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Tarefa-Desenvolver material didá tico

para o ensino das Bases conceituais do


SUS (princípios e diretrizes)
Introdução
A base legal do SUS é constituída fundamentalmente por três documentos que expressam os elementos
básicos que estruturam e organizam o sistema de saúde brasileiro.
São eles:
1 - A Constituição Federal de 1988, na qual a saúde é um dos setores que estruturam a seguridade
social, ao lado da previdência e da assistência social (Brasil, 1988).
2 . A lei 8.080, de 19 de setembro de 1990, também conhecida como a Lei Orgânica da Saúde e que
dispõe principalmente sobre a organiza ção e regulação das ações e serviços de saúde em todo território
nacional (Brasil, 1990a).
3 . A lei 8.142, de 28 de dezembro de 1990, que estabelece o format da participação popular no SUS e
dispõe sobre as transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde (Brasil,
1990b).

Bases conceituais do SUS (Princípios e Diretrizes)

O que são
Princípios - Poderíamos definir os princípios do SUS como aquilo que serve de base, alicerce, para o
sistema de saúde brasileiro ao mesmo tempo que representam os valores, os preceitos, as bandeiras de
luta que sustentam o sistema de saúde;

Diretrizes - Conjunto de recomendações técnicas e organizacionais voltadas para problemas específicos,


produzidas pelo Ministério da Saúde, com o concurso de especialistas de reconhecido saber na área de
atuação, de abrangência nacional, e que funcionam como orientadores da configuração geral do sistema
em todo o território nacional, respeitadas as especificidades de cada unidade federativa e de cada
município.
Apesar de parecerem uma coisa técnica demais, acabam tendo bastante influência no modo como os
sistemas municipais de saúde são organizados, até mesmo porque, de uma maneira geral, elas são
acompanhadas de recursos financeiros para a sua execução;

Como e onde estão dispostos:


- Princípios do SUS - Lei 8080/90 Art. 7º;
- Diretrizes – Constituição Federal Art.198;
- Princípos Doutrinários e Organizativos.
Os Princípios do S.U.S.

Lei n.º 8.080, de 19 de Setembro de 1990


CAPÍTULO II
Dos Princípios e Diretrizes
 Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que
integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no
art. 198 da Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:

I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;


Ou seja, a saúde é um direito de todos, todos têm acesso a ela, independentemente de classe social,
cor, etnia, raça, origem, se estrangeiro, brasileiro, etc.
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços
preventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de
complexidade do sistema;
Tem a ver com a diretriz do artigo 198 da Constituição Federal.
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
O usuário tem o direito de escolha, liberdade (Artigo 5 da Cosntituição Federal), desde que essa escolha
na escolha dos demais. Têm o direito de manterem sua integridade física e moral no atendimento.
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
Hoje em dia prefere-se o termo equidade, que vem a ser algo o mais justo possível, sendo todos iguais
perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza. Art. 5.
Então, a igualdade descrita neste princípio se refere a algo formal, enquanto o termo equidade trata das
desigualdades.
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
A pessoa tem o direito a toda e qualquer informação referente à sua saúde como exames, prontuários,
medicaç
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
Algo mais coletivo onde o S.U.S. precisa repassar dados, informações à população de uma maneira geral.
Os usuários precisam saber como utilizar os serviços, quais os serviços disponíveis, etc.
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a
orientação programática;
Onde estudos, dados epidemiológicos, estatísticas, assuntos ligados às doenças, fatores determinantes e
condicionantes que podem afetar a saúde da população, agravar uma situação são utilizados.
VIII - participação da comunidade;
É um princípio e também uma diretriz que trata do controle social pela comunidade através, por
exemplo, de Conferências e Conselhos de Saúde, que não são mencionados na lei 8080 mas na lei
8142/90.
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
Conceito de autonomia, redistribuição de responsabilidades. É um princípio e também diretriz. Visa
atender casos específicos de forma regionalizada.
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde; ou níveis de complexidade

X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;


Definir quais as ações precisam estar integradas. O SUS precisa ter uma visão sistêmica, visão do todo.
Ex: Fator saneamento básico afeta a saúde? Fator nutrição afeta a saúde?
Se afetam, então são necessárias ações ligadas a isso para que haja a possibilidade de redução das
doenças a isso relacionadas, ou seja, uma integração do executivo com ações de saúde.
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do
Distrito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
Princípio voltado à gestão, como gerenciar esses recursoso no âmbito da saúde.
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência;
Voltado à eficácia, ênfase nos resultados ou resolução de problemas.
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos;
A administração pública no âmbito da saúde precisa ter muitos processos duplicados a fim de alcançar
um mesmo objetivo que podem travar a máquina administrativa.
XIV – Organização do atendimento ao público específico e especializado para mulheres e vítimas de
violência doméstica.
Nova redação da Lei 13.427 de 2017, portanto, após lei 8080, devido às necessidades dasmulheres na
violência doméstica.

As Diretrizes do S.U.S.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e
constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I- descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
- São os entes federados, o DEMU (Distrito Federal, estados, municípios e união).
- Ligado ao poder decisório, redistribuição de responsabilidades, à autonomia.
- Os entes terão autonomia para tomar decisões.
- Dando autonomia gera-se responsabilidades e a resposta rápida por conta do poder decisório estar
nas mãos das pessoas certas.
- Cada esfera de governo terá uma direção ( art. 16, 17, 18 da lei 8080).

II- atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sempre juízo dos
serviços assistenciais;
- Atividades não somente de prevenção, mas também promoção, recuperação e curativas;
- Atendimento integral dá uma idéia de continuidade de uma determinada necessidade que um
indivíduo ou grupo de pessoas possam ter.
Ex: Alguém se acidentou, foi levado a um hopital, foi feito um raio-X por conta da necessidade de
examiná-lo e descobriu-se uma fratura. Essa pessoa receberá o atendimento necessário no momento,
mas será encaminhado para um ortopedista, um fisioterapêuta, para suprir necessidades mais
específicas, ou seja, essa é a idéia de continuidade no atendimento das necessidades dos pacientes do
SUS.
- PREVENÇÃO - PROMOÇÃO - RECUPERAÇÃO

III- participação da comunidade. (Brasil, 1988: 63)


- Lei 8142/90 mais precisamente;
- Controle social, participação da comunidade no processo de políticas públicas de saúde.
RELAÇÃO DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES DO S.U.S.

ART. 198 CONSTITUIÇÃO FEDERAL

DESCENTRALIZAÇÃO; DESCENTRALIZAÇÃO;
ATENDIMENTO ATENDIMENTO
INTEGRAL; INTEGRAL;
DIRETRIZES PRINCÍPIOS
PARTICIPAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO DA
COMUNIDADE COMUNIDADE

ART. 70
PRINCÍPIOS DOUTRINÁRIOS DO S.U.S.

a) Universalização - A saúde é um direito de cidadania de todas as pessoas e cabe ao Estado


assegurar este direito. O acesso das ações é garantido a todas as pessoas, indepedentemente do
sexo, raça, cor, ocupação, etc;
b) Equidade – Objetiva diminuir as desigualdades. Os direitos são iguais mas as pessoas são únicas
e têm necessidades distintas entre si. Assim, equidade significa tratar desigualmente os
desiguais, investindo mais onde a carência for maior;
c) Integralidade – Considera as pessoas como um todo, atendendo a todas as suas necessidades. A
integração devem ocorrer em todas as ações: prevenção, promoção,, tratamento, reabilitação
de saúde. Deve haver articulação da saúde com outras políticas públicas.

PRINCÍPIOS ORGANIZACIONAIS DO S.U.S.

a) Regionalização e hierarquização – Os serviços devem ser organizados em níveis de


complexidade, circunscritos a uma determinada área geográfica, planejados a partir de critérios
epidemiológicos e com definição e conhecimento da população a ser atendida.
A regionalização é um processo de articulação entre os serviços que já existem, visando o
comando unificado dos mesmos.
Já a hierarquização deve preceder à divisão de níveis de atenção e garantir formas de acesso a
serviços que façam parte da complexidade requerida pelo caso, nos limites dos recursos
disponíveis numa dada região.
b) Descentralização e comando único – Redistribuir poder e responsabilidades entre os 3 níveis de
governo.
Com relação à saúde, objetiva prestar serviços com maior qualidade e garantir o controle e a
fiscalização por parte dos cidadãos.
No SUS, a responsabilidade pela saúde deve ser descentralizada até o município, condições
gerenciais, técnicas, administrativas e financeiras para exercer estas funções.
Para que valha o princípio da descentralização, existe a concepção constitucional do mando
único, onde cada esfera do governo é autônoma e soberana nas suas decisões e atividades,
respeitando os princípios gerais e a participação da sociedade;
c) Participação popular – A sociedade deve participar no dia-a-dia do sistema. Para isto, devem ser
criados os Conselhos e as Conferências de Saúde, que visam formular estratégias, controlar e
avaliar a execução das políticas de saúde (lei 8142/90).

REFERÊNCIAS

MATTA, G. C. A. Construção da integralidade nas estratégias de atenção básica


em saúde. In: EPSJV. (Org.). Estudos de Politecnia e Saúde. Rio de Janeiro:
EPSJV, Fiocruz, 2006.
MATTA, G. C. & MOROSINI, M. V. G. Atenção primária à saúde. In: EPSJV.
(Org.). Dicionário da Educação Profissional em Saúde. Rio de janeiro: EPSJV,
Fiocruz, 2006.
MATTOS, R. A. Os sentidos da integralidade: algumas reflexões acerca de valores
que merecem ser defendidos. In: PINHEIRO, R. & MATTOS, R. A (Orgs.)
Os Sentidos da Integralidade na Atenção e no Cuidado à Saúde. Rio de Janeiro:
IMS, Uerj, Abrasco, 2001.
PEREIRA A. L. et al. O SUS no seu Município: garantindo saúde para todos.
Brasília: Ministério da Saúde, 2004.

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