ser inferior a 0,84 m². Quando de
seção retangular, a proporção máxima entre suas dimensões é de 1:4.
• Ter, quando não forem totalmente abertos no topo, aberturas de saída de ar
com área efetiva de 1,50 vezes a área da seção dos dutos e se situarem
em nível superior a qualquer elemento construtivo do prédio (reservatórios,
casas de máquinas e outros)

11.5) Corrimãos e Guarda-Corpo

11.5.1) Corrimãos

Barra, cano ou peça similar, de superfície lisa e arredondada, localizada junto


às paredes ou guardas de escadas, para as pessoas nela se apoiarem ao subir ou
descer. Um corrimão, se desenho compatível, pode ser parte integrante da guarda
de uma escada.
No projeto do corrimão devem ser cumpridas as seguintes exigências:

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• Os corrimões devem ser colocados em ambos os lados da escada e a uma


altura entre 0,80 a 0,92 m verticalmente do topo do mesmo ao bocel ou
quina do degrau abaixo do ponto de medição;
• Uma escada deverá ter tantos corrimãos quantos forem necessários, além
do principal, de acordo com a sua ocupação;
• Os corrimãos devem ser projetados de forma a poderem ser agarrados
fáceis e confortavelmente, permitindo um contínuo deslocamento da mão
ao longo de toda sua extensão, sem encontrar quaisquer obstruções,
arestas ou solução de continuidade. No caso de seção circular, seu
diâmetro varia de 38 mm a 65 mm;
• Os corrimãos devem estar afastados no mínimo 0,04 m das paredes ou
guardas onde forem fixados;
• Não é aceitável em saídas de emergência, a colocação de corrimão que
possua aresta viva, tábua larga na horizontal e outros.
• Os corrimãos devem ser calculados para resistir a uma carga de 900 N,
aplicada em qualquer ponto, verticalmente de cima para baixo e
horizontalmente em ambos os sentidos;
• Nas escadas onde houver necessidade de corrimão intermediário, este
deverá ter suas extremidades dotadas de balaústres ou outro dispositivo
para evitar acidentes.
• Para auxílio dos deficientes visuais, os corrimãos das escadas deverão ser
contínuos, sem interrupção nos patamares, prolongando-se, sempre que for
possível, pelo menos 20 cm do início e do término da escada com suas
extremidades voltadas para a parede ou com solução alternativa.

11.5.2) Guarda-corpo

Barreira protetora vertical, maciça ou não, delimitando as faces laterais da


escada, terraço, balcões, rampas, etc... e serviço de proteção contra eventuais
quedas. Utilizado para segurança das pessoas.
Toda saída de emergência, corredores, balcões, terraços, mezaninos,
galerias, patamares, escadas, rampas e outros, devem ser protegidos, em ambos
os lados por paredes ou guarda-corpos contínuos, sempre que houver qualquer
desnível maior de 19 cm.
No projeto do guarda-corpo devem ser cumpridas as seguintes exigências:
• A altura das guardas, internamente, deve ser no mínimo de 1,05 m ao
longo dos patamares, corredores, mezaninos e outros, podendo ser
reduzida para até 0,92 m nas escadas internas, altura esta medida
verticalmente do topo da guarda à ponta do bocel ou quina do degrau
imediatamente abaixo do ponto de medição, não sendo dispensável a
exigência do corrimão;
As guardas deverão ser fechadas de forma a não permitir a passagem de uma
esfera de 0,15 m de diâmetro por nenhuma abertura existente. Isso significa que o
espaço do guarda corpo entre a altura máxima e o degrau deverá ser preenchido
com longarinas, balaústres ou telas, espaçados no máximo de 15 cm.

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Instalações Prediais

• Devem ser isentos de saliências, reentrâncias ou quaisquer elementos


que possam enganchar em roupas; deverão ser constituídos por
materiais não-estilhaçáveis, exigindo-se o uso vidros aramados ou de
segurança laminados, se for o caso. Exceção será feita a ocupações do
grupo I e J para as escadas de saída não emergenciais.
• A altura dos guarda-corpos em escadas externas, seus patamares,
balcões e assemelhados, deve ser no mínimo de 1,30 m.

11.6) Elevadores de Emergência

É obrigatória a instalação de elevadores de emergência:


Em todas as ocupações A-2 e A-3 com altura superior a 80 m e nas demais
ocupações com altura superior a 60 m, exclusivamente monumentais de ocupação
G-1, e em torres exclusivamente monumentais de ocupação F-2;
Nas ocupações institucionais do tipo H-2 e H-3, sempre que sua altura ultrapassar
12 m.
As caixas de corrida (poço) e casa de máquinas dos elevadores de emergência
devem ser enclausuradas e totalmente isoladas das caixas de corrida e casas de
máquinas dos demais elevadores.

12) Meios de Prevenção, Proteção e Combate a Incêndio

Os meios de prevenção, proteção e combate ao fogo podem ser basicamente de


duas naturezas:
‰ Dispositivos e equipamentos fixos e/ou móveis que sinalizam, facilitam a
fuga ou auxiliam as pessoas no combate de um foco de incêndio. Nessa
categoria estão os extintores manuais e automáticos, hidrantes,
detectores de fumaça, sinalização e iluminação de emergência, alarmes,
bombas de pressurização, etc...
‰ Elementos construtivos que retardam a propagação do fogo como as
paredes e portas corta-fogo, ou que se constituem em meios de
evacuação como as escadas, rampas, passarelas, pontes de ligação e
saídas.
Os meios de propagação do fogo são basicamente: condução (transferência de
calor de molécula a molécula); convecção (subida da massa de ar quente); e
irradiação.
Os métodos de combate ao fogo são o de resfriamento e de abafamento. O ar
é composto de oxigênio, nitrogênio e outros gases. O oxigênio é o combustível
necessário para manter a chama acesa. Entretanto, se o nível de oxigênio presente
no ar for menor que 13% (o usual é 21%), não haverá alimento para a chama e o fogo
cessa.
Conforme visto no tópico 1 deste capítulo, as normas dos Corpos de Bombeiros
locais estabelecem as exigências mínimas dos meios de prevenção e combate a
serem utilizados, em função das características de cada tipo de edificação. O
projetista poderá optar por um grau de proteção maior se assim achar necessário, ou
mesmo para conseguir descontos maiores nas tarifas das seguradoras, que levam em
consideração o nível de proteção contra incêndio, no cálculo dos prêmios.

92
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

12.1) Dispositivos e Equipamentos

12.1.1) Unidades Extintoras Manuais

1 - Extintores de Incêndio : Aparelho de acionamento manual, portátil ou sobre


rodas, destinado a combater princípios de incêndio. Nestas unidades, o material
extintor fica acondicionado em cilindros metálicos. O aparelho é acionado
manualmente.

O material extintor varia de acordo com o tipo de materiais combustíveis envolvidos e,


conseqüentemente, com a natureza fogo a extinguir. A classificação dos tipos de fogo
em função dos materiais combustíveis envolvidos é a seguinte:

‰ Fogo Classe A : materiais sólidos combustíveis comuns (papéis, madeira,


tecidos, algodão, borracha, plástico, etc..). Materiais desta classe queimam em
profundidade, deixando cinzas;
‰ Fogo Classe B: líquidos inflamáveis e derivados de petróleo (gás GLP,
gasolina, etc..);
‰ Fogo Classe C: equipamentos elétricos energizados.

‰ Fogo Classe D : metais pirofóricos.

A seleção do agente extintor apropriado para cada classe de fogo será feita segundo
a Tabela 1 abaixo.

TABELA 1 – Seleção do agente extintor segundo classificação do fogo

Classe Agente Extintor


do Fogo
Água Espuma Gás Pó B/C Pó A/B/C Hidrocarbonetos
Mecânica Carbônico Alogenados

A (A) (A) (NR) (NR) (A) (A)

B (P) (A) (A) (A) (A) (A)

C (P) (P) (A) (A) (A) (A)

D Deve ser verificada a compatibilidade entre o metal combustível e o agente


extintor

(A) Adequado à classe do fogo


(NR) Não recomendado à classe do fogo
(P) Proibido à classe do fogo
A água combate o fogo por resfriamento e só é adequada para fogo classe
A.
O chamado pó BC é equivalente ao antigo “pó químico seco” (PQS). Não
é recomendado para uso em locais onde existam aparelhos eletrônicos
(computadores, por exemplo), pois o pó pode danificar os equipamentos.

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Instalações Prediais

O gás carbônico (CO2) e a espuma combatem o fogo por abafamento e


resfriamento. Não se deve utilizar extintores de CO2 em locais sem ventilação
natural, pois como no combate por abafamento o material extintor usa o oxigênio
do local, as pessoas que lá estiverem podem ficar sem ar, sentir mal estar ou até
mesmo desmaiar.
O pó ABC (tri-classe; base fosfato monoamônico) e o agente Halotron são
agentes novos com grande capacidade extintora. Até bem recentemente,
associava-se a capacidade de um extintor pelo tamanho do recipiente e pela
quantidade de agente nele contido. Quanto mais agente, melhor. Este conceito foi
derrubado com a chegada no mercado destes novos agentes, que são capazes de
vencer fogos maiores, com menos quantidade de agente. Podemos ter hoje
extintores do mesmo tamanho, com capacidades extintoras diferentes, o que nos
permite aumentar a proteção sem aumentar o equipamento.
O gás halotron, por exemplo, é um agente limpo (ambientalmente
adequado) e substituto do halon 1211. É recomendado para: aparelhos eletrônicos
sensíveis, obras de arte, equipamentos de laboratório e outros. Não danifica os
equipamentos, como acontecia com o pó químico seco, por exemplo. Comparado
com o agente CO2 tem a vantagem de poder ser instalado a grandes distâncias
do foco de incêndio, o que não acontece com o CO2, que congela ao sair do
recipiente, o que obriga a colocação do extintor em local mais próximo da área a
ser atendida. O maior problema do Halotron é o preço. Custa muito mais caro que
os agentes convencionais. Seu uso, portanto, é recomendado apenas para
proteção de equipamentos muito caros. No caso de computadores comuns, por
exemplo, que ficam obsoletos com o tempo e necessariamente devem ser
trocados, a princípio não compensa usar o Halotron. É mais vantagem, do ponto
de vista econômico, substituir os equipamentos que forem danificados pelo pó
durante a operação de combate ao fogo.
Uma “unidade extintora” é definida como sendo o extintor que possui a
capacidade extintora mínima estabelecida pela norma. Estas capacidades são
determinadas em ensaios nos quais verifica-se a quantidade de agente necessária
para apagar, em um tempo determinado, o incêndio provocado numa quantidade
específica de material padronizado.
Para classificar os agentes, por exemplo, em fogos classe A, o material
escolhido é a madeira (pinho). Um agente extintor que, num intervalo de tempo
controlado, seja capaz de combater o fogo ateado em uma pilha de madeira de 52
kg, será classificado como tendo uma capacidade extintora igual a 2-A. O mesmo
ensaio repetido em pilhas de 114 kg e 170 kg determina a capacidade extintora
dos agentes como 4-A e 6-A, respectivamente.
Para fogos de classe B, o ensaio é feito com líquidos inflamáveis (n-
heptano) colocados em cubas. Para volumes de 117 litros (em 8 segundos), 245
litros (em 8 segundos), 475 litros (em 13 segundos) e 950 litros (em 20 segundos),
obtêm-se as capacidades extintoras dos agentes de 10-B, 20-B, 40-B e 80-B,
respectivamente.
Para fogos classe C, o ensaio deve comprovar que o material extintor não
conduz eletricidade.
As capacidades extintoras do gás halon são as seguintes:
• HAL de 2,3 kg = (A); 5-B; C
• HAL de 5,0 kg = 1-A; 10-B;C
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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
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Para extintores manuais as capacidades mínimas de uma “unidade


extintora” são as estabelecidas na Tabela 2, apresentada a seguir.
TABELA 2 – Capacidade Extintora mínima de Extintores Portáteis
Tipo de Carga Capacidade Extintora Mínima

Água 2-A

Espuma Mecânica 2-A; 10-B

Dióxido de Carbono 5-B; C

Pó BC 20-B; C

Pó ABC 2-A; 20-B

Compostos Halogenados 5-B; C

Algumas das condições gerais de instalação de extintores portáteis mais


relevantes são as seguintes:
• Os extintores devem ser visíveis por todos os usuários e
permanecerem protegidos contra intempéries e danos físicos.
• Os extintores devem permanecer desobstruídos e sinalizados.
• Os extintores não devem ser instalados em escadas.
• Os extintores podem ser fixados em pilares, em paredes e
divisórias. A altura máxima da alça de suporte de manuseio deve
ser de 1,60m. A parte inferior do extintor deve permanecer a uma
altura mínima do piso acabado de 20 cm.
• É permitida a instalação de extintores sobre o piso acabado, desde
que permaneçam apoiados em suporte apropriados e afixados ao
solo, com altura recomendada entre 10 e 20 cm do piso acabado.
• Cada pavimento deve possuir, no mínimo uma unidade extintora
adequada às classes de riso existente no local.
• Quando os extintores forem instalados em abrigos, estes devem ter
superfície transparente que possibilite a visualização do extintor no
interior do abrigo, que não pode ficar trancado. A sinalização deve
continuar existindo.
• Deve ser instalado, pelo menos, um extintor de incêndio a não mais
de 10m da entrada principal da edificação e das escadas nos
demais pavimentos.
• Em locais de riscos especiais, tais como casa de bombas, casa de
máquinas, subestações e outros,devem ser instalados extintores de
incêndio independentemente da proteção geral da edificação.
• Só é permitida a utilização de extintores sobre-rodas na metade da
área a proteger. A outra metade deve ser coberta por extintores
portáteis, devendo-se alternar os extintores sobre-rodas com os
portáteis na área de risco.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

O número de extintores necessário para cobrir uma determinada área de risco


será determinado primeiramente em função do grau do risco daquela área. O
grau de risco, por sua vez, depende da carga de incêndio atribuída à área. Essa
carga representa a soma das energias caloríficas possíveis de serem liberadas
pela combustão completa de todos os materiais combustíveis no espaço
projetado.
A IT-09 traz uma tabela detalhada com as cargas de incêndio específicas por
ocupação. Apenas a título de exemplificação, reproduzimos na Tabela 4 abaixo,
parte das informações contidas na tabela da instrução técnica.
TABELA 4 – Cargas de Incêndio Específicas por Ocupação
Carga de
Incêndio em
Ocupação / Uso Descrição Divisão
MJ/m²
Casas térreas A-1 300
Residencial Apartamentos A-2 300
Pensionatos A-3 300
Serviço de Hóteis B-1 500
Hospedagem
Apart-Hóteis B-2 300
Floricultura C-1 80
Livraria C-2 1.000
Comercial Lojas de C-2 / C-3 800
Varejista; Loja Departamentos ou
Centro de
Compras
(Shoppings)
Serviços Escritórios D-1 700
Profissionais
Educacional Escolas em geral E-1 /E-2 / E4 / E-6 300
Locais de Reunião Bibliotecas F-1 2.000
de Público
Cinemas, Teatros F-5 600
e similares
Serviços de Saúde Hospitais em geral H-1 /H-3 300
Materiais específicos devem ser considerados separadamente com suas cargas
de incêndio respectivas somadas para obtenção do valor total. Os valores
destas cargas de incêndio podem ser obtidos em uma outra tabela apresentada
na IT-09 e que não será apresentada neste texto. Se necessário, o leitor deverá
consultar a tabela na IT-09.
Com base nos dados acima ou nos valor total calculado para a carga de
incêndio, poderemos classificar o grau de risco da edificação, conforme a Tabela
5, apresentada a seguir.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
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TABELA 5 – Classificação das Edificações e Áreas de Risco Quanto à


Carga de Incêndio
Risco Carga de Incêndio (MJ/m²)
Baixo Até 300
Médio Entre 300 e 1.200
Alto Acima de 1.200

Definido o risco, poderemos então determinar as máximas áreas a serem


protegidas por cada unidade extintora, bem como as máximas distâncias
permitidas para serem percorridas pelo operador, conforme Tabelas 6, 7, 8 e 9 a
seguir.

Tabela 6 – Área Máxima a ser Protegida por Extintor

Extintor classe A Risco Baixo Risco Médio Risco Alto

2-A 540 m² 270 m²

3-A 800 m² 405 m²

4-A 800 m² 540 m² 360 m²

6-A 800 m² 800 m² 540 m²

10-A 800 m² 800 m² 800 m²

20-A 800 m² 800 m² 800 m²

30-A 800 m² 800 m² 800 m²

TABELA 7 – Determinação de Unidade Extintora, Área e distância a serem


percorridas para o fogo Classe A
Risco Baixo Risco Médio Risco Alto
Unidade Extintora 2-A 2-A 4-A
Área máxima protegida
pela capacidade extintora 270 m² 135 m² 90 m²
1-A
Área máxima protegida
por extintor 800 m² 800 m² 800 m²
Distância máxima a ser
percorrida até o extintor 20 20 20
(em metros)

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TABELA 8 – Determinação da Unidade Extintora e Distância a ser Percorrida


para o Fogo Classe B
Risco Unidade Extintora Distância Máxima a ser
Percorrida (metros)
BAIXO 10-B 10
20-B 15
MÉDIO 20-B 10
40-B 15
ALTO 40-B 10
80-B 15

TABELA 9 – Classe do Fogo e Distância Máxima a ser Percorrida


Classe do Fogo Distância Máxima a ser Percorrida
(metros)
C 20
D 20

• Cada extintor será devidamente sinalizado com placa fixada na parede, cuja
altura da face inferior até o piso acabado deve ser de 180 cm. As placas de
sinalização estão apresentadas na IT-15.
• Os extintores devem possuir “selo de conformidade” do Instituto Nacional de
Metrologia e Normatização (INMETRO), ser periodicamente inspecionados
por pessoas habilitadas e ter a sua carga renovada nas épocas e condições
recomendáveis.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
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2 – Sistema de Hidrantes ou de Mangotinhos: sistema de combate a incêndio


composto por reserva de incêndio, bomba de incêndio (quando necessário), rede de
tubulação, hidrantes ou mangotinhos e outros acessórios. Estes sistemas estão
classificados em 5 tipos, sendo que o tipo 1 é para uso de mangotinhos e os tipos 2 a
5 são para uso de hidrantes (ver Tabela 10)
Considera-se hidrante o ponto de tomada de água onde há uma ou duas
saídas contendo válvulas angulares com seus respectivos adaptadores, tampões,
mangueiras de incêndio, esguichos e demais acessórios. Os hidrantes podem ser
instalados tanto interna quanto externamente às edificações. Os sistemas do tipo
3 a 5 exigirão canalização hidráulica com diâmetro mínimo de 65 mm (2.1/2”), a
partir do reservatório superior ou inferior (neste último caso o sistema será
obrigatoriamente pressurizado por bombas). O sistema tipo 2 poderá ter
canalização com diâmetro mínimo de 50 mm (2”).
Os mangotinhos são pontos de tomada d’água onde há uma saída
contendo válvula de abertura rápida (φ 25 mm - 1”), adaptador (se necessário),
mangueira semi-rígida, esguicho regulável e demais acessórios. Deve existir um
ponto de tomada d’água com registro angular para mangueira de 40 mm, para
cada mangotinho instalado (ver figura do anexo A). O sistema tipo 1 poderá ter
canalização com diâmetro mínimo de 50 mm (2”).
As vazões mínimas exigidas nas saídas de hidrantes ou de mangotinhos
variam de acordo com o tipo de sistema escolhido (ver Tabela 10). Quando não é
possível conseguí-las apenas por gravidade (nos abastecimentos descendentes),
devem ser previstas bombas de reforço a serem instaladas na cobertura do
edifício, no espaço reservado ao barrilete. Os abastecimentos ascendentes (a
partir de um reservatório inferior), obrigatoriamente são feitos através de bombas
de pressurização. A velocidade máxima da água nas tubulações do sistema não
deve ser superior a 5,0 m/s. Em instalações pressurizadas, a velocidade máxima
permitida na sucção das bombas é de 2,0 m/s para sucção negativa e 3,0 m/s
para sucção positiva. As pressões dinâmicas nas entradas dos esguichos não
podem ultrapassar o dobro da pressão obtida no esguicho mais desfavorável
(aquele de menor pressão dinâmica no esguicho, de todo o sistema). A pressão
máxima de trabalho em qualquer ponto não pode ultrapassar 100 m.c.a (1.000
kPa).
• Todos os sistemas devem ser dotados de dispositivos de recalque (hidrante
de recalque), consistindo de um prolongamento de diâmetro mínimo igual ao
da tubulação principal, cujos engates devem ser compatíveis com junta de
união tipo “engate rápido” de diâmetro de 65 mm (2.1/2”). O dispositivo de
recalque deve ser instalado de fronte ao acesso principal da edificação. O
hidrante de recalque poderá ser instalado em caixa de alvenaria no passeio
(ver ilustração nos anexos ao final do capítulo), ou na fachada principal da
edificação ou no muro da divisa com a rua, com altura entre 0,60 m e 1,00 m
em relação ao piso do passeio. Quando instalado no passeio, deve estar a
uma distância de 0,30 m a 1,00 m da guia do passeio. Aceita-se também
como hidrante de recalque, o hidrante de coluna externo, localizado a uma
distância máxima de 10,0 m até o local de estacionamento das viaturas do
Corpo de Bombeiros.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

A caixa embutida no passeio para abrigar o hidrante de recalque, deve ter


tampa metálica identificada com a expressão INCÊNDIO, e dimensões mínimas de
0,40 m (quarenta centímetros) por 0,60 (sessenta centímetros); a expedição não
deve situar-se em profundidade superior a 0,15 (quinze centímetros) em relação
ao nível do passeio.
Não será permitido o uso de válvula de retenção que impeça a retirada de
água da canalização através do hidrante de recalque.
Os hidrantes externos devem ser, sempre que possível, do tipo coluna,
com entrada de 75 mm de diâmetro interno e 03 (três) bocas de expulsão, sendo
uma de 100 mm e duas de 63 mm de diâmetro interno. Devem atender ao
afastamento mínimo de 15 m ou uma vez e meia a altura da parede externa da
adificação a ser protegida, podendo ser utilizados até 60 m de manguira de
incêndio (preferencialmente em lances de 15 m). Recomenda-se utilizar o último
lance de mangueira com diâmetro de 40mm para facilitar seu manuseio.
Todos os hidrantes devem estar situados em lugares de fácil acesso
permanentemente desobstruídos. Nunca devem ser posicionados atrás de
portas ou em locais com pouco acesso, pois desta forma não serão
encontrados num momento de pânico.

TABELA 10 – Tipos de Sistema de Proteção por Hidrantes ou Mangotinhos

Sistema Tipo Esguicho Mangueiras Número de Vazão Mínima


Diâmetro Comprimento Expediçoes no Hidrante
(mm) máximo (m) mais
Desfavorável
(litros / minuto)
Mangotinho 1 Jato regulável 25 ou 32 451 Simples 1002
Hidrante 2 Jato compacto 40 303 Simples 125
φ 13 mm ou
regulável
Hidrante 3 Jato compacto φ 40 30 Simples 250
16 mm ou
regulável
Hidrante 4 Jato compacto φ 40 ou 65 30 Simples 400
19 mm ou
regulável
Hidrante 5 Jato compacto φ 65 30 Duplo 650
25 mm ou
regulável

• As vazões correspondem a cada saída.


Notas:
1. Acima de 30 m de comprimento de mangueiras semi-rígidas é obrigatório o uso
de carretéis axiais.
2. Para edificações do grupo A, será adotada a vazão mínima de 80 litros/minuto.
3. Para as edificações A2 e A3, poderá ser utilizado 45 m de mangueiras, caso o
trajeto real a percorrer pelo operador ultrapasse 30 m.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

A distribuição dos hidrantes e mangotinhos na edificação deve obedecer


aos seguintes requisitos:
• Posicionar um ponto de tomada d’água nas proximidades das
portas externas, escadas e/ou acesso principal a ser protegido, a
não mais de 10 m.
• Qualquer ponto da área a ser protegida deve ser alcançado por um
esguicho (sistemas tipo 1, 2 e3) ou por 2 esguichos (sistemas tipo 4
e 5), no plano horizontal, considerando-se o comprimento da(s)
mangueiras(s) de incêndio através de seu trajeto real e
desconsiderando-se o alcance do jato de água.
• O comprimento máximo de mangueira admitido para cada tipo de
sistema é o indicado na Tabela 10. Para sistemas de hidrantes
deve-se, preferencialmente utilizar lances de mangueiras de 15 m,
não sendo permitido lance superior a 20 m. Para atingir o
comprimento máximo maior que 20 m, duas ou mais mangueiras
devem ser unidas com engate rápido. Todas as mangueiras a
serem acopladas devem ficar no mesmo abrigo.
• É vedada a colocação de hidrantes ou mangotinhos dentro das
caixas de escadas ou de antecâmaras.
• Os pontos de tomada d’água devem ser posicionados em altura de
1,0 a 1,50 m do piso.
A Tabela 11 indica os principais componentes de cada um dos sistemas.

TABELA 11 – Componentes para cada Hidrante Simples ou


Mangotinhos
Materiais Tipos de Sistemas
1 2 3 4 5
Sim Sim Sim Sim
Abrigo(s) Sim
Sim Sim Sim Sim
Mangueira(s) Não
Sim Sim Sim Sim
Chaves para Não
hidrantes,
engate
rápido
Sim Sim Sim Sim Sim
Esguicho
Sim
Mangueira Não Não Não Não
semi-rígida

Seguem abaixo algumas características dos principais componentes do


sistema de hidrantes e mangotinhos.
• Abrigo – Local onde serão colocados os esguichos, as mangueiras de
incêndio e outros componentes do sistema. No interior do abrigo também pode
ser instalada a válvula angular, desde que o seu manuseio e manutenção
101
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

estejam garantidos. Os abrigos podem ser construídos em alvenaria com caixa


interna metálica, em materiais metálicos, em madeira, em fibra de vidro
laminado, desde que sinalizados de acordo com a IT-17. Os abrigos devem ser
em cor vermelha, possuindo apoio ou fixação própria, independente da
tubulação que abastece o hidrante ou o mangotinho. Os abrigos não devem
ser instalados a mais de 3,00 m de distância da válvula angular ou de esfera
de abertura rápida, devendo estar em local visível e de fácil acesso. As
mangueiras de incêndio, a tomada d’água e a botoeira de acionamento da
bomba de incêndio podem ser instaladas dentro do abrigo, desde que não
impeçam a manobra ou a substituição de qualquer peça. As mangueiras de
incêndio devem ser acondicionadas dentro dos abrigos em zigue-zague ou
aduchadas, sendo que as mangueiras semi-rígidas podem ser acondicionadas
enroladas, com ou sem o uso de carretéis axiais, em forma de oito, permitindo
sua utilização com facilidade e rapidez.
• Alarme – Todo sistema deve ser dotado de alarme áudio-visual, indicativo do
uso de qualquer ponto de hidrante ou mangotinho, que é acionado
automaticamente através de pressostatos ou chave de fluxo.
• Reservatório e Reserva de Incêndio – A reserva de incêndio deve ser
prevista para permitir o primeiro combate durante determinado tempo. O
volume mínimo da reserva de incêndio encontra-se na Tabela 12. É admitido
um único reservatório para incêndio e consumo, desde que a reserva de
incêndio fique permanentemente assegurada. Não é permitida a utilização da
reserva de incêndio pelo emprego conjugado de reservatórios subterrâneos e
elevados. O reservatório pode ser subdividido desde que todas as câmaras
estejam ligadas diretamente à tubulação de sucção da bomba de incêndio e
tenha subdivisões em unidades com volume mínimo de 3 m³. Quando o
abastecimento é feito somente pela ação da gravidade, o reservatório deve
estar a uma altura suficiente para fornecer as vazões e as pressões exigidas
pela norma para cada sistema. Quando a altura do reservatório elevado não for
suficiente para fornecer estas vazões e pressões, deve-se utilizar uma bomba
de reforço. A altura mínima do espaço de barrilete onde será instalada a
bomba é de 1,50 m. Os reservatórios podem ser de concreto armado, ou
metálicos, ou em fibra de vidro, ou de outros materiais desde que garantidas as
resistências: mecânicas, ao fogo e intempéries.

102
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
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Tabela 12 – Volume de Reserva de Água para Combate a Incêndio (m³)

ÁREA DAS GRUPO / DIVISÃO


EDIFICAÇÕES
E ÁREAS DE A-2, A-3, C-1, D-2, E-1 a E-6, B-1, B-2, F-10, G-5, I-3, J-4, L-
RISCO (m²) F-2, F-3, F-4, F-8 G-1 a G-4, C-3, F-5, L-1 e M-1 2 e L-3
H-1, H-2, H-3, H-5, H-6, I-1, J-1, F-6, F-7,
J-2 e M-3 F-9 e H-4
Carga de Carga de
Incêndio > Incêndio >
300 MJ/m² 800 MJ/m²
D-1, D-3, C-2, I-2 e
D-4 J-3
Carga de Incêndio até 300 MJ/m² Carga de Carga de
D-1, D-3, D-4, F-1 Incêndio Incêndio >
acima de 300 MJ/m²
300 MJ/m² F-1
até 800
MJ/m²
C-2, I-2 e
J-3
Até 3.000 m2 TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 3 TIPO 3
6 m³ 8 m³ 12 m³ 20 m³ 20 m³

De 3.001 m2 até TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 4 TIPO 4


6.000 m2 8 m³ 12 m³ 18 m³ 20 m³ 30 m³

De 6.001 m2 a TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 4 TIPO 5


10.000 m2 12 m³ 16 m³ 25 m³ 30 m³ 50 m³

De 10.001 m2 a TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 5 TIPO 5


15.000 m2 16 m³ 20 m³ 30 m³ 45 m³ 80 m³

De 15.001 m2 a TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 5 TIPO 5


30.000 m2 25 m³ 35 m³ 40 m³ 50 m³ 110 m³

Acima de TIPO 1 TIPO 2 TIPO 3 TIPO 5 TIPO 5


30.00 m2 35 m³ 47 m³ 60 m³ 90 m³ 140 m³

12.1.2) Unidades Extintoras Automáticas

Em certos edifícios, exigem-se, além dos sistemas manuais convencionais, o


sistema de chuveiros automáticos (sprinklers). Este sistema é constituído por uma
rede hidráulica horizontal ramificada, alimentada por um reservatório de água ou
bomba, onde são instalados os chuveiros. São aspersores automáticos que contém

103
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

um obturador ou sensor térmico que impede a saída de água quando a situação for
normal. Sob a ação do calor, o obturador constituído de uma ampola de quartzoid se
rompe, permitindo a aspersão de água sobre o local. A área molhada por cada bico de
sprinkler será função da pressão no local, não podendo ser inferior a 32 m².
Os sistemas de proteção por chuveiros automáticos serão elaborados de acordo
com critérios estabelecidos nas Normas Técnicas Brasileiras, sendo aceita a norma
NFPA –13 da Nacional Fire Protection Association, se o assunto não for por elas
contemplado. A classificação do risco, área de operação, tabelas e demais
parâmetros técnicos deverão seguir os critérios contidos nas Normas Técnicas.
Nas edificações onde houver exigência da instalação do sistema de chuveiros
automáticos, deve-se atender a toda a área da edificação, podendo deixar de
abranger certas áreas, como espaços ocultos, conforme o estabelecido na NBR –
10897/90.
Para edificações que possuam estoques de mercadorias, a distância livre
mínima do defletor do chuveiro ao topo do estoque deverá ser de 456 mm para
chuveiros standard e 916 mm para chuveiros especiais.

12.1.3) Outros Elementos Componentes do Sistema de Proteção


Contra Incêndio

As instalações convencionais citadas acima deverão ser complementadas por


instalações preventivas especiais, conforme exigências mínimas específicas contidas
nas tabelas (de número 7) do Decreto nº 43.805.
As instalações especiais podem ser compostas de iluminação de emergência
(alimentada por geradores ou baterias), detectores de incêndio, sinalização de saída
ou de “Proibido Fumar”, alarme manual tipo “quebre o vidro e aperte o botão” ou
alarmes automáticos para hidrantes e sprinklers (chuveiros automáticos) com central
na portaria ou sala de monitoramento.
Todo o sistema deverá sofrer manutenção periódica, com troca de carga dos
extintores e testes nos hidrantes e demais instalações.
13) Materiais Empregados na Rede Hidráulica

Por exigência do Corpo de Bombeiros, a rede hidráulica para atendimento dos


sistemas de hidrante ou sprinklers, deve ser de aço galvanizado ou de cobre.

14) Simbologia
Os símbolos gráficos que devem constar nos projetos de segurança contra
incêndio nas edificações e áreas de risco e alguns detalhes de componentes e de
instalações estão apresentados nas páginas seguintes.

Algumas considerações sobre as exigências normativas foram citadas


neste capítulo. Para melhor detalhamento, recomendamos ao leitor a consulta
ao texto integral da Norma do Corpo de Bombeiros da localidade do projeto,
com suas respectivas Instruções Técnicas.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

SIMBOLOGIA

105
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

IV - INSTALAÇÕES DE GÁS COMBUSTÍVEL

1) Tipos de gás usados para consumo doméstico

1.1) Gás encanado


Derivado da Nafter (subproduto do petróleo) ou originado diretamente dos
poços petrolíferos (gás natural). Distribuído por concessionárias em diversos estados
do Brasil.

1.2) Gás engarrafado


Gás liqüefeito de petróleo (GLP) derivado do propano e butano, distribuído em
botijões de 13 Kg ou cilindros de 45 Kg.

1.2.1) Composição do GLP


Os gases liqüefeitos de petróleo são compostos orgânicos, chamados
hidrocarbonetos, constituídos de carbono e hidrogênio, que são produzidos durante o
processamento de gás natural ou pela destilação do petróleo.
Na composição do GLP entram hidrocarbonetos das quais os principais são: butano,
propano, isobutano, propeno e buteno.

Entre todos os combustíveis comumente usados, o GLP é o único que sob


pressões moderadas e temperaturas normais pode ser transportado estocado sob
forma líquida. Três fatores determinam o estado líquido ou gasoso do GLP, quais
sejam: pressão, temperatura e volume.

A grande vantagem do GLP em relação aos outros gases é o fato de se manter


liqüefeito na temperatura ambiente mediante um pequena pressão. Assim, podemos
armazenar uma grande quantidade de gás, em fase líquida, num pequeno espaço.
Um volume qualquer, no estado líquido, ocupa um espaço 250 vezes menor que a
mesma quantidade no estado gasoso.

O gás GLP não tem cheiro, mas por medida de segurança é adicionado a ele um
elemento odorizante, que lhe dá um cheiro característico. A finalidade deste
odorizante é fazer com que qualquer vazamento de gás possa ser sentido e, possam
ser tomadas as devidas providências.
Não fosse por motivo de ordem econômica e política governamental para a utilização
de combustíveis derivados de petróleo no país, o emprego como combustível para
motores a explosão seria altamente vantajoso, principalmente devido à preocupação
sempre crescente em se preservar o meio ambiente da poluição atmosférica causada
pelos gases de descarga dos veículos. Mesmo assim, tem largo emprego como
combustível para veículos que circulam em ambientes fechados com pouca
ventilação, como por exemplo, as empilhadeiras.

110
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

1.2.2) O Produto
Cada vez mais empresas de todo o país começam a usar o Gás Liqüefeito de
Petróleo, o GLP (o gás de cozinha), em suas atividades comerciais, industriais e de
serviços. O GLP é uma das alternativas mais econômica e inteligente do nosso
tempo, além de prático, é também fonte limpa de energia.

O GLP é um combustível com alto poder calorífico e rigoroso controle de


temperatura. Tudo isso com a preservação do meio ambiente e apresentando
desempenho altamente competitivo em relação a outras fontes energéticas.

Existem vários tipos e tamanhos de recipientes, na medida certa da sua


necessidade. Os recipientes industriais e as centrais de gás são cada vez mais
comuns nos grandes condomínios residenciais, no comércio e na indústria. Nesses
casos, são as concessionárias quem fazem a carga regular, levando aos seus clientes
a mais nova tecnologia de instalação e moderno sistema de abastecimento através de
reabastecimento através de seus auto-tanques, com segurança, pontualidade e
eficiência.

Envasados (cilindros)

Para cada necessidade as concessionárias apresentam um recipiente


adequado, sempre garantindo qualidade e segurança para o consumidor. Os três
recipientes de uso doméstico são o P-2, o P-5, e o P-13, com capacidade de 2, 5 e
13 Kg de gás respectivamente.
O P-2 e o P-5 são utilizados em lampiões e fogareiros em acampamentos. O P-
13 é utilizado em nossos lares, ligado ao fogão, é o tradicional botijão de 13 Kg –
dimensionado para atender ao consumo mensal de uma família média de 5 pessoas.

Acoplada diretamente ao botijão existe uma válvula reguladora para garantir a


pressão sempre uniforme no queimador de seu fogão. São todos dotados também de
válvulas automáticas que, para maior segurança, só abrem fluxo de gás quando a
válvula reguladora está conectada. O P-5 e o P-13 são dotados ainda de um plugue –
fusível, dispositivo de segurança que funde quando a temperatura chega a 70ºC,

111
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

evitando que, em caso de incêndio, a pressão interna atinja níveis críticos que
poderiam ocasionar uma explosão do recipiente.
Para aplicações onde o consumo é maior, as empresas colocam à disposição de
seus clientes os cilindros conhecidos com P-45 e P-90. Estes recipientes são
indicados para instalações centralizadas de gás. São especialmente indicados para
abastecimento de forno, fogão, aquecimento de água, máquinas de secar roupa, etc.
Podem ser utilizados em instalações centralizadas de restaurantes, hotéis,
condomínios residenciais ou para consumidores institucionais como hospitais,
quartéis, escolas e pequenos consumidores industriais.
Nesse tipo de recipiente há válvula de passagem de gás de fechamento manual
e válvula de segurança, que abre a passagem do gás em caso de aumento
inesperado de pressão. Os cilindros de 20 Kg são especiais para empilhadeiras e os
cilindros de 45 Kg e 90 Kg são largamente empregados em prédios e no comércio,
entre outras atividades.

Tanques

Os grandes tanques estacionários verticais e horizontais, marcam o pioneirismo


e a grande evolução em instalações e uso do GLP, atendendo à necessidade de
maior vazão.
Na indústria, no comércio e no setor de serviços a tecnologia do calor requer,
cada vez mais, combustíveis com alto poder calorífico que apresentem produtos da
combustão isentos de impurezas e rigoroso controle de temperatura, zelando pela
preservação do meio ambiente. O GLP é um dos únicos combustíveis que
preenchem tais requisitos, além de apresentar desempenho altamente competitivo em
relação a outras fontes energéticas.

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Instalações Prediais

A Tanque PI80 Vertical


B Tanque P500 Horizontal
C Tanque PI000 Horizontal
D Tanque P2000 Horizontal
E Tanque P500 Vertical
F Tanque P2000 Vertical
G Tanque P4000 Horizontal
H Tanque GI Horizontal
I Tanque P4000 Vertical
J Tanque T60 Especial

Tanque Capacidade (Kg) Volume (L) Dimensões (M)

A P-180 180 454 0,75 x 1,31B


P-500 Horizontal 500 1000 2,20 x 0,80
C P-1000 Horizontal 1000 2000 2,72 x 1,04
D P-2000 Horizontal 2000 3860 4,92 x 1,04
E P-500 Vertical 500 1000 0,75 x 1,31
F P-2000 Vertical 2000 3860 3,88 x 1,17
G P-4000 Horizontal 3715 8000 6,63 x 1,18
H G -I Horizontal 2379 5127 6,52 x 1,04
I P-4000 Vertical 3250 7000 4,12 x 1,63
J T-60 Especial 52443 113000 14,30 x 3,34

Reabastecimento dos tanques

O sistema de tanques permite o abastecimento de gás (GLP) diretamente de um


dos caminhões – tanques da empresa de sua escolha para a sua residência.

Você paga apenas pelo gás efetivamente consumido, eliminando desperdícios,


estoques reserva e evitando qualquer outro esforço físico no manuseio de botijões. Ao
final de cada reabastecimento, o técnico emite um boleto bancário com o valor do gás
efetivamente consumido.
O recipiente granel, ou tanque, possui um medidor de volume que indica o
percentual de gás restante, permitindo um controle visual sobra a quantidade do
produto. As empresas, por sua vez, estimam o consumo da sua residência e
programam o abastecimento de modo automático, permitindo ao consumidor uma
preocupação a menos na administração da sua residência.

113
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

O recipiente estacionário proporciona maior segurança pois o risco de


vazamento é reduzido aos menores níveis que a engenharia moderna permite e a
cada reabastecimento o técnico faz uma inspeção preventiva.

2) Aplicação
Uso residencial
Na sua casa você usa o GLP para:

‰ Fogões ‰ Lareiras
‰ Churrasqueiras ‰ Aquecimento de piscina
‰ Iluminação ‰ Geradores
‰ Aquecedores/ Boilers

Uso no setor rural


No setor rural, você usa o GLP em:

‰ Aviários ‰ Geradores
‰ Estufas ‰ Torrefação
‰ Floriculturas ‰ Secagem de grãos
‰ Fazendas para cultivo agrícola ‰ Secagem de tabaco
‰ Fazendas para criação de animais ‰ Resfriamento de vegetais
‰ Fazendas leiteiras ‰ Cocção
‰ Encubadoras ‰ Esterilização de equipamentos e
‰ Aquecedores tanques de leite
‰ Estufas para criação de animais e
vegetais

Uso comercial
No comércio você usa GLP para:

‰ Hotéis ‰ Aquecedores de piscina


‰ Restaurantes ‰ Centrais de aquecimento
‰ Shoppings ‰ Fogões, churrasqueiras e fritadeiras
‰ Padarias e confeitarias ‰ Instalações hidráulicas
‰ Cantinas ‰ Iluminação
‰ Churrascarias ‰ Chuveiro
‰ Lavanderias ‰ Lareira
‰ Escolas ‰ Geradores
‰ Hospitais ‰ Ar condicionado
‰ Clubes ‰ Freezer e geladeira
‰ Acampamentos ‰ Maçaricos para balões
‰ Aquecedores de ambiente ‰ Calandras e lavadoras de roupas

114
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Instalações Prediais

Uso industrial
Na indústria você usa GLP para:

‰ Indústria em geral - farmacêutica , ‰ Fábrica de brinquedo


alimentícia, de material, plástico, ‰ Laboratório
têxtil ‰ Fabricação de produtos químicos
‰ Implementos agrícolas ‰ Soldas de materiais ferrosos e não
‰ Tratores de esteira ferrosos
‰ Empilhadeiras, transportadora e ‰ Estufas para pintura
guindaste ‰ Estufas de secagem
‰ Vidreira ‰ Fornos industriais
‰ Cerâmica ‰ Refrigerante
‰ Petroquímica ‰ Combustível
‰ Refinarias ‰ Ourivesaria
‰ Estaleiros ‰ Pintura
‰ Caldeiras ‰ Vulcanização
‰ Siderurgia ‰ Torrefação
‰ Metalurgia ‰ Secagem em geral
‰ Fundição ‰ Tratamento técnico de metais
‰ Fábrica de estrutura metálica ‰ Esterilização e desinfeção a fogo
‰ Oficinas ‰ Emendas de cabos elétricos
‰ Fábrica de eletrodoméstico
‰ Isolamento e impermeabilização ‰ Repelentes em aerosóis

3) Tipos de Instalações

3.1) Instalação Individual ou Simples


Cada consumidor possui próprio cilindro a partir do qual se origina um ramal
exclusivo que segue até os pontos de consumo. No caso dos botijões de 13Kg,
podem ser instalados bem próximos ao equipamento a ser alimentado, suprimindo-se
assim o ramal alimentador (como acontece em residências unifamiliares de padrão
mais popular, por exemplo). Não é recomendada a instalação de botijões dentro de
recintos fechados, com pouca ou nenhuma ventilação.
Em qualquer caso deve-se prever um cilindro ou um botijão de reserva (no mínimo).

3.2) Instalações Coletivas com Medição Individual


Neste caso, uma bateria de cilindros abastece várias economias. Do barrilete
montado na saída dos cilindros, partem os ramais individuais, cada um passando por
um medidor de consumo.
A leitura é feita pelo condomínio para cobrança de cada morador.
Como alternativa, pode-se prever as medições nos andares. O local previsto
para os medidores deve ser ventilado e de fácil acesso.
Também neste caso deve ser prevista uma bateria reserva com número de
cilindros igual ao da efetiva.

115
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

3.3) Instalações Coletivas sem Medição ou com Medição Única


Existe uma bateria de cilindros conforme descrito no item anterior, porém sem
medidores. Mensalmente o consumo total é dividido igualmente para todas as
economias.
4) Características das Instalações

Os cilindros devem ser instalados do lado de fora das edificações, em local


ventilado e protegido do sol, da chuva e da umidade. As tubulações de distribuição de
gás dos locais de armazenagem até os pontos de utilização podem ser embutidas,
enterradas ou aparentes. Cada opção deve seguir um projeto específico e utilizar os
materiais adequados.

4.1) Instalações Simples

O conjunto técnico para uma instalação simples é definido por Normas da ABNT
e incluiu o botijão de 13 Kg, regulador de pressão, mangueira e abraçadeira.

A mangueira que leva o gás do botijão ou da instalação embutida na parede até


o fogão nunca deve Ter mais de 80 cm de comprimento e nem passar por detrás do
fogão e do forno. Elas são feitas de PVC transparente com uma tarja amarela onde
são gravados seu prazo de validade e a expressão NBR 8613, uma garantia de que
foram fabricadas segundo padrões técnicos de segurança.

A mangueira vem acompanhada de abraçadeiras que permitem um ajuste


perfeito ao fogão e ao regulador de pressão do gás que se encontra dentro do botijão
para o nível adequado ao funcionamento do queimador.

O regulador tem um cone-borboleta, que ao ser introduzido no botijão,


pressiona a válvula e libera a passagem do gás. Há também um registro manual que,
ao ser fechado, bloqueia o fluxo de gás do botijão para o fogão.

116
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Instalações Prediais

Esquema dos equipamentos


Complementares

Válvula e mecanismo
de segurança

4.2) Instalações Centralizadas

As instalações centralizadas permitem aproveitar ao máximo as vantagens e a


versatilidade do combustível. Elas podem ser planejadas para residências isoladas,
prédios residenciais, comerciais ou mistos, em lojas ou subdivisões comerciais dentro
de uma mesma edificação. Também é possível planejar instalações centralizadas de
gás na construção de conjuntos habitacionais ou em grupos de casas dentro de um
mesmo terreno.

4.3) Baterias
As baterias são centrais de estocagem de gás com dois ou mais cilindros
interligados e conectados a um coletor central. A ligação entre os cilindros e o coletor
117
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

é feita através do pig-tail, uma peça de borracha especial, resistente ao gás, com
terminais em latão.

Esses terminais possuem dispositivos para a colocação e o ajuste manual dos


cilindros.

Os coletores que conduzem o gás têm uma estrutura modular, o que permite a
montagem de baterias de diferentes tamanhos. Em cada módulo do coletor, exceto no
central, existem válvulas de retenção que impedem o retorno do gás em caso de
rompimento da mangueira e no momento da substituição.

O regulador de pressão reduz a pressão do gás que se encontra dentro dos


cilindros para os níveis necessários a sua utilização, além de controlar a vazão do
gás, mantendo a constante e nos níveis adequados ao funcionamento dos aparelhos.
Existem basicamente três tipos de reguladores. Eles se diferenciam pela relação entre
a pressão de entrada e saída.

O regulador de primeiro estágio reduz a pressão do cilindro para uma pressão


intermediária. O de segundo estágio completa essa redução até os níveis necessários
ao funcionamento dos aparelhos.

Nas baterias residenciais com cilindros de 45 a 90 kg costuma-se usar


reguladores de estágio único, que fazem a redução direta da pressão no interior dos
cilindros para dos queimadores.

Para a instalação de Centrais de GLP deve-se providenciar o seguinte:


1. Projeto instalação em conformidade a NBR 13523.

2. Planta geral em escala 1:100 indicando o caminhamento da tubulação de gás.

3. Planta e elevação da central de gás com indicação da construção do abrigo em


alvenaria conforme descrito e contendo ainda:
‰ Tipo de material das tubulações.
‰ Comprimento das tubulações.
‰ Peças e componentes da instalação.
‰ Indicação do equipamento de utilização com a potência adotada no cálculo da
instalação.

4. Memorial descritivo da instalação apresentando as características técnicas dos


componentes.
5. Manual de operações da instalação.

6. Treinamento aos operadores.

7. Revisão periódica da central e rede de GLP.


5) Localização e Características das Centrais de Gás GLP, dos
Medidores de Consumo e das Tubulações de Distribuição

As centrais de gás GLP, medidores de consumo e tubulações de distribuição


devem ser localizadas de acordo com a instrução NB-029/96 do corpo de bombeiros,

118
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

que segue as recomendações da Secretaria de Energia do Governo Federal, segundo


a portaria nº 27 de 1.996, e da Norma Brasileira NBR1392.
Seguem algumas destas recomendações.

5.1) Centrais de Gás GLP


Uma central de gás GLP deve:

‰ Possuir ventilação natural.


‰ Estar localizada no exterior das edificações.
‰ Os recipientes devem ser assentados em base firme e nivelada de material
incombustível. Esta base deve ter nível superior ao do piso circundante, não sendo
permitida a instalação em rebaixos e recessos.
‰ Estar protegida do sol, da chuva e da umidade, com cobertura de material
incombustível.
‰ Estar afastada de outros produtos inflamáveis, de fontes de calor e faíscas.
‰ Estar afastada no mínimo de 1,50 m de ralos, caixas de esgoto, galerias, etc...
‰ Estar afastada no mínimo de 3,0 m de qualquer fonte de ignição, inclusive
estacionamento de veículos.
‰ Para tanques estacionários ter área mínima de 4 m² por uma capacidade total de
armazenagem de 520 Kg (Classe I) e de 8 m² para 1.560 Kg (Classe II).
‰ Para tanques estacionários, resguardar distância mínima do limite de propriedade
de 1,50 m para Classe I e de 3,0 m para Classe II, desde que o muro de divisa
tenha 1,80 m de altura no mínimo.
‰ Ter afastamento mínimo da projeção horizontal da edificação igual a: zero para
uma quantidade de GLP igual a 540kg; 1,50 m de 540 a 1080kg; 3,0m de 1.080 a
2.520kg; 7,50m a partir de 2.520 até 4.000kg.
‰ Exibir placas de advertência.

5.2) Centrais de Medição do Consumo de GLP


Os principais requisitos para a localização dos medidores de consumo de gás
GLP são os seguintes:

‰ O local para leitura do consumo de gás deve ser construído em área de servidão
comum. Não pode ser localizado nas antecâmaras e/ou escadas de emergência
ou em locais com outros fins que não aquele a que se destina.
‰ O abrigo para medição deve ser construído de material incombustível e ter
abertura para ventilação com no mínimo 10% da área de planta baixa. Os
equipamentos neles contidos devem ser protegidos contra choques, ação de
substâncias corrosivas e calor.
‰ O abrigo para medição deve ter sua base distante de 0,30m do piso acabado.
Deverá permanecer limpo, sem depósito de qualquer tipo de material ao qual não
se destina.
119
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Instalações Prediais

5.3) Tubulações de Alimentação ou de Distribuição


Os principais requisitos para as tubulações de alimentação ou de distribuição
são os seguintes:

‰ Não devem passar em locais onde possam confinar gás de eventual vazamento,
exceto em forro falso ou compartimento não ventilado, desde que complementado
por “tubo-luva” (tubo com extremidades abertas que permite a exaustão do gás
vazado para fora da edificação).
‰ Não devem passar por locais que a sujeitem a tensões inerentes à estrutura da
edificação.
‰ A tubulação da rede de distribuição não pode passar no interior de dutos de lixo ou
ar condicionado; poços de elevadores; reservatórios de água; cômodos de
equipamentos elétricos ou destinados a dormitórios.

‰ Devem ter, quando aparentes, afastamento mínimo de 0,50m de condutores


elétricos e 0,30m quando protegidos por eletrodutos. De pára-raios e aterramentos
devem ser afastadas no mínimo de 2,0 metros.

‰ Quando aparentes e superpostas com outras tubulações, devem ficar abaixo


delas.

‰ Devem receber tratamento superficial adequado, quando aparentes ou quando


embutidas. Não devem ser usadas tintas ou fibras vegetais na função de
vedantes.

‰ Quando aparentes, devem ser identificadas através de pintura na cor amarela


5Y8/12 padrão Munsell.

‰ As tubulações de distribuição devem ter diâmetro mínimo de ½”.

6) Segurança
Instalações corretas e manuseios adequados garantem a segurança.

6.1) Localização do fogão


Procure instalar seu fogão em lugares onde não existam correntes de ar.
Além de retardar o cozimento e gastar mais gás, o vento pode apagar a chama e
provocar vazamentos.

6.2) Localização dos recipientes


Todo recipiente, tanto o que está em uso como o de reserva, deve ficar
protegido do sol, da chuva e da umidade, em local com ventilação natural, de
preferência do lado de fora da residência.
Nunca instale ou guarde um botijão de gás em local fechado, como armário de
pia, porão ou banheiro.

O botijão em uso e o de reserva não devem ficar próximos de outros


produtos inflamáveis, fontes de calor e faíscas

120
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

Os botijões devem estar protegidos e distantes no


mínimo 1,5 m do ralo, caixas de gordura e esgotos

A mangueira nunca pode passar por detrás do fogão. O calor danifica o plástico,
derretendo e/ ou provocando rachaduras e possíveis vazamentos.

Nunca instale um botijão com a mangueira


Por detrás do fogão.

Nunca deixe as instalações de gás nas mãos de pessoas não qualificadas, nem
permita que curiosos façam qualquer tipo de arranjo ou conserto.
Quando for necessário passar a tubulação de gás por detrás do fogão, ou
quando a distância entre o botijão e o fogão for maior que 90 cm, utilize tubo de cobre
em vez de mangueira de PVC.

6.3) Instalações Centralizadas

As baterias de cilindro de GLP devem ficar sobre uma base firme e nivelada, em
local ventilado, de fácil acesso, protegido dos contatos com a terra, sol, chuva e
umidade.

Os cilindros de GLP deverão ficar afastados pelo menos 1,5 m de qualquer


edificação ou abertura, como ralos, caixas de gordura e esgotos. Também precisam
estar afastados de possíveis fontes de calor ou faísca.

A instalação centralizada requer projeto específico, elaborada de acordo com as


normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).
Praticamente todas as engarrafadoras de gás oferecem serviços técnicos
especializados, desde o projeto até a operação de funcionamento.

Os materiais elétricos instalados junto às baterias de cilindros, como lâmpadas,


luminárias e interruptores de energia, devem ser de um tipo especial, à prova de
explosões.

121
CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

A troca de cilindros, modificações ou reparos nas instalações de gás devem ser


feitas apenas por profissionais habilitados. Procure sempre o serviço de assistência
técnica da companhia distribuidora que lhe fornece gás.

Nos apartamentos, toda atenção deve ser dada ao registro de gás. Ele precisa
ser fechado sempre que o gás não estiver em uso.

Esquema de uma instalação


Centralizada

6.4) Manuseio correto e segurança

Quando alimentação dos queimadores estiver deficiente é preciso trocar o


botijão. Nunca vire ou deite o botijão, pois caso ainda exista algum resíduo de gás ele
poderá escoar na fase líquida, o que anula a função do regulador de pressão e pode
provocar graves acidentes.

6.5) Trocando o botijão

Antes de trocar o botijão, verifique se todos os queimadores estão desligados.


Jamais efetue a troca na presença de chamas, brasas ou faíscas.

1) Em primeiro lugar, feche o registro do gás.

122
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Instalações Prediais

2) Retire o lacre do botijão cheio. Para isso, primeiro puxe a aba do lacre e retire seu
anel externo.
3) Para retirar o disco central que cobre a válvula, use a própria aba do anel externo
do lacre. Introduza a aba do lacre na fenda do disco central como se fosse uma
chave de fenda. Gire o anel no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio até o
disco central sair completamente.
4) Retire o regulador do botijão vazio e encaixe-o verticalmente sobre a válvula do
botijão cheio. ao acertar a posição da borboleta, evite inclinar o regulador.
5) Gire a borboleta para a direita até que fique bem firme. Use apenas as mãos, e
nunca ferramentas, para atarraxar o cone-borboleta sobre a válvula do botijão.
É natural que escape um pouquinho de gás no momento em que o cone-borboleta
pressionar a válvula, antes de estar completamente conectado. A pressão de saída do
gás também provocará um pequeno chiado. Ele deve desaparecer assim que o
conector-borboleta estiver perfeitamente ajustado à válvula do botijão cheio. Na
maioria dos casos, os cilindros são de 45 Kg e 90 Kg são instalados pelos próprios
vendedores.

Use esponja com água e sabão para fazer o


Teste de vazamento após trocar o botijão

6.6) Teste de vazamento

Para verificar se há vazamento de gás depois de trocar o botijão, passe uma


esponja com água e sabão sobre a conexão do cone-borboleta com a válvula. Se
houver vazamento, aparecerão bolhas de ar na espuma de sabão.

Nunca use fósforo ou qualquer outro tipo de chama para verificar se há


vazamentos. Isso pode provocar graves acidentes.

Vazamentos – o que fazer?

Pode ocorrer vazamentos de gás se o cone-borboleta não estiver bem ajustado


à válvula. Nesse caso, desenrosque o cone-borboleta e repita a operação de
instalação.

Cuide para manter o registro e o cone-borboleta em posição vertical à válvula.


Na impossibilidade de remover o botijão para um local arejado, abra as portas e
janelas, não fume e não acenda nenhum tipo de chama.

Se o vazamento continuar, não tente eliminá-lo de maneira improvisada, com


cera, sabão ou qualquer outro produto. O botijão pode estar com defeito. Desatarraxe
o cone-borboleta, coloque o botijão em lugar arejado e ligue imediatamente para a

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Instalações Prediais

empresa que lhe vendeu o gás – o nome da empresa deve estar gravado no lacre e
no recipiente. Ela é obrigada a substituí-lo. Se não souber o nome da empresa,
chame os bombeiros.

Vazamentos – a origem de quase todos os acidentes

Os vazamentos precisam ser evitados, pois são a causa da maioria dos


acidentes com gás. Eles ocorrem por descuidos no manuseio do recipiente, do fogão
ou dos aquecedores, e podem provocar explosões, incêndios, queimaduras ou
asfixias.

6.7) Asfixia

O gás de cozinha é mais pesado que o ar e, quando há vazamentos, vai se


acumulando a partir do chão, expulsando o oxigênio e preenchendo o ambiente. Ele
não é tóxico, mas tem efeito anestésico. Dependendo da quantidade e do local onde
ocorrer o vazamento pode levar à asfixia.

Para evitar acidentes desse tipo, nunca instala e o recipiente de gás ou


aquecedores em locais fechados.

6.8) Queimaduras

O gás no botijão está sob pressão. No caso de vazamentos na fase líquida,


absorve calor na vaporização. Em contato com a pele na fase líquida, o GLP pode
causar queimaduras.

Cuidado. Vazamentos de gás na fase líquida podem ocorrer sempre que o


botijão for colocado na posição horizontal.

6.9) Incêndios

Quando há vazamento, a chama de um fósforo, a brasa de um cigarro, a faísca


produzida pelo relé da geladeira ou pelo interruptor de luz elétrica ao se ascender
uma lâmpada são suficientes para provocar uma explosão do ambiente, provocando
deslocamento de ar, que pode destruir paredes e arremessar objetos à distância. Na
maioria das vezes há ocorrência de fogo, que espalha, gerando incêndios.

No caso de incêndios, as válvulas de segurança dos recipientes de gás de 5 Kg,


13 Kg, 45 Kg e 90 Kg são acionadas, evitando que estes explodam.

7) Materiais empregados para instalação de Gás GLP

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‰ Tubos de cobre com espessura mínima de 0,8mm, pressão mínima de projeto de


1,7MPa.
‰ Tubos de aço com ou sem costura, preto ou galvanizado, Schedule 40.
‰ Conexões de ferro fundido maleável, preto ou galvanizado, classe 300.
‰ Conexões de aço forjado, bronze ou cobre.
‰ Mangueiras flexíveis de PVC ou de material sintético compatível com o GLP.

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Instalações Prediais

V – INSTALAÇÕES DE ESGOTO SANITÁRIO

1) Sistemas Públicos

Os sistemas públicos de esgoto podem ser do tipo unitário, onde esgotos


sanitário e pluvial são lançados em uma única rede, ou do tipo separador, onde
existem redes totalmente independentes para esgoto sanitário e pluvial. Este segundo
tipo de sistema é o utilizado na atualidade para a grande maioria das redes públicas.
Este é na verdade o modelo adequado de coleta de esgotos, uma vez que as
características dos esgotos sanitários e pluviais são fundamentalmente diferentes em
inúmeros aspectos (natureza dos despejos, vazão, distribuição das contribuições em
função do tempo, etc..). Nas cidades onde o sistema público é do tipo separador, é
proibida a mistura de esgoto sanitário com pluvial nos lançamentos para a rede
pública.
No interior dos edifícios, os sistemas obrigatoriamente têm que ser do tipo
separador.

2) Condições Gerais de Esgotamento

É sempre bom ressalvar que o desempenho de um sistema de esgotamento


depende principalmente de três fatores: um bom projeto, uma boa execução e
usuários conscientes na utilização. Os dois primeiros requisitos podem ser
insuficientes frente ao mau uso por parte dos usuários.
No que diz respeito a projeto e execução, é necessário o atendimento de uma
série de recomendações, algumas normativas outras práticas, para garantir-se o
perfeito funcionamento das redes de esgoto sanitário.

2.1) Traçado das Redes

As tubulações devem ser as mais retilíneas possíveis. O ângulo máximo nas


curvas, inserções e desvios é de 90º. As conexões comerciais são fabricadas em
ângulos de 45º e de 90º, o que determina o traçado básico das redes. As curvas,
quando necessárias, devem ser preferencialmente do tipo longas, evitando-se usar
joelhos curtos.

2.2) Inclinação

A inclinação mínima permitida por Norma, varia em função dos diâmetros


utilizados. Não poderá ser inferior a 1% para diâmetros de 100mm e 150mm e a 2%
para diâmetros menores que 75mm.
A inclinação da rede determina velocidades mais altas ou mais baixas (para
inclinações maiores ou menores, respectivamente) nos efluentes. Pequenas
inclinações implicam em baixas velocidades, favorecendo o depósito de sólidos nas
tubulações, gerando entupimentos e obstruções ao fluxo. Altas velocidades podem
provocar o desgaste precoce nos materiais componentes do sistema.

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2.3) Vedação Contra Passagem de Gases e Animais

As redes de esgoto se comunicam com os ambientes externos através de


inúmeras aberturas tais como: grelhas de ralos de piso e de caixas sifonadas; válvulas
de pias, lavatórios e tanques; esperas para mangueiras de máquinas de lavar louça e
de lavar roupa; etc...
Estas aberturas devem estar convenientemente protegidas, de maneira a não
permitir a passagem de gases mau-cheirosos e de animais existentes dentro do
sistema, para o meio externo.

2.4) Ventilação

O bom desempenho dos sistemas de esgotos sanitários internos aos edifícios só


estará garantido se a rede possuir um bom sistema de ventilação. As redes de
ventilação cumprem o duplo objetivo de permitir a expulsão dos gases com seus
odores para o ambiente externo, longe do aceso das pessoas, e o de facilitar a
entrada de ar para dentro da rede, equilibrando as pressões internas e resguardando
a integridade dos selos hídricos.

2.5) Inspeções

Uma vez que as redes estão sujeitas a entupimentos, mesmo que muito bem
projetadas e executadas, é fundamental que sejam acessíveis, oferecendo ao usuário
facilidades nas operações de desobstrução e de manutenções em geral. Limpezas
para retiradas de sólidos depositados em caixas de gordura e sifonadas são
freqüentes. As tampas destas caixas devem ser portanto, facilmente removíveis.
Nos subcoletores de esgoto, devem ser instaladas caixas ou conexões de
inspeção (tês, curvas ou tubos operculados) em seqüência às curvas, inserções de
ramais, trechos muito longos, desvios, etc... Nas prumadas, é sempre bom prever
inspeções antes do desvio horizontal.
Toda a rede deverá estar acessível ao usuário. Caberá ao projetista prever os
acessos necessários, em função de seu próprio traçado.

3) Esgotos Primários e Secundários

3.1) Definição

A Norma Brasileira define:


¾ Os esgotos primários são aqueles que têm livre acesso aos gases provenientes do
coletor público ou dos dispositivos de tratamento.
¾ Os esgotos secundários são aqueles protegidos por desconector contra o acesso
de gases provenientes do coletor público ou dos dispositivos de tratamento.
Desta forma, os ramais de descarga de lavatórios, bidês, chuveiros, ralos de
piso, tanques, máquinas de lavar roupa e mictórios são classificados como esgoto do
tipo secundário, enquanto os ramais provenientes de bacias sanitárias conduzem
esgoto do tipo primário (ramal de descarga é a tubulação que recebe diretamente os
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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

efluentes de um aparelho sanitário). Antes de serem lançados em tubulações


primárias, os ramais de esgoto secundário devem ser protegidos por um desconector.
Um desconector é um dispositivo hidráulico destinado a vedar a passagem de gases e
animais das canalizações de esgoto para o interior dos recintos. Os tipos de
desconectores mais usados são os sifões sanitários e ralos/caixas sifonadas (ver
descrição do funcionamento no item seguinte).
Os esgotos gordurosos provenientes de pias de cozinhas e máquinas de lavar
louça, devem ser encaminhados à caixas sifonadas detentoras de gordura, antes de
serem lançados nos subcoletores prediais, onde todos os efluentes prediais, inclusive
os dos banheiros, são lançados. O mesmo procedimento pode ser adotado para os
esgotos ricos em espuma, originários em tanques e máquinas de lavar roupas.
Em síntese, podemos dizer que nas edificações residenciais e comerciais em
geral existem basicamente três tipos de efluentes:
¾ Os esgotos primários provenientes dos banheiros e instalações sanitárias.
¾ Os esgotos secundários provenientes de áres de serviço.
¾ Os esgotos de gordura provenientes de cozinhas e copas.

4) Fechos Hídricos, Caixas Sifonadas e Caixas de Gordura

O fecho hídrico corresponde à camada líquida que, nos desconectores, bloqueia a


passagem de gases existentes nas tubulações primárias para o interior dos recintos.
Nos sifões sanitários, os gases são bloqueados exclusivamente pela lâmina
líquida. Nas caixas sifonadas, o impedimento se completa pela existência de um
septo.
A Norma Brasileira determina as alturas mínimas necessárias aos diversos tipos
de desconectores, para garantir a eficiência dos mesmos.
As caixas de gordura e de espuma usadas para receber efluentes de cozinhas e
tanques, devem ser do tipo sifonadas, ou seja, possuem fecho hídrico e septo interno.
As duas câmaras só se comunicam na parte inferior. As tampas são do tipo
herméticas (ver fig. 10).
As caixas de gordura podem ser individuais (atendem a uma única cozinha) ou
coletivas (atendem a várias cozinhas simultaneamente). O tamanho da caixa varia em
função do número de pessoas que atende. Segundo a NBR, pode-se utilizar a
seguinte expressão para cálculo do volume útil em litros de uma caixa de gordura
especial:

V = 2N + 20 ,

onde N representa a população atendida pela caixa.

A COPASA – MG., responsável pelos sistemas de esgoto sanitário em diversos


municípios do Estado de Minas Gerais, vem exigindo a execução de caixas de
gordura em edifícios residenciais e comerciais que possuam cozinhas ou copas.

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Instalações Prediais

Os tamanhos mínimos estão relacionados com o número de cozinhas atendidas


pela caixa e estão relacionados em tabela publicada pela Concessionária. Entretanto,
como os tamanhos indicados para a maioria dos casos está aquém do mínimo exigido
pela Norma Brasileira, deve-se em princípio, atender às recomendações da NBR –
8160, que sucintamente são as seguintes:
• Para uma cozinha – C.G. com a capacidade de retenção de 18 litros
• Para duas cozinhas - C.G. com a capacidade de retenção de 31 litros
• Para três a doze cozinhas – C.G. com a capacidade de retenção de 120 litros
• Para mais de doze cozinhas - C.G. especial (V = 2N + 20)

As caixas de gordura e de espuma devem sofrer limpezas periódicas, para


retirada dos detritos sedimentados no fundo. O intervalo entre duas manutenções
sucessivas dependerá do volume previsto para o lodo sedimentado.

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Instalações Prediais

5) Ventilações nos Sistemas de Esgotos

A ventilação do sistema poderá ser feita tanto nos ramais horizontais internos
como nas prumadas verticais. A Norma Brasileira define as condições mínimas
necessárias à ventilação das tubulações de esgoto sanitário, que não serão aqui
detalhadas por não ser este o objetivo de nosso trabalho. Do ponto de vista
arquitetônico, importa saber o seguinte:

¾ Os ramais horizontais de ventilação devem sempre se situar acima dos ramais de


esgoto a que atendem, exigindo por isso alturas de entreforro suficientes para que
esgoto e ventilação caminhem em níveis diferentes. (ver fig. 17)

¾ A ligação de um ramal de ventilação à uma coluna de ventilação deve ser feita


num nível acima da borda do mais alto aparelho por ele ventilado. Na maioria das
vezes, são vasos, tanques ou pias. Esta exigência demandará um espaço ao lado
da coluna de ventilação, para permitir esta interligação. (ver fig. 18)

¾ Prédios de médio e grande porte devem possuir ventilação direta na prumada,


mesmo que os ramais internos de esgoto estejam ventilados. Onde não houver
ramal interno de ventilação, a prumada sempre deve ser ventilada em todos os
pavimentos. A interligação da coluna de ventilação ao tubo de queda implicará em
um afastamento mínimo de 25 cm entre os eixos das duas prumadas. Esta
distância poderá aumentar dependendo do diâmetro das prumadas envolvidas.
(ver fig. 19)

¾ Todas as colunas de ventilação e todos os tubos de queda devem ser prolongados


no mínimo 30cm acima das coberturas, recebendo chapéu ventilador na
extremidade. A altura mínima nos locais onde há acesso de pessoas é de 2,0 m. A
distância mínima de janelas e portas é de 4,0 m, salvo se elevada pelo menos 1 m
das vergas dos respectivos vãos. Os desvios horizontais, eventualmente
necessários, devem ser feitos no mesmo espaço físico previsto para os barriletes
de água fria e quente (enchimentos de piso, entreforros, etc...) e deverão ter
inclinação mínima ascendente de 1%. Em apartamentos de cobertura, as soluções
mais adequadas devem ser estudadas caso a caso.

É importante ter-se em mente que a ventilação de um sistema é tanto mais


eficiente quanto mais retilínea se apresentar, desde o ponto de abertura até a
inserção nas canalizações de esgoto. Desvios e curvas em excesso, podem
prejudicar significativamente o desempenho das ventilações.

¾ Admite-se em certos casos, a não colocação de coluna específica de ventilação.


Nestes casos, somente as prumadas de esgoto serão prolongadas até acima da
cobertura, servindo elas próprias como tubulações ventiladoras.

¾ Recomendamos que em prédios com mais de 3 pavimentos, sejam previstas


prumadas individuais de ventilação para todas as prumadas de esgoto projetadas,
inclusive as secundárias e de gordura.

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6) Ramais de Descarga, Ramais de Esgoto, Tubos de Queda,


Subcoletores e Coletores Prediais

Ramal de descarga – Tubulação que recebe diretamente o efluente de um aparelho


sanitário.
Ramal de esgoto – Tubulação que recebe efluentes de ramais de descarga.
Tubo de queda – Tubulação vertical que recebe efluentes de ramais de descarga,
ramais de esgoto ou de subcoletores.
Subcoletor – Tubulação que recebe efluentes de tubos de queda ou de ramais de
esgoto.
Coletor predial – Tubulação que conduz o esgoto de um edifício à rede coletora
pública.

A inserção de um ramal de descarga em um ramal de esgoto ou em um


subcoletor deve ser feita preferencialmente por junção de ângulo não superior a 45º.
Os diâmetros mínimos admitidos para os ramais de descarga dos diversos aparelhos
sanitários são os seguintes:
¾ Lavatórios, bidês, chuveiros, ralos de pisos, banheiras de residências,
bebedouros e tanques - ø 40 mm
¾ Mictórios com caixa de descarga e pias de cozinhas - ø 50 mm
¾ Máquinas de lavar roupas e de lavar louças - ø 50 mm
¾ Vaso sanitário - ø 100mm

Os ramais de descarga de lavatórios, bidês, ralos e banheiras deverão ser


ligados por meio de ramais independentes a caixas sifonadas.
Os ramais de descarga de pias de cozinha e de máquinas de lavar louça
deverão ser ligados a caixas de gordura ou a tubos de queda que descarreguem
diretamente nas referidas caixas.
Os ramais de descarga de tanques e máquinas de lavar roupas deverão ser
ligados a caixas de espuma (sifonadas) ou a tubos de queda que descarreguem
diretamente nas referidas caixas.
Os ramais de descarga de vasos sanitários e caixas sifonadas deverão ser
ligados diretamente a caixas de inspeção, ou a outra canalização primária, ou ainda a
tubos de queda que descarreguem em caixas de inspeção.
A ligação de um ramal de descarga ou de esgoto em um tubo de queda deve ser
feita preferencialmente através de junções a 45º. Não havendo altura suficiente no
entreforro para esta ligação, admite-se a inserção através de tê sanitário a 90º. È
vedado o uso de cruzetas.
Os tubos de queda para esgotos provenientes de banheiros, cozinhas e áreas
de serviço devem ser totalmente independentes. Adota-se a seguinte terminologia
para identificação das diversas prumadas do sistema de esgoto sanitário:

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TQ – Tubo de queda para esgoto primário


TS – Tubo de queda para esgoto secundário
TG – Tubo de queda para esgoto de gordura
V – Coluna de ventilação para esgoto primário
VS – Coluna de ventilação para esgoto secundário
VG – Coluna de ventilação para esgoto de gordura

Os tubos de queda devem ser sempre inspecionáveis em suas extremidades


inferiores. Havendo necessidade de desvios horizontais das prumadas ao nível do
piso do primeiro pavimento, o ramal de esgoto deste pavimento só poderá ser inserido
na prumada após o desvio. Dependendo do caso, deverá seguir independentemente
até à caixa de inspeção mais próxima. Providências deste tipo são importantes para
se evitar os indesejáveis refluxos de efluentes para o interior dos recintos do primeiro
pavimento, em caso de entupimentos nos desvios horizontais das prumadas ou à
jusante deles.
Os subcoletores e coletor predial, inclusive todas as caixas de inspeção, de
passagem, de gordura e de espuma, devem ser construídos , sempre que possível,
em parte não edificada do terreno, em áreas livres com boa ventilação.
Em edifícios com subsolos, onde os subcoletores, se construídos no nível mais
baixo do edifício, não permitirão o lançamento por gravidade na rede pública (o coletor
predial se situaria em cota inferior ao do coletor público), é comum o emprego de
redes aéreas nos tetos das garagens. Nestes casos, é importante que o arquiteto
cuide para que o pé direito destas garagens seja suficiente para permitir o trajeto dos
subcoletores em toda sua extensão, com os caimentos mínimos recomendados, sem
comprometer a altura livre necessária para circulação de veículos e pedestres na
garagem e sem interferir com as vigas estruturais.
A mesma recomendação se faz para o nível do Pilotis onde podem ocorrer
desvios de prumadas, devido a ausência de alvenarias e shaft´s existentes nos
pavimentos superiores do edifício, que serviam de suporte para as referidas
prumadas.
É bom salientar que banheiros ou outros ambientes que produzam efluentes
sanitários, situados em cotas inferiores ao do coletor na via pública, não poderão ter
seus esgotos lançados por gravidade, podendo exigir o bombeamento destes
efluentes para o sistema público. Esta situação deve ser evitada, sempre que
possível, visto ser sempre um inconveniente para o usuário, a dependência de um
equipamento mecânico que lance para a rede pública os esgotos internos gerados no
edifício.

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7) Dimensionamento

As tubulações de esgoto podem ser dimensionadas pelo método das Unidades


Hunter de Contribuição (UHC), que representa “a contribuição considerada em função
da utilização habitual de cada tipo de aparelho sanitário.”
Os dimensionamentos dos diversos tipos de tubulações (ramais de esgoto, tubos
de queda, etc.), serão feitos a partir das tabelas 1, 2, 3 e 4. Deve-se somar o número
total de UHC referente a todos os aparelhos que contribuem para um dado trecho da
tubulação a ser dimensionado. Especificamente para os subcoletores e coletores
prediais, deve-se considerar apenas o aparelho de maior descarga em cada banheiro
para a somatória do número de Unidades Hunter de Contribuição.

Tabela 1 – Unidades Hunter de Contribuição dos Aparelhos


Sanitários

Nº de Unidades
Aparelho Sanitário Hunter de
Contribuição (UHC)

Bacia sanitária 6
Banheira 2
Bebedouro 0,5
Bidê 1
Chuveiro de residência 2
Chuveiro coletivo 4
Lavatório de residência 1
Lavatório de uso geral 2
Máquina de lavar louças 2
Máquina de lavar roupas 3
Mictório com válvula descarga 6
Mictório com registro de pressão 2
Pia de cozinha residencial 3
Pia de cozinha industrial 4
Tanque 3

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Tabela 2 – Dimensionamento de Ramais de Esgoto

Diâmetro Nominal Número Máximo de Unidades de


Mínimo do Tubo Hunter de Contribuição
DN
40 3
50 6
75 20
100 160

Tabela 3 – Dimensionamento de Tubos de Queda

Diâmetro Nominal
do Tubo Número Máximo de Unidades de Hunter de
DN Contribuição

Prédio de até 10 pavtºs Prédio com mais de 10


pavtºs
40 4 8
50 10 24
75 30 70
100 240 500
150 960 1.900
200 2.200 3.600
250 3.800 5.600
300 6.000 8.400

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Tabela 4 – Dimensionamento de Subcoletores e Coletor


Predial

Diâmetro
Nominal Número Máximo de Unidades de Hunter de Contribuição em
Do Tubo Função das Declividades Mínimas (%)
DN
0,5 1 2 4

100 - 180 216 250


150 - 700 840 1.000
200 1.400 1.600 1.920 2.300
250 2.500 2.900 3.500 4.200
300 3.900 4.600 5.600 6.700
400 7.000 8.300 10.000 12.000

8) Materiais Empregados

O material mais largamente utilizado é o PVC devido à facilidade de instalação e


por possuir paredes lisas, o que dificulta as incrustrações.
Também podem ser usados tubos cerâmicos (mais utilizados em redes públicas)
ou de ferro fundido (onde se necessita de resistência mecânica a choques externos
ou impactos internos).

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VI – INSTALAÇÕES DE ESGOTO PLUVIAL

1) Tipos de Superfícies a serem drenadas:

1.1) Coberturas com Telhado

1.1.1) Opção de utilização de calhas (elementos de condução horizontal).


1.1.2) Opção de caimento livre sobre o terreno (apenas para edificações baixas).

1.2) Coberturas com Lajes Impermeabilizadas e Áreas


Descobertas:
Nestes casos, a captação se fará por intermédio de ralos e canaletas. Os pisos
devem receber inclinação mínima de 0,5% no sentido de direcionar as águas
incidentes para os ralos ou canaletas. Deve-se prever um desnível dos pisos internos
para os externos de no mínimo 5 cm. Deve-se evitar ao máximo dar caimento no piso
em direção a portas ou acessos, que possibilitem a invasão das águas para o interior
dos recintos.
Nos projetos das áreas descobertas, estudar os desníveis existentes, para
definição correta dos níveis e rebaixos necessários.
Obs.: Os valores indicados nos desenhos são meramente ilustrativos, devendo
ser estudados caso a caso.

1.3) Varandas e Terraços Cobertos:

Devem ser previstos ralos, mesmo tratando-se de cobertas, para


possibilitar a drenagem de águas de chuva que entram lateralmente sobre os
guarda-corpos. Prever local para a descida do dreno vertical, que de uma maneira
geral interferirá com a fachada. Para a colocação de ralos nas varandas, deve-se
projetar forro abaixo da laje de piso das mesmas.

1.4) Jardineiras:

A drenagem de jardineiras e jardins se faz através de ralos ou tubos


perfurados envolvidos em mantas de bidim e brita. Uma boa alternativa para se
esconder as tubulações é o uso da laje dupla.
As impermeabilizações devem subir pelas laterais das jardineiras.

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2) Prumadas e Condutores Horizontais

2.1) Prumadas

Devem ser previstas prumadas independentes para coleta de águas de :


coberturas; áreas descobertas de pilotis; varandas e terraços cobertos; jardineiras;
esgotamento de ralos e pisos em garagens cobertas, etc.
Para edifícios e residências até três pavimentos e em redes
exclusivamente horizontais, admite-se o uso de tubos de PVC comum (linha
esgoto sanitário).
Para edificações mais altas, recomenda-se tubo de PVC reforçado ou de
ferro fundido para absorver as velocidades elevadas (alto impacto) e os efeitos de
subpressão nas tubulações. Os pés de prumadas e as tubulações aéreas devem
ser sempre de PVC reforçado ou de ferro fundido, bem ancorados nas estruturas
de suporte através de braçadeiras ou tirantes. Nos desvios horizontais prever
sempre possibilidade de inspeção na tubulação para acesso, no caso de
entupimentos.

2.2) Redes Horizontais

As prumadas serão encaminhadas às caixas retentoras de areia (CA),


localizadas nas garagens ou outras áreas comuns externas.
A rede horizontal que interliga as caixas nunca deverá receber inclinação
menor que 0,5%. A lâmina máxima de água pluvial a ser considerada para efeito
de dimensionamento é de 67%, ou seja, a altura máxima da coluna líquida no
interior do tubo é igual a 2/3 do seu diâmetro.

Analogamente à rede de esgotos sanitários, toda a água pluvial coletada


na edificação poderá ser reunida para um único lançamento na rede pública
(bocas de lobo ou poços de visita). Nos locais onde não houver rede pública de
águas pluviais, o lançamento deverá ser feito na sarjeta da via pública. Nestes
casos, o projetista poderá ter sérios problemas na definição dos níveis da rede
coletora interna, que deverá ter sempre os caimentos mínimos assegurados.
A Prefeitura de Belo Horizonte, conforme instruções contidas na Lei de
Uso do Solo, exige hoje uma área mínima de infiltração para as águas pluviais
incidentes nas edificações. Estas áreas a que a lei se refere, podem ser
distribuídas entre jardins e jardineiras. Se este requisito não for satisfeito, o projeto
deverá prever caixa acumuladora antes do lançamento. As instruções para
dimensionamento das áreas de infiltração e da caixa acumuladora devem ser
obtidas através de consulta ao texto integral da Lei.

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3) Dimensionamento de Calhas

Primeiramente calcula-se a vazão a ser drenada pela seguinte equação:

Q = 2,78 c.i.A onde,

Q = vazão em l/s

c = coeficiente de “run off” , que diz respeito à permeabilidade da superfície. Quanto


mais permeável a superfície a ser drenada, menor o valor do coeficiente. Varia
entre 0 e 1,0. A título de ilustração, seguem abaixo alguns valores de c:

¾ Telhados – 0,7 a 0,95


¾ Superfícies asfaltadas – 0,85 a 0,90
¾ Jardins – 0,05 a 0,20

i = intensidade de precipitação em mm/h. É o quociente entre a altura pluviométrica e


a duração considerada. Varia de região para região. Para B.H., por exemplo, é de
230 mm/h para um período de recorrência de 25 anos (número médio de anos em
que para a mesma duração de precipitação, uma determinada intensidade
pluviométrica será igualada ou ultrapassada apenas uma vez).

A = área da superfície a ser drenada em hectares ( 1ha = 10.000 m² ).

Sabemos que Q = A . v, logo A = Q / v

3
R2 ⋅ I
Mas, v= onde,
n

v = velocidade de escoamento em m/s


R = raio hidráulico em m
I = declividade em cm/m
N = coeficiente de rugosidade considerado igual a 0,012 para calhas de material liso

R= Área molhada
Perímetro molhado a
b
R= a. b.
2a + b
Demonstra-se que a seção retangular mais favorável ao escoamento ocorre
quando b = 2a.

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO
Instalações Prediais

As tubulações verticais devem ser dimensionadas por intermédio de ábacos e


tabelas previstos em Norma.
Como dado prático, no Brasil adota-se um critério bastante exagerado, que
sugere 1cm² de seção transversal de tubo para cada 1 m² de superfície a ser drenada.
A recomendação norte-americana é de 0,50 cm² de tubo para cada 1 m² de superfície,
para uma intensidade pluviométrica de 200 mm/h.
Ex.: Um tubo de 100 mm de diâmetro, tem 78 cm² de área de seção transversal,
podendo coletar até 78 m² pelo critério brasileiro e 156 m² pelo critério norte-
americano.

Exercício :
Dimensionar a calha necessária para atender a uma área de 200 m² , para os
seguintes dados:
c = 0,80
i = 230 mm/h
I = 1%
N = 0,012
b = 2a

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CRISTINA LUIZA BRÁULIO

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