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Aula 2:Moeda Pública e Moeda Privada.

(13/03/2001)
Referências: Simonsen cap1; Mishkin caps 3 e 11. (ver www.bcb.gov.br)

1. Tanto a moeda pública como a moeda privada sublinham a propriedade fundamental para
que a moeda desempenhe suas funções: a confiança, que provem da garantia
governamental. Vimos que, em parte, essa confiança na moeda governamental é
justificada por ela servir para quitar dívidas com o Estado. Integra, assim, outro
legado da economia mercantil: o sistema jurídico, capaz de dirimir dúvidas quanto a
direitos e deveres que formam o ambiente legal que regem os contratos, e que são
fundamentais para a atividade mercantil.

2. Também a noção de lastro “físico” da moeda pode ser entendida a partir dos circuitos de
confiança estabelecida pelos comerciantes. Especialistas têm mais condições de conhecer
os preços relativos dos “lastros” (qual quantidade de prata deve ser trocada por um grama
de ouro) e fazer as conversões de valores dos bens em moedas diferentes. A função de
bancos evolui também das necessidades de comércio e da especialização.

3. A idéia de moeda “fiduciária” evoluiu a partir da noção de lastro físico, que foi
substituído ao longo do tempo pela noção de confiança no "guardião, depositário do
lastro”. A assinatura (ou o selo) do comerciante é suficiente para a moeda privada, mas a
cunhagem da imagem e selo do soberano produz um novo papel de lastro para a moeda
pública.

4. A moeda pública assume assim seus papeis fundamentais: garantia de quitação de


impostos, financiamento ao governo, dívida pública e lastro para a moeda privada.

5. Instrumentos públicos de pagamento são dívida pública, enquanto certas dívidas privadas
adquirem propriedade de instrumentos de pagamentos que concorrem com a moeda
governamental, mas também a complementam em algumas de suas funções. Uma
propriedade dos instrumentos privados é a flexibilidade de emissão e destruição. A
expansão dos mecanismos de crédito nas sociedades modernas também podem ser
associados à difusão dos instrumentos privados. As propriedades de confiança e
flexibilidade nas regras de conversão de ativos em “instrumentos de liquidação” de
dívidas e contratos passam a ser as características dominantes dos sistemas monetários
modernos, que são baseados nas duas formas de moeda.

6. A moeda na sociedade moderna é uma mistura de moeda pública e privada. O conceito


geral é o de meios de pagamentos ⇒ moedas metálicas + papel moeda em poder do
público + depósitos à vista ( moeda escritural = depósitos prontamente conversíveis e que
podem ser usados para quitar contratos). Nos EUA, o agregado M1 envolve traveler's
cheques e outros depósitos movimentáveis por cheque. (nos EUA M1=1101,3 US$
bilhões ou 15% do PIB anual; no Brasil M1=66518 R$ milhões, ou 6% do PIB!).

7. Substitutos próximos mais usuais dos meios de pagamentos (nos EUA, depósitos a prazo
em pequenas denominações, poupanças, depósitos em money market accounts, fundos
mútuos de money market) + acordos de compra (Treasuries repos) overnight, eurodollars
overnight – consolidações para evitar dupla contagem formam o M2 (5007,4 US$
bilhões). Se adicionarmos demais fundos mútuos + depósitos a prazo em grandes
denominações + eurodollars a termo e outros depósitos com acordo de recompra = M3
(7224,5 US$ bilhões). Finalmente títulos do Tesouro de curto prazo + commercial papers
+ bonds de poupança + aceites bancários (promissórias ou duplicatas garantidas por
bancos, vendidas tipicamente com descontos em mercados secundários) = M4 (18.248
US$ bilhões em dez 2000 – dado de janeiro de 2001 não disponível)
8. Mesmos agregados no Brasil ⇒ M2 = M1(66,5 bi) + FAF (218,6 bi) + Títulos federais
(165,2 bi) + tít. Est. e Munic. (0,5 bi) = 450,9 bi; M3 = M2 (450,9 bi) + dep de poupança
(112 bi) = 562,9 bi; M4 = M3 (562,9 bi) + títulos privados (87,5 bi) = 650,4 bi. Por que
as diferenças? Ex depósitos a prazo menos líquidos? Final de período versus médias
diárias.

9. Moeda governamental = ‘base monetária” (42,4 Bi no Brasil). É definida como papel


moeda emitido (27,4 Bi) + reservas bancárias (14,9 Bi). Existe na realidade dos sistemas
monetários modernos como conseqüência da forma como são geridos os bancos e da
forma pela qual sua atividade é controlada pelo Banco Central.

10. Os intermediários financeiros direcionam recursos de poupadores para tomadores de


empréstimos. Intermediários financeiros no Brasil = banco central, bancos comerciais,
bancos de investimento, companhias financeiras, sociedades de crédito imobiliário,
empresas de leasing, corretoras, distribuidoras, companhias de seguros, fundos de pensão
e etc. Instituições que recebem depósitos vs. que não recebem depósitos. Bancos
Múltiplos.

11. Sistema monetário e sistema financeiro não monetário. Distinção prática no Brasil: a
conta de reservas no Banco Central. (mercado de federal funds nos EUA) e o COSIF
(estabelece normas comuns para o sistema de contas dos bancos).

A idéia de “programação monetária” envolve os dois tipos de moeda. Veja o quadro


mais recente extraído do site do bacen:

Em junho de 2000, a base monetária, considerado o critério de média dos saldos diários,
atingiu R$ 37,9 bilhões, com redução mensal de 1,4% e expansão de 3,8% nos últimos 12
meses, situando-se, por conseguinte, dentro do intervalo estabelecido pela programação
monetária para o segundo trimestre de 2000. Entre seus componentes, o saldo de papel-moeda
emitido apresentou crescimento, no mês, de 1,6% e o de reservas bancárias retração de 6,1%.
Esse resultado reflete, em parte, a redução na demanda por reservas bancárias decorrente da
queda na alíquota do recolhimento compulsório sobre recursos à vista, que passou de 55%
para 45%, a partir de 23.6.2000.
Consideradas as posições de final de período, o saldo da base monetária alcançou R$ 32,3
bilhões, com retração de 9,9% no mês e de 2,6% no período acumulado de 12 meses. O saldo
do papel-moeda emitido atingiu R$ 23,2 bilhões, com incremento de 3,4% no mês, e o das
reservas bancárias, R$ 9,1 bilhões, apresentando queda de 32,2%.
Orientação para estudo: 1) Familiarizar-se com o site do bacen 2) Estudar os balancetes do sistema
monetário em Simonsen, Capítulo 1.

Obs: Todos os dados contidos no texto, com exceção da tabela estão atualizados até janeiro de 2001. A
tabela de programação monetária mais recente publicada no site do Banco Central do Brasil é mesmo a
de julho de 2000.

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