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IDENTIDADE E HISTÓRIA DA ESCOLA PARQUE 313/314 SUL DE

BRASÍLIA
Cleber Cardoso Xavier1 – SEDF / UNB

RESUMO
Este artigo aborda a história e identidade da Escola Parque 313/314 Sul de Brasília, levando-se em consideração o
contexto de criação do conceito Escola Parque ao longo das décadas de 1930, 1950 e 1960. Nessa escola, percebe-se a
construção do conhecimento a partir dos referenciais pessoais dos alunos, resgatando seu arcabouço imaginário e
suas referências familiares, matéria-prima para visualidades e movimentos, como também construção de sua
identidade.
Palavras-chave: educação, arte/educação, ensino de arte, Anísio Teixeira, cultura.

Este artigo refere-se à identidade e a história da Escola Parque 313/314 Sul de Brasília/DF, sendo
um pequeno recorte da pesquisa que esta sendo desenvolvida durante o curso de doutorado em Arte
da Universidade de Brasília, sendo um desdobramento da pesquisa iniciada no curso de mestrado na
mesma instituição.
No intuito de contextualizar o leitor acerca do que são as Escolas Parque (EP) e seu histórico,
informo que o conceito de EP foi forjado por Anísio Teixeira após sua vivência e curso de mestrado
nos Estados Unidos da América, na década de 1920, onde teve contato direto com John Dewey e
seus conceitos filosóficos, o modelo educacional estadunidense e a necessidade de melhorias no
cenário educacional da cidade do Rio de Janeiro, então capital federal brasileira e pertencente ao
estado da Guanabara ou Distrito Federal, como podemos perceber pelo amplo estudo de Luciano
Mendes Filho e Diana Vidal (FILHO & VIDAL, 2000) sobre os espaços escolares da escola
primária no Brasil, é possível perceber que na década de 1930, tanto na cidade do Rio de Janeiro
quanto em São Paulo.
Durante sua gestão, foram construídos e reformados 25 prédios escolares, já que o número de
escolas existentes não atendia nem a metade da população em idade escolar (TEIXEIRA, 1932) e o
ensino ocorria num ambiente onde as escolas eram denominadas como “escolas-pardieiros”
(TEIXEIRA, 1935). Neste montante foi edificada uma escola, situada na Praça Cardeal Arco Verde,
em Copacabana, denominada Escola Playground, com projeto arquitetônico e finalidade
educacional diferenciada, e com previsão de construção também nos bairros Tijuca, Vila Isabel,
Centro e São Cristóvão (BARRADAS-FERNANDES, 2006). Ainda não se sabe ao certo se havia
uma relação direta de seu atendimento e funcionamento com as Escolas Nucleares, sendo uma
possível analogia com a relação estabelecida entre a EP e as Escolas Classe nas cidades de
Salvador/BA e Brasília/DF. Que na visão de Noemia Lucia Barradas-Fernandes ao definir Escola
Playground como
escolas-parque ou parque escolas, que funcionariam como pólo atendendo a vários
bairros, apresentavam programa arquitetônico mais complexo: direção geral, serviço
médico e fichamento para controle de educação física, auditório e palco, ginásio,
banheiros e vestiários, refeitórios e anexos (copa, cozinha, serviços), sala de música,
jardim de infância, biblioteca, salas para clubes escolares, sala de projeção, terraço-
jardim, estádio para concentração e pista de corrida, campos para voleibol, equipamento
completo para ginástica, playground (BARRADAS-FERNANDES, 2006),
dialoga diretamente com a informação de Anísio Teixeira que compreende os Centros Educacionais
como núcleos de articulação dos bairros, localizados na periferia da cidade, “onde as funções
tradicionais da escola seriam preenchidas em determinados prédios e as de educação física, social, artística e
industrial, em outros. O conjunto compreenderia, assim, escolas-classe e escola-parque” (TEIXEIRA, 1959).
O conceito de EP foi atualizado, se considerarmos a Escola Palyground como sendo um exemplar
de EP (BARRADAS-FERNANDES, 2006) e implementado parcialmente2 na cidade de Salvador
no final da década de 1940, sendo inaugurado em 21 de outubro de 1950 o Centro Educacional
Carneiro Ribeiro (CECR), também conhecido como Escola Parque de Salvador, no bairro da
Liberdade, vulgo Caixa D’água, sendo composto por uma Escola Parque e quatro Escolas Classe.
Foram planejados nove centros educacionais no estado da Bahia, entretanto somente um foi
construído e implementado. É possível perceber a descontinuidade desta proposta de política
educacional.
O CECR foi a primeira experiência brasileira de educação pública gratuita em tempo integral,
voltada à comunidade carente ou de periferia, sendo o seu intuito a transformação da realidade
socioeconômica desta comunidade. Lima (1978) nos conta sobre a estruturação clara na relação
entre EC e EP, onde
na EC predominará o sentido preparatório para posteriores encaminhamentos e na EP,
conjunto de edifícios reservados a atividades práticas e sociais, educação física e de arte,
predominarão as fases em que o aluno, pelo senso de responsabilidade e trabalho
material, executará coisas de valor utilitário, usufruindo ao mesmo tempo, de lazer, jogos,
teatro, música, dança, leitura (Idem, p.187).
Durante o governo de Juscelino Kubitschek, 1956 a 1961, com a transferência da capital federal
para o interior do país, verificamos a integração de pensadores com um objetivo comum – a
construção de Brasília, no intuito de elaborar e executar um plano diretor, um exemplo a ser
demonstrado ao restante do país e se possível, replicado em diferentes situações brasileiras. É neste
contexto que ao planejar o espaço urbano brasiliense, Lúcio Costa e sua equipe dialogaram e
receberam as sugestões do Plano Educacional de Brasília, elaborado por uma equipe que tinha
como gestor Anísio Teixeira, então à frente do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos do
Ministério da Educação (INEP).
O Plano Educacional de Brasília contemplava em sua versão original, a construção de 28 EPs no
Plano Piloto brasiliense, sendo 14 em cada asa3 (CAMPOS, 1990). Uma segunda versão do
conceito de Centro Educacional, atualizada e adaptada ao cenário brasiliense, é proposta e
implementada na nova capital federal, integrada a estrutura urbanística de Unidade de Vizinhança
(UV) (COSTA, 1984), utilizada por Lúcio Costa na organização do espaço urbano. Uma UV seria
composta, dentre outros itens, do conjunto de quatro Super Quadras (SQ) que teriam cada uma em
sua estrutura a construção de uma EC e um Jardim de Infância. A cada UV, teríamos a construção
de uma EP que atenderia as quatro ECs da UV (KUBITSCHEK, 2000), totalizando em cada EP o
atendimento de aproximadamente 2.000 alunos (PEREIRA & ROCHA, 2006).
Das 28 EPs planejadas, somente cinco foram construídas ao longo dos anos. Sendo: EP 307/308
Sul, EP 313/314 Sul, EP 303/304 Norte, EP 210/211 Norte, EP 210/211 Sul. São citadas as Escolas
Parque no plano de Construções Escolares de Brasília, elaborado por Anísio Teixeira, com
destinação a complementar as atividades desempenhadas pelas Escolas Classe, possibilitando a
criança o seu desenvolvimento artístico, físico e recreativo, bem como sua iniciação quanto a
capacitação para o trabalho, dentro de uma rede de instituições interligadas, disponibilizadas na
mesma área, sendo: biblioteca infantil e museu (DISTRITO FEDERAL, 2001)
Desde sua inauguração em 20 de abril de 1977, a Escola Parque 313/314 Sul, localizada na Área
Especial existente entre as quadras residenciais SQS 313 e SQS 314, já se destacava no cenário
educacional local com um projeto arquitetônico arrojado para a década de 1970 [Figura1], que
usava ostensivamente concreto, vidro e metal. Praticamente todas as salas de aula e demais
dependências constantes no prédio, possuem acesso direto a área verde, permitindo a entrada e uso
da luz solar.

Figura 1: vista aérea da EP 313/314 Sul.


Fonte: acervo da escola - década de 1970.
A organização dos espaços e ambientes escolares é distribuída de maneira a concentrar em cada
micro região da escola um agrupamento de atividades, que possuam em si alguma característica que
as torne próximas ou agrupáveis. Percebe-se que são pensados agrupamentos de salas de aula por
modalidade ou linguagem de ensino. Com o passar dos anos, a escola sofreu inúmeras alterações
quanto a sua estrutura arquitetônica, distanciando do conceito inicial aplicado e implementado em
sua construção, sendo possível conhecer melhor estas alterações na dissertação de mestrado deste
mesmo autor (XAVIER, 2013).
Visitando esta escola, nos deparamos com uma fachada limpa, ligeiramente posicionada abaixo do
nível topográfico do transeunte, localizado na calçada pública. Seu acesso se dá por uma escada ou
rampa de acesso após um portão. Encontramos um amplo jardim com bancos e diferentes
exemplares de flora paisagística e frutífera. Um corredor coberto com toldo direciona a entrada por
um segundo portão, atualmente controlado remotamente. Como dito anteriormente, a escola possui
diferentes pátios cobertos que possibilitam o acesso aos agrupamentos de salas de aula. O primeiro
agrupamento de salas de aula, destinado ao ensino de teatro, composto por três salas que podem ser
percebidas no lado esquerdo da Figura abaixo [Figura 2], onde também verificamos o uso das
paredes da escola como espaço expositivo de trabalhos dos alunos, desde o primeiro ano de
existência da escola até os dias atuais.

Figura 2 – Uso das paredes da escola como espaço expositivo em dois momentos – 1977 e 2014.
Fonte: montagem fotografica com acervo da escola e acervo pessoal, 2014.
Logo em frente às salas de teatro, temos acesso a área da biblioteca. Atualmente esta região da
escola foi compartimentada e acomoda a biblioteca Monteiro Lobato, o laboratório de informática,
uma sala de aula utilizada para a confecção de materiais diversos e a oficina pedagógica – uma
subseção da Escola de Aperfeiçoamento dos Profissionais de Educação (EAPE) que promove
capacitação de professores quanto à melhor e mais eficiente pratica pedagógica.
Nos primeiros anos de funcionamento da Escola Parque 313/314 Sul ocorriam em suas
dependências ao longo do período letivo, treinamentos de docentes, visando sua qualificação quanto
a pratica docente bem como troca de experiências de casos de sucesso. No acervo iconográfico da
escola podemos encontrar imagens relativas a estes eventos, conforme exemplificamos por meio da
[Figura 3] logo abaixo. Esta ação esta diretamente alinhada ao pensamento de Anísio Teixeira
quanto às funções das Escolas Parque de serem um marco referencial para o restante de escolas das
cidades como para o Estado como um todo. Até mesmo este desvio de função de parte da estrutura
educacional, voltada para a Formação de Professores e o não atendimento direto ao corpo discente
matriculado na escola, dialoga fortemente com a identidade original do conceito e da história desta
escola ao demonstramos um dos seminários ocorridos neste período nesta escola, na região que
provavelmente era destinada a biblioteca4.

Figura 3: Seminário interno de formação de professores – EP 313/314 Sul.


Fonte: acervo da escola - década de 1970.
Tanto que as propostas de criação das Escolas Parque de Belo Horizonte e Campina Grande
(MENDONÇA & XAVIER, 2008) foram pensadas no intuito de disseminar a qualificação e
aperfeiçoamento profissional no segmento educacional, juntamente com recursos técnicos e
financeiros provenientes do Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos (INEP), até então sob a
gestão de Teixeira.
Um dos papéis desenvolvidos pelas Escolas Parque de Brasília, também a Escola Parque 313/314
Sul, é a formação de expectadores de diversas linguagens artísticas e esportivas (Oliveira & Xavier,
2011), por isso a presença de galeria expositivas na construção deste prédio e a descrição de um
museu na estrutura conceitual de Anísio Teixeira (TEIXEIRA, 1961;COSTA,1984; DISTRITO
FEDERAL, 2001).
Ao consultar materiais disponíveis na Escola Parque 313/314 Sul, dentre eles o Livro de Atas da
Secretaria, encontramos atas de início e encerramento dos anos letivos desde 1977 até o ano de
2014. Neste material foi possível conhecer quanto ao perfil de atendimento desta escola,
concentrando suas atividades nos anos iniciais do ensino fundamental – 1ª a 4ª séries – e
principalmente nas primeiras décadas, o atendimento a algumas séries dos anos finais do ensino
fundamental, principalmente as 5ª e 7ª séries. Geralmente o atendimento a estas turmas de alunos se
dava devido à existência de turmas de anos finais em alguma das Escolas Classe atendidas pela
Escola Parque, fazendo-se assim necessário o atendimento a estes alunos. Tal atendimento se dava
em dois dias da semana, pois as turmas de anos finais do ensino fundamental possuem uma carga
horária maior em relação aos anos iniciais.
A pesquisa efetuada nos documentos da Secretaria desta escola também possibilitou o
conhecimento e início do desenho de uma tabela quanto aos números de alunos atendidos ao longo
dos anos, entretanto esta tabela ainda não se encontra pronta, devido a não presença de dados em
todos os anos de funcionamento da escola, pois não há um padrão na escrita destas atas, pois coube
e ainda cabe ao supervisor da secretaria organizar e divulgar os dados que acredita serem
necessários e importantes neste documento. Porém foi possível constatar os componentes
curriculares ofertados em todos os anos, sendo eles: Educação Física, Educação Artística ou Artes
nas seguintes linguagens: Artes Visuais, Teatro, Música, Literatura. Percebe-se aqui o diferencial
desta escola em relação a pesquisas efetuadas em outras Escolas Parque de Brasília, a presença da
Literatura ao longo da história desta instituição.
Mesmo não sendo um componente curricular obrigatório na matriz curricular deste perfil de escola
quanto nas orientações pedagógicas emitidas ao longo dos anos pela SEDF, esta instituição sempre
ofertou aulas de literatura aos seus alunos. Destaca-se que em alguns momentos foram aulas
ministradas por professores de arte, em outros por professores de língua portuguesa. Entretanto
nota-se a continuidade na oferta desta disciplina ou componente curricular.
O próximo agrupamento de três salas de aula é dedicado ao ensino de música. Estas salas de aula
possuem um piano e quadro negro com pautas para partitura musical e um pequeno cômodo com
pia e prateleiras que possibilitam o armazenamento dos materiais e equipamentos musicais.
Ladeados por sanitários destinados aos alunos, sendo um para meninos e outro para meninas,
existindo entre os dois, um sanitário para portadores de necessidades especiais. Este último é um
reflexo das adequações ocorridas ao longo dos anos. Em frente a este ambiente, encontramos o
conjunto de salas administrativas e organizacionais.
Na região central do edifício, nos deparamos com o terceiro pátio interno, que permite acesso as
dependências de educação física, sendo uma sala de ginástica olímpica, uma sala de dança clássica
e uma sala de materiais que são utilizados nas atividades desenvolvidas nas quadras da escola. O
ensino da dança é citado em alguns documentos consultados, mas não há referencias claras a sua
metodologia de ensino, conteúdo, currículo e ambiente das aulas. Nos dois últimos anos a escola
tem ofertado oficinas de Dança Clássica aos alunos. Os participantes destas oficinas deixam de
assistir a um componente curricular e participam da aula de Balé.
Ainda na região central, encontramos um auditório multiuso, por vezes também utilizado como
espaço para encenação cênica e reuniões com a comunidade escolar. Também há um teatro em
formato de arena, com dois camarins. Ao lado destes espaços, encontramos o quarto pátio interno,
muito amplo e utilizado para reagrupamento dos alunos ao término do intervalo de recreação. Como
também acesso ao refeitório e cantina.
Deste ponto em diante, circundando a estrutura do edifício escolar, encontramos as quadras
poliesportivas que totalizam quatro ambientes esportivos, além do parque infantil e a área da piscina
– desativada desde meados da década de 1990. Neste setor encontram-se a piscina e os vestiários,
ambos desativados. Há também um pequeno campo gramado, acesso a sala que acomoda os
funcionários terceirizados responsáveis pela limpeza e manutenção da escola.
Alcançando a parte mais profunda da escola, encontramos uma nova bateria de sanitários para os
alunos, um agrupamento de três salas de artes visuais, vestiários e consultórios odontológicos
desativados, uma ampla galeria interna que atualmente se encontra dividida, dando lugar na metade
de sua área a uma sala de recursos especiais, e há também um agrupamento de três salas multiuso
com pias e quadros negros que já foram utilizadas em anos anteriores como ambientes de aulas de
objetos tridimensionais e gravura, como podemos perceber na [Figura 4]. Atualmente estas salas
são utilizadas para cobrir as necessidades dos quartetos docentes sendo utilizadas para aulas de artes
visuais e teatro.

Figura 4: alunos durante uma aula de artes visuais – EP 313/314 Sul.


Fonte: acervo da escola – década de 1970.
A partir desta descrição da edificação da escola compreenderemos melhor sua estrutura de
atendimento implantada por meio de quartetos de professores. Cada quarteto possui um professor de
educação física e outros três professores da área de artes, não podendo ser da mesma linguagem,
variando assim entre: artes visuais, teatro, música, literatura. Por vezes são ofertadas aulas de dança,
mas nem sempre são ofertadas na modalidade de quarteto e sim em oficinas a serem promovidas em
horários específicos, e os alunos que as freqüentam, geralmente se ausentam de outra aula ofertada
no mesmo instante.
A estrutura de quarteto possibilita então que todos os alunos possam percorrer um agrupamento
mínimo de disciplinas sendo que a mesma turma de alunos freqüentará ao longo do turno de
atendimento escolar as quatro aulas, com duração média de pelo menos uma hora relógio. A divisão
das aulas, ou seja, o aviso de que a aula acabou é informado por meio de um sinal sonoro, musical
com duração aproximada de um minuto, a partir de uma sonoridade escolhida pelo corpo docente
ou administrativo. Há tempos foi abolida a sirene sonora que fazia referência direta a estruturas de
turno de trabalho, capitalismo, fábricas e em nada contribuía para a ludicidade prevista para este
ambiente educacional.
O conceito de Escola Parque já trazia em si que a comunidade deveria se apropriar destas
dependências, visando ser um espaço de articulação do bairro, e promover a cultura local. Desta
forma, identificamos que ao longo dos anos, a EP 313/314 Sul sempre que possível, ofertou
oficinas, espaços para eventos e encontros culturais, sociais e religiosos. Uma fonte de pesquisa,
utilizada para a constatação desta informação, foram os portfólios anuais, desenvolvidos desde o
ano de 1977 até os dias atuais. Por meio deste material, é viável encontrar as informações de todos
os eventos ocorridos nesta instituição, bem como as ações desenvolvidas com parceiros, dentre eles:
Centros culturais, Galerias, Clubes, Teatros e outras escolas.
Os perfil e a proveniência dos alunos atendidos nesta EP durante os primeiros anos havia uma
uniformidade, pois quase todos os anos, proviam das mesmas ECs, localizadas nas cercanias desta
EP. Entretanto atualmente, como nos últimos anos, tem aumentado o número de alunos atendidos,
pois contempla em sua cartela de escolas tributárias, ou seja, as Escolas Classe que enviam seus
alunos para esta Escola Parque. Atualmente atende a oito Escolas Classe, quatro da Asa Sul e quatro
ECs do Cruzeiro – outra região administrativa de Brasília.
Como são muitas as ações desenvolvidas pelos docentes desta escola, elegi uma a ser relatada, por
tem proporcionado o destaque desta instituição dentro da Secretaria de Estado de Educação do
Distrito Federal (SEDF), ao participar do III Circuito de Ciências da SEDF [Figura 5], promover
exposições de trabalhos executados pelos alunos tanto na Coordenação Regional de Educação
Básica, quanto na II Feira do Livro de Brasília e por estar em vias de imprimir um livro, resultado
final do Projeto “Dicionário Infantil: Brasília e o Cotidiano”, desenvolvido no ano de 2013.

Figura 5 - III Circuito de Ciências da Secretaria de Estado de Educação do Distrito Federal


Fonte: Acervo da escola, 2013.
O Projeto foi desenvolvido com parte das turmas de Literatura, de maneira transdiciplinar com as
disciplinas de Artes Visuais e Informática (novas tecnologias de informação e comunicação). Estas
turmas totalizaram a média de 210 alunos provenientes das Escolas Classe: EC 114 Sul, EC 314
Sul, EC 316 Sul, EC 413 Sul, EC 416 Sul, EC 04 e EC 06 do Cruzeiro. Com objetivo geral de
traduzir, principalmente pela imagem, visualidade5, o conceito que a criança/aluno tem sobre
diversas palavras relacionadas à cidade de Brasília e o seu cotidiano6. Seu mote criador foi a
necessidade de aproximar os alunos dos livros e da biblioteca escolar “Monteiro Lobato”, devido ao
decrescente interesse dos alunos pelo acervo bibliográfico e iconográfico disponibilizado por este
ambiente.
Durante o ano letivo foi desenvolvida uma metodologia de trabalho em que os alunos recebiam uma
palavra relacionada a cidade de Brasília e/ou seu cotidiano. Durante as aulas foram realizados
debates sobre o significado das palavras, pesquisas em livros e dicionários realizadas na biblioteca
da escola, como também no laboratório de informática por meio de sítios de busca, como também
visualização de imagens e textos previamente preparados pelos professores. Provocados, os alunos,
discutiam sobre o material consultado, gerando a construção de conhecimento comum e coletivo
durante as atividades, culminando na construção de um conceito ou verbete a partir de sua
compreensão da palavra/termo. Esta conceituação podia ser expressa de duas maneiras:
textualmente e visualmente.
Muitas são as ações desta EP, entretanto espera-se por meio deste recorte em sua trajetória ao longo
dos 37 anos de sua existência, poder explicar, contextualizar sua localização, identidade e pontuar
alguns acontecimentos ocorridos.

REFERÊNCIAS
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entre 1930 e 1960. 2006. 142 f. Dissertação (Mestrado em Ciências da Arquitetura) – Faculdade de
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Janeiro, Rio de Janeiro, 2006.
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nacional: o Inep/MEC dos anos 1950/1960. MENDONÇA, Ana Waleska; XAVIER, Libânia Nacif. (orgs)
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Distrito Federal: uma análise comparada dos currículos de 2000, 2009 e 2011 - ensino fundamental - anos
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XAVIER, Cleber Cardoso. Escolas Públicas de Brasília: uso do laboratório de informática pelos professores
de arte. 2013. Dissertação (Mestrado em Arte), Instituto de Artes, Universidade de Brasília, Brasília, 2013.

1
É doutorando em Arte pela Universidade de Brasília, onde desenvolve pesquisa sobre as Escolas Parque brasileiras,
sob orientação da Dra. Thérèse Hofmann. Docente da rede pública de ensino do Distrito Federal desde 2009. Co-autor
do livro Brasíliax5: 50 anos de artes visuais em Brasília que resgata a memória dos espaços de artes visuais nos
primeiros 50 anos da capital brasileira. Como fotógrafo já expôs em diversas cidades brasileiras. ccxavier@hotmail.com
2
Utilizo este termo, pois no primeiro momento de funcionamento deste Centro Educacional, tanto a Escola Parque
quanto uma das Escolas Classe não estavam completamente construídas e em funcionamento.
3
O plano urbanístico de Brasília remete a um avião ou uma cruz, onde um dos eixos compõe a parte governamental ou
política e o outro eixo a parte residencial da cidade, sendo divido em duas asas, asa norte e asa sul.
4
Esta dedução também possível devido a estrutura das paredes, portas e o teto, presentes na foto e contrastadas com a
arquitetura atual da escola.
5
As visualidades são compreendidas “como imagens, obras expostas em museus e galerias, reconhecidas como “obras
de arte” e legitimadas pela crítica e pelos expectadores. Como também a fotografia, o desenho, a gravura, a ilustração,
as propagandas, o design. Compreendendo também os acontecimentos diversos quanto uma paisagem, uma palestra em
sala de aula, os rituais como festas de 15 anos, casamentos, formaturas, danças indígenas, manifestações populares,
sonoridades, vídeos, filmes, videoclipe. Além do som enquanto imagem, à medida que cria uma visualidade do texto e
modifica o cotidiano das pessoas e as visualidades produzidas pelos educandos, não só no ambiente escolar como fora
dele.” (OLIVEIRA, 2014, p.12).
6
O termo “cotidiano”, no texto, será utilizado no sentido dado por Dias (2012) e denominado pelo autor como
“cotidiano espetacular”, que é compreendido como um campo ampliado do termo genérico “cotidiano” que aponta o
tempo/espaço ampliado no qual se dá toda a vivência de um ser humano e a relação espaço-temporal na qual ocorre essa
vivência, ele tem como ponto central o imaginário visual e aimagética do cotidiano dos indivíduos. “O cotidiano é em si
um espaço/tempo que informa o espetáculo de categorias sociais identitárias da nossa cultura. E a juventude faz uso da
bricolagem, no cotidiano, como uma tentativa autônoma de construir e reapresentar sua percepção destas performances
culturais” (Idem, p.68).

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