Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
LEGISLAÇÃO
TRIBUTÁRIA
Eduardo Zaffari
Dos impostos no
Direito Tributário
Eduardo Kucker Zaffari
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Os tributos não se confundem com a espécie específica do imposto, confusão
que costuma ocorrer no senso comum pelos cidadãos. Os tributos consistem em
um gênero da qual fazem parte diversas espécies, que se diferenciam entre si,
como o imposto, a taxa, o empréstimo compulsório, a contribuição de melhoria
e a contribuição especial.
Neste capítulo, vamos definir tributos e explicar como distinguir o imposto
das demais espécies tributárias, assim como os diferentes impostos existentes
em nosso ordenamento jurídico. Também falaremos sobre os diferentes fatos
escolhidos pelo legislador como fatos geradores de cada um dos impostos.
O Direito não tem, por função, conceituar, pois sua finalidade imediata é
regrar condutas para a coexistência digna entre indivíduos. A conceituação
parte, usualmente, da doutrina e da construção pretoriana. Entretanto, a
controvérsia leva o legislador a conceituar certos institutos, especialmente
quando necessário para barrar eventuais abusos de poder que poderiam
ser perpetrados pelo Estado. Nesse sentido, o Código Tributário Nacional
conceituou tributo no art. 3º, ao prescrever que “Tributo é toda prestação
pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que
não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante ativi-
dade administrativa plenamente vinculada” (BRASIL, 1966, documento on-line).
Hugo de Brito Machado (1992), em face da conceituação legal, afirma que
os conceitos doutrinários de tributo não fazem mais sentido, pois, dados as
peculiaridades do Direito Tributário e seu viés limitador de poder, restaria
apenas o estudo e a compreensão dos caracteres prescritos em lei. Há que
se recordar, entretanto, que o trabalho da doutrina não se dá apenas na
conceituação, mas na explanação semântica do que o texto legal apresenta
como fenômeno, o que acaba sendo realizado pelo próprio jurista.
Ao prescrever que se trata de uma prestação pecuniária, o Código Tribu-
tário Nacional prescreve que tributo se fundamentará em um pressuposto
lícito, excluindo a possibilidade de se confundir com sanções em geral ou
indenizações por ato ilícito (BRASIL, 1966). Em outros termos, tributo não se
confunde com multa ou qualquer outra espécie de penalidade (BALEEIRO,
2009). Porém, isso não significa, evidentemente, que receitas auferidas por
atividades ilícitas não estejam sujeitas a tributos, o que significaria confundir
o ilícito com o conceito de tributo. Ao assim prescrever, a disposição legal
quer apenas determinar que um ato ilícito não pode ser o fato escolhido pelo
legislador como fator gerador de tributo (observe que a tributação da renda
obtida com o jogo do bicho é diferente do fato de tributação do jogo do bicho
em si, que constituiria o reconhecimento dessa espécie de contravenção
como atividade legal).
Outra característica do tributo é que se trata de uma prestação pecuni-
ária, ou seja, é obrigação de pagar em dinheiro, cuja necessidade estatal se
expressa pelo pagamento das contas públicas. Não há como o contribuinte
pagar os tributos pela prestação de serviços de qualquer natureza. Daí se
afirmar que a prestação de serviço militar ou a atuação como mesário em um
pleito eleitoral não poderiam ser considerados tributos ou forma de extinção
do crédito tributário. Outra característica ligada à prestação em pecúnia é
que o tributo será expresso em moeda ou em outra modalidade que nela
se possa exprimir. Significa dizer que o tributo será em moeda nacional,
4 Dos impostos no Direito Tributário
[...] imposto é a prestação de dinheiro que, para fins de interesse coletivo, uma
pessoa jurídica de direito público, por lei, exige coletivamente de quantos lhe estão
sujeitos e têm capacidade contributiva, sem que lhes assegure qualquer vantagem
ou serviço específico em retribuição desse pagamento.
Referências
ALEXANDRE, R. Direito Tributário. 11. ed. Salvador: JusPodivn, 2017.
BALEEIRO, A. Direito Tributário brasileiro. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009.
BRASIL. Decreto nº 6.759, de 5 de fevereiro de 2009. Regulamenta a administração das
atividades aduaneiras, e a fiscalização, o controle e a tributação das operações de
comércio exterior. Diário Oficial da União, Brasília, 6 fev. 2009. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6759.htm. Acesso em:
30 out. 2020.
BRASIL. Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966. Dispõe sobre o Sistema Tributário
Nacional e institui normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, Estados e
Municípios. Diário Oficial da União, Brasília, 27 out. 1966. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5172compilado.htm. Acesso em: 30 out. 2020.
CARVALHO, P. de B. Curso de Direito Tributário. 30. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
COÊLHO, S. C. N. Curso de Direito Tributário brasileiro. 9. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
MACHADO, H. de B. Curso de Direito Tributário. 5. ed. Rio de Janeiro: Forense, 1992.
PAULSEN, L. Curso de Direito Tributário completo. 8. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Súmula 668. É inconstitucional a lei municipal que tenha
estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o
IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade
urbana. Diário de Justiça, Brasília, p. 4, 13 out. 2003. Disponível em: http://www.stf.
jus.br/portal/jurisprudencia/menuSumarioSumulas.asp?sumula=1521. Acesso em: 30
out. 2020.
Leituras recomendadas
SABBAG, E. de M. Manual de Direito Tributário. 5. ed. São Paulo: Saraiva, 2013.
BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Diário Oficial
da União, Brasília, 11 jan. 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 30 out. 2020.