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Obs.: “Diretriz ou Princípio”? = Segundo Matta (2007), existe uma dificuldade de definir claramente o que
seriam princípios e diretrizes nos textos constitucionais, uma vez que na CF/88 só se utiliza o termo “diretrizes”
e na Lei 8080 que regulamenta o SUS usam-se os termos “princípios” para questões de natureza ética e
“diretrizes” para os meios de se concretizarem os princípios assinalados na Lei. Assim, para organizar as
discussões, alguns autores usam os termos princípios doutrinários e princípios organizativos
2. Lei 8.080/90: reforça a seção saúde na CF/88 e regulamenta o SUS, dispondo sua organização nas
ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, seus princípios doutrinários, suas diretrizes e
define a atenção primária como a porta de entrada para o acesso à assistência médica
• 3 Princípios / princípios doutrinários (denominação a posteriori)
− Universalidade – garantia de acesso irrestrito aos recursos
− Integralidade: deve atender aos campos da promoção, prevenção, tratamento, reabilitação,
redução de danos e cuidados paliativos
− Equidade – fornecer a cada um o que lhe é devido conforme sua necessidade
• 6 Diretrizes / princípios organizacionais (denominação a posteriori)
− Regionalização – adaptação do sistema considerando os diferentes perfis epidemiológicos de
cada região, delimitando uma base territorial para definir prioridades
− Hierarquização – estabelece uma rede de complexidades, de tal forma que o usuário percorre
os 3 níveis de atenção de forma crescente segundo suas necessidades e indicações.
− Resolubilidade – capacidade de os serviços resolverem o problema até seu nível de
competência
− Descentralização – distribuição das responsabilidades entre as esferas de governo
− Participação social – reconhecimento do papel das entidades representativas
− Complementaridade do setor privado – deve ser contratado quando os recursos públicos
forem insuficientes e obedecendo os critérios
−
• Gestão da saúde (a direção do SUS é única)
− Federal: Ministério da Saúde
a. Formula as políticas/normas e lidera o conjunto das ações de promoção, prevenção e
recuperação de todos os grupos e setores (alimentação, saúde do trabalhador...)
b. controla e fiscaliza procedimentos e produtos de interesse sanitário e epidemiológico
− Estadual: secretaria estadual de saúde
a. promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde
b. Coordenar e executar serviços a nível estadual
c. Induzir a execução municipal e corrigir distorções municipais
− Municipal: secretaria municipal de saúde (executar ao seu nível e gerir recursos municipais)
• Financiamento e gestão de recursos: estabelecimento de contas especiais nas 3 esferas de
governo (fundos de saúde) com uma transferência regular e automática fundo a fundo
• Novo modelo: altera algumas formas de repasse das transferências para os municípios, que passam a
ser distribuídas com base em três critérios: capitação ponderada, pagamento por desempenho e
incentivo para ações estratégicas
• Mecanismo: mecanismos que induzem à responsabilização dos gestores e dos profissionais pelas
pessoas que assistem, equilibrando valores financeiros per capita referentes à população
efetivamente cadastrada nas equipes de Saúde da Família (eSF) e de Atenção Primária (eAP), com o
grau de desempenho assistencial das equipes somado a incentivos específicos, como ampliação do
horário de atendimento
2. Pagamento por desempenho - Para definição do valor a ser transferido neste componente, serão
considerados os resultados alcançados em um conjunto de indicadores que serão monitorados e
avaliados no trabalho das equipes (eSF/eAP).
3. Incentivos para ações estratégicas - abrangem características específicas de acordo com a
necessidade de cada município ou território por meio de ações que refletem na melhoria do
cuidado na APS
• Criação: em 2006, reformulada em 2011 e em 2017 (destaque para a Atenção básica como porta de
entrada preferencial do sistema)
− Atenção primária na PNAB equivale à atenção básica, sendo definida como: conjunto de ações de
saúde individuais, familiares e coletivas que envolvem promoção, prevenção, proteção,
diagnóstico, tratamento, reabilitação, redução de danos, cuidados paliativos e vigilância em
saúde, desenvolvidas por meio de equipes multiprofissionais e direcionadas à população em
território definido.
− Caracterização: A Atenção Básica é caracterizada como porta de entrada preferencial do SUS,
possui um espaço privilegiado de gestão do cuidado das pessoas e cumpre papel estratégico na
rede de atenção, servindo como base para o seu ordenamento e para a efetivação da
integralidade. Para tanto, é necessário que a Atenção Básica tenha alta resolutividade, com
capacidade clínica e de cuidado e incorporação de tecnologias leves, leve duras e duras
(diagnósticas e terapêuticas)
• Princípios e diretrizes:
• Infraestrutura da UBS: As UBS devem ser construídas de acordo com as normas sanitárias e tendo
como referência as normativas de infraestrutura vigentes, bem como possuir identificação segundo
os padrões visuais da Atenção Básica e do SUS. Devem, ainda, ser cadastradas no Sistema de Cadastro
Nacional de Estabelecimentos de Saúde (SCNES), de acordo com as normas em vigor para tal
• Ambiência: A ambiência de uma UBS refere-se ao espaço físico (arquitetônico), entendido como lugar
social, profissional e de relações interpessoais, que deve proporcionar uma atenção acolhedora e
humana para as pessoas, além de um ambiente saudável para o trabalho dos profissionais de saúde.
− Para um ambiente adequado em uma UBS, existem componentes que atuam como modificadores
e qualificadores do espaço, recomenda-se contemplar: recepção sem grades (para não intimidar
ou dificultar a comunicação e também garantir privacidade à pessoa), identificação dos serviços
existentes, escala dos profissionais, horários de funcionamento e sinalização de fluxos, conforto
térmico e acústico, e espaços adaptados para as pessoas com deficiência em conformidade com
as normativas vigentes.
• Tipos de equipes:
1. Equipes de saúde da família (eSF): carga horária de 40h semanais para todos
− Composição mínima: Composta no mínimo por médico, preferencialmente da especialidade
medicina de família e comunidade, enfermeiro, preferencialmente especialista em saúde da
família; auxiliar e/ou técnico de enfermagem e agente comunitário de saúde (ACS).
− Composição complementar: Podendo fazer parte da equipe o agente de combate às endemias
(ACE) e os profissionais de saúde bucal: cirurgião-dentista, preferencialmente especialista em
saúde da família, e auxiliar ou técnico em saúde bucal
− Número de ACS por equipe: de acordo com definição local (Em áreas de grande dispersão
territorial, áreas de risco e vulnerabilidade social, recomenda-se a cobertura de 100% da
população com número máximo de 750 pessoas por ACS)
− Cada equipe de Saúde da Família deve ser responsável por, no máximo, 4.000 pessoas, sendo
a média recomendada de 3.000 (quanto MAIOR o grau de vulnerabilidade, MENOR deverá ser
a quantidade de pessoas por equipe)
2. Equipes de atenção básica (eAB) - obs.: as equipes de atenção básica foram revogadas pela
portaria 2.539 de 2019, substituindo por equipes de atenção primária
− Composição mínima: compostas minimamente por médicos preferencialmente da
especialidade medicina de família e comunidade, enfermeiro preferencialmente especialista
em saúde da família, auxiliares e ou técnicos de enfermagem.
− Composição complementar: dentistas, auxiliares e ou técnicos de saúde bucal, ACS e ACE
− Carga horária: composição da carga horária mínima por categoria profissional deverá ser de
10 (dez) horas, com no máximo de 3 (três) profissionais por categoria, devendo somar no
mínimo 40 horas/semanais.
PORTARIA 2.539 DE 2019: mantém a eSF, mas altera a eAB para eAP
✓ As citações à Equipe de Atenção Básica - eAB feitas nesta portaria e em outros atos normativos devem
ser interpretadas, no que couber, como referências à Equipe de Atenção Primária - eAP.
EQUIPES DE SAÚDE BUCAL (ALTERAÇÃO DAS MODALIDADES)
• Atribuições dos profissionais (PNAB/2017)
Funcionamento:
• Horário: carga horária mínima de 40 horas/semanais, no mínimo 5 (cinco) dias da semana e nos 12
meses do ano
• População atendida: População adscrita por equipe de Atenção Básica (eAB) e de Saúde da Família
(eSF) de 2.000 a 3.500 pessoas, localizada dentro do seu território
Gerenciamento:
• Padrões essenciais: ações e procedimentos básicos relacionados a condições básicas/essenciais de
acesso e qualidade na Atenção Básica
• Padrões ampliados: ações e procedimentos considerados estratégicos para se avançar e alcançar
padrões elevados de acesso e qualidade na Atenção Básica (especificidades locais)
• Escuta da população: Toda UBS deve monitorar a satisfação de seus usuários, oferecendo o registro
de elogios, críticas ou reclamações, por meio de livros, caixas de sugestões ou canais eletrônicos.
• Deve ficar fixo próximo à entrada: horário de atendimento, mapa de abrangência, serviços disponíveis,
escalas de atendimento das equipes.
TERRITORIALIZAÇÃO
• Território: O território forma-se a posteriori a partir das relações de poder que se estabelecem num
determinado espaço. Pressupõe-se que a ideia de território consiste na relação de poder seja técnico,
econômico, social, político ou cultural, proveniente das relações interpessoais ou com a natureza
− Território-distrito: Delimita um território administrativo assistencial, contendo um conjunto de
pontos de atenção à saúde e uma população adscrita
− Território-área: corresponde à área de atuação de uma ou no máximo três equipes de saúde. Com
enfoque na vigilância à saúde, planeja as ações, organiza os serviços e viabiliza os recursos para o
atendimento das necessidades dos usuários residentes no território.
− Território microárea: é uma subdivisão do território-área, corresponde à área de atuação de um
Agente Comunitário em Saúde (ACS)
Obs.: cada território tem suas peculiaridades - Os profissionais de saúde que atuam na Atenção Básica devem
se apropriar dessas características, precisam dialogar com os atores, para que tenham poder de atuação sobre
a realidade onde atuam e à qual também pertencem.
CONCEPÇÕES DE SAÚDE
• Determinantes sociais em saúde (DSS): são um conjunto de elementos que influenciam na ocorrência
dos problemas de saúde e dos fatores de risco (aqueles que aumentam a probabilidade de ocorrência
de um agravo)
• Modelo de DSS por Dahlgren & Whitehead: os DSS estão dispostos em diferentes camadas, dede uma
mais proximal (associada ao indivíduo) até uma mais distal (associada aos macrodeterminantes)
− Núcleo ou base do modelo: indivíduos, com suas peculiaridades (sexo, idade, genética)
− 1. Camada imediatamente externa: comportamentos e estilo de vida individuais
− 2. Camada seguinte: influência da rede comunitária
− 3. Camada: condições de vida e trabalho (acesso à educação, saúde, emprego, alimentação)
− 4. Camada: condições da sociedade (socioeconômicas, culturais e ambientais), representando as
relações materiais de produção do mundo capitalista para Marx.
• Modelo de DSS por Diderichsen & Hallqvist: Esse modelo enfatiza a estratificação social gerada pelo
contexto social, que confere aos indivíduos posições sociais distintas, as quais por sua vez provocam
diferenciais de saúde. A estratificação social também determina as consequências diferenciais para os
grupos mais ou menos favorecidos
− Posição social – cada indivíduo ocupa uma, como resultado dos diversos mecanismos sociais
(educação e trabalho)
− Exposição diferencial – devido a essa posição assumida, há riscos específicos que causam danos à
saúde.
− Diferencial de vulnerabilidade – resultado da exposição a esses riscos específicos.
− Diferencial de consequência - diferentes desfechos físicos e sociais uma vez contraída a doença
(Por “consequências sociais” entende-se o impacto que a doença pode ter sobre a situação
socioeconômica do indivíduo e sua família)
https://www.scielo.br/j/physis/a/msNmfGf74RqZsbpKYXxNKhm/?format=pdf&lang=pt
PROGRAMAS ESPECIAIS DESENVOLVIDOS PELA ATENÇÃO BÁSICA
2. Saúde prisional: A PNAISP (Política Nacional de Atenção Integral à Saúde das Pessoas Privadas de
Liberdade no Sistema Prisional) nasceu da avaliação dos dez anos de aplicação do Plano Nacional de
Saúde no Sistema Penitenciário (PNSSP), quando se constatou o esgotamento desse modelo, que se
mostrou restrito por não contemplar em suas ações, entre outras coisas, a totalidade do itinerário
carcerário – delegacias e distritos policiais, cadeias públicas, colônias agrícolas ou industriais e,
tampouco, penitenciárias federais.
4. Unidades básicas de saúde fluviais: são embarcações que comportam Equipes de Saúde da Família
Fluviais (ESFF), providas com a ambiência, mobiliário e equipamentos necessários para atender à
população ribeirinha da Amazônia Legal e Pantanal sul mato-grossense
5. Equipes de saúde da família ribeirinhas: desempenham a maior parte de suas funções em Unidades
Básicas de Saúde (UBS), localizadas em comunidades pertencentes a áreas em que estão
acrescentadas, cujo acesso é por rio. Em função dessa particularidade, as eSFRs devem ser compostas
por, no mínimo: um médico, um enfermeiro e um auxiliar ou técnico de enfermagem.
ESFR - Equipes de Saúde da Família Ribeirinhas: desempenham a maior parte de suas funções em Unidades
Básicas de Saúde construídas/localizadas nas comunidades pertencentes à área adscrita e cujo acesso se dá
por rio
Equipes de Saúde da Família Fluviais: desempenham suas funções em Unidades Básicas de Saúde Fluviais
(UBSF).
ESTRATÉGIA DE SAÚDE DA FAMÍLIA
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/1/modulo_politico_gestor/Unidade_5.pdf
https://www.unasus.unifesp.br/biblioteca_virtual/esf/2/unidades_conteudos/unidade05/unidade05.pdf
• Relação da ESF com a territorialização: Cada equipe de Saúde da Família deve se organizar para
atender a uma determinada população, assumindo a responsabilidade sanitária sobre ela e
considerando a dinamicidade existente no território em que vive essa população. A divisão do
território na ESF compõe três níveis de atuação: território-área, território-microárea e território-
moradia.
− A definição desses 3 níveis de atuação tem por base: barreiras geográficas (morros, rios); condições
socioeconômicas; acessibilidade das pessoas; número de pessoas a serem atendidas (parâmetros do
Ministério da Saúde para a ESF);
− Parâmetros
a) BRASIL, 1997: cada equipe de saúde da família é responsável por uma área onde residam de 600
a 1.000 famílias, com o limite máximo de 4.500 habitantes
b) PNAB: máximo de 750 pessoas por ACS e de 12 ACS por Equipe de Saúde da Família, não
ultrapassando o limite máximo recomendado de pessoas por equipe (até 4.000 pessoas atendidas
por equipe)
− Área de influência da unidade de saúde: não obedece ao processo de territorialização e está definida
pela lógica assistencial gerada por pressão da demanda (Por exemplo, uma unidade de saúde
localizada próxima a um shopping center poderá receber grande demanda de pessoas que lá
trabalham e circulam, embora não residam na área de abrangência daquela unidade.)
− Delimitação do território: os limites podem agrupar uma dada população sob responsabilidade de
uma equipe (um serviço), assim como pode limitar. Ou seja, os limites estabelecidos possibilitam o
uso desse serviço para a população agrupada e, ao mesmo tempo, impossibilitam o uso para os que
não foram agrupados.
✓ Como alterar essa realidade dado que as áreas de atuação das equipes já estão definidas? O
território é dinâmico, a população aumenta, os fluxos se modificam, terrenos baldios tornam-se
prédios com centenas de famílias etc. Por isso, é imprescindível conhecê-lo, inclusive para avaliar
a necessidade de rever os limites periodicamente. Assim, você e sua equipe, ao se apropriarem das
informações acerca do ambiente, da população e da dinâmica social existente nessa área, poderão
propor e deverão lutar, junto à gestão local, por uma redefinição de limites, pautada pelo
conhecimento ampliado do território, em vez de apenas pelo número de pessoas a serem
acompanhadas. Ao identificar a necessidade de revisão dos limites territoriais, busca-se qualificar
a territorialização com ênfase no reconhecimento do ambiente e da população.
• Núcleos de Apoio à Família (NASF): O NASF, criado em 2008 pelo MS, não é uma estrutura
desvinculada da atenção primária à saúde e, como esta, tem dentre seus pressupostos a
territorialização; a educação permanente em saúde; integralidade; participação social; promoção da
saúde e humanização. Ele procura ampliar, aperfeiçoar a atenção e a gestão da saúde na ESF,
constituindo-se um apoio às eSFs
• Modalidades dos NASF: diferenciam-se entre si pelo número de profissionais com formação
universitária envolvidos, bem como ao número de equipes a que estão vinculados